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GUSTAVO GRETHER DE SOUZA TÉCNICAS CIRÚRGICAS OFTALMOLÓGICAS EM EQÜINOS Monografia apresentada ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Médico Veterinário. Professor Orientador: Dr.Antonio Carlos Nascimento Orientador Profissional: Dr. Marlon Carmelo J. Siqueira Curitiba Outubro/2006 SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS ............................................................................................... iii RESUMO................................................................................................................ iv 1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 01 2 PRINCÍPIOS DA CIRURGIA OFTÁLMICA ......................................................... 02 3 PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS BÁSICOS .................................................... 02 3.1 EXPOSIÇÃO DO GLOBO................................................................................. 03 3.2 CANTOTOMIA.................................................................................................. 04 3.3 SUTURAS DE FIXAÇÃO DE ESCLERÓTICA.................................................. 05 3.4 FLAP DE 3ª PÁLPEBRA................................................................................... 06 3.5 TARSORRAFIA................................................................................................. 09 3.6 TRANSPOSIÇÃO CORNEOESCLERAL.......................................................... 10 4 ENTRÓPIO.......................................................................................................... 11 4.1 CORREÇÃO CIRÚRGICA................................................................................ 12 5 ECTRÓPIO.......................................................................................................... 14 5.1 CORREÇÃO CIRÚRGICA................................................................................ 14 6 CERATITE ULCERATIVA ................................................................................... 16 6.1 TERAPIA CIRÚRGICA..................................................................................... 17 7 CERATECTOMIA SUPERFICIAL ....................................................................... 17 8 ENXERTOS CONJUNTIVAIS... .......................................................................... 19 9 CATARATA ......................................................................................................... 21 10 ENUCLEAÇÂO .................................................................................................. 22 10.1 ENUCLEAÇÂO SUBCONJUNTIVAL LATERAL............................................. 22 11 CONCLUSÃO... ................................................................................................ 25 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 26 ii LISTA DE FIGURAS FIGURA 01: Espéculos de Castroveiejo e Maumenee-Park........................... 03 FIGURA 02: Cantotomia lateral....................................................................... 04 FIGURA 03: Sutura da cantotomia.................................................................. 05 FIGURA 04: Suturas de fixação da esclerótica............................................... 06 FIGURA 05: 3ª pálpebra ligada à pálpebra superior....................................... 07 FIGURA 06: 3ª pálpebra fixada na conjuntiva................................................. 08 FIGURA 07: Tarsorrafia com o flap de 3ª pálpebra......................................... 10 FIGURA 08: Procedimento de Holtz-Celsus modificado................................. 13 FIGURA 09: Técnica de Wharton-Jones......................................................... 15 FIGURA 10: Técnica cirúrgica de enucleação................................................ 24 iii RESUMO O objetivo desta revisão bibliográfica é apresentar um estudo sobre as principais técnicas cirúrgicas oftálmicas em eqüinos, que por muitas vezes se faz necessária e a falta de conhecimento e prática impede sua realização. Palavras – chave: cirurgia, oftalmologia, eqüinos. iv 1 INTRODUÇÃO As técnicas cirúrgicas oftálmicas por muitas vezes são essenciais para um bom prognóstico e em outros casos se unem com o tratamento clínico promovendo a cura completa, apesar de serem complexas e caras representam uma área de especialização para o medico veterinário e uma nova fonte de renda. Seria interessante que quando um veterinário se deparasse com um caso oftálmico o indicasse para um colega especialista, mas sabemos que isso não ocorre, infelizmente, e por muitas vezes terapias erradas são feitas com resultados horríveis. 2 PRINCÍPIOS DA CIRURGIA OFTÁLMICA O correto diagnóstico, a escolha do procedimento cirúrgico, os equipamentos, instrumentos, o treinamento e experiência são necessários para bons resultados na cirurgia oftálmica. Uma falha em detalhes nas indicações farmacológicas, pré- operatório, trans-operatório ou pós-operatório podem causar complicações ou catastróficos resultados (SLATTER, 1995). È essencial uma boa tranqüilização, anestesia segura, um bom monitoramento e em alguns casos, uma preparação farmacológica do paciente com corticosteróides, antibiótico ou com atropina se faz necessária dependendo do caso (SLATTER, 1995, AUER 2006). A preparação pré-cirúrgica inclui, depilação da área periocular, a garantia do funcionamento dos equipamentos como microscópio, luz, instrumental e decúbito correto do animal. È indicado também o uso de solução balanceada de sal para a irrigação ocular, e posicionamento de panos de campo estéreis (SLATTER, 1995 e GELATT,1999). 3 PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS BÁSICOS Para alguns procedimentos são utilizadas técnicas iguais, para várias alterações oftálmicas, por isso o uso correto é necessário (SLATTER, 1995). 3.1 EXPOSIÇÃO DO GLOBO Em geral uma boa exposição e controle do globo são pré-requisitos para cirurgia oftálmica bem sucedida. O esforço necessário para que seja conseguida essa exposição em pacientes animais difere notavelmente dos métodos mais simples necessários em seres humanos, principalmente porque o olho se desvia em direção ventromedial sobre anestesia geral (fenômeno da inversão de Bell) em animais. A terceira pálpebra também restringe a exposição. São indicados o uso de afastadores em procedimentos breves, especialmente quando o animal estiver consciente, e espéculos palpebrais para importantes procedimentos oftálmicos, são indicados os espéculos de Castroveiejo e Maumenee-Park. Em muitos casos com a restrição da exposição, a cantotomia lateral é necessária para o uso dos afastadores (SLATTER, 1995). FIGURA 01: Espéculos de Castroveiejo e Maumenee-Park. Fonte: AUER, J.A., STICK, J.A. Equine surgery. 3ª Ed. 2006. 3.2 CANTOTOMIA A cantotomia é feita no canto lateral com tesoura de Mayo reta, a área deverá ser infiltrada com solução de epinefrina para controlar a hemorragia. Depois que o procedimento oftálmico se completou, a incisão é suturada em dois planos. A primeira camada de pontos interrompidos simples com poliglactina 910, promovendoa aposição da conjuntiva subjacente à incisão. A segunda camada de pontos interrompidos simples com seda 4-0 ou 6-0 promove a oclusão da pele (SLATTER, 1995; GELATT, 1999 e AUER, 2006). FIGURA 02: Cantotomia lateral. Fonte: AUER, J.A., STICK, J.A. Equine surgery. 3ª Ed. 2006. FIGURA 03: Sutura da cantotomia. Fonte: AUER, J.A., STICK, J.A. Equine surgery. 3ª Ed. 2006. 3.3 SUTURAS DE FIXAÇÃO DE ESCLERÓTICA As suturas de fixação da esclerótica são extremamente válidas, mas devem ser aplicadas parcialmente através deste órgão. È feita sutura com agulha traumática com fio de seda 3-0 ou 4-0, num ponto afastado 1 a 2 mm do limbo. Suturas adicionais podem ser aplicadas ventralmente, nasalmente, ou temporalmente, conforme a necessidade. Quando a sutura é removida, um de seus cabos é seccionado junto à conjuntiva, para que haja redução do traumatismo que ocorreria caso toda sutura tivesse que passar através do tecido (SLATTER, 1995; GELATT,1999 e AUER,2006). FIGURA 04: Suturas de fixação da esclerótica. Fonte: AUER, J.A., STICK, J.A. Equine surgery. 3ª Ed. 2006. 3.4 FLAP DE 3ª PÁLPEBRA A córnea pode ser coberta durante a cicatrização de uma inflamação, depois de uma cirurgia ou outro trauma facilitando assim a recuperação e prevenindo futuras injúrias. A técnica é simples e quando bem feita não causa desconforto para o animal. Os donos devem ser avisados da aparência no pós-operatório (SLATTER, 1995). Em cavalos o flap de 3ª pálpebra pode e deve ser combinado com tarsorrafia temporária que deverá permanecer durante um período de 2 a 3 semanas (GELATT, 1999). Método I: 3ª pálpebra ligada à pálpebra superior. O fio indicado para sutura é o nylon 2-0, a sutura é feita na direção do movimento da membrana, promovendo tensão. A sutura é feita a 2 mm do fim da membrana geralmente na linha de pigmentação, para prevenir tensão excessiva na sutura é indicado o uso de um tubo de equipo esterilizado para distribuir a pressão da sutura, a mesma deve ser retirada após 1 ou 2 semanas (SLATTER, 1995; GELATT, 1999 e AUER, 2006). FIGURA 05: 3ª pálpebra ligada à pálpebra superior. Fonte: AUER, J.A., STICK, J.A. Equine surgery. 