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Direito Penal STF-convertido

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RESUMO DOS INFORMATIVOS - SITE DIZER O DIREITO 
 
DIREITO PENAL 
 
Atualizado em 26/05/2020: novos julgados + questões de concurso 
 
Pontos atualizados: nº 30 (Info 950); nº 30 (Info 951); nº 49 (Info 952); nº 19 (Info 954); nº 30 
(Info 955); nº 40 (Info 955); nº 32 (Info 958) 
 
 
1. PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO 
1.1. Um crime não pode ser absorvido por uma contravenção penal – (Info 743) – 
IMPORTANTE!!! 
 
O princípio da consunção é aplicável quando um delito de alcance menos abrangente 
praticado pelo agente for meio necessário ou fase preparatória ou executória para a prática 
de um delito de alcance mais abrangente. 
Com base nesse conceito, em regra geral, a consunção acaba por determinar que a conduta 
mais grave praticada pelo agente (crime-fim) absorve a conduta menos grave (crime-meio). 
O STF decidiu que o agente que faz uso de carteira falsa da OAB pratica o crime de uso de 
documento falso, não se podendo admitir que esse crime seja absorvido (princípio da 
consunção) pela contravenção penal de exercício ilegal da profissão (art. 47 do DL nº 
3.688/41). 
Não é possível que um crime tipificado no Código Penal seja absorvido por uma infração 
tipificada na Lei de Contravenções Penais. 
STF. 1ª Turma. HC 121652/SC, rel. Min. Dias Toffoli, j. 22/4/2014 (Info 743). 
 
 
 
2. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 
2.1. Possibilidade de aplicar o regime inicial aberto ao condenado por furto, mesmo ele 
sendo reincidente, desde que seja insignificante o bem subtraído – (Info 793 e Info 938) – 
(TJCE-2018) 
 
A reincidência não impede, por si só, que o juiz da causa reconheça a insignificância penal 
da conduta, à luz dos elementos do caso concreto. 
No entanto, com base no caso concreto, o juiz pode entender que a absolvição com base 
nesse princípio é penal ou socialmente indesejável. Nesta hipótese, o magistrado condena 
o réu, mas utiliza a circunstância de o bem furtado ser insignificante para fins de fixar o 
regime inicial aberto. Desse modo, o juiz não absolve o réu, mas utiliza a insignificância 
para criar uma exceção jurisprudencial à regra do art. 33, § 2º, “c”, do CP, com base no 
princípio da proporcionalidade. 
STF. 1ª T. HC 135164/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, j. 
23/4/19 (Info 938). 
 
A aplicação do princípio da insignificância envolve um juízo amplo (“conglobante”), que 
vai além da simples aferição do resultado material da conduta, abrangendo também a 
reincidência ou contumácia do agente, elementos que, embora não determinantes, devem 
ser considerados. 
A reincidência não impede, por si só, que o juiz da causa reconheça a insignificância penal 
da conduta, à luz dos elementos do caso concreto. Na hipótese de o juiz da causa considerar 
penal ou socialmente indesejável a aplicação do princípio da insignificância por furto, em 
situações em que tal enquadramento seja cogitável, eventual sanção privativa de liberdade 
deverá ser fixada, como regra geral, em regime inicial aberto, paralisando-se a incidência 
do art. 33, § 2º, c, do CP no caso concreto, com base no princípio da proporcionalidade. STF. 
Plenário. HC 123108/MG, HC 123533/SP e HC 123734/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 
3/8/2015 (Info 793). 
(TJCE-2018-CESPE): Um homem, maior de idade e capaz, foi preso em flagrante por ter 
subtraído duas garrafas de uísque de um supermercado. A observação da ação delituosa 
por meio do sistema de vídeo do estabelecimento permitiu aos seguranças a detenção do 
homem no estacionamento e a recuperação do produto furtado. O valor do produto 
subtraído equivalia a pouco mais de um terço do valor do salário mínimo vigente à época. 
Na fase investigatória, constatou-se que o agente do delito possuía condenação transitada 
em julgado por fato semelhante e que respondia por outras três ações penais em curso. 
Tendo como referência essa situação hipotética, assinale a opção correta, considerando a 
jurisprudência dos tribunais superiores: A reincidência do acusado não é motivo suficiente 
para afastar a aplicação do princípio da insignificância. BL: Info 793 do STF. 
 
 
 
OBS: 
Resumindo. Condenado reincidente pode ser absolvido do crime de furto com base no princípio 
da insignificância? 
• Sim. A reincidência não impede, por si só, que o juiz da causa reconheça a insignificância 
penal da conduta, à luz dos elementos do caso concreto. 
• No entanto, com base no caso concreto, o juiz pode entender que a absolvição com base 
nesse princípio é penal ou socialmente indesejável. Nesta hipótese, o magistrado condena o 
réu, mas utiliza a circunstância de o bem furtado ser insignificante para fins de fixar o regime 
inicial aberto. Desse modo, o juiz não absolve o réu, mas utiliza a insignificância para criar 
uma exceção jurisprudencial à regra do art. 33, § 2º, “c”, do CP, com base no princípio da 
proporcionalidade. 
 
Atenção: No caso em tela, o STF reafirmou que é possível ao juiz, com base nas circunstâncias 
do caso concreto, afastar a absolvição do réu com base no princípio da insignificância no caso 
de ele já ser reincidente. Por outro lado, admitiu a fixação do regime aberto na hipótese. 
 
2.2. STF reconheceu que o valor econômico do bem furtado era muito pequeno, mas, como 
o réu era reincidente, em vez de absolvê-lo aplicando o princípio da insignificância, o Tribunal 
utilizou esse reconhecimento para conceder a pena restritiva de direitos – (Info 913) – 
IMPORTANTE!!! 
 
Em regra, o reconhecimento do princípio da insignificância gera a absolvição do réu pela 
atipicidade material. Em outras palavras, o agente não responde por nada. 
Em um caso concreto, contudo, o STF reconheceu o princípio da insignificância, mas, como 
o réu era reincidente em crime patrimonial, em vez de absolvê-lo, o Tribunal utilizou esse 
reconhecimento para conceder a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva 
de direitos. 
Em razão da reincidência, o STF entendeu que não era o caso de absolver o condenado, mas, 
em compensação, determinou que a pena privativa de liberdade fosse substituída por 
restritiva de direitos. 
STF. 1ª Turma. HC 137217/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de 
Moraes, j. 28/8/18 (Info 913). 
 
OBS: 
É possível aplicar o princípio da insignificância em favor de um réu reincidente ou que já 
responda a outros inquéritos ou ações penais? A aplicação do princípio da insignificância 
envolve um juízo amplo (“conglobante”), que vai além da simples aferição do resultado 
material da conduta, abrangendo também a reincidência ou contumácia do agente, elementos 
que, embora não determinantes, devem ser considerados. A reincidência não impede, por si 
só, que o juiz da causa reconheça a insignificância penal da conduta, à luz dos elementos do 
caso concreto. Na hipótese de o juiz da causa considerar penal ou socialmente indesejável a 
aplicação do princípio da insignificância por furto, em situações em que tal enquadramento 
seja cogitável, eventual sanção privativa de liberdade deverá ser fixada, como regra geral, em 
regime inicial aberto, paralisando-se a incidência do art. 33, § 2º, "c", do CP no caso concreto, 
com base no princípio da proporcionalidade. STF. Plenário. HC 123108, Rel. Min. Roberto 
Barroso, julgado em 03/08/2015 (Info 793). 
 
Caso concreto julgado pelo STF: Antônio foi denunciado por tentar furtar quatro frascos de 
xampu de um supermercado, bens avaliados em R$ 31,20. O réu foi condenado pelo art. 155 
c/c art. 14, II, do CP a uma pena de 8 meses de reclusão. Foi aplicado o regime inicial 
semiaberto e negada a substituição por pena restritiva de direitos. A defesa impetrou habeas 
corpus pedindo a absolvição do condenado com base na aplicação do princípio da 
insignificância. O “problema” é que Antônio é reincidente (já possuía uma condenação anterior 
por furto). 
 
Primeira pergunta: por que o juiz negou a substituição da pena privativa de liberdade por 
restritiva de direitos? Porque o réu era reincidente em crime doloso, nos termos do art. 44, II, 
do CP: 
Art. 44.As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas 
de liberdade, quando: (...) 
II – o réu não for reincidente em crime doloso; 
 
Segunda pergunta: o STF concordou com o pedido da defesa e absolveu o réu com base no 
princípio da insignificância? NÃO. A 1ª Turma do STF adotou uma posição “intermediária”. 
Como o réu era reincidente em crimes patrimoniais, o STF decidiu que não se poderia aplicar 
o princípio da insignificância para absolver o agente. No entanto, apesar disso, o STF 
concedeu habeas corpus de ofício para que a pena privativa de liberdade imposta ao 
condenado seja substituída por restritiva de direitos, com base no art. 44, § 3º do CP: 
§ 3º Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde 
que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e 
a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime. 
 
Desse modo, o princípio da insignificância pode ser utilizado em alguns casos para não 
absolver o agente, mas conceder a ele benefício penal, como por exemplo, a substituição da 
pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, mesmo havendo óbice legal. Situação 
parecida já havia sido reconhecida pelo STF no julgamento do HC 123533. Veja: 
(...) Por maioria, foram também acolhidas as seguintes teses: 
(i) a reincidência não impede, por si só, que o juiz da causa reconheça a 
insignificância penal da conduta, à luz dos elementos do caso concreto; e 
(ii) na hipótese de o juiz da causa considerar penal ou socialmente indesejável a 
aplicação do princípio da insignificância por furto, em situações em que tal 
enquadramento seja cogitável, eventual sanção privativa de liberdade deverá ser 
fixada, como regra geral, em regime inicial aberto, paralisando-se a incidência do 
art. 33, § 2º, c, do CP no caso concreto, com base no princípio da 
proporcionalidade. (...) 
STF. Plenário. HC 123533, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/08/2015. 
 
O Min. Alexandre de Moraes afirmou que, em pequenas comunidades, a substituição da pena 
privativa de liberdade por medida restritiva de direito, a permitir que as pessoas vejam onde 
está sendo cumprida, tem valor simbólico e pedagógico maior do que a fixação do regime 
semiaberto ou aberto. STF. 1ª Turma. HC 137217/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. 
Min. Alexandre de Moraes, julgado em 28/8/2018(Info 913). 
 
