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CRIMINOLOGIA A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Livro Eletrônico 2 de 62 CRIMINOLOGIA A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Prof.ª Mariana Barreiras www.grancursosonline.com.br SUMÁRIO V. A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica .......................3 Postulados .................................................................................................6 Subdivisões ..............................................................................................6 Teorias do Conflito Cultural .........................................................................7 Teorias do conflito social de base não marxista ...............................................8 Teorias do conflito de base marxista ...........................................................11 Tendências político-criminais .....................................................................14 Mapa mental ............................................................................................28 Postulados da Teoria do Conflito .................................................................28 Subdivisões ............................................................................................29 Tendências político-criminais .....................................................................30 Modelos de política criminal ......................................................................32 Questões De Concurso ..............................................................................33 Gabarito ..................................................................................................43 Gabarito Comentado .................................................................................44 O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 3 de 62 CRIMINOLOGIA A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Prof.ª Mariana Barreiras www.grancursosonline.com.br V. A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Como expliquei para você na nossa última aula, as teorias sociológicas do crime podem ser agrupadas em duas grandes categorias: as teorias do consenso e as teorias do conflito. As teorias do consenso partem do pressuposto de existência de objetivos co- muns a todos os cidadãos, que aceitam as regras vigentes. As pessoas de um grupo social possuem consenso em torno de uma série de valores e criam institui- ções para manter a ordem social. Esse grupo de teorias também é chamado de integralista ou funcionalista, pois compreende-se que a sociedade é uma estrutura relativamente estável de elementos bem integrada e que todo elemento em uma sociedade possui uma função, contribuindo para a manutenção do sistema. Para essas teorias, o crime é uma disfunção. Como exemplos de teoria que se enqua- dram nessa categoria estão a escola de Chicago, a teoria da associação diferencial, a teoria da anomia e a teoria da subcultura delinquente. Enquanto as teorias do consenso partem da ideia de contrato social, os teóricos do conflito partem do pressuposto de que há força e coerção na sociedade. Somen- te existe ordem porque há dominação de uns e sujeição de outros. A sociedade está sempre sujeita a processos de mudança e cada elemento da sociedade contribui, de certa forma, para sua desintegração. Para essas teorias, o crime faz parte da luta pelo poder. A teoria do labelling approach e outras teorias críticas se encaixam na categoria de teoria do conflito. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 4 de 62 CRIMINOLOGIA A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Prof.ª Mariana Barreiras www.grancursosonline.com.br Como há, no seu edital, um item específico para criminologia do conflito, vou aprofundar um pouquinho mais o tema. Lembre-se que os itens mais cobrados em provas sobre esse grupo de teorias são o labelling approach e a criminologia crítica1. Alessandro Baratta explica que a ideologia oficial do Direito Penal e da crimi- nologia tradicional se vale amplamente do princípio do interesse social e do delito natural, segundo os quais o núcleo central dos delitos previstos nos códigos re- presenta ofensa aos principais interesses fundamentais da sociedade; e os delitos naturais são aqueles contra os quais toda sociedade civilizada se defende. Assim, para a ideologia penal oficial e para a criminologia tradicional, a criminalidade é uma qualidade objetiva, ontológica de certos comportamentos. As provas gostam de perguntar sobre a ontologia da criminalidade. Em linhas ge- rais, podemos dizer que a ontologia estuda a natureza do ser, da existência, da realidade. Quando a criminologia começa a debater se o crime existe ontologica- mente, quer saber se ele existe por si próprio, ou seja, se algumas condutas podem ser consideradas essencialmente criminais, objetivamente criminais. A criminologia tradicional, em linhas gerais, acreditava que sim. A criminologia do conflito ques- tiona esse postulado, pois para ela o crime não existe ontologicamente. Ele possui natureza definitorial: as condutas não são criminosas em si mesmas, mas são de- finidas como criminosas em virtude de complexos processos de interação, domina- ção e seleção. 1 Por serem as principais obras de referência no Edital dessa prova, a aula tomará como base: GARCÍA- -PABLOS de Molina, Antonio; GOMES; Luiz Flávio. Criminologia. 5. Ed. São Paulo: RT, 2006, p. 265 e ss.; e BARATTA, Alessandro. Criminologia crítica e crítica do Direito Penal. Rio de Janeiro: Revan, 6ª ed., 201, p. 117 e ss. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 5 de 62 CRIMINOLOGIA A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Prof.ª Mariana Barreiras www.grancursosonline.com.br Além de acreditar na ontologia do crime, a criminologia tradicional parte de um ideal de homogeneidade dos valores e interesses protegidos pelo direito penal. Esses princípios, do interesse social e do delito natural, são negados pelos teóri- cos do conflito. Para a criminologia do conflito, a criminalidade não é uma qualidade ontológica, mas um status social atribuído por meio de processos de definição e mecanismos de reação. O foco das teorias criminológicas se desloca da criminali- dade para os processos de criminalização. As teorias de conflito possuem forte tradição nos Estados Unidos, sobretudo em virtude do contexto social de pós-guerras, em que conflitos internos (raciais, de classe, de desemprego, de marginalização, estudantis, feministas) assumiram prevalência se comparados a conflitos externos. Elas partem do pressuposto da existência, na sociedade, de uma pluralidade de grupos e subgrupos que, eventu- almente, apresentam discrepâncias em seus valores. Para as teorias do conflito, portanto, a sociedade não é monolítica, unitária. Ela está em constante mudança, cenário que é decorrente de visões diferentes de uma mesma situação por grupos antagônicos que coexistem. Assim, para as teorias do conflito, não é o contrato social que garante a ma- nutenção do sistema e que faz com que os grupos sociais evoluam. Essespapeis devem ser – e são – atribuídos ao conflito. É, portanto, o conflito que promove as alterações necessárias para o desenvolvimento dinâmico da sociedade. Os teóricos do conflito demonstram, por exemplo, que o sistema penal trata os suspeitos de forma diferenciada com base em sua raça, etnia ou classe social, já que a sociedade não é hegemônica e que os agentes do controle social e outros grupos poderosos podem impor definições de desvio que atendem a seus objetivos2. 2 SCHAEFER, Richard T. Sociologia. 6 ed. Porto Alegre, AMGH Editora LTDA, 2014, p. 267. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 6 de 62 CRIMINOLOGIA A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Prof.ª Mariana Barreiras www.grancursosonline.com.br Postulados Os principais postulados da criminologia conflitual são: • A ordem social da sociedade industrializada não tem por base o consenso, mas sim o conflito; • O conflito não é patológico, senão a expressão da própria estrutura e dinâmi- ca da mudança social; • Os interesses protegidos pelo direito penal não são interesses comuns a todos os cidadãos; • O Direito representa os valores e interesses das classes ou setores sociais dominantes; • O crime é uma reação à desigual e injusta distribuição de poder e riqueza na sociedade; • A criminalidade é uma realidade social criada por meio do processo de crimi- nalização; • A criminalidade e o direito penal têm, sempre, natureza política. Subdivisões Em linhas gerais, as teorias do conflito podem ser subdividas em: • Teorias do conflito “cultural”. • Teorias do conflito “social” de base não marxista. • Teorias do conflito de base marxista. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 7 de 62 CRIMINOLOGIA A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Prof.ª Mariana Barreiras www.grancursosonline.com.br Teorias do Conflito Cultural Donald Taft defende que a criminalidade é produto da mudança social. A cultura é, para ele, o principal fator criminógeno em função de suas incontáveis contradi- ções internas. Taft explica que quando menciona a cultura como fator criminógeno está se referindo à cultura em sua totalidade: a baixa credibilidade de certos valo- res tradicionais obrigatórios; a crise das instituições; o impacto antipedagógico de casos de grande repercussão pública; a dupla moral social; e a crise moral derivada das contradições internas da cultura vigente. Para Taft, por exemplo, são proble- mas culturais como a acentuação do princípio de competitividade e a dissolução de instituições que explicam as elevadas taxas de criminalidade nos Estados Unidos. Johan Thorsten Sellin é outro teórico no seio das ideias de conflito cultural. Em realidade, ele é considerado um dos pais da criminologia do conflito cultural. Para Sellin, os conflitos não ocorrem entre modelos culturais em bloco, mas sim entre as pautas normativas dos diversos grupos e subgrupos sociais, cujas valorações são discrepantes. Ele cita o exemplo dos conflitos provocados pelos meios de co- municação em massa, que propõem modos de conduta que são seguidos por certo grupo, mas não são aceitos por outros. Sellin se interessou muito pela análise do conflito cultural existente na segunda geração de imigrantes instalada em uma dada localidade. A primeira geração de imigrantes tenderia a se comportar mais de acordo com as normas do novo local. Mas, para ele, as crenças e convicções fami- liares têm elevado potencial de entrar em conflito com as do novo habitat a partir da segunda geração. De acordo com Sellin, quanto mais heterogênea uma socieda- de, maior a probabilidade e frequência de conflitos e, portanto, maior a quantidade de crime nela. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 8 de 62 CRIMINOLOGIA A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Prof.ª Mariana Barreiras www.grancursosonline.com.br Teorias do conflito social de base não marxista A partir da década de 1950 nos Estados Unidos começou a ficar clara a im- possibilidade de considerar a ordem social como sendo unitária, monolítica. Isso se deveu, por exemplo, às situações das minorias étnicas, das rebeliões juvenis, dos usuários de drogas, das rebeliões pacifistas, todas reprimidas com a lei penal. Diante da percepção de que a sociedade é pluralista, antagônica e estratificada, abarcando grupos e subgrupos com diferentes valores, o poder político define qual é a hierarquia oficial de valores. Os grupos sociais tentam conquistar espações so- ciais e isso gera conflitos. Para o alemão Ralf Dahrendorf, as organizações sociais existem, se consolidam e evoluem em função da pressão que umas exercem sobre as outras. Ele parte de uma visão marxista do conflito, mas não acredita que o modelo marxista seja aplicável à sociedade contemporânea, mas sim à sociedade industrial. É necessário sair da utopia de representar a sociedade como algo estático, desprovido de con- flito. Para ele, mudança, conflito e dominação são os três pilares de todo modelo sociológico. A relação de domínio cria o conflito, o conflito cria a mudança. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 9 de 62 CRIMINOLOGIA A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Prof.ª Mariana Barreiras www.grancursosonline.com.br Lewis Coser, por sua vez, defende que o conflito é uma luta que incide sobre valores e sobre pretensões à status sociais escassos, sobre poder e sobre recur- sos. Os objetivos das partes em conflito são os de neutralizar-se, ferir-se ou elimi- nar-se. Caso o conflito seja um meio para alcançar determinados fins (ex.: conflito para ter a posse de um bem), fala-se em conflito realístico, que é um conflito racional. Caso o conflito seja de fundo psicológico, e se mostre irracional, deriva- do da necessidade de descarregar uma tensão agressiva, fala-se em conflito não realista, que é aquele que se configura como um fim em si mesmo. Essa distinção permitiria desenhar melhor modelos de controle do desvio, já que nem toda cri- minalidade é irracional. Para Coser, aliás, o conflito pode contribuir para preservar a ordem social ao funcionar como válvula de escape, e assim fortalecer a organi- zação social. O conflito é funcional porque assegura a mudança social e contribui para a integração e conservação da ordem e do sistema. Ele defende, portanto, a função positiva do conflito, desde que não se trate de um conflito contrário aos pressupostos da própria estrutura social. William Chambliss e Robert Seidman, no livro Law, Order and Power, defendem que a justiça penal não é neutra, mas sim expressão da estrutura conflitual de uma sociedade. O direito penal, portanto, não resolve pacificamente os conflitos sociais. Ele é criado e aplicado por uma sociedade cujas divisões oficiais reproduzem as estruturas depoder, logo, ele serve aos interesses dos grupos que detêm o poder. Outro autor de extrema relevância para as teorias do conflito é o norte-ameri- cano Richard Quinney. Para ele, a tarefa de fazer leis é uma tentativa de impor aos demais sua moralidade. Se há leis contra o jogo, a prostituição, o uso de drogas, transgredidas em larga escala, é porque o Direito Penal não representa uma apli- cação coerente dos valores sociais. Ao contrário, ele reflete valores e interesses O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 10 de 62 CRIMINOLOGIA A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Prof.ª Mariana Barreiras www.grancursosonline.com.br concorrentes. As pessoas com poder protegem seus próprios interesses e definem o desvio de forma a atender suas necessidades. Quinney defende, então, a nor- malidade, funcionalidade e inevitabilidade do conflito. São considerados postulados fundamentais da teoria de Quinney: • A natureza definitorial do delito (o caráter delitivo de uma conduta e de seu autor depende de certos processos sociais de definição, que lhe atribuem tal caráter, e de seleção, que etiquetaram o autor como delinquente); • A relevância dos interesses do poder tanto na gênese dos dispositivos legais, bem como no processo de aplicação dos atos normativos; • O construtivismo social (crença de que o desvio é produto da cultura em que vivemos). Austin Turk, num enfoque bastante próximo ao labelling approach, defende que conduta delitiva não deve ser examinada isoladamente, pois ela é apenas uma das variáveis vinculadas à probabilidade de criminalização. A conduta delinquente se insere, portanto, num contexto de necessária interação de várias partes, incluindo legisladores, intérpretes, aplicadores das leis, delinquentes e cúmplices3. É por isso que Turk em sua teoria tenta compreender sob quais condições as discrepâncias culturais e sociais entre autoridade e indivíduos induzem ao conflito; sob quais condições se produz o processo de criminalização; e em que medida o status do delinquente influi em seu etiquetamento. Por fim, Georg Vold assinala que o crime é um comportamento normal, apren- dido no processo de interação de um determinado grupo e que, portanto, a crimi- nologia deve se interessar em estudar quem tem o poder de definição, isto é, de 3 DUARTE, Maria Carolina de Almeida. Política criminal, criminologia e vitimologia: caminhos para um direito penal humanista. Disponível em http://egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/ 28580-28598-1-PB.pdf. Acesso em 08 ago. 2018. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br http://egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/28580-28598-1-PB.pdf http://egov.ufsc.br/portal/sites/default/files/anexos/28580-28598-1-PB.pdf 11 de 62 CRIMINOLOGIA A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Prof.