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Construção do espaço geográfico pela criança

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UNIDADE 2 - AS RELAÇÕES ESPACIAIS E A TOMADA DE CONSCIÊNCIA 
DO ESPAÇO SOCIAL 
 
2.1 - As etapas da construção da noção de espaço pela criança 
 
A construção da noção do espaço pela criança perpassa as etapas 
próprias da evolução infantil: espaço VIVIDO, PERCEBIDO E CONCEBIDO. 
Esses três níveis evoluem conforme a idade e a fase em que cada criança se 
encontra. 
Na fase inicial do desenvolvimento infantil, a construção da noção do 
espaço refere-se ao que é físico, ao que é VIVIDO pela criança, equivale 
àquele onde cada criança faz sua vivência através do movimento, do 
deslocamento, das brincadeiras, tudo conforme seu interesse ou a forma como 
é conduzida, por isso a importância de propor atividades diferenciadas, 
exercícios corporais que permitam que as crianças explorem o ambiente e as 
relações entre elas e cada elemento que a rodeia, a partir da referência que é o 
seu corpo. 
Com o passar do tempo, o desenvolvimento cognitivo amplia a 
possibilidade de percepção dessa noção de espaço. As crianças já não 
precisam mais somente vivenciar fisicamente para conceber, elas conseguem 
PERCEBER o espaço através da memória dos lugares por onde passou ou 
passa frequentemente (o caminho entre a casa e a escola, por exemplo) ou 
usar imagens como referência para conseguir caracterizar determinado espaço 
físico normalmente vivenciado. Nessa fase ocorre a ampliação do campo 
empírico da criança e a análise do espaço passa a ser feita através da 
observação. Nesse momento é possível que o educador traga os primeiros 
elementos de análise dos espaços, como por exemplo a intervenção humana, a 
cultura local que imprime características diferenciadas em locais diferenciados. 
É o momento de iniciar o desenvolvimento da criticidade através dos espaços 
com os quais a criança está mais familiarizada, lembrando que mesmo que 
nessa fase ela consiga se utilizar de memórias para perceber o espaço, 
proporcionar atividades práticas como visitas, passeios, é sempre uma 
ferramenta importante na construção da noção do espaço geográfico pela 
crianças. 
A partir dos 11/12 anos, inicia a fase em que a criança consegue 
CONCEBER e COMPREENDER o espaço somente por meio de sua 
representação, isto é, o aluno é capaz de raciocinar sobre uma área 
representada em um mapa, sem tê-la visto antes. Nessa fase as crianças 
podem ser levadas a conhecer espaços cada vez mais distantes, 
preferencialmente utilizando sua localização, seu espaço como ponto de 
referência, buscando com isso ampliar a percepção de mundo sem dissociar 
esse mundo do indivíduo, fazendo-o se sentir parte e com isso tendo 
possibilidade de interferir com sua ação cidadã. 
Em todos os níveis, a apreensão desses espaços é possível através de sua 
representação gráfica, a qual envolve uma linguagem própria - a da cartografia 
-, que a criança deve começar a conhecer. Cabe ao professor introduzir essa 
linguagem e, através do trabalho pedagógico, levar o aluno à entrar, entender, 
estruturar conceber e estruturar o espaço através da sua 
representação(ALMEIDA; PASSINI, 2004). 
 
2.2 - As relações topológicas, projetivas e euclidianas 
 
Jean Piaget faz uma abordagem psicológica sobre o desenvolvimento 
mental e a noção de espaço pela criança, onde há uma interação entre a 
percepção e a representação espacial. 
 
1. Período sensório-motor (até aproximadamente os dois primeiros anos); 
2. Período pré-operatório (2 a 6 anos); 
3. Período operatório concreto (6 a 12 anos); 
4. Período operatório formal (a partir dos 12 anos) 
 
É no período operatório que as relações espaciais se iniciam e podem 
ser divididas em topológicas, projetivas e euclidianas. 
 
As relações espaciais TOPOLÓGICAS se limitam a um objeto particular 
e principalmente relacionando-o consigo mesma como referência. As primeiras 
relações espaciais que a criança estabelece se referem ao espaço próximo, 
tendo referenciais como: dentro, fora, ao lado, na frente, atrás, perto, longe - 
denominadas relações espaciais topológicas elementares. Essas relações 
começam a ser estabelecidas pela criança desde o nascimento e são a base 
para construção das relações espaciais mais complexas. 
 
Já as relações PROJETIVAS permitem a coordenação dos objetos entre 
si num sistema de referência móvel, dado pelo ponto de vista do observador. 
Nas relações projetivas há necessidade de situar os objetos ou os elementos 
de um mesmo grupo, uns em relação aos outros, desenvolvendo as noções de 
direita e esquerda, frente e atrás, em cima e embaixo e ao lado de. 
Inicialmente, o ponto de partida para a localização dos objetos é o corpo da 
própria criança, mas com a liberação do egocentrismo, inicia o processo de 
correlacionar a posição dos objetos entre si ou com outro referencial que não 
seja ela mesma. Nessa fase, a criança consegue perceber que o espaço 
geográfico pode mudar dependendo de como ela se movimenta nele. Aquilo 
que estava ao lado, agora está à frente, ou atrás, pois a criança mudou sua 
posição. 
 