2.3. É possível a aplicação do princípio da insignificância para o furto de um galo, quatro 
galinhas caipiras, uma galinha garnizé e três quilos de feijão – (Info 911) 
 
Em regra, a habitualidade delitiva específica (ou seja, o fato de o réu já responder a outra 
ação penal pelo mesmo delito) é um parâmetro (critério) que afasta o princípio da 
insignificância mesmo em se tratando de bem de reduzido valor. 
Excepcionalmente, no entanto, as peculiaridades do caso concreto podem justificar o 
afastamento dessa regra e a aplicação do princípio, com base na ideia da proporcionalidade. 
É o caso, por exemplo, do furto de um galo, quatro galinhas caipiras, uma galinha garnizé e 
três quilos de feijão, bens avaliados em pouco mais de cem reais. O valor dos bens é 
inexpressivo e não houve emprego de violência. Enfim, é caso de mínima ofensividade, 
ausência de periculosidade social, reduzido grau de reprovabilidade e inexpressividade da 
lesão jurídica. 
Mesmo que conste em desfavor do réu outra ação penal instaurada por igual conduta, ainda 
em trâmite, a hipótese é de típico crime famélico. 
A excepcionalidade também se justifica por se tratar de hipossuficiente. Não é razoável que 
o Direito Penal e todo o aparelho do Estado-polícia e do Estado-juiz movimente-se no 
sentido de atribuir relevância a estas situações. 
STF. 2ª Turma. HC 141440 AgR/MG, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 14/8/18 (Info 911). 
 
OBS: Ressalte-se, mais uma vez, que não há uma regra geral e absoluta para a aplicação do 
princípio da insignificância em favor de reincidentes ou réus que já possuam outras ações 
penais. No Info 910, por exemplo, foi noticiado um julgado no qual o STF negou a aplicação 
do referido princípio tendo como principal fundamento a circunstância de o réu ser 
reincidente. 
 
2.4. (In) aplicabilidade do princípio no caso do crime previsto no art. 34 da Lei 9.605/98 – 
(Info 901) 
 
O princípio da bagatela não se aplica ao crime previsto no art. 34, caput c/c parágrafo único, 
II, da Lei 9.605/98: 
Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por 
órgão competente: 
Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. 
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem: 
II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos, 
petrechos, técnicas e métodos não permitidos; 
Caso concreto: realização de pesca de 7kg de camarão em período de defeso com o uso de 
método não permitido. 
STF. 1ª Turma. HC 122560/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 8/5/18 (Info 901). 
 
Obs: apesar de a redação utilizada no informativo original ter sido bem incisiva (“O 
princípio da bagatela não se aplica ao crime previsto no art. 34, caput c/c parágrafo único, 
II, da Lei 9.605/98”), existem julgados tanto do STF como do STJ aplicando, 
excepcionalmente, o princípio da insignificância para o delito de pesca ilegal. Deve-se ficar 
atenta(o) para como isso será cobrado no enunciado da prova. 
 
OBS: 
Imagine a seguinte situação adaptada: João foi encontrado pescando camarões pelo método 
de arrasto motorizado no período de defeso. Esse método não é permitido no período de 
defeso. Em seu barco foram localizados 7kg de camarão-rosa. Diante desse fato, João foi 
denunciado pela suposta prática do delito previsto no art. 34, caput e parágrafo único, II, da 
Lei nº 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais): 
Art. 34. Pescar em período no qual a pesca seja proibida ou em lugares 
interditados por órgão competente: 
Pena - detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas 
cumulativamente. 
Parágrafo único. Incorre nas mesmas penas quem: 
II - pesca quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de 
aparelhos, petrechos, técnicas e métodos não permitidos; 
 
A defesa invocou a aplicação do princípio da insignificância e o caso chegou até o STF. Indaga-
se: o Supremo admitiu a incidência da insignificância neste caso concreto? NÃO. 
 
A jurisprudência aplica o princípio da insignificância para o crime de pesca ilegal? Essa 
resposta envolve três afirmações: 
1) A jurisprudência entende que, em tese, é possível aplicar o princípio da insignificância 
para crimes ambientais. 
 
2) Na prática, a esmagadora maioria dos julgados do STF e STJ nega a incidência do 
princípio da insignificância para o delito do art. 34 da Lei nº 9.605/98: 
(...) Esta Corte entende ser possível a aplicação do princípio da insignificância aos 
delitos ambientais, quando demonstrada a ínfima ofensividade ao bem ambiental 
tutelado (AgRg no REsp 1558312/ES, Rel. Ministro FELIX FISCHER, Quinta 
Turma, julgado em 02/02/2016). 
 
Na espécie, contudo, é significativo o desvalor da conduta, a impossibilitar o 
reconhecimento da atipicidade material da ação ou a sua irrelevância penal, 
ante o fato de o recorrente ter sido surpreendido com considerável quantidade 
de pescado em período no qual, sabidamente, é proibida a pesca, demonstrando 
a relevância do dano causado e o risco criado à estabilidade do meio ambiente 
pela prática notadamente ilícita. (...) 
STJ. 5ª Turma. RHC 59.507/RS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado 
em 04/05/2017. 
 
(...) Não é insignificante a conduta de pescar em época proibida, e com petrechos 
proibidos para pesca (tarrafa, além de varas de pescar), ainda que pequena a 
quantidade de peixes apreendidos. (...) 
STJ. 6ª Turma. REsp 1685927/RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 
12/09/2017. 
Caso concreto: não aplicado à atividade de pesca em período de defeso, em que 
apreendidos 5 varas com molinete, 1 tarrafa e 250g de peixe robalo.3) Apesar de não ser comum, a jurisprudência já reconheceu a aplicação do princípio da 
insignificância para o delito do art. 34. Veja: 
Não se configura o crime previsto no art. 34 da Lei nº 9.605/98 na hipótese em 
há a devolução do único peixe – ainda vivo – ao rio em que foi pescado. STJ. 6ª 
T. REsp 1.409.051-SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 20/4/2017 (Info 602). 
 
Se a pessoa é flagrada sem nenhum peixe, mas portando consigo equipamentos de pesca, em 
um local onde esta atividade é proibida, ela poderá ser absolvida do delito do art. 34 da Lei 
de Crimes com base no princípio da insignificância? A 2ª Turma do STF possui decisões 
conflitantes sobre o tema: 
➢ SIM. Inq 3788/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 1°/3/16 (Info 816). 
 
➢ NÃO. RHC 125566/PR e HC 127926/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 26/10/16 (Info 845). 
 
2.5. Crimes tributários e o limite de 20 mil reais – (Infos 749 e 898) 
 
Qual é o valor máximo considerado insignificante no caso de crimes tributários e 
descaminho? 
20 mil reais (tanto para o STF como para o STJ) 
Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de descaminho 
quando o débito tributário verificado não ultrapassar o limite de R$ 20.000,00 (vinte mil 
reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com as atualizações efetivadas pelas 
Portarias n. 75 e 130, ambas do Ministério da Fazenda. 
 
STJ. 3ª S. REsp 1688878-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 28/2/18 (recurso repetitivo). 
STF. 1ª T. HC 137595 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 07/05/2018. 
STF. 1ª T. HC 127173, Rel. Min. Marco Aurélio, Rel. p/ Acórdão: Min. Roberto Barroso, j. 
21/3/17. 
STF. 2ª T. HC 155347/PR, Rel. Min. Dias Tóffoli, j. 17/4/2018 (Info 898). 
STF. 1ª Turma. HC 121717/PR, Rel. Min. Rosa Weber, j. 3/6/14 (Info 749). 
 
OBS: 
Incide o princípio da insignificância aos crimes tributários federais e de 
descaminho quando o débito tributário verificado não ultrapassar o limite de 
R$ 20.000,00 (vinte mil reais), a teor do disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, 
com as atualizações efetivadas pelas Portarias n. 75 e 130, ambas do Ministério da 
Fazenda. 
STJ. 3ª Seção. REsp 1.709.029/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 
28/02/2018 (recurso repetitivo). 
 
Em suma, qual é o valor máximo considerado insignificante no caso de crimes tributários e 
descaminho? Tanto para o STF como o STJ: 20 mil reais (conforme as Portarias 75 e 132/2012 
do MF). 
 
2.6. É possível aplicar o princípio da insignificância para a conduta de manter rádio 
clandestina? – (Info 853) 
 
É possível aplicar o princípio da insignificância para a conduta de manter rádio comunitária 
clandestina? 
✓ STJ: NÃO. É inaplicável o princípio da insignificância ao delito previsto no art. 183 
da Lei nº 9.472/97, nas hipóteses de exploração irregular ou clandestina de rádio 
comunitária, mesmo que ela seja de baixa potência, uma vez que se trata de delito 
formal de perigo abstrato, que dispensa a comprovação de qualquer dano 
(resultado) ou do perigo, presumindo-se este absolutamente pela lei. Nesse sentido: 
STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 740.434/BA, Rel. Min. Antonio Saldanha Palheiro, 
julgado em 14/02/2017. 
✓ STF: SIM, é possível, em situações excepcionais, o reconhecimento do princípio da 
insignificância desde que a rádio clandestina opere em baixa frequência, em 
localidades afastadas dos grandes centros e em situações nas quais ficou 
demonstrada a inexistência de lesividade. 
STF. 2ª Turma. HC 138134/BA, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 7/2/2017 (Info 853). 
 
 
2.7. Provedor clandestino de internet sem fio – (Info 842) 
 
O réu que disponibiliza provedor de internet sem fio pratica atividade clandestina de 
telecomunicação (art. 183 da Lei 9.472/97), de modo que a tipicidade da conduta está 
presente, devendo ser afastada a aplicação do princípio da insignificância mesmo que, no 
caso concreto, a potência fosse inferior a 25 watts, o que é considerado baixa potência, nos 
termos do art. 1º, § 1º, da Lei nº 9.612/98. 
STF. 1ª Turma. HC 118400/RO, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 04/10/2016 (Info 842). 
 
OBS: 
A conduta de transmitir sinal de internet, via rádio, como se fosse um provedor de internet, 
sem autorização da ANATEL, configura algum crime? SIM. A conduta de transmitir sinal de 
internet, via rádio, de forma clandestina, caracteriza, em princípio, o delito descrito no art. 183 
da Lei 9.472/97 (STJ. 6ª T. AgRg no REsp 1483107/RN, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 
1/12/15). 
 