3ª Ed. 2006. Método II: 3ª pálpebra fixada na conjuntiva. O material utilizado é o mesmo, a 3ª pálpebra é fixada na conjuntiva superior seguindo a direção do movimento da 3ª pálpebra, a sutura é feita a 2 mm da membrana e a 7 mm da íris na conjuntiva. Para fixação são feitos 2 pontos ao final. É importante que o fio de sutura não toque a córnea, pois produzirá irritação (SLATTER, 1995 e GELATT, 1998). FIGURA 06: 3ª pálpebra fixada na conjuntiva. Fonte: AUER, J.A., STICK, J.A. Equine surgery. 3ª Ed. 2006. 3.5 TARSORRAFIA A tarsorrafia é a sutura das pálpebras e de forma temporária é utilizada para proteção da córnea, esta pode ser utilizada juntamente com o flap de 3ª pálpebra promovendo independentemente maior segurança (SLATTER, 1995 e GELATT, 1998). Segundo trabalho científico em humanos, de Tzelikis a tarsorrafia, seja ela temporária ou permanente, mostrou ser um procedimento bastante seguro e eficaz para o tratamento de defeitos epiteliais persistentes, alcançando uma taxa de sucesso de 83,3%, com poucas complicações (2005). FIGURA 07: Tarsorrafia com o flap de 3ª pálpebra. Fonte: AUER, J.A., STICK, J.A. Equine surgery. 3ª Ed. 2006. É indicado por Auer e Stick à utilização de tubos plásticos para distribuir a tensão e o uso de nylon 2-0 ou 3-0. (2006). 3.6 TRANSPOSIÇÃO CORNEOESCLERAL Transposição corneoescleral consiste na substituição parcial da córnea pela esclerótica adjacente, para o preenchimento de defeito resultante da remoção de lesão, está técnica está indicada quando resta quantidade insuficiente de tecido para o preenchimento do defeito após remoção de lesão (SLATTER, 1995; GELATT, 1999 e AUER, 2006). 4 ENTRÓPIO O entrópio palpebral é uma condição onde a margem da pálpebra apresenta- se invertida em dimensão ao globo ocular. O atrito dos cílios e também da pele sobre a córnea e conjuntiva bulbar provoca sintomas irritativos, exulcerações, ceratites e até quadros graves de úlcera perfuradas com perda do globo ocular. De acordo com seu mecanismo etiopatogênico, o entrópio pode ser dividido em congênito ou adquirido (SLATTER, 1995; CALDATO, 1997; GELATT, 1999; SLATTER, 2001; THOMASSIAN, 2005 e AUER, 2006). A alteração congênita praticamente acomete apenas a pálpebra inferior, sendo muito raros os casos observados na pálpebra superior (CALDATO, 1997). O entrópio congênito é causado principalmente pela hipertrofia das fibras marginais do orbicular pré-tarsal, mas tem sido também descrito casos devido a anormalidades da placa tarsal e dos elementos retratores (SLATTER, 1995; CALDATO, 1997; GELATT, 1999; THOMASSIAN, 2005 e AUER, 2006). Já o adquirido geralmente pode ser decorrente de lesões dos músculos palpebrais, ou secundárias ao blefaspasmo, ou ainda por lesões traumáticas nas pálpebras e região tarsal, pode ser devido a emagrecimento crônico ou desidratação (SLATTER, 1995; CALDATO, 1997 e THOMASSIAN, 2005 ). 4.1 CORREÇÃO CIRÚRGICA Muitas técnicas foram sugeridas para correção dos casos de entrópio congênito, em eqüinos; segundo SLATTER (1995) E AUER (2006) a técnica que proporciona os resultados mais consistentes é o procedimento de Holtz-Celsus modificado. A técnica cirúrgica envolve a excisão de retalho de pele em forma de meia- lua, situado 2 a 3 mm da margem palpebral. A área de pele a ser removida é comprimida com pinça Halsted ou Crile, mediante a preensão da prega cutânea com a ponta do instrumento. Depois que a pinça foi inicialmente aplicada à prega cutânea, pode ser efetuados os ajustes finos nas dimensões da prega, mediante a liberação de pele, ou a tração de mais pele nos ramos da pinça, antes do esmagamento. As pinças hemostáticas são firmemente travadas e mantidas no lugar por cerca de trinta segundos, antes de serem removidas. A prega cutânea é removida com ajuda de tesoura romba. Alguns cirurgiões preferem fazer a incisão “à mão livre” com o bisturi, para que fique reduzida a formação da cicatriz cirúrgica. Este método tem a vantagem de causar traumatismo geralmente menor nos tecidos, mas ocorre hemorragia abundante. Em casos graves de entrópio pode ser removida pequena tira de músculo orbitário, num esforço de criar maior cicatriz interna, e de reduzir a intensidade do estiramento cutâneo pós-operatório. A pele é suturada com pontos de seda 5-0 ou 6-0 aplicados com 2 mm de afastamento, num padrão interrompido simples. Não há necessidade da aplicação de suturas subcutâneas. Imediatamente após a cirurgia as pálpebras devem se encontrar na posição normal (SLATTER, 1995 e AUER, 2006). Segundo THOMASSIAN deve-se instituir a aplicação de pomadas oftálmicas para o tratamento de possível úlcera de córnea e antibiótico (gentamicina- 40 mg a cada 24 horas), (2005). FIGURA 08: Procedimento de Holtz-Celsus modificado. Fonte: AUER, J.A., STICK, J.A. Equine surgery. 3ª Ed. 2006. 5 ECTRÓPIO A palavra “Ectrópio” deriva do grego Ek = fora mais a palavra Trope = girar. Genericamente, refere-se à eversão de qualquer parte do corpo, mas o uso consagrou a expressão, quase tão-somente, à eversão da margem palpebral (FRANÇA, 1997). O ectrópio propicia a exposição da córnea à ação de agentes como o vento, poeira e corpos estranhos (SLATTER, 1995; FRANÇA, 1997; GELATT, 1999; THOMASSIAN, 2005 e AUER, 2006). O distúrbio é comumente congênito, e em geral envolve as pálpebras inferiores, mas pode ser em decorrência da formação de tecido cicatricial (SLATTER, 1995). Já segundo THOMASSIAN (2005) o ectrópio tem como causas mais freqüentesas lesões cicatriciais ou por senilidade. O principal sinal é a epífora e a conjuntivite, onde se pode observar a conjuntiva avermelhada, além de congestão dos vasos da esclera e ceratite seca. 5.1 CORREÇÃO CIRÚRGICA O tratamento cirúrgico deve ser feito através de plástica corretiva, pela aplicação da técnica de Wharton-Jones (V-Y), (SLATTER, 1995; GELATT, 1999; SLATTER, 2001; THOMASSIAN, 2005 e AUER, 2006). Neste procedimento é efetuada incisão em forma de V através da pele, ventralmente a área evertida, e ligeiramente mais larga que esta área. O retalho é divulsionado até a região dentro de 2 a 3 mm da margem palpebral. A incisão é ocluida desde a base até a margem. O grau de oclusão pode ser medido mediante a movimentação superior do retalho até que a eversão seja corrigida. A incisão é ocluida com seda 5-0 ou 6-0, em um padrão interrompido (SLATTER, 1995; GELATT, 1999; SLATTER, 2001; THOMASSIAN, 2005 e AUER, 2006). FIGURA 09: Técnica de Wharton-Jones. Fonte: AUER, J.A., STICK, J.A. Equine surgery. 3ª Ed. 2006. Em casos graves, nos quais a técnica em V-Y não irá corrigir o ectrópio pode ser utilizada modificação da técnica de Kuhnt-Szymanowski. Esse procedimento envolve a remoção de uma cunha da margem palpebral com a largura apropriada, para que a margem seja encurtada adequadamente. A técnica de compressão/incisão pode ser utilizada no delimitamento da área a ser excisada. Assim que o tecido tenha sido removido, a conjuntiva e os tecidos tarsianos são suturados num padrão contínuo, para que fique assegurada a aposição precisa. A pele é suturada com seda 5-0 ou 6-0 de forma contínua, (SLATTER, 1995 e GELATT, 1999). 6 CERATITE ULCERATIVA Ocorre úlcera de córnea, quando estão ausentes o epitélio corneano e quantidade variável de estroma. As pequenas úlceras agudas cicatrizam rapidamente, mas as lesões crônicas podem cicatrizar com lentidão, ou nunca cicatrizam (SLATTER, 1995). As úlceras corneanas podem progredir até o envolvimento das camadas mais profundas. No tratamento de úlcera de córnea, as etapas mais importantes consistem na determinação e remoção das causas, prevenção da progressão e, criação de ambiente ideal para a cicatrização (SLATTER, 1995; GELATT, 1999). O tratamento cirúrgico é utilizado na prevenção ou tratamento da ruptura da córnea. Independentemente da causa, todas as úlceras de córnea têm a possibilidade de evoluir até perfurações e endoftalmite, caso não sejam tratadas (SLATTER, 1995). 6.1 TERAPIA CIRÚRGICA Frequentemente justifica-se o apoio mecânico para as úlceras, tarsorrafia, retalhos de terceira pálpebra, suturas direta de descemetoceles, e retalhos conjuntivais têm sido utilizados com êxito (SLATTER, 1995). Nas úlceras não complicadas, o revestimento com retalho de terceira pálpebra deve ser mantido por 7 a 10 dias, durante este período, medicações são aplicadas na parte alta do retalho. Se surgir qualquer dos sinais como, corrimento purulento, aquoso ou volumoso, hemorragia ou blefarospasmo, o retalho deverá ser removido e a córnea examinada (SLATTER, 1995). Comumente os retalhos aliviam boa parte do desconforto das lesões corneanas, deve-se esperar pequena quantidade de corrimento proveniente de olho ao qual foi aplicado retalho de terceira pálpebra (SLATTER, 1995 e GELATT, 1999). Úlceras profundas podem ser tratadas com retalhos de terceira pálpebra ou por enxertos de conjuntiva, nos casos de descemetocele, retalhos de terceira pálpebra são insuficientes para impedir a ruptura. É preferível sua sutura direta de descemetoceles, seguida pela aplicação de retalho conjuntival de 360°, ou de enxerto conjuntival. Também podem ser utilizados o transplante de córnea lamelar autógeno ou a transposição corneoescleral. Pode-se utilizar a tarsorrafia lateral parcial temporária para sustentação adicional (SLATTER, 1995 e GELATT, 1999). 