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04-Da ordem dos processos nos tribunais

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DESCRIÇÃO
A ordem dos processos nos tribunais e a teoria geral dos precedentes.
PROPÓSITO
Compreender as regras pertinentes à ordem dos processos nos tribunais, modificadas pelo
Código de Processo Civil (CPC) de 2015, que as adequou à necessidade de respeito aos
precedentes, notadamente àqueles com efeito vinculante, bem como trouxe instrumentos
voltados ao julgamento de demandas repetitivas.
PREPARAÇÃO
Tenha em mãos a Constituição Federal e o Código de Processo Civil.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Analisar a teoria geral dos precedentes e sua abordagem no Código de Processo Civil 2015
MÓDULO 2
Identificar as hipóteses de julgamento monocrático nos tribunais
MÓDULO 3
Diferenciar os aspectos relativos aos incidentes de assunção de competência e de resolução
de demandas repetitivas
INTRODUÇÃO
Em razão da instabilidade da jurisprudência brasileira, foram incluídas disposições no
CPC/2015 que têm o nítido escopo de promover uma profunda mudança na atuação dos juízes
e tribunais no que diz respeito à uniformização de seus entendimentos, numa tentativa de
impor-lhes a prática de seguir seus próprios precedentes e aqueles provenientes de tribunais
que lhes sejam hierarquicamente superiores.
Assim, houve uma profunda alteração nas regras que versam sobre a ordem dos processos
nos tribunais, promovendo-se uma adequação à teoria dos precedentes, temática que foi
incluída numa codificação processual brasileira, de forma expressa, pela primeira vez, a partir
das normas que constam nos arts. 926 e 927 do CPC.
Nesse sentido, o CPC prevê dois institutos destinados a conter a denominada litigiosidade de
massa e que devem promover a unidade de interpretação do direito relativamente às
demandas sobre questões de direito repetitivas:
A sistemática dos recursos especiais e extraordinários repetitivos, contida nos arts. 1.036-1.041
&
O Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas (IRDR (O IRDR será objeto deste
conteúdo.) ), contido nos arts. 976-987
Por fim, com o propósito de promover a uniformização da jurisprudência interna dos tribunais,
caso não haja demandas repetitivas ou precedentes obrigatórios, o CPC traz o regramento do
Incidente de Assunção de Competência (IAC), que também será aqui analisado.
MÓDULO 1
 Analisar a teoria geral dos precedentes e sua abordagem no Código de Processo
Civil 2015
TEORIA GERAL DOS PRECEDENTES
Não há dúvidas de que o advento da Lei nº 13.105/2015 (CPC/2015) trouxe grandes avanços
para a legislação brasileira. Um deles foi o regramento de questões atinentes à teoria geral dos
precedentes.
Mas o que seria um precedente?
É A DECISÃO JUDICIAL TOMADA À LUZ DE UM CASO
CONCRETO, CUJO NÚCLEO ESSENCIAL PODE
SERVIR COMO DIRETRIZ PARA O JULGAMENTO
POSTERIOR DE CASOS ANÁLOGOS.
(DIDIER, 2013, p. 43)
Importante destacar que os precedentes – notadamente nos países que adotam o sistema da
common law, que se caracteriza pelo uso dos costumes como fonte primária do Direito – não
são estabelecidos previamente pelos órgãos jurisdicionais.
Os juízes e tribunais, na análise dos casos concretos, delimitam a situação fática, identificam e
interpretam as normas jurídicas aplicáveis e, com base nelas, fundamentam sua decisão.
Nesse caminho, não têm a função de identificar as razões de decidir e nem o precedente que,
eventualmente, será aplicado aos casos idênticos ou semelhantes posteriores. Essa operação
– identificação das razões de decidir do julgado anterior – deve ser realizada pelo órgão
julgador dos casos posteriores, que pretende aplicar a decisão anterior, como precedente, ao
caso a ser julgado.
 
Foto: Shutterstock.com.
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RAZÃO DE DECIDIR
Chamada de ratio decidendi ou fundamentos determinantes da decisão.
A RIGOR, O PRECEDENTE SOMENTE PODE SER
IDENTIFICADO A PARTIR DA ANÁLISE DO CASO POSTERIOR,
QUE SE AFIGURA IDÊNTICO OU MUITO SEMELHANTE AO
ANTERIOR. NO CASO POSTERIOR, PODE-SE, OU NÃO,
APLICAR O PRECEDENTE, QUE, EVIDENTEMENTE, REFERE-
SE AO CASO ANTERIORMENTE JULGADO. SE HOUVER
SIMILITUDE FÁTICO-JURÍDICA ENTRE OS CASOS ANTERIOR
E POSTERIOR, HÁ UM PRECEDENTE E ESTE SERÁ APLICADO
AO CASO POSTERIOR. CASO SE VERIFIQUE UMA DISTINÇÃO
(DISTINGUISHING) ENTRE OS CASOS, O PRECEDENTE NÃO
SE APLICA AO CASO POSTERIOR.
Ademais, a vinculação dos juízes e tribunais aos seus próprios precedentes e àqueles
provenientes dos órgãos jurisdicionais que lhes sejam hierarquicamente superiores, no sistema
da common law, decorre de natural necessidade de coerência sistêmica e da imperiosidade da
uniformização da jurisprudência, buscando-se garantir a segurança jurídica e, em
consequência, a proteção da confiança dos jurisdicionados.
Ocorre que essa coerência e essa uniformidade não se achavam (nem se acham ainda
completamente) presentes na jurisprudência brasileira, de modo geral. Com exceção da
vinculação às decisões do Supremo Tribunal Federal proferidas em sede de controle de
constitucionalidade e às súmulas vinculantes, os juízes e tribunais não se sentiam obrigados a
seguir seus próprios precedentes nem aqueles provenientes de órgãos jurisdicionais aos quais
estivessem subordinados.
OS PRECEDENTES NO DIREITO
BRASILEIRO ATÉ O CPC/15
Ao se fazer um resgate histórico das influências sofridas pelo ordenamento jurídico brasileiro,
verifica-se que este é baseado no sistema do civil law, que tem a lei como fonte principal do
Direito.
 SAIBA MAIS
Durante muito tempo, não se reconhecia a atividade criativa dos juízes, que deveriam estar
absolutamente vinculados à letra da lei. Não havia, pois, o costume de seguir precedentes,
buscando em casos anteriores a ratio decidendi para os litígios posteriores. A solução deveria
ser buscada, primeiramente, na lei, exercendo a jurisprudência um papel complementar na
fundamentação das decisões judiciais.
É óbvia, no entanto, a constatação de que a legislação não consegue regular todos os casos
que são levados ao Judiciário. As influências do constitucionalismo e da hermenêutica
constitucional certamente implementaram mudanças profundas em nosso Direito e,
consequentemente, em nossa atividade jurisdicional. A distinção entre texto normativo e norma
foi incorporada em nossa doutrina e em nossos tribunais, que firmaram, paulatinamente, a ideia
de que cabe ao Judiciário criar a norma do caso concreto, por meio da atividade interpretativa.
Com isso, o direito jurisprudencial ganhou força.
O fortalecimento da jurisprudência no Direito brasileiro já era evidente bem antes da vigência
do CPC/2015. Daí porque o termo precedente passou a ser utilizado mais frequentemente,
inclusive para designar os provimentos judiciais e as orientações jurisprudenciais capazes de
persuadir ou de vincular, em maior ou menor grau, os órgãos do Poder Judiciário e até mesmo
a Administração Pública (caso das súmulas vinculantes), relativamente a casos pendentes e
futuros.
SABE-SE ANTECIPADAMENTE QUE TAIS PROVIMENTOS,
QUANDO EMITIDOS, EXERCERÃO ALGUM TIPO DE EFEITO,
PERSUASIVO OU VINCULANTE, NOTADAMENTE NO QUE
CONCERNE AOS JUÍZES E TRIBUNAIS. EM OUTRAS
PALAVRAS, O ÓRGÃO JURISDICIONAL, AO PROFERIR ESSAS
DECISÕES, JÁ TEM A EXATA CONSCIÊNCIA DE QUE ESTÁ
FIXANDO UMA TESE COM EFEITO PERSUASIVO OU
VINCULANTE RELATIVAMENTE A OUTROS ÓRGÃOS DO
PODER JUDICIÁRIO E, POR VEZES, À ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA.
No vídeo a seguir, a professora Renata Cortez discorre sobre o que são os precedentes
vinculantes, seu papel e quais deles são identificados no ordenamento brasileiro. Vamos
assistir!
Observa-se, então, que já faz algum tempo que a lei deixou de ser o único paradigma
vinculante para as decisões judiciais. Os precedentes já tinham força antes da vigência do
CPC/2015.
OS PRECEDENTES E O CPC DE 2015
Com a entrada em vigor do CPC/2015, que introduziu no Direito brasileiro alguns elementos
inerentes à teoria geral dos precedentes, ganham força determinados padrões estabelecidos
pelo common law. Há quem diga, portanto, que, no Brasil, ocorreu a junção dos dois institutos:
Civil law
&
Common law
 ATENÇÃOÉ equivocado dizer que o Direito brasileiro adotou o sistema da common law, inclusive porque
a vinculação aos precedentes no Direito brasileiro decorre da lei (imposição legal), como se
verá, e não do costume.
Com o escopo de reduzir a instabilidade da jurisprudência, de estabelecer e uniformizar regras
relativas à teoria dos precedentes no Direito brasileiro e, em consequência, garantir isonomia
no tratamento de situações semelhantes e mais segurança jurídica aos jurisdicionados, o
CPC/2015, em seu art. 926, determina aos tribunais que uniformizem a sua jurisprudência,
mantendo-a estável, íntegra e coerente.
O que se quer, na verdade, é garantir uma segurança jurídica para o cidadão que recorre ao
Judiciário, sem a violação aos princípios da legalidade, tampouco a separação dos poderes.
O FATO DE O JUIZ UTILIZAR-SE OBRIGATORIAMENTE DE UM
PRECEDENTE NÃO QUER DIZER QUE ELE DEVERÁ IGNORAR
A LEGISLAÇÃO, MAS, SIM, ESTABELECER UM EQUILÍBRIO
ENTRE OS PODERES.
Além do art. 926, o legislador elencou, no art. 927, provimentos judiciais que devem ser
observados por todos os juízes e tribunais:

As decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade.

Os enunciados de súmula vinculante.

Os acórdãos em Incidente de Assunção de Competência ou de Resolução de Demandas
Repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos.

Os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do
Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional.

A orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados.
O CPC/2015, portanto, ampliou o rol das hipóteses de efeito vinculante proveniente de
decisões do Poder Judiciário em seu art. 927.
 ATENÇÃO
Primeiramente, deve-se fazer um esclarecimento. No artigo acima, o legislador não atribuiu às
decisões, acórdãos, orientações e enunciados sumulares que especifiquem a qualidade de
precedentes, os quais não estão contidos na conclusão das decisões judiciais e tampouco nos
concisos verbetes sumulares, mas no inteiro teor da decisão ou do conjunto das decisões que
ensejou a edição da súmula.
O precedente, identificável, em tese, pelo órgão jurisdicional que busca aplicar a um caso
futuro a conclusão generalizável (norma geral) extraída de um julgado anterior, que lhe é
similar, continua sendo formado pelos elementos fáticos e pelas razões de decidir (ratio
decidendi) contidos na decisão pretérita, de modo que não teve seu conceito alterado pelo
CPC/2015.
É imprescindível contextualizar os enunciados sumulares e demais decisões explicitadas pelo
art. 927 do CPC/2015 ao caso concreto, identificando-se e comparando-se os elementos
fáticos e jurídicos da decisão paradigma e do caso a ser julgado, a fim de constatar a aplicação
ou não das razões de decidir do caso anterior ao caso posterior, de modo obrigatório.
Não há como admitir a aplicação mecânica dessas teses e enunciados, o que, inclusive, é
vedado pelo CPC/2015 em seu art. 489, §1º, incisos V e VI.
O art. 927 não enumera os precedentes vinculantes, mas especifica as decisões a partir das
quais eles podem ser identificados. As teses e enunciados de súmula provenientes de tais
decisões devem ser utilizados como método de trabalho para agilizar os julgamentos e como
fonte de pesquisa dos precedentes cujas razões de decidir apresentem efeito vinculante, as
quais somente terão incidência nos processos judiciais se houver similitude fático-jurídica entre
os elementos da decisão paradigma e do caso a ser julgado, extraídos de seu inteiro teor e não
do resultado do julgamento ou do verbete sumular.
 
