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ATUALI DADES T O D A S A S M A TÉR I A S F O R A M E S C R I T A S P E L A C A R O L I N A C U N H A ( N O V E L O C O M U N I C AÇÃO ) COMPILADOS DE ATUALIDADES RETIRADOS DO UOL VESTIBULAR. da Naju @deuskdminhavaga O QUE É UMA CRISE HUMANITÁRIA? IÊMEN E A CRISE HUMANITÁRIA. POR CAROLINA CUNHA Há quatro anos o Iêmen está em uma violenta guerra civil. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que mais de 12 mil pessoas tenham sido mortas no conflito, que mergulhou o país na pior crise humanitária do mundo. O atual conflito começou no final de 2014, quando os rebeldes houthis tomaram o controle da capital Sanaa e derrubaram o governo do presidente Abd Rabbuh Mansur Al-Hadi. Porém, ele fugiu para o sul, onde contou com o apoio de tropas leais ao governo. O país praticamente se dividiu em dois. Os rebeldes controlam Sanaa, o norte e amplas faixas do oeste. As forças pró-governo controlam o sul e uma boa parte do centro. Crise humanitária é uma situação de emergência, em que a vida de um grande número de pessoas se encontra ameaçada e na qual recursos extraordinários de ajuda humanitária são necessários para evitar uma catástrofe ou pelo menos limitar as suas consequências. C R I S E H U M A N I T Á R I A N O I Ê M E N S E C R E T C I R C L E | V 1 , I 1 0 2 0 1 9 Entenda os pontos-chave do conflito O Iêmen é considerado um dos berços da civilização. O país situa-se na Península Arábica, no estreito de Bab-el-Mandeb, que faz ligação com a África e o Oriente Médio. O Iêmen faz fronteira com a Arábia Saudita e Omã. Mas ao contrário de seus vizinhos, ele não é um grande produtor de petróleo, sendo o país mais pobre da região. Porém, sua localização é estratégica, próxima ao acesso ao Mar Vermelho e, consequentemente ao Canal de Suez – que, por sua vez, dá acesso ao Mar Mediterrâneo. Essa rota marítima é fundamental para o escoamento do petróleo produzido no Golfo Pérsico e de mantimentos importantes, como alimentos para a região.Um conflito com potencial de obstruir a passagem de navios pode acarretar em grandes prejuízos para o comércio mundial, pois as embarcações teriam de contornar o Continente africano para chegar à Europa e aos Estados Unidos. O Iêmen é tradicionalmente um país de instabilidade política, conhecido por ser um dos lugares mais armados do planeta e abrigar grupos radicais e facções terroristas. O país é o principal reduto da Al-Qaeda, a organização terrorista criada por Osama Bin Laden. Mas a recente guerra já representa a mais grave crise das últimas décadas.O conflito no Iêmen se agravou em março de 2015, com a intervenção da coalizão militar internacional liderada pela Arábia Saudita, a favor do presidente imenita. O grupo vem realizando bombardeios contra posições dos houthis no país. A crise humanitária piorou após o bloqueio imposto pelos militares aos portos iemenitas e ao aeroporto de Sanaa. Em meio ao conflito, militantes radicais islâmicos se aproveitaram do caos para aumentar sua rede de influência em territórios, como a Al-Qaeda e o Estado Islâmico, grupo terrorista que já cometeu dezenas de atentados letais no Iêmen. A influência do Irã e da Arábia Saudita O conflito no Iêmen também é visto como parte de uma batalha regional por poder que opõe duas potências e rivais históricos: a Arábia Saudita, de maioria sunita, e o Irã, de maioria xiita. A Arábia Saudita lidera a coalização militar que ataca os rebeldes xiitas e busca restaurar o governo de Hadi. Também fazem parte da coalização oito países árabes, com o apoio logístico e de inteligência dos Estados Unidos, Reino Unido e França. Essas forças militares são responsáveis por uma série de ataques aéreos contra os houthis no Iêmen e suas tropas atuam nas fronteiras. Os ataques da coalização saudita foram as principais causas da morte de civis no Iêmen. á os rebeldes são acusados de cometer abusos e violar direitos humanos. Apesar de negar oficialmente, o Irã é acusado pela Arábia Saudita de apoiar os rebeldes financeiramente e militarmente, fornecendo armas, drones e mísseis de longa distância. A suspeita é de que os iranianos estejam por trás do lançamento de um míssil interceptado na Arábia Saudita por baterias antiaéreas. O medo da coalização é que o sucesso dos rebeldes promova uma maior influência do Irã no vizinho da Arábia Saudita. C R I S E H U M A N I T Á R I A N O I Ê M E N Raízes do conflito O descontentamento com o presidente Abd Rabbuh Mansur Al-Hadi tem raízes na Primavera Árabe, movimento que eclodiu em 2011, quando protestos em diversos países árabes pressionaram os governos a realizar mudanças. No Iêmen, manifestantes pediram a saída do então presidente Ali Abdullah Saleh, um ditador que estava há mais de 30 anos no poder. Os protestos evoluíram para uma revolta armada apoiada pelos houthis, que culminou com a saída de Saleh do cargo em 2012. Quem assumiu foi seu vice, Al- Hadi, em uma eleição presidencial em que apenas ele concorreu. Ele deveria realizar uma transição política que levaria o país à estabilidade e a novas eleições. Mas o presidente enfrentou uma série de problemas como ataques terroristas e o fortalecimento do movimento separatista. Aproveitando a debilidade do presidente, os houthis realizaram diversos ataques e tomaram o controle do país em 2014. A M É R I C A L A T I N A - O N D A D E P R O T E T O S N A N I C A R Á G U A A B A L A G O V E R N O S A N D I N I S T A . A Nicarágua é o maior país da América Central e o segundo mais pobre da América Latina. Em abril, uma forte onda de protestos estremeceu a região pressionou o governo do presidente da Nicarágua, Daniel Ortega. Segundo organizações de direitos humanos, o choque entre manifestantes e policiais deixou ao menos 50 mortos nos últimos dias. A violência na Nicarágua mobilizou a comunidade internacional. O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos pediu que "as autoridades nicaraguenses assegurem que haja investigações profundas, independentes e transparentes sobre essas mortes o mais rapidamente possível". No dia 22 abril, após a repercussão dos protestos, Daniel Ortega revogou a lei de reformas que provocou o estopim do conflito. Ele admitiu que as propostas criaram “uma situação dramática”. Mesmo com a revogação, o clima permanece tenso e parte dos manifestantes já pede a saída do presidente do poder. ORIGEM DOS PROTESTOS A crise começou após o presidente realizar um decreto para reformar a Seguridade Social, que tinha medidas como aumentar a taxa de contribuição para trabalhadores formalizados e aplicar um imposto sobre as pensões de aposentados. O argumento do governo era que a reforma previdenciária era necessária para equilibrar as contas públicas e o crescente déficit do país. Mas a população contrária à reforma temia que as medidas pudessem gerar mais desemprego, menos consumo e uma perda de competitividade econômica. As primeiras manifestações surgiram nas universidades de Manágua, capital do país. Os estudantes ocuparam os campi e realizaram protestos, que foram duramente reprimidos pela polícia. A Juventude Sandinista, grupo de jovens pró-governo, também se mobilizou e se envolveu em choques violentos contra os estudantes. A violência agravou o conflito e fez com que outros setores aderissem aos protestos, como operários, agricultores e empresários. AMÉRICA LATINA - ONDA DE PROTESTOS NA NICARÁGUA ABALA GOVERNO SANDINISTA. Nos dias que se seguiram, ruas foram tomadas por barricadas e em paralelo, houve saques de lojas, depredação nas ruas, ataques a prédios governamentais e incêndios de casas. Dezenas de manifestantes foram presos e centenas ficaram feridos. A Igreja Católica possui uma forte influência na sociedade nicaraguense e atuou como mediadora no diálogo dos manifestantes com o governo. Alguns estudantes foram mantidos em cativeiro em prisões de segurança máxima e foram libertados após pedido do arcebispo de Manágua, o cardeal Leopoldo Brenes. Daniel Ortega também é acusado de violar a liberdade de expressão, ao ordenaro bloqueio da transmissão de quatro canais de televisão que cobriam os protestos. Em comunicado, o governo de Donald Trump, tradicional crítico