7 CERATECTOMIA SUPERFICIAL Ceratectomia é a remoção do epitélio ou estroma da córnea. Visto que o estroma não regenera, o número de ceratectomias sucessivas que podem ser realizadas no mesmo local limita-se a 2 ou 3, dependendo da profundidade de cada excisão (SLATTER, 1995). A remoção de tecido necrótico e de debris microbianos pela ceratectomia aumenta a velocidade de cicatrização, minimiza a formação de cicatriz e reduz o estímulo para iridociclite (BROOKS, 2002). A ceratectomia em grade ou superficial de úlceras superficiais com uma agulha de calibre 20 pode aumentar a habilidade das células epiteliais em migrar e se aderir à superfície da úlcera (BROOKS, 2002). O uso do microscópio cirúrgico aumenta muito o nível de segurança e os resultados deste procedimento (SLATTER, 1995). A ceratectomia superficial pode ser completa ou parcial, no caso de completa, a área a ser removida pode ser delineada com trépano de córnea regulado para profundidade pré-determinada de 0,3 a 0,4 mm, ou mediante a divisão da córnea em segmentos. O estroma é removido em folhetos até o limbo, onde será seccionado. No pós-operatório, a córnea é corada com fluoresceína para que seja avaliada a epitelização. Pode ser construído retalho de terceira pálpebra após ceratectomia, que será removido após 7 a 10 dias (SLATTER, 1995). 8 ENXERTOS CONJUNTIVAIS Os enxertos ou retalhos conjuntivais são usados frequentemente na oftalmologia eqüina para conduta clínica de úlceras corneanas e descemetoceles e para úlceras corneanas perfuradas com prolapso de íris. Estes enxertos apóiam satisfatoriamente à córnea e fornecem vasos e fibroblastos que ajudam na cicatrização da córnea (SLATTER, 1995 e BROOKS, 2002). Os enxertos pediculados conjuntivais são preparados sob anestesia geral, com o olho posicionado com a direção do olhar voltada perpendicularmente para cima. Há necessidade de uma ampliação por meio de lupa, ou de um microscópio cirúrgico. Suturas de fixação com fio de seda ou náilon 5-0 ou 6-0 ou micro- hemostáticas, são aplicadas para a estabilização do globo (SLATTER, 1995). É preparado um leito receptor na córnea, mediante o debridamento da úlcera. O epitélio é raspado da úlcera e também de uma zona com a largura de 0,5 a 1,0 mm, com lamina n° 64 de Beaver. O tecido desvitaliz ado e frouxo e restos teciduais presentes na úlcera são também removidos, caso este procedimento possa ser efetuado sem que haja risco de perfuração (SLATTER, 1995). O pedículo é preparado a partir da conjuntiva bulbar dorsolateral ou dorsomedial. A dissecção tem início com pequena incisão conjuntival perpendicular ao limbo. Apenas a delgada conjuntiva transparente é liberada pela divulsão. Este procedimento é de mais fácil realização, quando a dissecção não é iniciada imediatamente no limbo, onde a conjuntiva esta mais firmemente fixada. A margem da conjuntiva divulcionada é erguida por pinça de córnea denteada, e dois cortes paralelos são efetuados com tesoura, para que seja liberada uma tira de conjuntiva ao longo do limbo. A tira terá a mesma largura da zona despitelizada em torno da úlcera, embora com não menos de 3 a 4 mm (SLATTER, 1995). A ferida conjuntival é ocluida por sutura 7-0 de poliglactina 910, começando na base do pedículo, para a aposição desta parte ao limbo. O enxerto pediculado é distendido sobre a córnea, suas extremidades podem ser aparadas ligeiramente, para que o enxerto encaixe ao contorno da úlcera (SLATTER, 1995). O enxerto é suturado ao firme estroma da córnea em torno do leito receptor por meio de pontos simples interrompidos de poliglactina 910 (7-0) começando ventralmente e avançando lateral e medialmente em torno da úlcera (SLATTER, 1995). Uma tarsorrafia lateral temporária parcial é realizada com fio de náilon 4-0 e 3-0, para oclusão dos dois terços laterais da abertura palpebral.Os cuidados pós- operatórios devem consistir da limpeza do olho com compressas úmidas aquecidas. Os medicamentos indicados no pós-cirúrgico são: soluções antibióticas tópicas, solução tópica de atropina, e possivelmente antibióticos sistêmicos e medicamentos antiinflamatórios. Depois de uma a três semanas quando o enxerto aderiu firmemente e a córnea está negativa para a fluoresceína, a terapia tópica por corticosteróides é acrescentada ao regime, para que ocorra redução da neovalcularização e formação de cicatrizes na córnea (SLATTER, 1995). O enxerto é deixado no lugar durante alguns meses, para que fique possibilitado o tratamento da ceratite por agentes corticosteróides sobre a proteção do enxerto vascularizado. O pedículo pode ser removido sob anestesia tópica com a ajuda de pequena tesoura. Uma cicatriz e resto do enxerto permanecerão no local da úlcera, entretanto estes tecidos sofrerão adelgaçamento com o passar do tempo (SLATTER, 1995). 9 CATARATA As cataratas são opacidades da lente e é um defeito ocular congênito comum em potros. Os cavalos manifestam graus variáveis de cegueira com a maturidade da catarata, opacidades lenticulares incipientes muito pequenas são comuns e não estão associadas à cegueira. Conforme a catarata se torne mais madura e mais opaca, o grau de cegueira aumenta. O deslocamento ou luxação da lente também pode correr com a catarata (BROOKS, 2002, p.94). Segundo THOMASSIAN as cataratas são divididas em congênitas, juvenil, senil, traumática ou decorrente de outros processos sistêmicos (2005). O mecanismo básico da catarata é uma redução nas proteínas lenticulares solúveis, falência da bomba de sódio das células epiteliais da lente, uma redução na glutationa lenticular e tumefação das fibras lenticulares e ruptura da membrana da fibra (BROOKS, 2002). O tratamento basicamente consiste no uso de corticosteróides subconjuntivais e colírios clarificantes, porem o tratamento médico só fornece algum resultado favorável nos casos iniciais ou quando não existe envolvimento hereditário, além de não se ter comprovação científica sobre sua eficácia (THOMASSIAN, 2005). Cataratas senis, ou em fase de degeneração e atrofia do cristalino devem ser tratadas cirurgicamente extraindo-se o cristalino por técnica de fragmentação ou fracoemulsificação. O animal melhora a visão e terá apenas dificuldade de adaptação visual (THOMASSIAN, 2005). 10 ENUCLEAÇÂO Enucleação é a remoção do globo e da 3ª pálpebra. A enucleação está indicada para casos de neoplasia inter-ocular, traumatismo ocular perfurante grave, endoftalmite ou panoftalmite incontrolável, glaucoma intratável, ou quando outros métodos terapêuticos fracassaram (SLATTER, 1995; GELATT, 1999 e AUER, 2006). 10.1 ENUCLEAÇÂO SUBCONJUNTIVAL LATERAL Uma cantotomia lateral é realizada, numa extensão de 1 a 2 cm, para que seja obtida a exposição mais adequada. A conjuntiva é pinçada próximo ao limbo com pinça dente-de-rato, sendo em seguida efetuada a incisão perilímbica de 360º. A conjuntiva fáscia, e músculos extras-oculares são elevados da esclerótica com tesoura de Metzenbaum, até o nervo óptico. Se possível à glândula lacrimal que é encontrada dorsolateralmente sobre o globo, deve ser deixada aderida a este órgão (SLATTER, 1995; GELATT, 1999 e AUER, 2006). O nervo óptico é seccionado com tesoura, mas a tração excessiva sobre ele pode lesionar o quiasma óptico e prejudicar a visão no olho contralateral. A ligadura pode ser aplicada em torno do nervo óptico e nos vasos ciliares posteriores, longos e curtos. A hemorragia na órbita é controlada por meio de ligaduras ou de pressão com esponjas cirúrgicas. A terceira pálpebra é pinçada e removida. As pálpebras são removidas inteiramente nesse estágio mais avançado, para que o sangue não mascare a dissecção anterior, efetuada durante a remoção do globo (SLATTER, 1995; GELATT, 1999 e AUER, 2006). As esponjas cirúrgicas são removidas, e a conjuntiva e a cápsula de Tenon são ocluídas por pontos interrompidos simples, com material de sutura 4-0 absorvível, qualquer hemorragia subseqüente será contida pela conjuntiva suturada. As incisões palpebrais são ocluídas com suturas interronpidas simples com fio 4-0 de seda, nylon ou poliglactina 910 (SLATTER, 1995; GELATT, 1999 e AUER, 2006). Com a enucleação, o tecido adiposo periobitários e os músculos extra- oculares são preservados, tornando mais estético o defeito após a cicatrização, em comparação com o aspecto resultante de exenteração (SLATTER, 1995; GELATT, 1999 e AUER, 2006). FIGURA 10: Técnica cirúrgica de enucleação. Fonte: AUER, J.A., STICK, J.A. Equine surgery. 3ª Ed. 2006. 11. CONCLUSÃO Desta forma conclui-se que as técnicas cirúrgicas em eqüinos são extremamente complexas, mas tem grande valor terapêutico, e em muitos casos à única alternativa é a cirurgia. Observa-se claramente que para ser praticada é necessária vasta experiência e muito conhecimento teórico. Assim sendo acredito que o medico veterinário clínico que reconhece sua inexperiência nesta área deve requisitar os serviços de um especialista e este deverá indicará o melhor tratamento possível. 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - AUER, J.A., STICK, J.A. Equine surgery. 