Foto: Shutterstock.com.
De qualquer forma, é certo que a predefinição pelo legislador de decisões com aptidão para
formar precedentes vinculantes termina por conferir aos tribunais a função de estabelecer, no
julgamento dos casos individuais, a norma geral que poderá ser aplicável aos casos futuros
(que corresponde às razões de decidir).
Desse modo, o precedente, que deveria ser encontrado pelo segundo juiz – o que pretende
aplicá-lo –, terminará sendo predeterminado pelo primeiro. Essa parece ser uma tendência
indiscutível e inevitável da jurisprudência brasileira, a qual diverge absolutamente do modo de
aplicação dos precedentes nos sistemas da common law.
ELEMENTOS ACESSÓRIOS DO
PRECEDENTE
Falamos sobre as razões de decidir (ratio decidendi) e sobre a distinção (distinguishing); no
entanto, é importante referir que, na fundamentação de um julgado, podemos extrair suas
razões de decidir, ou seja, os seus fundamentos determinantes, que constituirão o precedente.
Porém o órgão julgador também faz referência a argumentos acessórios, não determinantes,
que complementam a decisão, mas não constituem o precedente. São os chamados ditos de
passagem (obiter dictum).
Outras regras relativas aos precedentes contidas no CPC devem ser mencionadas:
HAVENDO JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE SOBRE
DETERMINADO TEMA, O CPC AUTORIZA OS TRIBUNAIS A
EDITAREM ENUNCIADOS DE SÚMULA, NA FORMA
ESTABELECIDA E SEGUNDO OS PRESSUPOSTOS FIXADOS
NOS SEUS RESPECTIVOS REGIMENTOS INTERNOS.
AO EDITAR ENUNCIADOS DE SÚMULA, OS TRIBUNAIS
DEVEM ATER-SE ÀS CIRCUNSTÂNCIAS FÁTICAS DOS
PRECEDENTES QUE MOTIVARAM SUA CRIAÇÃO.
(CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL, ART. 926)
Apesar da referência apenas às circunstâncias fáticas, entende-se que o dispositivo sob
comento consagra a vinculação das súmulas aos elementos fáticos e jurídicos dos precedentes
que lhes deram origem, porquanto os enunciados sumulares também devem se ater à ratio
decidendi dos precedentes que estão por trás de sua edição, inclusive porque o efeito
persuasivo ou vinculante, conforme o caso, constitui atributo da ratio e não da súmula.
A jurisprudência precisa ser estável, mas não há de ser eterna, obviamente. Há, portanto,
possibilidade de superação dos entendimentos, desde que devidamente fundamentada e com
observância da necessidade de modulação dos seus efeitos, se for o caso.
A superação motivada (overruling) e a modulação de efeitos dos precedentes foram
expressamente inseridas no CPC/2015:
ART. 927, §3º
Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal e dos
tribunais superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos repetitivos, pode haver
modulação dos efeitos da alteração no interesse social e no da segurança jurídica.
ART. 927, §4º
A modificação de enunciado de súmula, de jurisprudência pacificada ou de tese adotada em
julgamento de casos repetitivos observará a necessidade de fundamentação adequada e
específica, considerando os princípios da segurança jurídica, da proteção da confiança e da
isonomia.
De todo o exposto, vê-se que, ao longo dos anos, especialmente com a vigência do CPC, é
crescente o estudo e a valorização do caráter paradigmático das decisões judiciais, visto que,
através da uniformização dos precedentes e o compromisso dos julgadores com a sua
utilização, poderão ser garantidos diversos princípios constitucionais, como o da segurança
jurídica (art. 5º, XXXVI), da isonomia (art. 5º, caput) e da motivação das decisões judiciais (art.
93, IX).
VERIFICANDO O APRENDIZADO
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1. ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA ACERCA DA TEORIA GERAL
DOS PRECEDENTES:
A) O Direito Processual Civil brasileiro adotou, com o CPC/2015, o sistema do common law.
B) Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência, mas não há instrumentos processuais
destinados a promover tal uniformização.
C) Ao editar enunciados de súmula, os tribunais devem ater-se às circunstâncias fáticas dos
precedentes que motivaram sua criação.
D) Na alteração de tese jurídica adotada em enunciado de súmula ou em julgamento de casos
repetitivos, não é possível a designação de audiências públicas nem a participação de
pessoas, órgãos ou entidades que possam contribuir para a rediscussão da tese.
E) O CPC não prevê a possibilidade de modulação dos efeitos quando houver alteraçãodos
precedentes vinculantes.
2. EM FUNÇÃO DE OS TRIBUNAIS TEREM O DEVER DE UNIFORMIZAR
SUA JURISPRUDÊNCIA E MANTÊ-LA ESTÁVEL, O ART. 927 DO CPC
DETERMINA QUE OS JUÍZES E TRIBUNAIS DEVERÃO OBSERVAR
DETERMINADAS ORIENTAÇÕES DOS TRIBUNAIS SUPERIORES.
PORTANTO, MARQUE A OPÇÃO QUE CORRESPONDA A UMA
OBSERVAÇÃO DETERMINADA PELO ART. 927 DO CPC:
A) As decisões do Superior Tribunal de Justiça em controle concentrado de
constitucionalidade.
B) Não precisam observar os enunciados de súmula vinculante.
C) Os acórdãos em Incidente de Assunção de Competência ou de resolução de demandas
repetitivas e em julgamento de recursos de apelação e agravo de instrumento.
D) Os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do
Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional.
E) Não deverão observar a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem
vinculados, apenas a do Supremo Tribunal Federal.
GABARITO
1. Assinale a alternativa correta acerca da teoria geral dos precedentes:
A alternativa "C " está correta.
 
Em razão de o precedente ser um caso aplicado de maneira geral (norma geral) para outros
diversos casos concretos, para que estes sejam aplicados é necessário saber se o caso
paradigmático se aplica ao caso concreto e, por conseguinte, os magistrados deverão
identificar os elementos fáticos e a ratio decidendi que motivaram a criação de súmula, a fim de
que seja possível aplicá-la ao caso em julgamento.
2. Em função de os tribunais terem o dever de uniformizar sua jurisprudência e mantê-la
estável, o art. 927 do CPC determina que os juízes e tribunais deverão observar
determinadas orientações dos tribunais superiores. Portanto, marque a opção que
corresponda a uma observação determinada pelo art. 927 do CPC:
A alternativa "D " está correta.
 
Conforme o art. 927, inciso IV do CPC, juízes e tribunais observarão os enunciados das
súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de
Justiça em matéria infraconstitucional.
MÓDULO 2
 Identificar as hipóteses de julgamento monocrático nos tribunais
JUÍZO MONOCRÁTICO NOS TRIBUNAIS
No que se refere ao julgamento dos processos judiciais, buscam-se constantemente a
celeridade e a efetividade processuais como decorrência da garantia constitucional de acesso
à justiça (art. 5º, inciso XXXV, da CF). Porém, em virtude do excesso de litigância e do
congestionamento das demandas perante o Poder Judiciário, tem prevalecido uma grande
dificuldade no cumprimento do acesso à Justiça e de seus consectários.
No vídeo a seguir, a professora Renata Cortez aborda o julgamento monocrático, sua
legitimidade constitucional e seu cabimento. Vamos assistir!
Uma das formas encontradas pelo legislador para tentar alcançar o princípio da celeridade sem
a inobservância dos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa foi a
ampliação dos poderes do relator no âmbito dos tribunais, que, em conformidade com a
legislação pátria, poderá decidir monocraticamente em algumas situações.
 
Foto: Shutterstock.com.
 SAIBA MAIS
Ocorre que essa atuação individual do relator não é novidade trazida pelo CPC/ 2015. Essa
possibilidade já vinha sendo debatida desde o Código de Processo Civil de 1939, que já previa,
por exemplo, a atuação monocrática do relator nos embargos de nulidade e infringentes do
julgado (art. 836), e no recurso de revista (art. 860), tudo relacionado à admissibilidade do
recurso e não com relação ao mérito (VALENTE, 2010).
Dentre outras previsões, além das já mencionadas, destaca-se também o art. 557, do CPC de
1973, que previa várias hipóteses de atuação monocrática do relator.
O CPC/2015, por meio do art. 932, especialmente nos incisos III a V, reformulou as hipóteses
em que pode o relator decidir de forma unipessoal, proferindo julgamento monocrático,
adequando a redação dos dispositivos correspondentes à teoria dos precedentes e à melhor
técnica, conforme o que já vinha sendo objeto de análise doutrinária.
Nesses termos, dispõe o CPC:
 
Foto: Shutterstock.com.
Art. 932. Incumbe ao relator:
(...)
III - não conhecer de recurso inadmissível, prejudicado ou que não tenha impugnado
especificamente os fundamentos da decisão recorrida.
V - depois de facultada a apresentação de contrarrazões, dar provimento ao recurso se a
decisão recorrida for contrária a:
a) súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de Justiça ou do próprio tribunal;
b) acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em
julgamento de recursos repetitivos;
javascript:void(0)
c) entendimento firmado em Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas ou de assunção
de competência.
VI - decidir o incidente de desconsideração da personalidade jurídica, quando este for
instaurado originariamente perante o tribunal.
JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE DO RECURSO
Cabe ao relator exercer monocraticamente o juízo de admissibilidade do recurso, quando este
for inadmissível, prejudicado ou quando não tenha impugnado os fundamentos da decisão
recorrida, concedendo ao interessado, antes da inadmissão, prazo de 5 dias para que o vício
seja sanado ou para que a documentação seja complementada (GONÇALVES, 2017).
Vejamos:
RECURSO INADMISSÍVEL
RECURSO PREJUDICADO
IMPUGNAÇÃO ESPECIFICADA
RECURSO INADMISSÍVEL
O recurso será inadmissível quando não preencher um ou mais de seus pressupostos de
admissibilidade, como a tempestividade e o preparo.
RECURSO PREJUDICADO
O recurso restará prejudicado quando perder o seu objeto. Como exemplo, podemos
mencionar a decisão objeto de recurso de agravo de instrumento que o juiz de primeiro grau
exerceu juízo de retratação.
IMPUGNAÇÃO ESPECIFICADA
O recurso deve obedecer ao ônus da impugnação especificada, no sentido de que devem ser
impugnados os fundamentos da decisão recorrida, diretamente, visto que o CPC não admite a
impugnação genérica da decisão. Não havendo impugnação específica quanto aos
fundamentos da decisão recorrida, o recurso não será conhecido.
Destaca-se que, nos termos do art. 932, parágrafo único, do CPC, “antes de considerar
inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que
seja sanado vício ou complementada a documentação exigível”. Tratando-se, pois, de vício
sanável, deve o relator dar prazo para que o recorrente corrija o vício ou complemente a
documentação, conforme o caso.
JULGAMENTO MONOCRÁTICO DOS
RECURSOS PELO RELATOR
A função do relator pode ir muito além do que a mera admissibilidade do recurso. Ele pode,
também, analisar o mérito da questão conforme preveem os incisos IV e V do art. 932 do
CPC/2015. Verifica-se, nesse ponto, que, além da ampliação dos poderes do relator, houve
também uma valorização dos precedentes jurisprudenciais, notadamente, dos vinculantes.
 