ª Mariana Barreiras www.grancursosonline.com.br determinar que um comportamento é criminoso. O criminoso é membro de um grupo minoritário, sem a base pública suficiente para dominar e controlar o poder de polícia do Estado. O crime é, portanto, um comportamento político. O conflito se produz quando, ao perseguir os próprios interesses, os grupos entram em concor- rência e tendem a se eliminar reciprocamente. Teorias do conflito de base marxista Essas teorias contemplam o crime como fruto das relações de produção da sociedade capitalista. Você agora pode estar pensando que já leu isso antes. Sim! Na aula 4. Lá, quando falei para você de criminologia crítica, expliquei que a cri- minologia crítica, também chamada de nova criminologia, nasce com forte apelo às ideias de Karl Marx. Para seus teóricos, há uma relação direta entre o modo de produção capitalista e o funcionamento dos modos punitivos. Não se trata mais de descobrir as razões da delinquência ou de lutar contra o crime, mas sim de abolir as desigualdades sociais para equacionar o fenômeno delitivo. Na criminologia crítica, a própria criminologia, como vinha sendo desenvolvida, passa a ser objeto de estudo. A criminologia passa a questionar qual deve ser o objeto e qual deve ser o papel da investigação criminológica. Os teóricos críticos não querem defender a sociedade do crime, mas sim defender os indivíduos da sociedade capitalista. Houve, portanto, um importante giro metodológico: ao invés de se ocupar do crime e do delinquente, a criminologia passa a se preocupar com a análise da sociedade e do Estado. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 12 de 62 CRIMINOLOGIA A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Prof.ª Mariana Barreiras www.grancursosonline.com.br A criminologia crítica surgiu nos Estados Unidos e logo se espalhou para outros países, difundindo a ideia de realizar uma reflexão analítica sobre o real funciona- mento do poder e das instituições de controle social. Essas teorias opõem-se ao positivismo, que focava sua análise no delinquente, e demandam que o Estado, que até então não era objeto da criminologia, passe a sê-lo. Para a criminologia crítica, portanto, deve-se contestar a função conservadora do status quo que a criminolo- gia vinha realizando até o seu surgimento. Para as teorias marxistas, o crime é um produto histórico, patológico e contin- gente da sociedade capitalista. Na ordem social, classes antagônicas se confron- tam. Uma dessas classes se sobrepõe e explora a outra, utilizando, para isso, o direito penal e a justiça. Desse modo, o sistema legal é um instrumento a serviço da classe dominante para oprimir a classe trabalhadora. A justiça penal possuiria administradores: os funcionários não estão lá para lutar contra o crime, mas sim para realizar a administração do fenômeno, recrutando a população desviada den- tre as classes trabalhadoras que são sua clientela habitual. Em resumo, para a criminologia crítica não é possível fazer criminologia sem questionar os processos de criação da lei penal de acordo com os interesses da classe dominante (chamados processos de definição) e os processos discriminató- rio de aplicação da lei em prejuízo das classes oprimidas (chamados processos de seleção). Do ponto de vista metodológico, a criminologia crítica se distancia das técnicas das ciências sociais. Não aceitam investigações puramente empíricas. Preferem o método histórico-analítico, em que são analisadas as agências de controle social da sociedade capitalista. Assim, por exemplo, no lugar de pesquisas estatísticas, nascem pesquisas analíticas, descritivas, situacionais. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 13 de 62 CRIMINOLOGIA A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Prof.ª Mariana Barreiras www.grancursosonline.com.br São considerados postulados da criminologia crítica: 1. Fundamento conflitual da desviação: a criminalidade surge emresposta a um conflito social; 2. Máxima relevância da desviação secundária: a consideração de que as instâncias de controle social impulsionam processos de etiquetamento e estigmatização; 3. Justiça de classe: a justiça é seletiva e discriminatória, recrutando sua clientela dos mais baixos estratos sociais; 4. Atitude empática em relação ao desviado: apreço em relação ao criminoso co- mum e atitude hostil e beligerante com o delinquente poderoso; 5. Abolicionismo: descrença no papel desempenhado pelas instâncias de controle social formal. Ian Taylor, Paul Walton e Jock Young, na obra A nova criminologia e Criminologia crítica criticam as posturas tradicionais da criminologia do consenso. Dizem que o fenômeno criminal depende do modo de produção capitalista; a lei penal nada mais é do que uma superestrutura dependente da infraestrutura do sistema de produ- ção. O direito não é uma ciência, mas uma ideologia que deve ser analisada no contexto de luta de classes. Aceitar a definição de crime equivale a aceitar a ficção da neutralidade do direito. Para os críticos, o vetor econômico suprime grande parte do livre-arbítrio dos indivíduos. Os atos são criminosos não porque ofendem a moralidade dos povos, mas porque interessa à classe dominante assim defini-los. As pessoas das classes mais baixas são rotuladas criminosas e as da burguesia não, porque o controle da burguesia sobre os meios de produção lhes dá o controle do Estado e da aplicação das leis4. 4 SHECAIRA, Sérgio Salomão. Criminologia. 2 ed. São Paulo: RT, 2008, p. 329. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 14 de 62 CRIMINOLOGIA A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Prof.ª Mariana Barreiras www.grancursosonline.com.br Tendências político-criminais Com base nos pensamentos críticos, surgem três grandes tendências: o aboli- cionismo penal, o minimalismo penal e o neorrealismo ou eficientismo. Todos estão relacionados com escolhas político-criminais. Política criminal é a escolha de estratégias de controle social para a proteção de um bem jurídico. Para a tutela de bens jurídicos o Estado pode se valer de estratégias penais e extrape- nais. Somente se justifica a tutela penal na hipótese de ser um meio eficaz de proteção do bem jurídico. Assim, a política criminal, com base em considerações de outros ramos, tais como a criminologia, a filosofia e a sociologia, visa à análise crítica da legislação penal e à propositura das devidas alterações5. A política criminal se dedica, portanto, a receber as contribuições da criminolo- gia e propor alterações no sistema penal para que ele desempenhe bem sua função de tutela de bens jurídicos. Franz Von Lizst, jurista austríaco que trabalhou na Alemanha na segunda metade do século XIX, propôs um modelo tripartido da ciência conjunta do Direito penal. Essa ciência conjunta conteria três saberes autônomos, mas que deveriam andar interligados: o direito penal propriamente dito, ciência normativa e dogmática que tem por objetivo punir as condutas desviantes; a criminologia, como ciência das causas do crime e da criminalidade; e a política criminal, consubstanciada em um conjunto de princípios fundados na investigação das causas do crime e dos efeitos da pena (ou seja, fundados nas contribuições da criminologia), com base nos quais o Estado deve definir que instrumentos utilizará para controlar o fenômeno criminal. 5 SALIM, Alexandre; AZEVEDO, Marcelo André. Direito penal: Parte Geral. 7 ed. Salvador: JusPodivm, 2017, p. 44. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 15 de 62 CRIMINOLOGIA A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Prof.