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Livro-Texto - Unidade I - politica setorial - assistencia social

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Prévia do material em texto

Autoras: Profa. Cristiane Gonçalves de Oliveira
 Profa. Giselle Viegas Dantas Rodrigues
 Profa. Silmara Cristina Ramos Quintana
Colaboradoras: Profa. Amarilis Tudella
 Profa. Tânia Sandroni
Política Setorial - 
Assistência Social
Professoras conteudistas: Cristiane Gonçalves de Oliveira / 
Giselle Viegas Dantas Rodrigues / Silmara Cristina Ramos Quintana
Cristiane Gonçalves de Oliveira
Assistente social graduada pela Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) e pedagoga graduada pela Universidade 
Estadual de Campinas (Unicamp). Atuante na área de serviço social, na política de assistência social, desde sua 
formação. É mestra em sociologia da educação pela Universidade de São Paulo. Desde 1997 atua como assistente 
social na Prefeitura Municipal de Campinas e desde 2014 é docente do curso de Serviço Social na Universidade Paulista 
(UNIP), Campus Campinas.
Giselle Viegas Dantas Rodrigues
Graduada em serviço social e mestra em serviço social, políticas públicas e desenvolvimento pela Universidade 
Federal do Pará (UFPA). Especialista em gestão de políticas sociais (2019) pela UNIP. Desenvolve pesquisas nas 
áreas de trabalho, direitos humanos e seguridade social. Atua como docente do curso de Serviço Social da UNIP, no 
município de Campinas, São Paulo. Possui experiência profissional em ambientes corporativos e em organizações da 
sociedade civil (OSCs).
Silmara Cristina Ramos Quintana
Mestra em adolescentes em conflito com a lei pela Universidade Bandeirantes de São Paulo (Uniban); especialista 
em psiquiatria e psicologia de adolescentes pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); especialista em 
orientação e encaminhamento ao mundo do trabalho pelo Centro Brasileiro para Infância e Juventude (CBTIJ) e em psicodrama 
pedagógico pela Animus. Assistente social graduada pela Faculdade de Serviço Social de Araraquara e pedagoga 
graduada pela Unitelos. Atua, desde 2013, como coordenadora e professora do curso de Serviço Social da UNIP Campus 
Campinas/Swift. Coordenadora do curso de pós-graduação em Gestão de Políticas Públicas e professora-adjunta do 
curso de graduação em Serviço Social da UNIP Interativa, campus Cidade Universitária.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
O48p Oliveira, Cristiane Gonçalves de. 
Política Setorial – Assistência Social / Cristiane Gonçalves de 
Oliveira, Giselle Viegas Dantas Rodrigues, Silmara Cristina Ramos 
Quintana. – São Paulo: Editora Sol, 2019.
192 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ano XXV, n. 2-167/19, ISSN 1517-9230.
1. Política social. 2. Proteção social. 3. SUAS. I. Rodrigues, Giselle 
Viegas Dantas. II. Quintana, Silmara Cristina Ramos. III. Título.
CDU 362
U503.47 – 19
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Bruno Barros
 Juliana Muscovick
Sumário
Política Setorial - Assistência Social
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 CONCEITUALIZAÇÃO DE POLÍTICA SOCIAL ............................................................................................ 11
2 DA LEI DOS POBRES À SEGURIDADE SOCIAL ....................................................................................... 14
3 CONSTITUIÇÃO FEDERAL COMO SISTEMA AFIANÇADOR DE PROTEÇÃO SOCIAL .................. 24
4 POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL ........................................................................................................... 34
Unidade II
5 EIXOS ESTRUTURANTES DO SUAS ............................................................................................................ 64
6 NÍVEIS DE PROTEÇÃO SOCIAL PELO SUAS ............................................................................................ 79
6.1 Proteção social básica ........................................................................................................................ 92
6.1.1 Cras-Paif ..................................................................................................................................................... 92
6.1.2 Serviço de convivência e fortalecimento de vínculos ............................................................. 97
6.1.3 Serviço de proteção social básica no domicílio para pessoas com 
deficiência e idosas ........................................................................................................................................... 98
6.2 Proteção social especial ..................................................................................................................... 99
6.2.1 Creas/Paefi ...............................................................................................................................................101
6.2.2 Tipos de violências e violações de direitos .................................................................................106
6.3 Proteção social especial de média complexidade .................................................................116
6.3.1 Serviço especializado em abordagem social .............................................................................. 116
6.3.2 Serviço de proteção social a adolescentes em cumprimento de medida 
socioeducativa de liberdade assistida e de prestação de serviços à comunidade ................ 116
6.3.3 Serviço de proteção social especial para pessoas com deficiência, 
idosas e suas famílias .....................................................................................................................................117
6.3.4 Serviço especializado para pessoas em situação de rua ....................................................... 117
6.4 Proteção social especial de alta complexidade ......................................................................118
6.4.1 Acolhimento institucional .................................................................................................................118
6.4.2 Serviço de proteção em situações de calamidades públicas e de emergências ......... 123
Unidade III
7 GESTÃO DA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL ................................................................................130
7.1 Gestão do Suas ....................................................................................................................................130
7.2 Gestão do trabalho ............................................................................................................................132
7.3 Vigilância socioassistencial............................................................................................................140
7.4 Instrumentos de gestão ...................................................................................................................154
8 ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL ...........................165
7
APRESENTAÇÃO
Este livro-texto visa contribuir para a formação do aluno, tendo como objetivo refletir sobre a 
evolução e trajetória da política de assistência social no Brasil e seus desdobramentos para a ação 
profissional dessa área.
Considera-se da maior importância, para a formação profissional, o conhecimento sobre a 
política de assistência social, uma vez que ela faz interface com todas as demais políticas públicas, 
bem como envolve um conjunto de ações das três esferas do Poder Público para atendimento das 
necessidades sociais.
Essa obra permitirá ao aluno o desenvolvimento dos conhecimentos acerca dos processos 
históricos e políticos que conduziram à elaboração da política de assistência social, da garantia de 
proteção social básica e proteção social especial (afiançada por meio da cobertura de atendimento às 
necessidades do cidadão e das famílias) e do trabalho do profissional na política de assistência social.
INTRODUÇÃO
Neste livro-texto, veremos que a política de assistência social, existente desde a primeira metade do 
século passado, teve um viés atrelado à benesse e à caridade, voltada aos pobres e desajustados.
Na segunda metade do século, iniciou-se um movimento de ruptura com o caráter benemerente, até 
que, em 1988, foi reconhecida como uma política pública pela Constituição Federal, inserindo-a no tripé 
da seguridade social, juntamente com as políticas de saúde e previdência social.
Desde então, a assistência social vem trilhando uma trajetória de luta pela afirmação como uma 
política social de direito para todos e dever do Estado, embora no texto constitucional ainda esteja 
direcionada “para quem dela necessitar” (BRASIL, 1988, art. 203).
Em 1993, temos a promulgação da Lei Orgânica da Assistência Social (Loas), por meio da Lei n. 8.742, 
de 7 de dezembro de 1993, que dispõe sobre a organização da política, firmando-a como um direito do 
cidadão e dever do Estado, como política de seguridade social não contributiva, que provê os mínimos 
sociais, realizada por meio de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para 
garantir o atendimento às necessidades básicas – Lei n. 8.742, art. 1º.
A Loas inicia um processo de inovação da assistência social ao propor que a política seja descentralizada 
e participativa. Descentralizada porque divide com estados e municípios a responsabilidade do 
planejamento e execução das ações voltadas à realidade de cada local, e participativa porque envolve a 
participação da população nas esferas do planejamento e controle social.
A partir da efetivação da prática de participação, iniciaram-se as conferências da assistência social, 
que têm como objetivo principal debater e avaliar a política, propondo novas diretrizes que ampliem:
8
os direitos socioassistenciais dos seus usuários. Os debates são coletivos 
com participação social mais representativa, assegurando momentos para 
discussão e avaliação das ações governamentais e também para a eleição 
de prioridades políticas que representam os usuários, trabalhadores e as 
entidades de assistência social (BRASIL, 2014a, p. 53).
Como fruto das discussões e deliberações das conferências de assistência social, concretiza-se em 
2004 a Política Nacional de Assistência Social (PNAS), que regulamenta a política até os tempos atuais.
A política nacional prevê sua organização de forma intersetorial, considerando “as desigualdades 
socioterritoriais, visando ao seu enfrentamento, à garantia dos mínimos sociais, ao provimento de 
condições para atender à sociedade e à universalização dos direitos sociais” (BRASIL, 2014a, p. 48).
A política nacional prevê a organização do Sistema Único de Assistência Social (Suas), que atribui 
ao Estado, de forma descentralizada, a responsabilidade por organizar os serviços socioassistenciais no 
Brasil, tendo como parâmetro as diretrizes nacionais e as realidades socioterritoriais de cada região.
O Suas, coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), prevê 
um modelo de gestão participativa, com responsabilidades dos três níveis/esferas de governo (União, 
estados, municípios). Para integrar o sistema, estados e municípios precisam cumprir determinados 
requisitos e responsabilidades, estando assim habilitados ao Suas.
