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1 Bioenergética e Metabolismo Energético [Princípios] Humberto Muquingue, 2021 hmuking@gmail.com 1 BIOENERGÉTICA 2 OBJECTIVOS EDUCACIONAIS BIOENERGÉTICA No fim desta aula os estudantes deverão ser capazes de: 1. Explicar por suas próprias palavras o interesse da termodinâmica para a compreensão do funcionamento dos sistemas biológicos 2. Enunciar as leis da termodinâmica ligadas à bioenergética 3. Explicar o significado das seguintes palavras: entalpia, entropia, energia, equilíbrio calórico, calor de combustão, exergónico e endergónico 4. Definir o que é a energia livre de Gibbs 5. Identificar os factores que influenciam a energia livre de Gibbs 6. Resolver problemas simples de termodinâmica 7. Definir Joule e caloria, e indicar os respectivos factores de conversão 8. Explicar o significado de: taxa metabólica basal, MET, dispêndio energético, efeito termogénico 9. Listar e justificar os factores que alteram a taxa metabólica basal 10. indicar como se calculam os valores referentes ao metabolismo basal 11. Justificar o interesse clínico do estudo do metabolismo energético 12. Explicar os factores que governam a ocorrência dos fenómenos biológicos do ponto de vista termodinâmico 3 Introdução • A habilidade de captar energia e canalizá-la para o trabalho biológico é a principal propriedade de todos organismos vivos. • Um dos objectivos da Bioquímica é entender em termos quantitativos e químicos amaneira como a energia é extraída, canalisada e consumida nas células vivas. • A parte da Bioquímica que faz isso é a Bioenergética. • As transformações bioquímicas obedecem as leis da termodinâmica. 4 1 2 3 4 2 As células e os organismos precisam de realizar trabalho para a manutenção da vida, crescimento e reprodução. Os principais tipos de trabalho são: • Trabalho químico: síntese de compostos e componentes celulares • Trabalho osmótico: acúmulo e retenção de sais e outros compostos contra gradientes de concentração • Trabalho mecânico: contracção muscular e movimentação de flagelos 5 DEFINIÇÕES • Bioenergética Aplicação das leis da termodinâmica às reacções do metabolismo; é também conhecida por termodinâmica bioquímica ou metabólica. • Metabolismo energético Conjunto de processos ligados à obtenção de energia nos sistemas biológicos. • Energia Capacidade para realizar trabalho • Joule Trabalho realizado por uma força de um Newton actuando ao longo de um metro na direcção do deslocamento [James P. Joule (1818-1889)] • Caloria Quantidade de calor necessária para elevar em 1 grau Celsius a temperatura de um grama de água. 6 APLICAÇÕES DA TERMODINÂMICA • Reacções químicas singulares: Raras, não há reacções isoladas, tanto os substratos como os produtos são derivados ou usados em outras reacções. • Séries de reacções consecutivas: Catalizadas por enzimas; para uma dada conversão A → B, há um certo número de reacções intermédias Tanto a reacção global como as individuais respeitam os princípios termodinâmicos. • Transporte de substratos através de uma membrana: Não são reacções puras, dado que os compostos de um e de outro lado da membrana são idênticos; O processo de transporte pode usar mecanismos similares às reacções enzimáticas; daí, é melhor entendido com princípios metabólicos. 7 IMPORTÂNCIA CLÍNICA DA BIOENERGÉTICA • Nutrição parenteral (prematuros, choque, trauma grave, estados vegetativos) • Desequilíbrios energéticos (marasmo, doença da tiróide) • Insuficiência renal e hepática • Desporto de alta competição • Actividade física (como determinante de saúde e de doença) • Obesidade (baixo dispêndio energético de repouso é factor de risco) • Deficiências inatas do metabolismo 8 5 6 7 8 3 PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA • Também chamada por “lei da conservação da matéria”. A lei tem a ver com a quantidade de energia interna contida num composto ou sistema. • “A energia total de um sistema, ou entalpia, incluindo a do seu ambiente exterior, permanece constante”. • A energia não pode ser criada ou destruída, apenas pode ser convertida de uma forma para outra. 