Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ACAPS - Academia de Administração Prisional e Socioeducativa Endereço: Rua Heitor Blum 280 | Estreito | Florianópolis/SC | 88075-110 E-mail: acaps@sap.sc.gov.br / Telefone: (48)3665-9097 - Secretaria Acaps CFP2020 ACAPS – Academia de Administração Prisional e Socioeducativa Autores: Alexsandro Luiz Julio, Anderson Manoel dos Santos, Gabriel Eduardo dos Santos [ATENDIMENTO PRÉ- HOSPITALAR] O Atendimento Pré-Hospitalar consiste nos cuidados realizados antes do atendimento hospitalar. O seu objetivo é minimizar sequelas, dar condições para que pessoas vítimas de acidentes ou eventos que comprometam sua saúde possam ter uma condição melhor para uma atendimento mais qualificado. LISTA DE ABREVIAÇÕES DEAP – Departamento de Administração Prisional SAP – Secretaria de Estado da Administração Prisional e Socioeducativa APH – Atendimento Pré-Hospitalar PHTLS – Prehospitalar Trauma Life Suport CIT – Centro de Informações e Assistência Toxicológicas MERCOSUL – Mercado Comum do Sul SAMU – Serviço de Atendimento Móvel de Urgência EPI – Equipamento de Proteção Individual RCP – Reanimação Cardiorrespiratória CBMSC – Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina BPM – Batimentos por minuto MRPM – Movimentos Respiratórios por minuto VOS – Ver, Ouvir e Sentir PA – Pressão Arterial START – Simple Triage And Rapid Treatment AMUVI - Atendimento com Múltiplas Vítimas FR – Frequência respiratória PR – Parada Respiratória PCR – Parada Cardiorrespiratória OVACE – Obstrução das Vias Aéreas por Corpo Estranho FAF – Ferimento por Arma de Fogo FAB – Ferimento por Arma Branca SWAT – Special Weapons and Tatics DOC – Doctor GEPAO/RS – Grupamento de Paramédicos e Apoio Operacional/Resgate e Salvamento GSAR – Grupo de Salvamento e Resgate GAPH – Grupo de Ações Pré-hospitalares POE/GRT – Pelotão de Operações Especiais/ Grupo de Resposta Tática TQmil – Torniquete Militar CTECC – Committe for Tatical Emergency Casualty Care INTRODUÇÃO A presente apostila apresenta os conteúdos que serão ministrados durante o curso de formação inicial para Agentes Penitenciários do Departamento de Administração Prisional – DEAP – da Secretaria de Estado da Administração Prisional e Socioeducativa do Estado de Santa Catarina – SAP – do Estado de Santa Catarina, referente a disciplina de Atendimento Pré-Hospitalar. A mesma é base para a instrução e será usada na elaboração das questões da disciplina para as avaliações previstas no edital 001/2019 – SAP/SC do presente concurso público. IMPORTÂNCIA DO ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR NO COTIDIANO Inicialmente devemos entender a diferença entre o Atendimento Pré-Hospitalar - APH e o atendimento Intra-Hospitalar. O primeiro são cuidados imediatos a alguém ferido ou doente, com a finalidade de: preservar a vida, promover a recuperação ou prevenir que o caso piore, portanto trata-se de uma atenção rápida, imediata a uma pessoa que está em perigo de vida, realizando tais cuidados para manter as suas funções vitais e reduzindo seus agravos até que a vítima receba atendimento de emergência adequado. O atendimento Intra-hospitalar são todos os procedimentos realizados em uma unidade de saúde, desde o recebimento até a alta do paciente e/ou vítima de trauma, compreendidos em ambiente controlado. Os primeiros cuidados também podem ocorrer dentro do hospital caso nenhum técnica tenha sido aplicada na pessoa vítima de um evento traumático. Afinal, qual a importância do APH em nosso dia-a-dia. Segundo Nicholas Senn, MD (1844-1908): “O destino dos feridos está nas mãos de quem aplica o primeiro curativo.” (NAEMT-PHTLS, 2016, p.2). Importância no cotidiano pessoal e profissional: Vidas preservadas e sequelas minimizadas; Satisfação pessoal; Incremento de nova técnica no sistema penitenciário. Ênfase em nosso curso? Situações mais comuns dentro do sistema penitenciário (exemplos). Figura 1: Equipes de Atendimento Pré- Hospitalar Fonte: https://saudeemtela.com.br/ Figura 2: Equipe Médica intra hospitalar. Fonte: https://veja.abril.com.br/ LEGISLAÇÃO APLICADA AO ATO DE SOCORRER Omissão de socorro – art. 135 do Código Penal: “Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.” Exposição ao perigo – art. 132 do Código Penal “Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave.” Negligência: falta de cuidado ou de aplicação numa determinada situação, tarefa ou ocorrência. É a indiferença do agente que podendo tomar as cautelas exigíveis, não o faz por displicência ou preguiça. Figura 3: Ocorrências comuns no sistema penitenciário. Fonte:http://biblioteca.cofen.gov.br/ Deve-se entender que, a omissão de socorro passa por um espectro que vai desde a ação direta sob pessoa que