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Grupo de Estudos PGE RJ - Precedentes

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GRUPO DE ESTUDOS PGE-RJ 
 
Membros da Banca de Processo Civil: 
- Procurador Claudio Robero Pieruccetti Marques – Presidente 
- Des. Luciano Saboia Rinaldi (TJRJ) 
- Des. Alexandre Freitas Câmara (TJRJ) 
- Procurador Francesco Conte 
- Advogado Rodrigo Fux 
- Advogado Leonardo Greco 
- Procuradora Tatiana Simões dos Santos 
 
PRECEDENTES 
 
1. Tradições jurídicas: Common law x Civil law 
(Alexandre Câmara – Levando os Padrões Decisórios a Sério) 
 
1.1. Common law 
Origem no direito inglês. Tradição também seguida por EUA, Canadá, Austrália, Nova Zelândia. 
No common law, o direito legislado é tido como secundário. Ainda assim, boa parte das normas jurídicas 
inglesas e norte-americanas são sancionadas pelo Legislativo ou Executivo. 
Aplicação da regra do stare decisis – regra segundo a qual os órgãos jurisdicionais ficam vinculados aos 
precedentes. 
A vinculação dos precedentes não decorre da lei, mas sim de construção histórica, conforme a atuação dos 
órgãos jurisdicionais. 
 
1.2. Civil law 
Já no civil law, o direito oriundo do Legislativo se destaca. Apesar do maior destaque do papel das 
legislações, a utilização da técnica dos precedentes não é estranha a essa tradição jurídica. 
Alexandre Câmara analisa como tem sido aplicada a técnica dos precedentes em três países que seguem a 
tradição da civil law: Alemanha, França e Itália. 
 
1.3. Direito brasileiro está caminhando em direção ao common law? 
Não há dúvidas de que o direito brasileiro, em razão da colonização portuguesa, foi constituído sobre as 
bases do civil law. 
Contudo, há uma tendência ao reconhecimento do precedente como “fonte do Direito”, inclusive com a 
expressa atribuição a algumas decisões judiciais, de eficácia vinculante e “erga omnes” (ex: art. 102, § 2º, 
CRFB – ADIs e ADCs). Há quem afirme que teria havido uma aproximação maior entre o ordenamento 
brasileiro e o common law (Humberto Theodoro Júnior, Dierle Nunes, Alexadre Bahia1). Lenio Streck2 
invoca a expressão “commonlização” para se referir a essa aproximação. 
Alexandre Câmara não nega essa aproximação. Contudo, esse intercâmbio de institutos jurídicos não 
implica a migração de dado ordenamento jurídico que segue determinada tradição jurídica para outra. O 
autor também refuta a adoção de um sistema misto. Isso porque o direito brasileiro dispõe de 
previsão legal expressa que confere eficácia vinculante aos precedentes, enquanto no common 
law não costuma existir lei a afirmar tal efeito. 
 
2. Padrões decisórios (precedentes e súmulas) 
(Alexandre Câmara – O Novo Processo Civil, 2019) 
 
Câmara divide o gênero “padrão decisório” (que aparece no § 5º do art. 966, CPC) em duas espécies: 
(i) precedente 
(ii) enunciado de súmula 
Precedente: “é um pronunciamento judicial, proferido em um processo anterior, que é empregado 
com base da formação de outra decisão judicial, prolatada em processo posterior. Dito de outro 
modo, sempre que um órgão jurisdicional, ao proferir uma decisão, parte de outra decisão, proferida em 
outro processo, empregando-se como base a decisão anteriormente prolatada, terá sido um precedente”. 
Enunciados de súmula: “São pequenos textos (chamados de verbetes ou enunciados) que consolidam 
entendimentos dominantes na jurisprudência de certo tribunal, e que são identificados a partir do exame 
de diversos acórdãos”. “Extratos da jurisprudência dominante de um tribunal”. 
Podem ser vinculantes (art. 103-A, CRFB) ou não vinculantes. 
 
1 Breves Considerações sobre a politização do Judicário e sobre o panorama de aplicação no direito brasileiro – 
Análise da convergência entre o civil law e o common law e dos problemas de padronização decisória. Revista de 
Processo, São Paulo: RT, vol. 189, p. 40-41, 2010. 
2 https://www.conjur.com.br/2012-set-18/lenio-streck-juristrocracia-projeto-codigo-processo-civil 
Não são considerados precedentes, mas se baseiam em precedentes. Os pronunciamentos judiciais 
indicados na súmula são tido como precedentes. Exemplo: no caso do verbete 510 da súmula do STJ são 
citados os julgamentos proferidos nos seguintes processos: ArRg no REsp 1303711/RJ; REsp 
1124687/GO; AgRg no Ag 1230416/DF; AgRg no REsp 1156682/TO; AgRg no REsp 1124832/GO; 
REsp 1148433/SP; REsp 1144810/MG; AgRg no REsp 1129844/RJ; AgRg no REsp 1027557/ RJ; AgRg 
no REsp 919347/DF; REsp 843837/MG; REsp 790288/MG; REsp 792555/ BA; AgRg nos EDcl no 
REsp 622971/RJ; REsp 622965/RJ; REsp 648083/RJ. 
A invocação de enunciado sumular em posterior decisão deve ocorrer nos casos em que a mesma questão 
seja debatida, levando-se em conta os precedentes que o formaram (enunciado 166, FPPC). Isso decorre 
do art. 926, § 2º, CPC: 
Art. 926 (...) 
§ 1º Na forma estabelecida e segundo os pressupostos fixados no regimento 
interno, os tribunais editarão enunciados de súmula correspondentes a sua 
jurisprudência dominante. 
§2º Ao editar enunciados de súmula, os tribunais devem ater-se às circunstâncias 
fáticas dos precedentes que motivarama sua criação. 
 