ª Mariana Barreiras www.grancursosonline.com.br Recorde-se que a política criminal é uma disciplina que está a todo tempo avaliando se o Direito penal está cumprindo seus objetivos, sejam eles de proteção do bem jurídi- co, de prevenção ou de repressão. A política criminal recebe as contribuições da crimino- logia, seja sobre o crime, o criminoso, a vítima ou as instâncias de controle social, e, em seguida, oferece aos governantes opções concretas para bem equacionar o fenômeno. Na imagem representativa que usei na primeira aula e repito agora, coloco a política criminal como uma ponte entre a criminologia e o direito penal, mas insiro uma seta bidirecional conectando as disciplinas. Afinal, ao mesmo tempo em que a criminologia estuda a realidade e tenta compreender o crime, a vítima, o criminoso e o controle so- cial, com isso fornecendo ao direito penal um arcabouço fenomenológico traduzido em opções concretas pela política criminal, o próprio direito penal molda a atuação das ins- tâncias de controle social, que são objeto da criminologia. Uma disciplina conversa com a outra a todo tempo. Nas palavras de Figueiredo Dias, elevadas (...) à categoria de objeto da criminologia, as instâncias de controle social conver- teram-se simultaneamente em destinatários da política criminal. Os traços mais relevantes da criminologia interacionista e da seleção implicam deste modo todo um novo paradigma político-criminal. 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Além dessa, a decisão do legislador de descriminalizar uma conduta e as deci- sões dos aplicadores das leis penais em cada caso concreto são, igualmente, deci- sões de impacto político-criminal. Afinal, de nada adianta o legislador penal aprovar uma lei se os mecanismos de controle social se “recusam”, em suas atuações, a cumpri-las. Exemplificando: imagine que o legislador decida criminalizar a gordofobia, mas de que adiantará essa medida se os policiais fizerem vista grossa à prática desse delito nos meios em que operam? Daí, defende a criminologia, a importância de que se aumentem a previsibilida- de e a consistência das instâncias de controle, para que a política criminal oficial, plasmada na lei, compute em seus cálculos a concorrência que sofrerá das políticas criminais informais realizadas pelos operadores dos mecanismos de controle social. As instâncias de controle social podem, nas escolhas que fazem rotineiramente, frustrar reformas penais relevantes. Recorde que, como mencionei anteriormente para você, a criminologia passou a listar, entre seus objetos de estudo, o controle social com o advento das teorias interacionistas, sobre a qual falarei detalhadamente nas próximas aulas. Para co- meçar a entender o assunto, basta saber que a partir dos anos de 1960, nos Esta- dos Unidos, com o labelling approach, também conhecido como teoriado etiqueta- mento, teoria da rotulação social ou teoria interacionista, a criminologia deixa de O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 17 de 62 CRIMINOLOGIA A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Prof.ª Mariana Barreiras www.grancursosonline.com.br se preocupar tanto com o que o ser humano faz e por que o faz, e passa a estudar o modo como a sociedade responde ao crime. Nesse momento, a criminologia co- meça a tentar decifrar as razões do enorme distanciamento que existe entre, de um lado, as decisões de política criminal do legislador de selecionar de maneira abstrata e potencial as condutas penalmente relevantes; e, de outro lado, a seleção efetiva e definitiva feita pelas instâncias de controle social. Com a inclusão das instâncias de controle social na lista de objetos da criminolo- gia percebeu-se a defasagem entre a política criminal da lei e a política criminal do processo formal de reação ao comportamento delinquente. A lei prevê de maneira abstrata todas as condutas que devem ser consideradas crimes. Mas os mecanis- mos de controle social operam uma seleção quantitativa e outra qualitativa. Na seleção quantitativa, uma série de delitos não chegará ao conhecimento das autoridades. Trata-se de um efeito de funil ou da mortalidade de casos criminais. Isso é natural e a criminologia reconhece que o processamento de todos os casos (total enforcement) levaria à falência do próprio sistema penal. Sendo o efeito de funil algo esperado, a política criminal deve conhecê-lo ao realizar a tipificação ou descriminalização de condutas ou ao sugerir leis que proponham alterações proces- suais ou sobre o modo de atuação dos órgãos de controle social formal. Uma das consequências do efeito de funil é a existência da denominada cifra negra, aquela parcela de crimes que não integra as contagens oficiais. São os crimes que não chegam ao conhecimento das autoridades, pelas mais diversas razões. Por isso as estatísticas criminais não refletem a criminalidade real, mas apenas uma parte dela, restando uma cifra negra, oculta, difícil de decifrar. As bancas gostam de ve- rificar se o candidato sabe o que é cifra negra e as demais cores de cifras cunhadas pela criminologia. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 18 de 62 CRIMINOLOGIA A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Prof.ª Mariana Barreiras www.grancursosonline.com.br Sendo o total enforcement indesejado, surgem nomenclaturas para as cifras da criminologia. A cifra negra seria a matriz das demais. • Cifra dourada: trata-se dos delitos cometidos pelos poderosos que ficam im- punes. Quando alguém dos altos estratos sociais comete um crime contra o sistema financeiro ou um crime tributário, por exemplo, é possível que fique sem punição porque o sistema penal é desenhado para selecionar a crimina- lidade de rua, cometida pelos pobres. Aos crimes do colarinho branco (crimes dos poderosos) que permanecem desconhecidos ou em relação aos quais há uma indulgência do sistema persecutório penal, dá-se o nome cifra dourada. • Cifra cinza: trata-se dos crimes que são de conhecimento das instâncias po- liciais, porém que não chegam a virar um processo penal. São casos, por exemplo, solucionados pelos próprios policiais em sua atividade rotineira; ou na própria delegacia de polícia; ou com a renúncia da vítima ao direito de queixa ou representação. A cifra cinza demonstra que as polícias têm pa- pel conciliador de conflitos e é, nesse aspecto, dotada de muito poder, pois exerce suas competências de tratar o fenômeno delitivo longe da supervisão direta das instâncias que seriam as intervenientes subsequentes do sistema de persecução, como ministério público, defensoria pública, poder judiciário. • Cifra amarela: trata-se de casos em que as vítimas sofreram algum tipo de violência praticada por servidor público e deixaram, por temor, de denunciar o ilícito às unidades competentes pela apuração. Os atos de abusos e violências cometidas por policiais contra a população são fre- quentemente citados como os maiores exemplos de cifras amarelas. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 19 de 62 CRIMINOLOGIA A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Prof.ª Mariana Barreiras www.grancursosonline.com.br • Cifra verde: trata-se de delitos que têm como vítima o meio ambiente e que não chegam ao conhecimento policial ou não são processados porque impos- sível tentar descobrir a autoria. • Cifra rosa: trata-se de crimes de caráter homofóbico que não chegam ao co- nhecimento das autoridades. Vista a seleção quantitativa, passo a falar agora da seleção qualitativa, que é aquela determinada pelas práticas dos operadores das instâncias de controle social que mencionei agora há pouco. É normal, por exemplo, que os aparelhos judiciais deixem de processar certas condutas em virtude da ocorrência de transformações sociais, antes mesmo de o texto da lei penal ser modificado. O conceito de “mulher honesta”, por exemplo, foi retirado do Código Penal ape- nas em 2005, muito tempo depois de a realidade social demandar sua inaplicabili- dade. Até hoje está em vigor o Decreto-Lei n. 16 de 6 de agosto de 1966, que tipifi- ca a conduta de fabricar açúcar em casa. Além desses, há uma infinidade de outros dispositivos em desuso, assim como há uma série de condutas profundamente reprováveis que não são consideradas crimes. Gosto de citar aqui o caso da “cola eletrônica”, consistente na prática de fraudar certames com o uso de dispositivos eletrônicos. Até a entrada em vigor da Lei n. 12.550/2011, que inseriu um capítu- lo sobre fraudes em certames de interesse público no Código Penal, a conduta do candidato que entrasse na sala de prova com dispositivo eletrônico era, apesar de reprovável, atípica do ponto de vista penal. Assim, há uma via de mão dupla. Os conhecimentos da criminologia são fun- damentais para que o legislador tome decisões de política criminal. E, ao mesmo tempo, os mecanismos de seleção das instâncias de controle social, mediados pelas O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 20 de 62 CRIMINOLOGIA A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Prof.