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Matéria ADM P2 (1)

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Matéria ADM P2
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS: PARTE GERAL
1 INTRODUÇÃO
1. Leitura preliminar: art. 2º, parágrafo único, da Lei nº 8.666/1993
1.1 contratos são espécie do gênero “negócio jurídico”, formado por acordo de partes que se obrigam a prestações recíprocas
1.2 são características dos contratos em geral: 
a) consensualidade: os contratos são fruto do consenso ou acordo de vontade das partes
b) força obrigatória: os contratos geram obrigações, que vinculam as partes
c) relatividade: os contratos se referem a pessoas determinadas, que se vinculadas às obrigações
1.3 o Poder Público não age somente por meio de atos jurídicos impostos de forma unilateral, os chamados “atos administrativos” (como os atos de lançamento de um tributo ou de aplicação de uma multa de trânsito, por exemplo), mas também estabelece acordos de vontade com terceiros para a produção de efeitos jurídicos recíprocos desejados por ambas as partes: são os denominados “contratos administrativos”
1.4 o parágrafo único do art. 2º da Lei 8.666 denomina contrato administrativo como “todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades da Administração Pública e particulares, em que haja um acordo de vontade para a formação de vínculo e a estipulação de obrigações recíprocas, seja qual for a denominação utilizada”
1.5 a relação jurídica contratual com a Administração Pública, chamada “contrato administrativo”, se estabelece ainda que sua denominação formal não seja “contrato” (o critério eleito pela Lei nº 8.666/1933 para definir e enquadrar os contratos administrativos é um critério material, e não formal)
1.6 na doutrina, existem três correntes sobre a existência dos contratos administrativos e sua natureza jurídica:
a) a primeira (minoritária) nega a existência da categoria “contrato administrativo”, afirmando que não existe autonomia da vontade da Administração Pública; a Administração pode modificar ou extinguir unilateralmente o contrato e, consequentemente, não se respeita necessariamente a força obrigatória do contrato; não há igualdade entre as partes contratantes na relação obrigacional da Administração Pública (ex.: Oswaldo Aranha Bandeira de Mello)
b) a segunda (também minoritária) afirma que todo contrato celebrado pela Administração Pública tem a natureza de contrato administrativo, ou seja, observa o regime jurídico integralmente público, uma vez que, se a Administração participa da relação jurídica contratual, necessariamente haveria a aplicação daquele regime jurídico (ex.: Roberto Dromi)
c) a terceira (majoritária) entende que a Administração Pública pode celebrar contratos de acordo com regimes jurídicos diferenciados (predominantemente públicos ou não), que se dividiriam em: 
c.1) contratos privados da Administração, regidos predominantemente pelo Direito Privado, sofrendo a incidência parcial do Direito Público (vide o art. 62, § 3º, I, da Lei nº 8.666/1993), como o contrato de locação, o contrato de compra e venda e o contrato de seguro
c.2) contratos administrativos, regidos predominantemente pelo Direito Público, como o contrato de obra pública e o contrato de concessão de um serviço público
1.7 são elementos essenciais para identificação do contrato administrativo:
a) presença da Administração Pública na relação contratual, do lado ativo (a Administração Pública é a contratante/credora)
b) atendimento de uma finalidade pública
c) submissão a regime jurídico-administrativo – chamado de “exorbitante do Direito comum” –, que confere à Administração Pública certas prerrogativas em face do contratado, colocando-a em posição superior em relação a ele, para assegurar o cumprimento da finalidade pública
1.8 contrato administrativo pode ser conceituado como o ajuste de vontades firmado entre a Administração Pública e terceiros, regido por regime de Direito Público e submetido a um regime jurídico exorbitante, assegurados os interesses patrimoniais do contratado
1.9 comparação entre os contratos entre particulares e os contratos administrativos:
a) os contratos entre particulares exigem capacidade jurídica; os contratos administrativos exigem capacidade jurídica e competência da autoridade pública
b) os contratos entre particulares exigem objeto lícito, possível, determinado ou determinável; os contratos administrativos exigem objeto lícito, possível, determinado ou determinável, e que seja orientado para a consecução de finalidades públicas
1.10 implicações aos contratos administrativos decorrentes do regime jurídico de Direito Público:
a) maior formalismo 
b) procedimento prévio de licitação como regra (ou de justificação da contratação direta, nas hipóteses excepcionais em que a lei autoriza contratação sem prévia licitação)
c) prerrogativas da Administração em face do contratado (as chamadas “cláusulas exorbitantes do Direito comum”)
2 DISCIPLINA LEGAL
2.1 o art. 22, XXVII, da CF, prevê a competência privativa da União para legislar sobre normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais, da União, Estados, DF e Municípios, observado o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas estatais, observado o disposto no art. 173, § 1º, III
2.2 Lei Geral de Licitação e Contratos: Lei nº 8.666/1993[footnoteRef:1] – disciplina não só as licitações, mas também os contratos administrativos: aplica-se à Administração direta, autárquica e fundacional da União, Estados, DF e Municípios [1: Neste texto, quando citados dispositivos legais sem indicação expressa da lei a que pertencem, esses dispositivos legais se referirão à Lei nº 8.666/1993.] 
2.3 Estatuto Jurídico das Empresas Estatais: Lei nº 13.303/2016 – disciplinas licitações e contratos firmados por empresas estatais: aplica-se às empresas estatais da União, Estados, DF e Municípios
2.4 Contratos de concessão e permissão de serviços públicos: Lei nº 8.987/1995, celebrados sempre por meio de licitação, com aplicação subsidiária da Lei nº 8.666/1993
2.5 Contratos de parcerias público-privadas (PPPs): Lei nº 11.079/2004, celebração também sempre por meio de licitação, com aplicação subsidiária da Lei nº 8.987/1995 e da Lei nº 8.666/1993
3 CARACTERÍSTICAS DO CONTRATO ADMINISTRATIVO
3.1 são do contrato administrativo:
a) participação da Administração Pública como parte contratante
b) finalidade pública, o que autoriza a mutabilidade do contrato
c) obediência ao procedimento prévio de licitação, com exceção dos casos de contratação direta permitidos nas hipóteses legais, em que há um procedimento de justificação, não de licitação
d) consensualidade: deriva de acordo de vontades das partes
e) forma prescrita em lei: em regra, é escrito e deve obedecer a diversos requisitos formais
f) onerosidade: é geralmente remunerado
g) comutatividade: assegura vantagens recíprocas à Administração Pública e ao contratado
h) firmado “intuitu personae”: obriga o contratado a realizar ele mesmo o contrato, não se permitindo, salvo nos limites fixados, a subcontratação, a terceirização ou a transferência de obrigações contratuais
i) natureza de contrato de adesão: as cláusulas contratuais são preestabelecidas pela Administração Pública e constam em forma de minuta do próprio instrumento convocatório da licitação (art. 62, § 1º), sendo fiéis às determinações contidas em leis e regulamentos
j) presença de cláusulas exorbitantes
4 FORMALIZAÇÃO E CELEBRAÇÃO DO CONTRATO ADMINISTRATIVO
1. Leitura preliminar: arts. 60 a 64 da Lei nº 8.666/1993 
4.1 a celebração de todo contrato administrativo deve ser precedida de um procedimento licitatório (regra) ou, nas hipóteses em que a lei autoriza a contratação direta, de um procedimento voltado a justificar a não realização da licitação
4.2 o licitante vencedor – no procedimento licitatório – e o ofertante da melhor (ou única) proposta – na contratação direta – são convocados pela Administração Pública para celebrar o contrato administrativo
4.2.1 havendo licitação, conforme já discutido anteriormente, o licitante vencedor tem direitosubjetivo[footnoteRef:2] a celebrar o contrato administrativo para viabilizar a execução do objeto licitado [2: O reconhecimento do direito subjetivo do licitante vencedor à contratação é oriundo de uma tese doutrinária que, posteriormente, consolidou-se na jurisprudência. Atualmente, tal direito já está até previsto em lei: o art. 60 da Lei 13.303/2016 (“Lei das Estatais”) dispõe que “a homologação do resultado implica a constituição de direito relativo à celebração do contrato em favor do licitante vencedor” (grifo nosso).] 
4.2.2 havendo contratação direta, o contrato administrativo decorrente do procedimento de dispensa ou inexigibilidade de licitação deve atender aos termos do ato que o autorizou e da respectiva proposta do contratado
4.3 o art. 64 da Lei nº 8.666/1993 prevê que a Administração Pública convocará o interessado para assinar o contrato administrativo, aceitar ou retirar o instrumento equivalente, dentro do prazo e condições estabelecidos, sob pena de decair do direito à contratação, sem prejuízo das sanções previstas no art. 81