 
Enunciado 166, FPPC: 
 
166. (art. 926) A aplicação dos enunciados das súmulas deve ser realizada a partir 
dos precedentes que os formaram e dos que os aplicaram posteriormente. (Grupo: 
Precedentes) 
 
Objetivos da padronização decisória: assegurar a isonomia (art. 5º, caput , CRFB) e segurança jurídica 
(art. 5º, XXXVI, CRFB), a partir da uniformização de decisões em causas idênticas. 
 
O direito brasileiro reconhece dois tipos de padrões decisórios: 
- vinculantes: são de aplicação obrigatória, não podendo o órgão jurisidicional a ele vinculado deixar de 
aplicá-lo e decidir de forma distinta. 
- não vinculantes (persuasivos ou argumentivos): são meramente argumentativos, podendo o órgão 
jurisdicional afastá-lo, desde que assim o faça através de fundamentação específica 
 
Jurisprudência: conjunto de decisões proferidas pelos tribunais, sobre uma determinada matéria, em um 
mesmo sentido. 
 
3. Efeitos vinculantes: em que consistem? 
 
Câmara destaca a importância da distinção de eficácia erga omnes e efeitos vinculantes.3 
 eficácia erga omnes - refere-se à ampla aptidão da produção de efeitos da parte dispositiva da 
decisão, que passa a produzir efeitos para todos. Por exemplo, se o STF declara inconstitucional 
determinada lei estadual, a parte dispositiva dessa decisão produz efeitos erga omnes e aquela lei é 
inconstitucional para todos. 
 efeito vinculante – provém dos fundamentos determinantes (ratio decidendi) da decisão. 
Então, se uma lei de determinado Estado é declarada inconstitucional, todos os demais órgãos 
jurisdicionais tem o dever de pronunciar a inconstitucionalidade de leis que padeçam do mesmo 
vício. O autor considerada como fundamentos determinantes: 
“Deve-se considerar como fundamentos determinantes de uma decisão 
aqueles da decisão judicial colegiada que tenham sido expressamente 
acolhidos ao menos pela maioria dos integrantes da turma julgadora 
(FPPC, enunciado 3174). Outros fundamentos, que não contem com a expressa 
adesão pelo menos da maioria dos juízes que integram o colegiado não são 
determinantes e, por isso, não têm eficácia vinculante. E tais fundamentos 
determinantes precisam, necessariamente, ter sido objeto de contraditório 
prévio e substancial (FPPC, enunciado 2: “Para a formação do precedente, 
somente podem ser usados argumentos submetidos ao contraditório”). 
 
Fundamentos determinantes x “obiter dicta” - É tradicional, no estudo dos precedentes, chamar-se o 
fundamento determinante da decisão de ratio decidendi e o fundamento não determinante de obiter 
dictum (FPPC, enunciado 318: “Os fundamentos prescindíveis para o alcance do resultado fixado 
no dispositivo da decisão (obiter dicta), ainda que nela presentes, não possuem efeito de 
precedente vinculante”). São, pois, as rationes decidendi de um precedente que podem ter eficácia 
vinculante, não os obiter dicta. 
No mesmo sentido, Didier afirma que o art.927 do CPC não trata de respeito à coisa julgada 
produzida nesses processos. São os fundamentos determinantes do julgamento que produzem o 
efeito vinculante de precedente para todos os órgãos jurisdicionais. O efeito vinculante recai não 
apenas sobre o dispositivo, mas também sobre fundamentação necessária - questões incidentais - que levou 
ao julgamento do caso em tal sentido. O instrumento para fazer valer a autoridade do que ficou decidido 
 
3 Alexandre Câmara, Levando os padrões decisórios a sério, 2018, p. 184. 
4 317. (art. 927). O efeito vinculante do precedente decorre da adoção dos mesmos fundamentos 
determinantes pela maioria dos membros do colegiado, cujo entendimento tenha ou não sido 
sumulado. (Grupo: Precedentes) 
 
na fundamentação, em controle concentrado, seria o da reclamação constitucional, disciplinada no art. 988 
do NCPC. 
 
Teoria da transcedência dos motivos determinantes e abstrativação do controle difuso 
Na Reclamação 4335, o Ministro Gilmar Mendes defendeu que o art. 52, X sofreu uma mutação 
constitucional em razão de alteração contextual. Compete ao Senado, por meio de resolução do Senado, 
dar efeitos erga omnes a uma decisão do STF que tinha efeito inter partes (controle concreto). 
Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal: 
X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional 
por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal. 
 