3ª ed. Missouri: Saunders. 2006. 1390 pg. - BROOKS, D. E., Oftalmologia para veterinários de eqüinos. Wyoming: Roca, 2002. - CALDATO, R., entrópio. In: Cirurgia plástica ocular. 1ª ed. São Paulo: Roca, 1997. - FRANÇA, V. P., Ectrópio. In: SOARES, E. J. Cirurgia plástica ocular. 1ª ed. São Paulo: Roca, 1997. - GELATT, K. N., Veterinary ophthalmology, 3ª ed. Maryland: Lippincoott Williams e Wilkins, 1999. - SLATTER, D., Cirurgia de pequenos animais, manual de, 2ª ed. Pennsylvania: Saunders,1995. - SLATTER, D. HAKANSON, N. Córnea e esclerótica. In: SLATTER, D. Manual de cirurgia de pequenos animais, 2ª ed. Pennsylvania: Saunders, 1995. - SLATTER, D. Fundamentals of veterinary ophthalmology. Pennsylvania: Saunders, 2001. - THOMASSIAN, A. Enfermidades dos cavalos. 4ª ed. São Paulo: Varela, 2005. - PATRICK, M.T., Tarsorrhaphy: applications in a cornea service, http://bases.bireme.br/ acesso em 19 out. 2006. UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Curso de Medicina Veterinária Gustavo Grether de Souza TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C.) Curitiba 2006 UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Curso de Medicina Veterinária TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C.) Curitiba 2006 Reitor Profº Luiz Guilherme Rangel Santos Pró-Reitor Administrativo Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos Pró-Reitora Acadêmica Profª Carmen Luiza da Silva Pró-Reitor de Planejamento Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos Pró-Reitora de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão Profª Elizabeth Tereza Brunini Sbardelini Secretário Geral Profº João Henrique Ribas de Lima Diretor da Faculdade de Ciências Biológicas e da Sa úde Profº João Henrique Faryniuk Coordenador do Curso de Medicina Veterinária Profª Neide Mariko Tanaka Coordenador de Estágio Curricular do Curso de Medic ina Veterinária Profª Elza Maria Ciffoni Metodologia Científica Profª Elza Maria Ciffoni CAMPUS CHAMPAGNAT Rua. Marcelino Champagnat, 505 - Mercês CEP 80.215-090 – Curitiba – PR Fone: (41) 3333-1795 ii A P R E S E N T A Ç Ã O Este Trabalho de Conclusão de Curso (T.C.C.) apresentado aoCurso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título de Médico Veterinário é composto de um Relatório de Estágio , no qual são descritas as atividades realizadas durante o período de 08/08/2006 a 04/10/2006, período este em que estive na Empresa Clinihorse - Jockey Clube do Paraná , localizada no município de Curitiba-PR cumprindo estágio curricular e também de uma Monografia que versa sobre o tema: “Técnicas cirúrgicas oftalmológicas em eqüinos”. iii Aos meus pais e familiares pela ajuda, compreensão, amor, paciência e por me dar esse voto de confiança. A todos os novos amigos e amigas nessa nova cidade, alguns em especial. Aos Drs. Inácio Afonso Kroetz e Marlom Siqueira pelo apoio e incentivo. E a todos que me ajudaram nos últimos cinco anos. DEDICO iv AGRADECIMENTOS A todos da Clinihorse, C.A.R.E. e demais pessoas do Jockey Clube. Aos professores, onde muitas vezes me espelhei alguns em especial, que brigaram e deram incentivos nos momentos certos. Aos animais que por muitas vezes me estimularam a aprender e a estudar mais. v Aqueles que se enamoram somente da prática, sem cuidar da teoria, ou melhor, dizendo, da ciência, são como o piloto que embarca sem timão nem bússola. A prática deve alicerçar-se sobre uma boa teoria, à qual serve de guia a perspectiva; e não entrando por esta porta, nunca se poderá fazer coisa perfeita nem na pintura, nem em nenhuma outra profissão. Leonardo Da Vinci vi Gustavo Grether de Souza RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR Relatório de Estágio Curricular apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Médico Veterinário. Professor Orientador: Dr. Antonio Carlos Nascimento Orientador Profissional: Dr. Marlon Carmelo Jardim Siqueira Curitiba Outubro 2006 SUMÁRIO LISTA DE TABELAS ............................................................................................... iii LISTA DE FIGURAS............................................................................................... iv RESUMO................................................................................................................. v 1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 1 2 ATIVIDADES GERAIS DO ESTÁGIO ............................................................. 2 3 CASOS................................................................................................................ 5 3.1.CASO CLÍNICO I – CONTROLE FOLICULAR.................................................. 5 3.1.1 Revisão da literatura....................................................................................... 5 3.1.2 Discussão....................................................................................................... 10 3.1.3 Conclusão....................................................................................................... 12 3.2 CASO CLÍNICO II - CRIPTORQUIDISMO................................................... 13 3.2.1 Revisão da literatura....................................................................................... 13 3.2.2 Técnica cirúrgica........................................................................................... 15 3.2.3 Discussão..................................................................................................... 16 3.2.4 Conclusão...................................................................................................... 19 3.3 CASO CLÍNICO III – LAPAROTOMIA EXPLORATÓRIA................................. 19 3.3.1 Revisão da literatura....................................................................................... 19 3.3.2 Discussão....................................................................................................... 22 3.3.3 Conclusão....................................................................................................... 26 3.4 CASO CLÍNICO IV – ÚLCERA DE CÓRNEA.................................................. 26 3.4.1 Revisão da literatura....................................................................................... 26 3.4.2 Sinais clínicos e diagnóstico.............................,............................................. 27 3.4.3 Terapia........................................................................................................... 28 3.4.4 Discussão.............................................................................................. 31 3.4.5 Conclusão.................................................................................. 35 4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS .................................................................... 36 vi LISTA DE TABELAS TABELA 01: NÚMERO DE CASOS VISTOS.......................................................... 2 TABELA 02 – NÚMERO DE CASOS EM CLÍNICA MÉDICA.................................. 2 TABELA 03 – NÚMERO DE CASOS EM CLÍNICA CIRÚRGICA........................... 3 TABELA 04 – NÚMERO DE CASOS EM RADIOLOGIA........................................ 3 TABELA 05 – NÚMERO DE CASOS EM PATOLOGIA.......................................... 4 TABELA 06 – NÚMERO DE CASOS EM REPRODUÇÃO..................................... 4 vii LISTA DE FIGURAS FIGURA 1: FOLÍCULO DE 35 mm...................................................................................................... 10 FIGURA 2: EMBRIÃO COM APROXIMADAMENTE 20 DIAS................................ 12 FIGURA 3: CRIPTORQUIDA EM DECÚBITO DORSAL......................................... 16 FIGURA 4: DISSECÇÃO......................................................................................... 17 FIGURA 5: LOCALIZAÇÃO DO TESTÍCULO......................................................... 17 FIGURA 6: LIGADURA DO CORDÃO..................................................................... 18 FIGURA 7: EMASCULADOR.................................................................................. 18 FIGURA 8: LIBERAÇÃO DO CORDÃO.................................................................. 19 FIGURA 9: POTRANCA APÓS PRIMEIRA CIRURGIA.......................................... 23 FIGURA 10: SUCÇÃO DO GÁS NA SEGUNDA CIRURGIA.................................. . 24 FIGURA 11: ENTEROTOMIA.................................................................................. 24 FIGURA 12: FÍSTULA............................................................................................. 25 FIGURA 13: NECRÓPSIA....................................................................................... 25 FIGURA 14: INÍCIO DO TRATAMENTO................................................................. 32 FIGURA 15: TESTE DA FLUORESCEÍNA............................................................. 33 FIGURA 16: SEM BLEFAROSPASMO APÓS 5 DIAS DE TRATAMENTO............34 FIGURA 17: FIM DO TRATAMENTO...................................................................... 