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OLIVEIRA, Sílvio Luiz de. Tratado de Metodologia Científica: projetos de pesquisas, TGI, TCC, Monografias, Dissertações e Teses. São Paulo: Pioneira, 2002. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de Pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, elaboração, análise e interpretação de dados, 5. ed. São Paulo: Atlas, 2002. BARROS, Aidil de Jesus Paes de; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Projeto de pesquisa: propostas metodológicas. 7. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998. PESQUISA Para Oliveira (2002) a pesquisa envolve um planejamento cuidadoso da investigação de acordo com normas da metodologia científica em termos de forma e de conteúdo. Ela tem por finalidade conhecer e explicar os fenômenos que ocorrem em suas diversas manifestações e a maneira como se processam os seus aspectos funcionais e estruturais a partir de perguntas como: Por que a classe média tem empobrecido nos últimos anos no Brasil? Por que os homens vivem em comunidade? Por que o céu é azul? Objetivos da Pesquisa: A pesquisa pode ter por objetivo ampliar generalizações, definir leis mais amplas, estruturar sistemas e modelos teóricos, relacionar hipóteses em uma visão mais unitária do universo e gerar novas hipóteses pela dedução lógica. Isto caracteriza uma Pesquisa Teórica, pois exige síntese e reflexão. (OLIVEIRA, 2002) A Pesquisa Aplicada requer determinadas teoria ou leis mais amplas como partida e tem por objetivo pesquisar, comprovar ou rejeitar hipóteses sugeridas pelos modelos teóricos e aplicar de acordo com as diferentes necessidades humanas. (OLIVEIRA, 2002) A Pesquisa de Campo consiste na observação dos fatos tal como acontecem espontaneamente, na coleta de dados e no registro de variáveis para posteriores análises. Ex: lançamentos publicitários, programas turísticos, etc. Este tipo de pesquisa não isola e controla variáveis, mas possibilita o estabelecimento de relações constantes entre determinadas condições (variável independente) e determinados eventos (variáveis dependentes), observados e comprovados. (OLIVEIRA, 2002) A pesquisa: “É um procedimento reflexivo sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer campo do conhecimento” (ANDER- EGG apud MARCONI, LAKATOS, 2002, p. 15) Para Barros e Lehfeld (1998, p. 14) a pesquisa é “uma forma de um estudo de um objeto. Este estudo é sistemático e realizado com a finalidade de incorporar os resultados obtidos em expressões comunicáveis e comprovadas aos níveis do conhecimento obtido”. E acrescenta: A pesquisa científica é o produto de uma investigação, cujo objetivo é resolver problemas e solucionar dúvidas, mediante a utilização de procedimentos científicos. A investigação é a composição do ato de estudar, observar e experimentar os fenômenos, colocando de lado a sua compreensão a partir de apreensões superficiais e imediatas. (BARROS, LEHFELD, 1998, p. 14) RAMPAZZO, Lino. Metodologia científica: para alunos dos cursos de graduação e pós-graduação. São Paulo: Loyola, 2002. Assim, “a pesquisa é uma atividade voltada para a solução de problemas por meio de processos do método científico”. (RAMPAZZO, 2002, P. 49). O autor caracteriza a pesquisa como: o levantamento de um problema, a solução a qual se chega e os meios escolhidos para chegar à solução, que são os instrumentos e os procedimentos adequados. TIPOS DE PESQUISA Cada abordagem é realizada com técnicas e enfoques específicos, conforme o objeto de estudo. Rampazzo (2002), entre vários tipos de pesquisa ressalta: a pesquisa documental, a bibliográfica, a descritiva, a experimental e a qualitativa-participante. Toda pesquisa implica em levantamento de dados, informações, de variadas fontes. No caso de o levantamento dos dados acontecerem no próprio local onde os fenômenos acontecem, caracteriza uma documentação direta (exemplo, na entrevista), mas quando o pesquisador busca o levantamento que outros pesquisadores já fizeram, isso caracteriza uma documentação indireta. A documentação indireta pode ser encontrada nas fontes primárias (documentos) ou na bibliografia (livros, artigos, teses). 