A interpretação antiga seria a de que a resolução do Senado teria a função de dar efeitos erga omnes às 
decisões proferidas no controle incidental. A interpretação atual seria a de que a resolução serve 
apenas para dar maior publicidade às decisões do STF, de modo que todas as decisões do STF 
proferidas em controle concreto também teriam efeitos erga omnes. Argumentos invocados por Gilmar: 
- O dispositivo é obsoleto, por ter sua origem na Constituição de 1934, pois partia da premissa que o STF 
não podia atuar como legislador negativo, sob pena de usurpar a competência do legislador; 
- O STF, como guardião da Constituição, é seu intérprete máximo, devendo prevalecer seu entendimento 
sobre a inconstitucionalidade da norma com eficácia erga omnes, ainda que em controle incidental; 
- Concretização dos princípios da supremacia da Constituição, economia processual, efetividade do 
processo e celeridade; 
- A resolução do Senado seria apenas para conferir maior publicidade à decisão. 
Principal consequência: as decisões contrárias à orientação do STF, também em controle 
incidental, poderiam ser cassadas por meio de reclamação. 
Embora a referida reclamação tenha sido julgada procedente, em razão da superveniência da súmula 
vinculante 26, a tese não foi acolhida pela maioria dos Ministros, tendo recebida a adesão do Ministro Eros 
Grau. 
Ao longo dos debates, os Ministros Teori Zavascky e Roberto Barroso reconheceram que as decisões 
proferidas em sede de controle incidental, produzem efeitos expansivos e ultra partes mais brandos, 
para além dos casos em que foram julgados. Há uma evolução do direito brasileiro para um sistema de 
valorização de precedentes judiciais, com a atribuição de eficácia que supera os casos em que foram 
proferidos. Barroso também reconheceu um processo de “objetivação” do processo subjetivo, diante 
da produção de efeitos para além do caso concreto, a exemplo da hipótese de modulação de 
efeitos. 
 
» Julgados paradigmas: ADIs do amianto 
A grande novidade foi o entendimento firmado nas ADIs 3406/RJ e 3407/RJ, J.em 29.11.2017 (Info 866). 
Foi ajuizada uma ADI contra a Lei estadual n. 3.579/2001, do Estado do Rio de Janeiro. O pedido era 
somente a declaração de inconstitucionalidade dessa lei, que proibia a extração do amianto em todo 
território do Estado, prevendo a substituição progressiva da produção e da comercialização de produtos 
que o contenham. 
O STF considerou a lei constitucional, reconhecendo a constitucionalidade da proibição. O 
DETALHE foi que em sua fundamentação - mais precisamente na ratio decidendi -, o STF 
entendeu que o art. 2º da Lei n. 9.055/95 (federal) era inconstitucional, relembrando que sua 
inconstitucionalidade já havia sido reconhecida em outra ADI. 
Houve, portanto, o reconhecimento de uma inconstitucionalidade de forma incidental - já que a lei federal 
não era o objeto da demanda. Atenção: incidental é aquilo considerado na fundamentação; 
incidental é o oposto de principal, aquilo que é decidido no dispositivo. 
Não podemos confundir a classificação difuso x concentrado (classificação quanto à competência – 
difuso é aquele exercido por qualquer juiz ou tribunal) com as classificações incidental x via ação principal 
(classificação quanto ao objeto) e abstrato x concreto (aquele exercido em tese x aquele exercido no 
caso concreto). 
O controle difuso será, como regra, incidental. Mas também pode haver declaração incidental de 
inconstitucionalidade em controle concentrado, que foi exatamente o que ocorreu. Ao julgar o 
pedido principal, o STF considerou a lei impugnada constitucional (questão principal), mas julgou parte 
da lei federal não impugnada inconstitucional (questão incidental, adotada na fundamentação).5 
Ocorre que a transcendência dos motivos determinantes não foi suscitada na fundamentação da 
decisão, embora a ratio decidendi foi no sentido de equiparação entre os efeitos das decisões proferidas em 
controle difuso e daquelas prolatadas em controle abstrato, reconhecendo a mutação constitucional do 
papel do Senado quanto ao art. 52, X da CRFB (tese capitaneada por Gilmar Mendes). 
 
CONCLUSÃO – O caso foi de teoria da transcendência dos motivos determinantes ou de 
 
5 
https://www.joaolordelo.com/single-post/2018/01/09/Afinal-o-STF-adotou-a-teoria-da-
abstrativiza%C3%A7%C3%A3o-do-controle-difuso-ou-da-transcend%C3%AAncia-dos-motivos-
determinantes-ADI-3406RJ-e-ADI-3470RJ-Rel-Min-Rosa-Weber-julgados-em-29112017-Info-886 
“abstrativização” do controle difuso? 
João Lordelo: O caso foi de evidente atribuição de eficácia vinculante sobre a fundamentação de 
decisão em controle concentrado. Houve, portanto, transcendência dos motivos determinantes, 
pois foi conferido efeitos vinculantes e erga omnes a uma declaração incidental, que se encontrava 
na fundamentação do acórdão das duas ADIs. Não houve exercício de controle difuso. A 
abstrativização do controle difuso é algo diverso. 
CUIDADO: Salvo no caso de matéria afeta à liberdade de expressão ou de imprensa, o STF não tem 
admitido reclamação com base em violação à ratio decidenci de seus pronunciamentos. 
 
» Motivos determinantes e matéria afeta à liberdade de expressão ou de imprensa 
Essa rejeição à eficácia transcendente encontra, por vezes, superada, quando a matéria em 
questão refere-se à liberdade de expressão ou à liberdade de imprensa. Nesses casos, algumas 
decisões do STF têm admitido reclamações e deferido liminares, com o propósito de assegurar o conteúdo 
conferido pela Corte a tais direitos, mesmo quando a decisão reclamada não se baseia no mesmo ato 
declarado inconstitucional em sede concentrada (a lei de imprensa). 
STF, RCL 22.328 (1ª Turma, Rel. Min. Barroso, J. Em 06.03.2018 – Inf. 893) - No caso concreto, a 
decisão reclamada havia determinado a retirada de matéria jornalística de determinado sítio eletrônico. A 
decisão de 1ª instância baseou-se no art. 20, CC e 5º, X, CRFB, sendo mantida pelo TJRJ. 
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à 
manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, 
ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão 
ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se 
lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins 
comerciais. (Vide ADIN 4815) 
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para 
requerer essa proteçãoo cônjuge, os ascendentes ou os descendentes. 
 