Veja o que diz este dispositivo legal: 
Art. 183. Desenvolver clandestinamente atividades de telecomunicação: 
Pena - detenção de dois a quatro anos, aumentada da metade se houver dano a 
terceiro, e multa de R$ 10.000,00 (dez mil reais). 
 
Mas o art. 183 fala em “atividades de telecomunicação”. O provedor de acesso à internet 
desenvolve atividade de telecomunicação? O provedor de acesso à Internet via radiofrequência 
(internet via rádio) desenvolve dois serviços: 
✓ um serviço de telecomunicações (Serviço de Comunicação Multimídia); e 
✓ um Serviço de Valor Adicionado (Serviço de Conexão à Internet). 
 
Dessa forma, a chamada “internet via rádio” pode ser considerada também um serviço de 
telecomunicação. 
 
Os provedores de internet via rádio precisam de autorização da Anatel para funcionar? 
Prevalece que sim. As atividades de telecomunicação precisam de autorização prévia da 
ANATEL, salvo se forem praticadas dentro de uma mesma edificação ou propriedade (art. 75 
da Lei 9.472/97). 
 
O acusado argumentou também que não deveria ser condenado, considerando que não ficou 
provado que ele causou prejuízo, seja para os clientes, seja para os serviços de 
telecomunicações. Essa alegação é acolhida pelos Tribunais? NÃO. O delito do art. 183 da Lei 
9.427/97 é crime de perigo abstrato. Isso significa que, para a sua consumação, basta que 
alguém desenvolva de forma clandestina as atividades de telecomunicações, sem 
necessidade de demonstrar prejuízo concreto para o sistema de telecomunicações (STJ. 5ª 
Turma. AgRg no REsp 1560335/MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 
21/06/2016). 
 
2.8. Não se aplica o princípio da insignificância aos delitos praticados em violência 
doméstica – (Info 825) – IMPORTANTE!!! 
 
Não se aplica o princípio da insignificância aos delitos praticados em situação de violência 
doméstica. 
Os delitos praticados com violência contra a mulher, devido à expressiva ofensividade, 
periculosidade social, reprovabilidade do comportamento e lesão jurídica causada, perdem 
a característica da bagatela e devem submeter-se ao direito penal. 
O STJ e o STF não admitem a aplicação dos princípios da insignificância e da bagatela 
imprópria aos crimes e contravenções praticados com violência ou grave ameaça contra a 
mulher, no âmbito das relações domésticas, dada a relevância penal da conduta. 
O fato de o casal ter se reconciliado não significa atipicidade material da conduta ou 
desnecessidade de pena. 
STJ. 5ª Turma. HC 333.195/MS, Rel. Min. Ribeiro Dantas, j. 12/4/16. 
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 318.849/MS, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 27/10/15. 
STF. 2ª Turma. RHC 133043/MT, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 10/5/16 (Info 825). 
 
 
2.9. Aplica-se o princípio da insignificância aos crimes ambientais – (Info 816) 
 
É possível aplicar o princípio da insignificância para crimes ambientais. 
Ex: pessoa encontrada em uma unidade de conservação onde a pesca é proibida, com vara 
de pescar, linha e anzol, conduzindo uma pequena embarcação na qual não havia peixes. 
STF. 2ª Turma. Inq 3788/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, j. 1°/3/2016 (Info 816). 
STJ. 5° Turma. AgRg no AREsp 654.321/SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, j. 9/6/15. 
 
OBS: 
A jurisprudência do STF é no sentido da aplicabilidade do princípio da insignificância aos 
crimes ambientais, tanto com relação aos de perigo concreto — em que haveria dano efetivo 
ao bem jurídico tutelado —, quanto aos de perigo abstrato, como no art. 34, caput, da Leinº 
9.605/98. 
No processo em exame, não se produziu prova material de que tenha havido qualquer dano 
efetivo ao meio ambiente. Ademais, mesmo diante de crime de perigo abstrato, não é possível 
dispensar a verificação “in concreto” do perigo real ou mesmo potencial da conduta 
praticada pelo acusado com relação ao bem jurídico tutelado. Esse perigo real não se verificou 
no caso concreto. 
 
2.10. Contrabando – (Sem Info) 
 
Não se aplica o princípio da insignificância no caso de contrabando, tendo em vista o 
desvalor da conduta do agente. 
STF, HC 110964, Relator Min. Gilmar Mendes, 2ª Turma, julgado em 07/02/2012. 
STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1472745/PR, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, j. 1/9/15. 
 
 
 
3. TEORIA DO DOMÍNIO DO FATO 
3.1. O superior hierárquico não pode ser punido com base na teoria do domínio do fato se 
não tiver sido demonstrado o dolo – (Info 880) 
 
A teoria do domínio do fato não permite que a mera posição de um agente na escala 
hierárquica sirva para demonstrar ou reforçar o dolo da conduta. 
Do mesmo modo, também não permite a condenação de um agente com base em 
conjecturas. Assim, não é porque houve irregularidade em uma licitação estadual que o 
Governador tenha que ser condenado criminalmente por isso. 
STF. 2ª Turma. AP 975/AL, Rel. Min. Edson Fachin, j. 3/10/17 (Info 880). 
 
OBS: Sobre o tema, confira outro precedente semelhante: 
Não há óbice para que a denúncia invoque a teoria do domínio do fato para dar 
suporte à imputação penal, sendo necessário, contudo, que, além disso, ela 
aponte indícios convergentes no sentido de que o Presidente da empresa não só 
teve conhecimento do crime de evasão de divisas, como dirigiu finalisticamente 
a atuação dos demais acusados. 
Assim, não basta que o acusado se encontre em posição hierarquicamente 
superior. Isso porque o próprio estatuto da empresa prevê que haja divisão de 
responsabilidades e, em grandes corporações, empresas ou bancos há controles e 
auditorias exatamente porque nem mesmo os sócios têm como saber tudo o que 
se passa. 
STF. 2ª Turma. HC 127397/BA, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 6/12/16 (Info 850). 
 
 
4. DOSIMETRIA DA PENA 
4.1. MULTA: MP é quem deve executar a pena de multa e, apenas se ficar inerte por mais 
de 90 dias, essa legitimidade é transferida para a Fazenda Pública – (Info 927) – 
IMPORTANTE!!! Mudança de Entendimento!!! 
 
O Ministério Público possui legitimidade para propor a cobrança de multa decorrente de 
sentença penal condenatória transitada em julgado, com a possibilidade subsidiária de 
cobrança pela Fazenda Pública. 
 
Quem executa a pena de multa? 
• Prioritariamente: o Ministério Público, na vara de execução penal, aplicando-se a LEP. 
• Caso o MP se mantenha inerte por mais de 90 dias após ser devidamente intimado: a 
Fazenda Pública irá executar, na vara de execuções fiscais, aplicando-se a Lei nº 6.830/80. 
STF. Plenário. ADI 3150/DF, Rel. para acórdão Min. Roberto Barroso, j. 12 e 13/12/18 (Info 
927). 
STF. Plenário. AP 470/MG, Rel. Min. Roberto Barroso, j. 12 e 13/12/18 (Info 927). 
 
Obs: A Súmula 521-STJ fica superada e deverá ser cancelada. Súmula 521-STJ: A 
legitimidade para a execução fiscal de multa pendente de pagamento imposta em sentença 
condenatória é exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública. 
 
OBS: 
Multa: é uma espécie de pena, por meio da qual o condenado fica obrigado a pagar uma 
quantia em dinheiro que será revertida em favor do Fundo Penitenciário. 
 
Pagamento da multa: A pena de multa é fixada na própria sentença condenatória. Depois que 
a sentença transitar em julgado, o condenado terá um prazo máximo de 10 dias para pagar a 
multa imposta (art. 50 do CP). O Código prevê a possibilidade de o condenado requerer o 
parcelamento da multa em prestações mensais, iguais e sucessivas, podendo o juiz autorizar, 
desde que as circunstâncias justifiquem (ex.: réu muito pobre, multa elevadíssima etc.). O 
parcelamento deverá ser feito antes de esgotado o prazo de 10 dias. O Juiz, antes de decidir, 
poderá determinar diligências para verificar a real situação econômica do condenado e, ouvido 
o MP, fixará o número de prestações (art. 169, § 1º da LEP). Se o condenado for impontual ou 
se melhorar de situação econômica, o Juiz, de ofício ou a requerimento do MP, poderá 
revogar o benefício (art. 169, § 2º da LEP). 
 
O que acontece caso o condenado não pague nem parcele a multa no prazo de 10 dias? 
1) Antes da Lei 9.268/96: se o condenado, deliberadamente, deixasse de pagar a pena de multa, 
ela deveria ser convertida em pena de detenção. Em outras palavras, a multa era transformada 
em pena privativa de liberdade. 
2) Atualmente: a Lei 9.268/96 alterou o art. 51 do CP e previu que, se a multa não for paga, 
ela será considerada dívida de valor e deverá ser exigida por meio de execução (não se 
permite mais a conversão da pena de multa em detenção). 
 
Antes da Lei 9.268/96 Depois da Lei 9.268/96 (ATUALMENTE) 
Art. 51. A multa converte-se em pena de 
detenção, quando o condenado solvente 
deixa de paga-lá ou frustra a sua 
execução. 
Art. 51. Transitada em julgado a sentença 
condenatória, a multa será considerada dívida 
de valor, aplicando-se-lhes as normas da 
legislação relativa à dívida ativa da Fazenda 
Pública, inclusive no que concerne às causas 
interruptivas e suspensivas da prescrição. 
 
Multa permaneceu com caráter penal: Importante esclarecer que, mesmo com essa mudança 
trazida pela Lei 9.268/96, a multa continua tendo caráter de sanção criminal, ou seja, 
permanece sendo uma pena, por força do art. 5º, XLVI, “c”, da CF/88: 
Art. 5º (...) 
XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as 
seguintes: 
c) multa; 
 
Assim, a única coisa que a Lei 9.268/96 fez foi mudar a forma de cobrança da multa não paga: 
antes, ela virava pena de detenção; agora, deve ser cobrada por meio de execução. 
 
Quem executa a pena de multa? 
STJ: Fazenda Pública 
STF: 
Prioritariamente: o Ministério Público. 
Subsidiariamente: a Fazenda Pública 
O STJ sempre sustentou que, como se 
trata de dívida de valor, a pena de multa 
deveria ser executada pela Fazenda 
Pública por meio de execução fiscal que 
tramita na vara de execuções fiscais. 
O rito a ser aplicado seria o da Lei nº 
6.830/80. 
A execução da pena de multa ocorreria 
como se estivesse sendo cobrada uma 
multa tributária. 
Não se aplica a Lei nº 7.210/84 (LEP). 
 