Foto: Shutterstock.com.
Quanto ao provimento do recurso por decisão unipessoal do relator, o contraditório
necessariamente deve ser observado, com a intimação do recorrido, para que apresente
contrarrazões antes de a decisão monocrática ser proferida.
O fato é que não houve, por parte do legislador, a intenção de violar o princípio constitucional
do juiz natural, tampouco de suprimir a atuação do colegiado, visto que a decisão monocrática
do relator pode ser levada para o órgão fracionário do Tribunal por meio do recurso de agravo
(art. 1.021, do CPC/2015).
O que ocorre, na verdade, é apenas uma “delegação de poder” do colegiado para o relator, que
exerce, naquele momento, a competência plena para julgamento. Entretanto, deve haver
prudência na utilização dessa “competência plena” pelo relator, afinal, a sua decisão passa a
se tornar um pronunciamento do próprio tribunal. Daí a necessidade do agravo interno,
inovação trazida pelo CPC/2015 para qualquer decisão proferida pelo relator e não apenas em
situações específicas, como ocorria com o art. 557 do CPC/1973.
ONDE QUER QUE SE PRINCIPIE POR DARAO
RELATOR A OPORTUNIDADE DE MANIFESTAR-SE
SOZINHO, TEM-SE DE PERMITIR QUE À SUA VOZ
VENHAM JUNTAR-SE, DESDE QUE O REQUEIRA O
INTERESSADO, A DOS OUTROS INTEGRANTES DO
ÓRGÃO.
(MOREIRA, 1999, p. 136)
Verifica-se, portanto, que o julgamento monocrático dos recursos pelo relator é uma forma de
atribuir maior celeridade ao Processo Civil brasileiro, cerceando, inclusive, a grande quantidade
de recursos que possuem o intuito meramente protelatório, que retardam a resolução do mérito
e a finalização dos processos que continuam se amontoando no Judiciário.
Apesar disso, tem-se visto que há, muitas vezes, uma aplicação equivocada do julgamento
monocrático e um consequente retardo na prestação jurisdicional. A regra do julgamento
colegiado vem sendo substituída pela aplicação desenfreada do juízo monocrático, acarretando
uma grande demanda dos agravos internos, aumentando, assim, o tempo em que o processo
permanece na segunda instância.
 RESUMINDO
Observa-se, portanto, que o juízo monocrático nos tribunais é uma alternativa viável para o
alcance da celeridade processual, da razoável duração do processo, sem que haja a violação
dos princípios do contraditório e da ampla defesa. Porém, falta um maior debate e reflexão
para que sejam atingidos os objetivos da referida delegação, sem que haja consequências
contrárias ao que fora pensado pelo legislador.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A RESPEITO DOS PODERES DO RELATOR, MARQUE A ALTERNATIVA
CORRETA:
A) O relator não pode proferir decisões sobre o mérito dos recursos.
B) O ônus da impugnação especificada não se aplica aos recursos.
C) O relator pode negar provimento ao recurso apenas na hipótese de ser contrário à súmula
vinculante do Supremo Tribunal Federal.
D) O relator pode negar provimento ao recurso que for contrário ao acórdão proferido pelo
Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos
repetitivos.
E) Antes ou depois de facultada a apresentação de contrarrazões, o relator pode dar
provimento ao recurso se a decisão recorrida for contrária ao entendimento firmado em
Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas ou de assunção de competência.
2. JOÃO INTERPÔS RECURSO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO, TENDO
MARIA COMO RECORRIDA. DISTRIBUÍDO O AGRAVO AO TRIBUNAL
RESPECTIVO, O RELATOR, MONOCRATICAMENTE, DEU PROVIMENTO
AO RECURSO, CONSIDERANDO QUE A DECISÃO RECORRIDA FOI
CONTRÁRIA À SÚMULA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. MARIA
FOI SURPREENDIDA COM A INTIMAÇÃO DA REFERIDA DECISÃO. NESSE
CASO, MARQUE A ALTERNATIVA CORRETA QUANTO À CONDUTA DO
RELATOR E AO QUE MARIA DEVE FAZER EM RELAÇÃO À INTIMAÇÃO
RECEBIDA.
A) Considerando haver súmula do STJ sobre o tema, correta foi a atuação do relator, e Maria
deve se conformar com a decisão e se submeter ao resultado do processo.
B) Sendo hipótese de provimento do recurso, não há necessidade de intimação da parte
recorrida para apresentar contrarrazões, porém Maria pode interpor agravo interno contra a
decisão, para tentar demonstrar que a decisão não foi contrária à súmula do STJ.
C) Sendo hipótese de provimento do recurso, há necessidade de intimação da parte recorrida
para apresentar contrarrazões, porém Maria não pode interpor qualquer recurso contra a
decisão, que é irrecorrível.
D) Sendo hipótese de provimento do recurso, não há necessidade de intimação da parte
recorrida para apresentar contrarrazões, porém Maria pode interpor agravo retido contra a
decisão, para tentar demonstrar que a decisão não foi contrária à súmula do STJ.
E) Sendo hipótese de provimento do recurso, há necessidade de intimação da parte recorrida
para apresentar contrarrazões, de modo que Maria pode interpor agravo interno contra a
decisão, alegando violação ao contraditório.
GABARITO
1. A respeito dos poderes do relator, marque a alternativa correta:
A alternativa "D " está correta.
 
O art. 932, IV, “b”, determina incumbir ao relator negar provimento ao recurso que for contrário
ao acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em
julgamento de recursos repetitivos.
2. João interpôs recurso de agravo de instrumento, tendo Maria como recorrida.
Distribuído o agravo ao tribunal respectivo, o relator, monocraticamente, deu provimento
ao recurso, considerando que a decisão recorrida foi contrária à súmula do Superior
Tribunal de Justiça. Maria foi surpreendida com a intimação da referida decisão. Nesse
caso, marque a alternativa correta quanto à conduta do relator e ao que Maria deve fazer
em relação à intimação recebida.
A alternativa "E " está correta.
 