A reclamação invocou a ADI 4815, o STF conferiu interpretação conforme aos arts. 20 e 21, CC para 
declarar inexigível autorização do biografado para a publicação de obras biográficas. Já na ADPF 130, o 
STF declarou não recepcionado pela CF/88 todo o conjunto de dispositivos da Lei 5250/67 (lei de 
imprensa). O STF rechaçou enfaticamente a censura de publicações jornalísticas, bem como tornou 
excepcional qualquer tipo de intervenção estatal na divulgação de notícias e de opiniões. 
A Reclamante alegava violação à autoridade do acórdão proferido na ADPF 130, pois teria havido censura 
prévia. O noticiado, por outro lado, defendia o descabimento da reclamação, vez que o pedido de retirada 
da matéria da página eletrônica da reclamante estaria fundado no art. 20 do Código Civil, e não na Lei de 
Imprensa. Acrescentou não ser o caso de censura prévia, mas de controle a posteriori da reportagem, que já 
teria circulado. 
O Min. Relator Roberto Barroso reconheceu o cabimento da reclamação com base na aplicação 
excepcional da teoria dos motivos determinantes nos temas afetos à liberdade de expressão ou 
liberdade de imprensa. Nesses casos, inúmeras decisões do STF têm admitido reclamações e deferido 
liminares com o propósito de assegurar o conteúdo conferido pela Corte a tais direitos, mesmo quando a 
decisão reclamada não se baseia no mesmo ato declarado inconstitucional em sede concentrada. Nesse 
sentido: Rcls 18.638-MC e Rcl 18.687-DF, de sua relatoria; Rcls 18.735 e Rcl 18.746-MC, rel. Min. Gilmar 
Mendes; Rcl. 18.566-MC, rel. Min. Celso de Mello; Rcl 18.290, rel. Min. Luiz Fux; Rcl 16.434-MC, rel. 
Min. Rosa Weber, decisão proferida pelo Min. Ricardo Lewandowski, no exercício da Presidência; Rcl 
18.186- MC, rel. Min. Cármen Lúcia, decisão proferida pelo Min. Ricardo Lewandowski, no exercício da 
Presidência; Rcl 11.292-MC, rel. Min. Joaquim Barbosa. 
Essa ampliação do cabimento da reclamação seria justificada em razão da liberdade de expressão desfrutar 
de posição preferencial em um estado democrático, por ser uma pré-condição para o exercício esclarecido 
dos demais direitos e liberdades. Eventual uso abusivo da liberdade de expressão deve ser reparado, 
preferencialmente, por meio de retificação, direito de resposta ou indenização. Ao determinar a retirada 
de matéria jornalística de sítio eletrônico de meio de comunicação, a decisão reclamada violou essa 
orientação. Ainda, Barroso afirmou que “a liberdade de expressão ainda não se tornou uma ideia 
suficientemente enraizada na cultura do Poder Judiciário de uma maneira geral. Não sem sobressalto, 
assiste-se à rotineira providência de juízes e tribunais no sentido de proibirem ou suspenderem a divulgação 
de notícias e opiniões, num “ativismo antiliberal” que precisa ser contido. 
 
4. Entendimentos sobre o art. 927, CC 
O art. 927 traz o dever dos juízes e tribunais observarem certos padrões decisórios: 
 
Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão: 
I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de 
constitucionalidade; 
II - os enunciados de súmula vinculante; 
III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de 
demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial 
repetitivos; 
IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria 
constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional; 
V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados. 
§ 1º Os juízes e os tribunais observarão o disposto no art. 10 e no art. 489, § 1º , 
quando decidirem com fundamento neste artigo. 
§ 2º A alteração de tese jurídica adotada em enunciado de súmula ou em 
julgamento de casos repetitivos poderá ser precedida de audiências públicas e da 
participação de pessoas, órgãos ou entidades que possam contribuir para a 
rediscussão da tese. 
§ 3º Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo Tribunal 
Federal e dos tribunais superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos 
repetitivos, pode haver modulação dos efeitos da alteração no interesse social e 
no da segurança jurídica. 
§ 4º A modificação de enunciado de súmula, de jurisprudência pacificada ou de 
tese adotada em julgamento de casos repetitivos observará a necessidade de 
fundamentação adequada e específica, considerando os princípios da segurança 
jurídica, da proteção da confiança e da isonomia. 
§ 5º Os tribunais darão publicidade a seus precedentes, organizando-os por 
questão jurídica decidida e divulgando-os, preferencialmente, na rede mundial de 
computadores. 
 
» Os pronunciamentos do art. 927 vinculam? 
 