de Ortega, considerou "repugnante" a violência política empregada. “O governo se une à comunidade internacional nos apelos a um diálogo amplo e no apoio ao povo da Nicarágua, que almeja a liberdade de expressão política e as verdadeiras reformas democráticas que tanto merece", anunciou a Casa Branca em comunicado. A Nicarágua testemunhou uma inédita demonstração de força e as redes sociais foram o principal meio de mobilização para os protestos. Pelo Facebook, Twitter e Youtube os manifestantes faziam convocações, denúncias, coberturas ao vivo e buscas a companheiros desaparecidos. A força das redes furou a tentativa do governo de controlar a informação em veículos de comunicação. Um passado revolucionário e críticas ao autoritarismo Em seu quarto mandato como presidente da Nicarágua, o socialista Daniel Ortega é considerado como a principal liderança política do país. Ex-guerrilheiro, Ortega foi líder da Revolução Sandinista que, em 1979, derrubou a ditadura de Anastásio Somoza após uma guerra civil. Uma junta formada por sandinistas e liberais assumiu o poder e estabeleceu um regime inspirado no existente em Cuba. Em 1984, Ortega foi eleito presidente da República. A partir de 2007, ele foi eleito ininterruptamente e com forte investimento em programas sociais, sua força política parecia indestrutível. Uma das marcas dessa época foi a forte cooperação com a Venezuela, em parceria iniciada por Hugo Chávez. Com o dinheiro oriundo do petróleo, a Venezuela investiu em diversos projetos de desenvolvimento na Nicarágua. No entanto, com a recente crise venezuelana, esse apoio entrou em colapso, afetando também a economia nicaraguense. Ortega foi reeleito na última eleição, em 2016, mesmo com as suspeitas de uma votação manipulada. Ele tem como vice Rosario Murillo, sua esposa. Isso levantou a discussão sobre nepotismo no governo. A M É R I C A L A T I N A - O N D A D E P R O T E T O S N A N I C A R Á G U A A B A L A G O V E R N O S A N D I N I S T A . A M É R I C A L A T I N A - O N D A D E P R O T E T O S N A N I C A R Á G U A A B A L A G O V E R N O S A N D I N I S T A .A M É R I C A L A T I N A - O N D A D E P R O T E T O S N A N I C A R Á G U A A B A L A G O V E R N O S A N D I N I S T A . Os sandinistas controlam 90% das prefeituras e têm maioria no Legislativo. Segundo críticos, Ortega controla todos os poderes, incluindo o Judiciário, que é acusado de proteger a corrupção do governo. A oposição acusa Ortega de querer instalar uma dinastia política na Nicarágua e compara seu governo a uma ditadura semelhante ao governo de Somoza, que ele tanto combateu no passado. Analistas políticos consideram que a crise vivida na Nicarágua mostrou o descontentamento de diversos setores da sociedade com as tendências autoritárias do governo de Ortega, com a recente crise econômica e com a necessidade de mudanças estruturais. IRÃ - AUMENTA A ESCALADA DE TENSÕES COM EUA E SEUS ALIADOS. No dia 22 de setembro, cinco atiradores abriram fogo contra um desfile militar no Irã. O ataque matou 25 pessoas e deixou mais de 60 feridos. O ataque terrorista aconteceu na cidade de Ahvaz, em meio às comemorações da Semana da Sagrada Defesa, que lembra a guerra entre Irã e Iraque (1980-1981). A cidade é localizada ao sul do Irã, próxima da fronteira com províncias iraquianas do sul. O Movimento Democrático Árabe Patriótico, um grupo ligado à Arábia Saudita assumiu a responsabilidade pelo ataque. O líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, acusou os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita de serem responsáveis pelo ataque terrorista. Os países negam o envolvimento. O chanceler iraniano, Javad Zarif, afirmou que o atentado também possui uma ligação com os EUA e Israel. O episódio aumentou ainda mais a tensão na região. A Guarda Revolucionária Iraniana alertou os países vizinhos a respeitarem as "linhas vermelhas" ou enfrentarão retaliação. "Se vocês cruzarem nossas linhas vermelhas, com certeza cruzaremos as de vocês. Vocês sabem a tempestade que a nação iraniana pode causar", disse o brigadeiro Hossein Salami, vice- comandante da Guarda, segundo a agência de notícias Fars. Rivalidade entre Irã e Arábia Saudita O Irã e a Arábia Saudita representam as duas maiores potências do Oriente Médio. As nações estão localizadas estrategicamente na margem do golfo Pérsico, por onde escoa 20% do petróleo produzido no planeta. Mas os vizinhos possuem uma rivalidade regional e buscam aumentar sua influência sob os países da região. Nos últimos meses, a relação entre os dois países piorou, sendo comparada a uma “Guerra Fria” que pode ter consequências no resto do mundo. Os dois países também representam as duas principais correntes do Islã: a Arábia Saudita é sunita e o Irã, xiita. As nações são acusadas de fomentar levantes e aumentar a tensão entre xiitas e sunitas em todo o Oriente Médio. Em 2016, a Arábia Saudita cortou as relações diplomáticas com o Irã e levou a maioria de seus países aliados do Golfo Pérsico a fazer o mesmo. O motivo do rompimento foi o ataque à embaixada saudita em Teerã (capital iraniana) e uma série de protestos em países xiitas, que exigiam uma resposta à execução do clérigo xiita Nimr Baqr al-Nimr pela Arábia Saudita.A Arábia Saudita é o maior país exportador de petróleo do mundo e tem alianças com os EUA e Israel, além do Egito, Bahrein e Emirados Árabes. Entre os aliados do Irã, estão o governo sírio e o Hezbollah, grupo xiita do Líbano. Os saudistas exigiram fidelidade de seus aliados no Golfo e região. Isso levou à imposição de um embargo econômico ao Catar, que contou com o apoio dos aliados saudistas. A justificativa para a promoção do isolamento é que o reinado catariano daria um suposto apoio ao terrorismo. Após o embargo do rival, o Irã retomou as relações com o Catar, rico em recursos energéticos. Outro foco de tensão é o Iêmen. Há uma guerra civil no país desde setembro de 2014. Os rebeldes houthis segue uma corrente do Islamismo chamada zaidismo, dissidência do xiismo. Eles exigem do governo uma maior participação xiita na tomada de decisões do país. As tropas do governo do Iêmen são apoiadas pela Arábia Saudita e os rebeldes houthis são apoiados pelo Irã. Os dois países também endossam lados opostos no conflito da Síria. IRÃ A disputa na Síria A guerra civil da Síria começou em 2011 e, aos poucos, passou a envolver as maiores potências militares do mundo na luta contra o Estado Islâmico. No território sírio, o Irã atua juntamente com a Rússia e com o grupo xiita libanês Hezbollah, aliados do presidente sírio Bashar Al-Assad. Esse bloco sob a influência do Irã e Rússia se opõe aos interesses de Israel e EUA na Síria, o que fez com a divisão geopolítica se acirrasse. Em 2018, Israel atacou sistematicamente alvos identificados como iranianos em território sírio. Como retaliação, o Irã lançou foguetes contra alvos militares israelenses nas Colinas de Golã, área disputada por Síria e Israel desde 1967. Apesar da pressão dos EUA e de Israel, o Irã pretende manter sua presença na Síria para "lutar contra o terrorismo a pedido do governo legítimo do país" afirmou recentemente o presidente da República Islâmica, Hasan Rouhani. As relações entre Washington e Teerã se agravaram em meados deste ano, quando os Estados Unidos saíram unilateralmente do acordo nuclear iraniano, voltando a introduzir sanções anteriormente suspensas contra o Irã. Acusações recentes na ONU O atentado no Irã aconteceu num momento em que os Estados Unidos e aliados aumentam a pressão para que Teerã contenha sua influência regional no Oriente Médio. Em setembro, Donald Trump discursou na 73ª edição da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), evento que reúne representantes de mais de 190 países para um debate geral. Durante o evento, o presidente norte- americano subiu o tom e afirmou que o Irã era formado por uma“ditadura corrupta” que busca semear “caos, morte e destruição”. De acordo com Trump, os EUA lançam uma campanha de pressão econômica para impedir o acesso do Irã a fundos para desenvolvimento regional. Pedem, além disso, que as nações aliadas isolem as lideranças iranianas, enquanto ainda houver agressões. Ele