1. PESQUISA DOCUMENTAL Procura-se os documentos de fonte primária, os “dados primários” provenientes de órgãos que realizaram as observações. Estes dados podem ser encontrados em arquivos, fontes estatísticas e fontes não-escritas. Os arquivos podem ser públicos (nacionais, estaduais e municipais) e particulares (bancos, igrejas, indústrias, partidos políticos, sindicatos, escolas, residências). Os arquivos públicos contêm documentos oficiais (anuários, editoriais, ordens régias, leis, atas, relatórios, ofícios, alvarás, correspondências), documentos jurídicos provenientes de cartórios, registros gerais de falências, inventários, testamentos, escrituras de compra e venda, nascimentos, casamentos, desquites, divórcios. Os arquivos particulares, por pertencerem a instituições de ordem privada, são de acesso mais difícil, mas constituem rico acervo de conhecimento, pois englobam diversos registros, atas, memórias, diários, autobiografias, ofícios, boletins, memorandos, regulamentos, correspondências. As fontes estatísticas são provenientes de vários órgãos oficiais e particulares, responsáveis pelo censo ou coleta e elaboração de dados estatísticos (IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; o Banco Central, os Departamentos Estaduais e Municipais de Estatística, o Ibope – Instituto Brasileiro de Opinião Pública, o Instituto Gallup) As fontes não-escritas geralmente são utilizadas na etnologia e na arqueologia, são as fotografias, gravações, filmes, videocassetes, disquetes, imprensa falada (televisão e rádio), desenhos, pinturas, esculturas, canções, indumentárias, objetos de arte, folclore, testemunhos gráficos, vasos, artefatos, armas. 2. PESQUISA BIBLIOGRÁFICA Procura resolver um problema a partir de referências teóricas publicadas em livros, revistas, periódicos, teses, dissertações. Qualquer espécie de pesquisa, em qualquer área, supõe e exige uma pesquisa bibliográfica prévia, seja para o levantamento da situação do problema, seja para a fundamentação teórica, ou para justificar os limites e contribuições da própria pesquisa (a nível acadêmico, social). 3. PESQUISA DESCRITIVA Serve para observar, registrar, analisar e correlacionar fatos ou fenômenos (variáveis), sem manipulá-los. Estuda fatos e fenômenos do mundo físico e humano, sem a interferência do pesquisador. A pesquisa descritiva procura descobrir, com a precisão possível, a frequência com que um fenômeno ocorre, sua relação e sua conexão com outros fenômenos, sua natureza e suas características. Busca conhecer as diversas situações e relações que ocorrem na vida social, política, econômica e demais aspectos do comportamento humano, tanto do indivíduo como de grupos e comunidades mais complexas. Muito usada nas Ciências Humanas e Sociais abordando dados e problemas que merecem ser estudados e cujo registro não consta de documentos e publicações. Os dados, por ocorrerem em seu ambiente natural, precisam ser coletados e registrados ordenadamente para serem estudados. Possui várias formas: a) Estudos exploratórios: é normalmente o passo inicial no processo de pesquisa, por tratar-se de uma observação ainda não estruturada ou assistemática, consiste em recolher e registrar os fatos da realidade, sem que o pesquisador utilize meios técnicos especiais ou precise fazer perguntas diretas. É recomendável quando há poucos conhecimentos sobre o problema a ser estudado. b) Estudos Descritivos: Estudo e descrição das características, propriedades e relações existentes na comunidade, grupo ou realidade pesquisada. Ex: O Brasil ingressa na década de 90 com um contingente de 14, 4milhões de famílias (64,5 milhões de pessoas) em condições de pobreza (com rendimento per capta igual ou inferior a meio salário mínimo), ou seja, com rendimentos insuficientes para atender às suas necessidadesbásicas, alimentares e não alimentares. Dessas famílias, 6,9 milhões de pessoas encontraram-se em situação de indigência (com rendimento per capta igual ou inferior a um quarto de salário mínimo), onde nem as necessidades alimentares eram atendidas. Isto significa que, em 1990, de cada 10 brasileiros, 4,4 eram pobres e destes, 2,3 indigentes. (IPA, 1992, apud CNBB, 1994, p. 31) Os estudos descritivos, assim como os exploratórios, favorecem as tarefas de formulação clara do problema e da sua hipótese como tentativa de solução. c) Pesquisa de opinião: Procura saber atitudes, pontos de vista e preferências que as pessoas possuem em relação a algum assunto, com o objetivo de tomar decisões. Abrange uma faixa grande de investigações