 1ª corrente (Enunciado/FPPC 170, Rodrigo Fux, Humberto Dalla, Aluisio Mendes, 
Didier) – Todos os pronunciamentos são vinculantes aos órgãos jurisdicionais a ele 
sumbetidos. 
Rodrigo Fux: afirma que os pronunciamentos do art. 927 possuem o mesmo valor da norma legal: 
“fonte imediata e obrigatória do direito”. Ainda, para Fux, não só os magistrados, mas também 
os árbitros, quando da arbitragem de direito, estão vinculados aos pronunciamentos do art. 
927, cabendo ação anulatória (arts. 32 e 33 da Lei nº 9.307/96) em caso de inobservância, , 
seja por violação aos limites da convenção da arbitragem que elegeu o direito brasileiro como 
aplicável à controvérsia (art. 32, IV), seja por afronta à ordem pública (art. 2º, § 1º). O autor conclui: 
 
A partir de então, sustentou-se ser imperativo para os árbitros, nas 
arbitragens de direito ao abrigo da legislação nacional, que observem os 
precedentes vinculantes, em virtude de os pronunciamentos indicados no 
art. 927 do CPC/2015, definidos pelo legislador como fonte do direito 
brasileiro, comporem o ordenamento jurídico, mesmo que a lei seja tomada em 
sentido formal 
Também à luz da análise econômica do direito, resta claro que um sistema de 
precedentes vinculantes coeso e uniforme funciona como estoque de 
capital jurídico, gerando significativo ganho para a sociedade. Uma maior 
previsibilidade e a unidade do sistema jurisdicional são fundamentais para a 
redução do número de contendas judiciais ou arbitrais e para a obtenção do 
desiderato da efetividade numa visão chiovendiana. Tendo em vista a natureza 
jurisdicional do procedimento arbitral, dificilmente seria possível vislumbrar a 
possibilidade de desvincular os árbitros dos precedentes vinculantes, uma vez que 
é inviável a criação de ambientes extrajurídicos e, simultaneamente, considerados 
jurisdicionais. 
Por fim, demonstrou-se que a violação da ordem pública e dos limites da 
convenção de arbitragem oferecem elementos suficientes para a 
propositura de ação anulatória contra decisões que desconsiderarem 
precedentes vinculantes, em uma interpretação da Lei de Arbitragem 
conforme a Constituição da República.6. 
 
 2ª corrente (Greco) – A jurisprudência e os precedentes não constituem fonte formal e autonoma 
de direito, mas apenas meios de revelação do conteúdo e da interpretação da lei ou do costume. 
São fontes acessórias e complementares. 
 
“De observância obrigatória pelos juízes e tribunais, embora não constituam 
fontes formais de direitos, são apenas as decisões judiciais e administrativas dos 
tribunais a que a Constituição confere essa autoridade, nos limites em que a 
concede, a saber, as declarações de inconstitucionalidade e 
constitucionalidade em ações de controle abstrato e as súmulas 
vinculantes” (Greco, Controle Jurisdicional da Arbitragem7). 
 
Apenas a Constituição pode excepcionar a repartição de Poderes e a garantia de 
independência do magistrado. Os efeitos dos demais devem ser interpretados como 
persuasivos, de modo que o juiz que não aplicar tais pronunciamentos terá um ônus 
argumentativo maior para fundamentar a discordância. Greco: 
 
O dispositivo determina a observância, e não a obediência, aos julgados 
dos tribunais superiores, o que é corroborado pela ausênciade sanção 
expressa para o descumprimento da norma. Assim, a independência dos 
juízes e tribunais inferiores, garantia constitucional democrática a que nos 
referimos no item 1.3.3, impede-os de seguir cegamente no julgamento dos casos 
a eles submetidos as decisões dos tribunais superiores (GRECO, Leonardo. 
Instituições de Processo Civil: Introdução ao Direito Processual Civil, vol. I. Rio 
de Janeiro: Forense, 2015) 
 
Assim, Greco entende, de forma minoritária, que nem a ADPF teria efeitos vinculantes (mas apenas 
erga omnes). 
 
No artigo 10 e seus parágrafos, a Lei 9.882/99 estabelece que a decisão na ADPF 
fixará as condições e o modo de interpretação e aplicação do preceito 
fundamental, cabendo ao Presidente do STF determinar o imediato cumprimento 
da decisão, que terá eficácia contra todos e efeito vinculante relativamente aos 
demais órgãos do Poder Judiciário. 
Mas será que lei ordinária pode dar eficácia erga omnes e efeito vinculante à decisão 
proferida pelo Supremo Tribunal Federal? 
 
6 https://migalhas.uol.com.br/arquivos/2020/10/54104E121B07DF_Arquivo-artigo.pdf 
7 https://www.academia.edu/35166272/CONTROLE_JURISDICIONAL_DA_ARBITRAGEM 
Entendo que a lei ordinária pode conferir eficácia erga omnes, mas não 
pode dar efeito vinculante à decisão da ADPF, atribuição que somente 
pode ser feita em sede constitucional, por excepcionar a repartição de 
Poderes, conferindo caráter normativo a decisão emanda do Poder 
Judiciário. Tal como em outros dispostitivos semelhantes do Código de 
2015, o efeito vinculante aqui deve ser interpretado como meramente 
persuasivo. 
(Instituições de Processo Civil, Vol. III, p. 392) 
 
 3ª corrente (Alexandre Câmara e Luciano Saboia Rinaldi de Carbalho8): O art. 927 cria 
um dever jurídico de levar em consideração os pronunciamentos ali indicados. A eficácia 
vinculante não resulta do art. 927. A eficácia vinculante, quando existente, resulta de 
norma que a atribua expressamente. Assim, tem eficácia vinculante os incisos I (decisões 
do STF em controle concentrado de constitucionalidade), por força do art. 102, §2o da CRFB; 
II (súmulas vinculantes), diante do art. 103-A da CF; e III (IAC, IRDR casos repetitivos) em 
razão dos art. 947, §3o; art. 985 c/c 987, § 2º; art. 1040. Os incisos IV e V são meramente 
persuasivos. 
 