34 viii RESUMO O estágio curricular foi realizado na Clinihorse localizada no Jockey Clube do Paraná, grupo 33 de propriedade do Dr.Marlon Carmelo Jardim Siqueira, Dra. Simone Harder, Dr. Mauricio Pontarolo e Dr. Alessandro Mercadante, algumas das atividades foram realizadas nos haras de criação de eqüinos na região metropolitana de Curitiba e também nas dependências do C.A.R.E. Centro Avançado de Reabilitação Eqüina, de propriedade do Dr. José Ronaldo Garotti e Dr. Ricardo de Bem e Freitas. Assim sendo o estágio abrangeu como principais áreas; Clínica Médica, Clínica Cirúrgica e Reprodução, em eqüinos da raça Puro Sangue Inglês sob orientação do Dr. Marlon Carmelo Jardim Siqueira. Foram desenvolvidas diversas atividades durante o estágio, com objetivo de obter conhecimento técnico e prático em diversas áreas, entre estas cito como principais, a Clínica Cirúrgica e a Reprodução, mas durante este período foram acompanhados diversos casos nas áreas de Radiologia, Endoscopia, Laboratório Clínico, Clínica médica e Manejo de Haras. Palavras-chave: Reprodução Animal – Clínica Cirúrgica – Eqüinos ix 1 - INTRODUÇÂO A clínica de eqüinos vem a cada dia exigindo mais e mais dos profissionais a ela ligados, mais conhecimento técnico, prático, e experiência, contudo esta área muitas vezes trata os animais como mercadorias e a sua criação como uma fábrica, esquecendo que são seres vivos. Cabe aí a posição do médico veterinário em promover o bem estar animal e saber que esta área não é só um “hobby”, e sim uma indústria financeira motivada por altos valores. Assim sendo os proprietários e criadores de cavalos buscam os profissionais mais qualificados em diversas áreas do mercado. No estágio pude observar que alguns proprietários tratam os cavalos P.S.I. como investimentos tentando assim obter o máximo de lucro possível com o mínimo de custo o que, obviamente não é errado, mas incerto. Felizmente tive a oportunidade de observar que muitos Médicos Veterinários tem consciência e tratam dos cavalos como eles merecem e que nessa área às vezes bons veterinários não são bons profissionais, hoje o mercado busca o melhor. O presente trabalho tem por objetivo descrever minhas experiências durante o período de oito de agosto de 2006 a quatro de outubro de 2006, nas dependências do jockey clube e dos haras totalizando 320 horas, onde foram realizadas atividades nas áreas de Clínica Médica, Reprodução e Cirurgia entre outras. Tive o privilégio de ter como orientador o Médico Veterinário Marlon Carmelo Jardim Siqueira e acompanhamento dos Médicos Veterinários Simone Harder, Alessandro Mercadante e Mauricio Pontarolo entre outros. Tenho satisfação em apresentar este trabalho à Universidade Tuiuti do Paraná. 2 - ATIVIDADES GERAIS DO ESTÁGIO Constam nas tabelas abaixo todas as atividades desempenhadas no estágio: TABELA 01: NÚMERO DE CASOS ACOMPANHADOS ESPECIALIDADES NÚMERO DE CASOS Clínica médica 24 Clínica Cirúrgica 31 Radiologia 37 Patologia 03 Reprodução 120 Total 215 TABELA 02 – NÚMERO DE CASOS EM CLÍNICA MÉDICA. CLÍNICA MÉDICA NÚMERO DE CASOS Fratura 05 Síndrome cólica 02 Pneumonia 02 Claudicação 05 Ulcera de córnea 03 Infiltração 03 Eutanásia 02 Infiltração de coluna 02 Total 24 TABELA 03 – NÚMERO DE CASOS EM CLÍNICA CIRÚRGICA. CLÍNICA CIRÚRGICA NÚMERO DE CASOS Vídeoartroscopia carpiana 02 Neurectomia 02 Orquiectomia 02 Vulvoplastias 20 Laparotomia exploratória 04 Enterotomia 01 Total 31 TABELA 04 – NÚMERO DE CASOS EM RADIOLOGIA. RADIOLOGIA NÚMERO DE CASOS Articulação Metacarpo-Falangeana 10 Articulação carpeana 13 Segundo terceiro e quarto metacarpianos 11 Vértebras cervicais 01 Articulação fêmur-tíbio-patelar 03 Total 38 TABELA 05 – NÚMERO DE CASOS EM PATOLOGIA. PATOLOGIA (NECRÓPSIA) NÚMERO DE CASOS Torção de tronco mesentério 01 Peritonite 01 Fratura 01 Total 03 TABELA 06 – NÚMERO DE CASOS EM REPRODUÇÃO. REPRODUÇÃO NÚMERO DE CASOS Controle folicular (palpação) 100 Monta assistida 20 Total 120 3 – CASOS 3.1 - CASO CLÍNICO I - CONTROLE FOLICULAR 3.1.1 – Revisão da literatura Fisiologia Os hormônios sintetizados e secretados pelas glândulas endócrinas são transportados para a circulação sangüínea para estimular, inibir ou interagir com a atividade funcional ou órgão-alvo específico produzindo grande variação de respostas fisiológicas (CUNNINGHAM, 1999). Os hormônios da reprodução são também classificados em dois grupos, de acordo com seu modo de ação. Hormônios primários que controlam os vários processos reprodutivos e hormônios metabólicos, que influem indiretamente na reprodução (HAFEZ, 1995). Os hormônios primários estão envolvidos em vários aspectos da reprodução, da espermatogênese, da ovulação, do comportamento sexual, da fertilização, da implantação, da manutenção da gestação, do parto, da lactação e do comportamento maternal. Os hormônios metabólicos são necessários para o bem estar geral, estado metabólico, e crescimento do animal, permitem o efeito pleno dos hormônios primários da reprodução (HAFEZ, 1995). Os hormônios primários da reprodução baseados em sua estrutura química, são divididos em três grupos; proteínas, esteróides e ácidos graxos Os hormônios secundários indiretamente relacionados à reprodução são secretados pela pituitária, tireóide, paratireóide, córtex da adrenal, útero e pâncreas. (CUNNINGHAM, 1999). O despertar da puberdade é regulado pela maturidade do eixo adeno- hipófise hipotalâmico, com a aproximação da puberdade, a freqüência de pico de hormônio luteinizante (LH), aumenta, seguida por um aumento transitório da onda pré - ovulatória de LH, associada com estro comportamental durante este período pré-púbere (HAFEZ, 1995). A síntese, armazenamento e liberação de hormônios hipotalâmicos são regulados por hormônios pituitários e esteróides através de dois mecanismos retroativos; uma alça longa e uma alça curta. O mecanismo retroativo envolve interação entre as gônadas, pituitária, e o hipotálamo. No sistema retroativo curto, os níveis de gonadotrofinas pituitárias podem influenciar a atividade secretora dos hormônios liberadores sem mediação das gônadas dependendo de sua concentração no sangue, os hormônios esteróides podem exercer um estímulo positivo ou retroativo inibidor. A retroação positiva resulta quando um estrógeno ou uma progestina estimula a liberação de uma gonadotrofina, como o LH. A retroação negativa resulta quando altos níveis de progesterona previnem a liberação de uma gonadotrofina (HAFEZ, 1995, MEIRA, 2006). Na retroalimentação estimulatória (+), um nível crescente de hormônios provoca um aumento subseqüente de outros hormônios. Por exemplo, níveis crescentes de estrógeno durante a fase pré-ovulatória acionam uma abrupta liberação de LH hipofisário. Estes dois eventos são intimamente sincronizados, porque uma onda de LH é necessária para a ruptura do folículo ovariano (HAFEZ, 1995, MEIRA, 2006). O mecanismo inibidor (-) envolve inter-relações recíprocas com duas ou mais glândulas e órgão-alvo. Por exemplo, à medida que o ovário é estimulado, a secreção de estrógenos aumenta, e o nível de hormônio folículo estimulante (FSH) diminui. Inclusive, quando os hormônios pituitários atingem certo nível, alguns núcleos hipotalâmicos respondem diminuindo a produção de seu hormônio liberador particular. Os níveis diminuídos de hormônios liberadores provocam um declíneo na secreção de hormônios hipofisários tróficos e, subsequencialmente, um nível diminuído de função glandularalvo (MEIRA, 2006). Cada hormônio possui um efeito seletivo (receptores) sobre um ou mais órgãos-alvo. Este fenômeno é atingido através de dois mecanismos; 1- Cada órgão alvo possui um método específico de ligar-se a um hormônio não encontrado em outro tecido. 2- Os órgãos-alvo possuem certas vias metabólicas hormonais capazes de responder às vias metabólicas hormonais não participantes de tecidos não assumidos como alvos. Hipófise A glândula hipófise é composta da adeno-hipófise, da neuro-hipófise da pars intermédia e da pars tuberalis (HAFEZ, 1995). A neuro-hipófise tem terminações celulares cujos corpos se originam no hipotálamo e que secretam ocitocina e vasopressina, estes dois hormônios são sintetizados em corpos celulares no hipotálamo e carreados por fluxo axónico para o lobo posterior, onde são liberadas (HAFEZ, 1995). Os principais efeitos da oxitocina são sobre a contração de músculos lisos (glândula mamária e útero). A hipófise anterior produz os seguintes hormônios de interesse reprodutivo: prolactina, hormônio folículo estimulante, hormônio luteinizante e corticotrofina (HAFEZ, 1995). O sistema portal hipotalâmico-hipofisário é a via vascular que transporta os hormônios hipotalâmicos para a hipófise anterior e para todo o corpo. O FSH estimula o crescimento e a maturação do folículo ovariano. Os níveis basais de LH agem em conjunto com FSH para induzir a secreção pelo grande folículo ovariano. A onda pré-ovulatória de LH é responsável pela ruptura da parede folicular e da ovulação (HAFEZ, 1995). A prolactina é denominada como hormônio gonadotrófico por causa de suas propriedades luteotróficas (manutenção do corpo lúteo). A prolactina age no sistema nervoso central para induzir o comportamento maternal (HAFEZ, 1995). Os hormônios da hipófise posterior são transportados por axônios para posições terminais na neuro-hipófise (hipófise posterior) para armazenamento. Os hormônios antidiuréticos (ADH) e