Esse era o entendimento pacífico do STJ, 
tanto que foi editada uma súmula nesse 
sentido. 
 
Súmula 521-STJ: A legitimidade para a 
execução fiscal de multa pendente de 
pagamento imposta em sentença 
condenatória é exclusiva da Procuradoria 
da Fazenda Pública. 
A Lei nº 9.268/96, ao considerar a multa penal 
como dívida de valor, não retirou dela o caráter 
de sanção criminal. 
Diante de tal constatação, não há como retirar 
do MP a competência para a execução da multa 
penal, considerado o teor do art. 129 da CF/88, 
segundo o qual é função institucional do MP 
promover privativamente a ação penal pública, 
na forma da lei. 
Promover a ação penal significa conduzi-la ao 
longo do processo de conhecimento e de 
execução, ou seja, buscar a condenação e, uma vez 
obtida esta, executá-la. Caso contrário, haveria 
uma interrupção na função do titular da ação 
penal. 
Ademais, o art. 164 da LEP é expresso ao 
reconhecer essa competência do MP. Esse 
dispositivo não foi revogado expressamente 
pela Lei nº 9.268/96. 
Vale ressaltar, entretanto que, se o titular da 
ação penal, mesmo intimado, não propuser a 
execução da multa no prazo de 90 dias, o juiz da 
execução criminal deverá dar ciência do feito ao 
órgão competente da Fazenda Pública (federal 
ou estadual, conforme o caso) para a respectiva 
cobrança na própria vara de execução fiscal, 
com a observância do rito da Lei 6.830/80. 
Quem executa: Fazenda Pública. 
Juízo: vara de execuções fiscais. 
Legislação: Lei nº 6.830/80. 
Quem executa: 
• Prioritariamente: o Ministério Público, na 
vara de execução penal, aplicando-se a LEP.• Caso o MP se mantenha inerte por mais de 90 
dias após ser devidamente intimada: a Fazenda 
Pública irá executar, na vara de execuções 
fiscais, aplicando-se a Lei nº 6.830/80. 
 
Exemplo: João foi sentenciado por roubo e o juiz de direito (Justiça Estadual) o condenou a 4 
anos de reclusão e mais 10 dias-multa no valor de meio salário mínimo cada. Depois do trânsito 
em julgado, o condenado foi intimado para pagar a pena de multa no prazo de 10 dias, mas 
não o fez. Diante disso, o escrivão da vara irá fazer uma certidão na qual constarão as 
informações sobre a condenação e o valor da multa. 
 
• Para o STJ, o magistrado deveria remeter a certidão para Procuradoria Geral do Estado e 
um dos Procuradores do Estado iria ajuizar, em nome do Estado, uma execução fiscal que 
tramitaria na vara de execuções fiscais (não era na vara de execuções penais). 
 
• Agora, com a decisão do STF, o magistrado deverá intimar o Ministério Público e o Parquet 
irá propor a execução da multa na vara de execução penal. Caso o MP, devidamente intimado, 
não proponha a execução da multa no prazo de 90 dias, o juiz da execução criminal deverá 
dar ciência do feito ao órgão competente da Fazenda Pública (federal ou estadual, conforme 
o caso) para a respectiva cobrança na própria vara de execução fiscal, com a observância do 
rito da Lei 6.830/80. 
 
➢ Alerta: se João tivesse sido condenado pela Justiça Federal, quem iria ingressar com a 
execução seria prioritariamente o MPF e, apenas subsidiariamente, a União, por 
intermédio da Procuradoria da Fazenda Nacional (PFN). 
 
O que acontece com o entendimento do STJ manifestado na Súmula 521? Fica superado e a 
súmula será cancelada. Isso porque a decisão do STF foi proferida em ação direta de 
inconstitucionalidade possuindo, portanto, eficácia erga omnes e efeito vinculante (art. 102, 
§ 2º, da CF/88). 
 
4.2. Correto conceito de culpabilidade, princípio da não-culpabilidade e vedação ao bis in 
idem – (Info 851) 
 
Determinado réu foi condenado por furto qualificado por rompimento de obstáculo (art. 
155, § 4º, I, do CP). 
O STF considerou incorreta a sentença do juiz que, na 1ª fase da dosimetria da pena, 
aumentou a pena-base com fundamento em três argumentos: 
a) Culpabilidade. O magistrado afirmou que era patente a culpabilidade do réu 
considerando que ele tinha plena consciência da ilicitude de seu ato. 
O juiz confundiu os conceitos. Para fins de dosimetria da pena, culpabilidade consiste na 
reprovação social que o crime e o autor do fato merecem. Essa culpabilidade de que trata o 
art. 59 do CP não tem nada a ver com a culpabilidade como requisito do crime 
(imputabilidade, potencial consciência da ilicitude do fato e inexigibilidade de conduta 
diversa). 
 
b) Antecedentes. O juiz aumentou a pena pelo fato de o agente já responder a quatro outros 
processos criminais. 
A jurisprudência entende que, em face do princípio da presunção de não culpabilidade, os 
inquéritos policiais e ações penais em curso não podem ser considerados maus 
antecedentes (Súmula 444-STJ e STF RE 591054/SC). 
 
c) Circunstâncias do crime. O julgador considerou que as circunstâncias do crime eram 
negativas porque o crime foi praticado com rompimento de obstáculo à subtração da coisa. 
Aqui, o erro do magistrado foi utilizar como circunstância judicial (1ª fase da dosimetria) 
um elemento que ele já considerou como qualificadora (inciso I do § 4º do art. 155). Houve, 
portanto, bis in idem (dupla punição pelo mesmo fato). 
STF. 2ª Turma. HC 122940/PI, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 13/12/16 (Info 851). 
 
 
4.3. Elevados custos da investigação e enriquecimento do réu não são argumentos para 
aumentar a pena-base – (Info 845) 
 
Os elevados custos da atuação estatal para apuração da conduta criminosa e o 
enriquecimento ilícito obtido pelo agente não constituem motivação idônea para a 
valoração negativa do vetor "consequências do crime" na 1ª fase da dosimetria da pena. 
Em outras palavras, o fato de o Estado ter gasto muitos recursos para investigar os crimes 
(no caso, era uma grande operação policial) e de o réu ter obtido enriquecimento ilícito com 
as práticas delituosas não servem como motivo para aumentar a pena-base. 
STF. 2ª Turma. HC 134193/GO, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 26/10/16 (Info 845). 
 
 
4.4. Aumento da pena-base pelo fato de a concussão ter sido praticada por policial – (Info 
835) – IMPORTANTE!!! 
 
É legítima a utilização da condição pessoal de policial civil como circunstância judicial 
desfavorável para fins de exasperação da pena-base aplicada a acusado pela prática do crime 
de concussão. 
Aquele que está investido de parcela de autoridade pública — como é o caso de um juiz, 
um membro do Ministério Público ou uma autoridade policial — deve ser avaliado, no 
desempenho da sua função, com maior rigor do que as demais pessoas não ocupantes de 
tais cargos. 
STF. 1ª T. HC 132990/PE, rel. orig. Min. Luiz Fux, red. p/ o acórdão Min. Edson Fachin, j. 
16/8/16 (Info 835). 
 
OBS: 
Imagine a seguinte situação adaptada: João, policial civil, foi condenado pela prática do crime 
de concussão (art. 316 do CP). No momento da dosimetria, na 1ª fase (circunstâncias judiciais), 
o magistrado aumentou a pena-base sob o argumento de que havia acentuada culpabilidade, 
já que o delito foi cometido por policial, pessoa encarregada de garantir a segurança pública 
dos cidadãos. A defesa recorreu contra este ponto alegando que a majoração da pena com base 
neste argumento configura bis in idem. Isso porque a concussão é um crime que só pode ser 
praticado por funcionário público. Logo, o fato de o agente ser policial teria sido utilizado duas 
vezes. 
 
O argumento invocado pela defesa foi aceito pelo STF? Houve bis in idem neste caso? A 
decisão do magistrado foi equivocada? NÃO. 
 
O delito previsto no art. 316 do CP realmente só pode ser praticado por funcionário público. 
No entanto, é possível que o magistrado, ao fazer a dosimetria da pena, analisando as 
circunstâncias do art. 59 do CP, aumente a pena invocando a qualidade específica ou a 
qualificação do funcionário público. 
 
4.5. Condenações anteriores transitadas em julgado não podem ser utilizadas como 
conduta social desfavorável – (Info 825) 
 
A circunstância judicial "conduta social", prevista no art. 59 do CP, representa o 
comportamento do agente no meio familiar, no ambiente de trabalho e no relacionamento 
com outros indivíduos. 
Os antecedentes sociais do réu não se confundem com os seus antecedentes criminais. São 
circunstâncias distintas, com regramentos próprios. Não se mostra correto o magistrado 
utilizar as condenações anteriores transitadas em julgado como "conduta social 
desfavorável". 
STF. 2ª Turma. RHC 130132, Rel. Min. Teori Zavascki, j. 10/5/2016 (Info 825). 
 
OBS: 
Critério trifásico: A dosimetria da pena na sentença obedece a um critério trifásico: 
1º passo: o juiz calcula a pena-base de acordo com as circunstâncias judiciais do art. 59, CP; 
2º passo: o juiz aplica as agravantes e atenuantes; 
3º passo: o juiz aplica as causas de aumento e de diminuição. 
 
Este critério trifásico, elaborado por Nelson Hungria, foi adotado pelo Código Penal, sendo 
consagrado pela jurisprudência pátria: STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1021796/RS, Rel. Min. 
Assusete Magalhães,julgado em 19/03/2013. 
 
Primeira fase (circunstâncias judiciais): Na primeira fase, as chamadas circunstâncias judiciais 
analisadas pelo juiz são as seguintes: a) culpabilidade, b) antecedentes, c) conduta social, d) 
personalidade do agente, e) motivos do crime, f) circunstâncias do crime, g) consequências do 
crime, h) comportamento da vítima. 
 
Imagine agora a seguinte situação: João possui quatro condenações transitadas em julgado. 
Ele está agora sendo julgado pela prática do crime 5. No momento da dosimetria da pena, o 
juiz aumentou a pena-base com base em duas circunstâncias judiciais: 
• Utilizo a condenação do crime 1 como maus antecedentes; 
• Os crimes 2 a 4 indicam que sua condutasocial é péssima, pois já se viu envolvido em 
vários outros episódios que não aqueles valorados no item anterior e que demonstram 
que o réu não se adéqua às regras sociais. 
 