 4ª corrente (Teresa Wambier): A eficácia vinculante não decorre da disposição do art. 927 
não estabelece nenhum precedente vinculante. São vinculantes apenas os precedentes que 
contam com reclamação para forçar o seu cumprimento. 
 
 5ª corrente (Luiz Guilherme Marinoni, Sergio Arenhart e Daniel Mitidiero): O art. 927 
do CPC tem caráter meramente exemplificativo. Apenas os tribunais superiores 
(compreendidos como “Cortes Supremas”) têm a missão de emitir precedentes, o que decorre 
da sistemática constitucional, das normas constitucionais que atribuem ao STF e ao STJ a 
função de outorga de unidade ao direito constitucional e infraconstitucional.. Todos os 
seus precedentes, não só aqueles previstos no art. 927 do NCPC, são vinculantes. “Os 
precedentes não são equivalentes às decisões judiciais. Eles são razões generalizáveis 
que podem ser identificadas a partir das decisões judiciais. O precedente é 
formado a partir dadecisão judicial”. “Os precedentes emanam exclusivamente das Cortes 
Supremase são sempre obrigatórios– isto é, vinculantes. Do contrário, poderiam ser 
confundidos com simplesexemplos.” 
 
Apenas o Supremo Tribunal Federal e o Superior Tribunal de Justiça 
formam precedentes. OsTribunais Regionais Federais e os Tribunais de Justiça 
 
8 CARVALHO. Luciano Saboia Rinaldi de. Precedentes Judiciais. Revista da EMERJ - Escola da Magistratura do 
Estado do Rio de Janeiro - edição em homenagem ao Ministro Luis Roberto Barroso, Rio de Janeiro, v. 21, n.3, t.2, 
set./dez. 2019, p. 344/363. 
dão lugar à jurisprudência. As súmulas podem colaborar tanto na interpretação 
como na aplicação do direito para as Cortes Supremas e para asCortes de 
Justiça – e, portanto, podem emanar de quaisquer dessas Cortes. 
(...) 
Para que se conclua que os precedentes das Cortes Supremas devem ser 
observados pelos juízes etribunais basta estar atento às normas constitucionais 
que atribuem ao Supremo Tribunal Federal eao Superior Tribunal de Justiça a 
função de outorga de unidade ao direito constitucional einfraconstitucional. 
Portanto, o art. 927 do CPC, além de desnecessário, tem caráter meramente 
exemplificativo. Aolado das súmulas - que obviamente não são precedentes e só 
existem por terem que ser respeitadas -,decisões lembradas nos seus incisos I e 
III estão situadas entre os precedentes das Cortes Supremas.Precedente é gênero, 
que obviamente encarta os precedentes firmados em controle concentrado 
(art.927, I, CPC) e os precedentes estabelecidos em “julgamento de recursos 
extraordinário e especialrepetitivos” (art. 927, III, CPC). Já as decisões proferidas 
nos incidentes de assunção de competência ede resolução de demandas repetitivas 
– deixando-se de lado, por enquanto, a questão da ilegitimidadeconstitucional das 
decisões que prejudicam os que não participaram –, deveriam ser observadas 
emrazão de sua natureza erga omnes.Significa que a norma do art. 927 consiste 
apenas na lembrança de alguns precedentes, além desúmulas e controversas 
decisões tomadas em incidentes de natureza erga omnes, que deverão 
serobservados pelos juízes e tribunais. (Curso de Processo Civil, vol. II, 2017) 
 
 
» Ausência de homogeneidade 
 
Verifica-se uma falta de homogeneidade em relação ao alcance dos pronunciamentos judiciais do 
art. 927. Humberto Dalla critica essa ausência de uniformização. Embora o autor defenda que todos as 
decisões do art. 927 vinculam, haveria pronunciamentos cuja força vinculante é duplamente 
protegida – por recurso e por ação rescisória – e outros com proteção tripla – recurso, reclamação 
e rescisória. 
 
Sistematizando o alcance dos pronunciamentos do art. 927 
 
I. Cabimento de reclamação (art. 988, CPC) as hipóteses previstas nos incisos I, II e III: 
- violações a decisões proferidas em controle concentrado de constitucionalidade 
- violações enunciado de súmula vinculante e acórdãos proferidos em IAC, IRDR 
-violações ao decidido em recursos repetitivos, sendo necessária, nesta última esgotamento de instância 
(hipótese controvertida – STJ não admite). 
 
II. Cabimento de ação rescisória (art. 966, V c/c § 5º) 
O art. 966 ao prever, no inciso V, o cabimento de ação rescisória em face de decisão que violar 
manifestamente norma jurídica, inclui nessa hipótese decisão baseada em julgamento de casos 
repetitivos ou enunciado de súmula do STF ou STJ que não tenha considerado a distinção entre a questão 
proferida no processo e o padrão decisório (art. 966, 5º). 
 