4.3.1 o prazo da convocação constará do instrumento convocatório e poderá se prorrogado uma vez, por igual período, pela Administração Pública, quando solicitado pela parte interessada durante o seu transcurso e desde que ocorra motivo justificado aceito pela Administração (art. 64, § 1º)
4.3.2 é facultado à Administração, quando o convocado não assinar o termo de contrato ou não aceitar ou retirar o instrumento equivalente no prazo e condições estabelecidas, convocar os licitantes remanescentes, segundo a ordem de classificação, para fazê-lo em igual prazo e nas mesmas condições proposta pelo primeiro colocado, inclusive quanto aos preços atualizados de conformidade com o ato convocatório, ou revogar a licitação, sem prejuízo das sanções previstas no art. 81 da Lei nº 8.666/1993 (art. 64, § 2º)
4.3.3 decorridos 60 dias da data da entrega das propostas na licitação, sem convocação para a contratação, os licitantes ficam liberados dos compromissos assumidos em suas propostas (art. 64, § 3º), salvo que a proposta definir prazo maior de validade ou tiver sua validade prorrogada pelo licitante interessado
4.4 o contrato administrativo deve obedecer a uma série de formalidades para assegurar a transparência e o controle da atividade administrativa
4.5 em regra, exige-se que os contratos adotem forma escrita e sejam lavrados nas repartições públicas interessadas, exceto se for relativo a direito real sobre bens imóveis, que se formaliza por instrumento lavrado em cartório de notas, sendo registrado como cópia no processo administrativo que lhe deu origem
4.6 o art. 60, parágrafo único, da Lei 8.666 dispõe ser nulo e de nenhum efeito o contrato verbal com a Administração, salvo o contrato de pequenas compras de pronto pagamento, nos limites legais (até 5% do valor do art. 23, II, “a”, da Lei nº 8.666/1993, atualizado pelo Decreto nº 9.412/2018 = R$ 8,8 mil), feitas em regime de adiantamento
4.7 a Administração Pública deve manter arquivo cronológico dos contratos administrativos celebrados (Contrato nº 01/2020; Contrato nº 02/2020; Contrato nº 03/2020; etc.)
4.8 conforme exige o art. 62, § 1º, da Lei nº 8.666/1993, a minuta do contrato deve sempre integrar o instrumento convocatório nas licitações (natureza de contrato de adesão – as cláusulas não são negociáveis ou modificáveis pelo contratado)
4.9 é condição de eficácia do contrato a publicação resumida de seu instrumento e seus aditamentos[footnoteRef:3] na imprensa oficial, devendo a Administração providenciá-la até o 5º (quinto dia) útil do mês seguinte ao de sua assinatura (art. 61, parágrafo único) [3: Aditamento ou aditivo é o instrumento celebrado após o contrato ser firmado, para com a finalidade de alterá-lo conforme a necessidade.] 
4.10 além de sua publicação resumida na imprensa oficial, os contratos administrativos celebrados devem ser disponibilizados pela Administração Pública, na íntegra, na internet, por meio de páginas de acesso à informação pública (“portal da transparência”), independentemente de requerimento do interessado (dever de transparência passiva), conforme dispõe o art. 8º, § 1º, IV, da Lei nº 12.527/2011
4.11 a contratação pode ser materializado em um dos seguintes instrumentos (art. 62, § 4º):
a) termo de contrato (é o instrumento obrigatório nos casos de concorrência e tomada de preços e nas dispensas e inexigibilidades de licitação cujos preços estejam compreendidos nos limites dessas duas modalidades de licitação; é facultativo nas demais hipóteses, conforme dispõe o art. 62, “caput”, da Lei nº 8.666/1993)
b) carta-contrato (contrato administrativo simplificado)
c) nota de empenho da despesa (documento que registra uma despesa – no caso, uma despesa contratual –, indicando o nome do credor, a especificação e o valor da despesa, dentre outras informações de ordem orçamentária e financeira)
d) autorização de compras ou autorização de fornecimento (instrumento comum no sistema de registro de preços, para a aquisição de bens cujo preço foi registrado)
e) ordem de execução de serviço ou ordem de serviço (instrumento comum no sistema de registro de preços, para prestação de serviços cujo preço foi registrado)
4.12 do contrato devem constar as seguintes disposições obrigatórias (art. 61):
a) o nome das partes e os seus representantes
b) a finalidade
c) o ato administrativo que autorizou sua lavratura
d) o número do processo de licitação, da dispensa ou da inexigibilidade
e) a sujeição do contrato às normas da Lei nº 8.666/1993, e às cláusulas contratuais nele estabelecidas
5 CLÁUSULAS ESSENCIAIS DOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
1. Leitura preliminar: art. 55 da Lei nº 8.666/1993
5.1 o art. 54, § 1º, da Lei nº 8.666/1993 dispõe que os contratos administrativos devem estabelecer com clareza e precisão as condições para sua execução, expressas em cláusulas, sendo as essenciais discriminadas no art. 55, que definem o objeto da contratação, direitos, obrigações, prazos e responsabilidades das partes, em conformidade com os termos da licitação e da proposta a que se vinculam
5.2 as cláusulas essenciais ou necessárias de todo contrato administrativo estão dispostas no art. 55 da Lei 8.666:
a) o objeto e seus elementos característicos
b) o regime de execução ou a forma de fornecimento
c) o preço e as condições de pagamento, os critérios, data-base e periodicidade do reajustamento de preços, os critérios de atualização monetária entre a data do adimplemento das obrigações e a do efetivo pagamento
d) os prazos de início de etapas de execução, de conclusão, de entrega, de observação e de recebimento definitivo, conforme o caso
e) o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indicação da classificação funcional programática e da categoria econômica
f) as garantias oferecidas para assegurar sua plena execução, quando exigidas
g) os direitos e as responsabilidades das partes, as penalidades cabíveis e os valores das multas
h) os casos de rescisão
i) o reconhecimento dos direitos da Administração, em caso de rescisão administrativa prevista no art. 77 da Lei nº 8.666/1993
j) as condições de importação, a data e a taxa de câmbio para conversão, quando for o caso
k) a vinculação ao edital de licitação ou ao termo que a dispensou ou a declarou inexigível, ao convite e à proposta do licitante vencedor
l) a legislação aplicável à execução do contrato e especialmente aos casos omissos
m) a obrigação do contratado de manter, durante toda a execução do contrato, em compatibilidade com as obrigações por ele assumidas, todas as condições de habilitação e qualificação exigidas na licitação
n) a declaração do foro competente para dirimir qualquer questão contratual, que é foro da sede da Administração (art. 55, § 2º)
5.3 quando houver licitação, as cláusulas contratuais já são conhecidas dos licitantes, pois constam do instrumento convocatório (minuta de contrato – anexo do instrumento convocatório)
5.3.2 em um procedimento de contratação direta, é altamente aconselhável quea Administração Pública dê ciência e colha a anuência do pretenso contratado antes do término da instrução do processo de justificação, quanto aos termos da futura contratação
5.3.1 quando da celebração do contrato administrativo, após o encerramento da licitação ou do procedimento de justificação, o agente público responsável pela lavratura do contrato não pode se afastar do que estiver contido no instrumento convocatório quanto às cláusulas essenciais, o que não impede que o instrumento convocatório especifique tópicos previstos de forma mais genérica (por exemplo, o nome do representante do contratado e o valor do contrato, informações não conhecidas no momento da publicação do edital)
6 CLÁUSULAS EXORBITANTES NOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
1. Leitura preliminar: art. 58 da Lei nº 8.666/1993
6.1 as chamadas “cláusulas exorbitantes do Direito comum”, ou simplesmente “cláusulas exorbitantes”, consubstanciam prerrogativas da Administração Pública em face do contratado, isto é, instrumentos para o cumprimento de finalidades de interesse público
6.2 as cláusulas exorbitantes estão previstas no art. 58 da Lei nº 8.666/1993 e conferem à Administração Pública as prerrogativas de, em face do contratado:
a) modificar unilateralmente o contrato administrativo, para melhor adequação às finalidades de interesse público, respeitados os direitos do contratado (art. 65)
b) rescindir unilateralmente o contrato, nos casos especificados em lei (arts. 78 e 79)
c) fiscalizar a execução do contrato
d) aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou parcial do contrato
e) nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoriamente bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao objeto do contrato, na hipótese da necessidade de acautelar apuração administrativa de faltas contratuais pelo contratado, bem como na hipótese de rescisão do contrato administrativo
7 GARANTIAS DO CONTRATO ADMINISTRATIVO
1. Leitura preliminar: art. 56 da Lei nº 8.666/1993
 