ocitocina são neurosecreções (HAFEZ, 1995). O hipotálamo que ocupa apenas uma pequena parte do cérebro consiste da região do terceiro ventrículo, estendendo-se do quiasma para os corpos mamilares (HAFEZ, 1995). Importante centro neuroendócrino, libera vários hormônios, por exemplo, o hormônio liberador de gonadotrofinas hipotalámicas (GNRH). Regula vários processos automáticos vitais, como apetite, os batimentos cardíacos, o controle da temperatura, o comportamento sexual e a atividade neuroendócrina. Assim, o hipotálamo age como um centro processador e integrador de informações recebidas e as traduz em sintomas neuro-hormônais que envocam respostas fisiológicas (CUNNINGHAM, 1999). A gonadotrofina coriônica eqüina (ECG) foi descoberta quando o sangue de éguas prenhas provocou maturidade sexual em ratas imaturas (HAFEZ, 1995). Esta gonadotrofina placentária é secretada pelo útero eqüino. As concavidades endometriais são formadas ao redor de 40 dias de gestação e persistem até o 85º dia de prenhez. A secreção de ECG estimula o desenvolvimento de folículos ovarianos, alguns destes folículos ovulam, porém a maioria forma um folículo luteinizado, devido à ação semelhante à do LH. Estes progestágenos são extremamente importantes para a manutenção da gestação na égua (HAFEZ, 1995). Ciclo Estral A égua apresenta um ciclo de 21-22 dias, sendo 15 dias de diestro (progesterona) e 6-7 dias de estro (estrógeno). Geralmente, a ovulação ocorre 24-36 horas antes do final do cio, portanto, em uma égua com ciclo regular e devidamente monitorada espera-se que a ovulação ocorra no quinto dia de cio. A égua geralmente apresenta um cio logo após o parto (7 dias), ao qual denominamos cio do potro (HAFEZ, 1995). FIGURA 1: FOLÍCULO DE 35 mm. FONTE: Foto de Gustavo de Souza, tirada em set. 2006. 3.1.2 – Caso Clínico A maneira mais eficiente para se determinar o melhor momento para cobertura, consiste no acompanhamento da dinâmica folicular através de palpação retal e ultra-sonografia. É necessário um bom conhecimento da anatomia do aparelho genital da égua. Pela palpação estimamos o tamanho do folículo, bem como sua consistência. Quanto maior e mais flutuante (macio), mais próxima está à ovulação. A consistência é classificada por uma escala ordinal de 1 a 5, sendo 5 um folículo pré-ovulatório (muito macio). O folículo pode ultrapassar 50 mm de diâmetro, sendo que estaria sujeito a ovulação a partir de 35 mm. Alguns autores referem-se ao tamanho do folículo por comparação (ervilha, avelã, noz, ovos de galinha, pato, ganso). O ultra-som permite ainda avaliar o formato do folículo, bem como o estado que se encontra o útero (HAFEZ, 1995). São fármacos comumente utilizados no controle folicular: Luteolíticos (PgF2α): Destruição de Corpo Lúteo. Administrar 5 mg de dinoprost (1 ml) por via intramuscular. Gonadotrofina Coriônica Humana (HCG): Estimular ovulação (LH). 1500 U.I. – 3000 U.I. i.m. ou i.v. 24 horas antes do acasalamento. Gnrh: Estimular secreção de FSH e LH. Ocitocina: Promover contração uterina. Éguas. De 2 a 5 ml, pela via intramuscular ou subcutânea; de 1,5 a 4 ml pela via intravenosa; ou de 1,5 a 3 ml pela via epidural. FIGURA 2: EMBRIÃO COM APROXIMADAMENTE 20 DIAS. FONTE: Foto de Gustavo de Souza, tirada em set. 2006. 3.1.3 – Conclusão O controle folicular tem por objetivo maximizar a estação de monta, que no Puro Sangue Inglês no Brasil vai de primeiro de julho à trinta e um de dezembro. Conclui-se também que o completo entendimento da fisiologia se faz necessário e o uso do ultra-som é essencial para o melhor aproveitamento reprodutivo. 3.2 – CASO CLÍNICO II – CRIPTORQUIDISMO 3.2.1 – Revisão da literatura O sistema reprodutivo masculino é constituído de diversos órgãos peculiares que atuam em conjunto para produzir espermatozóides e liberá-los no sistema reprodutivo da fêmea. Esse esforço conjunto envolve tanto o sistema neuroendócrino quanto o genital. Os órgãos genitais consistem em dois testículos, cada qual suspenso dentro do escroto por um cordão espermático e pelo músculo cremáster externo, dois epidídimos, dois ductos deferentes, glândulas sexuais acessórias e o pênis. As glândulas sexuais acessórias incluem um par de vesículas seminais, uma próstata e um par de glândulas bulbouretrais (HAFEZ, 1995). O escroto junto com os músculos cremáster e a anatomia vascular das artérias e veias testiculares protegem e termoregulam os testículos. O escroto, presente em todos os animais domésticos, é essencialmente uma bolsa com uma camada fibroelástica subcutânea e muscular denominada túnica Dartus. A disposição vascular da artéria testicular circundada pelo plexo das veias testiculares (plexo pampiniforme), proporciona um mecanismo de troca de calor em contra corrente, que é vital para a termorregulação testicular. A contração e o relaxamento da túnica Dartus e dos músculos Cremáster ocorrem com alterações na temperatura do ambiente bem como em resposta a outros estímulos táteis. O escroto do eqüino contém numerosas glândulas sudoríparas que contribuem ainda mais para o mecanismo termorregulador (HAFEZ, 1995). O testículo é o órgão mais importante do sistema reprodutor masculino. Contudo, é preciso lembrar que todas as funções testiculares são profundamente influenciadas pelo sistema neuroendócrino. O testículo é responsável pela esteroidogênes e principalmente pela produção de andrógenos, bem como pela geração de células germinativas haplóides via espermatogênese. Essas duas funções processam-se nas células de Leydig e nos túbulos seminíferos respectivamente (HAFEZ, 1995). Segundo CUNNINGHAM (1999), no eqüino a descida dos testículos para o escroto normalmente ocorre entre o 9º e o 11º mês de gestação, mas podem ocorrer anormalmente aos 2 ou 3 anos de idade. Já segundoNASCIMENTO (2003)., “a descida dos testículos ocorre um mês antes do nascimento”. A criptorquidia consiste na falha de descida de um ou de ambos os testículos para a bolsa escrotal. Ocasionalmente, os potros ao nascerem não apresentam os testículos na bolsa, os que os situam como animais predispostos, quando atingirem a idade de dois a três anos, a serem considerados criptorquídio abdominal ou inguinal, devido à localização anormal dos testículos (HAFEZ, 1995). Existem fortes indícios de que a interrupção ou ausência de migração dos testículos para o interior da bolsa escrotal seja por predisposição hereditária, supostamente dominante no cavalo (HAFEZ, 1995). O criptorquidismo pode ser unilateral ou bilateral, com o testículo localizado na cavidade abdominal ou no trajeto do canal inguinal. Mas raramente podemos ter cavalos com ausência de um ou de ambos os testículos em razão de disgenesia testicular. Em geral, a criptorquidia é unilateral, prevalecendo a do esquerdo (HAFEZ, 1995). Segundo AUER e STICK (2006) um estudo em 350 animais criptorquidas 75% deles tem alteração no testículo esquerdo e apenas 9% tem retenção bilateral. O testículo intra-abdominal não produz espermatozóides viáveis em razão da temperatura do abdome ser de 0,5 a 4,0 graus acima da temperatura intra-escrotal ideal, porém as células espermatogênicas se mantêm ativas e secretam testosterona (HAFEZ, 1995). Segundo THOMASSIAN (2005) o tratamento mais eficaz é o cirúrgico realizando-se a orquiectomia pelas vias inguinal, pré-inguinal, pré-púbica, para- mediana, para-prepucial, pela fossa para-lombar ou por cirurgia transendoscópica, segundo o autor, tratamentos a base de hormônios não produzem os mesmos efeitos que na terapia humana. 3.2.2 – Técnica cirúrgica Uma incisão na pele de 12 a 15 centímetros é feita sobre o anel inguinal externo e continua através da fáscia superficial, abandona-se a dissecção fina em favor da dissecção romba com as pontas dos dedos para separar a fáscia inguinal subcutânea e expor o anel inguinal externo, até que o anel vaginal seja localizado pelo dedo. Na criptorquidia inguinal, o testículo contido no interior da túnica vaginal comum é aberta e o testículo retirado (TURNER, 2002). A esta altura o testículo é identificado e emasculado. Em algumas circunstancias o testículo não pode ser retraído o suficiente para permitir a emasculação; por esta razão o cordão é ligado. Assim sendo, é promovida sutura de pele continua ou simples com fio absorvível. Se houver ruptura do anel inguinal externo ele deverá ser fechado com sutura simples interrompida com fio absorvível (TURNER, 2002). A conduta no pós-operatório indica a imunização contra tétano, antibiótico terapia e analgesia (TURNER, 2002). 3.2.3 – Discussão Animal eqüino 2,5 anos, macho apresentava claudicação acentuada no membro posterior direito, foi verificado no exame clínico e relatado pelo gerente da cocheira que o animal não possuía o testículo direito na bolsa escrotal. O tratamento indicado foi o cirúrgico. Na semana seguinte o animal foi submetido à cirurgia no hospital do C.A.R.E.. A técnica cirúrgica foi procedida e obteve sucesso na localização e remoção do testículo, no mesmo dia o animal voltou à cocheira e os sinais desapareceram. FIGURA 3: CRIPTORQUIDA EM DECÚBITO DORSAL. FONTE: Foto de Gustavo de Souza, tirada em ago. 2006. FIGURA 4: DISSECÇÃO. FONTE: Foto de Gustavo de Souza, tirada em ago. 2006. FIGURA 5: LOCALIZAÇÃO DO TESTÍULO. FONTE: Foto de Gustavo de Souza, tirada em ago. 2006. FIGURA 6: LIGADURA DO CORDÃO. FONTE: Foto de Gustavo de Souza, tirada em ago. 2006. FIGURA 7: EMASCULADOR. FONTE: Foto de Gustavo de Souza, tirada em ago. 2006. FIGURA 8: LIBERAÇÃO DO CORDÃO. FONTE: Foto de Gustavo de Souza, tirada em ago. 2006. 