Art. 966. A decisão de mérito, transitada em julgado, pode ser rescindida quando: 
(...) 
V – violar manifestamente norma jurídica; 
(...) § 5º Cabe ação rescisória, com fundamento no inciso V do caput deste artigo, 
contra decisão baseada em enunciado de súmula ou acórdão proferido em 
julgamento de casos repetitivos que não tenha considerado a existência de 
distinção entre a questão discutida no processo e o padrão decisório que 
lhe deu fundamento. (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência) 
§ 6º Quando a ação rescisória fundar-se na hipótese do § 5º deste artigo, caberá 
ao autor, sob pena de inépcia, demonstrar, fundamentadamente, tratar-se de 
situação particularizada por hipótese fática distinta ou de questão jurídica não 
examinada, a impor outra solução jurídica. (Incluído pela Lei nº 13.256, 
de 2016) (Vigência) 
 
III. Inexigibilidade do título executivo (CPC, arts. 525, §12, §13, §14 e art. 535, §5o, §6o, §7º) 
Reputam inexigível decisão judicial que se lastreie em lei ou em ato normativo tidos pelo STF como 
inconstitucional, em controledifuso ou concentrado. A decisão do STF deve ser anterior ao trânsito em 
julgado da decisão para produzir o efeito de retirar a eficácia da decisão judicial. Se o precedente do STF 
for posterior ao trânsito em julgado, caberá ação rescisória (art. 525, §15; art. 535, §8o), com prazo a partir 
do trânsito em julgado da decisão do STF. 
 
IV. Art. 332, CPC - improcedência liminar do pedido em caso de pedido contrário a entendimento 
firmado em: 
- enunciado de súmula do STF, STJ e até do TJ, neste caso, que verse sobre direito local 
- julgamento de recursos repetitivos 
- IRDR ou IAC 
 
* Des. Luciano Saboia Rinaldi de Carvalho (0023538-41.2019.8.19.0001): o rol do art. 332, CPC NÃO 
é taxativo! Pode ocorrer julgamento de improcedência liminar FORA das hipóteses elencadas no art. 332 
do CPC, desde que demonstrada a existência de precedentes judiciais, notadamente dos tribunais 
superiores, revelando a manifesta improcedência da pretensão autoral, exclusivamente nas causas 
que dispensem instrução probatória. 
O caso foi de uma ACP contra o Municírpio do Rio de Janeiro em que o MP requeria a retirada de todos 
os oratórios religiosos construídos em praças públicas na Cidade do Rio de Janeiro desde o advento da 
Constituição de 1988, com o imediato restabelecimento da laicidade do Estado. O acórdão manteve a 
sentença de improcedência liminar, pois a laicidade não autoriza a repressão da prática de qualquer 
profissão de fé, sob pena de ofensa à própria liberdade de expressão 
Para o Desembargador, o julgamento de improcedência liminar do pedido não tem como 
pressuposto a existência de um precedente de vinculação obrigatória. Isso proque, a seu ver, 
enunciado de súmulas não vinculam, sendo apenas persuasivos, vez que não há norma expressa que 
estabeleça a observância obrigatória. A inobservância sequer autoriza o manejo da reclamação ou da 
rescisória. 
O juiz pode reconhecer a improcedência liminar para além das hipóteses do art. 332, CPC, em nome da 
legalidade, eficiência e razoável duração do processo, amparado em precedentes não vinculantes 
dos tribunais superiores, notadamente quando não pairar controvérsia mínima sobre o tema, 
como se verificou no caso em análise. 
Citando Fredie Didier, o Des. conclui pela possibilidade de de julgamento liminar de 
improcedência em situações atípicas. 
V. Dispensa do duplo grau obrigatório em caso de sentença fundada em (Art. 496, § 4º): 
- súmula de tribunal superior; 
- acórdão proferido em sede de recurso repetitivo; 
- IRDR; 
- IAC; 
VI. Dispensa de instauração de incidente de arguição de inconstitucionalidade quando já houver 
pronunciamento do Plenário do TJ, do órgão especial ou do STF sobre a questão (art. 949, 
parágrafo único) 
VII. Negativa de seguimento a REsp ou RE interposto contra acórdão que esteja em 
conformidade com entendimento do STF ou do STJ exarado em sede de recursos repetitivos (art. 
1030, I, b CPC) 
Recebido o RE ou o REsp, o Presidente ou Vice do TJ poderá negar seguimento a 
a) RE que discuta questão constitucional à qual o STF NÃO tenha reconhecido a repercussão geral 
ou a RE interposto contra acórdão que esteja em conformidade com entendimento do STF 
exarado no regime de repercussão geral; 
b) RE ou Resp interposto contra acórdão que esteja em conformidade com entendimento do 
Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça, respectivamente, exarado 
no regime de julgamento de recursos repetitivos 
VIII. Efeito regressivo - Deve ser oportunizado o juízo de retratação ao órgão prolator do acórdão 
se tal decisão contrariar a orientação firmada no acórdão paradigma (REsp ou RE repetitivo) – 
Art. 1040, II, CPC 
 
IX. Possibilidade de concessão de tutela de evidência quando as alegações de fato puderem ser 
comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou 
súmula vinculante (art. 311, II, CPC) 
X – Poderes monocráticos do Relator (art. 932, IV,CPC): possibilidade de negar seguimento, de forma 
monocrática, a recurso que for contrário a: 
a) Súmula do STF, do STJ ou do próprio tribunal; 
b) Acórdão proferido pelo STF ou STJ em repetitivo; 
c) Entendimento firmado em IRDR ou IAC. 
 
XI – Dispensa da exigência de caução nos casos de cumprimento provisório da decisão quando a 
sentença a ser provisoriamente cumprida estiver em consonância com súmula da jurisprudência do STF e 
STJ ou em conformidade com acórdão proferido no julgamento de casos repetitivos – Art. 521, IV, CPC. 
 
