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Resumo Geografia 1 AD2 e AP2

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Resumo de Geografia AD2 e AP2
Aula 11
A Geografia nas séries iniciais do Ensino Fundamental
Objetivos:
• Reconhecer a proposta da Geografia no Ensino Fundamental.
• Analisar os objetivos da Geografia no Ensino Fundamental.
A Geografia faz parte de nossa vida
É comum usarmos a expressão “fazer” Geografia. É importante pensar nos motivos que mantêm a Geografia como uma disciplina massante e repetitiva na escola. Nos últimos anos tem havido um grande esforço para mudar a Geografia na escola. Isso começou na década de 1980, com a Geografia Crítica e se
estabeleceu oficialmente em 1997, com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Apesar disso, ainda hoje, alguns traços da Geografia Tradicional se reproduzem na escola, especificamente nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental.
Para a permanência dos temas da Geografia Tradicional na escola, pode-se apontar, pelo menos, três razões:
1– Apesar de todo o esforço dos últimos anos, ainda se verifica um distanciamento da Universidade em relação à escola. Esse distanciamento se reflete no pouco diálogo e/ou numa relação baseada no discurso da autoridade, segundo o qual a Universidade se coloca como detentora do saber e a escola como receptáculo.
2 – Outra razão seria a qualidade do professor, já que ainda existem profissionais “acomodados”, reproduzindo práticas da Geografia Tradicional, sem interesse em atualizações e, muitas vezes, sem condições financeiras que permitam tais atualizações. Esses professores tanto podem ser encontrados no Ensino Fundamental como nas Universidades.
3 – Por último, deve-se considerar o conteúdo de Geografia proposto para as Séries Iniciais. Como se trata de iniciar a criança no conhecimento geográfico, priorizam-se mais os fenômenos, descrevendo-os, sem atentar para uma abordagem mais reflexiva. Apesar de os PCN enfatizarem a necessidade de se trabalhar com objetivos, ainda assim os conteúdos são priorizados tanto pelos professores como pelos pais e responsáveis que acompanham o trabalho pelos livros didáticos.
A CONSTRUÇÃO DA IDÉIA DE IDENTIDADE
O Ensino Fundamental é aquele que inicia a criança em um estudo regular. Caracteriza-se, principalmente, pelo papel de “alfabetizar”. Alfabetizar em todas as disciplinas significa conhecer conceitos, habilidades e as diversas linguagens trabalhadas por elas. Em Geografia, a alfabetização consiste em saber ler e entender o espaço geográfico, ou melhor, aquele que faz parte da realidade da criança.
Ao observar uma paisagem ao espaço físico e material acrescenta-se a construção social. Pode-se dizer que o que organiza socialmente o homem é o resultado da apropriação de um espaço por ele, dentro de contextos históricos, sociais, econômicos e políticos; o Homem é parte da natureza e da sociedade desse espaço, que ele influencia e que dele sofre influência. Segundo Callai, a geografia que o aluno estuda deve permitir que ele se perceba como participante do espaço que estuda, onde os fenômenos que ali ocorrem são resultados da vida e do trabalho dos homens e estão inseridos num processo de desenvolvimento. O aluno deve estar dentro daquilo que está estudando e não fora, deslocado e ausente daquele espaço(CALLAI, 2001, p. 58).
A proposta do ensino da Geografia no Ensino Fundamental é levar o aluno a se alfabetizar na leitura do espaço ocupado pelo homem, particularmente o seu espaço, como sendo o seu lugar, onde vive e com o qual se identifica. O tema: Indústria no Brasil é comum à Geografia e à História. A diferença está em que a História preocupa-se com o fato e sua evolução, enquanto a Geografia estuda a configuração do espaço identificando as dinâmicas responsáveis pela atual forma, e, como a atividade industrial modificou o espaço e as relações do homem com ele.
Se utilizarmos a visão da Geografia Crítica de pensar o espaço que vimos em aulas anteriores, não se incorre no erro de colidir com estudos de outras disciplinas, porque não se trata de fazer uma Geografia descritiva, compartimentada e de cunho positivista, e sim relacionando esses temas com a sociedade que ocupa aquele espaço.
Para a Geografia, é preciso pensar de que forma o homem pode utilizar-se desses solos, onde se localizam e como os homens estabelecem com eles as relações, considerando sua cultura, sua economia e a política adotada para esse espaço.
Callai: Este espaço real, concreto, que vemos, onde vivemos e no qual ocupamos um lugar para morar e no qual nos locomovemos, existe em si mesmo. É uma dimensão da realidade, e como tal precisamos nos apropriar intelectualmente dele. É um conceito que precisamos compreender. Esse conceito precisa ser construído no interior do processo de aprendizagem(CALLAI, 2001, p. 69).
Ao tentar “ler” esse espaço, busca-se também compreendê-lo, verificando como a natureza foi adaptada pelo homem, que realidade social se encontra nele, qual a relação do homem com os outros grupos sociais. Para a construção da praça derrubaram algumas árvores, demoliram prédios velhos para abrir espaços. Mais tarde, outras árvores e plantas foram plantadas. Colocaram-se bancos e brinquedos da forma planejada pelos estudos do arquiteto e urbanista. Nessa praça, o espaço foi adaptado às crianças para brincar e trocar experiências. Trata-se de crianças da redondeza que compartilham os mesmos hábitos e costumes. Em suas brincadeiras, mostram a cultura que trazem consigo, pulando amarelinha ou jogando bola de gude. O sorveteiro e o jornaleiro encontraram ali seu trabalho e a forma de garantir o próprio sustento. Percebe como cada grupo se utiliza da praça? Miguel e seus amigos sabem que a pracinha representa o lugar das brincadeiras, dos encontros e do prazer. Para eles, ela representa um espaço de felicidade que lembra férias.
A pracinha apresenta também muitos problemas que precisam ser resolvidos: ela precisa de limpeza; as árvores, de poda, e a segurança deve ser reforçada. Pode-se reconhecer, nesse lugar, os modos de vida, a cultura e costumes da população, que imprimem a ele características próprias. As crianças pulam amarelinha e jogam bola de gude. Estamos querendo mostrar a relação que existe entre o espaço geográfico e a identidade.
Se relacionarmos cidadania, identidade e e lugar deve aparecer a idéia de que a identificação de alguém com um lugar conhecido e onde vivenciou momentos especiais leva a um sentimento de envolvimento e responsabilidade. O envolvimento e a identificação da pessoa com o lugar leva à criação de vínculos e a torna responsável por ele, capacitando-a a compreender e estabelecer comparações com outros lugares para resolver os problemas. Isso resulta na construção da noção de cidadania.
Sabemos que a escola também tem a função de integrar a criança na sociedade em que vive. É impossível construir a sociabilidade com o desenvolvimento individual. Na verdade, a construção da identidade pessoal e da socialização faz parte do mesmo processo que resulta na valorização da cultura da comunidade e no respeito pelos outros, pelos diversos grupos sociais, pelas diferenças no acesso ao saber e pela construção de muitos espaços de convivência.
É preciso que o aluno, rompendo os limites do seu espaço local, passe a entender os espaços maiores e mais complexos. Como diz Callai,(2003, p. 62) se conseguimos compreender o lugar que nos dá identidade e ao qual pertencemos, podemos nos reconhecer como cidadãos desse lugar que faz parte de um mundo maior, além de aprendermos a fazer a leitura e análise desse espaço e, conseqüentemente, de um mundo mais amplo.
Considerando que no Ensino Fundamental o objetivo é alfabetizar em Geografia, além de conhecer o seu espaço é preciso fazer o aluno reconhecer a existência de outros espaços, com valores, costumes e culturas diversas das suas; desse modo ele vai respeitar as diferenças entre os povos.
O lugar onde se vive está impregnado de história e o papel da Geografia é desvendá-lo. Os objetivos da Geografia no Ensino Fundamental de forma sucinta. Fizemos uma adaptação dos PCN.
1 – Conhecer a organização do espaço geográfico, compreendendo o papel das sociedadesem sua construção.
É através da observação de um espaço próximo que se conclui como se ocorreu sua construção ao longo do tempo.
2 – Identificar e avaliar as ações dos homens em sociedade e suas conseqüências.
Trabalhar a idéia que as ações humanas sobre o espaço e seu modo de utilizá-lo implicam em conseqüências, benéficas ou não, para a natureza e para os próprios homens.
3 – Compreender a espacialidade e temporalidade dos fenômenos geográficos.
Pode se reconhecer que as características de um espaço diferem das do outro, mudam com o tempo e com a forma de ocupação dos grupos sociais.
4 – Compreender que as melhorias nas condições de vida, nos avanços tecnológicos e nas transformações socioculturais são decorrentes de conquistas e conflitos da sociedade.
Novamente reforça-se a idéia das diferenças entre as sociedades, lembrando que dentro de uma mesma sociedade uma determinada classe pode conseguir conquistas que geram conflitos com outros grupos.
5 – Fazer a leitura de mapas, gráficos e imagens. 
Esse é o instrumental da Geografia que vai permitir o conhecimento do espaço ao longo de toda a vida do aluno.
6 – Saber utilizar processos de pesquisa sobre os processos de construção do espaço.
O desenvolvimento da capacidade de pesquisa permite ao aluno buscar o conhecimento, que aumenta seu interesse pelo entendimento do espaço onde vive, por meio de informações através de imagens ou na forma escrita.
7 – Valorizar e respeitar o patrimônio sociocultural de uma sociedade.
A criação dos valores de respeito, participação e comprometimento com o patrimônio da sociedade faz crescer no indivíduo a relação dele com esse meio, logo, reforça a noção de cidadania.
Como um dos objetivos gerais do Ensino Fundamental, os PCN indicam a necessidade de os alunos compreenderem a cidadania com “participação social e política, assim como exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais.” Você pode concluir que o estudo de Geografia, quando ocorre considerando tais objetivos, é de grande importância para uma sociedade que quer seus indivíduos comprometidos com o bem social. A Geografia, descritiva e memorizante, não tem vez nessa forma de trabalho.