A defesa impugnou a decisão afirmando que o magistrado valorou negativamente 
circunstâncias judiciais diversas com fundamento na mesma base empírica (registros 
criminais), conferindo-lhes conceitos jurídicos assemelhados. 
 
A tese da defesa foi aceita pelo STF? Houve erro na dosimetria da pena? SIM. Teori explicou 
que, antes da reforma da Parte Geral do CP (1984), a análise dos antecedentes abrangia todo o 
passado do agente, incluindo, além dos registros criminais, o seu comportamento na 
sociedade. Após a aprovação da Lei 7.209/84, a conduta social passou a ter significado próprio. 
A conduta social passou a ser utilizada apenas para avaliar o comportamento do condenado 
no meio familiar, no ambiente de trabalho e no relacionamento com outros indivíduos. Ou 
seja, os antecedentes sociais do réu não mais se confundem com os seus antecedentes 
criminais. Trata-se de circunstâncias diversas. Assim, a análise da circunstância judicial da 
conduta social não tem relação com a vida criminal do acusado. O histórico criminal já é 
utilizado para aferir os antecedentes (primeira fase de aplicação da pena) ou a reincidência 
(segunda fase de aplicação da pena). A conduta social está relacionada com aspectos 
extrapenais. 
 
 
5. MAUS ANTECEDENTES 
5.1. Cinco anos após o cumprimento ou extinção da pena, a condenação pretérita ainda 
poderá ser utilizada como maus antecedentes? – (Info 799) – IMPORTANTE!!! 
 
A existência de condenação anterior, ocorrida em prazo superior a cinco anos, contado da 
extinção da pena, poderá ser considerada como maus antecedentes? Após o período 
depurador, ainda será possível considerar a condenação como maus antecedentes? 
1ª corrente: SIM. Posição do STJ. 
2ª corrente: NÃO. Posição do STF. 
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 323.661/MS, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 
01/09/2015. 
STF. 2ª Turma. HC 126315/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/9/2015 (Info 799). 
 
 
5.2. Inquéritos policiais e ações penais sem trânsito em julgado – (Infos 791 e 772) – 
IMPORTANTE!!! 
 
A existência de inquéritos policiais ou de ações penais sem trânsito em julgado não podem 
ser considerados como maus antecedentes para fins de dosimetria da pena. 
STF. Plenário. HC 94620/MS e HC 94680/SP, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, j. 24/6/15 
(Info 791). 
STF. Plenário. RE 591054/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, j. 17/12/14 (repercussão geral) (Info 
772). 
 
 
 
6. AGRAVANTES 
6.1. As agravantes (tirando a reincidência) não se aplicam aos crimes culposos – (Info 735) 
– (TJGO-2012) 
 
As circunstâncias agravantes genéricas não se aplicam aos crimes culposos, com exceção da 
reincidência. 
STF. 1ª T. HC 120165/RS, rel. Min. Dias Toffoli, j. 11/2/14 (Info 735). 
(TJGO-2012-FCC): As circunstâncias agravantes não incidem nos crimes culposos, salvo a 
reincidência. BL: Info 735, STF. 
 
 
 
 
 
7. PRESCRIÇÃO 
7.1. Interpretação do art. 112 do CP – (Info 890) – IMPORTANTE!!! TEMA POLÊMICO! 
 
Se o Ministério Público não recorreu contra a sentença condenatória, tendo havido apenas 
recurso da defesa, qual deverá ser o termo inicial da prescrição da pretensão executiva? O 
início do prazo da prescrição executória deve ser o momento em que ocorre o trânsito em 
julgado para o MP? Ou o início do prazo deverá ser o instante em que se dá o trânsito em 
julgado para ambas as partes, ou seja, tanto para a acusação como para a defesa? 
➢ Posicionamento pacífico do STJ: o termo inicial da prescrição da pretensão 
executória é a data do trânsito em julgado da sentença condenatória para a acusação, 
ainda que a defesa tenha recorrido e que se esteja aguardando o julgamento desse 
recurso. Aplica-se a interpretação literal do art. 112, I, do CP, considerando que ela 
é mais benéfica ao condenado. 
 
➢ Entendimento da 1ª Turma do STF: o início da contagem do prazo de prescrição 
somente se dá quando a pretensão executória pode ser exercida. Se o Estado não 
pode executar a pena, não se pode dizer que o prazo prescricional já está correndo. 
Assim, mesmo que tenha havido trânsito em julgado para a acusação, se o Estado 
ainda não pode executar a pena (ex: está pendente uma apelação da defesa), não 
teve ainda início a contagem do prazo para a prescrição executória. É preciso fazer 
uma interpretação sistemática do art. 112, I, do CP. Vale ressaltar que, com o novo 
entendimento do STF admitindo a execução provisória da pena, para essa segunda 
corrente (Min. Roberto Barroso) o termo inicial da prescrição executória será a data 
do julgamento do processo em 2ª instância. Isso porque se estiver pendente apenas 
recurso especial ou extraordinário, será possível a execução provisória da pena. 
Logo, já poderia ser iniciada a contagem do prazo prescricional. 
STF. 1ª T. RE 696533/SC, Rel. Min. Luiz Fux, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, j. 6/2/18 
(Info 890). 
 
OBS: 
Conceito de prescrição: É a perda do direito do Estado de punir (pretensão punitiva) ou de 
executar uma punição já imposta (pretensão executória) em razão de não ter agido (inércia) 
nos prazos previstos em lei. 
 
Espécies: Existem duas espécies de prescrição: 
I – Prescrição da pretensão punitiva, que pode ser: 
I.a) prescrição da pretensão punitiva propriamente dita; 
I.b) prescrição superveniente ou intercorrente; 
I.c) prescrição retroativa; 
 
II – Prescrição da pretensão executória. 
 
Prescrição da pretensão executória (prescrição da condenação): Ocorre quando o Estado perde 
o seu poder-dever de executar uma sanção penal já definitivamente imposta pelo Poder 
Judiciário em razão de não ter agido nos prazos previstos em lei. 
 
Cálculo da prescrição executória no caso de pena privativa de liberdade: A prescrição da 
pretensão executória da pena privativa de liberdade é calculada com base na pena concreta, 
fixada na sentença ou no acórdão que já transitou em julgado e, portanto, não pode mais ser 
alterada. 
 
Termo inicial: Como vimos, o Estado tem um prazo máximo para fazer com que o réu 
condenado inicie o cumprimento da pena. Caso não o faça, ocorre a prescrição executória. 
 
A pergunta é: a partir de que dia começa a correr esse prazo que o Estado tem para fazer com 
que o condenado inicie o cumprimento da pena? Dito de outra forma: qual é o termo inicial do 
prazo da prescrição da pretensão executória? A resposta encontra-se no art. 112, I do CP: 
Termo inicial da prescrição após a sentença condenatória irrecorrível 
Art. 112. No caso do art. 110 deste Código [que trata da prescrição executória], a 
prescrição começa a correr: 
I - do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, 
ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional; 
 
Desse modo, segundo o art. 112, I do CP, o termo inicial da prescrição executória é a data do 
trânsito em julgado da sentença condenatória para a acusação. 
 
E se o MP não recorre, mas a defesa apresenta recurso? Nesse caso, a sentença condenatória 
transitou em julgado para a acusação. Logo, segundo a redação do art. 112, I do CP, inicia-se 
a contagem do prazo de prescrição executória mesmo ainda estando pendente a apreciação 
do recurso interposto pela defesa. 
 
Veja o seguinte exemplo hipotético: João foi condenado a 4 anos de reclusão pelo Tribunal de 
Justiça. O Ministério Público concorda com o acórdão e não recorre, razão pela qual ocorre 
trânsito em julgado para a acusação no dia 18/02/2010. O advogado do réu apresenta recurso 
extraordinário, de forma que, para a defesa, não houve trânsito em julgado. 
 
Qual é o prazo de prescrição executória quando o réu é condenado a 4 anos? A prescrição 
ocorre em 8 anos (art. 109, IV, do CP). Em outras palavras, se o réu for condenado a 4 anos, o 
Estado tem o poder-dever de fazer com que esse condenado inicie o cumprimento da pena 
em até 8 anos. Se passar desse prazo, o Estado perdeo poder de executar a sanção e o 
condenado não mais terá que cumprir a pena imposta. 
 
Em nosso exemplo, quando se iniciou a contagem do prazo de prescrição executória (levando-
se em consideração a regra do art. 112, I do CP)? No dia 18/02/2010, data em que a sentença 
transitou em julgado para a acusação. Isso significa que o Estado tinha um prazo de 8 anos 
para fazer com que o réu iniciasse o cumprimento da pena. Se o réu não começou a cumprir a 
pena até 18/02/2018, aconteceu a prescrição. Essa é a regra que está presente no art. 112, I do 
CP. 
 
Crítica à regra do art. 112, I do CP: A CF/88 prevê que ninguém poderá ser considerado 
culpado até que haja o trânsito em jugado da sentença penal condenatória (art. 5º, LVII). Por 
força desse princípio, durante os anos de 2009 até 2016 prevaleceu no STF o entendimento de 
que não existia no Brasil a execução provisória (antecipada) da pena. 
 
Assim, de 2009 até 2016 o STF entendia que, enquanto não tivesse havido trânsito em julgado 
para a acusação e para a defesa, o réu não poderia ser obrigado a iniciar o cumprimento da 
pena. 
 
Se ainda estava pendente de julgamento qualquer recurso da defesa, o condenado não podia 
iniciar o cumprimento da pena porque ainda era presumivelmente inocente. Isso perdurou, 
como já dito, de 2009 (STF. Plenário. HC 84078, julgado em 05/02/2009) até 2016, quando o 
STF mudou sua jurisprudência no HC 126292/SP, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 
17/2/2016. 
 
Desse modo, perceba a seguinte situação estranha que o art. 112, I, ocasionava (entre 2009 a 
2016): 
➢ Se o réu fosse condenado, a defesa recorresse e o MP não, esse condenado não podia 
iniciar o cumprimento da pena enquanto estivesse pendente o recurso; 
➢ Apesar disso, pela redação literal do art. 112, I, do CP, já começava a correr o prazo da 
prescrição executória. 
 