7.1 a critério da Administração Pública, pode ser exigida a prestação de garantia nas contratações de obras, serviços e compras, conforme disposto no art. 56 da Lei nº 8.666/1993
7.2 para tanto, a Administração Pública deve prever a exigência de garantia, e especificá-la, no edital da licitação ou no procedimento de contratação direta
7.3 a garantia será utilizada pela Administração para assegurar o ressarcimento quanto a prejuízos, multas ou indenizações oriundas do inadimplemento, total ou parcial, do contrato administrativo pelo contratado
7.4 a Lei 8.666 prevê três modalidades de garantia (art. 56, § 1º):
a) caução em dinheiro ou títulos da dívida pública, devendo estes ter sido emitidos sob a forma escritural, mediante registro em sistema centralizado de liquidação e de custódia autorizado pelo Banco Central do Brasil e avaliados pelos seus valores econômicos, conforme definido pelo Ministério da Fazenda
b) seguro garantia
c) fiança bancária
7.5 o contratado pode optar por uma das modalidades de garantia previstas na lei, ou seja, a Administração Pública pode exigir a garantia para contratar, mas não especificar a modalidade de garantia que aceitará, pois todas são igualmente válidas
7.6 o valor da garantia não pode exceder 5% do valor total do contrato e deverá ser atualizado nas mesmas condições do valor do contrato[footnoteRef:4] (art. 56, § 2º) [4: Isto é, se o valor do contrato administrativo sofre reajuste, acréscimo ou decréscimo, o valor da garantia deve seguir o mesmo destino.] 
7.7 para obras, serviços e fornecimentos de grande vulto, envolvendo alta complexidade técnica e riscos financeiros consideráveis, demonstrados por meio de parecer tecnicamente aprovado pela autoridade competente da Administração, o limite de garantia pode ser elevado para até 10% do valor total do contrato (art. 56, § 3º)
7.8 também nos contratos que envolvam a entrega de bens pela Administração, dos quais o contratado será depositário, ao valor da garantia deve ser acrescido o valor correspondente aos bens entregues, hipótese em que o valor geral da garantia pode exceder os mencionados limites (art. 56, § 5º)
7.9 a garantia prestada pelo contratado será liberada ou restituída após a execução do contrato e, quando for em dinheiro, será atualizada monetariamente (art. 56, § 4º)
7.10 todavia, se houver rescisão unilateral do contrato, motivada pelo inadimplemento do contratado, pode haver execução da garantia contratual para ressarcimento à Administração dos valores das multas e indenizações a ela devidas, conforme dispõe o art. 80, III, da Lei nº 8.666/1993 (as garantias contratuais podem ser utilizadas para abatimento de prejuízos ou multas)
8 EXECUÇÃO E FISCALIZAÇÃO DO CONTRATO ADMINISTRATIVO
1. Leitura preliminar: arts. 66 a 76 da Lei nº 8.666/1993
8.1 a prerrogativa de fiscalizar o contrato administrativo, que é uma cláusula exorbitante do Direito comum, prevista no art. 67 da Lei nº 8.666/1993, visa assegurar que a finalidade pública a ser atendida por meio do ajuste contratual está sendo cumprida e que o contrato está concretizando interesses públicos
8.2 “fiscalizar” significa acompanhar a execução do contrato administrativo por um representante da Administração Pública: tal acompanhamento possibilita que irregularidades ou ilegalidades sejam corrigidas e/ou sancionadas, de forma a garantir que o contrato cumpra sua finalidade
8.3 o art. 67 da Lei nº 8.666/1993 determina que a execução do contrato seja acompanhada e fiscalizada por um representante da Administração especialmente designado para tal fim, permitida a contratação de terceiros para assisti-lo ou subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição
8.4 todas as ocorrências relacionadas com a execução do contrato devem ser anotadas pelo representante da Administração em livro próprio e ele deve determinar o que for necessário à regularização das faltas ou defeitos observados. Quando as decisões e providências ultrapassarem a competência do representante da Administração, este deve solicitá-las a seus superiores em tempo hábil para a adoção das medidas convenientes
8.5 a designação de representante da Administração para acompanhar e fiscalizar a execução contratual é necessária para as atividades que têm uma sequência de execução e que, por esse motivo, permitiriam ao particular ocultar eventuais defeitos que não são determináveis por simples exame visual ou por mera experimentação (por exemplo, em contratos de obra); por outro lado, a designação de representante pode ser dispensável em contratos cuja fiscalização é inviável ou mesmo quando o controle da qualidade for satisfatoriamente realizado no momento da entrega da prestação (por exemplo, em contratos de fornecimento de bens – medicamentos, móveis, alimentos, refeições etc.)
8.6 o contratado também deverá manter preposto, aceito pela Administração, no local da obra ou serviço, para representá-lo na execução do contrato, como determina o art. 68 da Lei nº 8.666/1993
8.7 o contratado é obrigado a reparar, corrigir, remover, reconstruir ou substituir, às suas expensas, no todo ou em parte, o objeto do contrato em que se verifiquem vícios, defeitos ou incorreções, resultantes da execução ou dos materiais empregados, conforme dispõe o art. 69 da Lei nº 8.666/1993
8.8 o desatendimento das determinações regulares da autoridade designada para acompanhar e fiscalizar a execução do contrato, ou de seus superiores, constitui motivo para rescisão unilateral do contrato pela Administração, nos termos do art. 78, VII, da Lei nº 8.666/1993
8.8 conforme preconiza o art. 70 da Lei nº 8.666/1993, o contratado é responsável pelos danos causados diretamente à Administração ou a terceiros, decorrentes de sua culpa ou dolo na execução contratual, não excluindo ou reduzindo essa responsabilidade a fiscalização ou o acompanhamento pelo órgão administrativo interessado
9 DURAÇÃO DO CONTRATO ADMINISTRATIVO
1. Leitura preliminar: art. 57 da Lei nº 8.666/1993
9.1 não pode haver contrato administrativo com prazo de vigência indeterminado.Os contratos administrativos têm vigência adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamentários que lhe dão suporte financeiro, que, por sua vez, estão vinculados à lei orçamentária anual (LOA), que vigora de 1º de janeiro a 31 de dezembro de cada ano
9.2 o art. 57 da Lei nº 8.666/1993, porém, prevê três exceções à regra do item anterior:
a) art. 57, I: projetos contemplados no Plano Plurianual (PPA), que poderão ser prorrogados se houver interesse da Administração e desde que haja previsão de prorrogação no ato convocatório
b) art. 57, II: prestação de serviços a serem executados de forma contínua, que poderão ter sua duração prorrogada por iguais e sucessivos períodos, limitados a 60 meses, com vistas à obtenção de preços e condições mais vantajosas para a Administração, admitindo-se a prorrogação de mais 12 meses em caráter excepcional, após os 60 meses, na forma do art. 57,§ 4º, da Lei nº 8.666/1993
c) art. 57, III: aluguel de equipamentos e utilização de programas de informática, até 48 meses do início da vigência do contrato
	