O relator somente pode dar provimento ao recurso depois de facultada a apresentação de
contrarrazões pelo recorrido, sob pena de violação ao contraditório. E contra a decisão do
relator cabe agravo interno.
MÓDULO 3
 Diferenciar os aspectos relativos aos incidentes de assunção de competência e de
resolução de demandas repetitivas
INCIDENTES DE ASSUNÇÃO DE
COMPETÊNCIA E DE RESOLUÇÃO DE
DEMANDAS REPETITIVAS
Em razão da valorização dos precedentes judiciais e da uniformização da jurisprudência, que
ganharam ainda mais espaço com o advento do CPC/2015, surgiram alguns institutos que
contribuíram para a busca da eficiência no julgamento dos processos.
Nesse sentido, foi criado o denominado Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas
(IRDR), que compõe, juntamente com a sistemática dos recursos especiais e extraordinários
repetitivos, o microssistema de julgamento de casos repetitivos (art. 928 do CPC). Já o
Incidente de Assunção de Competência (IAC) ganhou nova roupagem com a vigência do
CPC/2015 e, assim como o IRDR, trata-se de instrumento destinado à formulação de
precedentes com efeito vinculante.
INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE
COMPETÊNCIA
Sobre o denominado Incidente de Assunção de Competência:
É admissível “quando o julgamento de recurso, de remessa necessária ou de processo de
competência originária envolver relevante questão de direito, com grande repercussão social,
sem repetição em múltiplos processos” (art. 947 do CPC).
&
Pode ser utilizado “quando ocorrer relevante questão de direito a respeito da qual seja
conveniente a prevenção ou a composição de divergência entre câmaras ou turmas do tribunal”
(§4º do art. 947, CPC).
 ATENÇÃO
Importante destacar que o Incidente de Assunção de Competência não integra o microssistema
da litigiosidade repetitiva. Nesse sentido, deve-se mencionar o teor do Enunciado nº 334 do
Fórum Permanente de Processualistas Civis, verbis: “Por força da expressão ‘sem repetição
em múltiplos processos’, não cabe o Incidente de Assunção de Competência quando couber
julgamento de casos repetitivos”.
Por meio do Incidente de Assunção de Competência, o recurso, a remessa necessária ou o
processo de competência originária será julgado pelo órgão colegiado que o regimento indicar,
e o acórdão proferido vinculará todos os juízes e órgãos fracionários, exceto se houver revisão
de tese.
A IDEIA É A DE QUE OS TRIBUNAIS, POR MEIO DO INCIDENTE
DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA, LEVEM DETERMINADA
QUESTÃO CONSIDERADA RELEVANTE À APRECIAÇÃO DE
UM ÓRGÃO COLEGIADO DE MAIOR COMPOSIÇÃO, O QUAL,
RESOLVENDO-A, FIXARÁ UMA TESE QUE SERÁ VINCULANTE
PARA TODOS OS JUÍZES E ÓRGÃOS FRACIONÁRIOS DO
TRIBUNAL RESPECTIVO.
Ou seja, há uma mudança de competência, porquanto a que era de um órgão passa para outro
de um mesmo tribunal. Daí a palavra “assunção”, que se refere à ação de assumir alguma
coisa, neste caso, assume-se a competência.
Tal incidente pode ser utilizado também para fins de uniformização quando se julgar
conveniente a prevenção ou a composição de divergência entre órgãos fracionários do
tribunal. Observa-se que não há obrigatoriedade de utilização do incidente, podendo favorecer
a manutenção das divergências internas, já que essa é a tradição de nosso Poder Judiciário.
No tocante ao Incidente de Assunção de Competência, pensa-se que o art. 947 consagra duas
hipóteses de cabimento: uma em seu caput e outra em seu§4º.
Assim, para a admissibilidade do Incidente de Assunção de Competência, nos termos do caput
do art. 947, são necessários três requisitos:
1
Tramitação de um recurso, reexame necessário ou ação de competência originária do tribunal
2
Discussão acerca de uma relevante questão de direito processual ou material, com grande
repercussão social
3
Inexistência de repetição em múltiplos processos (pressuposto negativo)
No caso do caput, não há necessidade de preenchimento dos requisitos constantes no §4º,
quais sejam, prevenir ou compor divergência interna do tribunal. É dizer, mesmo que não haja,
em tese, risco de interpretações dissonantes sobre a questão de direito, dada a sua relevância
e a sua repercussão social, reputa-se adequado o seu julgamento por um órgão de maior
composição, em face de todas as vantagens acima mencionadas.
Já na hipótese do art. 947, §4º, é preciso que estejam presentes os pressupostos da
prevenção ou composição da divergência interna do tribunal. Aqui, o objetivo do IAC é
essencialmente promover a uniformização da jurisprudência dos tribunais, evitar a
divergência interna e, consequentemente, prevenir a propositura de outras demandas que
versem sobre a mesma controvérsia, a partir da definição da interpretação da norma
correspondente e da fixação de uma tese com efeito vinculante para os órgãos fracionários e
para os juízes subordinados ao tribunal.
Desse modo, em sem tratando de IAC fundado no art. 947, §4º, há necessidade de
preenchimento de quatro requisitos:
Tramitação de um recurso, reexame necessário ou ação de competência originária do tribunal
Discussão acerca de uma relevante questão de direito processual ou material
Conveniência da prevenção ou composição de divergência interna dos tribunais
Inexistência de repetição em múltiplos processos
Apesar de ter sido mais especificado no CPC/2015, o IAC não é um instituto novo. Tal
procedimento já era conhecido nos tribunais superiores e agora foi ampliado para todos os
tribunais.
Instituto semelhante possuía previsão no CPC/73, no §1º, do art. 555:
NO JULGAMENTO DE APELAÇÃO OU DE AGRAVO, A
DECISÃO SERÁ TOMADA, NA CÂMARA OU TURMA,
PELO VOTO DE 3 (TRÊS) JUÍZES. 
OCORRENDO RELEVANTE QUESTÃO DE DIREITO,
QUE FAÇA CONVENIENTE PREVENIR OU COMPOR
DIVERGÊNCIA ENTRE CÂMARAS OU TURMAS DO
TRIBUNAL, PODERÁ O RELATOR PROPOR QUE SEJA
O RECURSO JULGADO PELO ÓRGÃO COLEGIADO
QUE O REGIMENTO INDICAR; RECONHECENDO O
INTERESSE PÚBLICO NA ASSUNÇÃO DE
COMPETÊNCIA, ESSE ÓRGÃO COLEGIADO JULGARÁ
O RECURSO.
(CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 1973, ART. 555)
Observa-se, tanto na leitura do §1º, do art. 555 do CPC/1973, quanto do art. 947 do NCPC,
que a redação é parecida, sendo atribuída inclusive a mesma expressão “assunção de
competência” para caracterizar o instituto. Porém, as diferenças entre ambos são expressivas,
de tal modo que há quem acredite que o novo IAC nada tem de igual ao anterior, além do
nome.
Uma das principais diferenças são os requisitos. Enquanto o antigo trazia apenas a “relevante
questão de direito”, o CPC/2015 ainda elenca a “repercussão social” e exclui os assuntos que
estão repetidos em múltiplos processos. Além disso, outra grande diferença foi a legitimação
das partes, da Defensoria Pública e do Ministério Público para suscitar o IAC, prerrogativa que,
no Código anterior, era apenas do relator.
 ATENÇÃO
Vale a pena destacar a ampliação do cabimento, visto que antes o IAC era cabível apenas nos
agravos e apelações e hoje pode ser arguido em qualquer recurso, remessa necessária e em
processos de competência originária do tribunal. Ademais, haverá formação de um precedente
vinculante, visto que, quando houver decisão em IAC, todos os juízes e órgãos fracionários
estarão a ele vinculados.
No que se refere ao efeito vinculante da decisão proferida em Incidente de Assunção de
Competência, vale ressaltar que este está previsto em diversos dispositivos do CPC/2015.
Além do §3º do Art. 947, já mencionado, destacam-se o teor dos arts. 332, inciso III e 932,
inciso IV e V; e do 927, de suma importância, que obriga os juízes e tribunais a observarem os
acórdãos proferidos em IAC.
PODE-SE DIZER QUE O OBJETIVO DO IAC É A
CONSOLIDAÇÃO, PREVENTIVA OU NÃO, DA
JURISPRUDÊNCIA E A FORMAÇÃO DE PRECEDENTE
OBRIGATÓRIO, SITUAÇÕES TÃO PRESENTES NA ESSÊNCIA
DO CPC/2015. ADEMAIS, OS JULGADORES NÃO PODEM SE
ABSTER DE APLICAR UM IAC, SOB PENA DE AJUIZAMENTO
DE RECLAMAÇÃO, CONFORME O ART. 988, IV, DO CPC.
Cumpre registrar, no que se refere ao procedimento, que preenchidos os requisitos:
O relator, seja de ofício ou a requerimento da parte, da Defensoria Pública ou do Ministério
Público, propõe o redirecionamento da competência.