reiterou sua decisão de “arrasar o Irã economicamente”, sinalizando que pode fazê-lo também militarmente. "Se nos contrariarem, ou a um dos nossos aliados, ou parceiros; se machucarem um de nossos cidadãos; se continuarem a mentir, enganar e dissimular, sim, sem dúvida, enfrentará o inferno na terra. Estamos de olho e iremos atrás de vocês". O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, também causou polêmica ao discursar na Assembleia Geral da ONU. IRÃ Ele afirmou que o Irã possui um armazém atômico secreto que teria sido descoberto pela inteligência israelense. O premiê apelou à Agência Internacional de Energia Atômica para que inspecione urgentemente a área. O chanceler do Irã, Mohammad Javad Zarif, criticou as acusações de Israel. "Ele [Benjamin Netanyahu] simplesmente está tentando encontrar uma cortina de fumaça", disse Zarif, que negou todas as acusações. Na mesma conferência, Hassan Rouhani, o presidente do Irã, criticou ações de Donald Trump para desfazer acordos assinados por Barack Obama e afirmou que a “segurança internacional não é um brinquedo da política doméstica americana”.Analistas avaliam que caso o tom dessa disputa aumente, o mundo pode assistir ao início de um conflito ainda mais amplo em todo o Oriente Médio, o que poderia levar a uma possível guerra generalizada no Golfo Pérsico. Saída do acordo nuclear As relações entre os dois países pioraram depois de 8 de maio de 2018, quando o presidente Trump anunciou a saída do país do acordo nuclear com o Irã. O presidente norte-americano alegou que a medida iria impedir os iranianos de adquirir armas nucleares, mencionando acusações apresentadas por Israel. Durante a campanha eleitoral, em 2016, Trump se referiu ao acordo nuclear com o Irã como o “pior acordo da história”.O acordo havia sido assinado em 2015 em meio à desconfiança crescente de que o Irã estava prestes a desenvolver armas nucleares, embora o governo iraniano negasse que seu programa atômico tinha fins bélicos. O pacto impõe limites ao programa nuclear de Teerã e diminui o pacote de sanções econômicas internacionais impostas ao país, em troca do compromisso dos iranianos de não desenvolver uma bomba atômica. O acordo foi assinado junto com as seguintes potências mundiais: Reino Unido, França, Alemanha, China e Rússia. Na época, ele representou uma importante vitória da diplomacia sobre o uso da força.O acordo havia sido assinado em 2015 em meio à desconfiança crescente de que o Irã estava prestes a desenvolver armas nucleares, embora o governo iraniano negasse que seu programa atômico tinha fins bélicos. O pacto impõe limites ao programa nuclear de Teerã e diminui o pacote de sanções econômicas internacionais impostas ao país, em troca do compromisso dos iranianos de não desenvolver uma bomba atômica. O acordo foi assinado junto com as seguintes potências mundiais: Reino Unido, França, Alemanha, China e Rússia. Na época, ele representou uma importante vitória da diplomacia sobre o uso da força. IRÃ Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o Irã respeitou os termos do acordo. Mas após a saída dos EUA, Trump avisou que as sanções seriam imediatas e deu um prazo para que as multinacionais abandonassem seus negócios no país mulçumano. As outras potências afirmaram que buscam “preservar os benefícios econômicos para a população iraniana”. Entre 2015 e 2017, as importações europeias de produtos iranianos aumentaram quase 800% e a União Europeia tem o interesse de preservar o comércio multilateral. Os EUA pressionam o Irã para aceitar novas medidas, como revelar seus segredos nucleares, desistir da produção de mísseis balísticos, libertar os prisioneiros norte-e de países aliados e deixar de apoiar alguns grupos considerados terroristas. De acordo com especialistas, as exigências dos EUA são excessivas e barram a possibilidade para uma nova negociação. Uma tensão histórica Até 1979, o Irã era um país de costumes ocidentais em pleno Oriente Médio. Após a Revolução Iraniana, o país passou a viver sob uma rígida interpretação da religião islâmica.A Revolução aconteceu em 1979, quando o governo monárquico (aliados dos EUA) foi destituído e o aiatolá Khomeini, um líder religioso, chegou ao poder. O país se declarou uma República Islâmica que se posicionava contra o liberalismo do Ocidente. Desde então EUA e o Irã romperam relações diplomáticas (não há embaixadores entre os países) e os dois países passaram a ter uma relação tensa, com ameaças constantes de conflito armado direito. TERRORISMO - ETA ANUNCIA DISSOLUÇÃO E ENCERRAMENTO DE ATIVIDADES POLÍTICAS. Considerado um grupo terrorista pela União Europeia, a organização separatista basca ETA anunciou oficialmente sua dissolução, encerrando a última insurreição armada da Europa ocidental após quatro décadas de violência. O anúncio aconteceu em maio. Na carta divulgada à imprensa da Espanha, a ETA afirma que "dissolveu completamente todas as suas estruturas" e que decidiu “dar por encerrados seu ciclo histórico e sua função para propiciar um novo ciclo político". IRÃ O texto destaca que a decisão "fecha o ciclo histórico de 60 anos” da organização. Em um comunicado anterior, publicado em abril passado, a organização reconhece “o dano causado” à população basca e admite sua responsabilidade direta em seu “sofrimento desmedido”. Parte de seus membros acredita que ao abandonar a luta armada, o grupo vai percorrer um caminho político legal. Após o anúncio, o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, afirmou que a organização separatista não deve esperar impunidade por sua iminente dissolução. "Faça o que fizer, o ETA não vai encontrar nenhum resquício para a impunidade de seus crimes". Desde que chegou ao poder em 2011, Rajoy rejeitou qualquer diálogo com o grupo. A organização Criada em 1959, o grupo Euskadi Ta Askatasuna (Pátria e Liberdade, em basco) lutou pela independência do País Basco e a vizinha Navarro, comunidades autônomas da Espanha. Naquele tempo, a Espanha estava sob a ditadura do general Francisco Franco, que era acusado de reprimir a cultura basca. Ele havia proibido o uso público da língua da região. A organização rejeitava a repressão policial na região e a recusa do Estado em reconhecer a identidade local. A ETA foi fundada por jovens nacionalistas radicais, dissidentes do Partido Nacionalista Basco (PNV). Seus primeiros membros eram estudantes e intelectuais, que tinham referências ideológicas socialistas e próximas das dos movimentos de libertação das colônias da África. A ETA considerava a Espanha como um Estado estrangeiro, que ocupava o Euskadi (País Basco) como um verdadeiro “colonizador”. A região seria um país oprimido e precisaria da libertação. A radicalização e a adesão à violência como instrumento político aconteceu a partir de 1967. Naquele ano, o grupo decidiu por uma “guerra revolucionária” contra a ocupação de Madri, sob a forma de guerrilha urbana. A ideia era de que a luta armada faria a Espanha ceder. O primeiro ataque oficial aconteceu em 1968, quando um militante, Txabi Echebarrieta, assassinou o guarda civil José António Pardines, que verificava a matrícula do seu carro. Diversos ataques “seletivos” se seguiram, tendo policiais como alvo principal. Nos próximos anos a ETA realizaria ataques, assaltos e atentados com tiros e bombas, tendo como principal alvo militares, policiais, políticos e membros do Judiciário. O grupo também pressionava empresários a pagar uma “taxa” para financiar as operações. Como resultado, instaurou uma rotina de medo na região, levando muitos bascos a deixar suas casas e migrar para outros locais. Em 1973, a ETA ganhou notoriedade nacional ao matar o almirante Carrero Blanco, presumível sucessor de Franco.TERRORISMO O grupo foi saudado por alguns setores da oposição espanhola por ser “antifascista” e a favor da democracia. A repressão do governo foi severa, com 500 militantes presos no espaço de meses. Muitos receberam pena de morte. Mas para parte da população basca, seus militantes eram considerados “mártires”. Em 1978, após o início do processo de democratização da Espanha, foi promulgada a Constituição Espanhola, que reconheceu o direito de