O Ensino Fundamental deve oferecer o momento ideal para iniciar a criança na leitura do espaço, na compreensão do mundo e na formação do cidadão.
Aula 12
A Geografia no 1º ciclo do Ensino Fundamental
Objetivos:
• Analisar os objetivos da Geografia apresentados nos PCN, para o 1º ciclo do Ensino Fundamental.
• Comparar os objetivos com os conteúdos da Geografia no 1º ciclo do Ensino Fundamental.
O que se quer, de agora em diante, é pensar em uma ciência em que o homem e o espaço estão em combinação. A Geografia é a ciência que estuda o espaço, mas sempre considerando o homem como elemento desse espaço.
Segundo um pensador da Educação, (...) a educação é inerente à sociedade humana, originando-se do mesmo processo que deu origem ao homem. Desde que o homem é homem ele vive em sociedade e se desenvolve pela mediação da educação. A humanidade se constituiu a partir do momento em que determinada espécie natural de seres vivos se destacou da natureza e, em lugar de sobreviver adaptando se a ela necessitou, para continuar existindo, adaptar a natureza a si(SAVIANI, 1997 p. 1).
Desde o momento em que o homem se ergueu sobre as pernas liberando seus braços para a locomoção, o HOMO ERECTUS e depois o HOMO SAPIENS, ele se destacou dos outros animais e adaptou a natureza às suas necessidades, adaptando-se a ela também.
HOMO ERECTUS: Homem primitivo, da família dos Hominídeos; o fóssil mais antigo encontrado data de 300 a 500 mil anos, em Java.
HOMO SAPIENS: Também um Hominídeo, cujo fóssil mais antigo foi encontrado na França, há 50 mil anos.
No 1º ciclo do Ensino Fundamental, a criança está numa faixa etária que vai de 6 a 8 anos, aproximadamente. Essa faixa corresponde ao período que PIAGET chamou de operações concretas no estudo da organização das operações mentais. A aprendizagem do espaço e da ação do homem inicia-se a partir de um espaço conhecido pela criança – espaço vivido.
O espaço conhecido é diferente para cada um, logo o estudo da Geografia no 1º ciclo do Ensino Fundamental deve abordar principalmente o espaço local a fim de servir de referência, para o professor poder trabalhar considerando o papel da natureza e as ações do homem. Nessa paisagem local é possível analisar os aspectos da economia, a influência da cultura e as questões políticas dessa sociedade. Tais ações humanas transformam a natureza que, em sua FISIOGRAFIA, se adapta a essas ações.
Os alunos do 1º ciclo apreendem essas noções de forma lúdica. Você está vendo que, no 1º ciclo do Ensino Fundamental, são trabalhados os conceitos e habilidades fundamentais para a compreensão da paisagem.
O TRABALHO DO 1º CICLO
Os Parâmetros Curriculares Nacionais foram elaborados entre os anos de 1992 e 1996, a partir de sugestões de professores e especialistas em Educação de todas as partes do Brasil.
Esses são os objetivos propostos pelos PCN para esse ciclo. Vamos fazer uma análise relacionando-os aos conteúdos.
• reconhecer, na paisagem local e no lugar em que se encontram inseridos, as diferentes manifestações da natureza e a apropriação e transformação dela pela ação de sua coletividade, de seu grupo social;
• conhecer e comparar a presença da natureza, expressa na paisagem local, com as manifestações da natureza presentes em outras paisagens;
• reconhecer semelhanças e diferenças nos modos que diferentes grupos sociais se apropriam da natureza e a transformam, identificando suas determinações nas relações de trabalho, nos hábitos cotidianos, nas formas de se expressar e no lazer;(BRASIL, MEC, 1997, pp. 130-131).
Lendo os objetivos propostos, deve-se considerar a questão da paisagem local e do lugar lembrando, como se disse anteriormente, que cada criança e cada um de nós tem uma construção particular desse conceito.
Para trabalhar essa noção, professor e alunos devem combinar um espaço comum que seja do conhecimento de todos e que possa ser conhecido através de visitas pessoais, de fotografias ou de mapas.
Tal estudo permite que se chegue a diferentes dimensões espaciais. Passa-se do espaço local para o global: do bairro ao município, ao estado, ao país e ao mundo. Esse trabalho estará presente durante todo o ensino da Geografia, nos ciclos seguintes. Outro aspecto abordado é o da Natureza. Natureza feita de ar, de água, de terra e utilizada pelo Homem. Pode-se estabelecer uma comparação com a natureza de outros espaços; pode-se compreender a ação do homem utilizando a natureza com o objetivo de conservá-la para as gerações futuras ou observar o processo de degradação e exaustão. É preciso reforçar que este estudo nas Séries Iniciais está ligado ao aspecto da paisagem natural ou ao meio ambiente e que também permite a interdisciplinaridade com as Ciências, com a História e com outras disciplinas.
Nas civilizações primitivas, o homem era um elemento integrado no sistema natureza e nele sua interferência era feita de forma harmoniosa. Hoje, o homem continua a fazer parte desse sistema e a interferir nele, mas nem sempre o faz de maneira equilibrada. A industrialização e a urbanização provocam interferências, algumas vezes desastrosas, para o meio ambiente. Outro objetivo dos PCN. Este aborda a questão da Educação Ambiental.
Reconhecer a importância de uma atitude responsável de cuidado com o meio em que vivem, evitando o desperdício e percebendo os cuidados que se deve ter na preservação e na manutenção da natureza (BRASIL, MEC, 1997, p. 131).
"Saber utilizar a observação e a descrição na leitura direta e indireta da paisagem, sobretudo por meio de ilustrações e da linguagem oral"(BRASIL, MEC, 1997, p. 131). Compreendendo a relação entre a sociedade e a natureza, o aluno demonstra que desenvolveu a capacidade de ver essas relações na natureza onde vive.
Para terminar, os PCN apresentam objetivos ligados à instrumentalização da Geografia.
• Conhecer e começar a utilizar fontes de informação escritas e imagéticasutilizando para tanto alguns procedimentos básicos.
• Reconhecer, no seu cotidiano, os referenciais espaciais de localização, orientação e distância, de modo a deslocar-se com autonomia e representar os lugares onde vivem e se relacionam (PCN, 1997, p. 131).
Os aspectos de instrumentalização da Geografia serão estudados ao longo de todo o curso, portanto, em cada aula iremos nos aprofundar em cada um deles. Neste 1º ciclo, importa somente conhecer o início da linguagem cartográfica, para poder saber “ler” mapas, atendendo ao objetivo de alfabetizar.
"O mapa é a representação simbólica de um espaço real, que se utiliza de uma linguagem semiótica complexa: signos, projeção e escala"(PASSINI, 1994, p. 23).
A representação do espaço passa por conhecer outras categorias como distância, limites, orientação, a noção de território e a perspectiva de quem observa ou representa o espaço (projeções). Se o aluno for capaz de observar e explicar o que está vendo, já dominou parte do conhecimento necessário no 1º ciclo.
O livro remete o aluno à linguagem cartográfica, porque ao construir casinhas, igrejas e prédios está reduzindo esses elementos ao espaço que dispõe (escala). Quando observa a maquete de posições diferentes está vendo que o mesmo espaço pode ser visto de várias formas (projeções), e quando cria símbolos para representar esses elementos (casinhas, igreja etc.) está criando a legenda.
Segundo os PCN, os conceitos a serem estudados no 1º ciclo são: paisagem, local e natureza
E as habilidades construídas são: observação, descrição, representação e análise.
Aula 13
A Geografia no 2º ciclo do Ensino Fundamental
Objetivos:
• Analisar os objetivos da Geografia apresentados nos PCN para o 2º ciclo do Ensino Fundamental.
• Comparar os objetivos com os conteúdos da Geografia no 2º ciclo do Ensino Fundamental.
O ensino da Geografia no 2º ciclo está voltado para os mesmos objetivos e, principalmente, para os mesmos procedimentos, desenvolvendo melhor as habilidades. É preciso desenvolver alunos ativos, críticos e capazes de compreender e interferir no mundo em que vivem. O ensino da Geografia ainda é feito utilizando a descrição e a memorização. Nossa proposta é fazer a análise segundo os PCN, o que apresenta alguma dificuldade, porque a prática da escola vem contrariando a teoria existe uma grande discussão para definir avaliação e já existem autores que desafiam as formas tradicionais de se avaliar.
JUSSARA HOFFMANN, THEREZA PENNA FIRME, LUCKESI e outros vêm afirmar que avaliação é um processo que não pode ser medido ou testado em apenas uma verificação.
Os PCN apresentam como linha mestra, nesse 2º ciclo, o estudo das paisagens urbanas e rurais, considerando as dimensões sociais, culturais, econômicas e ambientais. Há uma relação entre os espaços urbano e rural. É como se disséssemos que um depende do outro. O processo de urbanização acontece em todas as partes do mundo, mesmo com causas e conseqüências diferentes. Pode-se compreender como esse crescimento se dá em detrimento do outro espaço. Sabe-se que no espaço urbano ocorrem inúmeras transformações, ligadas ao crescimento da população, e que, por esse motivo, nem sempre é possível manter os padrões de vida que se considera de boa qualidade.
Nas áreas urbanas dos países industrializados, o crescimento ocorre pelo desenvolvimento industrial de alguns lugares, ou pela atração que exerce a cidade grande. Nos países de industrialização deficiente, o crescimento ocorre devido à repulsão causada pela situação no campo; ou seja, aquilo que Melhem Adas chamou de “migração da fome”. Isso resulta em um processo doentio que leva à desestruturação desse espaço, provocando uma marginalização da população decorrente da falta de condições de absorção na estrutura industrial ou de serviços. Em outras palavras, há falta de emprego, de moradias, de saneamento básico.