ª Mariana Barreiras www.grancursosonline.com.br leis aglutinadoras de decisões políticos criminais, são objeto de estudo constante da criminologia, numa retroalimentação do sistema que permite sua transformação constante. Considerando as principais contribuições da criminologia, surgem diferentes modelos de política criminal. Abolicionismo penal Também conhecido como política criminal verde, é uma concepção surgida a partir da década de 1970 que defende o fim do sistema penal em razão de seus efeitos deletérios. Já que o sistema penal é estigmatizante, seletivo, acelerador de carreirascriminais e incapaz de promover ressocialização, sugere-se que ele seja extinto. Alguns autores de destaque são: • Louk Hulsman: criminólogo holandês, autor de Penas perdidas. O sistema pe- nal em questão, de 1982, sustenta a resolução dos conflitos sociais por meios alternativos, como a reparação e a conciliação. O sistema criminal deve ser abolido porque não protege a sociedade, não consegue prevenir a delinqu- ência, carece de fundamento e de racionalidade, e por utilizar métodos dele- térios e irracionais, acaba dando origens a novos conflitos na sociedade, por meio da exclusão, estigmatização e dominação de classe. • Thomas Mathiesen: sociólogo norueguês, em sua obra The politics of aboli- tion; essays in political action theory, de 1971, defende a extinção da pena de prisão, por ser ineficaz, e não a extinção do sistema penal como um todo. A partir da Escandinávia, o pensamento abolicionista se irradia para a Europa. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 21 de 62 CRIMINOLOGIA A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Prof.ª Mariana Barreiras www.grancursosonline.com.br • Nils Christie: outro criminólogo norueguês, em sua obra Os limites da dor, de 1981, defende a extinção de penas que causem dor. O sistema penal é uma máquina para produzir dor inutilmente. Ele é estéril, pois não transforma o condenado, e é irracional porque o aniquila. Minimalismo penal Essa concepção defende que o direito penal é um mal necessário, uma forma de reação social dolorosa, porém legítima. É fundamental, então, que os direitos humanos sejam o fundamento de todo o sistema penal. É crucial, ademais, redu- zir o âmbito de incidência da lei penal a situações em que se queira proteger bens jurídicos relevantes e de forma subsidiária, isto é, quando insuficientes as outras formas de controle social. A aplicação do direito penal de forma subsidiária, como vimos, dá-se o nome de direito penal de ultima ratio. Os autores minimalistas propugnam a aplicação de sanções alternativas à pena privativa de liberdade sempre que for considerado possível ou recomendável. Isso porque, penas como as restritivas de direito ou pena de multa não possuem um traço estigmatizante tão marcado como ocorre com as penas de prisão, detenção, reclusão. Exemplos de autores minimalistas são Eugenio Raúl Zaffaroni, Alessandro Ba- ratta, Luigi Ferrajoli. Elenco para você, agora, as principais linhas de pensamento de cada autor: • Alessandro Baratta, jurista italiano, em sua obra Criminologia crítica e crítica do direito penal, propõe uma nova ciência total do direito penal, que incor- porasse os valores humanistas. Defendendo a adoção do ponto de vista das O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 22 de 62 CRIMINOLOGIA A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Prof.ª Mariana Barreiras www.grancursosonline.com.br classes subalternas, postula a criação de uma política criminal alternativa, tendente a transformar a sociedade. Aqueles que seriam sempre afetados pelo poder punitivo, chamados de sujeitos fracos, seriam ouvidos, tudo com a finalidade de superar as condições econômicas do capitalismo. O novo sis- tema penal perseguiria comportamentos atualmente imunes à persecução criminal, mas muito mais daninhos, como a criminalidade dos poderosos. • Luigi Ferrajoli, um dos principais expoentes do Garantismo italiano e mundial, sobretudo a partir de seu artigo intitulado O direito penal mínimo, de 1986 e de sua obra Direito e razão, de 1989, sustenta que os sistemas políticos devem ser capazes tanto de tolerar o desvio como produto de tensões sociais não resolvidas, como de prevenir o desvio pelo desaparecimento de suas causas materiais. Ferrajoli acredita que o fim do sistema penal levaria a uma anarquia punitiva, com respostas selvagens, uma situação pior do que a atu- almente vivenciada no mundo. Daí a importância de permanência do direito penal, com todas suas garantias. • Raúl Zaffaroni, argentino, em sua obra Em busca das penas perdidas, de 1990, estabelecendo diálogo com Hulsman, reconhece que o sistema penal e a pena são seletivos e reprodutores da violência em qualquer sociedade. Ao mesmo tempo, admite que o sistema penal e a pena são “fatos de poder”, ou seja, instituições sociais efetivamente existentes e que não podem ser negadas. Importante, então, a existência de um direito penal mínimo e ga- rantista, capaz de reduzir, assinalar os limites e, em alguns casos, cancelar o poder punitivo. A pena, apesar de ser um fato de poder, não é legítima, seja moralmente, seja juridicamente, pois os fins declarados da pena (prevenção, ressocialização) não são atingidos. Assim, a função dos penalistas e do direito penal seria a de reduzir a própria violência do sistema punitivo. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 23 de 62 CRIMINOLOGIA A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Prof.ª Mariana Barreiras www.grancursosonline.com.br Tanto o abolicionismo como o minimalismo penal são linhas de política criminal que se inserem dentro do marco da chamada criminologia crítica, que será detalha- da nas próximas aulas. De momento, vale adiantar que a criminologia crítica rompe com os postulados de criminologia do consenso e acredita que o problema criminal é insolúvel dentro de uma sociedade capitalista. Direito Penal Máximo Também conhecida por eficientismo penal ou neorretribucionismo, defende que o direito penal é um instrumento eficaz para combater o crime. Essa corrente de política criminal se baseia na falência dos Estados de bem-estar social (Welfare state). Percebeu-se que no Estado assistencial, que garante padrões mínimos de educação, saúde, habitação, renda e seguridade social a todos os cidadãos, não apenas o crime não havia sido erradicado como, em realidade, ele havia aumenta- do. Muitos criminólogos passaram, já na década de 1970, a propugnar uma substi- tuição do direito penal garantista por uma linha penal de mão dura. Nesse contexto, se insere, por exemplo, a guerra às drogas formulada pelo go- verno dos Estados Unidos da América (EUA). Com a chegada ao poder de Ronald Reagan nos EUA e de Margaret Thatcher no Reino Unido as ideologias conservado- ras de matriz nacionalista e religiosa ganhariam impulsos e seriam exportadas para outras partes do globo, permanecendo até os nossos dias. Essa linha de política criminal pretende acabar com o domínio de especialistas brandos com os delinquentes. Devem ser abandonas grandes teorizações para que se promova uma volta ao básico, ou uma criminologia da vida cotidiana. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 24 de 62 CRIMINOLOGIA A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Prof.