que visam identificar falhas ou erros, descrever procedimentos, descobrir tendências, reconhecer interesses e outros comportamentos. Ex: Um político encomenda uma pesquisa de opinião para verificar quais são as preferências dos eleitores e suas chances de vencer as eleições. d) Pesquisa de motivação: Busca saber as razões inconscientes e ocultas que levam o consumidor a usar determinado produto, ou que determinam certas atitudes e comportamentos. Ex: o político não se limitaria, neste caso, a saber quem votou nele, mas o porquê votou. e) Estudo de Caso: É realizada sobre um determinado indivíduo, família, grupo ou comunidade para examinar aspectos variados de sua vida. A prática de Estudo de caso está muito vinculada à psicoterapia, caracterizada pela reconstrução da história de indivíduos, ao trabalho dos assistentes sociais junto a indivíduos, grupos e comunidades. Ex: juiz que pede um laudo técnico a um psicólogo. A pesquisa descritiva trabalha sobre os dados ou fatos colhidos da realidade utilizando- se de instrumentos como a observação, a entrevista, o questionário, o formulário e outras técnicas. Descrever é narrar o que acontece. A pesquisa descritiva busca descobrir e observar fenômenos, procurando descrevê-los, classificá-los e interpretá-los. Explicar é dizer por que acontece. A pesquisa experimental pretende dizer de que modo ou por que causas o fenômeno é produzido. Para isso o pesquisador fará uso de instrumentos e aparelhos apropriados, capazes de tornar perceptíveis as relações entre as variáveis envolvidas no objeto de estudo. RUDIO, Franz Victor. Introdução ao projeto de pesquisa científica. 16. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1991. 4. PESQUISA EXPERIMENTAL “A pesquisa experimental pretende dizer de que modo ou por que causas o fenômeno é produzido”. (RUDIO, 1991, p. 57). Esta pesquisa está interessada em verificar a relação de causalidade que se estabelece entre variáveis, isto é, em saber se a variável X (independente) determina a variável Y (dependente). Para isto é criada uma situação de controle rigoroso procurando evitar que estejam presentes influências alheias à verificação que se pretende fazer. Depois faz-se uma interferência na realidade, dentro das condições preestabelecidas, manipulando a variável independente para observar o que acontece com a variável dependente. (RUDIO, 1991) Logo, a pesquisa experimental caracteriza-se por manipular diretamente as variáveis relacionadas com o objeto de estudo. A manipulação das variáveis proporciona o estado da relação entre causa e efeito de um fenômeno determinado. Através da criação de situações de controle é que se procura evitar a interferência de variáveis intervenientes. (RAMPAZZO, 2002) Ex: experimento de Pasteur sobre a hipótese da “geração espontânea”: ele colocou dois frascos iguais nas mesmas condições de temperatura e durante o mesmo tempo. Um deles era fechado e o outro aberto. O frasco aberto produziu uma fermentação que não aconteceu no outro frasco. Concluiu-se que a fermentação foi provocada por germes carregados no ar. Na realização deste experimento, Pasteur garantiu o controle rigoroso, deixando os dois frascos em condições iguais, exceto na condição de fechamento ou abertura do frasco. Desta maneira o controle visa “isolar” a observação de fatores ou influências capazes de intervir e falsear os resultados. (RAMPAZZO, 2002) Rampazzo (2002) coloca que em um experimento utiliza-se dois (ou mais) grupos: aquele onde se aplica, ou se retira o “fator experimental”, denomina-se grupo experimental, o outro grupo onde não há manipulação de variável independente, chama-se grupo controle. O grupo controle serve de comparação para o grupo experimental. No grupo controle é aplicado um fator controle, ou seja, não se aplica nele a variável experimental. O experimento se diferencia da experiência e da observação. O experimento é uma situação criada em laboratório, com a finalidade de observar sob controle, a relação existente entre fenômenos. Ex: se um professor tem sua atenção voltada para um aluno com comportamento peculiar, está tendo uma experiência espontânea; se durante algum tempo tem o objetivo de continuar prestando atenção no que o aluno faz, tem uma experiência intencional; mas se esta for planejada, houver um objetivo de registrar, para estudo, as informações