Entram em colapso o sistema de saúde, de educação e de transportes. A noção de urbano e de rural permite ampliar o conhecimento para outros territórios em escala regional ou nacional. Superada a abordagem descritiva é possível estudar o espaço natural e seu uso pelo homem, as diferentes formas de tecnologias empregadas pelos grupos sociais, os meios de transportes e comunicação utilizados que permitem a troca de relações e informações nesse espaço, as formas de trabalho, sua dinâmica e conseqüência para o espaço e as formas de representar tais espaços em mapas, atlas e globos.
OBJETIVOS DA GEOGRAFIA PARA O 2º CICLO
Em alguns objetivos observa-se que existe um elemento comum que serve de linha mestra para orientar e desenvolver todo o trabalho. Vejamos abaixo alguns objetivos listados pelos PCN:
• Reconhecer e comparar o papel da sociedade e da natureza na construção de diferentes paisagens urbanas e rurais brasileiras.
• Reconhecer semelhanças e diferenças entre os modos de vida das cidades e do campo, relativas ao trabalho, às construções e moradias, aos hábitos cotidianos, às expressões de lazer e de cultura.
• Reconhecer, no lugar em que se encontram inseridos, as relações existentes entre o mundo, urbano e rural, bem como as relações que sua coletividade estabelece com coletividades de outros lugares e regiões, focando tanto o presente como o passado.
• Conhecer e compreender algumas das conseqüências das transformações da natureza causadas pelas ações humanas, presentes na paisagem local e em paisagens urbanas e rurais.
• Valorizar o uso refletido da técnica e da tecnologia em prol da preservação e conservação do meio ambiente e da manutenção da qualidade de vida (BRASIL, MEC, 1997, pp. 143-144).
Lendo estes objetivos, percebe-se que existe um ponto comum entre eles. Todos tratam do espaço urbano e rural.
É possível estabelecer comparações com o presente e o passado e verificar as conseqüências do uso dessas tecnologias na natureza; se houve uma utilização pensada, racional, favorecendo a conservação e preservação da qualidade de vida dos grupos.
Além da tecnologia, é importante considerar o papel dos meios de transportes e de informações, que nas últimas décadas vêm reestruturando todo o modo de vida de um grupo social.
O modo de vida das comunidades, sejam urbanas, sejam rurais, se desestrutura e se reestrutura diminuindo as diferenças e aumentando as semelhanças. Fazendo uma análise crítica dessa influência e discutindo os valores que são perdidos e os que são acrescidos, descobrimos a importância que a mídia dá a alguns lugares em detrimento de outros.
PCN em seus objetivos: "Reconhecer o papel das tecnologias, da informação, da comunicação e dos transportes na configuração de paisagens urbanas e rurais e na estruturação da vida em sociedade"(BRASIL, MEC, 1997, p. 144).
Assim se expressam os PCN:
• adotar uma atitude responsável em relação ao meio ambiente, reivindicando, quando possível, o direito de todos a uma vida plena num ambiente preservado e saudável;
• conhecer e valorizar os modos de vida de diferentes grupos sociais, como se relacionam e constituem o espaço e a paisagem no qual se encontram inseridos (BRASIL, MEC, 1997, pp. 144-145).
O modo de vida é o tema desses objetivos, o que pode ser abordado a partir de observações seguidas de debates e discussões, estabelecendo comparações entre os diversos modos de vida e considerando as particularidades de cada grupo.
"Saber utilizar os procedimentos básicos de observação, descrição, registro, comparação, análise e síntese na coleta e tratamento da informação, seja mediante fontes escritas ou imagéticas"(BRASIL, MEC, 1997, p. 144).
Essas habilidades acompanham todo o ensino atual da Geografia que não se propõe a descrever e memorizar, repetindo o conhecimento já consolidado. A preocupação é desenvolver no aluno a capacidade de “aprender a aprender”, estimulando-o a descobrir o conhecimento. Esse trabalho é feito por todo o Ensino Básico e em todos os temas abordados.
A Geografia no 2º ciclo tem como tema central os espaços urbano e rural, preocupando-se em mostrar as relações que existem entre eles. Os PCN direcionam o trabalho de forma apermitir que o professor possa, a partir do espaço mais próximo, ampliar o conhecimento para espaços distantes, buscando entre eles as diferenças e semelhanças. Nos PCN, a tecnologia, os meios de comunicação e os diferentes modos de vida são considerados os elementos diferenciadores e integradores dos espaços urbano e rural. Os modos de vida dos povos são resultados das relações que se estabelecem entre eles. A Geografia no 2º ciclo dá continuidade ao trabalho proposto no 1º ciclo, desenvolvendo as habilidades e os procedimentos.
Aula 14
Os livros didáticos de Geografia – uma reflexão
Objetivos:
• Questionar a prática da Geografia nos livros didáticos.
• Reconhecer as diferentes formas de trabalhar com Geografia nos livros didáticos.
Os professores fazem do livro o manual que deve ser seguido e, conseqüentemente, “cobrado” dos alunos, considerando tudo o que ali está escrito como verdades que não precisam ser questionadas. A escola e também o governo dão uma importância muito grande ao livro didático. Utilizam-no para reproduzir e normatizar o conteúdo oficial, facilitando, dessa forma, qualquer proposta de avaliação pelo governo.
O livro didático, na maior parte das nossas escolas (públicas), é distribuído pelo governo como forma de impor um conteúdo oficial a todo o país. Essa é uma história muito antiga. No século XIX, definiu-se a consolidação dos Estados nação.
Isso foi possível com a construção de um sentimento de patriotismo em que a escola contribuiu de forma especial. A ideologia de um nacionalismo patriótico veio dos tempos de NAPOLEÃO (século XVIII) e RATZEL (século XIX) e foi apoiada pela classe burguesa escolarizada. Uniam-se, dessa forma, a nação, a pátria e o povo. Você sabe que o melhor instrumento para se alcançar um povo é através da escola. O livro didático e o professor são os instrumentos ideais para isso.
O Estado-nação, desde a sua formação, veio incutindo no povo as idéias de patriotismo como forma de garantir sua existência. Utilizava-se de elementos que envolviam os sentimentos do povo, a saber: a língua nacional, um exército para proteção e defesa e a escola, que seria o instrumento mais importante para a divulgação de seus ideais.
Atualmente, todos ou quase todos os livros didáticos seguem um mesmo conteúdo, como se fosse uma regra obrigatória. É uma forma de controle do Estado porque pode acompanhar, por meio de provas e exames, como anda o conhecimento de sua população. a escola, utilizando-se desses livros e de metodologias tradicionais que não exigem que os alunos desenvolvam o hábito de pensar, analisar e questionar, está agindo de acordo com os interesses do Estado para que a situação seja mantida.
O LIVRO DIDÁTICO DE GEOGRAFIA
O ensino da Geografia deve priorizar a reflexão sobre o espaço em que se vive. Isto já foi dito em aulas anteriores. Mas na escola ainda se faz uma Geografia que enfatiza os fenômenos geográficos no espaço estudado, memorizando-os, descrevendo e eliminando qualquer tentativa de reflexão.
No caso da Geografia, ao se enfatizar a descrição do espaço impedindo a reflexão, criou-se a idéia de uma Ciência neutra, apolítica e que, portanto, cumpriria o papel de propagadora do nacionalismo. Era isso que pregava Napoleão. A ênfase em definir o Estado por seu território e seu quadro natural levou a uma inversão da realidade. Passou-se a priorizar o estudo dos diferentes lugares em vez do estudo da sociedade (as classes sociais, os conflitos entre elas). Essa forma de pensar fez da escola um instrumento do Estado para propagar suas idéias. Daí o Estado proclamar que a educação é um dever do Estado e um direito de todos.
Reclama-se muito do livro didático, mas, todos os anos, milhares de livros são produzidos sem passar por nenhuma avaliação por parte dos autores, dos professores consumidores ou das editoras. Os autores não fazem revisões freqüentes porque acreditam que seus livros são aceitos pelos professores que não questionam e também não deixam de utilizá-los. As editoras não exigem revisão porque dizem que a qualidade do material, tanto do conteúdo como do método, é de responsabilidade do autor. Isso leva os professores, reais consumidores desses livros, a acomodar-se e acreditar no que está escrito. Esses professores ainda preferem os livros que não exijam muito pensar, que apresentem respostas prontas para os questionamentos e, de preferência, que venham junto com o “Livro do Professor”, onde todas as respostas já estão dadas.
É impossível fazer a análise completa dos conteúdos de um livro didático, por isso trabalhamos com uma amostra para que você possa perceber a necessidade de questionar o que está escrito. Por uma questão de ética, os nomes dos livros e dos autores serão omitidos. Os livros didáticos mostram a ausência de uma visão crítica por parte dos autores, (que querem vender seus livros) e por parte dos professores, que os utilizam porque têm uma formação profissional compartimentada e, em especial, o professor das Séries Iniciais, que tem uma formação calcada na Geografia descritiva. Um dos assuntos abordados nos livros é sobre o tema A Terra e o Universo.
Outro tema analisado: Vegetação do Brasil e Regiões do Brasil. Existem erros conceituais de Geografia, por exemplo, quando se diz que as regiões brasileiras foram divididas porque apresentam semelhanças de paisagem, de costumes e atividades econômicas. Observa-se a dificuldade dos livros didáticos em lidar com
a questão do SABER. Eles trabalham com CONHECIMENTO. Dessa forma, o aluno não desenvolve as habilidades e capacidades para criar seu próprio conhecimento. Essa é uma questão discutida pelas diferentes teorias da aprendizagem. Ainda precisamos encontrar a fórmula ideal para ajudar o aluno a ser verdadeiramente o construtor de seu conhecimento. Você sabe que esta fórmula é o aprender a aprender.
Raramente conseguimos encontrar livros didáticos que façam a relação entre o conhecimento acumulado e instituído e a produção do saber através de questionamentos. O processo ensino-aprendizagem se realiza com a participação efetiva do aluno e professor. Cabe aos professores criar situações de aprendizagem, estimular os alunos a participarem da construção do saber. geralmente, os assuntos divididos pelos bimestres, apresentam os objetivos a serem alcançados e trazem exercícios e atividades já respondidos. O professor é tratado como um “incapaz” de elaborar seu próprio planejamento e como “desconhecedor” da matéria a ser estudada.