9.3 a prorrogação do prazo de vigência de contrato administrativo exige prévia autorização escrita e fundamentada da autoridade competente para celebrar o contrato, conforme exige o art. 57, § 2º, da Lei 8.666
9.4 os contratos administrativos de prestação de serviços a serem executados de forma contínua (por exemplo, limpeza urbana, coleta de lixo, locação de veículos etc.) poderão ter seu prazo de vigência prorrogado até o limite de 60 meses, mediante autorização da autoridade competente; e, excepcionalmente, até por mais 12 meses, totalizando até 72 meses, desde que haja circunstância excepcional a motivar a prorrogação e autorização da autoridade superior (art. 57, § 4º)
9.4.1 para que a Administração Pública prorrogue o prazo de vigência dos contratos administrativos de prestação de serviços executados de forma contínua, exige-se, além da autorização da escrita e fundamentada da autoridade competente (art. 57, § 2º), que (a) o contratado esteja cumprindo suas obrigações contratuais e executando satisfatoriamente o objeto do contrato; e (b) o valor do contrato continue a ser vantajoso para a Administração Público
9.4.2 ausentes as condições acima (execução satisfatória e vantajosidade econômica), o contrato administrativo não poderá ser prorrogado
9.5 já para os contratos administrativos de aluguel de equipamentos e utilização de programas de informática (por exemplo, locação de impressoras, utilização de programa de lançamento de tributos, etc.), admite-se a prorrogação do prazo de sua vigência até o limite de 48 meses
9.5.1 a Lei nº 8.666/1993 não prevê a possibilidade de prorrogação excepcional, por mais 12 meses, para os contratos administrativos de aluguel de equipamentos e utilização de programas de informáticas
9.5.2 a prorrogação do prazo de vigência desses contratos também exige autorização escrita e fundamentada da autoridade competente (art. 57, § 2º)
9.5.3 embora a Lei nº 8.666/1993 não seja expressa a respeito, a prorrogação do prazo de vigência dos contratos de aluguel de equipamentos e utilização de programas de informática também se subordina à execução satisfatória do contrato pelo contratado, ao cumprimento das obrigações contratos por parte dele e à vantajosidade da prorrogação em relação ao valor do contrato
9.6 os contratos administrativos de concessão ou permissão de serviço público também devem ter prazo determinado (art. 2º, II, da Lei nº 8.987/1995; art. 2º, § 4º, II, da Lei 11.079/2004 – no caso de contrato de concessão na parceria público-privada, no período de vigência mínimo é de 5 anos, e o máximo, de 35 anos)
9.7 a prorrogação do prazo de vigência do contrato não se confunde com a prorrogação do prazo de execução do objeto do contrato: esta última pode envolver a prorrogação do prazo para início da execução, das etapas da execução, da conclusão ou da entrega do objeto, desde que presentes os motivos previstos no art. 57, § 1º, da Lei nº 8.666/1993, que se relacionam a situações provocadas pela Administração, ou por fato ou ato de terceiro estranho à vontade das partes
10 ALTERAÇÕES DO CONTRATO ADMINISTRATIVO
1. Leitura preliminar: arts. 65; 58, §§ 1º e 2º; e 78, XIII, da Lei nº 8.666/1993
10.1 as alterações do contrato administrativo podem ocorrer de duas formas, conforme dispõe o art. 65 da Lei nº 8.666/1993:
a) determinadas unilateralmente pela Administração (art. 65, I)
b) fruto de acordo entre as partes (Administração e contratado) (art. 65, II)
10.2 as alterações contratuais são levadas a efeito por meio de um instrumento formal e escrito, denominado “termo de aditamento” ou “termo aditivo”, que deve conter, conforme o caso, as mesmas cláusulas essenciais do contrato
A) ALTERAÇÕES UNILATERAIS
10.3 a alteração unilateral do contrato administrativo, por determinação única e exclusiva da Administração Pública, representa uma das cláusulas exorbitantes ao Direito comum incidentes nos contratos administrativos e se fundamenta no fato de os interesses públicos serem variáveis, supremos e indisponíveis. Por consequência, dentro de certos limites e respeitos os direitos patrimoniais do contratado, a Administração pode alterar de forma unilateral o contrato administrativo de forma a ajustá-lo às finalidades públicas provenientes da realidade mutante
10.4 a possibilidade de alteração para melhor adequar o contrato aos interesses públicos significa que o agente público competente deve estar atento às conveniências da Administração Pública, principalmente para harmonizar o objeto do contrato aos interesses coletivos prementes
10.5 a prerrogativa de alterar unilateralmente o contrato administrativo, por determinação da Administração Pública, abrange somente suas cláusulas regulamentares, isto é, as que se relacionam com o objeto do contrato ou com o seu modo de execução
10.6 as cláusulas econômico-financeiras (que expressam valores, forma, tempo e lugar de pagamento) e monetárias (reajuste, conversão cambial etc.) não podem ser alteradas unilateralmente, sem prévia concordância do contratado, conforme previsão expressa no art. 58, § 1º, da Lei nº 8.666/1993
10.7 a alteração unilateral do contrato que acarreta aumento dos encargos do contratado deve ser seguida do restabelecimento, feito pela Administração, por aditamento, do equilíbrio econômico-financeiro do ajusto inicial rompido (art. 65, § 6º, da Lei nº 8.666/1993; art. 37, XXI, CF)
10.8 as modificações unilaterais devem ser pautadas em justificativas plausíveis, devendo ser precedidas de motivação expressa, evidenciadas pela superveniência de motivos justificadores devidamente comprovados
10.9 o art. 65, I, da Lei nº 8.666/1993 estabelece duas hipóteses de alteração unilateral:
a) alínea “a”: alteração qualitativa do objeto, que envolve modificação do projeto ou das especificações, para melhor adequação técnica aos seus objetivos
b) alínea “b”: alteração quantitativa do objeto, que envolve a modificação do valor contratual em decorrência de acréscimo ou diminuição da quantidade de seu objeto, nos limites previstos em lei
10.10 as alterações qualitativas, que implica modificação do projeto de obra ou serviço ou suas especificações, devem visar à melhor adequação técnica da obra ou serviço a seus objetivos e não podem resultar na descaracterização do objeto do contrato
10.11 as alterações unilaterais obedecem aos seguintes limites (art. 65, § 1º):
a) 25% de acréscimo ou supressão do valor atualizado do contrato, em se tratando de obras, serviços e compras
b) 50% de acréscimo ao valor atualizado do contrato, em se tratando de reforma de edifício ou equipamento
10.12 dentro dos limites indicados nos itens “a” e “b” do item anterior, o contratado é obrigado a aceitar os acréscimos e supressões determinados pela Administração Pública no âmbito do contrato administrativo
10.13 as supressões resultantes de acordo entre as partes poderão exceder aos limites indicados nos itens “a” e “b” acima
10.14 a supressão que acarrete modificação do valor inicialdo contrato além dos limites legais permitidos constitui motivo para rescisão do contrato, nos termos do art. 78, XIII, da Lei nº 8.666/1993, sendo possível, porém, neste caso, que se dê continuidade à execução do contrato se houver acordo entre as partes (art. 65, § 2º, II)
10.15 no caso de supressão de obras, bens ou serviços, se o contratado já houver adquirido os materiais e posto no local os trabalhos, o art. 65, § 4º, da Lei nº 8.666/1993, determina que a Administração pague pelos custos de aquisição regularmente comprovados e monetariamente corrigidos, podendo haver indenização por outros danos decorrentes da supressão, desde que regularmente comprovados
B) ALTERAÇÃO POR ACORDO ENTRE AS PARTES
10.16 a alteração do contrato administrativo por acordo entre as partes pode ocorrer, nos termos do art. 65, II, da Lei nº 8.666/1993:
a) quando for conveniente a substituição da garantia da execução do contrato (alínea “a”)
b) quando necessária a modificação do regime de execução da obra ou serviço, bem como do modo de fornecimento, em face de verificação técnica da inaplicabilidade dos termos contratuais originários (alínea “b”)
c) quando necessária a modificação da forma de pagamento, por imposição de circunstâncias supervenientes, mantido o valor inicial atualizado, vedada a antecipação do pagamento, com relação ao cronograma financeiro fixado, sem a correspondente contraprestação de fornecimento de bens ou execução de obra ou serviço (alínea “c”)
d) para o restabelecimento da relação que as partes pactuaram inicialmente entre os encargos do contratado e a retribuição da Administração para a justa remuneração da obra, serviço ou fornecimento, objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis porém de consequências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da execução do ajustado, ou ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea econômica extraordinária e extracontratual (alínea “d”)
C) O INSTRUMENTO DA ALTERAÇÃO CONTRATUAL: O TERMO DE ADITAMENTO OU TERMO ADITIVO
10.17 as alterações do contrato administrativo, inclusive as unilaterais, devem ser feitas por meio de termo de aditamento ou termo aditivo celebrado entre as partes
10.18 o termo de aditamento, ou termo aditivo, é um documento escrito, celebrado entre a Administração Pública e o contratado, que contém as cláusulas essenciais necessárias à modificação do contrato administrativo (por exemplo, alteração da quantidade do objeto, do regime de execução da obra ou serviço, do local de prestação do serviço ou de entrega do bem etc.)