ª Mariana Barreiras www.grancursosonline.com.br Destacarei doisautores nessa linha político-criminal e darei enfoque aos temas policiais, por razões óbvias, para a sua prova: • James Q. Wilson, dos Estados Unidos, de matiz conservador, em sua obra Pensando sobre o delito, de 1975, defendeu o que se chamou de realismo de direita ou realismo criminológico. Para ele, as possibilidades de uma pessoa ser detida e severamente castigada haviam diminuído no país e era neces- sário impor penas duras aos reincidentes, defendendo até mesmo a pena de morte. Wilson se tornou assessor de Ronald Reagan e propugnou a implan- tação da teoria das janelas quebradas: era necessário punir mesmo as me- nores incivilidades, já que elas seriam apenas o símbolo de uma deterioração maior. Em artigo publicado em 1982, James Wilson e George Kelling usaram a teoria das janelas quebradas para defender uma maior proximidade entre cida- dão e policial. Explicavam que após uma experiência de cinco anos de patrulha- mento a pé em Newark, era possível concluir que esse tipo de policiamento não auxiliava na redução das taxas de criminalidade. No entanto, os moradores dos bairros patrulhados a pé tiveram a insegurança reduzida, acreditavam que as taxas de crime haviam caído e tinham opinião mais favorável sobre o trabalho dos policiais, em comparação com moradores de outras áreas. Os policiais que faziam a ronda a pé, por sua vez, apresentavam maior satisfação com o trabalho e uma atitude mais positiva com os cidadãos se comparados com seus colegas em viaturas. A vizinhança estava se sentindo mais segura, não obstante as taxas da criminalidade tivessem se mantido, pois o que assusta as pessoas nos locais públicos não é apenas o risco de um crime violento, mas também o medo de ser incomodado por pessoas desordeiras: pedintes, bêbados, adolescentes arruacei- ros, prostitutas, pessoas vagando ou com problemas mentais. A patrulha a pé conseguiu elevar o nível de ordem pública nessas vizinhanças. Desordem e crime O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 25 de 62 CRIMINOLOGIA A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Prof.ª Mariana Barreiras www.grancursosonline.com.br estão intimamente relacionados. Segundo Wilson e Kelling, psicólogos sociais e policiais concordam que se uma janela em um edifício se quebra e não é con- sertada, transmite-se a mensagem de que ninguém se importa, de modo que as demais janelas podem e serão igualmente quebradas, até mesmo porque sem- pre foi divertido quebrar vidros. E quando uma área se degrada – isto é, quando casas são abandonadas, o mato cresce, o lixo se acumula, uma janela é estilha- çada, famílias se mudam, adultos sem vínculos passam a viver ali, as crianças deixam de ser repreendidas com frequência por seus pais, os adolescentes se reúnem livremente e sem limites, brigas acontecem, bêbados vagam pelas ruas, pedintes se aproximam dos pedestres –, a região se torna vulnerável de invasão pela criminalidade. É simplesmente mais fácil que crimes aconteçam ali do que em bairros onde o controle social informal ainda impera. Com medo, as pessoas evitam umas às outras, diminuindo ainda mais o controle informal. A polícia é chamada, e ainda que efetue alguma prisão, não acaba com a desordem e aca- ba ganhando uma imagem de pouco efetiva. Wilson e Kelling defendem, então, que a polícia deve ser empregada para manutenção da ordem, lembrando, aliás, que tradicionalmente essa era a função dos primeiros corpos policiais da história. Os primeiros policiais combatiam o fogo, animais selvagens e comportamentos desrespeitosos. A resolução de crimes é uma atribuição relativamente recente na história do policiamento, não obstante a primazia que possui atualmente entre as tarefas policiais. Colocada a ênfase na função de combate à criminalidade, a liga- ção entre manutenção da ordem e prevenção do crime, tão óbvia para gerações passadas, foi esquecida. Em 1994, quando Rudolph Giuliani foi eleito prefeito de Nova Iorque e instalou a política policial de “tolerância zero”, seguia aquilo que fora propugnado por Wilson. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 26 de 62 CRIMINOLOGIA A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Prof.ª Mariana Barreiras www.grancursosonline.com.br • Ernest van den Haag, holandês radicado nos Estados Unidos, na obra Castigan- do os delinquentes, de 1975, defendia a ordem como valor supremo. Para ele, haveriam três classes de pessoas: as más, as inocentes e as calculistas. As más deveriam ser separadas das boas. As inocentes, protegidas. E às calculistas, que seriam a maioria, deveria ser direcionada uma série de leis que os demonstrasse que, por um cálculo de custo-benefício, cometer o crime não valia a pena. Essa teoria é denominada teoria da lei e da ordem e é invocada para embasar políticas criminais punitivistas ainda na atualidade. Van den Haag é relembrado como um grande defensor da pena de morte. • Günther Jakobs é defensor do chamado Direito Penal do Inimigo, teoria surgida em 1985. A ideia central de Jakobs reside na distinção entre cidadãos e inimigos. O cidadão é aquele indivíduo que, quando autor de um fato delitivo, danifica a vigência da norma, sem deixar, no entanto, de oferecer garantia de que se con- duzirá, em linhas gerais, como cidadão. Para ele temos a pena, que consiste na compensação do dano à vigência da norma. O inimigo, por sua vez, é aquele que se afasta de maneira duradoura e decidida do Direito. É um indivíduo que não admite ser obrigado a entrar em um estado de cidadania e que não pode, por- tanto, participar dos benefícios do conceito de pessoa. Aqui não há que se falar em pena, mas em eliminação de perigo. O Estado não deve tratar o inimigo como pessoa, já que isso vulneraria o direito à segurança das demais pessoas. O inimi- go pode ser interceptado no estado prévio à lesão de um bem, pois é combatido por sua periculosidade. Assim, para manter o direito penal do cidadão vinculado à noção de Estado de Direito, é necessário “chamar de outra forma aquilo que tem que ser feito contra os terroristas, se não se quer sucumbir, isto é, deveria chamar Direito penal do inimigo, guerra contida”.6 Esta clara delimitação do Direi- to penal do inimigo é menos perigosa, segundo o autor, do que entrelaçar todo o direito penal com fragmentos de regulações próprias do Direito penal do inimigo. 6 Jakobs, G. Direito Penal do Inimigo: noções e críticas. 2ª ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2007, p. 37. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 27 de 62 CRIMINOLOGIA A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Prof.ª Mariana Barreiras www.grancursosonline.com.br • Jakobs, num movimento de relativização de conceitos, chama a atenção para o fato de que, na maioria dos casos, os inimigos não são inimigos totais, mas sim parciais, e explica que ainda que seja difícil detectar quem são os inimi- gos, essa não é uma tarefa impossível. Afinal, aqueles indivíduos que con- vertem a si próprios em parte de uma estrutura criminosa solidificada diluem e acabam transformando em ilusão a esperançade que voltem a levar uma vida “normal”. Quem quer ser considerada pessoa deve fazer a sua parte, garantindo fidelidade ao ordenamento. O autor assume que suas afirmações não são politicamente corretas, mas diz que o Direito penal do inimigo é, sim, Direito, rebatendo algumas críticas que lhe são feitas. • Ele aborda a temática da punição de atos preparatórios, das extensas penas privativas de liberdade, da prisão preventiva, da interceptação telefônica, dos agentes infiltrados, da incomunicabilidade entre presos e seus defensores, apenas para citar alguns exemplos de regulação típica de Direito penal do inimigo. Com isso, chama atenção para a existência dessas regras de Direito penal do inimigo em todos os ordenamentos jurídicos da atualidade e explica que é extremamente importante ter consciência da problemática para que seja estabelecida uma separação mais ou menos nítida entre o imprescindível Direito penal do inimigo e o Direito penal do cidadão. • Grande parte dos criminólogos condenam a previsão de um Direito penal do inimigo, defendendo que para vivermos em um Estado Democrático de Direi- to não é possível considerar ninguém como inimigo. A realização da atividade de polícia judiciária sob o prisma de que o crime é um fenômeno normal, ine- rente à convivência em sociedade, é importante para que os policiais mudem a visão de agência policial-penal ainda impregnada pelas correntes biologi- cistas do criminoso por tendência, do criminoso nato, dos traços em raças propensas ao crime, da condição de pobreza etc7. 7 HOTT, Júlio Lopes. A polícia judiciária e o combate à criminalidade. Revista Brasileira de Políticas Públicas, Brasília, v. 5, n. 1, jan.-jun. 2015. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 28 de 62 CRIMINOLOGIA A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Prof.