É bem verdade que muitos professores, por comodidade, utilizam e até consideram importantes esses manuais. Seria bom se eles existissem como meios auxiliares para os professores e não como meios norteadores. Fica difícil para o professor desenvolver seu papel de criador, estimulador e incentivador da aprendizagem. Isso leva de volta à situação de descrição de fatos isolados e descontextualizados que impede o pensamento de se desenvolver.
Aula 15
A construção da noção espacial
Objetivos:
• Compreender as diferentes etapas da construção da noção de espaço.
• Identificar atividades que levem à construção desta noção.
A visão de que o espaço não é estático, fixo ou morto, mas sim algo dinâmico, identifica-o com a idéia de movimento, quando na verdade é a sociedade que se relaciona com esse espaço, incorporando nele suas ações, seus modos de produção e de organização que se modificam ao longo do tempo.
O espaço da escola, da casa, do bairro permite que se veja esse movimento. Em casa, os cômodos podem ter suas funções alteradas; uma sala de estar pode incorporar uma sala de jantar caso a família aumente e necessite utilizar aquele cômodo.
Você é capaz de observar no local onde mora que lá também ocorreram transformações: áreas de lazer foram extintas para dar passagem a novas vias, casas foram substituídas por novos prédios de apartamentos, construções antigas convivem com construções modernas, muitas vezes sendo utilizadas com outra finalidade. Esse é o espaço em movimento.
O objeto da Geografia, que é o espaço geográfico, deve ser entendido como um espaçoem construção/reconstrução, envolvendo diferentes atores com interesses contraditórios que, lutando entre si vão imprimir na paisagem marcas como resultado dessa luta de contrários e desiguais(FONTOURA, 2003, p. 153).
A paisagem é aquilo que você vê. Isso depende da capacidade de cada um de observar, de ver e de ter sensibilidade para o olhar. O espaço vai mais além, porque é preciso entender o que se está vendo e o que não se vê, faz parte de uma história e se sabe que está presente de alguma forma na organização desse espaço. A sociedade organiza o espaço de acordo com as necessidades do momento. Logo, quando essas necessidades, capacidades e interesses se modificam, ocorrem mudanças também no espaço. Pode-se dizer que o espaço é dinâmico porque esse movimento dá a idéia de que é vivo. 
A CONSTRUÇÃO DA NOÇÃO DE ESPAÇO
A relação com o espaço é parte integrante da nossa vida. Desde o nascimento o ser humano tenta se adaptar e se encontrar no espaço. Esse período, que vai de 0 a 18 meses, é chamado por Piaget de sensório-motor. É a fase em que se elaboram as primeiras aquisições espaciais. 
Segundo Tomoko Paganelli, para a criança perceber o espaço utiliza-se do engatinhar e andar. Esse espaço onde ocorrem suas ações é o espaço perceptivo, aquele que ela percebe e no qual se reconhece. A criança, por volta dos dois anos, ainda não consegue separar o seu eu do resto do mundo por ser acentuadamente egocêntrica, e utiliza seu corpo como referencial. A passagem do egocentrismo (centralização) para a descentração é feita de forma lenta e gradativa. A Educação Infantil e as Séries Iniciais do Ensino Fundamental são importantes, porque é nesse período que as habilidades espaciais precisam ser desenvolvidas.
Piaget considera que, a partir dos seis ou sete anos, a criança, tendo conseguido a descentração vai, gradativamente, coordenando suas ações, sendo capaz de falar, desenhar e escrever sobre elas. É o momento em que passa ao espaço representativo, que, segundo os estágios de desenvolvimento mental, corresponde ao período pré-operatório. A criança só representa o espaço se conseguir percebê-lo e internalizá-lo. 
Vygotsky, estudando os processos psicológicos dessa faixa de idade, diz que o homem inventa os signos ou símbolos para facilitar as ações psicológicas. É assim que Marta K. Oliveira explica o pensamento de Vygotsky: ao longo de sua história, o homem tem utilizado signos como instrumentos psicológicos em diversas situações. Na sua forma mais elementar o signo é uma marca externa, que auxilia o homem em tarefas que exigem memória e atenção (OLIVEIRA, 1997, p. 30).
A partir dos sete anos, a criança consegue coordenar diversos pontos de vista, identificar relações de reciprocidade e realizar ordenações e inversões. É o período operatório de Piaget. Ela deixa de ser o referencial e consegue ver a relação entre os objetos.
Sabendo-se que o espaço é uma construção do homem e que ele o organiza conforme suas necessidades, seu conhecimento, sua capacidade de usar, modificar ou transformar. Como elemento desse espaço, o homem também se transforma em função dele. Pensar o espaço significa descobrir todas as relações que se realizam nele, analisá-las e explicá-las. O espaço perceptivo é o primeiro que a criança reconhece porque é onde ela realiza todas as suas ações e, dessa forma, passa a dominar esse espaço, que depois pode ser representado por palavras, desenhos ou mapas, quando é capaz de utilizar símbolos que tenham significados para ela. É o espaço representativo.
PROPOSTAS E SUGESTÕES DE ATIVIDADES COM O ESPAÇO
As atividades que vamos sugerir são para utilizar como modelo, mas você deve procurar outras e criar as suas próprias. Vamos embasar cada “brincadeira” ou “exercício” com uma explicação teórica. Como você sabe, ao se falar “brincadeira” estamos na verdade fazendo referência ao lúdico, que é a forma de a criança se relacionar com a realidade e construir seu conhecimento. Primeiramente vamos trabalhar com a idéia de que ocupamos um lugar no espaço. Pede-se à criança que toque em seu corpo, sinta-o e depois deite-se no chão. Outra criança, com um giz ou Pilot, faz o contorno do seu corpo. Ela está mapeando o seu eu. Este trabalho permite:
• perceber a forma do corpo;				• nomear partes do corpo;
• perceber que este espaço é delimitado;		• reconhecer que ocupa um determinado espaço.
A observação do resultado do traçado permite também que a criança possa fazer a passagem gradativa do egocentrismo para a descentração. Dessa forma, chega-se à representação do espaço. Muitos jogos que conhecemos ou ainda outros que vemos com as crianças, contribuem para o aprendizado. Você é capaz de criar outras situações e, até mesmo, conhecer outras brincadeiras. Crie seus jogos e brincadeiras, converse com seus tutores. Eles poderão ajudá-lo a tirar suas dúvidas.
Para a construção da noção de espaço precisamos considerar a sua forma, seus limites, sua localização, a questão da interioridade e da exterioridade e a necessidade de representar o espaço. Isso é conseguido desenvolvendo nos alunos certas habilidades que permitem levá-lo de um egocentrismo para uma descentração espacial e podem dar condições de ordenar e inverter os elementos do espaço.
Aula 16
Construindo as relações espaciais
Objetivos:
• Identificar as diferentes formas de relações com o espaço.
• Construir atividades que favoreçam a elaboração das relações espaciais.
A necessidade de interagir com o mundo à sua volta exige que a criança desde cedo vá adquirindo noções de espaço e tempo. O espaço onde ela vive e de cuja estrutura vai tomando consciência aos poucos é, inicialmente, percebido através dos objetos, de sua forma, de sua cor e de sua situação, para depois ganhar um significado e um sentido.
Desde cedo a criança inicia o processo de relação com o mundo. Primeiro, seu mundo é muito pequeno, resume-se ao pai, à mãe, aos irmãos e ao espaço de sua casa. Depois ela vai ampliando esse mundo, passando para sua vizinhança, seu bairro, sua cidade e seu país. Esse “mundo” que ela vai conhecendo exige que estabeleça com ele, gradativamente, as relações necessárias para nele atuar, a fim de compreendê-lo e transformá-lo.
Você sabe como é perigoso julgar o saber de um aluno que ainda não tenha conseguido construir as estruturas necessárias a determinados conhecimentos, como o espacial, que exige estruturas e categorias próprias que são desenvolvidas através de habilidades que se constroem por etapas, de forma lenta, desde o nascimento.
O espaço é para a criança um mundo quase impenetrável. Sua conquista ocorre aos poucos, à medida que for atingindo alterações quantitativas de sua percepção espacial e uma conseqüente transformação qualitativa em sua concepção do espaço(ALMEIDA, 1989, p. 30).
As crianças no início da idade escolar têm dificuldade em delimitar espaços muito amplos. Repare em suas brincadeiras infantis. Elas utilizam-se de objetos em miniatura (casas, móveis, bonecas) para poder mantê-los em condições em que possam compreendê-los. Assim é também com o espaço. Preferem delimitar um espaço para a brincadeira, ou arrumar um canto da sala. Observe que, até quando a criança é estimulada a fazer uma representação gráfica (escrita ou desenhada) em uma folha de papel em branco, utiliza somente uma pequena parte dela. Isso se deve ao fato de ela não ter dominado completamente a noção de espaço.
A noção espacial e a conseqüente organização é construída por etapas, e cada criança faz isso a seu tempo.
RELAÇÕES ESPACIAIS
O espaço geográfico é uma noção mais complexa do que essa. É possível, portanto, afirmar que quando a criança ingressa na escola (6 a 7 anos), traz consigo essa noção e é capaz de expressar alguns conhecimentos sobre o espaço através da linguagem, do tato ou do desenho. Essas primeiras relações são estabelecidas com o seu espaço mais próximo, e cabe à escola o papel de ampliar e aprofundar essas noções, por meio de jogos, brincadeiras e exercícios. As primeiras relações que a criança conhece são aquelas que partem do seu próprioeu. Conforme Piaget, nesses primeiros anos (antes dos 3 ou 4 anos ) ela é egocêntrica, e tudo que consegue ver parte sempre de experiências concretas em que ela está incluída. Essas relações são chamadas TOPOLÓGICAS. Inicialmente, é preciso que a criança domine o conhecimento do próprio corpo. É a partir do seu corpo que ela se relacionará com outros objetos ou outras pessoas.