10.19 o termo de aditamento também se presta a prorrogar o prazo de vigência do contrato administrativo, ou o prazo de execução dos serviços, se for o caso
10.20 a celebração do termo de aditamento deve ser precedida de autorização escrita e fundamentada da autoridade competente
10.21 o termo de aditamento é um documento escrito que, a exemplo do contrato administrativo, é lavrado e registrado nas repartições competentes da Administração, devendo ser resumidamente publicado na imprensa oficial até o 5º (quinto) dias útil do mês seguinte ao da assinatura, como condição indispensável para sua eficácia (art. 61, parágrafo único, da Lei nº 8.666/1999)
10.22 além de sua publicação resumida na imprensa oficial, os termos de aditamento celebrados devem ser disponibilizados pela Administração Pública, na íntegra, na internet, por meio de páginas de acesso à informação pública (“portal da transparência”), independentemente de requerimento do interessado (dever de transparência passiva), conforme dispõe o art. 8º, § 1º, IV, da Lei nº 12.527/2011
11 REAJUSTE E REVISÃO DO CONTRATO ADMINISTRATIVO
1. Leitura preliminar: arts. 65, II, “d”; 40, XI; 55, III; e 65, § 8º, da Lei nº 8.666/1993
11.1 o reajuste e a revisão do contrato administrativo são fenômenos similares, mas que não se confundem
11.2 o reajuste contratual incide sobre o valor do objeto do contrato, que pode ficar defasado em função da passagem do tempo
11.2 para evitar que o preço estipulado no contrato fica desatualizado em função do decurso do tempo, a lei admite que o valor do contrato seja reajustado de acordo com o critério e as condições definidas no instrumento convocatório e no contrato
11.3 o critério de reajuste deve estar previsto no instrumento convocatório da licitação (art. 40, XI, da Lei nº 8.666/1993) e no próprio contrato e deve retratar a variação efetiva do custo de produção do bem ou prestação do serviço, sendo admitida a adoção de índices específicos ou setoriais
11.4 o reajuste contratual consiste, portanto, no ajuste do valor do contrato atrelado a índice de custo dos insumos publicado com base em dados oficiais ou de instituições idôneas (FGV, FIPE, IBGE)
11.5 a principal finalidade do reajuste contratual é atualizar o valor do objeto do contrato de acordo com índices oficiais, previamente indicados no instrumento convocatório e no próprio contrato, impedindo que seu valor se torne defasado, o que tornaria a contratação pública pouco atrativa para o mercado
11.6 além de prever o índice aplicável ao reajuste, o contrato também deve prever a periodicidade com que o reajuste será aplicado (por exemplo: o reajuste incide a cada 12 meses, contados da celebração do contrato ou da apresentação da proposta)
11.7 o reajuste contratual geralmente provoca o aumento do valor do pagamento tendo em vista a alteração do custo da prestação ajustada, aumento este que é vinculado a um índice oficial, previsto no instrumento convocatório da licitação e no contrato administrativo
11.8 atendidas as condições pactuadas, o reajuste previsto no contrato é um direito do contratado, de acordo com o índice definido no instrumento convocatório e no contrato. O contratado pode, por mera liberalidade, renunciar ao reajuste, mas a Administração Pública não pode se negar a reajustar o valor do contrato, caso o contratado exija 
11.9 o reajuste se diferencia da revisão contratual, pois esta é cabível em face de situações novas, ou seja, de eventos supervenientes e extraordinárias, não previstas ou imprevisíveis, nas quais a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro não pode ser eficazmente efetuada a partir da mera aplicação do reajuste (por exemplo: criação de um novo tributo, incidente sobre o objeto do contrato; aumento súbito do preço de um insumo; escassez do produto no mercado, acarretando aumento do preço etc.)
11.10 diferentemente da revisão, o reajuste não implica alteração do contrato, podendo ser registrado por simples apostila (art. 65, § 8º, da Lei nº 8.666/1993), dispensada a celebração de termo de aditamento e a publicação resumida na imprensa oficial e no portal da transparência. Já a revisão do contrato deve, necessariamente, ser realizada por meio da celebração de termo de aditamento
12 RESCISÃO DO CONTRATO ADMINISTRATIVO
1. Leitura preliminar: arts. 77 a 80; 55, VIII e IX; e 109, I, “e”, da Lei nº 8.666/1993
12.1 a rescisão do contrato administrativo consiste em sua extinção antecipada, ou seja, antes do prazo de vigência pré-estabelecido ou do fim da execução do objeto
12.2 a principal causa da rescisão do contrato administrativo é a sua inexecução total ou parcial (art. 77 da Lei 8.666)
12.3 a rescisão do contrato administrativo pode ocorrer de três formas (art. 79 da Lei 8.666):
a) determinada por ato unilateral e escrito da Administração (inciso I)
b) amigável, por acordo entre as partes (inciso II)
c) judicial, nos termos da legislação vigente (inciso III)
12.4 em qualquer caso de rescisão de contrato administrativo, o ato rescisório deve ser formalmente motivado nos autos do processo administrativo, devendo ser assegurados o contraditório e a ampla defesa ao contratado (art. 78, parágrafo único)
12.5 a rescisão determinada por ato unilateral e escrito da Administração (“rescisão unilateral”) do contrato administrativo pode acontecer pelos seguintes motivos:
a) por motivos associados aocontratado
b) por caso fortuito ou força maior
c) por motivos associados à Administração
12.6 os motivos associados ao contratado, que podem dar ensejo à rescisão unilateral do contrato administrativo, estão previstos nos incisos I a XI e XVIII do art. 78 da Lei 8.666, que são:
a) o não cumprimento de cláusulas contratuais, especificações, projetos ou prazos
b) o cumprimento irregular de cláusulas contratuais, especificações, projetos e prazos
c) a lentidão do seu cumprimento, levando a Administração a comprovar a impossibilidade da conclusão da obra, do serviço ou do fornecimento, nos prazos estipulados
d) o atraso injustificado no início da obra, serviço ou fornecimento
e) a paralisação da obra, do serviço ou do fornecimento, sem justa causa e prévia comunicação à Administração
f) a subcontratação total ou parcial do seu objeto, a associação do contratado com outrem, a cessão ou transferência, total ou parcial, bem como a fusão, cisão ou incorporação, não admitidas no edital e no contrato
g) o desatendimento das determinações regulares da autoridade designada para acompanhar e fiscalizar a sua execução, assim como as de seus superiores
h) o cometimento reiterado de faltas na sua execução, anotadas na forma do § 1o do art. 67 da Lei 8.666
i) a decretação de falência ou a instauração de insolvência civil
j) a dissolução da sociedade ou o falecimento do contratado
k) a alteração social ou a modificação da finalidade ou da estrutura da empresa, que prejudique a execução do contrato
l) descumprimento do disposto no inciso V do art. 27 da Lei 8.666, que trata da proteção ao trabalho do menor (art. 7º, XXXIII, CF), sem prejuízo das sanções penais cabíveis
12.7 se o contratado der causa à rescisão unilateral do contrato pela Administração Público, o Poder Público poderá, de acordo com o disposto no art. 80 da Lei 8.666:
a) assumir imediatamente a execução do objeto do contrato (a critério da Administração – art. 80, § 1º)
b) ocupar e utilizar o local, instalação, equipamentos, material e pessoal empregados na execução do contrato, necessários à sua continuidade, caso em que o ato deve ser precedido de autorização expressa do Ministro de Estado, Secretário de Estado ou Secretário Municipal competente, conforme o caso (cláusula exorbitante) (a critério da Administração – art. 80, § 1º)
c) executar a garantia contratual (obrigação da Administração – art. 80, § 1º)
d) reter créditos do contratado até o limite dos prejuízos causados (obrigação da Administração – art. 80, § 1º)
12.8 a rescisão unilateral também pode ocorrer por fato atribuído à Administração, que evidencia o regime exorbitante dos contratos administrativos, nos seguintes casos (art. 78, XII a XVI, da Lei 8.666):
a) razões de interesse público, de alta relevância e amplo conhecimento, justificadas e determinadas pela máxima autoridade da esfera administrativa a que está subordinado o contratante e exaradas no processo administrativo a que se refere o contrato
b) supressão, por parte da Administração, de obras, serviços ou compras, acarretando modificação do valor inicial do contrato além do limite permitido no § 1o do art. 65 da Lei 8.666
c) suspensão de sua execução, por ordem escrita da Administração, por prazo superior a 120 (cento e vinte) dias, salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra, ou ainda por repetidas suspensões que totalizem o mesmo prazo, independentemente do pagamento obrigatório de indenizações pelas sucessivas e contratualmente imprevistas desmobilizações e mobilizações e outras previstas, assegurado ao contratado, nesses casos, o direito de optar pela suspensão do cumprimento das obrigações assumidas até que seja normalizada a situação
d) atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos devidos pela Administração decorrentes de obras, serviços ou fornecimento, ou parcelas destes, já recebidos ou executados, salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra, assegurado ao contratado o direito de optar pela suspensão do cumprimento de suas obrigações até que seja normalizada a situação
	