Por fim, as relações EUCLIDIANAS têm como base a noção de 
distância, medidas, comprimento, situando os objetos uns em relação aos 
outros, considerando um sistema fixo de referência: Um objeto “X” está a tantos 
metros à direita do objeto “Y” e a tantos metros à esquerda do objeto “Z”. O 
espaço euclidiano coordena os próprios objetos entre si, e em relação a um 
quadro de conjuntos ou sistemas de referência estável. 
 
Abaixo, uma representação esquemática adaptada de Pasini (1994), e 
encontrada no Caderno Didático, que correlaciona os períodos de 
desenvolvimento, as operações mentais, as relações construídas e os 
elementos cartográficos 
 
 
 
 
 
 
 
2.3 - A compreensão do mundo a partir do estudo do lugar 
 
 
No estudo do espaço geográfico, conforme os PCN’s (1997) foco principal da 
abordagem da Geografia nos anos iniciais, conforme o nível de 
desenvolvimento cognitivo em que se encontra a criança, a faixa etária e as 
capacidades que se espera que desenvolvam, os assuntos relativos às 
categorias da geografia poderão ser abordados gradativamente iniciando pela 
categoria LUGAR, integrando aos poucos a categoria PAISAGEM e 
TERRITÓRIO. Essa abordagem permite que aos poucos a criança amplie seu 
olhar sobre os espaços vividos, percebidos e concebidos, entendendo a 
relação entre a natureza (não somente o espaço biológico) e os seres que com 
ela interagem, incluindo o homem. 
 Uma das categorias mais amplas é o território. Inicialmente foi 
caracterizado sob o ponto de vista biológico, como sendo a área totall onde 
determinados seres vivos conseguiam desenvolver todas as atividades para 
sua sobrevivência. Esse conceito foi ampliado e adaptado para o entendimento 
das relações geográficas e, segundo os PCN’s (1997) para as sociedades 
humanas representa uma parcela do espaço identificada pela posse. É 
dominado por uma comunidade ou por um Estado e com isso se explica 
fenômenos geográficos relacionados à organização social e suas interações 
com a paisagem, tendo com essa categoria, relação bastante estreita, visto que 
o território pode ser considerado um conjunto de paisagens contidos em um 
limite político/administrativo de cidades, países ou estados. 
 
A categoria paisagem dentro da Geografia, diferencia-se daquela utilizada no 
senso comum, e sob uma ótica mais complexa, talvez seja a categoria que 
permite o olhar mais crítico na construção das noções dos espaços físicos e da 
impressão que as relações que se estabelecem nesse espaço (culturais, 
econômicas, sociais) podem ir modificando-o ao longo do tempo. Os PCN’s 
(1997) trazem uma definição sobre a categoria paisagem: 
...É definida como sendo uma unidade visível, que possui uma 
identidade visual, caracterizada por fatores de ordem social, 
cultural enatural, contendo espaços e tempos distintos; o 
passado e o presente. A paisagem é o velho no novo e o novo 
no velho!A paisagem, em termos pedagógicos, pode e deve ser acompanhada ao 
longo do tempo com as crianças, buscando o entendimento das modificações 
que ocorrem e as motivações pelas quais essas mudanças aconteceram. 
Dessa forma, o entendimento das alterações será uma ferramenta fundamental 
para o desenvolvimento do senso crítico dos alunos, fazendo-os entender a 
importância das escolhas e ações que cada cidadão faz e a impressão delas 
na paisagem, no lugar onde vivem. 
 
 E é justamente o lugar, a categoria mais específica da Geografia, que 
motiva os primeiros estudos do espaço geográfico nas séries iniciais, que 
também suscita as percepções mais básicas, mas nem por isso menos 
importantes, das ações e relações que se estabelecem promovendo o 
entendimento do espaço e as modificações no lugar. Castrogiovanni (2000) diz 
que o lugar demonstra, através da paisagem, a história da população que ali 
reside, os recursos naturais que dispõe e a forma como se utiliza deles. É no 
espaço físico que chamamos de lugar que as relações afetivas se 
estabelecem, é onde a história de cada um se faz, o sistema de valores se 
mostra e a história se concretiza. As crianças têm no estudo do lugar, a 
possiblidade de, além de aprender, expressar com emoção suas percepções, 
visto que o lugar onde brinca, onde vive, onde estuda, tem esse vínculo 
subjetivo e não tão racional, e de identidade. 
As trocas ricas entre os colegas, que vivenciam experiências diferentes 
por viverem em lugares diferentes, podem ser o pontapé inicial para a análise 
da paisagem ou do território a partir do estudo do lugar. Essa troca e a 
profundidade das análises vai aumentando conforme a idade e a maturidade 
dos alunos, bem como a condução que o educador propicia ao longo dos anos 
de formação da educação básica. A paisagem local, o espaço vivido pelos 
alunos, deve ser o objeto de estudo ao longo dos dois primeiros ciclos. Já a 
sua correlação com a paisagem regional ou mundial deve acontecer ao longo 
de toda sua formação, fazendo com que a concepção do espaço geográfico 
parta da análise do micro, para o macro.

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