9 PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA • Expressão matemática: A variação da energia interna ΔH quando um mole de A é convertido em B, é igual ao calor q produzido (ou consumido) mais o trabalho w realizado durante a reacção: ΔH = q – w • ΔH é conhecido como variação da entalpia, calor de reacção, calor de combustão ou energia máxima disponível 10 IMPLICAÇÕES DE ΔH • ΔH > 0: o sistema absorve calor - é endotérmico • ΔH < 0: o sistema liberta calor - é exotérmico • ΔH = 0: toda a entalpia aparece como calor pois nenhum trabalho é realizado • ΔH é independente do mecanismo de reacção, ex: glicose oxidada por combustão em oxigénio ou glicose utilizada pela acção concertada da glicólise e da via do ciclo de Krebs 11 VALOR ENERGÉTICO DOS PRINICPAIS CONSTITUINTES DA DIETA Valores de ΔH (KJ/g) • Proteínas………….…….17 • Gorduras…………….…..38 • Glícidos………………….17 • Etanol…………………….29 12 9 10 11 12 4 SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA • "A qualidade da energia é perdida irreversivelmente“. • Todos os processos de ocorrência natural realizam-se numa direcção que os leve a um nível mínimo de energia. • O sentido "normal" das coisas e dos processos é para o caos, a desordem e o acaso. 13 SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA • A energia potencial transforma-se em energia cinética. • A vibração dos átomos num sólido ou o movimento de moléculas num gás é transformada em calor (uma forma de energia de "baixa qualidade“ e altamente desorganizada). • Exemplo: a água flui de cima para baixo; uma mola comprimida tende a expandir-se sózinha; um copo de vidro parte-se em fragmentos. Nenhum destes pode fazer o processo inverso sem intervenção externa ! 14 SEGUNDA LEI DA TERMODINÂMICA • Quanto maior a desorganização de um sistema, maior a sua entropia (S) (entrope, do grego, mudança). • Somente introduzindo energia no sistema esta desordem pode ser contrabalançada. O que isto diz sobre o facto de os sistemas biológicos serem altamente organizados? • Exemplo: os seres vivos conseguem construir moléculas grandes e complexas a partir de materiais simples altamente entropizados. 15 VARIAÇÃO DE ENERGIA LIVRE DE GIBBS • É um conceito que associa as duas primeiras leis da termodinâmica. • Responde à questão: O que acontece a uma reacção quando uma força é favorável e a outra não? • Lembre-se que a energia livre G é a energia disponível para realizar trabalho. 16 13 14 15 16 5 VARIAÇÃO DE ENERGIA LIVRE DE GIBBS Há 3 modelos matemáticos para entender-se ΔG: 1. para reacções químicas em geral: ΔG = G produtos - G reagentes: A quantidade de energia libertada ou consumida por uma reacção química é dada pela diferença entre o conteúdo energético dos produtos e dos reagents. 2. para o movimento de compostos através de uma membrana: ΔG = 2.3 RT log C2/C1, em que C1 e C2 representam as concentrações de moléculas de um e de outro lado da membrana. Exemplo: gradiente de H+ na produção mitochondriall de ATP 17 VARIAÇÃO DE ENERGIA LIVRE DE GIBBS 3. Considera variações de entalpia e de entropia: ΔG = ΔH - TΔS, em que TΔS é o calor introduzido no sistema e não disponível para realizar trabalho: • Assume que se G = H – TS, então ΔG = ΔH – T(ΔS) • A fórmula é ΔG = ΔH – TΔS, se a temperatura e a pressão forem constantes. • ΔGo = ΔHo – TΔSo, se em condições-padrão (energia-livre padrão) 18 IMPLICAÇÕES DA ENERGIA LIVRE • A energia livre G é a única que as células têm para realizar trabalho, uma vez que não podem usar calor (porque não?) • Se ΔG for negativo: A reacção é termodinamicamente possível ou seja, liberta energia. Os produtos têm menos energia que os substratos. A reacção recebe o nome de “exergônica” (ergon, trabalho). 