autonomia das nacionalidades e regiões que formam o estado espanhol. Essa medida enfraqueceu, naquele momento, a bandeira dos movimentos separatistas das comunidades autônomas. Em março de 2004, Madri foi alvo de uma série de atentados terroristas. O principal suspeito era o grupo ETA, causando uma revolta na população espanhola. Mas a rede Al Qaeda, de Osama Bin Laden, assumiria logo depois a autoria dos ataques. Na última década, o ETA foi alvo de sucessivas operações policiais. A organização acabou renunciando à luta armada em 2011, iniciando o processo de entrega de armas. Parte dos ex-militantes ingressou na política, por vias democrátcias. A rejeição da maioria da população basca à estratégia de violência e terrorismo também enfraqueceu sua atuação. Somam-se a isso os diversos rachas ideológicos que aconteceram dentro do grupo. Muitos militantes do ETA foram acusados pela esquerda basca de serem fascistas e de atuar contra a sociedade pela “socialização do medo”.Segundo levantamento de instituições espanholas, a ETA é responsável por atentados que deixaram 7.265 vítimas desde sua fundação. São 864 pessoas mortas, sendo 40% civis. Além das mortes, seus membros realizaram centenas de casos de extorsão e sequestros. Uma das principais reinvindicações do grupo é a transferência de presos para prisões mais próximas ao País Basco. A ETA possui cerca de 300 prisioneiros que hoje se encontram em presídios da Espanha e França. TERRORISMO ORIENTE MÉDIO: ESTREITO DE ORMUZ VIRA PONTO DE INSTABILIDADE ENTRE IRÃ E POTÊNCIAS OCIDENTAIS No dia 19 de julho, a Guarda Revolucionária do Irã capturou dois navios britânicos perto do Estreito de Ormuz, no Oriente Médio. Segundo a imprensa iraniana, a embarcação "violou regras internacionais". Os petroleiros seguiam para portos na Arábia Saudita. O ex-secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, Jeremy Hunt, denunciou a ação como um "ato de pirataria do Estado" e defendeu o direito à liberdade de navegação. A captura é vista como uma retaliação de Teerã aos britânicos. No dia 4 de julho, um petroleiro iraniano foi capturado por forças britânicas na costa de Gibraltar, um enclave do Reino Unido na Espanha. Na ocasião, os britânicos afirmaram que o navio estaria levando petróleo para a Síria, violando sanções impostas ao país árabe pela União Europeia. Na ocasião, o presidente do Irã, Hassan Rohani, disse que a apreensão em Gibraltar teria "consequências". No dia 11 de julho, as autoridades britânicas revelaram que um de seus petroleiros quase foi bloqueado, mas a atuação de um navio de guerra inglês, o HMS Montrose, impediu que fosse levado para águas iranianas. Após a recente detenção das duas embarcações britânicas, os EUA anunciou que vai criar uma operação multinacional para garantir a navegação livre e segura nas principais rotas de navegação no Oriente Médio. A chamada Operação Sentinela visa aumentar a vigilância e a segurança das principais vias aquáticas e prevê a escolta de navios abandeirados. De acordo com o comunicado do governo norte-americano, o objetivo da Operação Sentinela é "promover a estabilidade marítima, garantir a passagem segura e reduzir as tensões nas águas internacionais ao longo do golfo Pérsico, do estreito de Ormuz, do estreito de Bab-el-Mandeb e do golfo de Omã". O Reino Unido também quer criar uma força europeia de proteção no Golfo Pérsico e a Marinha Real já escolta navios britânicos que navegam pela região. "A liberdade de navegação é crucial para o sistema comercial global e a economia mundial, e faremos tudo que pudermos para defendê-la", diz um comunicado do governo britânico. ORIENTE MÉDIO ORIENTE MÉDIO A importância do Estreito de Ormuz O Estreito de Ormuz é uma pequena faixa de navegação entre o Irã e o Omã. Por sua localização geográfica, possui importância estratégica mundial. O local é a única ligação entre o Golfo Pérsico e os oceanos. A faixa representa uma das mais importantes rotas comerciais do mundo. Centenas de petroleiros atravessam diariamente a passagem, que tem apenas 33 km entre as duas margens e seu ponto mais estreito. Por ela, passam cerca de 20% de todo o petróleo produzido do mundo. Cinco importantes membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) - Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Iraque - exportam sua produção pela área. O Catar, principal exportador de gás natural liquefeito do planeta, envia quase todo o seu produto por Ormuz. O transporte de petróleo é feito por mar para consumidores na Ásia, na Europa e na América do Norte. Nos últimos meses, com a tensão entre EUA e Irã no Golfo Pérsico, aumentou a preocupação com a segurança dos navios que passam pela região, especialmente com os petroleiros. O Estreito de Ormuz já foi chamado pela imprensa internacional como "a maior arma do Irã". Isso porque o país persa representa a potência dominante na região. O potencial bloqueio do estreito pode impactar o transporte marítimo e a economia global. Sabotagens e drones Em 2019, o Estreito de Ormuz está no centro das atenções, porque se tornou cenário de uma série de incidentes envolvendo Irã e Estados Unidos. Na semana do dia 21 de junho, o Irã abateu um drone norte- americano no Estreito de Ormuz. O país persa justificou o ataque ao defender que o aparelho havia entrado em seu espaço aéreo em missão de espionagem. Os EUA negam a alegação e afirmam que a aeronave estava realizando tarefas de reconhecimento em águas internacionais. O presidente dos EUA, Donald Trump, chegou a aprovar um ataque seletivo contra o Irã em resposta à derrubada do drone. Mas a ordem foi suspensa antes que o Pentágono a executasse. No Twitter, Trump disse que a operação foi cancelada porque seria uma resposta "desproporcional" ao incidente, pois o número de potenciais vítimas seria em torno de 150 pessoas. Após os recuos, o presidente norte-americano disse acreditar que o ataque iraniano não foi proposital. "Eu acho que provavelmente o Irã cometeu um erro enorme", escreveu. Fontes iranianas oficiais confirmaram que a República Islâmica recebeu uma mensagem sobre um "ataque iminente norte-americano". O Irã respondeu aos EUA que vai responsabilizar o país por qualquer ataque ao seu território. ORIENTE MÉDIO "Os Estados Unidos impõem seu Terrorismo Econômico ao Irã, levaram adiante ações clandestinas contra nós e, agora, avançam sobre nosso território", tuitou o chanceler iraniano Mohammad Javad Zarif. Ele também disse que "não buscamos a guerra, mas defenderemos com zelo nossos céus, terras e águas". De maio a junho deste ano, seis navios petroleiros foram bombardeados enquanto navegavam pela área. Ainda não se sabe a origem dos incidentes e o Irã nega a autoria. Em maio, uma investigação multilateral apresentada ao Conselho de Segurança da ONU concluiu que explosivos foram colocados por mergulhadores conhecidos como "homens-rã", mas os culpados não foram achados.O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed Bin Salman, acusou o Irã pelas sabotagens contra os navios. A Arábia Saudita é aliada dos Estados Unidos, outro país que tem culpado Teerã pelos ataques. O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, disse à imprensa que "o governo dos Estados Unidos acredita que o Irã é responsável pelos ataques no mar de Omã". Ele também afirma que os iranianos pretendem impedir a circulação no estreito para perturbar o mercado global. Segundo Pompeo, os EUA farão o necessário para proteger o transporte marítimo e garantir a liberdade de navegação no Estreito de Ormuz. O Irã negou qualquer participação nas sabotagens, assinalando que as acusaçõesforam feitas "sem provas factuais ou circunstanciais". Teerã acusou os Estados Unidos de serem "uma grave ameaça à estabilidade" regional e mundial. As imagens de navios em chamas no Estreito de Ormuz influenciaram no aumento do preço internacional do petróleo e fizeram disparar os custos para o transporte e seguro marítimo na região. Além disso, companhias aéreas europeias cancelaram rotas que cruzam o espaço aéreo do estreito. A tensão crescente na região fez surgir o temor de hostilidades mais graves no Oriente Médio. Caso novos ataques aconteçam, a situação pode