3.2.4 – Conclusão do caso clínico Segundo literatura consultada, todos os procedimentos realizados neste caso estão de acordo e tiveram sucesso no tratamento. Conclui-se assim que a criptorquidia é uma alteração comum nos eqüinos P.S.I. e por isso devem-se tomar as medidas cabíveis para solucioná-la. 3.3 – CASO CLÍNICO III - LAPAROTOMIA EXPLORATÓRIA 3.3.1 – Revisão da literatura A técnica cirúrgica indica a incisão acima do umbigo e estendendo-se cranialmente, seu comprimento depende do procedimento, mas tem geralmente 30 a 40 cm. Tal incisão é aplicada nos pacientes com distúrbios abdominais agudos. A incisão de pele prolonga-se através de uma camada de tecido subcutâneo, que é delgado na maioria dos animais. Depois que a hemorragia for controlada a linha Alba é incisada. Segundo Auer e Stick, “a parte cranial da linha Alba mede 0.3mm e a parte caudal podem chegar a medir 1 cm.” (2006, p. 393). Uma leve divergência partindo da linha mediana resultará na penetração do músculo reto do abdome, particularmente na porção cranial da incisão, mas este evento normalmente não traz conseqüências. A incisão da linha Alba revela o tecido adiposo retroperitoneal profundamente. O peritônio é reparado e aberto com tesouras de Metzenbaum, e a incisão tanto poderá se estender com as tesouras como poderá ser ampliada pela mão. Qualquer alça intestinal exteriorizada deverá ser mantida úmida enquanto se faz a exploração sistemática do abdome (AUER, 2006). Segundo Auer e Stick (2006), “a incisão da linha Alba é mais comumente utilizada para cirurgias abdominais em eqüinos, porque exterioriza 75% do trato intestinal”. A abertura do abdome, o problema poderá ser rapidamente identificado ou imediatamente encontrado num exame ligeiro. Em muitas instâncias, contudo, um exame sistemático deve ser efetivado antes do fechamento do abdome (AUER, 2006). Se o ceco não estiver deslocado deve ser identificado logo após a penetração da cavidade peritoneal. O ceco é um ponto de referência para a exploração sistemática tanto do intestino delgado como do grosso (AUER, 2006). A incisão da linha mediana é fechada em três camadas. Um fechamento separado do peritônio não é necessário nem vantajoso. A linha Alba é fechada com suturas interrompidas simples posicionadas 1 cm uma da outra. A seleção do material de sutura depende da preferência pessoal, mas o categute, e materiais absorvíveis sintéticos ou materiais inabsorvíveis sintéticos podem ser empregados. O tecido subcutâneo é fechado com uma camada contínua simples de material absorvível sintético. O principal objetivo desta camada é cobrir as extremidades das largas suturas interrompidas sobre a linha Alba de forma que não protraiam da incisão de pele. Na maioria dos procedimentos cirúrgicos, a velocidade é importante; este padrão de sutura oferece fechamento satisfatório assim como velocidade rapidez no procedimento (AUER, 2006). O objetivo do cirurgião ao realizar qualquer intervenção é que esta seja segura e eficiente. O procedimento deve ser o mais rápido possível, com o menor trauma tecidual, restaurando a função, e conseqüentemente diminuindo ao máximo as possibilidades de intercorrências no pós-operatório. A moderna cirurgia atinge estes objetivos de forma bastante satisfatória, porém, as complicações relacionadas às suturas ainda ocorrem com alguma freqüência (AUER, 2006). Habitualmente não se executa a drenagem peritoneal após a cirurgia abdominal. O uso rotineiro de drenos de Penrose em particular deve ser desencorajado devido aos riscos de infecção retrógrada. Se houver suspeita de contaminação pelo ar ou foi executada uma anastomose intestinal, o abdome é irrigado através de um dreno de plástico heparinizado que foi inserido, principalmente para drenar o fluido de irrigação. Normalmente o dreno deve ser retirado dentro de 24 horas (AUER, 2006). As compactações são as desordens mais freqüentes e podem ser causadaspor concreções intestinais como fitobezoares, tricobezoares, fecalomas, enterólitos, corpos estranhos ou outras afecções como os hematomas, volvulos, intussuscepções, retenção de mecônio e tumores (Edwards, 1992; 1997, citado por F.A. Lucas et al., 2001). 3.3.2 – Caso Clínico Foi deslocada ao hospital do C.A.R.E. uma potranca com 1,5 anos de idade com quadro de abdome agudo há 24 horas. Lá internada foi submetida à laparotomia exploratória onde foi evidenciada leve torção de intestino delgado sem grande sofrimento, a torção foi desfeita e a motilidade recuperada. O retorno da anestesia foi ótimo e o animal apresentou melhora considerável, demonstrando aparente recuperação no quadro. No segundo dia o animal voltou a demonstrar dor, aumento do volume abdominal e nenhuma motilidade intestinal. Como a potranca era considerada de alto valor foi optado pelo Dr. Marlon, em consenso com o anestesista e com a assistente, que o animal fosse submetido à nova laparotomia. A nova cirurgia demonstrou grande acúmulo de gás nas alças e massa fecal localizada. Foi procedida a sucção do gás e enterotomia para retirada da massa. O animal após a nova cirurgia demonstrou abrupta melhora no quadro, e por este motivo foi estimulada a motilidade intestinal com a oferta de pequena quantidade de alfafa, visto que o animal não se alimentava há muitos dias. Após três dias a potranca apresentava melhora surpreendente, se alimentava, defecava, flatulava, o que nos indicava o livre trânsito intestinal, mas apresentava leve alteração de temperatura nos cascos e seqüestro de leucócitos no hemograma, mas estas alterações estavam sendo tratadas. No decorrer dos dias foi observado gotejamento na linha de sutura, de um liquido com aspecto avermelhado. Como já estava drenando não foi tomada nenhuma providência além da antibiótico terapia. Após 13 dias da primeira cirurgia o animal foi sacrificado, pois apresentava quadro de septicemia, com início de choque. FIGURA 9: POTRANCA APÓS SEGUNDA CIRURGIA. FONTE: Foto de Gustavo de Souza, tirada em set. 2006. FIGURA 10: SUCÇÃO DO GÁS NA SEGUNDA CIRURGIA. FONTE: Foto de Gustavo de Souza, tirada em set. 2006. FIGURA 11: ENTEROTOMIA. FONTE: Foto de Gustavo de Souza, tirada em set. 2006. FIGURA 12: FÍSTULA. FONTE: Foto de Gustavo de Souza, tirada em set. 2006. FIGURA 13: NECRÓPSIA. FONTE: Foto de Gustavo de Souza, tirada em set. 2006. 3.3.3 – Conclusão do caso clínico A revisão bibliográfica nos mostra que a técnica foi utilizada corretamente tanto na laparotomia quanto na enterotomia. Como se sabe o decorrer de fatos como a torção, o acúmulo da massa fecal, a contaminação na cirurgia ou no pós-cirúrgico e depois o comprometimento vascular e a peritonite instalada, fizeram com que o animal viesse a óbito. Talvez se outras medidas tivessem sido tomadas, como instalação de um dreno, lavagem peritoneal ou quaisquer outra, o animal poderia estar vivo. Mas, decisões foram tomadas corretamente naqueles momentos e infelizmente o caso nos ensina que é possível refazer uma laparotomia em casos de emergência. È interessante lembrar que todas as medidas cabíveis na parte terapêutica também foram tomadas. 3.4 –CASO CLÍNICO IV - ÚLCERA DE CÓRNEA 3.4.1 – Revisão da literatura Anatomia e Fisiologia A córnea consiste em epitélio, estroma, membrana de Descemet e endotélio (SLATTER 2001). O epitélio tem a espessura de 7 a 15 células e é substituído a cada 7 a 10 dias. O endotélio da córnea corresponde a uma única camada de células com pouca ou nenhuma capacidade regenerativa. Portanto, a lesão endotelial tem enorme significado, pois em geral o reparo completo não é possível e resulta em edema permanente da córnea (SLATTER 2001). Segundo THOMASSIAN (2005), “a córnea é a superfície refratora mais resistente do olho, que em condições de normalidade anatômica, é avascular e transparente; é destituída de vasos sanguíneos e linfáticos e recebe nutrientes do tecido vascular periférico e do humor aquoso, do filme lacrimal e dos capilares perilimbais”. A córnea é transparente avascular e suprida por nervos sensoriais do ramo oftálmico do nervo trigêmeo (SLATTER 2001). O epitélio e o estroma anterior são ricamente inervados por nervos sensoriais, enquanto a córnea media e a interna tem menos inervação. A nutrição e a remoção de produtos de degradação são feitas pela película lacrimal, pelo humor aquoso e por difusão para a esclerótica e a partir dela e dos vasos sanguíneos conjuntivais. A irritação crônica da córnea resulta em vascularização superficial, ao passo que a inflamação da úvea anterior redunda em vascularização corneana profunda. Com freqüência a vascularização é sucedida por pigmentação da córnea. Alem disso, a formação de cicatriz e infiltrados não celulares como depósitos minerais e fosfolipídios também alteram a transparência da córnea. É fundamental estabelecer a causa dessas alterações e se possível eliminá-las (SLATTER 2001). A ulceração da córnea talvez seja a doença ocular mais frustrante e devastadora no eqüino. De todas as espécies tratadas comumente na oftalmologia veterinária, a córnea do eqüino é a que demora mais a cicatrizar, a mais provável a infectar-se e a que produz os piores resultados. Além disso, o tamanho e o temperamento do animal costumam dificultar o tratamento tanto para o proprietário quanto para o veterinário (REED, 2000). 