ª Mariana Barreiras www.grancursosonline.com.br Mapa mental Teorias do consenso: sociedade é uma estrutura relativamente estável de elementos, bem integrada e de que todo elemento em uma sociedade possui uma função, contribuindo para a manutenção do sistema. Crime é disfunção. Teorias do conflito: há força e coerção na sociedade. Negação dos princípios do interesse social e do delito natural. A sociedade não é hegemônica. Os agentes do controle social e outros grupos poderosos podem impor definições de desvio que atendem a seus objetivos. Postulados da Teoria do Conflito • A ordem social da sociedade industrializada não tem por base o consenso, mas sim o conflito; • O conflito não é patológico, senão a expressão da própria estrutura e dinâmi- ca da mudança social; • Os interesses protegidos pelo direito penal não são interesses comuns a todos os cidadãos; • O Direito representa os valores e interesses das classes ou setores sociais dominantes; • O crime é uma reação à desigual e injusta distribuição de poder e riqueza na sociedade; • A criminalidade é uma realidade social criada por meio do processo de crimi- nalização; • A criminalidade e o direito penal têm, sempre, natureza política. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 29 de 62 CRIMINOLOGIA A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Prof.ª Mariana Barreiras www.grancursosonline.com.br Subdivisões O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 30 de 62 CRIMINOLOGIA A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Prof.ª Mariana Barreiras www.grancursosonline.com.br Tendências político-criminais Criminologia e política criminal Política criminal é uma disciplina que está, a todo tempo avaliando se o direito penal está cumprindo seus objetivos, sejam eles de proteção do bem jurídico, de prevenção ou de repressão. A política criminal recebe as contribuições da crimino- logia, seja sobre o crime, o criminoso, a vítima ou as instâncias de controle social, e, em seguida, oferece aos governantes opções concretas para bem equacionar o fenômeno. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 31 de 62 CRIMINOLOGIA A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Prof.ª Mariana Barreiras www.grancursosonline.com.br Efeito de funil ou mortalidades dos casos criminais CIFRAS DA CRIMINOLOGIA Cifra negra: crimes que não chegam ao conhecimento dos operadores da justiça criminal. Cifra dourada: delitos cometidos pelos poderosos que ficam impunes. Cifra cinza: crimes que são de conhecimento das instâncias policiais, porém, não chegam a virar um processo penal. Cifra amarela: casos em que as vítimas sofreram algum tipo de violência praticada por servidor público e deixaram, por temor, de denunciar o ilícito às unidades competentes pela apuração. Cifra verde: delitos que têm como vítima o meio ambiente e que não chegam ao conhecimento policial ou não são processados porque é impossível tentar descobrir a autoria. Cifra rosa: crimes de caráter homofóbico que não chegam ao conhecimento das autoridades. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 32 de 62 CRIMINOLOGIA A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Prof.ª Mariana Barreiras www.grancursosonline.com.br Modelos de política criminal O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 33 de 62 CRIMINOLOGIA A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Prof.ª Mariana Barreiras www.grancursosonline.com.br QUESTÕES DE CONCURSO 1. (FCC/DPE-AM/DEFENSOR PÚBLICO/2018) Sobre as escolas criminológicas, é correto afirmar: a) A Escola de Chicago fomentou a utilização de métodos de pesquisa que propi- ciou o conhecimento da realidade da cidade antes de se estabelecer a política cri- minal adequada para intervenção estatal. b) A teoria da rotulação social busca compreender as causas da criminalidade por meio do processo de aprendizagem das condutas desviantes. c) O positivismo criminológico desenvolveu a ideia de criminoso nato, aplicável contemporaneamente apenas aos inimputáveis. d) O abolicionismo penal de Louk Hulsman defende o fim da pena de prisão e um direito penal baseado em penas restritivas de direito e multa. e) A teoria da subcultura delinquente foi o primeiro conjunto teórico a empreender uma explicação generalizadora da criminalidade. 2. (FUMARC/PC-MG/DELEGADO DE POLÍCIA/2018) “Por debaixo do problema da legitimidadedo sistema de valores recebido pelo sistema penal como critério de orientação para o comportamento socialmente adequado e, portanto, de discrimi- nação entre conformidade e desvio, aparece como determinante o problema da definição do delito, com as implicações político-sociais que revela, quando este pro- blema não seja tomado por dado, mas venha tematizado como centro de uma teo- ria da criminalidade. Foi isto o que aconteceu com as teorias da ‘reação social’, ou labbeling approach, hoje no centro da discussão no âmbito da sociologia criminal.” BARATTA, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal. Introdução à sociologia do Direito Penal. 3. ed. Rio de Janeiro: Revan: Instituto Carioca de Criminologia. p. 86. (Coleção Pensamento Criminológico) O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 34 de 62 CRIMINOLOGIA A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Prof.ª Mariana Barreiras www.grancursosonline.com.br Com base no excerto acima, referente ao paradigma do labbeling approach, analise as asserções a seguir: I – O labbeling approach tem se ocupado em analisar, especialmente, as reações das instâncias oficiais de controle social, ou seja, tem estudado o efeito es- tigmatizante da atividade da polícia, dos órgãos de acusação pública e dos juízes. PORQUE II – Não se pode compreender a criminalidade se não se estuda a ação do siste- ma penal, pois o status social de delinquente pressupõe o efeito da atividade das instâncias oficiais de controle social da delinquência. Está CORRETO o que se afirma em: a) I e II são proposições falsas. b) I e II são proposições verdadeiras e II é uma justificativa correta da I. c) I é uma proposição falsa e II é uma proposição verdadeira. d) I é uma proposição verdadeira e II é uma proposição falsa. 3. (FCC/DPE-SC/DEFENSOR PÚBLICO/2017) Sobre a política criminal e penitenciá- ria brasileira nas últimas duas décadas, a) medidas de combate à corrupção têm mudado significativamente o perfil da po- pulação prisional brasileira, reduzindo a seletividade do sistema penal. b) a política de construção de presídios tem se mostrado ineficiente na redução da superlotação prisional. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 35 de 62 CRIMINOLOGIA A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Prof.ª Mariana Barreiras www.grancursosonline.com.br c) a implementação de medidas descarcerizadoras resultou em sensível redução da criminalidade e na melhora dos presídios. d) a utilização da justiça restaurativa na solução de conflitos penitenciários aumen- tou o poder das facções prisionais. e) o encarceramento feminino cresceu em virtude da falta de investimentos em presídios que considerem a questão de gênero. 4. (CESPE/DEPEN/AGENTE PENITENCIÁRIO FEDERAL/2015) Em relação aos pre- ceitos da criminologia contemporânea e a aspectos relevantes sobre a justiça cri- minal, o sistema penal e a estrutura social, julgue o item que se segue. Na criminologia contemporânea, não se consideram os protagonistas do crime – vítima, infrator e comunidade – nem o desenvolvimento de técnicas de intervenção e controle, pois essas matérias devem ser objeto de políticas públicas de segurança pública e não da ciência criminológica. 5. (VUNESP/PC-SP/MÉDICO LEGISTA/2014) A autonomia da Criminologia frente ao Direito Penal a) é almejada pelos estudiosos da primeira, mas negada pelos estudiosos do se- gundo. b) não se concretiza, uma vez que a primeira não é considerada ciência, ao con- trário do segundo. c) comprova-se, por exemplo, pelo caráter crítico que a primeira desenvolve em relação ao segundo. d) não se vislumbra na prática, uma vez que todos os conceitos da primeira são emprestados do segundo. e) não se efetiva, uma vez que ambos têm o mesmo objeto e são concretizados pelo mesmo método de estudo, qual seja, o empírico. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 36 de 62 CRIMINOLOGIA A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Prof.