Diante desse paradoxo que podia ser ocasionado pela regra do art. 112, I, do CP, alguns 
doutrinadores e membros do Ministério Público idealizaram a seguinte tese: O início do prazo 
da prescrição executória devia ser o momento em que ocorre o trânsito em julgado para 
ambas as partes, ou seja, tanto para a acusação como para a defesa. Não se pode dizer que o 
prazo prescricional começa com o trânsito em julgado apenas para a acusação, uma vez que, 
se a defesa recorreu, o Estado não pode dar início à execução da pena, já que ainda não haveria 
uma condenação definitiva. Se há recurso da defesa, o Estado não inicia o cumprimento da 
pena não por desinteresse dele, mas sim porque há uma vedação de ordem constitucional 
decorrente do princípio da presunção de inocência. Ora, se não há desídia do Estado, não se 
pode falar em prescrição. Desse modo, foi uma tese que surgiu para desconsiderar a 
interpretação literal do art. 112, I, do CP. 
 
Essa tese que desconsidera a regra do art. 112, I, do CP foi aceita pela jurisprudência? 
➢ STJ: NÃO. Para o STJ, conforme determina o art. 112, I do CP, o termo inicial da 
prescrição da pretensão executória é a data do trânsito em julgado da sentença 
condenatória para a acusação, ainda que a defesa tenha recorrido e que se esteja 
aguardando o julgamento desse recurso. Nesse sentido: STJ. 6ª Turma. AgRg no RHC 
74.996/PB, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 12/09/2017. 
O argumento de que se deveria aguardar o trânsito em julgado para ambas as partes 
não tem previsão legal e contraria o texto do Código Penal. 
Além disso, não se pode querer “corrigir” a redação do art. 112, I, do CP invocando-
se o art. 5º, LVII da CF/88, porque, nesse caso, se estaria utilizando um dispositivo da 
Constituição Federal para respaldar uma “interpretação” totalmente desfavorável ao 
réu e contra expressa disposição legal. 
Exigir o trânsito em julgado para ambas as partes como termo inicial da contagem do 
lapso da prescrição da pretensão executória, ao contrário do texto expresso da lei, seria 
inaugurar novo marco interruptivo da prescrição não previsto no rol taxativo do art. 
117 do CP, situação que também afrontaria o princípio da reserva legal. 
Assim, somente com a devida alteração legislativa é que seria possível modificar o 
termo inicial da prescrição da pretensão executória, e não por meio de "adequação 
hermenêutica". 
 
➢ Precedente da 1ª Turma do STF: SIM. A 1ª Turma do STF acolhe a tese acima 
explicada e entende que o art. 112, I, do CP deve ser interpretado sistematicamente à 
luz da jurisprudência que prevaleceu no STF de 2009 a 2016, segundo a qual só era 
possível a execução da decisão condenatória depois do trânsito em julgado. 
Assim, se não era possível a execução provisória da pena, não era razoável considerar 
que o curso da prescrição da pretensão punitiva já começou a correr pelo simples fato 
de a acusação não ter recorrido. Ora, não é possível prescrever aquilo que não pode 
ser executado. 
 
Veja ementa nesse sentido: 
(...) 2. A partir do julgamento pelo Plenário desta Corte do HC nº 84.078, deixou-
se de se admitir a execução provisória da pena, na pendência do RE. 
3. O princípio da presunção de inocência ou da não-culpabilidade, tal como 
interpretado pelo STF, deve repercutir no marco inicial da contagem da 
prescrição da pretensão executória, originariamente regulado pelo art. 112, I do 
Código Penal. 
4. Como consequência das premissas estabelecidas, o início da contagem do prazo 
de prescrição somente se dá quando a pretensão executória pode ser exercida. (...) 
STF. 1ª Turma. HC 107710 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 
09/06/2015. 
 
7.2. Inadmissibilidade da prescrição em perspectiva – (Info 831) 
 
A prescrição em perspectiva (ou prescrição virtual) não é admitida nos crimes militares, 
assim como ocorre também nos crimes comuns. 
STF. 2ª Turma. HC 125777/CE, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 21/6/16 (Info 831). 
 
OBS: 
O que é a chamada prescrição virtual? Ocorre quando o juiz, verificando que já se passaram 
muitos anos desde o dia em que o prazo prescricional começou ou voltou a correr, entende que 
mesmo que o inquérito ou processo continue, ele não terá utilidade porque muito 
provavelmente haverá a prescrição pela pena em concreto. Para isso, o juiz analisa a possível 
pena que aplicaria para o réu se ele fosse condenado e, a partir daí, examina se, entre os marcos 
interruptivos presentes no processo, já se passaram mais anos do que o permitido pela lei. 
 
Sinônimos: A prescrição virtual é também chamada de prescrição “em perspectiva”, “por 
prognose”, “projetada” ou “antecipada”. 
 
A prescrição virtual possui previsão na lei? NÃO. Apesar de ser comum na prática, a 
prescrição virtual não tem previsão na lei, sendo considerada uma “criação” dos juízes e 
Tribunais. 
 
A prescrição virtual é admitida pelo STF e pelo STJ? NÃO. O STF e o STJ afirmam que é 
inadmissível a prescrição virtual por dois motivos principais: 
✓ em virtude da ausência de previsão legal; 
✓ porque representaria uma afronta ao princípio da presunção de não-culpabilidade. 
 
7.3. Redução do prazo prescricional para condenados maiores de 70 anos e momento de sua 
aferição – (Info 822) – IMPORTANTE! Cuidado com alguns livros! 
 
Para que incida a redução do prazo prescricional prevista no art. 115 do CP, é necessário 
que, no momento da sentença, o condenado possua mais de 70 anos. Se ele só completou a 
idade após a sentença, não terá direito ao benefício, mesmo que isso tenha ocorrido antes 
do julgamento de apelação interposta contra a sentença. 
Existe, no entanto, uma situação em que o condenado será beneficiado pela redução do art. 
115 do CP mesmo tendo completado 70 anos após a sentença: isso ocorre quando o 
condenado opõe embargos de declaração contra o acórdão condenatório e esses embargos 
são conhecidos. Nesse caso, o prazo prescricional será reduzido pela metade se o réu 
completar 70 anos até a data do julgamento dos embargos. Nesse sentido: STF. Plenário. AP 
516 ED/DF, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o acórdão Min. Luiz Fux, julgado em 5/12/2013 
(Info 731). 
STF. 2ª Turma. HC 129696/SP, Rel.Min. Dias Toffoli, julgado em 19/4/2016 (Info 822). 
 
OBS: 
Redução do prazo prescricional para condenados maiores de 70 anos: O art. 115 do CP 
preconiza: 
Art. 115. São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso 
era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, 
maior de 70 (setenta) anos. 
 
Situação 1. Imagine o seguinte exemplo hipotético: João, com 69 anos, foi condenado, em 1ª 
instância, no dia 02/02/2010. O condenado interpôs apelação. O TJ julgou a apelação em 
03/03/2014 e manteve, na íntegra, a sentença. Nesta data, ele já tinha 73 anos. 
 
O réu terá direito ao art. 115 do CP? NÃO. Isso porque, na data da sentença, ele tinha menos 
de 70 anos. 
 
Este é também o entendimento do STJ: 
(...) A Terceira Seção desta Corte, no julgamento dos Embargos de Divergência 
em Recurso Especial n. 749.912/PR, pacificou o entendimento de que o benefício 
previsto no artigo 115 do Código Penal não se aplica ao réu que completou 70 
anos de idade após a data da primeira decisão condenatória (...) STJ. 6ª T. AgRg 
no AREsp 332.735/RJ, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 16/02/2016. 
 
Situação 2. Imagine agora o exemplo um pouco diferente: João, com 69 anos, foi condenado, 
em 1ª instância, no dia 02/02/2010. O condenado opôs embargos de declaração. O juiz 
conheceu dos embargos, mas os julgou improvidos em 05/05/2010, mantendo a sentença. 
Nesta data, o condenado já tinha mais de 70 anos. 
 
O réu terá direito ao art. 115 do CP? SIM. O STF admite a redução do prazo prescricional pela 
metade quando o réu completa 70 anos após a sentença condenatória, mas antes de terem sido 
julgados os embargos de declaração opostos contra a decisão (se conhecidos). Isso porque se 
entende que a decisão dos embargos integra a sentença. 
 
7.4. Não se admite a denominada prescrição em perspectiva – (Info 788) 
 
A prescrição virtual ocorre quando o juiz, verificando que já se passaram muitos anos desde 
o dia em que o prazo prescricional começou ou voltou a correr, entende que mesmo que o 
inquérito ou processo continue, ele não terá utilidade porque muito provavelmente haverá 
a prescrição pela pena em concreto. 
Para isso, o juiz analisa a possível pena que aplicaria para o réu se ele fosse condenado e, a 
partir daí, examina se, entre os marcos interruptivos presentes no processo, já se passaram 
mais anos do que o permitido pela lei. 
A prescrição virtual é também chamada de prescrição “em perspectiva”, “por prognose”, 
“projetada” ou “antecipada”. 
O STF e o STJ afirmam que é inadmissível a prescrição virtual por dois motivos principais: 
a) em virtude da ausência de previsão legal; 
b) porque representaria uma afronta ao princípio da presunção de não-culpabilidade. 
O STJ tem, inclusive, um enunciado proibindo expressamente a prática (Súmula 438-STJ). 
STF. 1ª Turma. Inq 3574 AgR/MT, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 2/6/2015 (Info 788). 
 
 
7.5. A publicação do acórdão condenatório para fins de prescrição ocorre no dia da sessão 
de julgamento – (Info 776) – IMPORTANTE!!! 
 
A prescrição da pretensão punitiva do Estado, em segundo grau de jurisdição, se interrompe 
na data da sessão de julgamento do recurso e não na data da publicação do acórdão. 
Para efeito de configuração do marco interruptivo do prazo prescricional a que se refere o 
art. 117, IV, do CP, considera-se como publicado o “acórdão condenatório recorrível” na 
data da sessão pública de julgamento, e não na data de sua veiculação no Diário da Justiça 
ou em meio de comunicação congênere. 
A publicação do acórdão nos veículos de comunicação oficial deflagra o prazo recursal, mas 
não influencia na contagem do prazo da prescrição. 
STF. 1ª Turma. RHC 125078/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 3/3/2015 (Info 776). 
 