19 IMPLICAÇÕES DA ENERGIA LIVRE • Se ΔG for positivo: A reação é não-expontânea, apenas ocorre se puder absorver energia. Como? O processo inversoé expontâneo. Uma reacção deste tipo designa-se por “endergônica”. • Se ΔG = 0: Não há variação de energia; o processo está em equilíbrio. Qual é o efeito disto numa célula? 20 17 18 19 20 6 FAVORÁVEL DESFAVORÁVEL ΔHo < 0 ΔHo > 0 ΔSo > 0 ΔSo < 0 Assim: • ΔG é NEGATIVO para qualquer reacção que seja favorecida quer por ΔH quer por ΔS, isto é ΔH<0 e ΔS>0. • Qualquer reacção com um ΔG negativo é expontânea ou favorável. 21 APLICAÇÕES COMPOSTO ΔHf o(kJ/mole) ΔS°(J/mole-K) N2(g) 0 191.61 H2(g) 0 130.68 NH3(g) -46.11 192.45 Calcule ΔH° and ΔS° para a seguinte reacção e decida em que direcção cada um dos factores termodinâmicos conduz a reacção: N2(g) + 3 H2(g) 2 NH3(g) 22 RESOLUÇÃO ΔHo = ΣHfo(produtos) - ΣHfo(reagentes) = [2 moles NH3 x -46,11 kJ/mole] - [1 mole N2 x 0 kJ/mole + 3 moles H2 x 0 kJ/mole] = -92,22 kJ A reacção é EXOTÉRMICA, o que significa que a sua entalpia favorece a ocorrência da reacção! 23 RESOLUÇÃO ΔSo = ΣSo(produtos) - ΣSo(reagentes) = [2 moles NH3 x 192,45 J/mole-K] - [1 mole N2 x 191,61 J/mole-K + 3 moles H2 x 130,68 J/mole-K] = -198,75 J/K A entropia da reacção é DESFAVORÁVEL. Existe um aumento da ordem do sistema quando N2 se junta a H2 para formar NH3 A reacção vai ou não ocorrer? Falta algum dado para chegar a uma conclusão? 24 21 22 23 24 7 G’ • Nas condições celulares a variação de energia livre depende das concentrações dos reagentes e produtos e da temperatura (37º C). • A variação de energia livre nas condições celulares é designada por G’ • Assumindo a reacção química A + B C + D, a fórmula para G’ é: G’ = Gº + RT ln [C] + [D] / [A]+[B] • Exemplo: Cálculo de ΔG para a reacção: frutose 6-fosfato glicose 6-fosfato, sendo: [frutose 6-P] = 1,5M; [glicose 6-P] = 0.5M; Gº = -1.700 J/mol • Assim: G’ = -1.700 + (8,315 J/mol.K)(310K) ln [0,5] / [1,5] = -4.532 J/mol • G’ pode também ser calculado usando a fórmula: G’ = -RT ln K’eq 25 R: constante universal de gás, 8,315 J/mole.K T: temperatura em K DISPÊNDIO ENERGÉTICO • A dieta é a única fonte de energia para o ser humano. • As perdas de energia no ser humano ocorrem principalmente na forma de calor e de trabalho mecânico. 26 Energia dos alimentos Energia digerívelEnergia não digerível, perdida nas fezes e digerida por bactérias Energia metabolizável Perdas na urina, suor e descamação CALOR do catabolismo e ciclos fúteis Efeito termogénico dos alimentos Energia utilizada e depositada em compostos de alta energia 1 – 9% 50% 6 – 10% 25 – 40% 27 DISPÊNDIO ENERGÉTICO A energia é dispendida em função de 4 factores: • Taxa metabólica basal • Efeito termogénico dos alimentos • Actividade física • Temperatura ambiental (termogênese adaptativa) 28 25 26 27 28 8 TAXA METABÓLICA BASAL • Consumo de energia mínimo necessário para manter todas as funções vitais básicas (Boothby & Sandiford, 1929). • Equivalente a dispêndio energético de repouso. • Pode variar ao longo do dia. • Corresponde a 65 – 75% do dispêndio energético total diário num indivíduo sedentário (adulto de 70 Kg). • Cálculo básico: TMB = Peso (Kg) * 100 KJ/dia 29 Equação de Harris-Benedict (1919) Cálculo do dispêndio energético de repouso (Kcal) • Homem: 66,5 + (13,75 x kg) + (5,003 x cm) - (6,775 x idade) • Mulher: 655,1 + (9,563 x kg) + (1,850 x cm) - (4,676 x idade) 30 • Idade: TMB é maior nas crianças pequenas, máxima aos 5anos; TMB diminui com a idade (anorexia fisiológica, sarcopenia) • Sexo: TMB é menor no sexo feminino (efeito de hormonas sexuais, menor massa corporal) • Altura: TMB é maior em magros e altos • Composição corporal: proporcional à massa corporal magra • Temperatura corporal: TMB aumenta com a febre (12% por oC) • Padrão de sono: TMB é maior no início do sono. TAXA METABÓLICA BASAL 31 • Exercício regular: aumenta a TMB • Estado nutricional: a TMB baixa na inanição • Temperatura ambiental: TMB aumenta com o frio e com o calor • Doença tiroidea: a TMB baixa no hipotiroidismo • Menstruação: a TMB baixa antes mas aumenta após a ovulação • Hormonas: insulina e noradrenalina aumentam TMB • Stress: aumenta a TMB TAXA METABÓLICA BASAL 32 29 30 31 32 9 +20 +40 +60 +80 +100 +120 -20 -40 % repouso inanição moderada queimadura > 40% convalescença pós-operatória fractura de osso longo ou múltipla infecção grave NORMAL Lesão, Infecção, Doença Necessidades energéticas em estado normal e em estado anormal 33 EFEITO TERMOGÊNICO • Sinonímia: efeito térmico dos alimentos; acção dinâmica específica • É aquela parte do conteúdo energético dos alimentos que é gasta na sua assimilação: – Para glícidos e gorduras: 5 – 10% da TMB – Para proteínas: 30% da TMB • É um conceito importante no desenho de dietas. Porquê? 34 ACTIVIDADE FÍSICA • Constitui a parte mais significativa e mais variável do dispêndio de energia. • A actividade física é medida em MET (valor de dispêndio metabólico ou metabolic equivalent of task) • Um MET = 4,2KJ/Kg/hora 35 Exemplos de MET Actividade MET Ver televisão 1.0 Dactilografar 1.5 Lavar roupa 2.2 Caminhar 3.0 Dançar 4.0 Trabalhar numa obra 5.5 Praticar ginástica aeróbica 6.5 Trabalhar numa farma 8.0 36 33 34 35 36 10 TERMOGÊNESE ADAPTATIVA • Sinonímia: termogênese obrigatória. • É o calor produzido pelo organismo em resposta a uma alteração da eficiência metabólica por variações das condições ambientais (temperatura, dieta, stress, etc). • Não é possível quantificar directamente. • Implica sempre uso adicional de energia: seja para aquecer, seja para arrefecer… • É diferente de termogênese facultiva (que ocorre no tecido adiposo castanho). 37 METABOLISMO ENERGÉTICO 38 Objectivos educacionais METABOLISMO ENERGÉTICO No fim deste capítulo o estudante deve se capaz de: 1. Explicar a autonomia das células vivas, em termos de produção de energia. 2. Descrever, em traços gerais, a diferença entre o metabolismo energético, em condições aeróbicas e anaeróbicas. 3. Descrever, em traços gerais, a microestrutura mitocondrial. 4. Descrever o papel do “ciclo de Krebs” na produção de energia (não sendo necessário descrever pormenorizadamente as várias reacçoes deste ciclo, apenas conhecer as principais características). 5. Explicar o carácter “anfibólico“ do ciclo de Krebs. 6. Mencionar a origem do(s) substrato(s) e produto(s) do ciclo de Krebs. 7. Descrever a “reacção da piruvato desidrogenase” (tipo de reacção, substratos e produtos, coenzimas envolvidas e efectores). 39 Objectivos educacionais METABOLISMO ENERGÉTICO 8. Explicar o conceito de reacção anaplerótica no ciclo de Krebs. 9. Descrever, em traços gerais, o funcionamento da cadeia respiratória. 10. Explicar como ocorre a “fosforilação oxidativa”. 11. Explicar como ocorre o controlo do metabolismo energético (controlo do ciclo de Krebs e controlo respiratório). 12. Aplicar os conhecimentos adquiridos na compreensão e descrição da fisiopatologia de algumas doenças frequentes, por exemplo, béri- béri, cirrose hepática por alcoolismo crónico, enfarte do miocárdio e algumas doenças congênitas raras como a deficiência congénita da piruvato-desidrogenase. 13. Explicar a acção de alguns venenos e drogas, com base nos conhecimentos adquiridos. 40 37 38 39 40 11 METABOLISMO ENERGÉTICO • É o conjunto de processos e reacções que ocorrem no organismo com a finalidade de ele obter energia para os processos vitais. • Os nutrientes energéticos são oxidados para compostos mais simples, com libertação da energia neles contida. • Essa energia é captada e armazenada num composto de alto nível de energia, a adenosina trifosfato (ATP). • Não existe intercâmbio intercelular de ATP (ou de outro composto análogo) mas uma circulação de compostos potencialmente energéticos (i.e., nutrientes) [princípio de autonomia celular]. 41 Fontes principais de ATP ATP é a moeda energética das células. Ele provém de: • Glicólise(oxidação parcial da glicose até lactato ou álcool, sem consumo de oxigénio) • Ciclo de Krebs • Fosforilação oxidativa (acoplada à cadeia respiratória) • Creatina-fosfato, uma forma de reserva energética ao nível muscular. 