A preocupação da criança, ao desenhar a si própria, foi reconhecer as suas características de menina, pelo cabelo, pela identificação das mãos e das pernas e pela colocação do coração no interior desse espaço,
porque, como explicou, o “coração fica dentro dela”. Não considerou distâncias nem dimensões.
Nessa fase elementar das relações topológicas estabelecem-se os conceitos de vizinhança, separação, ordem, envolvimento e continuidade, sem considerar as distâncias, medidas e ângulos. Essas relações são
importantes para a etapa seguinte, a do espaço representativo onde se elaboram os primeiros mapas (cartografia). Esses conceitos levam aos domínios de conhecimentos geográficos como: vizinhança (o que está ao lado), separação (fronteiras), ordem (o que vem antes ou depois), envolvimento (todos os elementos contidos numa área delimitada) e continuidade (regiões ligadas e interdependentes).
A criança não consegue entender as características de um espaço quando estudadas separadamente; por isso, a descrição de áreas isoladas não faz sentido. Isso explica por que muitas pessoas consideram a Geografia uma disciplina desinteressante e que precisa ser memorizada. Trabalhando com os conceitos espaciais, não é necessário priorizar a descrição e a memorização. O corpo é o primeiro elemento de que a criança toma conhecimento.
Tocando e depois desenhando, ela toma consciência dele e estabelece com ele as relações com o espaço — relações de interioridade (ao fazer algum desenho dentro dos limites do corpo); de exterioridade (representando alguma coisa fora do corpo); de delimitação (seu desenho é limitado por linhas) e de proporcionalidade (guardando relação de tamanho entre pernas e braços). Essas noções correspondem a alguns conceitos da Geografia que caracterizam e explicam a organização dos espaços.
RELAÇÕES PROJETIVAS
A conquista das relações projetivas também se dá por etapas, e elas vão sendo construídas dos 7 aos 12 anos, aproximadamente. Quando a criança começa a perceber que pode utilizar outros referenciais sem ser ela própria e que nem por isso os objetos alteram sua posição, está passando por um processo de descentração e deixando de ser egocêntrica. Ao analisar determinado objeto, pode localizá-lo em relação a outro objeto observado.
A passagem do egocentrismo para a descentração é lenta, e quanto mais o egocentrismo diminui, mais a criança adquire outras noções, como a da reversibilidade. Ela percebe que um objeto pode estar relacionado à direita ou à esquerda, sem alterar sua localização. Deixando de utilizar seu próprio corpo como referencial, a criança começa a perceber que a posição do objeto não se altera caso utilize outros referenciais.
Descentração permite compreender as noções de “em cima”, “embaixo”, “à frente”, “atrás”, e compreender o mundo não só a partir da criança, como também a partir do outro. É essa compreensão que vai permitir que a criança entenda a orientação, utilizando os pontos cardeais, cujo referencial é o Sol. “Na verdade, o que a criança vai conseguir é transpor a orientação corporal para a orientação através das direções cardeais” (ANTUNES, 1993, p. 52).
Desde o nascimento, a criança começa a se relacionar com o espaço onde vive. Essas primeiras relações, mais simples, ocorrem na tentativa que ela faz para se comunicar, iniciando com o conhecimento do próprio eu e relacionando-se com tudo e com todos a partir de si própria. Todas essas relações com o espaço são topológicas. Mais tarde, consegue relacionar objetos entre si, colocando-se numa posição de observadora — são as relações projetivas. Ambas preparam a criança para a compreensão dos conceitos geográficos.
As relações projetivas se completam quando a criança consegue fazer a reversibilidade entre os objetos.
RELAÇÕES EUCLIDIANAS
Você deve ter ouvido falar ou, até mesmo, já deve ter brincado de batalha naval. O jogo tem por base uma folha ou tabuleiro quadriculado, em que as linhas verticais e horizontais são identificadas por letras ou números. Na interseção dessas linhas, as pessoas desenham objetos ou embarcações. Outra pessoa tenta descobrir esses objetos lançando “tiros”, utilizando-se da identificação das linhas verticais e horizontais. Esse jogador deverá tentar encontrar os objetos sem vê-los, somente dando a localização e marcando em uma folha semelhante à do outro jogador. É preciso observar as letras localizadas nas linhas verticais e os números localizados nas linhas horizontais. O ponto de interseção dessas linhas é que dá a localização absoluta do objeto.
Nas Séries Iniciais do Ensino Fundamental, as crianças não possuem estruturas psicológicas para compreender esse jogo. É preciso desenvolver a abstração para entender as noções de comprimento, superfície e distância presentes nas coordenadas que são utilizadas. Já dissemos que toda a construção das relações espaciais se faz por etapas; são “ganhos” pequenos ao longo dos anos. Somente entre 9 e 10 anos a criança começa a se abstrair. As relações euclidianas são um sistema de coordenadas que permite situar e orientar um objeto no espaço, a partir de dois eixos que se cruzam. Na Geografia, as relações euclidianas levam à aprendizagem das coordenadas geográficas. Elas utilizam um sistema de linhas verticais e horizontais (os meridianos e os paralelos) que permite a localização de pontos em mapas. As embarcações em alto-mar ou os aviões no espaço aéreo utilizam-se desse sistema de coordenadas para estabelecer suas rotas. 
As relações euclidianas favorecem também a aprendizagem dos produtos cartesianos em Matemática. Nesse sistema cartesiano, busca-se encontrar o ponto P como resultado do cruzamento dos dois eixos.
P(x, y) = (3,4)
Piaget estudou o desenvolvimento psicológico da criança desde o nascimento até a fase de 11/ 12 anos, com o objetivo de demonstrar que o conhecimento acontece de acordo com a evolução da mente, o que se dá gradativamente com o decorrer dos anos. A construção das relações espaciais e das diversas categorias está diretamente ligada a essa evolução psicológica.
Aula 16 Ítens do capítulo indispensáveis para o prosseguimento dos estudos
-Interagindo no mundo, a criança vai adquirindo noções de espaço e tempo... Então, este espaço vai aos poucos sendo experimentado e "construído", ganhando um significado.....Ampliando o conhecimento de "seu mundo" da casa e parentela, para a vizinhança, sua cidade e seu país... Gradativamente ele vai também atuando nesse "seu mundo" que aumenta de tamanho, para enfim, representá-lo, e ser capaz de compreendê-lo e transformá-lo.
A noção de espaço é indispensável para construção da noção de cidadania, para que a criança possa iniciar a compreender muitas coisas, inclusive a geografia.
Se não trabalhado adequadamente, fatalmente este aluno será excluído da aprendizagem... E QUAL O PAPEL DO PROFESSOR NESSE PROCESSO?
Para o ensino da Geografia, que envolverá a leitura do ESPAÇO REPRESENTATIVO, leitura de signos (símbolos), o Professor deve ser capaz de entender como o desenvolvimento das noções de espaço-tempo ocorrem na criança. Respeitá-las, propondo atividades que respeitem seus limites e desenvolvam a aprendizagem do que ele já é capaz de significar....
"A noção espacial e a consequente organização é construída por etapas, e cada criança faz isso a seu tempo" APOSTILA. pag. 23. cap 16
"É possível.... que quando a criança ingressa na escola (6 a 7 anos), traz consigo essa noção e é capaz de expressar alguns conhecimentos sobre o espaço através da linguagem, do tato ou do desenho"... APOSTILA. pag.24. cap.16
CABE AO PROFESSOR "LER" esse conhecimento que cada aluno já adquiriu, para dar prosseguimento ao seu "processo de construção".No tópico anterior, listei uma página da WEB com a bibliografia de PIAGET, assim como outras informações no intuito de ajudá-lo na pesquisa sobre os principais teóricos do desenvolvimento infantil, cujas teorias nos fazem compreender melhor nosso aluno e orientar o desenvolvimento de atividades próprias a cada fase de seu desenvolvimento.
A APOSTILA, na pag. 24, exemplifica muito bem, como a noção de "EGOCENTRISMO" infantil, segundo PIAGET, nos faz compreender, que o aluno desta determinada idade, só é capaz de significar as relações chamadas TOPOLÓGICAS, se iniciadas por seu próprio corpo e se usarmos ESTE CORPO como centro referencial do espaço, PELO MENOS NESSA FASE.
A APOSTILA, pag. 25, nos faz compreender que "o simples desenho de si mesma, ou da figura humana" já é um início na aprendizagem da GEOGRAFIA, visto que neles ela aprende a REPRESENTAR o que intui, o que vê, o que PERCEBE:
"A preocupação da criança, ao desenhar a si própria, foi reconhecer as suas características de menina, pelo cabelo, pela identificação das mãos, das pernas e pela colocação do coração no interior desse espaço, porque como explicou, "o coração fica dentro dela", Não considerou distâncias nem dimensões". APOSTILA cap. 16 pag. 25 (referindo-se ao desenho apresentado na pagina 24).
A Apostila explica a seguir, muito bem, como essa REPRESENTAÇÃO do EU, explora noções de LATERALIDADE, INTERIORIDADE, EXTERIORIDADE, PROPORCIONALIDADE E LOCALIZAÇÃO, noções TOPOLÓGICAS indispensáveis para estabelecerem conceitos de VIZINHANÇA, SEPARAÇÃO, ORDEM, ENVOLVIMENTO, CONTINUIDADE, DISTÂNCIAS, MEDIDAS E ÂNGULOS...Indispensáveis no futuro para muitas aquisições, dentre elas, SER CAPAZ DE LER UM MAPA. (cartografia).