 
7.6. O § 1º do art. 110 do CP, alterado pela Lei 12.234/2010, é constitucional – (Info 771) – 
IMPORTANTE!!! 
 
A Lei 12.234/2010 alterou o § 1º do art. 110 do CP, acabando, parcialmente, com a prescrição 
retroativa. 
Atualmente, não mais existe prescrição retroativa com relação ao período compreendido 
entre a data do fato e o recebimento da denúncia (ou queixa). No entanto, ainda pode ocorrer 
a prescrição retroativa na fase processual, ou seja, após o recebimento da denúncia ou 
queixa. 
Surgiu uma tese sustentando que a alteração promovida pela Lei 12.234/2010 seria 
inconstitucional em virtude de praticamente ter eliminado as possibilidades de se 
reconhecer a prescrição retroativa, o que violaria diversos princípios constitucionais. 
O STF não concordou com a tese e decidiu que o § 1º do art. 110 do CP, com redação dada 
pela Lei 12.234/2010, é CONSTITUCIONAL. 
O sistema de justiça criminal no Brasil ainda é pouco eficiente e a taxa de esclarecimento 
de crimes é baixa, não se conseguindo investigar, com eficiência, todos os delitos praticados. 
Diante disso, o legislador optou por não mais prestigiar um sistema de prescrição da 
pretensão punitiva retroativa que culminava por esvaziar a efetividade da tutela 
jurisdicional penal. Vale ressaltar que a chamada prescrição retroativa é uma peculiaridade 
existente somente na lei brasileira, não havendo similar no direito comparado. Isso 
demonstra que a definição sobre as espécies de prescrição é questão de política criminal, 
ficando a cargo do legislador. 
STF. Plenário. HC 122694/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 10/12/14 (Info 771). 
 
 
7.7. Durante a suspensão condicional da pena não corre prazo o prescricional – (Info 744) 
 
Durante a suspensão condicional da pena (art. 77 do CP), não corre o prazo prescricional. 
STF. 2ª Turma. Ext 1254/Romênia, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 29/4/2014 (Info 744) 
 
OBS: Ao analisar um pedido de extradição, o STF confirmou que a conclusão (pacífica) de que 
durante a suspensão condicional da pena (art. 77 do CP), não corre prazo o prescricional. 
Segundo o art. 112, I, do CP, a prescrição somente começa a correr do dia em que for revogada 
a suspensão condicional da pena (sursis). 
 
 
8. FIXAÇÃO DO REGIME PRISIONAL 
8.1. Imposição do regime semiaberto para réu reincidente, condenado a 1 ano e 4 meses de 
reclusão pelo furto de uma garrafa de licor – (Info 910) 
 
João, reincidente, foi condenado a uma pena de 1 ano e 4 meses de reclusão, em regime 
inicial fechado, pela prática do crime de furto simples (art. 155, caput, do CP). 
A defesa postulou a aplicação do regime aberto com base no princípio da insignificância, 
considerado o objeto furtado ter sido apenas uma garrafa de licor. 
O STF decidiu impor o regime semiaberto. 
Entendeu-se que, de um lado, o regime fechado deve ser afastado. Por outro, não se pode 
conferir o regime aberto para um condenado reincidente, uma vez que isso poderia se tornar 
um incentivo à criminalidade, ainda mais em cidades menores, onde o furto é, via de regra, 
perpetrado no mesmo estabelecimento. 
A reincidência delitiva do paciente, que praticou o quinto furto em pequeno município, 
eleva a gravidade subjetiva de sua conduta. 
STF. 1ª Turma. HC 136385/SC, Rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de 
Moraes, j. 7/8/2018 (Info 910). 
 
 
8.2. Fixada a pena-base no mínimo legal, não é possível a imposição de regime inicial mais 
severo do que aquele abstratamente imposto – (Info 881) 
 
Se todas as circunstâncias judiciais são favoráveis, de forma que a pena-base foi fixada no 
mínimo legal, então, neste caso, não cabe a imposição de regime inicial mais gravoso. 
STF. 2ª Turma. RHC 131133/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 10/10/2017 (Info 844). 
Obs: o STJ possui um enunciado nesse sentido: 
Súmula 440-STJ: Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime 
prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na 
gravidade abstrata do delito. 
 
 
8.3. Fixada a pena-base no mínimo legal, não é possível a imposição de regime inicial mais 
severo do que aquele abstratamente imposto – (Info 844) 
 
Se a pena-base foi fixadano mínimo legal (circunstâncias judiciais favoráveis), o juiz 
deverá estabelecer o regime inicial semiaberto para o condenado a pena superior a 4 e que 
não exceda a 8 anos. 
Aplica-se ao caso a Súmula 440 do STJ: Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o 
estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção 
imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito. 
STF. 2ª Turma. RHC 135298/SP, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o ac. Min. Teori 
Zavascki, j. 18/10/16 (Info 844). 
 
OBS: 
Fixação do regime inicial: O juiz, ao prolatar a sentença condenatória, deverá fixar o regime 
no qual o condenado iniciará o cumprimento da pena privativa de liberdade. A isso se dá o 
nome de fixação do regime inicial. Os critérios para essa fixação estão previstos no art. 33 do 
Código Penal. 
 
O que o juiz deve observar na fixação do regime inicial? O juiz, quando vai fixar o regime 
inicial do cumprimento da pena privativa de liberdade, deve observar quatro fatores: 
1) o tipo de pena aplicada: se reclusão ou detenção; 
2) o quantum da pena definitiva; 
3) se o condenado é reincidente ou não; 
4) as circunstâncias judiciais (art. 59 do CP). 
 
Imagine a seguinte situação hipotética: João foi condenado a 5 anos e 4 meses de reclusão pela 
prática do crime previsto no art. 157, § 2º, I e II, do CP. 
 
Na dosimetria, o juiz fixou a pena-base no mínimo legal. Apesar disso, estabeleceu o regime 
inicial fechado. Agiu corretamente o magistrado? NÃO. Se o réu não reincidente foi punido 
com pena de reclusão maior que 4 e menor que 8 anos, o CP prevê que, em regra, deverá ser 
imposto a ele o regime inicial semiaberto. Confira: 
Art. 33 (...) § 2º As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma 
progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e 
ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso: 
a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em 
regime fechado; 
b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não 
exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto; 
 
É possível que seja imposto ao condenado primário um regime inicial mais rigoroso do que o 
previsto para a quantidade de pena aplicada? Ex.: se uma pessoa pode ser condenada a 6 anos 
de reclusão e o juiz fixar o regime inicial fechado? SIM, é possível, desde que o juiz apresente 
motivação idônea na sentença. 
 
Súmula 719-STF: A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a 
pena aplicada permitir exige motivação idônea. 
 
O juiz pode fundamentar a imposição do regime mais severo devido ao fato do crime praticado 
ser, abstratamente, um delito grave? Ex.: o juiz afirma que, em sua opinião, no caso de tráfico 
de drogas o regime deve ser o fechado em razão da gravidade desse delito. NÃO. A opinião do 
julgador sobre a gravidade em abstrato do crime NÃO constitui motivação idônea para a 
imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada (Súmula 718-
STF). 
 
O que é considerado, então, motivação idônea para impor ao condenado regime mais gravoso? 
Exige-se que o juiz aponte circunstâncias que demonstrem que o fato criminoso, 
concretamente, foi grave. Se as circunstâncias judiciais do art. 59 forem desfavoráveis, é 
possível que o juiz se fundamente nesses dados para impor ao condenado regime inicial mais 
gravoso que o previsto para a quantidade de pena aplicada. Nesse sentido: 
(...) Se as penas-base de ambos os crimes são fixadas acima do mínimo legal em 
face da valoração negativa das circunstâncias do art. 59 do Código Penal, não há 
ilegalidade na imposição de regime inicial mais gravoso do que o abstratamente 
previsto de acordo com a quantidade de pena aplicada. (...) 
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1471969/RN, Rel. Min. Jorge Mussi, j. 20/11/14) 
 
Se a pena privativa de liberdade foi fixada no mínimo legal, é possível a fixação de regime 
inicial mais severo do que o previsto pela quantidade de pena? Ex.: Paulo, réu primário, foi 
condenado a uma pena de seis anos de reclusão. As circunstâncias judiciais foram favoráveis. 
Pode o juiz fixar o regime inicial fechado? NÃO. A posição que prevalece no STJ é a de que, 
fixada a pena-base no mínimo legal e sendo o acusado primário e sem antecedentes criminais 
não se justifica a fixação do regime prisional mais gravoso. STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 
303.275/SP, Rel. Min. Jorge Mussi, j. 03/02/15. 
 
O STJ possui um enunciado no mesmo sentido: 
Súmula 440-STJ: Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o 
estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da 
sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito. 
 
Esse é também o entendimento do STF: 
Habeas corpus. Penal. Processual penal. Roubo. Artigo 33, § 2º, do CP. Imposição 
de regime inicial de cumprimento de pena mais gravoso. Possibilidade, desde que 
seja a decisão devida e concretamente fundamentada. Circunstâncias judiciais 
reconhecidamente favoráveis. Pena-base fixada no mínimo legal. Ausência de 
fundamentação apta ao agravamento do regime prisional. Habeas corpus 
deferido. (...) 
3. A Corte tem entendido que a fixação de regime mais severo do que aquele 
abstratamente imposto pelo art. 33, § 2º, do CP não se admite senão em virtude 
de razões concretamente demonstradas nos autos. 
4. Ausência, no caso concreto, de fundamentação válida, nas razões de 
convencimento, para a fixação do cumprimento da pena em regime inicialmente 
fechado. 
STF. 1ª Turma. HC 118.230, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 08/10/2013. 
 
8.4. Fixação de regime inicial de cumprimento de pena e circunstâncias judiciais – (Info 
775) 
 
Se a pena-base é fixada acima do mínimo legal em virtude de as circunstâncias judiciais do 
art. 59 do CP serem desfavoráveis, é possível que o juiz determine regime inicial mais 
gravoso do que o abstratamente previsto de acordo com a quantidade de pena aplicada. 
Ex.: Paulo, réu primário, foi condenado a uma pena de 2 anos e 6 meses de detenção. Em 
regra, o regime inicial seria o aberto (art. 33, § 2º, “c”, do CP). Ocorre que duas circunstâncias 
judiciais foram desfavoráveis a ele, conforme fundamentação do juiz (circunstâncias e 
consequências do crime). Nesse caso, o magistrado, fundamentando sua decisão nesses 
dados, pode impor ao condenado o regime inicial semiaberto. 
STF. 2ª Turma. HC 124876/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 24/2/15 (Info 775). 
 