A habilitação ao Suas prevê níveis de gestão e classificação por porte populacional para os 
municípios, dependendo da realidade de cada um, o que possibilita justiça em termos de repasse de 
recursos. Essas classificações estão normatizadas nas Normas Operacionais Básicas – NOB/Suas de 2005 
e 2012, bem como as regras para o controle social, financiamento, vigilância socioassistencial, entre 
outras necessárias para a organização do sistema.
Seguindo as diretrizes da política nacional, as ações da assistência social são organizadas por tipos 
de proteção e níveis de complexidade denominados proteção social básica e proteção social especial, 
sendo esta de nível de média complexidade e alta complexidade.
Para que as ações possam ocorrer seguindo as diretrizes do Ministério, respeitando o comando único 
das ações, foram atribuídos mecanismos de gestão que devem ser apropriados em todas as esferas 
de governo, além de analisados e deliberados pelos conselhos (nacional, estadual e municipal) de 
assistência social. Assim, respeitando-se a realidade socioterritorial de cada ente, cumprindo a diretriz 
de descentralização e participação.
Em 6 de julho de 2011, foi promulgada a Lei n. 12.435, que implanta o Suas, conforme seu artigo 6º. 
Baseando-nos nessa trajetória, vamos nos aprofundar nos conceitos e diretrizes da política de 
assistência social.
Nesse sentido, a política de assistência social representa a garantia de um direito social consolidado 
na Constituição Federal e é considerada de extrema importância para o fazer profissional do assistente 
9
social, uma vez que compõe um dos maiores espaços sócio-ocupacionais de sua atuação e que a sua 
operacionalização requer uma articulação intersetorial com as demais políticas públicas.
A primeira parte será voltada para a contextualização histórica da política de assistência social, bem 
como a apresentação da Loas, da PNAS e do Suas. Em seguida, serão apresentadas as configurações dos 
serviços socioassistenciais e dos programas de transferência de renda e cidadania. Nesse sentido, serão 
abordados os serviços, programas, projetos e benefícios que compõem a política de assistência social, 
detalhando as proteções sociais: básica e especial de média e alta complexidade e as especificidades 
que as envolvem. Por fim, discorrerá sobre a gestão do trabalho no Suas e o trabalho do profissional na 
política de assistência social. Essa discussão permitirá maior compreensão dos limites e possibilidades 
da gestão, do financiamento e dos conceitos de vulnerabilidade e risco social no contexto da assistência 
social e a intervenção das equipes do profissional.
11
POLÍTICA SETORIAL - ASSISTÊNCIA SOCIAL
Unidade I
Será realizado um estudo da trajetória da política de assistência social no Brasil, iniciando pela 
conceituação de política social e a constituição da seguridade social, seguidos pela apresentação dos 
principais marcos regulatórios, bem como: a Lei Orgânica da Assistência Social (Loas), a Política Nacional 
de Assistência Social (PNAS) e o Sistema Único de Assistência Social (Suas).
1 CONCEITUALIZAÇÃO DE POLÍTICA SOCIAL
A política de assistência social é considerada uma política social criada pelo Estado, enquanto 
representantedos interesses entre as classes sociais, como um mecanismo para mediar os conflitos 
econômicos, sociais e políticos da sociedade, assim como para incorporar as reivindicações das classes e 
regulamentar os direitos constituídos em lei.
Dessa forma, é preciso compreender o que são políticas sociais. De acordo com Pereira (2009), 
a política social é considerada como uma categoria acadêmica e política, de contribuição teórica e 
prática, que não apenas se dispõe a conhecer e a explicar o mundo real, mas também de agir e de 
promover melhorias no contexto social vivido. Ou seja, entende-se que as políticas sociais são um 
meio de concretizar direitos sociais e necessidades humanas (leia-se sociais) na perspectiva de uma 
cidadania ampliada.
A existência de várias conceituações inconsistentes sobre política social afeta tanto a credibilidade 
e a razão de ser da política quanto à própria vida em sociedade. Como exemplos de utilização 
equivocada do termo, tem-se a de Hitler na Alemanha nazista, em que denominou de política social 
os experimentos criminosos em “enfermos, doentes mentais, judeus e outros grupos étnicos, com a 
finalidade de submetê-los a investigações médicas, esterilizá-los e enviá-los à câmara de gás” (TITMUSS, 
1981 apud PEREIRA, 2009, p. 45).
 Saiba mais
Para saber mais sobre a vida nos campos de concentração e a política 
social adotada por Hitler durante a Segunda Guerra Mundial, permitindo 
compreender a visão dos nazistas e dos prisioneiros, assista ao filme:
O MENINO do pijama listrado. Dir. Mark Herman. EUA/Reino Unido: 
Miramax, 2008. 94 minutos.
12
Unidade I
De acordo com Pereira (2009), um dos motivos que tem levado à dificuldade para estabelecer uma 
conceituação gnosiológica – parte da filosofia que estuda o conhecimento humano – do termo se 
dá por causa de a política não ser neutra. Dessa maneira, todo ensaio de conceituação estaria entranhado 
por ideologias, valores e perspectivas teóricas competitivas. Portanto, é preciso eleger uma perspectiva 
teórica que embase a compreensão de política social, e para o serviço social é pertinente analisá-la sob 
a perspectiva dialética, considerando a política social como um produto da contradição que envolve 
as relações antagônicas entre capital e trabalho, Estado e sociedade e os princípios da liberdade e 
igualdade que regem os direitos de cidadania.
Nota-se que, inicialmente, a política social era associada ao gerenciamento e à administração de 
benefícios e serviços, denominada por administração social – tratada mais como um campo de ação, 
marcadamente pragmático, empírico e prescritivo.
Contudo, ao se tornar uma disciplina acadêmica, a política social ganhou corpo teórico-metodológico 
e se inscreveu no âmbito das chamadas ciências sociais, rompendo com a concepção de administração 
social. Assim, “política social e administração caminham juntas, mas não significam a mesma coisa” 
(PEREIRA, 2009, p. 170). A principal diferença reside no fato de que a política social contém uma tomada 
de decisão pautada na representação de interesses, enquanto a administração das ações políticas visa 
garantir sua eficácia e eficiência (LAFER, 1978 apud PEREIRA, 2009).
A fim de promover subsídios para caracterização das políticas sociais, importa acrescentar que essas 
podem ser do tipo pública e/ou privada, de natureza emancipatória e/ou compensatória e de abrangência 
universal, segmentada e/ou fragmentada. Conforme o disposto a seguir:
Tipologia
Pública
Emancipatória
Universal
Assegurar direitos sociais 
determinados em lei
Políticas de longo prazo para 
resolver situações complexas
Para todos os cidadãos
Privada
Compensatória
Segmentada
Fragmentada
Promover melhorias sociais para 
um público-alvo específico
Políticas de curto prazo para 
amenizar situações temporárias
Caracterizada por um fator 
determinado (idade, gênero, 
raça etc.)
Destinada a grupos sociais 
dentro de cada segmento 
(crianças, idosos, mulheres etc.)
Natureza
Abrangência
Po
lít
ic
a 
so
ci
al
Figura 1 – Caracterização das políticas sociais
13
POLÍTICA SETORIAL - ASSISTÊNCIA SOCIAL
Observa-se que política significa princípios para ação e social qualifica o tipo de ação. Assim, quando 
desenvolvida pelo Estado, é caracterizada como pública e, quando por entidades privadas, como privada.
Para este tema, importa compreender a política social de assistência social do Brasil enquanto uma 
política pública de proteção social. Para Pereira (2009), há de se ressaltar que a política social do tipo 
pública consolida uma ação que se propõe a atender as necessidades sociais cuja resolução ultrapassa a 
iniciativa privada, individual e espontânea, e requer decisão coletiva regida por princípios de justiça social.
De um lado, as políticas sociais públicas precisam ser amparadas por leis impessoais e objetivas, 
garantidoras de direitos, e por isso está relacionada ao Estado – governos, políticas e aos movimentos 
da sociedade, assim como pelos indivíduos, grupos, profissionais, empresários, trabalhadores e outros 
segmentos sociais que tentam influir na sua constituição.
Em particular, o bem-estar tem estreita relação com a política social visto 
que a esta compete garantir a população níveis de renda e acesso a recursos 
e serviços básicos, impedindo-lhe de cair na pobreza extrema, no abandono 
e no desabrigo (PEREIRA, 2009, p. 178).
Por outro lado, as políticas privadas podem ser desenvolvidas por empresas e organizações privadas, 
tanto de forma interna para os seus funcionários quanto de forma externa para a comunidade. Ademais, 
visam promover melhorias sociais que não necessariamente estejam preconizadas no texto da lei, que 
vão atender a um público-alvo específico.
A natureza das políticas sociais pode ser emancipatória, envolvendo a implementação de ações que 
visam promover a resolução de uma situação problema a longo prazo. Enquanto as compensatórias são 
ações que requerem resultados mais imediatos, portanto, se propõem a resolver situações problemas de 
forma temporária e a curto prazo.