provocar um conflito armado real. Outro medo é um possível bloqueio do estreito, que pode perturbar o abastecimento do mercado global de petróleo e gás. Depois dos incidentes, os EUA decidiram aumentar sua presença militar no Golfo Pérsico. Mas as bases regionais e o porta-aviões norte-americano estão dentro do alcance dos mísseis iranianos. Trump disse esperar evitar uma guerra com o Irã. Já o líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, afirmou que não pretende travar uma guerra com os Estados Unidos, mas vai resistir a qualquer pressão. ORIENTE MÉDIO O Estreito de Ormuz é um local estratégico para as exportações iranianas. Como parte de um jogo estratégico, o país persa ameaça fechar a via. Em julho, o presidente iraniano, Hassan Rouhani, advertiu que o Irã poderia suspender o comércio no Estreito de caso novas sanções comerciais dos EUA aconteçam. O que antes consistia em ameaças verbais, agora representa riscos concretos de um conflito. O aumento da tensão entre Irã e Estados Unidos Irã e Estados Unidos possuem uma relação história de tensões. Em 1979, o Irã realizou a chamada Revolução dos Aitolás, que marcou a ascensão dos clérigos xiitas ao poder e o rompimento das relações diplomáticas entre o Irã e os EUA. Em 2015, os países chegaram a um consenso, quando foi firmado um acordo nuclear entre o Irã e as principais potências globais - Reino Unido, França, Alemanha, Rússia e China. No acordo, o Irã havia concordado em ter a quantidade de enriquecimento de urânio limitada, em troca de alívio das sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos, a União Europeia e a ONU. O nível de enriquecimento de urânio influencia na capacidade de um país de produzir ou não armas atômicas. A relação entre as potências piorou em maio de 2018, quando o presidente Donald Trump retirou os Estados Unidos do acordo nuclear firmado em 2015. Trump criticou o rival Obama por fazer um acordo com "inimigos" e diz temer que o regime islâmico obtenha a bomba nuclear. Na época, Israel, aliado dos EUA no Oriente Médio, acusou o país persa de ter um programa nuclear secreto. Israel e Irã são rivais históricos e ambos possuem presença militar na Síria, onde já entraram em conflito. Com a retirada unilateral dos EUA do trato, as sanções americanas contra Teerã voltaram a vigorar, impactando a economia iraniana. Trump citou uma campanha de "pressão máxima" e chegou a ameaçar com sanções econômicas as empresas que fizessem negócios com o governo iraniano. Ele também designou a Guarda Revolucionária do Irã como grupo terrorista. O Irã condena a saída unilateral dos EUA e defende a permanência do acordo. Em 2019, após o anúncio de novas sanções de Washington, Teerã anunciou que voltaria a enriquecer urânio em nível mais alto, caso as potências europeias e os outros signatários do acordo não protejam o país das sanções impostas pelos Estados Unidos. Países da União Europeia, como o Reino Unido, defendem que o acordo nuclear seja retomado e são pressionados tanto pelo Irã quanto pelos EUA a tomar decisões mais efetivas. IMIGRAÇÃO NOS EUA - A POLÍTICA DE TOLERÂNCIA ZERO E O DRAMA DAS CRIANÇAS NA FRONTEIRA. IMIGRAÇÃO NOS EUA Todos os dias, centenas de latino-americanos tentam cruzar ilegalmente a fronteira dos Estados Unidos com o México. Mas ao entrar no país sem permissão, elas podem enfrentar leis cada vez mais rígidas. Desde abril o governo do presidente Donald Trump coloca em prática uma política de “tolerância zero” que visa desencorajar a imigração sem documentos e que permite que todos os imigrantes ilegais adultos sejam acusados criminalmente. Se o adulto for pego atravessando a fronteira sem um visto, ele é levado a um centro federal de detenção de imigrantes até que se apresente ao juiz e seu caso seja avaliado. As detenções são por tempo indefinido. Como as crianças não podem ser mantidas nessas instalações com adultos, elas são separadas dos pais e levadas a abrigos, enquanto o processo corre na Justiça. Elas correm o risco de deportação imediata ou de meses em detenção. Desde que a política de tolerância zero entrou em vigor, o número de pessoas detidas na fronteira e as deportações em massa aumentaram. Em apenas três meses, quase duas mil crianças foram retiradas de seus pais ou tutores, incluindo crianças pequenas e bebês. Elas não sabem para onde seus responsáveis foram. A medida de separação de pais e filhos causou indignação internacional e gerou uma enxurrada de críticas. Imagens recentes de crianças trancadas em uma espécie de jaula chocaram o mundo. As crianças foram retiradas à força de pais imigrantes e refugiados que tentaram entrar ilegalmente no país. Existem ainda menores de idade que cruzaram a fronteira sozinhas, em um responsável. Críticos compararam as instalações para menores de idade como semelhantes a uma prisão. O governo mexicano declarou que a separação de famílias viola os direitos humanos. Já a ONU, se referiu a essa medida como “desumana e inadmissível”, que viola os diretos da criança. Em visita às instalações, o senador democrata Jeff Merley constatou que um grande número de menores de idade estava dentro de “uma gaiola de arame de cerca de 10 x 10 metros trancada com cadeados”. IMIGRAÇÃO NOS EUA Para a ex-primeira dama Laura Bush, as instalações são imorais e lembram os campos de detenção usados contra nipo-americanos durante a Segunda Guerra Mundial. Os médicos norte-americanos também criticaram a medida, alertando que a separação das famílias pode ser traumática para crianças. A Academia Americana de Pediatria advertiu que "experiências altamente estressantes, incluindo a separação da família, podem causar danos irreparáveis ao desenvolvimento ao longo da vida, alterando a arquitetura cerebral de uma criança". A maior instalação para menores fica na cidade de Brownsville (Texas), onde 1.500 crianças estão alojadas em um galpão que já foi um hipermercado. Elas têm entre 10 e 17 anos e foram detidas quando atravessavam a fronteira ilegalmente.Inicialmente, o presidente Donald Trump defendeu a política de seu governo. “Os EUA não serão um campo de migrantes e nem um campo de refugiados”, disse à imprensa. Mas após a pressão popular, o presidente americano recuou e no dia 20 de junho, assinou um decreto que garante que pais e filhos fiquem detidos no mesmo local. Ainda assim, Trump continuará a deter famílias, por tempo indeterminado. Segundo o presidente, o decreto vai "manter as famílias unidas e, ao mesmo tempo, garantir que temos uma segurança muito forte na fronteira, igual ou até mais reforçada do que antes.".Políticas de imigração mais duras A política de imigração dos Estados Unidos começou a endurecer no governo de Barack Obama. Em 2014, o ex- presidente norte-americano determinou que os pais seriam criminalizados e que as famílias ficariam detidas em centros de detenção familiar, onde as famílias aguardariam juntos as decisões sobre os processos de imigração e pedidos de asilo. A detenção seria uma forma de “desencorajar” a imigração, mas até o governo de Donald Trump, a regra não era aplicada com frequência. Desde que Trump está no comando da Casa Branca, as prisões de imigrantes aumentaram mais de 40% em relação ao mandato anterior. A questão da imigração e controle das fronteiras foi uma das principais promessas de sua campanha. Em 2016, durante as eleições, ele prometeu deportar todos os imigrantes que vivem nos EUA sem visto e construir um muro de separação entre o México e os EUA ao longo detoda a fronteira Sul. Trump também já foi autor de outras polêmicas, como a proposta de banir a imigração total de mulçumanos para evitar o terrorismo e de tolerar organizações de supremacia branca como apoiadores de sua campanha. Apesar de Trump voltar atrás na recente decisão de separar famílias, a política norte-americana de imigração ainda é questionada. "Nós nos opomos à separação dos filhos de suas famílias com fins de controle migratório, mas também nos opomos às detenções", afirmou o porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Christophe Boulierac. Para a ONU, as famílias não devem ser consideradas criminosas e não precisam ter sua liberdade privada enquanto aguardam