obtidas, então este procedimento é de observação (científica). Se o professor quiser realizar um experimento, terá que planejar como interferir na realidade (variável independente) para observar possíveis mudanças na conduta do aluno (variável dependente). (RUDIO, 1991) 5. PESQUISA DE LABORATÓRIO Para Marconi e Lakatos (2002) este procedimento de investigação é mais difícil, porém mais exato, pois descreve e analisa o que será ou ocorrerá em uma situação controlada. Para isso, exige instrumental específico, preciso e ambiente adequado. Na pesquisa de laboratório os experimentos são efetuados em recintos fechados ou ao ar livre, em ambientes artificiais ou reais, de acordo com o campo da ciência e se restringem a determinadas manipulações. Quatro aspectos devem ser considerados: objeto (podem ser pessoas, animais, vegetais ou minerais), objetivo, instrumental e técnicas. No laboratório o cientista observa, mede e pode chegar a certos resultados, esperados ou inesperados, porém muitos aspectos da conduta humana não podem ser observados em condições ideais de laboratório, mas circunstâncias mais naturais e sob um controle menos rígido. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007. 6. PESQUISA EX POST FACTO De acordo com Gil (2007) a tradução literal de ex post facto é “a partir do fato passado”. Seu principal objetivo é investigar possíveis relações de causa e efeito entre um determinado fato identificado e um fenômeno que ocorre posteriormente. Sua principal característica consiste no fato de os dados serem coletados após a ocorrência dos eventos. Ela é utilizada quando há impossibilidade de aplicação da pesquisa experimental, tendo em vista que nem sempre é possível manipular as variáveis necessárias para o estudo da causa e do seu efeito. O estudo parte de um fato passado, ou seja, após a ocorrência de variações na variável dependente no curso natural dos acontecimentos. Muito usada nas ciências da saúde, é a pesquisa caso-controle. Baseada na comparação entre duas amostras, sendo a primeira constituída por pessoas que apresentam determinada característica (casos) e a segunda amostra é selecionada de tal forma que seja análoga à primeira em relação a todas as características exceto a que constitui o objeto da pesquisa. Investiga possíveis relações de causa e efeito, pela observação de alguma consequência existente e procurando refazer o caminho de volta através de dados, em busca de fatores causais plausíveis. (GIL, 2007) Ex: verificar a associação entre toxoplasmose e debilidade mental: determinado número de crianças com diagnóstico de debilidade mental é submetido a teste sorológico com intuito de inferir se tiveram ou não infecção prévia pelo Toxoplasma gondii. O mesmo número de crianças, sem debilidade mental, faz o mesmo exame, funcionando assim como controle. (GIL, 2007) As pesquisasexperimentais não precisam ocorrer em um laboratório, desde que apresente as seguintes propriedades: manipulação, controle e distribuição aleatória dos participantes para participar dos grupos experimental e de controle. SAMPIERI, Roberto Hernández; COLLADO, Carlos Fernández; LUCIO, Pilar Baptista. Metodologia de Pesquisa. 3. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 2006. 7. PESQUISA CORRELACIONAL Tem como objetivo avaliar a relação entre duas ou mais variáveis ou conceitos, categorias, em determinado contexto. “Os estudos quantitativos correlacionais medem o grau de relação entre duas ou mais variáveis (quantificam as relações), ou seja, medem cada variável presumidamente relacionadas, e depois também medem e analisam a correlação”. (SAMPIERI, COLLADO, LUCIO, 2006) Ex: um pesquisador deseja analisar a relação entre a motivação laboral e a produtividade em um grupo de trabalhadores. Mediria a motivação e a produtividade de cada trabalhador, depois analisaria se os trabalhadores com maior motivação são ou não os mais produtivos. Nas pesquisas qualitativas também é possível correlacionar dois ou mais conceitos, categorias ou variáveis, ainda que não se meçam as relações nem sua magnitude se estabeleça numericamente. A correlação pode ser positiva ou negativa. Se for positiva significa que os indivíduos com altos valores em uma variável tenderão a mostrar altos valores em outra variável. Ex: quem estuda mais tempo para a prova de estatística tende a obter uma nota mais alta. Se