As políticas sociais também podem ter abrangências diferenciadas: a universal é destinada a todos os 
cidadãos, com caráter universal e totalizante; a segmentada é caracterizada por um fator determinado 
(idade, gênero, raça etc.); e a fragmentada é destinada a grupos sociais dentro de cada segmento 
(crianças, idosos, mulheres etc.)
No atual contexto de políticas sociais com inspiração neoliberal, as políticas estão servindo como 
um instrumento de funcionalização da pobreza. Na concepção de Almeida (2004), as políticas sociais 
segmentadas e fragmentadas são caracterizadas como políticas focalizadas, e quando o Estado neoliberal 
implementa políticas de assistência social focalizadas no tratamento da pobreza, está realizando 
políticas de cunho assistencialista, como os programas de transferência de renda para pessoas pobres, 
forjando assim o atendimento aos direitos de cidadania. Essa seletividade vai de encontro ao conceito 
de universalização dos direitos, atuando ainda como um instrumento de repressão social.
Ademais, está ocorrendo uma redefinição do significado de serviço público e a destruição da civilização 
pautada na igualdade de direitos, pois em nome da racionalidade e eficiência, o Poder Público tem se 
transformado em um bem privado, e uma das estratégias para isso é a depreciação do serviço público, 
14
Unidade I
tornando a privatização uma saída que se apresenta como vantajosa. Tal fato concorre para a defesa da 
reforma do Estado, preconizando a redução da sua intervenção no âmbito social e consolidando uma 
tendência tecnocrática pautada na privatização dos serviços de – até então – caráter público, bem como 
o processo de terceirização dos serviços socioassistenciais. Desse modo, a separação do público e do 
social é da maior importânciapara omitir o sentido governamental da ação política, para despolitizá-la 
por meio da naturalização da pobreza e assim justificar o seu caráter compensatório (ALMEIDA, 2004).
 Saiba mais
Para saber mais sobre o tema, leia:
MONTAÑO, C. Terceiro setor e questão social: crítica ao padrão emergente 
de intervenção social. São Paulo: Cortez, 2002.
Por fim, é de maior importância resgatar o sentido do público por meio de uma leitura crítica da 
prática cotidiana do fazer profissional, com uma metodologia de intervenção que considere e contribua 
para a ampliação da cidadania e para a universalização da política de assistência social no Brasil.
2 DA LEI DOS POBRES À SEGURIDADE SOCIAL
Após compreender em que consiste a política social e quais as suas principais características, importa 
apresentar como se deu o tratamento das necessidades sociais ao longo dos anos, e como se consolidou 
a atual política de assistência social no Brasil.
Sobre esse assunto, Behring e Boschetti afirmam que “não se pode indicar com precisão um 
período específico de surgimento das primeiras iniciativas reconhecíveis de políticas sociais” (BEHRING; 
BOSCHETTI, 2010, p. 47) no Brasil.
[...] como processo social, elas se gestaram na confluência dos movimentos 
de ascensão do capitalismo com a Revolução Industrial, das lutas de 
classe e do desenvolvimento da intervenção estatal. Sua origem é 
comumente relacionada aos movimentos de massa social-democratas e 
ao estabelecimento dos Estados-nação na Europa ocidental no final do 
século XIX (PIERSON, 1991), mas a sua generalização situa-se na passagem 
do capitalismo concorrencial para o monopolista, em especial na sua fase 
tardia, após a Segunda Guerra Mundial (BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 47).
Dessa forma, tem-se as sociedades pré-capitalistas, que administravam as necessidades sociais 
da população, bem como a pobreza, por meio de políticas sociais privadas de cunho filantrópico 
e caritativo, em que as situações de privação econômica eram justificadas não como resultado da 
exploração, mas como “fenômenos autônomos e de responsabilidade individual ou coletiva”, ou seja, “a 
questão social era vista como um fenômeno natural fruto do comportamento dos indivíduos, devido 
15
POLÍTICA SETORIAL - ASSISTÊNCIA SOCIAL
a fatores como vinculados ao déficit de educação, a incapacidade de planejamento financeiro, e ao 
comportamento devido a tendência a vadiagem” (MONTAÑO, 2012, p. 272).
 Saiba mais
Para a compreensão desta temática, leia:
BEHRING, E. R.; BOSCHETTI, I. Política social: fundamentos e história. 
7. ed. São Paulo: Cortez, 2010.
As primeiras leis que regulamentaram a intervenção estatal sob as necessidades sociais e que podem 
ser consideradas como as origens da política social de assistência social ocorreram na Inglaterra. Conforme 
Behring e Boschetti (2010, p. 48), cronologicamente, tem-se a promulgação das seguintes leis:
• 1349: Estatuto dos Trabalhadores.
• 1563: Estatuto dos Artesãos.
• 1601: Lei dos Pobres Elisabetanas.
• 1662: Lei do Domicílio.
• 1795: Speenhamland Act.
• 1834: Nova Lei dos Pobres.
Importa ressaltar que todas essas leis eram conservadoras e, a despeito do conceito de política 
social protetiva que se tem hoje, as primeiras políticas partiam de uma perspectiva repressiva e punitiva, 
culpabilizando os indivíduos pela situação em que viviam. Dessa forma, a Lei dos Pobres de 1601, criada 
pela rainha Elizabeth, repassava para as paróquias a responsabilidade de assistir aos pobres.
Nesse contexto, as igrejas católicas desempenhavam um papel importante no processo de alívio da 
pobreza, uma vez que promoviam ações sociais para garantir o mínimo necessário à sobrevivência dos 
indivíduos marginalizados, a partir de uma postura moralista e religiosa (visto que as boas ações eram 
consideradas como um dever de todo cristão), com intervenções para promover o ajuste do indivíduo 
na sociedade, bem como pelo ensino de profissões aos pobres. Porém, com o processo de urbanização e 
a grande migração do campo para a cidade, aumentou a quantidade de pessoas indigentes nas cidades, 
fazendo com que o Estado precisasse se responsabilizar pela assistência dada aos pobres.
A partir do século XIX, com o liberalismo econômico e processo de industrialização do capitalismo 
concorrencial, ocorre um significativo aumento das expressões da questão social, sendo necessário fazer 
16
Unidade I
uma revisão da Lei dos Pobres (1834), na qual o Estado liberal entende que a distribuição de auxílio 
aos pobres estimula a reprodução da pobreza. Assim, a questão social passa a ser um caso de polícia, a 
pobreza é criminalizada e a mendicância nas cidades proibida.
A beneficência e os abrigos passam a ser substituídos pela repressão e 
reclusão dos pobres. A ideológica expressão de “marginal” começa a adquirir 
uma conotação de “criminalidade”. O pobre, aqui identificado com “marginal”, 
passa a ser visto como ameaça à ordem. Aqui produz-se a separação entre 
“pobre” (objeto de ações assistenciais, por mendicância e vadiagem) e 
“trabalhador” (objeto de serviços de saúde e previdência social); portanto, 
diferencia-se o indivíduo “integrado” do “desintegrado” ou “disfuncional” 
(MONTAÑO, 2012, p. 273).
Os pobres passaram a ser classificados entre capazes de trabalhar, obrigados a pagar com o próprio 
trabalho pelo auxílio recebido, e incapazes (idosos, doentes, deficientes, entre outros), considerados 
merecedores da atenção plena do Estado por meio de asilos, abrigos etc. Tal lei obrigava todos os que 
recebiam auxílio social a aceitarem qualquer trabalho, sendo que aqueles que se recusavam a trabalhar 
eram castigados e poderiam até ser condenados à pena de morte.
Polanyi afirma que o princípio estruturador dessas leis era obrigar o exercício 
do trabalho a todos que apresentassem condições de trabalhar, e as ações 
assistenciais previstas tinham o objetivo de induzir o trabalhador a se 
manter por meio de seu trabalho. Os critérios para acesso eram fortemente 
restritivos e seletivos e poucos conseguiam receber os benefícios. Os 
pobres “selecionados” eram obrigados a realizar uma atividade laborativa 
para justificar a assistência recebida (POLANYI, 2000; CASTEL,1922 apud 
BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 48-49).
Até o século XIX, a política social era tratada mais sob a perspectiva da administração social da pobreza, 
sob os princípios da eficiência e da eficácia, uma vez que o Estado liberal preconizava a ampliação dos 
investimentos no âmbito financeiro, e deveria deixar a mão invisível do mercado regular os problemas 
sociais. Em uma análise do Estado no período do liberalismo, as autoras Behring e Boschetti (2010) o 
resumem pelas seguintes características:
I – predomínio do individualismo;
II – o bem-estar individual maximiza o bem-estar coletivo;
III – predomínio da liberdade e competitividade;
IV – predomínio da lei da necessidade;
V – manutenção de um Estado mínimo;
17
POLÍTICA SETORIAL - ASSISTÊNCIA SOCIAL
VI – as políticas sociais estimulam o ócio e o desperdício;
VII – a política social deve ser um paliativo.
 Lembrete
A política social era associada ao gerenciamento de benefícios e serviços, 
denominada por administração social, tratada mais como um campo de 
ação, marcadamente pragmático, empírico e prescritivo.