O órgão colegiado competente para conhecer do processo envia os autos ao órgão que o
regimento interno do tribunal indicar.

O órgão indicado pelo regimento, reconhecendo o interesse na assunção da competência,
julga o processo em concreto.
Diante da lacuna no tocante ao procedimento do IAC, outras regras previstas para os demais
instrumentos destinados à formação de precedentes vinculantes (IRDR e recursos repetitivos)
devem ser aplicadas ao referido incidente, tais como:
A necessidade de afetação (da questão a ser decidida por meio do IAC pelo relator - art. 1.037,
I).
Possibilidade de intervenção do amicus curiae e de realização de audiências públicas (art.
983).
As regras acerca da ordem de julgamento (art. 984).
Sobre a ampla e específica divulgação e publicidade no tocante à instauração e ao julgamento
do incidente (art. 979).
Há possibilidade de revisão da tese quando se vislumbrar a necessidade de superação do
precedente, devendo-se aplicar as regras previstas nos arts. 927, §2º ao §4º e 986.
Devem incidir também as regras constantes do art. 987, caput, §1º, in fine, e §2º do CPC,
admitindo-se o cabimento dos recursos especial e extraordinário em face do julgamento do
mérito do IAC. Tais recursos, entrementes, não devem ter efeito suspensivo, porquanto o
incidente sob comento não se presta à contenção da litigiosidade de massa. Deve ser
presumida a repercussão geral da questão constitucional eventualmente discutida, visto que o
IAC, nos termos do caput, tem como requisito a presença da repercussão social da questão a
ser dirimida. Apreciado o mérito do recurso, a tese adotada pelo tribunal superior será aplicada
em todo o território nacional.
O INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA TEM
CABIMENTO EM QUALQUER TRIBUNAL, INCLUSIVE NOS
SUPERIORES, TENDO HAVIDO, INCLUSIVE, A SUA
REGULAMENTAÇÃO NO ÂMBITO DO STJ, EM SEU
REGIMENTO INTERNO.
O IAC, na forma como tratado no CPC/2015, é um instituto inovador, pois se acha revestido de
uma nova roupagem, de modo que a tese fixada no seu julgamento vinculará todos os juízes
subordinados ao tribunal e o próprio tribunal, estabelecendo, assim, um precedente obrigatório.
 
Imagem: Shutterstock.com.
INCIDENTE DE RESOLUÇÃO DE
DEMANDAS REPETITIVAS
No vídeo a seguir, a professora Renata Cortez faz um panorama sobre Incidente de Resolução
de Demandas Repetitivas. Vamos assistir!
O Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas (IRDR) tem por escopo conter a
denominada litigiosidade de massa, evidenciada pela repetição de demandas relativas a uma
mesma questão de direito material ou processual (art. 928, parágrafo único). Ao lado dos
recursos especial e extraordinário repetitivos, o IRDR compõe o que a doutrina tem
denominado de microssistema de resolução de casos repetitivos, cujos instrumentos buscam
conferir solução uniforme a demandas que versem sobre as mesmas questões de direito.
PARA A ADMISSIBILIDADE DO IRDR, É PRECISO QUE HAJA
UMA EFETIVA REPETIÇÃO DE PROCESSOS. ASSIM,
EVIDENCIA-SE O DESCABIMENTO DO INCIDENTE COM
FINALIDADE PREVENTIVA. ADEMAIS, É NECESSÁRIO QUE
HAJA CONTROVÉRSIA SOBRE A MESMA QUESTÃO
UNICAMENTE DE DIREITO, DE MODO QUE NÃO CABE O IRDR
QUANDO O DISSENSO A SER DIRIMIDO DISSER RESPEITO A
MATÉRIA FÁTICA.
A questão precisa ser controvertida, pois, se assim não for,não haverá o preenchimento do
requisito contido no inciso II: risco de ofensa à isonomia e à segurança jurídica. Só haverá
comprometimento desses dois pilares constitucionais se houver decisões em sentidos distintos
a respeito de uma mesma questão.
Não há um quantitativo definido pela lei de casos em tramitação para caracterizar a
litigiosidade repetitiva. Pensa-se que o cabimento do IRDR está atrelado a uma quantidade
significativa de processos versando sobre uma mesma questão de direito. O dispositivo exige
uma efetiva repetição de processos e a finalidade essencial do instituto é conter a litigiosidade
de massa, que se evidenciará inexistente se houver poucos processos em tramitação, ainda
que decididos de forma antagônica. Nessa situação, mais adequada, se afigura a utilização do
Incidente de Assunção de Competência.
Em suma, para fins de admissibilidade do IRDR, devem coexistir:
A multiplicidade de demandas
&
A divergência de posicionamentos a respeito de uma mesma questão de direito
Dada a relevância da solução uniforme da questão debatida em múltiplos processos, cujo
interesse transcende o daqueles que solicitaram a sua instauração, a exemplo do que acontece
na ação civil pública (art. 5º, §3º, da Lei 7.347/85) e nas demais ações coletivas, a desistência
ou o abandono do processo não impede o exame de mérito do incidente. Assim, em caso de
abandono ou de desistência por parte dos demais legitimados, o Ministério Público assumirá a
titularidade do incidente.
 