e) não liberação, por parte da Administração, de área, local ou objeto para execução de obra, serviço ou fornecimento, nos prazos contratuais, bem como das fontes de materiais naturais especificadas no projeto
12.9 do ato que determina a rescisão unilateral do contrato cabe recurso administrativo (hierárquico), no prazo de 5 dias úteis, a contar da intimação do ato (art. 109, “e”, da Lei 8.666)
12.10 se a rescisão se der por fato atribuído à Administração Pública ou por caso fortuito ou força maior, desde que não haja culpa do contratado, este terá direito, nos termos do art. 79, § 2º, da Lei 8.666:
a) ao ressarcimento pelos prejuízos comprovados
b) à devolução da garantia do contrato
c) aos pagamentos devidos pela execução do contrato até a data da rescisão
d) ao pagamento do custo pela desmobilização
12.11 não há previsão na lei de rescisão unilateral por parte do contratado, ou seja, o contratado jamais pode rescindir o contrato espontaneamente, devendo pleitear a rescisão amigável à Administração (art. 79, II, da Lei 8.666) ou buscar a via judicial (art. 79, III, da Lei 8.666)
12.12 toda rescisão administrativa, amigável ou unilateral, deverá ser precedida de autorização escrita e fundamentada da autoridade competente (art. 79, § 1º, da Lei 8.666)
13 SANCIONAMENTO NO CONTRATO ADMINISTRATIVO
1. Leitura preliminar: arts. 86 a 88; e 109, I, “f”, e III, da Lei nº 8.666/1993
13.1 a aplicação de sanções ao contratado pela Administração Pública contratante pode ocorrer nas hipóteses de inexecução total ou parcial do objeto do contrato, e também é manifestação de prerrogativa exorbitante do Poder Público
13.2 em todo caso, a aplicação de qualquer penalidade deve ser precedida de processo administrativo em que se garanta ao contratado o contraditório e a ampla defesa – a cláusula do “devido processo legal” vale também para a Administração Pública
13.3 a inexecução total ou parcial do contrato administrativo, como já visto, pode levar tanto à rescisão do contrato administrativo como à aplicação de penalidades. Mas a rescisão e as penalidades não se confundem: as penalidades visam sancionar o contratado; a rescisão visa por fim antecipado ao ajuste contratual. As penalidades e a rescisão são consequências distintas da inexecução contratual e podem ocorrer cumulativamente ou não
13.4 o art. 87 da Lei 8.666 prevê as seguintes sanções:
a) advertência
b) multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou no contrato
c) suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de contratar com a Administração, por prazo não superior a 2 anos
d) declaração de inidoneidade para licitar ou contratar com a Administração Pública, feita por Ministro de Estado, Secretário de Estado ou Secretário Municipal, enquanto perdurarem os motivos determinantes da punição ou até que seja promovida a reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a penalidade, após 2 anos de sua aplicação
13.5 suspensão temporária vs. declaração de inidoneidade: 
a) a suspensão temporária é uma penalidade com eficácia restrita à Administração Pública direta, ou à entidade da Administração indireta, do ente federativo que a aplicou (por exemplo, Município de Santos, Município de São Vicente, Município de Praia Grande, Estado de São Paulo, Fundação CASA, Estado do Rio de Janeiro, União, Fundação Nacional do Índio, Instituto Nacional da Seguridade Social – INSS, etc.), impedindo a pessoa suspensa de participar de licitação e de contratar com o ente responsável por aplicar a sanção
b) a declaração de inidoneidade é uma penalidade possui eficácia geral (“erga omnes”) e impedida a pessoa declarada inidônea de participar de licitação e de contratar com qualquer ente federativo, ou entidade da sua Administração indireta (por exemplo, se uma empresa é declarada inidônea para licitar e contratar pelo Estado de São Paulo, ela fica impedida de licitar e contratarnão só com o Estado de São Paulo, mas com todos os entes federativos: União, Estados, DF e Municípios, e com as entidades das suas Administrações indiretas)
13.6 de acordo com o disposto no art. 5, XLVII, “a”, da CF, nenhuma penalidade – inclusive as administrativas – pode ter caráter perpétuo. Assim, a suspensão temporária pode ser aplicada por até 2 anos. Já a declaração de inidoneidade também tem eficácia temporária, mas fica condicionada à remediação dos motivos determinantes da punição ou à promoção da reabilitação, esta, após 2 anos da aplicação dessa penalidade
13.7 cabe recurso administrativo (hierárquico), no prazo de 5 dias úteis, a contar da data da intimação do ato, nos casos de aplicação das penas de advertência, suspensão temporária ou de multa (art. 109, “f”, da Lei 8.666)
13.8 cabe pedido de reconsideração, no prazo de 10 dias úteis, a contar da data da intimação do ato, no caso de declaração de inidoneidade para licitar ou contratar
13.9 sem prejuízo das sanções administrativas por infrações contratuais, o mesmo ato também pode resultar em sanções penais ou de improbidade administrativo, caso também tenha repercussão nessas esferas
14 ÁLEAS CONTRATUAIS
1. Leitura preliminar: arts. 65, I e II, “d”, e 78, XIV, XV e XVI, da Lei nº 8.666/1993
14.1 “áleas contratuais” é a denominação que se atribui a um acontecimento futuro (isto é, posterior ao início da vigência do ajuste contratual) que influi na “economia” do contrato (receita – despesas = lucro do contratado). É o risco que a pessoa contratada corre ao contratar com o Poder Público
14.2 classificam-se as áleas contratuais em áleas ordinárias e áleas extraordinárias, sendo que apenas estas últimas podem dar ensejo ao restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro (“economia do contrato”) rompido pelo acontecimento futuro
14.3 as áleas ordinárias (ou áleas empresariais) são eventos futuros, desfavoráveis e previsíveis, cujos riscos são assumidos pelas partes quando da celebração do contrato administrativo, como, por exemplo, a inflação ordinária. Em razão de sua previsibilidade, as áleas ordinárias não autorizam a alteração contratual para fins de se restabelecer o equilíbrio econômico-financeiro rompido
14.3.1 constitui exemplo de álea ordinária a inflação dos preços. Para fazer frente a esta álea, existe o mecanismo do reajuste do valor do contrato, a ser aplicado periodicamente segundo índices oficiais, conforme já estudado
14.4 as áleas extraordinárias são eventos futuros, desfavoráveis e imprevisíveis, que acarretam a onerosidade excessiva do contrato. São eventos que frustram todos os cálculos que as partem levaram em conta ao celebrar o contrato administrativo. A álea extraordinária perturba o equilíbrio econômico-financeiro do contrato, reclamando sua revisão
14.5 doutrinariamente, as áleas extraordinárias são classificadas em áleas administrativas e áleas econômicas
A) ÁLEAS (EXTRAORDINÁRIAS) ADMINISTRATIVAS
14.6 as áleas administrativas se relacionam com a atuação direta ou indireta da Administração Pública em relação ao contrato, causando o rompimento do equilíbrio econômico-financeiro do contrato
14.6.1 as áleas administrativas subdividem-se em: 
a) alteração unilateral do contrato
b) fato da Administração 
c) fato do príncipe
14.6.2 já tratamos, em item precedente, das alterações unilaterais do contrato, determinadas por ato da Administração Pública
14.6.3 o fato da administração consiste em toda ação ou omissão do Poder Público que, incidindo direta e especificamente sobre o contrato, retarda, dificulta ou impede sua execução
14.6.3.1 o fato da administração pode dar ensejo:
a) ao direito à recomposição do equilíbrio econômico-financeiro do contrato (revisão)
b) à suspensão na execução do contrato, sem as sanções administrativas normalmente cabíveis, até que seja normalizada a situação
c) à rescisão do contrato
14.6.3.2 são exemplos de fatos da Administração:
a) atraso superior a 90 dias dos pagamentos pela Administração decorrentes de obras, serviços ou fornecimentos, ou de parcelas destes, já recebidos ou executados, salvo em caso de guerra, calamidade pública ou grave perturbação da ordem interna (art. 78, XV, da Lei 8.666)
b) suspensão da execução, por ordem escrita da Administração, por mais de 120 dias, ou ainda por repetidas suspensões que totalizem esse prazo, salvo em caso de guerra, calamidade pública ou grave perturbação da ordem interna (art. 78, XIV, da Lei 8.666)
c) não liberação, por parte da Administração, de área, local ou objeto para execução de obra, serviço ou fornecimento, nos prazos contratuais, bem como das fontes materiais naturais especificadas no projeto (art. 78, XVI)
14.6.3.3 nos casos “a” e “b”, acima, o contratado pode optar pela suspensão do cumprimento de suas obrigações até que seja normalizada a situação, em vez de pleitear administrativa ou judicialmente a rescisão contratual
14.6.4 o fato do príncipe consiste na determinação estatal imprevisível, que não se relaciona diretamente com o contrato administrativo, visto que possui caráter geral, mas que onera reflexa e substancialmente sua execução
14.6.4.1 o fato do príncipe é uma álea contratual extraordinária e extracontratual, pois, se a Administração altera unilateralmente o contrato, ocorre responsabilidade contratual
14.6.4.2 o reconhecimento do fato do príncipe depende da comprovação do nexo de causalidade entre a medida geral do Estado e sua repercussão sobre o equilíbrio do contrato administrativo (por exemplo, instituição ou majoração de um tributo que atinge a atividade objeto do contrato administrativo)