No que diz respeito ao tratamento da questão social e a implementação de políticas de proteção 
social, percorre-se um longo caminho até a transição da caridade para o direito. Nota-se que esse 
processo é marcado pela resistência à exploração e a organização de lutas da classe trabalhadora por 
melhorias nas relações de trabalho, as quais foram essenciais para que a assistência social e a proteção 
social deixassem de ser tratadas no âmbito da caridade e passassem a ter o caráter de direito social.
Com o predomínio desses princípios ferozmente defendidospelos liberais e 
assumidos pelo Estado capitalista, não é difícil compreender que a resposta 
dada à questão social no final do século XIX foi sobretudo repressiva e apenas 
incorporou algumas demandas da classe trabalhadora, transformando as 
reivindicações em leis que estabeleciam melhorias tímidas e parciais nas 
condições de vida dos trabalhadores, sem atingir, portanto, o cerne da 
questão social (BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 63).
Os trabalhadores estavam politicamente fortalecidos e intensamente organizados, todavia, o 
movimento grevista era duramente reprimido pela classe dominante, de forma que os trabalhadores 
passaram a organizar caixas de poupança e previdência, de maneira solidária e coletiva, a fim de socorrer 
aqueles que precisassem de apoio financeiro.
No Brasil, esse processo ocorreu de maneira um pouco diferente, pois por se tratar de uma realidade 
capitalista periférica, não acompanhou o mesmo ritmo histórico de desenvolvimento dos países capitalistas 
centrais, sendo considerado um país com características de desenvolvimento desigual e combinado.
 Saiba mais
Para saber mais sobre o modelo de desenvolvimento de realidades 
periféricas, leia:
LOWY, M. A teoria do desenvolvimento desigual e combinado. Actuel 
Marx, n. 18, 1995.
18
Unidade I
Isso se deve ao fato de que a formação social da classe trabalhadora brasileira teve algumas 
particularidades, bem como ter sido constituída majoritariamente por ex-escravos que tiveram 
dificuldades de se inserirem no mercado de trabalho, e por colonos europeus degradados que já tinham 
vivido o processo de industrialização nos seus países de origem e estavam mais capacitados para assumir 
os postos de trabalho nos grandes centros urbanos. Porém, nota-se que “não houve no Brasil escravista 
do século XIX uma radicalização das lutas operárias, sua constituição em classe para si com partidos e 
organizações fortes” (BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 78). A abolição da escravidão ocorreu por motivos 
externos, como a necessidade de expansão do capital e do uso do trabalho livre e assalariado para o 
desenvolvimento das forças produtivas.
Para Iamamoto e Carvalho (2003), fazia-se necessário a organização dos trabalhadores em resistência 
à exploração e na luta por direitos, como única via possível de uma participação ativa na sociedade, 
assim, haviam:
• associações de socorro mútuo;
• caixas beneficentes;
• ligas operárias;
• sindicatos;
A economia brasileira, até então baseada na monocultura de exportação, intensifica-se com 
o processo de urbanização industrial, que promove uma intensa migração do campo para a cidade, 
causando um inchaço populacional e o aumento das expressões da questão social. Se nos países centrais 
a implementação das políticas sociais esteve atrelada à luta de classes, no Brasil ocorreram medidas 
esparsas de proteção social na década de 1930.
Os primeiros sindicatos foram formados no início do século XX e contavam com a influência dos 
trabalhadores imigrantes que contribuíram para a politização e organização da classe trabalhadora 
brasileira. O fortalecimento dos movimentos sindicalistas contribuiu para o aumento da pressão social 
coletiva e forçou o Estado a assumir para si a responsabilidade em relação ao tratamento da questão 
social no Brasil.
 Saiba mais
Para saber mais sobre a realidade brasileira no período imperialista, 
assista ao filme:
MAUÁ, o imperador rei. Dir. Sérgio Rezende. Brasil: Lagoa Cultural & 
Esportiva, 1999. 135 minutos.
19
POLÍTICA SETORIAL - ASSISTÊNCIA SOCIAL
Nessa mesma perspectiva, Otto Von Bismarck, na Alemanha, desenvolve um sistema de compensação 
de renda para os trabalhadores por meio das caixas de seguro-saúde, caixas de aposentadoria, entre 
outras, consagrando uma política social que ficou conhecida como modelo bismarckiano de seguro 
social. Em síntese, tem-se que:
Modelo bismarckiano: prevê um sistema de seguro social público obrigatório, 
de contribuição direta na folha de salários, destinado a algumas categorias 
de trabalhadores. Ou seja, são medidas compulsórias que têm como 
pressuposto a garantia estatal de recursos financeiros (para o trabalhador 
e sua família) em momentos de perda da capacidade laborativa (BEHRING; 
BOSCHETTI, 2010, p. 54).
 Saiba mais
Para saber mais sobre o período de expansão capitalista e a situação da 
classe trabalhadora, assista ao filme:
GERMINAL. Dir. Claude Berri. França: Renn Productions/France 2 Cinéma, 
1993. 160 minutos.
Para Pereira (2011), a legislação do seguro social inaugurada na década de 1880, também conhecida 
como socorro paliativo, consolidava o “reconhecimento das autoridades públicas de que a pobreza no 
capitalismo era produto do próprio desenvolvimento predatório do sistema” (PEREIRA, 2009, p. 60), 
ou seja, a preservação do sistema dependia de ações de proteção do trabalhador contra as perdas 
decorrentes de contingências sociais (doença, acidentes, envelhecimento, entre outros).
Enquanto o modelo bismarckiano de seguro social era destinado a algumas categorias da classe 
trabalhadora que contribuíam com o sistema de seguros sociais, de acordo com Pereira (2009) embora 
tivesse estabelecido “esquemas de pensões, de saúde e de seguro-desemprego, não impedia que milhões 
de pessoas permanecessem na pobreza e ainda se submetessem aos humilhantes e degradantes testes 
e meios para obter assistência pública” (PEREIRA, 2009, p. 93).
Em 1942, é lançado na Inglaterra, por William Beveridge, uma nova proposta de política social 
denominada de Relatório Beveridge sobre Seguro Social, mais conhecido como Plano Beveridge, o qual 
apresentava um conceito ampliado de seguridade social, que deu origem ao Welfare State e que iria 
propor uma revisão da proteção social da Inglaterra.
Modelo beveridgiano: proteção social via políticas de ampliação da seguridade 
social, que visam aumentar a responsabilidade estatal, universalizar os 
serviços sociais e implantar uma rede de segurança em forma de serviços de 
assistência social, cujo financiamento vem dos impostos fiscais e a gestão 
da política é estatal (BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 37)
20
Unidade I
O grande diferencial desse modelo de seguridade social consiste no fato de ser uma proposta 
nacional, unificada e com um eixo distributivo ao lado do contributivo, e eliminava os testes estabelecidos 
pelo modelo anterior. O modelo beveridgiano prometia combater cinco gigantes: ignorância, sujeira, 
enfermidade, preguiça e miséria (PEREIRA, 2009).
Destarte, na passagem para o século XX, o capitalismo assume uma condição monopolista marcada pela 
produção fordista/keynesiana, com profundas alterações políticas e econômicas (entre elas, a crise de 
1929) que fizeram com que o Estado mudasse sua postura em relação ao enfrentamento da questão social, 
incorporando as reivindicações da classe trabalhadora urbano-industrial e entendendo a pobreza como um 
problema decorrente da má distribuição de renda e do precário desenvolvimento social e econômico.
Conforme Pereira (2009), esse período foi marcado pela concepção política de Estado ampliado, 
defendida por John Maynard Keynes, de que o equilíbrio econômico não é autorregulado pelo mercado, 
como propunham os liberais. Assim, ele defendia a intervenção estatal como um agente externo ao 
mercado, com a finalidade de garantir o equilíbrio econômico e social.
O problema de distribuição estaria vinculado a um déficit de demanda 
efetiva (por bens e serviços) no mercado, criado pela sobreoferta de força de 
trabalho não absorvida pela esfera produtiva. Isto é, com o desenvolvimento 
das forças produtivas (ou, na interpretação keynesiana, em função do ainda 
insuficiente desenvolvimento), um contingente da população fica excluído 
do mercado de trabalho, e ao não poder vender sua força de trabalho, não 
tem fonte de renda que lhe permita adquirir no mercado bens e serviços(MONTAÑO, 2012, p. 275).
Com a crise capitalista, a pressão dos trabalhadores por melhorias sociais e a ameaça socialista do 
pós-segunda guerra mundial, o Estado passou a implementar uma série de políticas sociais. Esse período, 
segundo Montaño (2012), marca a responsabilização do Estado no tratamento da questão social, pois a 
pobreza deixa de ser considerada como culpa do indivíduo e passa a ser considerada como um caso de 
política. A transição para o Estado social nada mais é senão uma estratégia capitalista para inibir os conflitos 
e o descontentamento da classe trabalhadora por meio da institucionalização das necessidades sociais.