Foto: Moacir Ximenes / Wikimedia commons / CC BY 3.0 BR.
Veja-se que, nesse caso, a desistência do processo, dependendo da fase em que este se
encontre, pode acarretar a sua extinção. Logo, não haverá causa a ser decidida juntamente
com o incidente, restando unicamente a fixação da tese (caso adotado o sistema da causa-
modelo – vide comentários ao art. 978, parágrafo único).
O interesse público na uniformização da jurisprudência e na contenção da litigiosidade de
massa também justifica a intervenção obrigatória do Ministério Público no incidente, caso não
seja o requerente.
Não preenchidos os pressupostos contidos no art. 976, não será admitido o IRDR e não há
impedimento para que seja o incidente suscitado novamente, porém deverá ser demonstrado o
preenchimento do requisito reputado ausente no pedido anteriormente formulado.
O IRDR COMPÕE, AO LADO DOS RECURSOS ESPECIAL E
EXTRAORDINÁRIO REPETITIVOS, O MICROSSISTEMA DE
RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS, RAZÃO PELA
QUAL NÃO TERÁ CABIMENTO O IRDR QUANDO JÁ TIVER
RECURSO ESPECIAL OU EXTRAORDINÁRIO REPETITIVO
AFETADO NO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA OU NO
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL PARA RESOLUÇÃO DA
QUESTÃO DE DIREITO CONTROVERTIDA E FIXAÇÃO DA TESE
RESPECTIVA. ISSO PORQUE A DECISÃO NO RECURSO
REPETITIVO ATINGIRÁ TODOS OS PROCESSOS EM
TRAMITAÇÃO EM TODO O TERRITÓRIO NACIONAL,
ENQUANTO A DECISÃO DO IRDR ABRANGE, EM PRINCÍPIO,
APENAS OS PROCESSOS QUE TRAMITAM NA ÁREA DE
JURISDIÇÃO DO TRIBUNAL ONDE FOI INSTAURADO E
ADMITIDO O INCIDENTE. SENDO, PORTANTO, MAIS
ABRANGENTE, O RECURSO REPETITIVO JÁ AFETADO PARA
JULGAMENTO IMPEDE A INSTAURAÇÃO DO IRDR.
A fim de estimular a suscitação do IRDR, estabelece o art. 976, §5º que não haverá exigência
de custas processuais no incidente. Já os incisos do art. 977 estabelecem os legitimados para
requerer a instauração do IRDR, quais sejam:
O juiz ou o relator
As partes
O Ministério Público
A Defensoria Pública
Vejamos:
O juiz e o relator poderão solicitar a instauração do IRDR de ofício, ou seja,
independentemente de requerimento das partes, e deverão fazê-lo por meio de ofício, dirigido
ao presidente do respectivo tribunal.
As partes, o MP e a DP deverão peticionar ao presidente do tribunal solicitando a instauração
do incidente, e o requerimento deve ser instruído com os documentos necessários à
demonstração do preenchimento dos pressupostos para a instauração do incidente, previstos
nos incisos do art. 976: efetiva repetição de demandas a respeito da mesma questão
unicamente de direito e risco à isonomia e à segurança jurídica.
 ATENÇÃO
Importante consignar que, embora prevaleça o entendimento de que o CPC/2015 adotou o
sistema da causa-piloto (vide comentários ao art. 978, parágrafo único), há quem defenda a
prevalência do sistema da causa-modelo. Um dos argumentos para tanto é a legitimidade do
juiz de primeiro grau para solicitar a instauração do IRDR, posto que, se o juiz pode solicitar a
instauração do incidente, é porque não precisa haver causa pendente de julgamento no
tribunal, podendo a repetição de demandas operar-se tão somente nos juízos de primeira
instância.
O caput do art. 978 transfere aos regimentos internos dos tribunais a incumbência de definir o
órgão competente para o julgamento do IRDR, sugerindo, apenas, que seja um dos órgãos
responsáveis pela uniformização da jurisprudência. A tendência, portanto, é que a competência
seja do pleno ou dos órgãos especiais dos tribunais.
 
Foto: Tribunal de Justiça de São Paulo.
No parágrafo único do art. 978, está a regra que fundamenta a tese de que o Direito
Processual brasileiro adotou o sistema da causa-piloto para o IRDR. Nos termos do referido
dispositivo, o órgão colegiado, além de fixar a tese, julgará o recurso, a remessa necessária ou
o processo de competência originária de onde se originou o incidente. Logo, seria
imprescindível haver pelo menos uma causa pendente de julgamento no tribunal para a
admissibilidade do IRDR. Não bastaria, então, restar evidenciada a multiplicidade de demandas
sobre a mesma questão de direito nos juízos de primeiro grau. Seria indispensável que pelo
menos uma delas chegasse ao tribunal por meio de recurso ou de reexame necessário, ou que
fosse proposta demanda de competência originária.
Embora pareça ser esse o entendimento prevalecente, há quem defenda a desnecessidade de
causa pendente no tribunal, por diversas razões, dentre as quais se podem mencionar a
inconstitucionalidade formal do parágrafo único do art. 978 — que foi modificado após a
aprovação do texto do novo CPC pelo Senado, na fase de correção do texto —, e a
legitimidade do juiz de primeiro grau para suscitar o incidente.
A adoção do sistema da causa-modelo facilitaria a resolução de algumas questões práticas, a
exemplo da hipótese em que há desistência do recurso ou do processo, conforme comentários
ao art. 976, §1º, como também o problema da vinculação da tese fixada pelo tribunal
relativamente aos juizados especiais.
O IRDR é dirigido ao Presidente do Tribunal, que determinará a sua distribuição a um dos
desembargadores (ou ministros) que compõem o órgão colegiado competente para seu
julgamento, conforme o Regimento Interno.

O relator ao qual o incidente for distribuído deve pedir pauta para que o colegiado proceda com
o exame de admissibilidade, a partir da análise do preenchimento ou não dos requisitos
constantes do art. 976.
Nota-se que o relator não decidirá de modo unipessoal acerca da presença ou não dos
pressupostos de admissibilidade, devendo submeter a questão à decisão colegiada. Trata-se
de mais uma regra que reforça a importância do incidente, dada a sua relevância no contexto
da uniformização da jurisprudência e da contenção da litigiosidade de massa.
Admitido o incidente, por meio de decisão colegiada, os autos devem retornar ao relator, para
que tome as providências previstas nos incisos do art. 982. Dessa forma, cabe ao relator:

Determinar a suspensão dos processos pendentes, individuais ou coletivos, que tramitem no
Estado ou na região, devendo comunicar a suspensão aos órgãos jurisdicionais competentes.

Requisitar informações a órgãos em cujo juízo tramita processo no qual se discute o objeto do
incidente, que as prestarão no prazo de 15 (quinze) dias (trata-se de uma faculdade e não de
um dever, mas que deve ser implementado prioritariamente, visto que o objetivo da regra é
qualificar o debate, com o incremento de argumentos favoráveis e contrários à tese quedeverá
ser fixada).

Intimar o Ministério Público para, querendo, manifestar-se no prazo de 15 (quinze) dias. A
intimação do MP é obrigatória, visto que sua intervenção no incidente é obrigatória (art. 976,
§2º). A manifestação do representante do MP, no entanto, não é obrigatória. Passado o prazo
sem manifestação, o incidente terá regular prosseguimento.
Durante a suspensão dos processos, eventual pedido de tutela de urgência deverá ser dirigido
ao juízo onde tramita o processo suspenso e não ao órgão jurisdicional onde tramita o
incidente, a não ser que o pedido se refira ao próprio processo em que o IRDR foi instaurado,
que poderá estar tramitando no tribunal.
 