14.6.4.3 o fato do príncipe também pode ser utilizado para excluir a responsabilidade do particular pela ausência de execução do contrato, uma vez que este foi atingido reflexamente pela ação do próprio Estado, o que lhe possibilita pleitear, caso a onerosidade se torne excessiva, a rescisão contratual administrativa ou judicialmente
14.6.4.4 no sistema jurídico brasileiro, a teoria do fato do príncipe é invocada apenas se a autoridade que determinou a medida for da mesma esfera de governo daquela que celebrou o contrato, pois, se se trata de autoridade de outra esfera, aplica-se a teoria da imprevisão
14.6.4.5 exemplos de fato do príncipe: alterações tributárias, suspensão de importação de bens, corte de verbas orçamentárias ou subsídios, alteração de política econômica financeira ou cambial do governo
B) ÁLEAS (EXTRAORDINÁRIAS) ECONÔMICAS
14.7 as áleas econômicas consistem em circunstâncias externas ao contrato, estranhas à vontade das partes, imprevisíveis, excepcionais, inevitáveis, que causam desequilíbrio econômico-financeiro no contrato administrativo. Ocorrendo álea econômica, aplica-se a teoria da imprevisão
14.7.1 a teoria da imprevisão se relaciona com as cláusulas rebus sic stantibus e pacta sunt servanda e está prevista no art. 65, II, “d”, da Lei 8.666, que admite a possibilidade de alteração do contrato por acordo entre as partes, para restabelecer a relação de equilíbrio que as partes pactuaram inicialmente se “sobrevierem fatos imprevisíveis, ou previsíveis porém de consequências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da execução do ajustado”
14.7.2 a teoria da imprevisão é uma álea econômica (acontecimento externo ao contrato), que é acompanhado das seguintes características:
a) imprevisibilidade quanto à ocorrência ou às consequências
b) anormalidade, pois se trata de álea extraordinária (algo que não seja comum)
c) alheio à vontade das partes
d) onerosidade excessiva ao contrato
14.7.3 a imprevisão pode gerar duas consequências:
a) a rescisão do contrato, sem atribuição de culpa ao contratado, caso não haja possibilidade de continuação da execução do contrato (art. 78, XVII, da Lei 8.666)
b) a revisão do contrato, por acordo entre as partes, com a possibilidade de restabelecimento do equilíbrio econômico-financeiro do contrato, que foi rompido (art. 65, II, “d”, da Lei 8.666)
15 ARBITRAGEM NOS CONTRATOS ADMINISTRATIVOS
15.1 extrai-se do art. 54 daLei 8.666 a possibilidade de emprego da arbitragem para resolução de controvérsias advindas dos contratos administrativos, a partir da determinação de que os contratos administrativos se regulam por suas cláusulas e pelos preceitos de Direito Público, aplicando-se-lhes, supletivamente, os princípios da Teoria Geral dos contratos e as disposições de Direito Privado
15.2 no Superior Tribunal de Justiça, tem-se admitido o uso da arbitragem nos contratos administrativos para matérias envolvendo Direito Público disponíveis, isto é, em assuntos de natureza contratual ou privada
15.3 a Lei 8.987/1995 (Lei de Concessões) foi alterada pela Lei 11.196/2005, para prever que o contrato de concessão ou de permissão de serviço público pode prever o emprego de mecanismos privados de resolução de disputas decorrentes ou relacionadas ao contrato, inclusive a arbitragem, a ser realizada no Brasil e em língua portuguesa, nos termos da Lei 9.307/1996 (Lei da Arbitragem)
15.4 a Lei 11.079/2004 (Lei das PPPs) também previu, em seu art. 11, III, a possibilidade de o emprego de mecanismos privados de resolução de disputas decorrentes ou relacionadas ao contrato de PPP, inclusive a arbitragem
15.5 algumas leis de agências reguladoras também preveem expressamente o uso de arbitragem (Lei da ANTT e da ANTAQ, Lei da ANP)
16 EXTINÇÃO DO CONTRATO ADMINISTRATIVO
1. Leitura preliminar: arts. 49, 73 e 74 da Lei nº 8.666/1993
16.1 o contrato administrativo pode ser extinto das seguintes formas:
a) por cumprimento do objeto pactuado (por exemplo, entrega da obra pública, entrega do bem adquirido pela Administração, término da prestação do serviço contratado, etc.)
b) pelo término do prazo de vigência ajustado, que opera a extinção de pleno direito (por exemplo, término do prazo de vigência de 30 anos do contrato de concessão de um serviço público)
c) por impossibilidade material ou jurídica do cumprimento do avençado (por exemplo, perda do objeto do contrato ou falência ou falecimento do contratado)
d) invalidação do contrato administrativo, por vício insanável
e) por rescisão amigável, administrativa (unilateral) ou judicial
16.2 a extinção do contrato pode ocorrer com o cumprimento do objeto contratado. A Administração deve rejeitar, no todo ou em parte, obra, serviço ou fornecimento executado em desacordo com o disposto no contrato
16.3 executado o objeto do contrato, o seu objeto será recebido:
a) em se tratando de obras ou serviços: (1) provisoriamente, pelo responsável por seu acompanhamento e fiscalização, mediante termo circunstanciado, assinado pelas partes em até 15 (quinze) dias da comunicação escrita do contratado; (2) definitivamente, por servidor ou comissão designada pela autoridade competente, mediante termo circunstanciado, assinado pelas partes, após o decurso do prazo de observação, ou vistoria que comprove a adequação do objeto aos termos contratuais, observado o disposto no art. 69 da Lei 8.666
b) em se tratando de compras ou locação de equipamentos: (1) provisoriamente, para efeito de posterior verificação da conformidade do material com a especificação; (2) definitivamente, após a verificação da qualidade e quantidade do material e consequente aceitação
16.3.1 caso a Administração não realize esses procedimentos nos prazos fixados, reputar-se-ão como realizados, desde que comunicados à Administração no prazo de 15 dias anteriores à sua exaustão
16.3.2 pode haver dispensa do recebimento provisório e pagamento mediante recibo, nos casos: a) de gêneros perecíveis e alimentação preparada; b) de serviços profissionais; c) obras e serviços de valores até R$ 176 mil (art. 23, II, “a”, da Lei 8.666, atualizado pelo Decreto 9.412/2018), desde que não se componham de aparelhos, equipamentos e instalações sujeitos à verificação de funcionamento e produtividade
16.4 a invalidação do contrato administrativo tem eficácia retroativa, ou seja, além de impedir a produção de novos efeitos, ela tornará inválidos os efeitos já produzidos, de acordo com o art. 59 da Lei 8.666
16.4.1 a invalidação do contrato administrativo não dispensa a Administração contratante do dever de indenizar a contratada pelo que esta houver executado até a data em que houver a invalidação e por outros prejuízos regularmente comprovados, contanto que não seja imputável à contratada o vício que acarreta a nulidade, promovendo-se a responsabilização de quem lhe deu causa (art. 59, parágrafo único, da Lei 8.666)
16.4.2 a respeito da invalidação do contrato administrativo, vale lembrar a previsão do § 2º do 49 da Lei 8.666: a nulidade do procedimento licitatório induz à do contrato que dele houver se originado, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 59 [dever de indenizar o contratado]
SERVIÇOS PÚBLICOS
1 ATIVIDADES ESTATAIS E SERVIÇOS PÚBLICOS
1. Leitura preliminar: art. 175 da Constituição Federal
1.1 desde sua consolidação no Ocidente, no início da Modernidade (século XVIII), até a era contemporânea, o Estado passou a desenvolver uma série de atividades (perspectiva evolutiva):
a) exercício de poder de polícia
b) promoção de melhorias de infraestrutura
c) prestação de serviços públicos
d) exploração direta de atividades econômicas
e) desenvolvimento de políticas públicas
f) regulação de atividades econômicas e serviços públicos
g) gestão de bens públicos e ordenamento do espaço urbano
h) fomento de atividades de interesse público não privativas do Estado (terceiro setor) 
1.2 é importante frisar a distinção entre poder de polícia e prestação de serviços públicos: 
a) o poder de polícia, apesar de desenvolvido para a proteção de todas as pessoas, visa restringir, limitar e condicionar, as possibilidades de atuação livre dos administrados em proveito do bem-estar coletivo, agindo o Estado de forma negativa e condicionante
b) o serviço público visa ofertar uma utilidade ao administrado, ampliando, assim, o seu desfrute de comodidades, mediante prestações feitas em prol de cada qual, tendo caráter positivo e prestacional
1.3 no serviço público, há controle permanente do Estado sobre a gestão do serviço, porque se trata de atividade titularizada pelo Poder Público, conforme dispõe o art. 175 da Constituição Federal: 
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.
1.4 a titularidade dos serviços públicos que a Constituição atribui ao Estado, será sempre do Estado, mas a sua prestação pode ser feita:
a) de forma direta, por meio de seus entes públicos (órgãos da Administração direta ou entidades da Administração indireta)
b) de forma indireta, mediante delegação a pessoas privadas, sob o regime de concessão, permissão ou autorização do serviço público cuja titularidade é estatal, ou parcerias com entidade do terceiro setor
2 SERVIÇOS PÚBLICOS x ATIVIDADES ECONÔMICAS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
	CONSTITUIÇÃO FEDERAL
	Atividade econômica
	Serviços públicos
	Atuação direta (excepcional)
	