a correlação for negativa, significa que o indivíduo com altos valores em uma variável tende a ter baixos valores em outra variável. Ex: quem estuda mais tempo para a prova tende a ter uma nota mais baixa. Se não houver correlação entre as variáveis, isso não significa que elas variem sem seguir um padrão sistemático. Haverá indivíduos com altos valores em uma variável e baixos valores na outra, indivíduos com altos valores em uma variável e altos valores também na outra, indivíduos com baixos valores em uma variável e baixos valores também na outra e indivíduos com valores médios nas duas variáveis. Se duas variáveis estão correlacionadas e conhecemos essa correlação, temos base para estimar, com maior ou menor precisão o valor aproximado que um grupo de pessoas terá em uma variável sabendo qual valor têm na outra variável. (SAMPIERI, COLLADO, LUCIO, 2006) Os estudos correlacionais quantitativos se diferenciam dos descritivos (quantitativos) porque enquanto esses se concentram em medir as variáveis individuais (várias podem ser medidas com independência em uma só pesquisa), os estudos correlacionais avaliam o grau de relação entre duas variáveis, podendo incluir vários pares de avaliações dessa natureza em uma única pesquisa (mais de uma correlação). A pesquisa correlacional tem determinado valor explicativo, ainda que parcial. A correlação indica tendências, o que ocorre na maioria dos casos e não, em casos individuais, Ex: Gustavo talvez tenha estudado várias horas e conseguido uma nota baixa em sua prova, Cecília pode ter estudado muito pouco tempo e conseguido uma nota alta. No entanto, na maioria dos casos, quem estuda mais tempo tende a obter uma nota mais alta na prova. Em uma correlação falsa (variáveis estão aparentemente relacionadas) a “explicação” não é apenas parcial, mas também errônea, seria necessária uma pesquisa explicativa para saber como e por que as variáveis estão supostamente relacionadas. Ex: quanto maior a estatura, maior a inteligência. 8. ESTUDOS EXPLICATIVOS Tem por objetivo central explicar os fatores determinantes para a ocorrência de um fenômeno, processo ou fato, ou seja, visa explicar o “porquê” das coisas. É uma consequência lógica da pesquisa exploratória. (FONTELLES et al. (2009). Este tipo de pesquisa preocupa-se em identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos (GIL, 2007). Ou seja, este tipo de pesquisa explica o porquê das coisas através dos resultados oferecidos. Segundo Gil (2007, p. 43), uma pesquisa explicativa pode ser a continuação de outra descritiva, posto que a identificação de fatores que determinam um fenômeno exige que este esteja suficientemente descrito e detalhado. Pesquisas desse tipo podem ser classificadas como experimentais e ex-post facto (GIL, 2007). Para Sampieri, Collado e Lucio (2006) os estudos explicativos vão além da descrição de conceitos ou fenômenos ou do estabelecimento de relações entre conceitos, pois pretendem responder as causas dos acontecimentos, fatos, fenômenos físicos ou sociais. Seu interesse é responder por que um fenômeno ocorre, em quais condições e por que duas ou mais variáveis estão relacionadas. Ex: conhecer as intenções do eleitorado caracteriza uma atividade descritiva, (indicar, por pesquisa de opinião, quantas pessoas votarão nos candidatos concorrentes); relacionar tais intenções com conceitos como idade, sexo dos eleitores, eficiência da propaganda nos meios de comunicação de massa dos partidos e os resultados das eleições anteriores caracterizam uma pesquisa correlacional, apontar o por que alguém votará no candidato A ou B, caracteriza uma pesquisa explicativa. Os estudos explicativos procuram encontrar as razões ou causas que provocam certos fenômenos. THIOLLENT, Michel. Metodologia da Pesquisa-Ação. 7. ed. São Paulo: Cortez, 1996. 9. PESQUISA-AÇÃO É um estudo junto a grupos sociais que implica na efetiva participação do pesquisador. Além da participação, supõe uma forma de ação planejada de caráter social, educacional, técnica e outros. Segundo Thiollent (1996, p.14) A pesquisa-ação é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo, e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. Os pesquisadores desempenham papel ativo no equacionamento dos problemas encontrados, procuram desencadear ações e avaliá-las em conjunto com a população envolvida. Há importância da ação conjunta com os grupos implicados na situação. 