"A conquista das relações projetivas também se dá por etapas, e elas vão sendo construídas dos 7 aos 12 anos, aproximadamente. Quando a criança começa a perceber que pode utilizar outros referencias sem ser ela própria."...... "A passagem do egocentrismo para a descentração é lenta, e quanto mais o egocentrismo diminui, mais a criança adquire outras noções, como a da reversibilidade. Ela percebe que um objeto pode estar relacionado à direita ou à esquerda, sem alterar sua localização".... APOSTILA. cap.16 . pag. 27
Ilustrando a afirmação acima... vou contar um acontecimento onde estávamos eu e meu filho, ainda muito pequeno, numa piscina redonda, rasa, pequena, em que decidimos brincar de pega-pega. Corríamos rodando a piscina por dentro, e a cada turno, aquele com quem "estava o pique" deveria alcançar o outro e pegá-lo, posicionando-se para correr "atrás" do outro. A certa altura, o pique estava comigo, mas ele confuso, parou e me perguntou: "eu estou mesmo na frente"?
Leia o restante do capítulo com a seguinte pergunta: "VIVI ALGUNS EXEMPLO DISSO COM ALGUMA CRIANÇA EM UMA SITUAÇÃO ANTERIORMENTE"?
Aula 17
Orientando-se no espaço
Objetivos:
• Reconhecer o significado de orientação espacial.
• Utilizar os diferentes modos de se orientar no espaço.
• Construir atividades que conduzam ao saber orientar-se.
Uma das principais características do homem é a de poder caminhar utilizando suas pernas e de pensar utilizando seu cérebro na escolha dos caminhos a seguir. Dotado de inteligência, discernimento e liberdade de decisão, o homem passou a buscar seus caminhos. Nasciam, dessa forma, os primeiros mapas. Esses primeiros caminhos utilizados pelo homem tinham sempre um ponto de referência. Precisavam fazer seus traçados considerando um ponto qualquer.
Poderia ser uma caverna, uma árvore ou um rio. Só mais tarde percebeu que o Sol também poderia servir como ponto de referência, já que todos os dias seu “caminho” era sempre o mesmo. Na busca para desenhar seus caminhos procurando uma determinada orientação, o homem interage com os elementos da Natureza, observando-os para depois transformá-los em objetos do próprio pensamento.
Nas primeiras relações espaciais, a criança relaciona-se com os objetos e as pessoas considerando sempre seu próprio eu. É egocêntrica e somente com o passar dos anos vai perdendo essa característica. Essas são as chamadas relações topológicas. Quando consegue considerar outros referenciais, aceita o Sol como ponto de referência. Neste ponto, passa para as relações projetivas e assim pode iniciar um trabalho com a orientação.
ORIENTAÇÃO
É comum encontrarmos pessoas que, ao se referirem ao Norte, apontam para cima ou utilizam a expressão “em cima de”. Você se recorda de que já dissemos que a Terra é redonda e, assim, não existe a idéia do “em cima” ou do “embaixo”. A palavra ORIENTAR pode ser utilizada com dois sentidos: um seria a “orientação geográfica”, assunto de que vamos tratar, e outro seria a “orientação da nossa vida”.
Orientar no espaço é buscar o caminho. Não é um assunto desconhecido do aluno, ele sabe o que significa e por isso é fácil internalizar o conceito, mas o importante é mostrar sua aplicabilidade. Estamos querendo dizer que todos conhecem o significado de orientação, mas aplicar e utilizar a orientação é complicado, e poucas pessoas conseguem. Esse trabalho deve ser feito com as crianças de forma lúdica e concreta. Os livros didáticos costumam apresentar o assunto por meio de definições desvinculadas da vida cotidiana. Em relação ao Sol, pode-se escolher o local para deixar o carro, onde sentar em um campo para assistir ao futebol e como construir uma casa.
Freinet se referia à Educação como algo prazeroso e que se torna mais agradável se o espaço da sala de aula for trocado pelo pátio da escola, pela rua ou pelo bairro. Para trabalhar com a orientação espacial é importante a utilização de jogos e brincadeiras fora da sala de aula, onde é possível a observação do Sol. Ao reconhecer a posição em que o Sol nasce (após alguns dias de observação) indica-se o leste, o primeiro dos pontos cardeais “descoberto”, e, a partir dele, indicam-se os outros pontos: oeste, norte e sul. A orientação é feita apontando-se com o braço direito em direção ao lugar onde o Sol nasce, o leste; o braço esquerdo aponta para o oeste; à frente está o norte, e atrás está o sul.
Após nomear o leste e o oeste, o homem, prolongando o eixo imaginário da Terra, encontra a Estrela Polar. Isso só pode ser feito em um dos hemisférios onde a estrela é visível. Chamaram norte o hemisfério onde se pode ver a Estrela Polar, e ela passou a servir de orientação, de norteadora do caminho a seguir.
Na Antigüidade, os navegantes, com suas embarcações a vela, observavam a direção dos ventos e os nomeavam conforme essas direções. Assim, o vento que vinha do norte era chamado boreal, o que soprava do leste era chamado euro, o que vinha do sul era o noto e, do oeste, soprava o zéfiro. Como para eles os ventos eram importantes, desenharam uma fi gura para representar as direções desses ventos. Essa figura era a rosa dos ventos (Rosa Ventarum), que passou a indicar os pontos cardeais (principais) e os colaterais (intermediários).
Um exercício para treinar essas direções é o de traçar no chão do pátio de sua escola a linha L-W e cortá-la perpendicularmente indicando o N-S. Depois, nomear tudo que se encontra a leste, ao norte, a oeste e ao sul. Está feita a rosa-dos-ventos.
Os antigos gregos conheciam uma pedra, à qual chamavam magneto, que atraía pedaços de ferro, e era assim chamada por ser encontrada em Magnésia, na Tessália. Gregos e romanos conheciam essa pedra, mas não fi zeram com ela outras experiências. No século XIII, o Ocidente conheceu a bússola dos chineses que usava a propriedade da imantação para definir as direções. O físico inglês William Gilbert, no século XV, servindo-se de uma pedra esférica (ímã esférico), provou que, quando apoiava uma agulha sobre ela, apontava a direção norte-sul, o que levou a concluir que o centro da pedra era o responsável pela manutenção daquela direção. Essa conclusão foi aplicada à Terra. É o centro magnético da Terra que mantém a agulha imantada da bússola sempre na direção dos pólos Norte e Sul.
Segundo Piaget, na idade escolar após os 6 ou 7 anos, a criança passa do período pré-operatórioao operatório e, utilizando-se de operações concretas, é capaz de representar em mapas os espaços conhecidos, utilizando a orientação dos pontos cardeais.
Aula 18
A representação do espaço na mente humana
Objetivos:
• Compreender que cada cidadão tem um conhecimento particular do espaço.
• Identificar os fatores que influenciam na forma de cada um ver o espaço.
Desde o momento do nascimento começamos a nos relacionar com o espaço. É nele que vivemos e construímos nossas relações. Isso ocorre de forma particular com cada um de nós. São relações individuais. O homem constrói imagens na mente de acordo com o que percebe. Duas pessoas percebem de forma diferente um mesmo espaço. Dessa forma, a orientação e a localização têm significados distintos para essas pessoas.
As representações mentais, que caracterizamos como mapas mentais, são resultado das imagens adquiridas pelos indivíduos no dia-a-dia. A representação gráfica dessas imagens é o que chamamos Geografia das Representações, que constitui um primeiro ensaio para a representação sistemática que é a Cartografia. Os mapas mentais permitem que professores e alunos estabeleçam comparações, considerando a escala, a proporcionalidade e os diversos pontos de vista. A escola deve considerar que cada criança traz consigo sua experiência e sua realidade.
OS MAPAS MENTAIS
Uma das principais preocupações da Geografia é explicar o mundo em que se vive. Nenhuma outra ciência incorpora tanto essa necessidade como essa disciplina. A curiosidade geográfica chega a indagar sobre tudo o que diz respeito aos homens e ao meio ambiente. Conforme diz Lowenthal (1985, p. 105), "qualquer pessoa que examine o mundo ao redor de si é, de algum modo, um geógrafo".
A escola precisa respeitar a imagem de espaço que cada aluno constrói em sua mente. As pessoas observam o mundo de diferentes pontos de vista.
Piaget diz que a criança se considera o centro do universo e que tudo no mundo é vivo e foi criado para ela. Assim, as nuvens andam no céu, a montanha é para ser escalada, tudo tem vida. O desenvolvimento da objetividade perceptiva ocorre lentamente ao longo da vida.
Conforme foi estudado por Piaget, a criança é egocêntrica e considera tudo como possuindo vida própria, e isso acontece também com os elementos do espaço. Conforme vai crescendo e até atingir a fase adulta, a criança desenvolve a objetividade perceptiva, e a visão do espaço torna-se diferente.
FATORES QUE INFLUENCIAM A CONSTRUÇÃO DA IMAGEM MENTAL
A visão espacial no homem varia por diversos fatores. Dentre eles, temos:
• a diferença entre gerações;
• os estereótipos;
• as culturas diferentes;
• o fim e as circunstâncias da observação;
• e outros.
A diferença entre gerações
Deve-se considerar que a percepção de determinado espaço feita por uma geração é diferente da percepção da outra geração. Até a Idade Média, imaginava-se uma Terra plana, sustentada por elefantes, como queriam os chineses, ou sustentada por anjos, como queria a Igreja. Posteriormente, foram feitos estudos para provar que ela é redonda e "flutua" sozinha no Universo.
Os estereótipos
Um outro fator que influi na imagem mental são os estereótipos que construímos ao longo da vida. Algumas visões estabelecidas pelos homens acabam se generalizando e passam a ser aceitas por todos. Isso traz implicações até os dias de hoje, quando nos referimos aos países do norte, que estão em cima e são os países ricos, enquanto os países do sul estão embaixo e são os países pobres.
O ser humano é capaz de imaginar um lugar, seu mundo, todo especial. São várias terra e incognita e, que, em conjunto, formam o espaço total. Às vezes, essas visões estereotipadas são transmitidas pelos meios de comunicação ou até mesmo pela própria escola.