42 Nutrientes libertadores de energia: Glícidos, gorduras, proteínas Macromoléculas celulares: Proteínas, polissacárídos, lípídos, ácidos nucléicos catabolismo anabolismo Produtos finais pobres em energia: CO2, H2O, NH3 Moléculas precursoras: Aminoácidos, açúcares, ácidos gordos, bases nitrogenadas) NADP+ NAD+ FAD ADP + Pi ATP NADPH NADH FADH2 O fluxo de energia 43 FASES DO METABOLISMO ENERGÉTICO Reconhecem-se 3 fases sequenciais: 1. Produção de acetil coenzima; realce para o complexo multi-enzimático da piruvato desidrogenase; 2. Produção de cofactores reduzidos (NADH e FADH2) a partir de acetil-CoA: ciclo de Krebs; 3. Transferência de electrões dos cofactores e fosforilação oxidativa: produção de ATP. As 3 fases são também conhecidas por respiração celular. 44 41 42 43 44 12 Fase 1 Glicólise Acetil-CoA Piruvato desidrogenase aminoácidos glicoseácidos gordos Piruvato 45 Piruvato desidrogenase • Complexo tri-enzimático situado na encruzilhada de várias vias metabólicas: glicólise, lipogénese, síntese e degradação de aminoácidos; • É constituida por 3 enzimas que precisam de 5 coenzimas derivadas de tiamina, lipoamida, riboflavina, nicotinamida e ácido pantoténico. → explica parte da sensibilidade a avitaminoses! • Transforma piruvato em acetil-CoA [descarboxilação] • É inibida por fosforilação, sendo que: – Acetil-CoA, NADH, ATP são activadores da fosforilação; – Insulina e AMP são inibidores da fosforilação. 46 Fase 2 Acetil-CoA Carregadores reduzidos de e- Ciclo de Krebs o o 47 Ciclo de Krebs • Sinonímia: Ciclo do ácido cítrico, ciclo dos ácidos tricarboxílicos; • Características do ciclo: – Oxida acetil-CoA em CO2; – Produz electrões essenciais (sob forma de NADH e FADH2) para a produção de ATP; – Produz precursores para várias vias metabólicas: ciclo da ureia, lipogénese, síntese de aminoácidos; – É anfibólica: via anabólica e via catabólica; – Exibe anaplerose: alguns intermediários são extraídos do ciclo para alimentar biossínteses e devem ser substituídos. 48 45 46 47 48 13 49Ciclo de Krebs 50 Ciclo de Krebs Reacções anapleróticas • Ajudam o ciclo de Krebs a manter a quantidade e o fluxo de compostos • Existem 5 principais reacções anapleróticas: ▪ piruvato → oxaloacetato ▪ aspartato → oxaloacetato ▪ glutamato → -cetoglutarato ▪ adenilosuccinato → fumarato ▪ ácido gordo ímpar → succinil-CoA • A reacção de piruvato a oxaloacetato é a mais importante; ocorre na mitocôndria e é catalizada pela piruvato carboxilase, activada por acetil-CoA. 51 Fase 3 Cadeia respiratória (transferência de electrões) Carregadores reduzidos de e- 52 49 50 51 52 14 ATP Glicose Piruvato CO2 Ciclo de Krebs NADH2 FADH2 ATP ATP sintetase H+ ADP + Pi Cadeia de electrões Calor O2 H20 Glicólise NAD FAD Lipólise Ácidos gordos livres Lactato NADNADH2 NAD NADH2 Toda os componentes da fosforilação oxidativa e todos os cofactores da cadeia respiratória estão no interior da mitocôndria. 53 Estrutura da cadeia respiratória Forças quimio- osmóticas levam à formação de ATP Potencial eléctrico (interior negativo) Potencial químico (interior alcalino) 54 FADH 55 Antes de entrar na cadeia respiratória, tem-se formados um total de 4 ATP, 10 NADH e 2 FADH2. Tendo em conta que com cada NADH se produzem 3 ATP e que cada FADH2 equivale a 2 ATP, obter-se-iam → 4 ATP (da glicólise e da formação de acetil-CoA) + → 30 ATP (provenientes do NADH) + → 4 ATP (provenientes do FADH). … Dando um total de 38 ATP a partir do metabolismo de UMA molécula de glicose. Balanço da cadeia respiratória Inibidores da fosforilação oxidativa Nome Efeito Local de acção Rotenona, amital inibidor do transporte de electrões Complexo I Antimicina A inibidor do transporte de electrões Complexo III 2,4-dinitrofenol, dicumarol, valinomicina agentes desacopladores Membrana mitocondrial interna Cianeto, monóxido de carbono inibidor do transporte de electrões Complexo IV Oligomicina, rutamicina inibe a ATP sintetase ATP sintetase 53 54 55 56