10. PESQUISA PARTICIPANTE Exige um compromisso com a população da comunidade em que se realiza o estudo. Para Gil (2007) a pesquisa participante se caracteriza pela interação entre pesquisador e membros da situação investigada. Envolve a distinção entre ciência popular e ciência dominante, a qual costuma ser vista como uma atividade que privilegia a manutenção do sistema vigente, enquanto que a ciência popular é vista como o próprio conhecimento derivado do senso comum, que permite ao homem criar, trabalhar e interpretar a realidade a partir dos recursos da natureza. Segundo Gil (2007) esta pesquisa envolve posições valorativas, derivadas do humanismo cristão e de concepções marxistas, o que suscita simpatia entre grupos religiosos direcionados para ações comunitárias. É comprometida com a minimização da relação entre dirigentes e dirigidos, o que direciona sua realização para comunidades carentes ou com grupos desfavorecidos, como operários, indígenas e camponeses, levando em consideração as suas aspirações e potencialidades de conhecer e agir. Procura incentivar o desenvolvimento autônomo (autoconfiante) a partir das bases e na relativa independência do exterior. MOTA, Márcia Maria Peruzzi Elia da. Metodologia de Pesquisa em Desenvolvimento Humano: Velhas questões revisitadas. Psicologia em Pesquisa, UFJF, n. 4, v. 2, p.144- 149, jul. - dez., 2010. Disponível em: https://periodicos.ufjf.br/index.php/psicologiaempesquisa/article/view/23621 Acesso em: 10 jan. 2021. 11. ESTUDOS TRANSVERSAIS São estudos que comparam indivíduos diferentes num mesmo momento. Nas pesquisas sobre desenvolvimento esse delineamento consiste em organizar grupos de indivíduos de diferentes idades e compará-los em relação a uma determinada habilidade. (MOTA, 2010) Ex: estudo sobre o desenvolvimento linguístico podecomparar o número de palavras utilizadas por crianças de 2 e 3 anos de idade. A vantagem é realizar a testagem em um período curto de tempo, o que torna este delineamento bem prático. A desvantagem seria pela perda de sujeitos, pois as testagens ocorrem em um só momento e como testa pessoas diferentes não há controle total dos efeitos das variações individuais. Outro problema é o efeito de coorte. Uma coorte é um grupo de pessoas que pertencem a um mesmo grupo e que passaram por experiências semelhantes. Em desenvolvimento, são indivíduos que, em geral, pertencem a uma mesma geração. Portanto, ao comparar grupos de indivíduos de idades diferentes pode-se confundir os efeitos do desenvolvimento que são universais com efeitos da coorte. Os efeitos de coorte podem ser tanto maturacionais como ambientais. (MOTA, 2010) Ex: inteligência e envelhecimento: os primeiros estudos indicavam que havia declínio da inteligência a partir dos 30 anos. Adultos mais novos tinham desempenho superior aos mais velhos nas tarefas utilizadas para avaliar a inteligência. Mudanças nas condições de saúde, educação e socioeconômicas ocorridas nos últimos anos podem explicar as dificuldades dos adultos mais velhos, e como os adultos mais novos estavam sujeitos a melhores condições de vida, tiveram melhor desempenho nas tarefas. (MOTA, 2010) FONTELLES, Mauro José; SIMÕES, Marilda Garcia; FARIAS, Samantha Hasegawa; FONTELLES, Renata Garcia Simões. Metodologia de Pesquisa Científica: diretrizes para a elaboração de um protocolo de pesquisa. Rev. para. Med. n. 23, v. 3 jul. – set, 2009. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-588477 Acesso em 10 jan. 2021. 12. ESTUDOS LONGITUDINAIS Os estudos longitudinais se aplicam a várias áreas do conhecimento e não apenas à psicologia do desenvolvimento, onde adquire fundamental importância, pois permite que se acompanhe o desenvolvimento dos indivíduos ao longo do https://periodicos.ufjf.br/index.php/psicologiaempesquisa/article/view/23621 https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/lil-588477 tempo sem deixar de controlar as múltiplas variáveis que afetam o desenvolvimento. Neste tipo de delineamento um mesmo grupo de indivíduos é visto em diferentes momentos, e como são acompanhados ao longo do tempo, o estudo controla as diferenças individuais. Além disso os participantes, de modo geral, pertencem a uma mesma coorte, cujos efeitos são manejados. O número de sujeitos é menor do que nos estudos