 
8.5. Regime inicial de cumprimento de pena para o condenado por crime hediondo ou 
equiparado 
 
Qual é o regime inicial de cumprimento de pena do réu que for condenado por crime 
hediondo ou equiparado? 
O regime inicial nas condenações por crimes hediondos ou equiparados (como é o caso do 
tráfico de drogas) não tem que ser obrigatoriamente o fechado, podendo ser também o 
regime semiaberto ou aberto, desde que presentes os requisitos do art. 33, § 2º, alíneas “b” 
e “c”, do Código Penal. 
STF. Plenário. HC 111840/ES, rel. Min. Dias Toffoli, 27/6/2012. 
STJ. 3ª Seção. EREsp 1.285.631-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Junior, j. 24/10/2012. 
 
 
 
9. CRIME DE HOMICÍDIO 
9.1. Dirigir alcoolizado na contramão: reconhecimento de dolo eventual – (Info 904) 
 
Verifica-se a existência de dolo eventual no ato de dirigir veículo automotor sob a 
influência de álcool, além de fazê-lo na contramão. Esse é, portanto, um caso específico que 
evidencia a diferença entre a culpa consciente e o dolo eventual. O condutor assumiu o risco 
ou, no mínimo, não se preocupou com o risco de, eventualmente, causar lesões ou mesmo a 
morte de outrem. 
STF. 1ª Turma. HC 124687/MS, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, j. 
29/5/2018 (Info 904). 
 
OBS: 
A situação concreta, com adaptações, foi a seguinte: João, na direção de veículo automotor, 
entrou na contramão e atingiu uma motocicleta, causando a morte do condutor. Não foi feito 
teste de etilômetro (“bafômetro”) em João, mas as testemunhasafirmaram que ele exalava 
hálito etílico e que estava cambaleante. João foi pronunciado e condenado a 6 anos de reclusão 
em regime inicial semiaberto por homicídio doloso simples (dolo eventual). O condenado 
impetrou sucessivos habeas corpus até que a questão chegou ao STF. No writ, João pede a 
desclassificação do delito para homicídio culposo na condução de veículo automotor, crime 
previsto no art. 302 do CTB. 
 
O pedido foi acolhido pelo STF? NÃO. O STF entende que, em casos de homicídio causado 
por motorista embriagado, se o Tribunal do Júri entender que houve dolo eventual, não cabe 
ao Supremo alterar esta tipificação, sendo uma decisão legítima do júri popular. 
 
Vale ressaltar, no entanto, que o simples fato do condutor do veículo estar embriagado não 
gera a presunção de que tenha havido dolo eventual: 
A embriaguez do agente condutor do automóvel, por si só, não pode servir de 
premissa bastante para a afirmação do dolo eventual em acidente de trânsito com 
resultado morte. STJ. 6ª Turma. REsp 1.689.173-SC, Rel. Min. Rogério Schietti 
Cruz, julgado em 21/11/2017 (Info 623). 
 
Dessa forma, haverá assunção do risco – apta a caracterizar o dolo eventual –, "quando o agente 
tenha tomado como séria a possibilidade de lesar ou colocar em perigo o bem jurídico e não se 
importa com isso, demonstrando, pois, que o resultado lhe era indiferente”( TAVARES, Juarez 
apud PRADO, Luiz Regis. Curso de Direito Penal Brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 
2008, p. 332). 
 
Assim, diante da existência de elementos concretos delineados no caso concreto – 
embriaguez ao volante, excesso de velocidade (120 km/h) e direção perigosa (ultrapassagens 
em movimentos de zigue-zague) –, entende-se haver o mínimo de evidências acerca do 
possível dolo eventual do réu, isto porque, em tese, demonstrou ao que tudo indica, sua 
indiferença com a vida e com a integridade física alheia. 
 
Nesse sentido: 
STJ. 6ª T. AgRg-AREsp 1.226.580-DF, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, j. 5/6/18. 
STJ. 5ª T. AgRg no AREsp 965.57-/RS, Rel. Ministro Jorge Mussi, j. 19/5/2017. 
 
9.2. Entrega de veículo automotor a pessoa embriagada e inexistência de homicídio doloso 
– (Info 812) 
 
Se houver incorreto enquadramento fático-jurídico na capitulação penal, que repercuta na 
competência do órgão jurisdicional, admite-se, excepcionalmente, a possibilidade de o 
magistrado, antes da pronúncia e submissão do réu ao júri popular, efetuar a 
desclassificação para outro tipo penal e encaminhar o feito ao órgão competente. 
No caso, o STF considerou que não havia homicídio doloso na conduta de um homem que 
entregou o seu carro a uma mulher embriagada para que esta dirigisse o veículo, tendo 
havido acidente por conta do excesso de velocidade e da embriaguez, resultando na morte 
da mulher (condutora). 
STF. 2ª Turma. HC 113598/PE, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 15/12/2015 (Info 812). 
 
 
9.3. Dolo eventual não é compatível com qualificadora de traição, emboscada, 
dissimulação (art. 121, §2º, IV do CP) – (Info 677) 
 
O dolo eventual não se compatibiliza com a qualificadora do art. 121, § 2º, IV (traição, 
emboscada, dissimulação). 
STF. 2ª Turma. HC 111.442/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, j. 28/8/2012 (Info 677). 
 
OBS: 
No caso julgado pela 2ª Turma, o réu foi denunciado pela suposta prática do crime de 
homicídio qualificado pela surpresa (art. 121, § 2º, IV, CP), e embriaguez ao volante (art. 306 
do Código de Trânsito) porque, ao conduzir veículo em alta velocidade e em estado de 
embriaguez, ultrapassara sinal vermelho e colidira com outro carro, cujo condutor viera a 
falecer. 
 
A 2ª Turma considerou que, em se tratando de crime de trânsito, cujo elemento subjetivo teria 
sido classificado como dolo eventual, não se poderia, ao menos na hipótese sob análise, 
concluir que tivesse o paciente deliberadamente agido de surpresa, de maneira a dificultar 
ou impossibilitar a defesa da vítima. 
 
Assim, a 2ª Turma aplicou o entendimento prevalecente no sentido de que o dolo eventual é 
incompatível com a qualificadora prevista no inciso IV do § 2º do art. 121 do CP (traição, 
emboscada, dissimulação). 
 
Por que o dolo eventual é incompatível com a qualificadora da surpresa? Para que incida a 
qualificadora da surpresa é indispensável que fique provado que o agente teve a vontade de 
surpreender a vítima, impedindo ou dificultando que ela se defendesse. Ora, no caso do dolo 
eventual, o agente não tem essa intenção, considerando que não quer matar a vítima, mas 
apenas assume o risco de produzir esse resultado. Como o agente não deseja a produção do 
resultado, ele não direcionou sua vontade para causar surpresa à vítima. Logo, não pode 
responder por essa circunstância (surpresa). 
 
 
10. CRIME DE ABORTO 
10.1. Interrupção da gravidez no primeiro trimestre da gestação – (Info 849) – 
IMPORTANTE!!! – (Advogado/BANPARÁ-2017) (Analista em Previdência/RO-2017) 
 
A interrupção da gravidez no primeiro trimestre da gestação provocada pela própria 
gestante (art. 124) ou com o seu consentimento (art. 126) não é crime. 
É preciso conferir interpretação conforme a Constituição aos arts. 124 a 126 do Código Penal 
– que tipificam o crime de aborto – para excluir do seu âmbito de incidência a interrupção 
voluntária da gestação efetivada no primeiro trimestre. 
A criminalização, nessa hipótese, viola diversos direitos fundamentais da mulher, bem 
como o princípio da proporcionalidade. 
STF. 1ª Turma. HC 124306/RJ, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto 
Barroso, j. 29/11/16 (Info 849). 
(Advogado/BANPARÁ-2017): Acerca do aborto, o STF, em recente julgado de sua 1ª 
Turma, afirmou ser necessário conferir interpretação conforme a Constituição aos arts. 
124 a 126 do Código Penal (que tipificam o crime de aborto) para excluir do seu âmbito 
de incidência a interrupção voluntária da gestação efetivada no primeiro trimestre do 
período gestacional. BL: Info 849, STF. 
 
(Analista em Previdência/RO-2017-IBADE): Acerca da decisão do STF sobre a 
interrupção da gravidez de feto anencefálico, assinale a alternativa correta: Tencionava-
se fosse dada a dispositivos do Código Penal uma interpretação conforme a Constituição 
e o instrumento escolhido para sua propositura foi a arguição de descumprimento de 
preceito fundamental. 
 
OBS: ADPF 54: A Confederação Nacional dos Trabalhadores da Saúde do Brasil 
ingressou com uma ação de arguição de descumprimento de preceito fundamental no 
Supremo Tribunal Federal (ADPF n.º 54) pedindo que a Corte Constitucional conferisse 
ao Código Penal uma interpretação conforme a Constituição e declarasse que o aborto 
de fetos anencéfalos não é crime. 
(...) 
A cirurgia de retirada de um feto anencéfalo é considerada aborto? NÃO. Sete Ministros 
que participaram do julgamento consideraram que não se trata de aborto porque não há 
a possibilidade de vida do feto fora do útero. O Min. Gilmar Mendes votou pela 
descriminalização da prática, mas considerou que tal prática configura sim aborto. 
Segundo o Min. Mendes, o aborto de feto anencéfalo pode ser enquadrado no inciso II do 
art. 128 do CP, que afirma que não se pune o aborto praticado por médico se não há outro 
meio de salvar a vida da gestante. 
 
 
 
OBS: 
Exceções em que o aborto não é crime: O Código Penal, em seu art. 128, traz duas hipóteses em 
que o aborto é permitido: 
✓ 1ª) se não há outro meio de salvar a vida da gestante. É o chamado aborto “necessário” 
ou “terapêutico”, previsto no inciso I. 
✓ 2ª) no caso de gravidez resultante de estupro. Trata-se do aborto “humanitário”, 
“sentimental”, “ético” ou “piedoso”, elencado no inciso II. Segundo o texto expresso 
do CP, essas são as duas únicas hipóteses em que o aborto é permitido no Brasil. 
✓ 3ª) Interrupção da gravidez de feto anencéfalo: O STF, no julgamento da ADPF 54/DF, 
criou uma nova exceção e decidiu que a interrupção da gravidez de feto anencéfalo é 
conduta atípica (Plenário. ADPF 54/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 11 e 12/4/12). Assim,

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