necessite socorro passando pelo fato de não chamar socorro especializado ou autoridade competente. Também abandonar a vítima iniciado o atendimento, enquadra-se neste quesito legal. Figura 4: Omissão de socorro. Fonte: https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e- produtos/direito-facil/edicao-semanal/omissao-de-socorro Imprudência: inobservância das precauções necessárias, expondo outros ou a si mesmo a perigo. Imperícia: É a falta de especial habilidade, ou experiência ou de previsão no exercício de determinada função, profissão, arte ou ofício. Recusa de atendimento: Adultos com atividades mentais regulares tem o direito de recusar o tratamento. Pacientes devem ser informados dos riscos, benefícios, tratamentos e alternativas. O socorrista deve obter a assinatura com uma testemunha presente, se possível. Submeter paciente a tratamento contra sua vontade é crime previsto em lei (art 146 do Código Penal – 03 meses a 01 ano). Aceitação implícita: Quando a vítima encontrar-se inconsciente, sem capacidade de assumir seus atos, o socorrista pode agir sem o consentimento da mesma, devido ao risco de vida existente. Figura 5: Exemplo de negligência. Fonte: https://www.facebook.com/pages/categor y/Media/Negligencia-M%C3%A9dica- 2012063902407315/ Figura 6: Exemplo de imprudência. Fonte: https://www.caaraponews.com.br/noticia/88752/imprude ncia-no-transito Figura 7: Exemplo de imperícia. Fonte: http://alexandrebasileis.blogspot.com/2013/09/impericia-na- conducao.html CANAIS DE EMERGÊNCIA Existem diversos canais que podem ser acionados em casos de emergência, conhecer qual canal acionar é fundamental para uma rápida e efetiva ação em uma situação de crise. VOCÊ SABE A QUEM CHAMAR EM CASO DE EMERGÊNCIA? Como e o que devo informar ao serviço de emergência sobre a ocorrência? Identificação do solicitante; Natureza da ocorrência (acidente trânsito, incêndio, emergência médica, etc.); Dê a melhor localização possível do local; Riscos potenciais (presos amotinados, fios elétricos, produtos perigosos, fogo, etc.); Procedimentos já realizados pelo socorrista; Exponha se existe comoção social no local. Estado de saúde da(s) vítima(s); SEGURANÇA DO SOCORRISTA Em caso de emergência, garanta sua segurança primeiro. Segurança pessoal e da equipe em primeiro lugar; Não seja mais uma vítima; Gerencie a crise. Polícia Militar: 190; Bombeiros: 193; S.A.M.U.: 192; Polícia Rodoviária Federal: 191; Polícia RodoviáriaEstadual: 198; C.E.A.T.O.X.: 0800-014 8110 – C.I.T./UFSC: 0800-643-5252; Concessionária da Rodovia (0800...); Fora do Brasil, informe-se qual o número usado; MERCOSUL 128 (Acordo firmado entre os membros). O que devo fazer no momento em que for intervir na crise? Localizar as vítimas, protegê-las e garantir sua segurança; Chamar socorro especializado; Executar procedimentos de APH, se possível. EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI) E KIT DE ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR Equipamentos de Proteção Individual são todos os dispositivos ou produtos, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado a proteção contra riscos capazes de ameaçar a sua segurança e a sua saúde. Quais seriam os EPI`s de um AgePen que presta APH? Equipamentos mínimos de um socorrista: luvas de látex, óculos de proteção, máscara facial. Já os EPIs de um Agente Penitenciário podem variar a cada situação em que esteja operando, como exemplo, escolta, intervenção, movimentações internas de presos, etc. Ter em mente que mais de um EPI pode ser usado ao mesmo tempo, sem maiores problemas, inclusive deve ser regra dentro do sistema. Podemos somar os dois: Equipamentos de Proteção Individual de nossa profissão; Equipamentos de um socorrista; Figura 8: E.P.I.’s de um socorrista. Fonte: www.google.com Quando se trata de kit de APH, existe uma variedade de materiais. Para um socorrista leigo podemos listar uma série de materiais que poderão solucionar diversas situações em caso de necessidade, são eles: Para o dia a dia da nossa profissão, quanto se trata de materiais para compor um kit de APH, podemos torna-lo mais minimalista, com condições de ser transportado em equipamentos usados diariamente por qualquer profissional, seja em bornais, pochetes ou bolsos de coletes táticos, os quais são: Tesoura (ponta romba); Gases 10x15cm (2 unidades); Ataduras de 10 e/ou 20 cm, (1 de cada); Luva descartável; Mascará facial – descartável ou não; Máscara de RCP descartável. Existem os chamados equipamentos dedicados, de uso em APH tático ou de combate, os quais são desenvolvidos para situações específicas. Estes serão apresentados em outro momento em que for tratado do assunto específico. NOÇÕES DE ANATOMIA HUMANA Anatomia humana é o campo da