ª Mariana Barreiras www.grancursosonline.com.br 6. (VUNESP/PC-SP/DESENHISTA TÉCNICO/2014) As teorias macrossociológicas que influenciaram o pensamento criminológico moderno são as teorias: a) clássica e contemporânea. b) de consenso e de conflito. c) positiva e refletiva. d) negativa e refletiva. e) social e comportamental. 7. (FCC/DPE/DEFENSOR PÚBLICO/2013) A escola/doutrina descrita pelo autor é a) funcionalismo penal. b) abolicionismo penal. c) “tolerância zero”. d) Escola de Chicago. e) associação diferencial. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 37 de 62 CRIMINOLOGIA A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Prof.ª Mariana Barreiras www.grancursosonline.com.br 8. (VUNESP/PC-SP/PERITO CRIMINAL/2013) Assinale a alternativa correta. a) A Teoria do Controle postula que o crime ocorre como resultado de um equilíbrio entre os impulsos em direção à atividade criminosa e os controles éticos ou morais que a detêm. Interessa-se principalmente pelas motivações que os indivíduos pos- suem para executar os crimes. b) A Escola de Buffalo é o berço da moderna Sociologia americana. c) A moderna Sociologia Criminal contempla o fato delitivo invariavelmente como “fenômeno natural” e pretende explicá-lo em função de um determinado marco jurídico. d) A Teoria Estrutural-Funcionalista explica o efeito criminógeno das grandes ci- dades, valendo-se dos conceitos de desorganização e contágio inerentes aos mo- dernos núcleos urbanos e, sobretudo, invocando o debilitamento do controle social nestes núcleos. e) Teorias do Conflito, tradição na Sociologia Criminal norte-americana, pressu- põem a existência, na sociedade, de uma pluralidade de grupos e subgrupos que, eventualmente, apresentam discrepâncias em suas pautas valorativas. 9. (VUNESP/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA/2014) A teoria do neorretribucionismo, com origem nos Estados Unidos, também conhecida por “lei e ordem” ou “tolerân- cia zero”, é decorrente da teoria. a) “positiva” b) “janelas quebradas” c) “clássica” d) “cidade limpa” e) “diferencial”. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 38 de 62 CRIMINOLOGIA A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Prof.ª Mariana Barreiras www.grancursosonline.com.br 10. (PC-SP/PC-SP/ESCRIVÃO DE POLÍCIA/2010) O movimento “Lei e Ordem” e a teoria das “janelas quebradas” (“broken windows”) defendem que pequenas infra- ções, quando toleradas, podem levar à prática de delitos mais graves. O texto acima se refere à: a) Criminologia Radical. b) Defesa Social.c) Tolerância Zero. d) Escola Retribucionista. e) Lei de Saturação Criminal. 11. (FCC/DPE-SP/CIENTISTA SOCIAL/2015) Considere o seguinte excerto: ... inclinou-se a polemizar com as teorias de Parsons e de Marx. No que concerne ao sociólogo americano, seus escritos cuidaram de contestar os fundamentos que regem a teoria parsoniana do consenso social (...) acolhe as concepções de Marx quanto à natureza do conflito de classes na sociedade industrial de seu tempo, isto é, os conflitos predominantes no século XIX. No entanto, discorda que o modelo marxista seja aplicável à sociedade contemporânea. (ADORNO, Sérgio. Conflitualidade e Violência: reflexões sobre a anomia na contemporaneidade. Tempo Social, São Paulo, v. 10, n. 1, 1998, p. 20) A partir do excerto acima, o autor em questão é: a) Ralf Dahrendorf. b) Robert Merton. c) Erving Goffman. d) Norbert Elias. e) Jürgen Habermas. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 39 de 62 CRIMINOLOGIA A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Prof.ª Mariana Barreiras www.grancursosonline.com.br 12. (VUNESP/PC-SP/INVESTIGADOR DE POLÍCIA/2014) Do ponto de vista crimino- lógico, a conduta dos membros de facções criminosas, das gangues urbanas e das tribos de pichadores são exemplos da teoria sociológica da(o): a) abolicionismo penal b) subcultura delinquente. c) identidade pessoal. d) minimalismo penal. e) predisposição nata à criminalidade 13. (VUNESP/DPE-MS/DEFENSOR PÚBLICO/2014/ADAPTADA) Considerando a teo- ria do crime, julgue o item. O abolicionismo, ou minimalismo penal, propõe a eliminação total da pena de pri- são como mecanismo de controle social e sua substituição por outro mecanismo de controle. 14. (VUNESP/PC-SP/ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLICIAL/2014) Entende-se por cifras negras a) as ocorrências criminais não registradas nos órgãos policiais responsáveis, em prejuízo do interesse da sociedade. b) somente os delitos praticados pelos criminosos de colarinho branco, em prejuízo da coletividade. c) os crimes hediondos praticados com violência ou grave ameaça. d) os crimes de menor potencial ofensivo praticados sem violência ou grave ameaça. e) apenas os crimes praticados por policiais, que não são apurados, por temor de represália. 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O minimalismo, enquanto movimento crítico ao sistema de justiça penal, foi conce- bido com a proposta de supressão integral do sistema penal por outras instâncias de controle social. Em sentido oposto, revelou-se o movimento “Lei e Ordem”, que reconhecia no direito penal máximo o instrumento primordial à resolução dos pro- blemas que afligem a sociedade. 17. (MPE-SC/MPE-SC/PROMOTOR DE JUSTIÇA/2016) Analise os enunciados das questões abaixo e assinale “Certo” – (C) Ou “Errado” – (E). Em sua obra “O Novo em Direito e Política”, José Alcebíades de Oliveira Júnior cita interessante trecho da doutrina de Luigi Ferrajoli: “a sujeição do juiz à lei já não é de fato, como no velho paradigma juspositivista, sujeição à letra da lei, qualquer que seja o seu significado, mas sim sujeição à lei somente enquanto válida, ou seja, coerente com a Constituição”. A interpretação da frase em destaque nos re- mete ao conteúdo do modelo garantista. 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(CESPE/PC-MA/DELEGADO/2018/ADAPTADA) Acerca do direito penal e do po- der punitivo, julgue o item. No direito penal do inimigo, a sanção penal é aplicada com extremo rigor e objetiva punir o inimigo de modo exemplar por atos cometidos, sem, contudo, relativizar ou suprimir garantias processuais. 20. (CESPE/PC-MA/DELEGADO/2018/ADAPTADA) Acerca do direito penal e do po- der punitivo, julgue o item. O garantismo penal impede a intervenção punitiva do Estado, o qual deverá exercer função exclusivamente preventiva e garantidora das liberdades individuais. 21. (VUNESP/DPE-MS/DEFENSOR PÚBLICO/2014/ADAPTADA) Considerando a teo- ria do crime, julgue o item. Idealizado por Günter Jakobs, o direito penal do inimigo é considerado um direito penal de terceira velocidade, por utilizar a pena privativa de liberdade, mas, tam- bém, permitir a flexibilização de garantias materiais e processuais de todos inte- grantes da sociedade, podendo, inclusive, ser observado no direito brasileiro alguns institutos da lei que trata dos crimes hediondos. O conteúdo deste livro eletrônico é licenciado para NILCILENE ZUNINO SOARES - 03278927907, vedada, por quaisquer meios e a qualquer título, a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal. http://www.grancursosonline.com.br http://www.grancursosonline.com.br 42 de 62 CRIMINOLOGIA A Sociologia do Conflito e a sua Aplicação Criminológica Prof.ª Mariana Barreiras www.grancursosonline.com.br 22. (INÉDITA) Nils Christie se insere como abolicionista, tendo se debruçado espe- cialmente sobre a questão da dor causada pela pena. 23. (INÉDITA) Para as teorias do consenso, os agentes do controle social e outros grupos poderosos podem impor definições de desvio que atendem a seus objetivos. 24. (INÉDITA) O modelo tripartido da ciência conjunta do Direito penal de Franz Von Liszt é corolário do direito penal do inimigo. 25. (INÉDITA) As cifras amarelas dizem respeito às situações em que as vítimas sofreram algum tipo de violência praticada por servidor público e deixaram, por temor, de denunciar o ilícito às unidades competentes pela apuração. 26. (INÉDITA) Para as correntes conflituais da criminologia, o crime tem natureza política. 27. (INÉDITA) Jakobs, Baratta e Zaffaroni se inserem na linha do direito penal má- ximo. 28. (INÉDITA)Taylor, Walton e Young defendem a neutralidade do direito. 29. (INÉDITA) O abolicionismo de Hulsman é considerado moderado, pois ele de- fende apenas a extinção da pena de prisão, e não do sistema penal. 30. (INÉDITA) Johan Sellin defende
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