o processo judicial. A organização também considera que existem alternativas para a detenção, como abrigos mantidos por entidades e o monitoramento eletrônico. “Pedimos aos Estados Unidos que reformem sua política migratória e solicitamos a implantação de alternativas comunitárias e que não privem as crianças e as famílias da liberdade", declarou Ravina Shamdasani, porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos. Êxodo na América Central e crianças em vulnerabilidade O que que leva milhares de pessoas a arriscar tudo e realizar uma travessia perigosa e incerta? NA década anterior, A maior parte dos imigrantes que atravessavam a fronteira eram mexicanos em busca de trabalho. O perfil mudou gradualmente. Hoje, o maior fluxo de pessoas tem como origem países da América Central em crise.O que que leva milhares de pessoas a arriscar tudo e realizar uma travessia perigosa e incerta? NA década anterior, A maior parte dos imigrantes que atravessavam a fronteira eram mexicanos em busca de trabalho. O perfil mudou gradualmente. Hoje, o maior fluxo de pessoas tem como origem países da América Central em crise. As famílias partem principalmente de Honduras, Guatemala e El Salvador, países que possuem uma das taxas de homicídios mais altas do mundo e que foram dominados pelo crime organizado. As famílias abandonam suas casas para fugir de problemas como a pobreza extrema, a instabilidade política e a violência das gangues e do narcotráfico. Segundo uma pesquisa da Vanderbilt University, o medo da violência das gangues é o principal motivo que leva os imigrantes a buscarem os Estados Unidos. Entre 2010 e 2014, cerca de um milhão de cidadãos salvadorenhos, guatemaltecos e hondurenhos foram retidos na fronteira dos EUA ou do México e mais de 800 mil acabaram deportados. A violência de gangues também é responsável por um fenômeno recente: a migração de crianças e adolescentes desacompanhados para os Estados Unidos. Elas fogem principalmente do aliciamento e das ameaças de morte. IMIGRAÇÃO NOS EUA Um relatório da Unicef levantou que em 2016, mais de 20 mil crianças foram detidas na fronteira dos Estados Unidos com o México. Todas eram de El Salvador, Guatemala ou Honduras. Para a ONU, o cenário representa uma verdadeira crise humanitária. No caminho para os Estados Unidos, os menores de idade estão vulneráveis e correm risco de sequestro, tráfico, estupro e até mesmo de morte. Quando são detidas no território americano, o menor de idade tem o direito à audiência de imigração, mas não de um advogado. Se deportadas, as crianças correm o risco de serem atacadas ou mortas pelas próprias gangues que elas estavam fugindo. IMIGRAÇÃO NOS EUA GLOBALIZAÇÃO - AUMENTO DE TARIFAS DOS EUA DESESTABILIZA O COMÉRCIO MUNDIAL. Desde que Donald Trump entrou na Casa Branca, uma guerra comercial vem marcando a política de seu governo em relação ao comércio internacional. Em 2018, em uma onda protecionista sem precedentes nas últimas décadas, o presidente dos EUA aumentou a tarifa de milhares de produtos importados, que passaram a entrar em vigor no início de julho. As medidas da Casa Branca foram recebidas pelos países afetados com retaliações, iniciando um processo de “guerra comercial”, quando um país impõe tarifas comerciais à importação de outro, que responde sobretaxando os produtos do concorrente. Em seu Twitter, Trump reagiu com ironia. “Quando um país (EUA) está perdendo vários bilhões de dólares em comércio com praticamente todos os países com que faz negócios, guerras comerciais são boas e fáceis de ganhar”, justificou o presidente. O aumento de tarifas é uma promessa de campanha de Trump para incentivar a indústria nacional. Ele venceu as eleições defendendo que os operários americanos estavam perdendo postos de trabalho para outros países e que cidades estavam se desindustrializando. Com o lema “America First” (“Estados Unidos primeiro”), Trump usou uma retórica nacionalista e evocou o princípio da soberania. Ele também prometeu combater os produtos “Made in China” e disse não ter medo de realizar restrições a acordos comerciais. Outro motivo para o aumento de tarifas seria o desequilíbrio da balança comercial dos EUA. No período de 12 meses, o déficit foi de US$ 573,1 bilhões, 10,2% a mais do que no ano anterior. GLOBALIZAÇÃO Trump está cortando impostos e aumentando gastos, que funcionam como estímulo à atividade econômica no curto prazo. Mas essa estratégia pode aumentar ainda mais o déficit, que seria compensado com os impostos do comércio exterior. Taxação do aço e alumínio A primeira grande medida aconteceu em março, quando o governo americano anunciou que aumentaria a taxação sobre as importações de aço e alumínio. Trump anunciou as tarifas de importação de 25% sobre o aço e de 10% sobre o alumínio importado da União Europeia, Canadá e México, responsáveis por quase metade das importações dessas commodities. Em resposta, europeus, canadenses e mexicanos vão impor tarifas de até 25% sobre produtos siderúrgicos americanos, itens agrícolas (como arroz, milho e tabaco), itens têxteis, alimentos e automóveis (motos, barcos).A justificativa do governo americano é que a medida seria um incentivo à produção das siderurgias locais, que estariam sofrendo uma concorrência injusta. Além disso, o aumento de tarifas também seria uma questão de segurança nacional, ao evitar que o país se tornasse dependente da matéria prima importada. A taxação dos metais preocupou importantes parceiros comerciais dos EUA, como Canadá em União Europeia. Durante a reunião de cúpula do G-7, as maiores economias do mundo sinalizaram que a medida pode desequilibrar toda a economia mundial. Pressão no NAFTA Em vigor desde 1994, o NAFTA– Acordo de Livre Comércio da América do Norte é um acordo econômico e comercial formado por Estados Unidos e seus vizinhos, Canadá e México. As recentes sobretaxas sobre a importação de aço e alumínio afetaram diretamente o NAFTA e aumentaram a incerteza sobre o futuro do bloco. Os três membros se encontram em novas rodadas de negociações, que devem terminar em agosto.Trump considera o bloco prejudicial aos EUA e já o classificou como “desastroso”. Ele chegou a ameaçar a saída do país do acordo se não forem renegociados os termos. Já o México e Canadá possuem uma forte dependência econômica dos EUA, o que representa uma baixa força para negociação. “Temos grandes déficits com México e Canadá. O NAFTA, que atualmente está em renegociação, foi um acordo ruim para os Estados Unidos, com grande deslocamento de empresas e empregos. As tarifas ao aço e ao alumínio serão retirados unicamente se um novo acordo for assinado", escreveu Trump em sua conta no Twitter. A guerra comercial entre EUA e China Em março de 2018, os EUA e a China, as duas maiores economias do mundo, também começaram uma disputa que se tornou a maior guerra comercial das últimas décadas. De lá pra cá, dos quase US$ 600 bilhões do comércio entre China e Estados Unidos, US$ 100 bilhões já sofreram aumento de taxas. A alíquota seria de 25%. Há anos os EUA reclama que é preciso reduzir o déficit comercial com a China (diferença de volume exportado entre os dois países). A principal alegação do governo americano é que os chineses realizam práticas “injustas” de mercado, gerando uma concorrência desleal com o resto do mundo. Trumpalega que os chineses roubam a propriedade intelectual estadunidense, especialmente no setor de tecnologia. Isso aconteceria pela ação de hackers e pela compra de parte de empresas americanas para ter acesso aos métodos de produção. A lista negra dos Estados Unidos de bens importados inclui computadores, componentes eletrônicos, máquinas eletrônicas, memórias de computadores, células fotovoltaicas, escavadeiras, motocicletas, incubadoras de frango, tubos para radiografias, entre outros.Como retaliação, a China tarifou centenas de produtos americanos em 25%, especialmente produtos agrícolas, como a soja, a carne bovina e suína, peixes e frutas. O país também tarifou os automóveis, as motocicletas (incluindo a famosas Harley Davidson) e componentes químicos. O país asiático acusou Trump de começar o que poderia ser tornar o maior conflito comercial