3.4.2 – Sinais clínicos e diagnóstico Há úlcera de córnea quando não ocorre ruptura no estroma da córnea, em termos clínicos, isto resulta em lacrimejamento, blefarospasmo, fotofobia, hiperemia conjuntival, edema de córnea e possivelmente, miose e corrimento aquoso. Faz-se o diagnóstico de úlcera de córnea com base nesses sinais clínicos e na coloração da córnea com fluoresceína, corante que ficará retido pelo estroma subjacente e aparecerá verde (REED, 2000). Por ser na maioria das vezes um processo doloroso, o animal deverá ser manejado com paciência e cautela o que irá possibilitar a realização de um exame clínico completo. Para tanto, instale o animal em local tranqüilo e a meia-luz e, se necessário pode-se tranqüilizar o cavalo com xilazina, na dose de 0,4 a 1,0 mg/kg, pela via intravenosa. Ocasionalmente pode ser necessária à realização da anestesia da inervação aurículo-palpebral, que inerva o músculo orbicular do olho, com injeção de 2 a 4 ml de lidocaína 1%, sem vaso constritor, impossibilitando dessa forma a ocorrência de blefarospasmo (THOMASSIAN, 2005). Segundo SLATTER, “são instrumentos básicos para o exame oftalmoscópio, fonte de luz puntiforme, lupa de aumento, oftalmoscópio direto, fitas para teste de Schirmer e fluoresceína” (2001). 3.4.3 – Terapia O tratamento de uma úlcera de córnea sem complicações abrange o controle da dor e da inflamação, a eliminação ou a prevenção de infecção e a profilaxia de complicações secundárias. A cicatrização dependendo do tamanho da úlcera pode estar completa em 2 a 6 dias no caso da úlcera de córnea não complicada (REED, 2000). Caso se observe miose administra-se atropina tópica a 1% para dilatar a pupila, diminuir a dor decorrente da uveite anterior e prevenir a formação de sinéquias posteriores. Usa-se atropina tópica conforme o necessário para dilatar a pupila, mas a freqüência do tratamento não deve ultrapassar 4 vezes por dia. Todas as medicações oftálmicas tópicas são absorvidas pó via sistêmica, e atropina tópica pode resultar em cólica do tipo íleo paralítico (REED, 2000). O uso de antiinflamatórios está indicado e também de antibióticos de amplo espectro (REED, 2000). Segundo REED, “todas as úlceras de córnea crônicas devem ser considerada micóticas até prova em contrário”. A ceratite micótica é mais comum nos meses de verão e em climasquentes. As úlceras micóticas costumam apresentar áreas multifocais de infiltrado celular e colônias de fungos, que surgem como lesões brancas profundas no estroma da córnea. Os antibióticos imidazólicos, miconazol e cetoconazol podem ser os mais eficazes nos tratamentos (2000). Uma fórmula de colírio que tem proporcionado bons resultados em ceratites ulcerativa pode ser instilada com os seguintes produtos: tobramicina 1,2ml, atropina 1%, 6,0 ml, acetilcisteina 20%, 6,0 ml, lagrima artificial (qsp. 24 ml) 10,8ml (THOMASSIAN, 2005). A tobramicina poderá ser substituída por 1,2 ml de succinato de cloranfenicol a 20% ou 1,5 ml de solução de gentamicina a 5% (THOMASSIAN, 2005). Ocasionalmente, quando a manipulação das pálpebras para lavagens e a instilação de colírios for muito dolorosa para o cavalo, pode-se realizar a lavagem pela sondagem do ducto nasolacrimal através da via nasal, ou então se instalar uma sonda subpalpebral (pode ser uma sonda uretral de cão) o que elimina a necessidade de se manipular as pálpebras para expor o globo ocular, facilitando o tratamento e evitando o desconforto para o animal (THOMASSIAN, 2005). Nos casos de úlcera profunda, na presença de Descemetocele, ou os casos que não respondem satisfatoriamente ao tratamento convencional, torna- se necessária à intervenção cirúrgica com a realização da ceratectomia parcial ou profunda, para a reativação cicatricial da córnea, eliminando-se os tecidos comprometidos. Como na maioria das vezes este procedimento exige a realização de recobrimento da córnea com a terceira pálpebra, de transposição de “flap” da conjuntiva palpebral ou transposição da conjuntiva escleral, ou da ceratoplastia com o uso de enxertos biológicos, as pálpebras deverão estar cerradas cirurgicamente realizando-se a tarsorrafia, o que dificultaria as lavagens e instilações de colírios. Nestas circunstancias deve-se instalar previamente uma sonda na região subpalpebral, ou utilizar-se do ducto nasolacrimal para realização dos lavados e instilação dos demais medicamentos sobre a córnea (THOMASSIAN, 2005). Segundo pesquisa na internet, pode-se utilizar soro autólogo puro ou diluído, conforme a gravidade do caso. Normalmente, dilui-se a concentrações de 20 a 50% em solução salina ou metilcelulose 0,5%. Sabe-se que o soro autólogo possui componentes essenciais que se encontram presentes na lágrima, como vitamina A, EGF e fator de crescimento transformador beta (TGF-b). É importante que a preparação desse colírio seja feita em laboratório estéril e com experiência na manipulação de sangue para diminuir o risco de contaminação. Segundo ALVES, pacientes humanos com defeitos epiteliais tratados com aplicações de soro autólogo apresentaram benefícios no tempo de cicatrização dessas lesões quando comparados com o tratamento convencional (2001). A melhor maneira de tratar muitas úlceras de córnea micóticas é através do uso de uma combinação de conduta cirúrgica e clínica. O debridamento cirúrgico na forma de ceratectomia de espessura parcial pode ajudar a remover boa parte do estroma infectado da córnea. Isto é feito sob anestesia geral. A úlcera resultante pode ser tratada clinicamente ou, o que é mais apropriado, suturando-se um enxerto de pedículo conjuntival à úlcera para ajudar na cicatrização ou fazendo uma ceratoplastia penetrante no caso de lesões mais profundas. A vascularização da córnea proporcionada por um retalho conjuntival facilita a cicatrização. A maioria das úlceras de córnea micóticas acaba por ficar vascularizada e cicatrizar até certo ponto. Os corticosteróides exercem pouco, se algum, efeito sobre a formação de cicatriz (fibrose) na córnea e não estão, portanto indicados, mesmo após a resolução da ceratite micótica. (REED, 2000). 3.4.4 – Discussão Foi relatado pelo gerente da cocheira que um dos animais que havia corrido no fim de semana apresentava o olho direito irritado e o mantinha fechado. Assim sendo foi optado, após breve exame, que se utilizasse um especialista. Com a presença do especialista, e com o animal contido foi instilado anestésico que rapidamente aliviou o blefarospasmo e evidenciou uma alteração corneana (fig. - 14). FIGURA 14: INÍCIO DO TRATAMENTO. FONTE: Foto de Gustavo de Souza, tirada em set. 2006. Foi diagnosticada também pelo profissional, a presença de uma pequena colônia fúngica, e logo após, realizado teste de fluoresceína que comprovou a úlcera superficial. FIGURA 15: TESTE DA FLUORESCEÍNA FONTE: Foto de Gustavo de Souza, tirada em set. 2006. Foram receitadas pelo profissional as seguintes drogas: Xilosan: 3X por dia durante 10 dias. Still (diclofenaco sódico): 4x por dia durante 10 dias. Fluimucil (N-acetilcisteína): 4x por dia durante 10 dias. Atropina: 2x por dia durante 10 dias. Soro autólogo: 2x por dia durante 10 dias. Miconazol (manipulado): 3x por dia durante 10 dias. Chá de camomila: 4x por dia durante 10 dias. Antiinflamatório oral: Maxicam ® (Meloxicam) 1x por dia durante 10 dias. Segue abaixo imagens da evolução do quadro. FIGURA 16: SEM BLEFAROSPASMO APÓS 5 DIAS DE TRATAMENTO. FONTE: Foto de Gustavo de Souza, tirada em set. 2006. FIGURA 17: FIM DO TRATAMENTO. FONTE: Foto de Gustavo de Souza, tirada em set. 2006. Observa-se a vascularização da córnea no final do tratamento neste momento o animal foi tratado com corticóide e não foi visualizada alteração significativa. 3.4.5 – Conclusão Apesar do especialista e a literatura citarem que o melhor procedimento seria a união cirúrgica e clínica para resolução do caso, o proprietário não optou pelo custo da cirurgia que era relativamente alto, mesmo assim o tratamento clínico demonstrou eficácia surpreendente e em pouco tempo o animal voltou a correr. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS - AUER, J.A., STICK, J.A. Equine surgery. 3ª ed. Missouri: Saunders. 2006. 1390 pg. - CUNNINGHAM, J.G. Fisiologia veterinária - tratado de. 2ª ed. 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São Paulo: Roca. 2002. - Bula eletrônica: http://www.pfizersaudeanimal.com.br acesso em: 14 out. 2006. - Bula eletrônica: http://www.intervet.com.br acesso em: 14 out. 2006. - Pesquisa no site http://www.abonet.com.br/abo/atcont11.htm acesso em: 19 out.2006. - Pesquisa no site http://bases.bireme.br. ALVES, M.C., RASKIN, E. RASKIN, D.G.; EREDIA, G.C.; FARIA. R.M. O uso de soro autólogo no tratamento de lesões corneanas agudas; Rev. bras. oftalmol;60(6):426- 428, jun. 2001.acesso em : 19 out.2006.
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