A solução para a pobreza gerada no pós-crise 1929 estaria no investimento em políticas sociais de 
pleno emprego, sob um sistema que ficou conhecido como o Estado de Bem-Estar Social (Welfare State) 
entre os anos de 1945-1975, posto que se as pessoas tivessem empregos, logo teriam condições de 
satisfazer suas necessidades sociais, diminuindo os problemas sociais a serem enfrentados pelo Estado. 
Segundo Montaño, o Estado social precisaria intervir fundamentalmente nos seguintes aspectos:
• Responder a algumas necessidades (carências)/demandas dessa 
população carente;
• Criar as condições para a produção e o consumo, incentivando a uma 
contenção do desemprego ou uma transferência de renda (seguridade 
social e políticas sociais) (MONTAÑO, 2012, p. 275).
21
POLÍTICA SETORIAL - ASSISTÊNCIA SOCIAL
 Lembrete
A política social passou a ser considerada como uma disciplina acadêmica 
e se inscreveu no âmbito das chamadas ciências sociais, rompendo com a 
concepção de administração social.
Na concepção de Behring e Boschetti (2010), não ocorreu necessariamente uma transição entre 
o Estado liberal e o Estado social, uma vez que ambos reconhecem a assistência social como um 
direito, sem colocar em pauta a gênese da questão social que está nos fundamentos do capitalismo. 
Dessa forma, apesar de a história sinalizar uma transição para o Estado social, o que ocorre é apenas 
a incorporação de orientações sociais democratas em um novo contexto socioeconômico de luta de 
classes. Assim, há uma unanimidade entre os autores ao situar o final do século XIX como o marco da 
atuação do Estado capitalista por meio de políticas sociais mais amplas, planejadas, sistematizadas e 
de caráter obrigatório.
Para melhor compreensão do tema estudado até aqui, segue um quadro resumo condensando as 
principais ações do Estado de combate à pobreza, ao passo que a assistência social transita da caridade 
a um direito social, e a política pública de proteção social caracterizada como política de assistência 
social vai se consolidando.
Quadro 1 – Síntese das ações do Estado de combate à pobreza
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Século XVI
Cultura da pobreza
Culpabilização do indivíduo
Problemas: educação, planejamento e comportamento
Ações de caridade e filantropia
Século XIX
Caso de polícia 
Criminalização da pobreza
Vadiagem é uma ameaça à ordem
Ações de repressão e castigo aos pobres
Século XX
Caso de política
Maior organização dos trabalhadores e pressão pelo reconhecimento de 
direitos sociais
A questão social é internalizada pelo Estado 
Políticas de assistência social 
Adaptada de: Montaño (2012).
Em relação à cronologia histórica de legislações que deram origem à política de assistência social 
brasileira, Behring e Boschetti (2010) pontuam que até dois anos antes da Proclamação da República 
(1889) não existia nenhuma legislação social, e posteriormente, tem-se o seguinte:
22
Unidade I
• 1888: Criação das Caixas de Socorro.
• 1889: Direito à pensão e a 15 dias de férias (para funcionários da imprensa nacional e ferroviários).
• 1891: Primeira legislação para assistência à infância.
• 1892: Direito à Pensão (funcionários da Marinha).
• 1907: Direito à Organização Sindical.
• 1911: Redução da jornada de trabalho para 12 horas diárias.
• 1923: Lei Eloy Chaves – Caixas de Aposentadoria e Pensão (CAPs) para ferroviários.
• 1927: Código de Menores.
Nesse sentido, a implementação da Lei Eloy Chaves é considerada um marco da formação da política 
social brasileira, visto ter sido a primeira do país a institucionalizar a previdência social, que serviu de 
base para a futura política de seguridade social.
O fundamental, nesse contexto do final do século XIX e início do século XX, 
é compreender que nosso liberalismo à brasileira não comportava a questão 
dos direitos sociais, que foram incorporados sob pressão dos trabalhadores 
e com fortes dificuldades para sua implementação e garantia efetiva 
(BEHRING; BOSCHETTI, 2010, p. 81).
A introdução da política social brasileira ocorre durante o Estado Novo, entre os anos de 1930 a 
1940, período pós-crise que fez com que ampliasse a intervenção estatal no tratamento das expressões 
da questão social. Tal fato marcou a dinâmica de desenvolvimento das políticas sociais, transitando da 
caridade para o direito, sob uma perspectiva política mais universalizante.
No fim da década de 1930, o presidente Getúlio Vargas passou a implantar diversos programas de 
assistência aos problemas sociais, prática comum nos governos desse período, e que ficou conhecida como 
assistencialismo. Para Iamamoto e Carvalho (2003), a primeira legislação brasileira que responsabiliza o 
Estado pelo atendimento e amparo aos pobres é a Carta Constitucional de 1934.
Assim, nota-se que a política de assistência social começa a ser desenhada na década de 1940, com 
a criação da LBA, a qual inicialmente era voltada para o atendimento das famílias dos convocados para a 
guerra e, posteriormente, voltou-se ao atendimento da população carente em geral, atuando como 
uma instituição de organização e articulação da assistência social brasileira.
Importa ressaltar que no final dos anos 1940 é criada a teoria de Marshall, acerca dos direitos de 
cidadania e dos serviços sociais públicos. Desse modo, conforme Pereira (2011), a cidadania é composta 
por três grupos de direitos:
23
POLÍTICA SETORIAL - ASSISTÊNCIA SOCIAL
I – direitos civis (surgidos no século XVIII);
II – direitos políticos (surgidos no século XIX);
III – direitos sociais (surgidos no século XX).
Assim, pela concepção de Marshall, os direitos sociais se referem ao bem-estar social e econômico 
dos indivíduos, que nessas circunstâncias possuem capacidade plena de exercer a sua cidadania e só 
assim serem considerados como cidadãos de direito.
 Observação
A contribuição de Marshall para a política social está na emancipação 
dos sujeitos sociais à cidadãos de direito, considerando o bem-estar social 
e econômico.
Figura 2 – Medalha da LBA
• 1944: Construção da sede da LBA na cidade do Rio de Janeiro.
• 1969: Decreto-lei n. 593 que transforma a LBA em uma fundação vinculada ao Ministério do 
Trabalho e Previdência Social.
• 1977: Lei n. 6.439 vincula a LBA ao Ministério da Previdência e Assistência Social.
• 1990: Decreto n. 99.244 vincula a LBA ao Ministério de Ação Social.
• 1995: Extinção da LBA pela Medida Provisória n. 813.
24
Unidade I
 Observação
O amparo aos pobres mencionado na Constituição de 1934 e a 
criação da LBA em 1942 são os precursores da política de assistência 
social no Brasil.
Conforme Barbosa, do Estado Novo até a publicação da Constituição Federal de 1988, a assistência 
social brasileira esteve vinculada a práticas clientelistas, ligadas à filantropia, por meio de intervenções 
fragmentadas e descontinuadas.
Mesmo quando a “questão social” transita de um caso de polícia para 
um caso de política – ou seja, quando o Estado assume o papel de 
intervir nas expressões das desigualdades sociais – a assistência social 
não foi “contemplada” como uma política social, resultante de relações 
conflituosas,contraditórias, determinadas pela luta de classes, pelo 
papel do Estado e sociedade, no marco das formações sociais de classe 
(BARBOSA, 2010, p. 236).
 Saiba mais
Para saber mais sobre a realidade das famílias que viviam em uma 
periferia brasileira nos anos de 1960 a 1980, assista:
CIDADE de Deus. Dir. Fernando Meirelles. Brasil: O2 Filmes, 2002. 130 minutos.
3 CONSTITUIÇÃO FEDERAL COMO SISTEMA AFIANÇADOR DE PROTEÇÃO SOCIAL
A Constituição Federal brasileira de 1988 instituiu no Brasil um relevante marco no processo 
histórico de construção de um sistema afiançado de direitos humanos e sociais como responsabilidade 
pública e estatal.
Conforme seu artigo 3º, constituem-se objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: a 
construção de uma sociedade livre, justa e solidária; garantia do desenvolvimento nacional; erradicação 
da pobreza e da marginalização e redução das desigualdades sociais e regionais; promoção do bem de 
todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação 
(BRASIL, 1988).
Na emenda de 2010 da Constituição, o artigo 6º apresenta como direitos sociais a educação, a saúde, 
a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade 
e à infância e a assistência aos desamparados (BRASIL, 1988).
25
POLÍTICA SETORIAL - ASSISTÊNCIA SOCIAL
Com a incorporação desses artigos e o reconhecimento do compromisso do Estado com o bem-estar da 
população, a Constituição Federal instaurou um novo paradigma para sociedade brasileira, introduzindo 
o conceito de seguridade social, promovendo e garantindo uma vida digna a todos os cidadãos.
Segundo o artigo 194º, a seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de 
iniciativas dos poderes públicos e da sociedade que, destinado a assegurar os direitos relativos à saúde, 
à previdência e à assistência social, traz para a responsabilidade do Estado, ainda, a competência de 
organizar a seguridade social com base nos seguintes objetivos:
Quadro 2 – Objetivos da política de seguridade social brasileira
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I – Universalidade da cobertura e do atendimento
II – Uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais
III – Seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços
IV – Irredutibilidade do valor dos benefícios
V – Equidade na forma de participação no custeio
VI – Diversidade da base de financiamento
VII – Caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão 
quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e 
do Governo nos órgãos colegiados (Emenda Constitucional n. 20, de 1988).