As visões estereotipadas estão na mente de muitas pessoas, por distorção do real ou por ignorância mesmo. Até mesmo o medo de pensar diferente pode ser responsável por tais visões particulares.
"Se nós não pudermos imaginar o impossível, os nossos mundos, tanto os particulares como os coletivos, seriam muito pobres" (LOWENTHAL, 1985, p. 120).
Não existe um ajuste entre a realidade do espaço e aquele concebido em nossa mente.
Sabe-se que a mente humana é capaz de criar e imaginar o espaço de acordo com o interesse de cada um. Dessa forma, o espaço real será sempre deformado pela mente do homem que, considerando seus interesses, sua forma de observar, sua própria idéia, acaba construindo um espaço imaginário que não combina com o verdadeiro, mas que é o “seu” espaço.
As diferentes culturas dos povos
A cultura dos povos também pode influenciar a maneira de ver o mundo. Pessoas com culturas diferentes constroem mundos diferentes, particulares, porque a percepção do espaço é diferente. A ocupação do Nordeste do Brasil foi feita pelos portugueses, utilizando como base econômica o cultivo da cana-de-açúcar. A ocupação do Sul do Brasil foi feita por imigrantes alemães e italianos, utilizando a cultura de subsistência como base da economia.
O Brasil teve seu processo de colonização apoiado na atividade agrícola: cana-de-açúcar, algodão, café... O Nordeste do país foi ocupado pelos portugueses, que utilizaram mão-de-obra escrava para o plantio da cana. Havia propriedades imensas, cuja terra não recebia nenhum cuidado especial, o que resultou em uma paisagem até hoje encontrada, onde os campos verdes espalham-se por grandes extensões e a presença do homem é reduzida. Já o Sul do país foi ocupado por colonos, vindos da Europa, que receberam pequenos lotes de terra para iniciar um cultivo de subsistência e empregavam na terra os cuidados necessários para que ela sempre produzisse. A presença humana nessa região se fez de forma mais adensada, resultando em um grande número de pequenas cidades. Não se deve esquecer que existia interesse econômico de Portugal na diferenciação desse processo. O modo de ocupar a terra e de construir suas habitações mostra a influência das diferentes culturas. As paisagens são diferentes. No Nordeste, a grande propriedade monocultora de cana trabalha com mão-de-obra escrava, e, no Sul, as pequenas propriedades, policultoras, utilizam a mão-de-obra familiar.
A paisagem é resultante do processo de colonização, mas até hoje existem traços característicos nessas populações, como o modo de pensar e trabalhar a terra. O homem do Nordeste buscava trabalho nas grandes propriedades canavieiras para garantir sua sobrevivência, e o homem do Sul trabalhava na terra ele próprio, para prover seu sustento. Se aos agricultores do Nordeste falta a iniciativa para a melhoria de vida (pois há uma acomodação, além de eles não possuírem a terra), para os agricultores do Sul há o objetivo de progredir e uma atitude mais positiva perante a vida.
O fim e as circunstâncias da observação
Quando se faz a observação de determinado espaço tem-se sempre um objetivo para se ver ou uma informação que se quer buscar. Uma observação deve ser orientada porque, caso contrário, os interesses pessoais vão direcioná-la para objetivos pessoais, pois na construção da visão particular de mundo, até mesmo os sentimentos influenciam.
Outros fatores
As cores, as formas, a noção de tempo, a noção de território, os efeitos da claridade, os valores econômicos, estéticos etc. são outros fatores que influenciam na percepção do espaço. 
Heráclito observou que não se pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois as águas novas estão sempre escoando sobre a pessoa. Isso significa que até mesmo você pode fazer uma observação de um mesmo espaço de forma diferente, dependendo do momento.
A língua falada e/ou escrita também pode influenciar no modo de o homem construir a imagem do espaço.
"As fi guras e estilos de linguagem elaboram a moldura na qual se colocam as experiências…" (LOWENTHAL, 1985, p. 132).
A paisagem é como um ser vivo que evolui com o tempo: ou seja, a visão que construímos também pode evoluir. A criança concebe o espaço de uma forma e, na fase adulta, “vê” esse mesmo espaço de outra maneira. A visão da criança é limitada, muito ligada a seu tamanho,por isso, acha sua praça tão grande, seu bairro imenso, difícil de perceber em toda sua extensão.
O MUNDO PARTICULAR NA ESCOLA
O conhecimento desse assunto permite ao professor compreender que cada um tem sua própria percepção de espaço e que fica difícil pensar que todos os alunos estão “vendo” a mesma coisa. Por isso, é importante, nas séries iniciais do Ensino Fundamental, o professor estimular o desenho como forma de favorecer o desenvolvimento de referenciais e orientação espacial.
Como foi dito por Piaget, a criança constrói seu conhecimento por meio de suas ações. O desenho vai lhe dar oportunidade de expressar aquilo que tem em mente, representar suas idéias, utilizando-se de símbolos criados por ela própria. Isso lhe permite que compreenda o que desenhou, que seja ela mesma um codificador, para ser depois um decodificador. É no desenho que a criança interpreta o real.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) enfatizam a necessidade de, nos estudos de Geografia, realizar a “leitura da paisagem”. Considerando que cada aluno fará a “sua leitura” dessa paisagem, o professor deverá guiar e respeitar o modo de ver de cada um. Nos desenhos infantis, é possível observar a proporcionalidade, a localização, a projeção e a simbologia que eles utilizaram. Esses aspectos abrem caminho para o conhecimento dos mapas. É nesse ponto que se iniciam os estudos de Cartografia
Ao copiar ou pintar um mapa, o aluno está realizando um trabalho de educação artística. Isso é bom, mas para a Geografia não tem nenhum significado. Esse aluno é incapaz de compreender o que o mapa está mostrando. Já desenhando o seu espaço, ele compreende o que fez e deverá depois compreender o mapa. Ou seja, ele deve ser primeiro um mapeador para depois ser um leitor.
Aula 19
A Cartografia
Objetivos:
• Compreender o significado da Cartografia.
• Identificar os momentos históricos que resultaram na evolução da Cartografia
A Cartografia é a forma de representação do espaço. Claro que os primeiros desenhos elaborados pela criança não correspondem aos conhecimentos cartográficos, mas é necessário que ela os faça porque servirão de base aos estudos posteriores, além de permitir que ela forneça“significantes aos significados”, como diz Passini. Isso significa dizer que ao desenhar, a criança sabe o significado do que está fazendo; ou seja, tudo para ela tem um sentido, e só ela sabe porque fez daquela forma. E esse é o caminho para mais tarde, ao deparar-se com um mapa ou uma planta, compreender o que ele está representando.
Cartografia é, pois, o conjunto de estudos e operações científicas, artísticas e técnicas, baseadas nos resultados de observações diretas ou de análise de documentação, visando à elaboração e a preparação de cartas, projetos e outras formas de expressão bem como a sua utilização (OLIVEIRA apud SANTOS, 1995, p. 324).
As “observações diretas” e a “análise de documentação” correspondem à metodologia empregada para atingir o objetivo, também explícito na definição, quando diz que tal metodologia visa à "elaboração, preparação e utilização de cartas ou plantas". Na verdade, o importante para o entendimento da ciência cartográfica é esclarecer como ela conseguiu se distinguir das outras ciências e atingir seus objetivos.
Uma definição permite constatar que o conhecimento vem evoluindo ao longo dos tempos. Isso acontece em qualquer ciência e, com a Cartografia não foi diferente. Assim, temos várias definições no decorrer da História.
O conceito de Erwin Raisz exemplifica bem o que estamos dizendo. "A Cartografia – Ciência e Arte. O cartógrafo deve ser ao mesmo tempo um homem de ciência e um artista" (RAISZ, 1969, p. 20)
AS ORIGENS DA CARTOGRAFIA
Pelos estudos que se possui hoje, sabe-se que os homens primitivos, antes mesmo de desenvolverem a escrita, já sabiam confeccionar seus caminhos e itinerários, utilizando-se dos materiais encontrados na Natureza. O mapa mais antigo de que se tem conhecimento foi desenhado em uma placa de barro cozido e foi encontrado na cidade de Ga-Sur, no norte da Babilônia. Representa o vale de um rio (provavelmente o rio Eufrates), com montanhas de cada lado, e que desemboca em um lago ou mar.
Os egípcios, cartagineses e fenícios mantinham muito contato com a cultura babilônica. Isso permitiu a esses povos realizar navegações desde as Ilhas Britânicas até o Mar Vermelho e a África, mantendo atividades comerciais. Os babilônios deixaram como contribuição a divisão do círculo em graus (360) e a forma da Terra como um disco plano com a abóbada do céu por cima. Essa idéia foi mantida pelos gregos e romanos tendo chegado até a Idade Média, por estar de acordo com o pensamento do Cristianismo.
Um dos povos que mais desenvolveram a Cartografia foram os chineses. A cultura grega na Antigüidade foi responsável por reconhecer a esfericidade da Terra, por calcular o tamanho do planeta, por desenhar um sistema de latitude e longitude e por iniciar os estudos das projeções.
Os escritos de Heródoto e Estrabão fazem referência ao mapa de Anaximandro de Mileto(611–547a.C.) representando o mundo conhecido pelos gregos, que ia do rio Indo ao oceano Atlântico.
A História nos apresenta as contribuições de um outro povo da Antigüidade – os romanos, guerreiros que construíram um imenso império. Essa era a grande diferença entre a Grécia e a Roma antiga. Os gregos preocupavam-se com as medições astronômicas e a precisão matemática na construção de seus mapas. Os romanos queriam mapas práticos para fins militares.
O mapa do mundo dos romanos – Orbis Terrarum – representava os três continentes conhecidos na época e colocava a Península Itálica com uma forma alargada para dar-lhe mais importância.