transversais, mas é mais custoso em termos de tempo de realização. Outra desvantagem é a perda de sujeitos ao longo da pesquisa; e a generalização dos resultados para diferentes coortes é problemática. (MOTA, 2010) Para Fontelles, Simões, Farias e Fontelles (2009) o estudo longitudinal pode ser prospectivo e retrospectivo, possuindo como subtipos os estudos de caso- controle e o estudo de coorte prospectivo. Nesta classificação a diferença está no sentido da condução da pesquisa em relação ao tempo de sua realização. O estudo prospectivo parte do momento presente indo em direção ao futuro; o estudo retrospectivo é desenhado para explorar fatos do passado, podendo ser delineado para retornar do momento atual até um determinado ponto no passado. 13. ESTUDOS SEQUENCIAIS Segundo Mota (2010) os estudos sequenciais seriam a combinação dos estudos longitudinais com os estudos transversais. Neste tipo de delineamento diferentes coortes são acrescentadas ao estudo ao longo do tempo. 14. PESQUISA QUALITATIVA A pesquisa qualitativa busca uma compreensão particular daquilo que estuda, o foco de sua atenção é centralizado no específico, no peculiar, no individual, objetivando sempre a compreensão e não a explicação dos fenômenos estudados. A abordagem qualitativa é concebida como sendo um empreendimento mais abrangente e multidimensional do que aquele comum à pesquisa quantitativa. (RAMPAZZO, 2002). Segundo Rampazzo (2002) esta abordagem se baseia particularmente na fenomenologia de Edmund Husserl, que não privilegiou nem o “sujeito” que conhece, nem o “objeto” conhecido, mas a relação entre eles. Não pode haver consciência (sujeito) desvinculada do mundo (objeto). A consciência é sempre consciência de alguma coisa. A consciência é sempre intencional, sempre voltada para um objeto, enquanto este é sempre objeto para uma consciência. Nessa perspectiva, o “ser humano” não é definido aprioristicamente, ele é um ser-no-mundo, existe em relação com algo ou com alguém e compreende as suas experiências, atribuindo significados, dando sentido à sua existência. A delimitação do problema da pesquisa não resulta de uma afirmação prévia e individual, formulada pelo pesquisador e para qual recolhe dados comprobatórios, mas depende de uma imersão do pesquisador na vida e contexto, no passado e nas circunstâncias presentes que condicionam o problema. Os dados coletados não são coisas isoladas, acontecimentos fixos, captados em um instante de observação. Eles acontecem em um contexto fluente de relações: são “fenômenos” que não se restringem às percepções sensíveis e aparentes, mas se manifestam em uma complexidade de oposições, de revelações e de ocultamentos. Todos os fenômenos são igualmente importantes e preciosos: a constância das manifestações e sua ocasionalidade, a frequência e a interrupção, a fala e o silêncio. Enfim, esta abordagem busca compreender a experiência que todos os sujeitos têm. (RAMPAZZO, 2002). Segundo Rampazzo (2002) a pesquisa qualitativa é considerada descritiva, pois privilegia algumas técnicas que contribuem para a descoberta de fenômenos latentes, como observação participante, história ou relatos de vida, entrevista não-diretiva etc. Essa abordagem valoriza o ser humano, que não pode ser reduzido a “quantidade”, “número” ou um “esquema generalizado”. Para Sampieri, Collado e Lucio (2006) o enfoque qualitativo é baseado em um esquema indutivo, é expansivo e em geral não busca criar questões de pesquisa anteriormente nem provar hipóteses preconcebidas, mas deixar que estas surjam durante o desenvolvimento do estudo. Não mede numericamente os fenômenos nem tem como finalidade generalizar os resultados de sua pesquisa. Não realiza análise estatística, seu método de análise é interpretativo, contextual, etnográfico, desta forma, preocupa-se em captar as experiências na linguagem dos próprios indivíduos e estuda ambientes naturais. (SAMPIERI, COLLADO, LUCIO, 2006) 15. PESQUISA QUANTITATIVA Segundo Sampieri, Collado e Lucio (2006) esta pesquisa fundamenta-se em um esquema dedutivo e lógico, busca formular questões de pesquisa e hipóteses para depois testá-las, confia na medição padronizada e numérica, utiliza a análise estatística, é reducionista e pretende generalizar os resultados de seus estudos mediante amostras representativas.
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