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos.
	Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
	
	Agente normativo e regulador (regra)
	
	Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.
	
2.1 nos termos do parágrafo único do art. 175 da Constituição Federal, na seara dos serviços públicos, a lei disporá sobre:
a) o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as condições de caducidade, fiscalizaçãoe rescisão da concessão ou permissão
b) o direito dos usuários
c) política tarifária
d) obrigação de manter “serviço adequado”
2.2 há serviços públicos privativos, que só podem ser prestados diretamente pelo Estado ou em regime de delegação, e os serviços públicos não privativos, como saúde e educação (Constituição Federal, arts. 199 e 209, respectivamente), que são livres à iniciativa privada, independentemente de delegação do Estado, ainda que o Estado atue como agente regulador[footnoteRef:5] (não confundir “serviços públicos privativos” com monopólio) [5: É o caso, por exemplo, da atuação privada na esfera da saúde suplementar (planos de saúde). Embora a saúde suplementar seja uma atividade privada, está sujeita a forte regulação estatal, realizada por uma agência reguladora federal (Agência Nacional de Saúde Suplementar – ANS), que regula a política tarifária, autoriza reajustes nos valores dos planos de saúde, disciplina direitos e deveres dos usuários etc.] 
2.3 a atuação direta do Estado na atividade econômica em sentido amplo pode se dar por meio: 
a) da prestação de serviços públicos (Constituição Federal, art. 175: titularidade do Estado, que pode prestá-los diretamente ou em regime de delegação; visa ao desenvolvimento e ao bem-estar social)
b) da exploração da atividade econômica em sentido estrito (Constituição Federal, art. 173: livre mercado ou monopólio; sempre visa ao lucro)
2.4 os serviços públicos são atividades econômicas em sentido amplo, cujo desenvolvimento compete preferencialmente ao setor público, mas não exclusivamente a este, pois o Estado pode delegar a prestação de um serviço público ao setor privado, em regime de concessão, permissão ou autorização
2.5 mesmo quando delega a prestação de serviços públicos a particulares, o Estado não deixa de atuar no domínio dos serviços públicos, mas não como prestador, e sim como agente regulador (agências reguladoras) e fiscalizador (do contrato de concessão ou termo de permissão ou autorização)
2.6 a intervenção direta do Estado no domínio econômico, mediante a exploração de uma atividade econômica, é medida excepcional, conforme preceitua o art. 173 da Constituição Federal: 
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
2.7 há duas formas de o Estado explorar diretamente uma atividade econômica: em regime de livre concorrência e em regime de monopólio (por exemplo: arts. 20, XXIII, e 177 da Constituição Federal definem as atividades que são monopólio da União)
2.8 quando o Estado monopoliza determinada atividade econômica, ele suprime a concorrência por questões estratégicas. Monopólio não se confunde com serviço público, pois enquanto aquele recai sobre uma atividade econômica em sentido estrito, o serviço público não implica situação de monopólio, mas regime de privilégio, justamente porque não se enquadram no campo das atividades de livre mercado
2.9 o único instrumento de exploração direta de uma atividade econômica pelo Estado são as empresas estatais (empresas públicas, sociedades de economia mista e suas subsidiárias). Mas atenção: as empresas estatais tanto podem prestar serviços públicos como explorar uma atividade econômica. Quando as empresas estatais atuam diretamente no domínio econômico, em regime de livre concorrência ou livre mercado, elas não gozam de privilégios fiscais não extensivos às do setor privado (Constituição Federal, art. 173, § 2º) e seu regime jurídico é mais próximo ao das empresas privadas. Quando as empresas estatais prestam serviços públicos, seu regime jurídico se afasta do regime das empresas privadas e aproxima do regime jurídico-administrativo, em função da essencialidade de seu objeto social (serviços públicos): o patrimônio, bens e rendas têm imunidade tributária, por exemplo
3 O CONCEITO DE SERVIÇO PÚBLICO
3.1 o conceito de serviço público é uma noção história, que varia no tempo e no espaço, conforme aquilo que a coletividade espera da atuação do Estado e do que a lei qualifica como serviço público
3.2 segundo Eros Roberto Grau, serviço público é a atividade definida explícita ou implicitamente pela Constituição como indispensável, em determinado momento histórico, à realização e ao desenvolvimento da coesão e da interdependência social
3.3 são finalidades que qualificam determinadas atividades como serviços públicos:
a) proteger setores delicados ou estratégicos da especulação privada (ex.: saúde, educação e segurança pública)
b) propiciar o benefício do serviço às pessoas carentes economicamente (justiça social) (ex.: habitação)
c) suprir carências da iniciativa privada (ex.: transporte público)
d) favorecer o progresso técnico ou o desenvolvimento nacional (ex.: educação e pesquisas científicas)
e) ordenamento o aproveitamento de recursos finitos, como os hidráulicos e os hidroelétricos (ex.: saneamento básico e geração, transmissão e distribuições de energia elétrica)
3.4 existem três critérios básicos que possibilitam a delimitação da noção de serviço público:
a) critério subjetivo ou orgânico, segundo o qual serviço público é a atividade prestada pelo Estado ou por órgão público
b) critério material, segundo o qual serviço público é a atividade que tem por finalidade a satisfação de necessidades coletivas
c) critério formal, segundo o qual serviço público seria a atividade exercida em regime jurídico de Direito Público, com disposições exorbitantes
3.5 a doutrina questiona a suficiência de um único critério para o enquadramento de uma atividade como serviço público:
a) crítica ao critério subjetivo ou orgânico: nem toda atividade desenvolvida pelo Estado é serviço público e particulares também podem prestar serviço público
b) crítica ao critério material: nem toda atividade que supre necessidade pública é serviço público
c) crítica ao critério formal: pode ocorrer a aplicação de regras e princípios do Direito Privado no regime jurídico dos serviços públicos, sobretudo se prestados por empresas estatais
3.6 nenhum critério, por si só, é capaz de identificar uma atividade estatal como serviço público, sendo necessária a conjugação de dois ou mais critérios para tanto
3.7 assim, podemos definir serviço público como a atividade prestacional, que incumbe ao Poder Público, com ou sem caráter privativo, sendo por ele desenvolvida diretamente ou por contrato de concessão ou permissão, com regime de exorbitância ou tendo em vista restrições especiais estabelecidas para a satisfação de necessidades coletivas que o ordenamento jurídico confere especial proteção
3.8.1 são elementos do conceito de “serviço público”:
a) atividade prestacional
b) incumbência do Poder Público, com ou sem caráter privativo
c) o Estado pode prestar o serviço público diretamente ou mediante delegação (concessão, permissão ou autorização) ou parceria (entidades do terceiro setor) (critério subjetivo mitigado)
d) o regime jurídico do serviço público tanto pode ser integralmente público (quando prestado pela Administração direta, autárquica ou fundacional, por exemplo) ou parcialmente exorbitante (delegatárias [contratos com cláusulas exorbitantes] ou empresas estatais) (critério formal mitigado)
e) voltado à satisfação de necessidades coletivas, conforme definidas no ordenamento jurídico (critério material mitigado [necessidades coletivas] + critério formal [definição legal das necessidades coletivas])
4 PRINCÍPIOS (ESPECÍFICOS) DOS SERVIÇOS PÚBLICOS
1. Leitura preliminar: art. 6º da Lei n
º 8.987/1995; art. 4º da Lei nº 13.460/2017
4.1 além dos princípios gerais que compõem o regime jurídico-administrativo (supremacia e indisponibilidade do interesse público, legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência, motivação e segurança jurídica), os serviços públicos estão sujeitos aos seguintes princípios:
a) princípio da generalidade ou igualdade dos usuários(art. 6º, § 1º, da Lei nº 8.987/1995; art. 4º da Lei nº 13.460/2017): todos os usuários do serviço público devem receber a prestação do serviço e receber tratamento igualitário
b) princípio da modicidade tarifária (art. 6º, § 1º, da Lei nº 8.987/1995): o valor da tarifa cobrada do usuário de ser módico, isto é, não exagerado, moderado, comedido
c) princípio da mutabilidade do regime jurídico (cláusulas contratuais exorbitantes): havendo contrato administrativo de prestação de serviço público, o seu regime jurídico terá prerrogativas especiais a favor da Administração Pública (“cláusulas exorbitantes”) para garantir o atendimento da finalidade pública
d) princípio da continuidade (art. 6º, § 3º, da Lei nº 8.987/1995): a prestação do serviço público deve ser contínua, mesmo diante de situações adversas
e) princípio da regularidade (art. 4º da Lei nº 13.460/2017): a prestação do serviço público deve obedecer aos princípios e regras jurídicas pertinentes
f) princípio da efetividade (art. 4º da Lei nº 13.460/2017): a prestação do serviço público deve atender efetivamente às necessidades dos usuários
g) princípio da segurança (art. 4º da Lei nº 13.460/2017): a prestação do serviço público deve garantir a segurança dos usuários, agentes públicos, funcionários e demais envolvidos
h) princípio da atualidade (art. 4º da Lei nº 13.460/2017): a prestação do serviço público deve se manter com padrões de qualidade sempre atuais
i) princípio da transparência (art. 4º da Lei nº 13.460/2017): todas as informações relacionadas ao serviço público sujeitam-se às regras de transparência pública e de acesso à informação
j) princípio da cortesia (art. 4º da Lei nº 13.460/2017): a prestação do serviço público deve ser feita de forma cortês, gentil, polida e solícita para o usuário
5 CLASSIFICAÇÕES
5.1 quanto à essencialidade:
a) serviços públicos propriamente ditos (ex.: segurança pública, defesa nacional, saúde e educação)
b) serviços de utilidade pública (ex.: táxi, transporte individual privado)
5.2 quanto à delegabilidade:
a) serviços públicos próprios ou indelegáveis (ex.: segurança pública e defesa nacional)
b) serviços públicos impróprios ou delegáveis (ex.: transporte coletivo, saneamento básico, saúde e educação)
5.3 quanto ao objeto:
a) serviços públicos administrativos (ex.: gestão de centros administrativos; serviços de tecnologia da informação)
b) serviços públicos comerciais ou industriais (ex.: transporte coletivo, geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, telecomunicações)
c) serviços públicos sociais (ex.: saúde, educação, saneamento básico)
5.4 quanto à determinação do usuário:
a) serviços públicos gerais ou “uti universi” (ex.: segurança pública e defesa nacional, geração e transmissão de energia elétrica, iluminação pública)
b) serviços públicos individuais, de fruição individual ou “uti singuli” (ex.: saúde, educação, saneamento básico, telecomunicações, distribuição de energia elétrica, transporte coletivo)
5.5 quanto à onerosidade para o usuário:
a) serviços públicos gratuitos (ex.: saúde, educação e segurança pública)
b) serviços públicos onerosos (ex.: transporte coletivo e saneamento básico)
6 REPARTIÇÃO CONSTITUCIONAL DE COMPETÊNCIAS NOS SERVIÇOS PÚBLICOS
1. Leitura preliminar: arts. 21, 23, 25 e 30 da Constituição Federal
6.1 na federação brasileira, que divide as competências legislativas e administrativas entre a União, os Estados, o DF e os Municípios, a repartição constitucional de competências atinge também os serviços públicos
6.2 os serviços públicos de competência privativa da União estão previstos no art. 21 da Constituição Federal e são:
a) serviço postal e correio aéreo nacional
b) telecomunicações
c) radiodifusão sonora e de sons e imagens
d) energia elétrica e aproveitamento energético, com os respectivos Estados, dos cursos de água
e) navegação aérea, aeroespacial e infraestrutura portuária
f) transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transponham os limites dos Estados
g) transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros
h) portos marítimos, fluviais e lacustres
6.3 os Estados possuem as seguintes competências privativas, previstas no art. 25 da Constituição Federal:
a) explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços locais de gás canalizado
b) os serviços públicos no âmbito de regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum
6.5 os Estados ainda possuem competência residual ou remanescente para os serviços não enumerados como atribuições da União ou dos Municípios e não dispostos como competência comum dos entes federados (art. 25, § 1º, da Constituição Federal), mais os serviços locais de gás canalizado (art. 25, § 2º, da Constituição Federal) e os serviços prestados no âmbito de regiões metropolitanas, aglomerados urbanos e microrregiões (art. 25, § 3º, da Constituição Federal)
6.6 os Municípios têm competência para organizar e prestar serviços públicos de interesse local (não há um rol taxativo ou exemplificativo desses serviços de interesse local na Constituição Federal), como os serviços de transporte coletivo de passageiros, de iluminação pública, de saneamento básico, de manejo de resíduos sólidos urbanos, funerários etc.
6.7 o art. 23 da Constituição Federal dispõe sobre as competências materiais comuns, que são as tarefas que podem ser desenvolvidas por todos os entes federativos, como saúde, assistência pública, proteção e garantia das pessoas com deficiência, acesso à cultura e à educação, a promoção de programas de construção de moradia e a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico
6.8 o parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal prevê que lei complementar poderá fixar normas para a cooperação entre a União e os Estados, o DF e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional
6.9 o Distrito Federal reúne as competências dos Estados e dos Municípios
	DISTRIBUIÇÃO CONSTITUCIONAL DE COMPETÊNCIAS EM SERVIÇOS PÚBLICOS
	União
	Estados
	Distrito Federal
	Municípios
	Comuns
	Art. 21: competências privativas
	Art. 25, § 1º: competências residuais
Art. 25, § 2º: gás canalizado
Art. 25, § 3º: regiões metropolitanas, aglomerados urbanos e microrregiões
	Art. 32, § 1º: competências dos Estados e dos Municípios
	Art. 30: competências para assuntos de interesse local
	Art. 23: competências comuns de todos os entes federados
7 MODOS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PÚBLICO
7.1 os serviços públicos, que são titularizados pelo Poder Público, podem ser prestados diretamente pela Administração Pública (prestação ou execução direta) ou delegados a particulares, em regime de concessão, permissão de serviço público ou mediante parcerias com entidades do terceiro setor (prestação ou execução indireta)
	MODOS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO PÚBLICO
	Direto
	Órgãos da Administração direta
	
	Entidades da Administração indireta (autarquias, fundações públicas e empresas estatais)
	
	Consórcios públicos
	
	Parcerias entre entes federados (convênio de cooperação + contrato de programa)
	Indireto
	Organizações sociais
	
	Concessão (comum ou parceria público-privada)
	
	Permissão
	
	Autorização
7.2 prestados diretamente pela Administração Pública, estão sujeitos ao regime jurídico-administrativo “puro”, e ao regime jurídico-administrativo mitigado pela incidência de normas do Direito Privado, quando desenvolvidos pelas empresas estatais (sobretudo, sociedades de economia mista)
7.3 os serviços públicos desenvolvidos por entidades da Administração indireta são chamados de “serviços públicos descentralizados”
8 CONSÓRCIOS PÚBLICOS
1. Leitura preliminar: art. 241 da Constituição Federal; e arts. 2º, § 3º, e 4º, XI, da Lei nº 11.107/2005 
8.1 consórcio público é uma pessoa jurídica integrante da Administração indireta, com

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