Adaptada de: Constituição Federal (1988).
A seguridade social preconizada na Constituição configura, assim, um sistema de proteção social:
[...] por meio do qual a sociedade proporcionaria a seus membros uma série de 
medidas públicas contra as privações econômicas e sociais. Sejam decorrentes 
de riscos sociais – enfermidade, maternidade, acidente de trabalho, 
invalidez, velhice, morte, sejam decorrentes das situações socioeconômicas 
como desemprego, pobreza ou vulnerabilidade, as privações econômicas e 
sociais devem ser enfrentadas, pela via da política da seguridade social, pela 
oferta pública de serviços e benefícios que permitam em um conjunto de 
circunstâncias a manutenção de renda, assim como o acesso universal à 
atenção médica e socioassistencial (JACCOUD, 2009, p. 62).
Composto pelo tripé da seguridade social, o sistema de proteção social proposto pela Constituição é 
formado pela articulação das políticas sociais de saúde, previdência social e assistência social.
Previdência social Assistência socialSaúde
Constituição Federal – art. 194
Política contributiva Proteção social não 
contributiva - a quem 
dela necessitar
Figura 3 – Tripé da seguridade social
26
Unidade I
 Lembrete
A saúde é para todos, a previdência é para quem contribui e a assistência 
social é para quem dela necessitar.
Cabe à política de saúde, conforme o art. 196, a garantia da universalidade, constituindo-se em 
direito de todos e dever do Estado, devendo ser ofertada por meio de políticas sociais e econômicas que 
visem à redução do risco de doença e de outros agravos, bem como ao acesso universal e igualitário às 
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (BRASIL, 1988).
A política de previdência social está organizada nos parâmetros do sistema de proteção social 
contributiva, ou seja, são segurados somente os trabalhadores formais, que contribuem mensalmente 
com valores incidentes sobre a remuneração. Atualmente, há também as categorias de contribuinte 
individual, destinada aos trabalhadores autônomos ou de caráter eventual, ou seja, que exercem 
atividades de forma não contínua e esporádica, sem subordinação e horário; e contribuinte facultativo, 
destinada às pessoas maiores de 16 anos de idade que não exerçam atividades remuneradas que as 
enquadre como segurado obrigatório da previdência social.
O direito ao benefício vincula-se ao provimento de subsistência do beneficiário em caso de perda de 
sua capacidade laborativa, como doença, invalidez, morte e idade avançada; proteção à maternidade, 
proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário; salário-família e auxílio-reclusão 
para os dependentes dos segurados de baixa renda, pensão por morte do segurado, homem ou mulher, 
ao cônjuge ou companheiro e dependentes (BRASIL, 1988).
Já a assistência social se insere na qualidade de proteção social não contributiva, ou seja, independe 
de contribuição prévia à seguridade social e, segundo art. 203 da Constituição, será prestada a quem 
dela necessitar, tendo como objetivos:
Quadro 3 – Objetivos da política de assistência social
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I – A proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice
II – O amparo às crianças e adolescentes carentes
III – A promoção da integração ao mercado de trabalho
IV – A habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a 
promoção de sua integração à vida comunitária
V – A garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora 
de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria 
manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei
Adaptada de: Brasil (1988).
27
POLÍTICA SETORIAL - ASSISTÊNCIA SOCIAL
Cabe ressaltar que a introdução da política de assistência social no eixo da seguridade social, na 
Constituição Federal, em 1988, ocorreu “mais pela decisão política do grupo de ‘transição democrática’ 
da denominada Nova República, período que marcou a passagem do final da ditadura militar 
ao processo constituinte e reconstrução institucional do Estado de Direito”, que “analisou e propôs 
a gestão da previdência social expurgada do que não era, stricto sensu , seguro social”; ou seja, a 
“constituição político-institucional da assistência social na seguridade social se deu pela negativa, 
isto é, passou a ser campo de assistência social, o que não era da previdência social por não ser 
benefício decorrente de contribuições prévias”. Dessa forma, a “introdução da função assistência 
social como política de seguridade social não resultou de um processo político pela ampliação do 
pacto social brasileiro” (SPOSATI, 2007, p. 445-446).
No entanto, não se pode negar que o rebatimento dessa questão repercute na introdução de uma 
nova concepção para essa política, que implica uma mudança de postura dos órgãos executores públicos, 
principalmente após a implantação do Suas.
Embora, no início, ela tenhasido definida genericamente como “proteção à vida e à cidadania”, 
isso já trouxe à tona a questão da discussão sobre o direito social e a universalidade de acesso. Porém, 
muitas vezes, sua atuação tenha tomado o caráter de política complementar, e a redação do art. 203 da 
Constituição Federal de 1988, “a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade 
social” possibilite uma interpretação reducionista voltada às pessoas sem poder econômico, embora 
pudéssemos analisar também que, “independente da contribuição”, nos remete à discussão sobre a 
universalidade de acesso e direito social (ARAÚJO, 2009).
Dado o histórico conceitual da assistência social em nosso país, a tendência é a interpretação baseada 
na primeira alternativa. Como analisa Nozabielli:
A imediata relação dessa expressão com a pobreza possibilitou que o 
entendimento do campo da política de assistência social permanecesse 
o mesmo. “Aliás, a lei havia escrito exatamente o que a assistência social 
representava: uma política pobre para atender o pobre e a pobreza” 
(NOZABIELLI, 2008, apud ARAÚJO, 2009, p. 51).
Entretanto, para efeito deste estudo, iremos nos orientar quanto à segunda interpretação descrita 
anteriormente, ou seja, aquela relacionada à universalidade de acesso e direito social. Nesse sentido, 
o reconhecimento da assistência social como política pública e dever do Estado propõe a ruptura 
dos paradigmas e concepções conservadoras de caráter benevolente e assistencialista, prevendo a 
garantia de financiamento com recursos do orçamento da seguridade social, previstos no art. 195, 
a descentralização político-administrativa para estados e municípios, no que tange à coordenação e 
execução dos programas, cabendo à esfera federal a coordenação e as normas gerais, segundo art. 204, 
inciso I, e a participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das 
políticas e no controle das ações em todos os níveis, segundo o inciso II (BRASIL, 1988).
28
Unidade I
Portanto:
Referir-se à assistência social como um sistema de proteção social supõe 
compreender que sua organização e desenvolvimento são configurados 
historicamente, dadas as condições sociais, políticas e econômicas de uma 
sociedade onde as relações sociais determinam em última instância sua 
abrangência, complexidade e cobertura (ARAÚJO, 2009, p. 40).
Como afirmam Silva, Yazbek e Giovanni:
Os modernos sistemas de proteção social não são apenas respostas 
automáticas e mecânicas às necessidades e carências apresentadas e 
vivenciadas pelas diferentes sociedades. Muito mais do que isso, eles 
representam formas históricas de consenso político, de sucessivas e 
intermináveis pactuações que, considerando as diferenças existentes no 
interior das sociedades, buscam, incessantemente, responder a, pelo menos, 
três questões: quem será protegido? Como será protegido? Quanto de 
proteção? (SILVA; YAZBEK; DI GIOVANNI, 2008, p. 18).
A PNAS de 2004 apresenta o significado da proteção social como sendo as formas:
institucionalizadas que as sociedades constituem para proteger parte ou o 
conjunto de seus membros. Tais sistemas decorrem de certas vicissitudes 
da vida natural ou social, tais como a velhice, a doença, o infortúnio, as 
privações. [...] Neste conceito, também, tanto as formas seletivas de 
distribuição e redistribuição de bens culturais (como os saberes), que 
permitirão a sobrevivência e a integração, sob várias formas na vida social. 
Ainda, os princípios reguladores e as normas que, com intuito de proteção, 
fazem parte da vida das coletividades (BRASIL, 2004a, p. 31).
Segundo o texto da PNAS, a assistência social “configura-se como possibilidade de reconhecimento 
público da legitimidade das demandas de seus usuários e espaço de ampliação de seu protagonismo” 
(BRASIL, 2004a, p. 31).
Desse modo, vai se delimitando o conceito de proteção social no âmbito da assistência social, como 
consequência da política pública de alcance mais amplo:
Podendo organizar-se não apenas para a cobertura de riscos sociais, 
mas também para a equalização de oportunidades, o enfrentamento das 
situações de destituição e pobreza, o combate às desigualdades sociais e a 
melhoria das condições sociais da população (JACCOUD, 2009, p. 3).
Desse modo, “a política de assistência social, enquanto mediação entre Estado e sociedade, 
é determinada pela relação entre as forças sociais e políticas na qual se funda e que repercute na 
29
POLÍTICA SETORIAL - ASSISTÊNCIA SOCIAL
legitimidade do seu estatuto de política pública” (ARAÚJO, 2009, p. 41), principalmente por se tratar de 
uma política não contributiva.