Foto: Shutterstock.com.
Em regra, o efeito suspensivo será restrito aos processos que tramitam no Estado ou na região
em que o IRDR foi instaurado e admitido. Inobstante, o §3º do art. 982 permite a ampliação do
efeito suspensivo relativamente a todos os processos, individuais ou coletivos, que versem
sobre a questão objeto do incidente e que tramitem no território nacional, a fim de evitar a
divergência interpretativa em Estados e/ou regiões distintos sobre a mesma temática,
garantindo-se a isonomia, a segurança jurídica e, em consequência, a observância do princípio
da proteção da confiança. Para tanto, as partes do processo em que foi instaurado o incidente,
o Ministério Público e a Defensoria Pública podem requerer a medida ao tribunal competente
para conhecer do recurso extraordinário ou especial. Por opção do legislador, não cabe ao
relator ou ao juiz, de ofício, solicitar a atribuição do efeito suspensivo.
O §4º do dispositivo sob comento amplia ainda mais a legitimidade para a solicitação da
providência prevista no §3º, permitindo que tal requerimento seja formulado por qualquer parte
de processos em curso, nos quais se discuta a mesma questão objeto do incidente,
independentemente dos limites da competência territorial do órgão no qual o IRDR esteja
tramitando.
 EXEMPLO
Admitido um IRDR pelo TJSP, pode uma parte de processo similar que tramita no TJPE
solicitar ao STJ a atribuição de efeito suspensivo em todo o território nacional.
A suspensão será interrompida, entretanto, se não for interposto recurso especial ou recurso
extraordinário contra a decisão proferida no incidente, hipótese em que a decisão será restrita
ao Estado ou à região na qual o IRDR foi admitido.
Visando também ampliar o diálogo e qualificar o debate acerca da tese jurídica com efeito
vinculante que advirá do julgamento do IRDR, o art. 983 estabelece que o relator ouvirá não
apenas as partes do processo no qual o incidente foi instaurado e o Ministério Público, mas
poderá também permitir a manifestação dos demais interessados.
SEGUNDO O DISPOSITIVO SOB ANÁLISE, JULGADO O
INCIDENTE, A TESE JURÍDICA SERÁ APLICADA
OBRIGATORIAMENTE A TODOS OS PROCESSOS INDIVIDUAIS
OU COLETIVOS QUE VERSEM SOBRE IDÊNTICA QUESTÃO DE
DIREITO E QUE TRAMITEM NA ÁREA DE JURISDIÇÃO DO
RESPECTIVO TRIBUNAL, INCLUSIVE ÀQUELES QUE
TRAMITEM NOS JUIZADOS ESPECIAIS DO RESPECTIVO
ESTADO OU REGIÃO; E, AINDA, AOS CASOS FUTUROS QUE
VERSEM IDÊNTICA QUESTÃO DE DIREITO E QUE VENHAM A
TRAMITAR NO TERRITÓRIO DE COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL,
RESSALVADA APENAS A POSSIBILIDADE DE REVISÃO DA
TESE (SUPERAÇÃO DO PRECEDENTE).
Não observada a tese adotada no incidente, que tem efeito vinculante, como visto, caberá
reclamação, fundada também no art. 988, IV. O cabimento da reclamação, nesse caso, não
depende do esgotamento da instância, de modo que se, por exemplo, um juiz de primeiro grau,
na sentença, contrariar o entendimento estabelecido no IRDR, caberá reclamação.
A revisão da tese jurídica firmada no incidente far-se-á pelo mesmo tribunal, de ofício ou
mediante requerimento dos legitimados mencionados no art. 977, inciso III (Ministério Público e
Defensoria Pública).
Do julgamento do mérito do incidente caberá recurso extraordinário ou especial, conforme o
caso. O recurso tem efeito suspensivo, presumindo-se a repercussão geral de questão
constitucional eventualmente discutida. Apreciado o mérito do recurso, a tese jurídica adotada
pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça será aplicada no território
nacional a todos os processos individuais ou coletivos que versem sobre idêntica questão de
direito. (art. 987)
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. QUANDO O JULGAMENTO DE RECURSO, DE REMESSA NECESSÁRIA
OU DE PROCESSO DE COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA ENVOLVER
RELEVANTE QUESTÃO DE DIREITO, COM GRANDE REPERCUSSÃO
SOCIAL, COM REPETIÇÃO EM MÚLTIPLOS PROCESSOS, SERÁ
CABÍVEL:
A) Incidente de Assunção de Competência
B) Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas
C) Agravo de instrumento
D) Recurso Especial
E) e) Recurso Extraordinário
2. ASSINALE A ASSERTIVA VERDADEIRA, ACERCA DO INCIDENTE DE
RESOLUÇÃO DE DEMANDAS REPETITIVAS:
A) Conforme o CPC, é cabível a instauração do Incidente de Resolução de Demandas
Repetitivas quando houver, alternativamente, efetiva repetição de processos que contenham
controvérsia sobre a mesma questão unicamente de direito ou risco de ofensa à isonomia e à
segurança jurídica.
B) A admissibilidade do incidente será realizada pelo relator.
C) O resultado do julgamento do incidente se restringe à área de jurisdição do respectivo
tribunal, não havendo possibilidade de a decisão ter abrangência nacional.
D) O órgão colegiado incumbido de julgar o incidente e de fixar a tese jurídica julgará
igualmente o recurso, a remessa necessária ou o processo de competência originária de onde
se originou o incidente.
E) Têm legitimidade para suscitar o incidente apenas as partes, o relator e o Ministério Público.
GABARITO
1. Quando o julgamento de recurso, de remessa necessária ou de processo de
competência originária envolver relevante questão de direito, com grande repercussão
social, com repetição em múltiplos processos, será cabível:
A alternativa "B " está correta.
 
Nos termos do art. 947 do CPC, é admissível a assunção de competência quando o julgamento
de recurso, de remessa necessária ou de processo de competência originária envolver
relevante questão de direito, com grande repercussão social, sem repetição em múltiplos
processos. Havendo repetição em múltiplos processos, será cabível o IRDR e não o IAC.
2. Assinale a assertiva verdadeira, acerca do Incidente de Resolução de Demandas
Repetitivas:
A alternativa "D " está correta.
 
O parágrafo único do art. 978 do CPC determina que “o órgão colegiado incumbido de julgar o
incidente e de fixar a tese jurídica julgará igualmente o recurso, a remessa necessária ou o
processo de competência originária de onde se originou o incidente”.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo deste conteúdo, analisamos alguns aspectos referentes à ordem dos processos nos
tribunais, quais sejam, a teoria geral dos precedentes e o juízo monocrático nos tribunais e os
Incidentes de Assunção de Competência e de Resolução de Demandas Repetitivas.
Tratamos de aspectos relativos à teoria dos precedentes, explicitando como a temática acha-se
regulada no CPC/2015, ressaltando-se a sua relevância no contexto da uniformização da
jurisprudência e na garantia de isonomia e segurança jurídica aos jurisdicionados.

Em seguida, verificamos as hipóteses em que pode o relator proferir decisões monocráticas,
com a finalidade de encerrar o recurso ou a ação de competência originária dos tribunais.

Por fim, esmiuçamos as regras contidas no CPC referentes aos Incidentes de Assunção de
Competência e de Resolução de Demandas Repetitivas.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
DIDIER, JR. et al. Curso de Direito Processual Civil. Salvador: Juspodivm, 2013. p. 43. v. 2.
GONÇALVES, M. V. R. Direito Processual Civil Esquematizado. 8. ed. São Paulo: Saraiva,
2017.
MOREIRA, J. C. B. Algumas inovações da Lei 9.756/98 em matéria de recursos cíveis. In:
WAMBIER, T. A. A.; NERY JR. (org.). Aspectos polêmicos e atuais dos recursos cíveis de
acordo com a Lei 9.756/98. São Paulo: RT,1999.
VALENTE, F. A. A decisão monocrática do relator. Âmbito Jurídico. São Paulo, 2010.
Consultado na internet em: 2 de ago. 2021.
EXPLORE+
Para saber mais sobre os conceitos aqui explorados, leia também:
CÂMARA, A. F. O Novo Processo Civil Brasileiro. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2017.
MARINONI, L. G. Precedentes obrigatórios. 2. ed. São Paulo: RT, 2012. p. 4.
TEMER, S. Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas. Salvador: Juspodivm,
2016.
THEODORO JR., H. Curso de Direito Processual Civil – Teoria geral do direito
processual civil, processo de conhecimento e procedimento comum. 47. ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2016. v. 3.
MENDES, A. G. Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas. São Paulo:
Forense, 2017.
Para verificar a importância que os tribunais vêm dando à observância e à gestão de
precedentes, vale conferir o site do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, a título de exemplo:
http://conhecimento.tjrj.jus.br/web/portal-conhecimento/precedentes.
CONTEUDISTA
Renata Cortez
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