da história e ameaçou a imposição de novas tarifas sobre o petróleo bruto, gás natural e produtos de energia. "A China não quer uma guerra comercial, mas não temos outra opção a não ser nos opormos fortemente a isso", informou o ministério do Comércio chinês. O presidente americano afirmou que iria impor novas tarifas em caso de retaliação. A China também pediu aos membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) que se unam solidariamente e "resistam" às práticas protecionistas dos EUA. Em agosto, as duas potências sinalizaram uma possível rodada de negociações. Segundo Zhang Mao, o chefe da Administração Estatal para a Regulamentação do Mercado chinês, a escalada de tensões não beneficia ninguém. "Resolver problemas comerciais através de negociações é um desejo comum na China e nos EUA, incluindo empresas americanas", afirmou a autoridade chinesa. GLOBALIZAÇÃO GLOBALIZAÇÃO Mao se comprometeu a intensificar os esforços para garantir a concorrência justa e a e a proteção da propriedade intelectual para empresas estrangeiras. Como consequência direta dos aumentos, diversos fazendeiros americanos aceleraram os embarques de soja para a China antes que tarifas comerciais entrassem em vigor. Essa medida acabou contribuindo para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos, que cresceu a uma taxa anualizada de 4,1% no segundo trimestre de 2018. Risco de impacto global Analistas avaliam que as duas potências terão perdas econômicas com o aumento das tarifas. O movimento pode desacelerar o ritmo de crescimento da economia global, aumentar a inflação e, no pior dos cenários, causar mais uma crise mundial. A partir do momento em que há sobretaxa, o produto fica mais caro e as empresas podem perder competitividade no mercado. O valor aumentado pode ser repassado para o consumidor, aumentando os preços, ou então, gerando cortes na produção, o que afeta a lucratividade da empresa e aumenta o desemprego. A maior parte dos produtos afetados pelas tarifas impostas pela Casa Branca à China são bens intermediários ou de equipamento, que afetam indiretamente a indústria americana, que os compra para a linha de produção. Mesmo que o projeto vendido não esteja na lista dos produtos taxados, o preço também pode aumentar, já que os insumos podem estar taxados. Por exemplo, a Coca-Cola anunciou que terá que aumentar os preços de refrigerante em lata nos EUA, alegando que o preço do alumínio aumentou. A OMC informou que está preocupada com a política de Trump e vê um potencial de “escalada real” com retaliações de outros países. “A política do olho por olho nos deixará todos cegos e o mundo em profunda recessão. Devemos fazer todos os esforços para evitar a queda do primeiro dominó. Ainda há tempo”, disse Roberto Azevêdo diretor-geral da Organização Mundial do Comércio. A projeção é que os EUA tente barrar ainda mais o aumento da influência da China. Os economistas estimam que a partir de 2030, a China deve ser o país com o PIB nominal mais alto do mundo. O volume de exportações chinesas será um dos fatores que farão a potência asiática ultrapassar os Estados Unidos na produção de riquezas. GLOBALIZAÇÃO Farpas entre EUA e Turquia O aumento de tarifas também está sendo usado por Trump como arma de negociação e pressão política. No dia 10 de agosto, o presidente americano anunciou que dobraria as taxas sobre o aço e o alumínio turcos. Os EUA são o principal país importador do aço da Turquia.O governo turco reagiu e aumentou as tarifas sobre produtos americanos. As medidas do país asiático têm pouco reflexo na economia dos EUA, mas a guerra comercial derrubou ainda mais a cotação da lira turca, que enfrenta forte desvalorização cambial. A retaliação à Turquia ocorreu após uma recente crise diplomática entre os dois países. Andrew Brunson, um pastor americano, foi preso em território turco em 2016 acusado de espionagem e atividades terroristas. Trump exige a libertação do compatriota.Repercussão no Brasil A queda de braço entre China e EUA já causa impacto na economia brasileira e os economistas alertam que o Brasil pode perder mais do que ganhar. Com a oferta de produtos maior que a demanda, há uma pressão que derruba os preços das commodities, as matérias-primas com preço internacional. As commodities são a principal fonte de exportação do Brasil, em produtos como a soja, a cana-de-açúcar, o café, o minério de ferro, a carne bovina, o cacau, o alumínio e alguns outros. “Vão aumentar o custo, o preço das commodities, afetando todo mundo, inclusive o Brasil. Uma guerra comercial nesse nível vai significar também uma redução do crescimento da economia e diminuição do comércio exterior”, disse o embaixador Rubens Barbosa, em recente entrevista à TV Brasil. No entanto, para alguns setores, a disputa comercial pode favorecer a venda de produtos. No curto prazo, houve o aumento da procura da soja brasileira pela China e seu preço aumentou na Bolsa de Valores de Chicago. No entanto, analistas avaliam que no longo prazo, essa disputa será ruim. O Brasil é o segundo maior exportador de soja para a China, mas o país não produz hoje o suficiente para abastecer sozinho o gigante asiático. Uma nova ordem mundial? Com o fim da Segunda Guerra Mundial, o governo americano coordenou um plano para recuperar as economias capitalistas da Europa ocidental, aproveitando-se do fato que países estavam em reconstrução. Os EUA promoveram tratados multilaterais, criados para garantir a estabilidade dos mercados e a passaram a reduzir práticas protecionistas e barreiras alfandegárias. GLOBALIZAÇÃO Como resultado, o país se tornou a maior potência do século 20 e seu papel foi fundamental na construção de uma nova ordem internacional.A partir dos anos 1980, o comércio global aumentou rapidamente, assim como os fluxos internacionais de investimentos. Novas tecnologias surgiram para conectar as pessoas de forma planetária. Com a globalização, houve a ruptura de fronteiras do capital e aumentou a imigração, favorecendo um mundo multicultural. Os mercados se integraram e o comércio internacional se tornou uma rede complexa de interações. Grandes corporações transnacionais se estabeleceram e em busca de maior lucro, indústrias transferiram seus centros de produção para países de mão-de-obra barata, que passaram a fabricar para seus próprios mercados.Economias até então periféricas, como os países emergentes, se apresentaram com grande potencial econômico. E a ascensão da China como superpotência mudou a balança de poder global. A formação de blocos econômicos em diversos continentes também é um dos resultados da globalização. Os blocos foram criados com a finalidade de facilitar o comércio entre os países membros, adotando a redução ou isenção de impostos ou de tarifas.Mas desde a crise financeira de 2007, o mundo enfrenta uma forte recessão. O comércio global sofreu uma desaceleração e os bancos estão evitando realizar empréstimos internacionais. Nesse cenário, muitos economistas acreditam que vivemos um processo ao contrário: a desglobalização. O mundo estaria passando por um período de reversão da globalização, onde países buscariam diminuir a integração e o fluxo comoutras nações.Um dos símbolos desse novo período seria o Brexit, a inesperada saída do Reino Unido da União Europeia. Nos países desenvolvidos, aumenta o discurso e práticas contra a imigração e os refugiados. Na economia, predominam as medidas protecionistas, com maiores restrições das importações para proteger a indústria nacional. Quem critica o termo “desglobalização” afirma que o atual cenário é apenas um sintoma de uma nova fase de globalização marcada pela acentuação das crises financeiras e sociais. Para essa linha de pensamento, a globalização teve como consequência o aumento das desigualdades dos países, a precarização das relações de trabalho e o enfraquecimento do Estado para assegurar o bem-estar a seus cidadãos. Diante da incapacidade do Estado em reagir, aumentaria o sentimento nacionalista da população. TECNOLOGIA - VOCÊ SABE O QUE É INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL E SINGULARIDADE? TECNOLOGIA Quando pensamos em Inteligência Artificial, logo imaginamos