Segundo Sposati:
O âmbito de uma política social é resultante de um processo social, 
econômico, histórico e político e, por consequência, flui das orientações 
que uma sociedade estabelece quanto ao âmbito das responsabilidades — se 
públicas ou privadas — para prover as necessidades de reprodução social. A 
política social refere como dever de Estado e direito do cidadão as provisões 
que têm provisão pública, isto é, aquelas que transitam da responsabilidade 
individual e privada para a responsabilidade social e pública. É bom sempre 
relembrar que o processo de reprodução social não é autônomo do processo 
de produção social, assim, as demandas por proteção social têm relação 
intrínseca com o modo de inserção do cidadão no processo produtivo e o 
modo de produção da sociedade de mercado (SPOSATI, 2007, p. 437).
Importante não esquecer que a assistência social se instala em um campo social constituído por 
iniciativas históricas advindas da compaixão, do altruísmo e de práticas religiosas voltadas ao exercício 
do amor ao próximo e à caridade. Portanto, o primeiro desafio que é colocado para essa política se situa 
na separação do campo público e as práticas privadas, para depois reconstruir novas formas de relação 
entre um e outro (ARAÚJO, 2009). Nesse sentido, a assistência social não se desvinculou totalmente do 
antigo caráter de benemerência.
É na correlação de forças sociais e políticas que são estabelecidos os padrões 
de acesso a bens e serviços a serem viabilizados através das políticas 
sociais, cuja densidade político-emancipatória possibilita configurar-se como 
mecanismo de distribuição de riquezas (PAIVA, 2006 apud ARAÚJO, 2009, p. 41).
A perspectiva conservadora de nossa sociedade ainda confere à assistência social a concepção de 
ajuda, atribuindo individualmente a responsabilidade pela situação vivenciada, destituindo, assim, a:
dimensão econômica e política, dificultando o seu reconhecimento como 
política pública. [...] Associada à benevolência configurou-se como uma prática 
“natural” inerente à solidariedade entre indivíduos, com presença subsidiária do 
Estado e reiterada pelo ideário neoliberal predominante na sociedade brasileira 
que considera a proteção social do âmbito privado e não público. Agrega ainda 
Mestriner (2001), que o reconhecimento das necessidades sociais pelo Estado 
tem sido mediado por organizações privadas, “truncando a possibilidade de 
efetivação da cidadania dos segmentos fragilizados” (MESTRINER, 2001 apud 
ARAÚJO, 2009, p. 42).
As práticas privadas são, por natureza, individualizadas, já que se vinculam às missões estatutárias 
de suas organizações e são dirigidas a algumas pessoas ou grupos. A ação pública, por seus princípios, 
30
Unidade I
é destinada a todos e tem a responsabilidade de resolver, suprir e prover determinadas necessidades 
sociais da população.
A introdução da assistência social no campo da seguridade social, na Constituição Federal de 1988, 
atribui sua responsabilidade à primazia do Estado, por meio da “descentralização político-administrativa, 
cabendo a coordenação e as normas gerais à esfera federal; e a coordenação e execução dos respectivos 
programas às esferas estadual e municipal, bemcomo a entidades beneficentes e de assistência social” 
(BRASIL, 1988, art. 204, inciso I); e prevendo a “participação da população, por meio de organizações 
representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis” (BRASIL, 1988, 
art. 204, inciso II), impetrou uma redefinição da relação entre Estado e sociedade.
Essa redefinição vem sendo reiterada, desde então, nas legislações que norteiam as diretrizes da 
política (Loas – Lei n. 8.742 de 1993, PNAS de 2004, Lei n. 12.435 de 2011, que altera a Lei n. 8.742).
Afirmar a existência de um campo de proteção social não contributiva e incluí-lo sob a égide da 
responsabilidade estatal significa aceitá-lo como domínio da gestão pública, ou seja, uma área da ação 
estatal de responsabilidade dos três entes federativos.
Dessa forma, o rompimento com as ações de caridade e da solidariedade em torno da assistência 
social, previsto no âmbito da legislação, vislumbra um novo caminho de construções coletivas e de 
responsabilidades atribuídas a cada segmento.
A inclusão da assistência social na seguridade social foi uma decisão 
plenamente inovadora. Primeiro, por tratar esse campo como de conteúdo 
da política pública, de responsabilidade estatal, e não como uma nova ação, 
com atividades e atendimentos eventuais. Segundo, por desnaturalizar o 
princípio da subsidiariedade, pelo qual a ação da família e da sociedade 
antecedia a do Estado. O apoio a entidades sociais foi sempre o biombo 
relacional adotado pelo Estado para não quebrar a mediação da religiosidade 
posta pelo pacto Igreja-Estado. Terceiro, por introduzir um novo campo em 
que se efetivam os direitos sociais (SPOSATI, 2009, p. 14).
A promulgação da Loas formaliza a assistência social como política pública, reitera as diretrizes 
propostas em 1988, pela Constituição Federal, como a descentralização político-administrativa para 
os estados, o Distrito Federal e os municípios; comando único das ações em cada esfera de governo; 
a participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e 
no controle das ações em todos os níveis; e a primazia da responsabilidade do Estado na condução da 
política de assistência social em cada esfera de governo (BRASIL, 1993).
O comando único, previsto no inciso I do artigo citado, caracteriza-se por:
um núcleo coordenador da política de assistência social em cada uma das 
instâncias de governo vai pressupor a estruturação de um órgão executivo 
próprio, articulado ao cumprimento das suas competências específicas – nos 
31
POLÍTICA SETORIAL - ASSISTÊNCIA SOCIAL
níveis de normatização, regulamentação, planejamento, execução e avaliação 
– devendo ser desenvolvidas em um processo integrado de cooperação e 
complementaridade intergovernamental, que evite paralelismos e garanta 
unidade e continuidade das ações (BRASIL, 2008a, p. 18).
Em relação ao financiamento, previsto no art. 28 da Loas, será constituído com recursos da União, 
dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, das demais contribuições sociais previstas no art. 195 
da Constituição Federal, além daqueles que compõem o Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS).
Dos empregadores 
(incidente sobre a folha de 
salários, o faturamento e o lucro)
Dos trabalhadores Sobre a receita de concursos de prognósticos
Figura 4 – Financiamento da política de assistência social.
 Observação
De acordo com o § 1º do art. 26 da Lei n. 8.212/91, concursos e 
prognósticos são “todos e quaisquer concursos de sorteios de números, 
loterias, apostas, inclusive as realizadas em reuniões hípicas, nos âmbitos 
federal, estadual, do Distrito Federal e municipal” (BRASIL, 1991).
As organizações representativas, denominadas conselhos de assistência social, constituem-se enquanto:
instâncias deliberativas, de caráter permanente e composição paritária 
entre governo e sociedade civil, apontam para a democratização da 
gestão, confrontando o modelo centralizado e tecnocrático existente, 
introduzindo a possibilidade de ampliar os espaços decisórios e o controle 
social, através de um sistema aberto à participação da sociedade civil 
(BRASIL, 2008a, p. 18).
 Saiba mais
Sobre o financiamento da assistência social, leia:
BRASIL. Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome. 
Subsecretaria de Planejamento e Orçamento. Coordenação-geral de 
Planejamento e Avaliação. Nota técnica: financiamento da assistência 
social no Brasil. Brasília, 2010. Disponível em: <http://www.mds.gov.br/
webarquivos/publicacao/assistencia_social/Cadernos/Nota_Tecnica_
Financiamento.pdf>. Acesso em: 27 jun. 2019.
32
Unidade I
Vimos até aqui que o gestor público deve deslocar sua preocupação da ação dos processos de ajuda 
às entidades sociais e se responsabilizar diretamente por criar soluções e respostas às necessidades de 
proteção social da população. Sendo assim, cabe definir no que se constitui afinal a proteção social.
O sentido da palavra proteção (protectione, do latim) supõe defesa de algo, amparo, socorro, apoio, 
guarda. Remete à ideia de preservação, de impedimento e de segurança. A partir desse conceito, a 
política de assistência social preconiza e afiança seu sistema de proteção social, na garantia da segurança 
necessária à sobrevivência, rendimento, autonomia, acolhida, convívio e vivência familiar e comunitária.
Sposati complementa:
A ideia de proteção social exige forte mudança na organização das atenções, 
pois implica superar a concepção de que se atua nas situações só depois de 
instaladas, isto é, depois que ocorre uma desproteção. A aplicação ao termo 
“desproteção” destaca o usual sentido de ações emergenciais, historicamente 
atribuído e operado no campo da assistência social. A proteção exige que se 
desenvolvam ações preventivas (SPOSATI, 2009, p. 21).