XII – Dever de fundamentação específica (art. 489, § 1º, VI, CPC) – o dispositivo utiliza as expressões 
de forma ampla: “enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte”). 
§ 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela 
interlocutória, sentença ou acórdão, que: 
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus 
fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta 
àqueles fundamentos; 
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente 
invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em 
julgamento ou a superação do entendimento. 
 
RESP 1.698.774, STJ (Inf. 679) - A regra do art. 489, §1º, VI, do CPC (dever de fundamentação 
específica), segundo a qual o juiz, para deixar de aplicar enunciado de súmula, jurisprudência ou 
precedente invocado pela parte, deve demonstrar a existência de distinção ou de superação, somente se 
aplica às súmulas ou precedentes vinculantes, mas não às súmulas e aos precedentes apenas 
persuasivos, como, por exemplo, os acórdãos proferidos por Tribunais de 2º grau distintos daquele a que 
o julgador está vinculado. 
 
5. Cabe reclamação para o controle de aplicação firmado em repetitivo? 
A discussão gira em torno do art. 988, § 5º, II do CPC: 
Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do Ministério Público para: 
I - preservar a competência do tribunal; 
II - garantir a autoridade das decisões do tribunal; 
III - garantir a observância de decisão do Supremo Tribunal Federal em controle 
concentrado de constitucionalidade; 
III - garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de decisão do 
Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de 
constitucionalidade; (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência) 
IV - garantir a observância de enunciado de súmula vinculante e de precedente 
proferido em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de 
competência. 
IV - garantir a observância de acórdão proferido em julgamento de incidente de 
resolução de demandas repetitivas ou de incidente de assunção de competência; 
(Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência) 
(...) 
§ 4º As hipóteses dos incisos III e IV compreendem a aplicação indevida da tese 
jurídica e sua não aplicação aos casos que a ela correspondam 
§ 5º É inadmissível a reclamação proposta após o trânsito em julgado da decisão. 
§ 5º É inadmissível a reclamação: (...) 
I – proposta após o trânsito em julgado da decisão reclamada; (Incluído 
pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência) 
II – proposta para garantir a observância de acórdão de recurso extraordinário 
com repercussão geral reconhecida ou de acórdão proferido em julgamento de 
recursos extraordinário ou especial repetitivos, quando não esgotadas as instâncias 
ordinárias. (Incluído pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência) 
 
Duas correntes: 
 
(i) STF, Didier, Câmara, Dalla: Sim. Também é cabível a reclamação para garantir a observância de 
acórdão proferido em recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida ou em recurso repetitivo, 
mas somente depois de esgotadas as instâncias ordinárias (art. 988, §5º, II). A peculiaridade é que a 
reclamação só é cabível depois de esgotadas as vias ordinárias. 
Info 959 – Rcl. 26874 – Reclamações ajuizada após a rescisória 
Rcl 40759, Rcl 36958 e Rcl 40652, todas da 1ª Turma,julgadas em 08.09.2020 – Essas três reclamações 
foram ajuizadas pela União contra atos do TST que negaram seguimento à tramitação, por ausência de 
transcendência tabalhista, de recursos contra a condenação ao pagamento de parcelas devidas por 
empresas terceirizadas em São Paulo, no Distrito Federal e em Sergipe. 
Para o STF, a expressão “instâncias ordinárias” deve ser interpretada restritivamente, de modo que a 
reclamação somente será cabível se esgotados os recursos cabíveis em todas as instâncias 
antecedentes, inclusive Tribunais Superiores (Embargos de Declaração na Reclamação no 24.686/RJ, 
Rel. Min. Teori Zavascki, j. 28.10.2016). 
(ii) STJ, em julgado da Corte Especial, entendeu que não cabe (Rcl. 36476 – Info 669 – RCL ajuizada sem 
rescisória). Fundamentos: 
1) Aspecto topológico: As hipóteses de cabimento da reclamação foram elencadas nos incisos do caput do 
art. 988. O § 5º do art. 988 trata sobre situações nas quais não se admite reclamação. 
2) Aspecto político-jurídico: A Lei 13.256/16 suprimiu o cabimento da relação para a observância de 
acórdão proferido em recursos especial e extraordinário repetitivos, vez que tal previsão foi retirada do 
caput do dispositivo. A investigação do contexto jurídico-político em que editada a Lei 13.256/16 revela 
que, dentre outras questões, a norma efetivamente visou ao fim da reclamação dirigida ao STF e STJ para 
o controle da aplicação dos acórdãos sobre questões repetitivas, tratando-se de opção de política judiciária 
para desafogar os trabalhos nas Cortes de superposição (jurisprudência defensiva). 
3) Aspecto lógico-sistemático: Se for admitida reclamação nessa hipótese isso irá em sentido contrário à 
finalidade do regime dos recursos especiais repetitivos, que surgiu como mecanismo de racionalização da 
prestação jurisdicional do STJ, diante dos litígios de massa. 
Se for admitida reclamação nesses casos, o STJ, além de definir a tese jurídica, terá também que fazer o 
controle da sua aplicação individualizada em cada caso concreto. Isso gerará sério risco de 
comprometimento da celeridade e qualidade da prestação jurisdicional. Assim, uma vez uniformizado o 
direito (uma vez fixada a tese pelo STJ), é dos juízes e Tribunais locais a incumbência de aplicação 
individualizada da tese jurídica em cada caso concreto. 
O meio adequado e eficaz para forçar a observância da norma jurídica oriunda de um precedente, ou para 
corrigir a sua aplicação concreta, é o recurso, instrumento que, por excelência, destina-se ao controle e 
revisão das decisões judiciais.

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