androides que parecem humanos. A ideia da existência de computadores inteligentes sempre foi retratada na ficção científica. Personagens famosos são o HAL 9000, computador imortalizado no filme “2001, uma odisseia no espaço” e o androide T-800, do filme “O Exterminador do Futuro”. Em 1950, o matemático inglês Alan Turing (1912-1954), pai da computação e precursor da Inteligência Artificial, escreveu um artigo onde fazia a seguinte pergunta: se um computador pudesse pensar como nós pensamos, ele conseguiria nos enganar ao ponto de pensarmos que estamos nos comunicando com um humano e não um protótipo? O artigo foi um das primeiras reflexões sobre o conceito de Inteligência Artificial, ou seja, a capacidade de máquinas raciocinarem como pessoas e simularem comportamentos inteligentes. O matemático previu que até o ano 2000, máquinas seriam capazes de "enganar seres humanos através de diálogos entre humanos e máquinas”. De lá pra cá, a tecnologia evoluiu e a Inteligência Artificial (IA) se tornou um campo de conhecimento presente em muitas situações do cotidiano, nas decisões que tomamos e na maneira como interagimos com o mundo. Porém a realidade ainda está distante das complexas máquinas apresentadas na ficção científica.No nosso dia a dia, a IA fornece ferramentas que permitem elaborar softwares que executam processos de raciocínio, cognição e evolução – ou seja, são dotados, em algum nível, de um tipo de ‘’inteligência’’ para realizar uma determinada tarefa. A IA nos ajuda a automatizar tarefas do dia a dia, analisar grandes volumes de dados e a solucionar problemas. As tecnologias são capazes de executar tarefas mais simples como realizar diagnósticos médicos, reconhecer rostos no Facebook ou classificar processos jurídicos e dados climáticos. Hoje, por exemplo, a tendência é o uso da voz na substituição das interações físicas com aplicativos e tecnologias. TECNOLOGIA Podemos operar smartphones “conversando” com eles através de comandos e falar com atendentes eletrônicos de call-centers. Esses serviços reconhecem a fala e usam técnicas que dá ao computador a capacidade de executar o raciocínio indutivo.Machine Learning e Deep Learning Uma máquina pode aprender e a tomar uma decisão sozinha? O aprendizado de máquina ou aprendizado automático é chamado de Machine Learning em inglês. Ela diz respeito ao fato de os computadores e dispositivos conectados desempenharem suas funções sem que sejam previamente programados e que possam aprender conforme são utilizados. O Machine Learning é a área dentro da Inteligência Artificial que possibilita a segmentação e a padronização de comportamentos. A máquina usa algoritmos para coletar um enorme volume de dados, aprender com eles, e então, fazer uma determinação ou predição sobre algum comportamento desses dados.No aprendizado indutivo, o software aprende com base em exemplos. Já o raciocínio dedutivo usa a Lógica para gerar novo conhecimento a partir de conhecimento já existente. Também, é possível ensinar algo a um software usando aprendizado por reforço, que usa o conceito de recompensa (ou a simulação de ganhos para acertos e perdas para erros cometidos pelo software) para que ele aprimore habilidades. Já o Deep Learning (aprendizagem profunda, em português) é um tema emergente dentro do campo da Inteligência Artificial. Uma subcategoria de aprendizado de máquina que diz respeito a oportunidades de aprendizagem profundas com o uso de redes neurais para melhorar as coisas, tais como reconhecimento de fala, visão computacional e processamento de linguagem natural. O Google Tradutor, por exemplo, utiliza essa tecnologia. As redes neurais têm sido desenvolvidas e aprimoradas desde a década de 1950. Inspirados pelo funcionamento biológico do cérebro, pesquisadores passaram a desenvolver sistemas que se assemelhassem ao modelo do cérebro humano e as interconexões entre neurônios.As redes neurais artificiais são compostas por unidades de processamento (comparáveis aos neurônios humanos) que são divididas em camadas. Essas unidades são interligadas por canais de comunicação que atribuem peso às informações recebidas. A resposta, ao final, consiste na compreensão e aprendizado sobre aquele dado inserido no sistema. TECNOLOGIA Ao invés de organizar dados para executá-los a partir de algoritmos previamente definidos ou de algum tipo de supervisão, o Deep Learning faz uso de parâmetros básicos e usa as várias camadas de processamento dessas informações para reconhecer esses padrões. Assim, aproxima-se de um sistema autônomo para a análise e compreensão dos dados.Por exemplo, o Deep Learning é capaz de assistir a um vídeo sem som e gerar áudio que corresponda àquilo que pode ser enxergado. A tecnologia também permite dirigir carros automatizados (as redes neurais identificam elementos na estrada) ou ainda, possibilitam que o computador gere textos sozinho, ao relacionar palavras e sentenças para contar histórias coerentes sobre qualquer tema. Limites e desafios éticos Até onde devemos ir com esse potencial? Existe uma preocupação dentro da IA em discutir limites e desafios sociais e éticos. O maior medo é que máquinas pensantes superem o Homem e possam hackear e dominar nossa sociedade. “Se as pessoas projetam vírus de computador, alguém projetará uma Inteligência Artificial que vai se aperfeiçoar e reproduzir a si própria”, disse o cientista Stephen Hawking em 2017. Em 2015, um grupo de cientistas, especialistas e empresários enviou uma carta aberta à Organização das Nações Unidas (ONU) em que pediam a proibição do uso militar de robôs autônomos.Outra preocupação é a substituição de postos de trabalho de pessoas por máquinas inteligentes que automatizam as tarefas humanas. Segundo um relatório do Fórum Econômico Mundial, o desenvolvimento da robótica, da Inteligência Artificial e da biotecnologia deve eliminar 7,1 milhões de empregos durante os próximos cinco anos. Pesquisadores que trabalham para o desenvolvimento da IA defendem que a extinção de alguns postos de trabalho dará lugar a outros novos, os quais demandarão habilidades como inteligência social e criatividade, as quais ainda não são bem desenvolvidas na IA. A singularidade Muitos cientistas usam a palavra “singularidade” para prever o futuro. O termo vem da física, onde ele designa fenômenos tão extremos que as equações não são mais capazes de descrevê-los. Um exemplo são os buracos negros, lugares onde a curvatura do espaço-tempo atinge valores tão extremos que não é possível descrevê-los matematicamente ou é impossível saber o que viria depois. Na prática, a singularidade é usada para exprimir tudo o que está além da capacidade de previsibilidade. O engenheiro e futurista Ray Kurzweil, já afirmou que a singularidade deverá acontecer dentro dos próximos 30 anos. Segundo ele, se imaginarmos o crescimento tecnológico no século 21 como uma curva exponencial, ele será equivalente a 20 anos de progresso na velocidade atual. Para ele, um computador de mil dólares tem hoje a mesma inteligência de um inseto. No futuro, ele seigualará à capacidade de um rato, de um homem e, finalmente, de toda a humanidade. Kurzweil diz que a explosão tecnológica, que nos levará à Singularidade, um momento singular único, por uma poderosa Inteligência Artificial, num cenário em que máquinas inteligentes criem máquinas ainda mais inteligentes, independentemente do ser humano. Nesse cenário teríamos a “computação quântica”, que vai superar a lógica sequencial da computação clássica por uma lógica em que as informações serão processadas ao mesmo tempo. Ele prevê que em 2045, nosso cérebro estará conectado na nuvem, transformando nós mesmos em semi-máquinas. Essa conexão caminharia ainda para outra evolução: o limite da nossa espécie. A partir daí, poderemos fazer o download da nossa consciência para coloca-la em outro corpo, ou simplesmente, faremos parte de uma inteligência só, conectada a tudo e a todos. TECNOLOGIA Se você chegou até aqui, obrigada! Compilei esse material com um carinho enorme e fico feliz em poder contribuir com o seu estudo. A educação muda o mundo. Vamos juntos. Com amor, Naju.
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