A influência do Cristianismo transformou esses mapas em uma expressão simbólica e artística, perdendo muito do conhecimento geográfico. A Terra era representada por um disco, sempre com a Ásia ocupando a parte superior para servir de ORIENTAÇÃO, e Jerusalém no centro do círculo como é, inclusive, citado na Bíblia: "Esta é Jerusalém; no meio das nações eu a coloquei, e suas terras ao redor dela"(Is 2:1).
Atividades:
1. O que levou os homens a fazer mapas?
Os homens sempre necessitaram marcar seus caminhos e as áreas em que poderiam encontrar alimentos ou caças. Esses caminhos eram traçados nas paredes das cavernas, em peles de animais ou pedaços de barro, com a finalidade de deixar registrada sua localização para uma utilização posterior.
2. Que motivos levavam os gregos e os romanos da Antigüidade a construir mapas de forma diferente?
Os gregos, mais estudiosos e preocupados com a perfeição, elaboravam seus mapas de forma minuciosa, e faziam observações e pesquisas para que os cálculos fossem os mais precisos possíveis. Os romanos, interessados em formar um grande império, precisavam de mapas mais práticos porque serviam para fins bélicos e, por isso, não exigiam muita precisão.
Auxiliadas por esses mapas, a descoberta e a utilização da bússola, do astrolábio, das caravelas e da imprensa contribuíram para a descoberta de novas terras e a Cartografia conheceu sua época de ouro. Nunca os cartógrafos, os cosmógrafos e os capitães foram tão considerados. Esse período das grandes navegações e descobertas (séculos XVI e XVII) define, em linhas gerais, a posição dos continentes e oceanos, e esse fato leva a uma retomada dos mapas gregos, principalmente aos estudos de Ptolomeu, corrigindo alguns erros. O período renascentista marca a retomada da Cartografia com sentido mais científico.
É nesse período que surge um mapa que fi cou difundido por todo o mundo e que, certamente, você ainda o utiliza. Conhecido como a projeção de MERCATOR, trata-se de um mapa-mundi que utiliza paralelos e meridianos retos. Para esse mapa, foi necessário refazer alguns cálculos e projeções de Ptolomeu
A Cartografia desenvolvia-se apoiada nas observações e informações novas que surgiam, bem como nos cálculos e estudos feitos na Antigüidade que, algumas vezes, precisavam ser refeitos. 
Os séculos XVIII e XIX foram marcados pela Revolução Industrial, que modificouos meios de produção graças às novas invenções e tecnologias. Isso não ocorreu em toda a Europa, mas somente em alguns países, que se tornaram verdadeiras potências. Em uma situação de guerra, os mapas são instrumentos tão essenciais quanto as armas, porque, afinal, são eles que desvendam o espaço. Esse fato incentivou o surgimento de sociedades e serviços cartográficos, a maior parte organizadas pelos Exércitos Nacionais, que passaram a empreender os LEVANTAMENTOS TOPOGRÁFICOS e a confeccionar mapas cada vez mais detalhados. Essas sociedades, nacionais e algumas até internacionais, espalharam-se por todo o mundo.
Um outro aspecto da influência da Revolução Industrial na Cartografia foi a busca por matérias-primas para a indústria, levando ao desbravamento do interior dos continentes (América e África). Isso provocou a construção de estradas de ferro e de pontes, e a colocação dos cabos submarinos de telégrafo, o que causou um aumento dos levantamentos topográficos mais precisos para a construção de novos mapas.
O século XX foi marcado pelo desenvolvimento da aviação, do rádio, das viagens e do comércio internacional em longas distâncias, que ultrapassaram as fronteiras nacionais. A Cartografia acompanha essa evolução e se aprimora. As duas Guerras Mundiais, as viagens espaciais, o lançamento de foguetes e satélites no espaço, tudo contribuiu para a modernização da Cartografia. Atualmente, para melhorar a qualidade dos mapas e alcançar a representação ideal da Terra, utilizam-se fotografias aéreas, fotografias de radar, imagens de satélites, sensoriamento remoto e computadores.
Aula 20
Uma reflexão sobre a leitura dos mapas
Objetivos:
• Identificar o momento histórico e os interesses que levaram à construção de determinado mapa.
• Ler as informações contidas, de forma indireta, nos mapas.
Nossas escolas obrigam os alunos a lerem livros que repetem conhecimentos produzidos em séculos anteriores. Por isso, são maçantes e os alunos não se interessam por eles. Os livros são importantes, eles constituem a base do nosso conhecimento, mas precisamos incentivar o aluno a observar e pensar sozinho sobre as situações que se apresentam.
A escola deve ensinar a pensar e, para isso, é preciso promover atividades de observação. É uma situação complicada porque, para observar o mundo e pensar sobre ele, precisamos sair de dentro das salas de aula Foi a pipa empinada por Benjamin Franklin em um dia de temporal que permitiu provar a existência das correntes elétricas na Natureza (os raios). Arquimedes, ao tomar banho em uma piscina, na cidade de Siracusa, na Sicília (Itália), “descobriu” uma importante lei da Física, segundo a qual, todo corpo pesado mergulhado em um líquido perderá peso correspondente ao líquido deslocado (Princípio de Arquimedes). É necessário que aprendam a observar. Somente com o exercício da observação é possível começar a pensar, isto é, a questionar, analisar, comparar e concluir.
Alguns objetivos dos PCN no Ensino Fundamental reforçam essa idéia. Por exemplo:
• posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais, utilizando o diálogo como forma de mediar conflitos e de tomar decisões coletivas;
• questionar a realidade formulando problemas e tratando de resolvê-los, utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica, selecionando procedimentos e verificando sua adequação (PCN, 1997, vol 1, pp. 107-108).
A escola, portanto, deve estimular os alunos a desenvolverem a capacidade de pensar e refletir. Esse processo inicia-se, como podemos constatar, com a observação.
O mundo atual precisa de pessoas capazes de resolver situações e problemas. Precisa de pessoas inventivas para criar novas situações. Isso só poderá ser desenvolvido pela escola se ela deixar de somente repetir o conhecimento já consolidado e permitir que o aluno observe o mundo ao seu redor.
A LEITURA DOS MAPAS
Os primeiros mapas de que se tem notícia foram feitos pelo homem primitivo. Faziam os traçados dos caminhos para marcar o local onde encontrar caça ou comida. Eram, portanto, mapas muito práticos e simples, que mostravam, de imediato, o objetivo de quem os desenhava.
Ainda na Antigüidade, a História nos revela que o faraó Ramsés II do Egito(1333-1300 a.C.) mandou confeccionar “mapas” usando as medições das terras de seu império com intuito de cobrar impostos. Na China, os imperadores, preocupados em conhecer seus domínios, preparavam uma minuciosa descrição das águas e terras de seu território, acompanhada por mapas, também para cobrar tributos.
A Cartografia é a representação da Terra, mas estamos querendo mostrar que os mapas sempre foram feitos com outros interesses. Serviam para indicar caminhos, ou para facilitar a cobrança de impostos ou para reconhecer as riquezas dos domínios. São motivos que existiam e existem até hoje para a construção dos mapas.
Os mapas gregos eram confeccionados a partir de estudos astronômicos e matemáticos feitos à época, mas, ainda assim, impregnados de aspectos mitológicos que influenciavam a Grécia antiga. Já os mapas romanos expressavam a natureza conquistadora do império e alargavam-se conforme ele crescia. Também eram mapas práticos e eficientes. Junto ao avanço das legiões romanas seguiam os MENSORES que traçavam os primeiros croquis das áreas conquistadas.
Na Cartografia, os mapas refletem o momento da influência religiosa. Nos mapas católicos, além de inúmeros símbolos religiosos usados para enfeitar e estimular o leitor, a cidade de Jerusalém estava posicionada no centro do mapa, como vimos em aula anterior. Já os mapas árabes recolheram muito do conhecimento que existia na Europa daquela época, mas eram confeccionados seguindo normas gregas. Eram enfeitados com motivos teológicos e posicionavam a cidade de Meca no centro do mapa.
Estudos psicológicos demonstraram que a visão do ser humano tende a ver, primeiro, o centro da fi gura e somente depois a periferia. A imagem central da fi gura fica retida de forma mais nítida na mente humana do que a visão da lateralidade. Pode-se explicar, também, pela teoria dos círculos concêntricos, que a visão parte do centro para a periferia. Essa teoria gerou, em GEOPOLÍTICA, a idéia de centralidade de determinadas cidades para conquista das áreas vizinhas.
O centro de uma imagem é a primeira visão captada pelo olhar e é a primeira imagem que vai ficar retida na mente. Isso explica porque a parte central do mapa representa o ponto mais importante. Por isso, para enfatizar e priorizar determinados lugares, eles eram posicionados no centro do mapa. Isso se deu com os mapas religiosos que representavam a Terra, considerando Jerusalém ou Meca como o referencial e também com o mapa de Mercator, que colocou a Europa no centro.
O período imperialista é considerado a partir da Revolução Industrial, quando os países europeus se industrializaram e buscaram novos mercados fora da Europa. A finalidade era colocar seus excedentes humanos e de capitais, seus produtos e, em alguns lugares, buscar a matéria-prima de que necessitavam. No final do século XIX, a expansão imperialista ligou-se às transformações da estrutura capitalista que passou a ser monopolista e financeira. As grandes potências industriais (Europa e América) dividiram o mundo entre si. Em 1973, um alemão, chamado Arno Peters, tentou corrigir a projeção de Mercator, construindo um mapa em que procurava manter o tamanho correto dos países. Atendia a uma reivindicação dos países do Terceiro Mundo que pleiteavam uma maior igualdade entre os Estados.
Essa projeção ainda é pouco utilizada. Lacoste chama atenção do uso da escala, que permite observar certos fenômenos ou não. Dependendo da escala em que o mapa foi construído, alguns detalhes não podem ser vistos. A maioria das pessoas só está preparada para a utilização de mapas em escala pequena, como os mapas escolares, que não mostram as informações em detalhes. “A mudança da escala corresponde a uma mudança do nível da conceituação”(LACOSTE, 1988, p. 77).

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