O resultado desse processo foi a materialização da construção coletiva do redesenho dessa política, 
proposto pela PNAS de 2004, na perspectiva de implementação do Suas, fruto do cumprimento das 
deliberações da IV Conferência Nacional de Assistência Social, realizada em Brasília, em dezembro de 
2003. Em 23 de junho de 2004, o MDS, por intermédio da Secretaria Nacional de Assistência Social 
(SNAS), apresentou a versão preliminar do texto, que foi:
amplamente divulgada e discutida em todos os estados brasileiros nos 
diversos encontros, seminários, reuniões, oficinas e palestras que garantiram 
o caráter democrático e descentralizado do debate envolvendo um grande 
contingente de pessoas em cada estado deste país. Este processo culminou 
com um amplo debate na Reunião Descentralizada e Participativa do CNAS 
realizada entre os dias 20 e 22 de setembro de 2004, em que foi aprovada, 
por unanimidade, por aquele colegiado (BRASIL, 2004a, p. 11).
A partir de então, esforços foram conjugados no sentido de avançar progressivamente na construção 
do Suas, integrado pelos entes federativos, pelos respectivos conselhos de assistência social e pelas 
entidades e organizações de assistência social, sendo que a instância coordenadora da PNAS, nesse 
período, foi o MDS (BRASIL, 2011f). Desde 1º de janeiro de 2019, é chamado de Ministério da Cidadania.
Apesar de a política de assistência social estar direcionada à proteção em situações em que a 
ausência de renda e o acesso a bens e serviços podem agravar as situações de riscos e vulnerabilidades, 
o seu caráter relacional, ou seja, o fato de proteger também as violações oriundas das relações familiares 
e comunitárias faz com que tenha uma amplitude para além do corte de renda das populações que 
poderão utilizar seus serviços. Por isso, adquire um caráter de política pública e tem como um de 
seus princípios a universalidade de acesso. Nesse sentido, podemos dizer que a frase “para quem dela 
necessitar” não se refere à parcela da população pobre ou excluída socialmente.
33
POLÍTICASETORIAL - ASSISTÊNCIA SOCIAL
Um dos requisitos da proteção social a que ela está relacionada faz menção aos conceitos de 
prevenção, base da sua atuação nos territórios de vulnerabilidade. Portanto, podemos entender que:
prevenir significa dar condições para o enfrentamento de uma situação que 
pode prejudicar algo ou alguém, antes que ela se instale, demonstrando a 
possibilidade de deslocamento da condição mais frágil, vulnerável, para a 
condição mais forte, protegido (ARAÚJO, 2009, p. 54).
A condição de estar protegido significa, segundo Sposati (2007), ter uma capacidade de 
enfrentamento e resistência para impedir que as agressões, precarizações ou privações da vida e das 
relações estabelecidas entre os pares deteriorem nossa condição de cidadão, sujeito de direitos, ser 
humano, porém, “estar protegido não é uma condição inata, ela é adquirida não como mera mercadoria, 
mas pelo desenvolvimento de capacidades e possibilidades” (SPOSATI, 2007, p. 17).
A PNAS define como público usuário da assistência social cidadãos e grupos que se encontram em 
situações de vulnerabilidade e riscos, tais como:
famílias e indivíduos com perda ou fragilidade de vínculos de afetividade, 
pertencimento e sociabilidade; ciclos de vida; identidades estigmatizadas 
em termos étnico, cultural e sexual; desvantagem pessoal resultante de 
deficiências; exclusão pela pobreza e, ou, no acesso às demais políticas 
públicas; uso de substâncias psicoativas; diferentes formas de violência 
advinda do núcleo familiar, grupos e indivíduos; inserção precária ou não 
inserção no mercado de trabalho formal e informal; estratégias e alternativas 
diferenciadas de sobrevivência que podem representar risco pessoal e social 
(BRASIL, 2004a, p. 33).
“O conceito de vulnerabilidade social adotado pela PNAS é multidimensional, abrangendo não 
somente a ausência ou insuficiência de renda, mas situações excludentes e discriminatórias processadas 
nas relações sociais” (ARAÚJO, 2009, p. 55).
Analisamos, assim, a partir dos estudos de Oliveira (1995, apud ARAÚJO, 2009), que a vulnerabilidade, 
ainda que deva ser a base material para seu mais amplo enquadramento, é insuficiente e incompleta, porque 
não especifica as condições pelas quais se ingressa no campo dos vulneráveis, existindo outras 
situações para além da ausência de renda que atingem os grupos étnico-raciais, as mulheres, os grupos 
indígenas, os trabalhadores rurais, os nordestinos, entre outros. Dessa forma, os autores citados situam 
as vulnerabilidades sociais no campo das relações sociais, e suas compreensões devem perpassar “pela 
ação de outros agentes sociais e que devem ser enfrentadas por meio das políticas públicas, sendo 
fundamental situá-las no campo dos direitos, como diz Oliveira, ‘retirando-as da conceituação de 
carências’” (ARAÚJO, 2009, p. 55).
Para concluir, Araújo (2009) ressalta que as respostas à totalidade das demandas não são de exclusiva 
atribuição da assistência social.
34
Unidade I
4 POLÍTICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
Conforme demonstrado, a política de assistência social brasileira é efetivamente consolidada como 
um direito social a partir da promulgação da Carta Constitucional de 1988.
Trata-se, portanto, de uma política que visa promover a seguridade social de todo cidadão brasileiro, 
e que pode ser entendida como um amplo sistema de proteção social, o qual deve ser implementado de 
maneira intersetorial e com equipes de atendimento interdisciplinares.
Entretanto, nota-se a existência de um lapso temporal entre a divulgação da Constituição de 1988 e 
a regulamentação da política de assistência social, pois somente em 1993 (cinco anos depois) foi criada 
uma lei de regulamentação para a assistência social, a Loas. Vale a pena ressaltar que nesse ínterim, a 
assistência social continuou sendo implementada pela LBA, até a sua extinção em 1995.
Em seguida, foi preciso aguardar mais onze anos até a consolidação da PNAS no ano de 2004, a 
qual foi sequenciada em 2005 pelo Suas. Em uma linha cronológica, tem-se que a política de assistência 
social brasileira foi consolidada a partir das seguintes (principais) conquistas:
1988 - Política 
de Seguridade 
Social na CF/88
2004 - Política 
Nacional de 
Assistência Social 
(PNAS)
1993 - Lei Orgânica de 
Assistência Social (Loas)
2005 - Sistema Único de 
Assistência Social (Suas)
Figura 5 – Trajetória da implementação da política de assistência social
Conforme exposto, a assistência social rompeu com o viés caritativo e filantrópico ao se tornar um 
direito social pautado na Constituição Federal da República Brasileira. Tal fato consagrou a instituição 
de uma política social de proteção social aos cidadãos, a partir de uma perspectiva de seguridade social 
ampliada e de responsabilização do Estado pelo tratamento das desigualdades sociais.
 Lembrete
A política de assistência social brasileira teve influência do modelo 
beveridgiano, o qual previa a universalização dos serviços sociais e a 
implantação uma rede de segurança em forma de serviços de assistência 
social (BEHRING; BOSCHETTI, 2010).
35
POLÍTICA SETORIAL - ASSISTÊNCIA SOCIAL
Em 6 de julho de 2011, o Suas se materializa efetivamente, por meio da Lei n. 12.435, que altera 
a Loas, Lei n. 8.742, de 7 de dezembro de 1993, dispondo sobre a organização da assistência social a 
partir de então.
Na Lei n. 8.742, de 1993, o art. 2º apresentava a seguinte redação: 
I – a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;
II – o amparo às crianças e adolescentes carentes;
III – a promoção da integração ao mercado de trabalho;
IV – a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a 
promoção de sua integração à vida comunitária;
V – a garantia de 1 (um) salário mínimo de benefício mensal à pessoa 
portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover 
a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família (BRASIL, 1993).
Com a Lei n. 12.435, de 2011, sofre alteração conforme apresentado a seguir, em que os incisos I, II 
e III têm nova redação, e no inciso I as alíneas “a”, “b”, “c”, “d”, e “e” são incluídas.
Assim, passa a ser objetivo da assistência social, conforme art. 2º da Lei n. 12.435:
I – a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de danos e à 
prevenção da incidência de riscos, especialmente
a) a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; 
b) o amparo às crianças e aos adolescentes carentes;
c) a promoção da integração ao mercado de trabalho;
d) a habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e a promoção de 
sua integração à vida comunitária; e
e) a garantia de 1 (um) salário-mínimo de benefício mensal à pessoa com 
deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria 
manutenção ou de tê-la provida por sua família;
II – a vigilância socioassistencial, que visa a analisar territorialmente a 
capacidade protetiva das famílias e nela a ocorrência de vulnerabilidades, de 
ameaças, de vitimizações e danos;
36
Unidade I
III – a defesa de direitos, que visa a garantir o pleno acesso aos direitos no 
conjunto das provisões socioassistenciais.
Parágrafo único. Para o enfrentamento da pobreza, a assistência social 
realiza-se de forma integrada às políticas setoriais, garantindo mínimos 
sociais e provimento de condições para atender contingências sociais e 
promovendo a universalização dos direitos sociais (BRASIL, 2011g).
O art. 4º da Loas apresenta os princípios dessa política, que serão abordados posteriormente:
I – supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências 
de rentabilidade econômica;
II – universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da 
ação assistencial alcançável pelas demais políticas públicas;
III – respeito

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