Biologia responsável por estudar a forma e a estrutura do organismo humano, bem como suas partes. O que nos interessa? Ter noção mínima do corpo humano, ênfase: EPIs; Tesoura sem ponta; Pinça Pequena; Saches de toalhas anti-sépticas; Protetor solar; Manta aluminizada; Gases 10x15cm; Curativos (tipo band-aid) Ataduras de 10 e 20 cm; Termômetro; Repelente de insetos; Soro fisiológico. Posição e divisão do corpo humano; Principais sistemas que podem sofrer danos em caso de acidentes ou traumas. Divisão e conformação do corpo humano O corpo humano é constituído fundamentalmente de cabeça, pescoço, tronco e membros. Posições anatômicas O corpo humano deverá estar na posição ereta, de frente ao observador, braços estendidos ao longo do corpo e as palmas das mãos voltadas para a frente. Figura 9: Divisão do corpo humano. Fonte: https://www.anatomia-papel-e-caneta.com/divisao-do-corpo- humano-posicao-anatomica-e-planos-de-seccao/ Posturas anatômicas decúbitos Planos anatômicos: são três os planos anatômicos principais: Plano mediano: divide o corpo em duas metades, esquerda e direita; Plano transversal: divide o corpo em duas metades, superior e inferior; Plano frontal: divide o corpo em duas metades, anterior e posterior. Figura 10: Posição para estudos em anatomia. Fonte: https://personallplus.wordpress.c om/2015/09/12/posicao- anatomica/ Figura 11: Posição usadas no APH. Fonte: https://www.facebook.com/rtradiologia/photos/a.344532142319716/354733887966208/?type=1&theater Decúbito dorsal: pessoa deitada de costas, com a face para cima, dizemos que ela está em decúbito dorsal ou posição supina. Decúbito ventral: pessoa deitada de frente, com a face voltada ao chão, dizemos que ela está em decúbito ventral ou posição pronada. Decúbito lateral: pessoa deitada lateralmente, dizemos que ela está em decúbito lateral, podemos ainda dizer decúbito lateral esquerdo ou direito. Sistemas do corpo humano Sistema esquelético: O sistema esquelético é constituído de ossos e cartilagens, além dos ligamentos e tendões. Outras funções são a produção de células sanguíneas na medula óssea e armazenamento de sais minerais, como o cálcio. O osso é uma estrutura viva, muito resistente e dinâmica, pois tem a capacidade de se regenerar quando sofre uma fratura. Abaixo temos um esquema mostrando alguns dos ossos do corpo humano. Figura 12: Planos de estudo do corpo humano. Fonte: CBMSC Dá forma ao corpo; Protege os órgãos; Permite os movimentos do corpo humano; Atua como armação para os músculos; Formado por 206 ossos. Sistema muscular O corpo humano é formado por aproximadamente 600 músculos, que trabalham em conjunto com ossos, articulações e tendões para permitir que façamos diversos movimentos. O Sistema Muscular apresenta algumas funções que são fundamentais para o corpo humano. Veja a seguir quais são essas funções: Estabilidade corporal; Produção de movimentos; Aquecimento do corpo (manutenção da temperatura corporal); Figura 13: Maiores ossos do corpo humano. Fonte: https://www.todamateria.com.br/sistema-esqueletico/ Os músculos são tecidos, cujas células ou fibras musculares possuem a função de permitir a contração e produção de movimentos. As fibras musculares, por sua vez, são controladas pelo sistema nervoso, que se encarregam de receber a informação e respondê-la realizando a ação solicitada. https://www.todamateria.com.br/corpo-humano/ Preenchimento do corpo (sustentação); Auxílio nos fluxos sanguíneos. Os músculos são divididos em três tipos, pois cada um exerce uma atividade específica no corpo humano, tem tamanho e formas distintos, a saber: Músculos lisos: localizados nos vasos sanguíneos, vias aéreas e na maioria dos órgão como por exemplo, músculos dos órgãos internos (estômago, fígado, intestino), pele, vasos sanguíneos, sistema excretor (movimentos peristálticos). Possui ação involuntária que é controlada pelo sistema nervoso autônomo. Músculos estriados esqueléticos: O tecido muscular esquelético é chamado de estriado porque faixas alternadas claras e escuras (estriações) podem ser vistas no microscópio óptico. São os responsáveis por realizar os movimentos que podemos controlar (voluntários). Músculo estriado cardíaco: é o musculo do coração (miocárdio). Controlado pelo sistema nervoso vegetativo, mesmo sendo estriado. Possui movimentos involuntários e auto ritmados. Figura 14: Principais músculos do corpo humano. Fonte: https://www.todamateria.com.br/sis tema-muscular/ Sistema respiratório Formado pelas vias respiratórias e pelos pulmões, é o sistema que tem por finalidade captar o ar e utilizar o oxigênio presente nele para a respiração a nível celular. Também tem a função de eliminar o gás carbônico retirado das células pela expiração. Quando inspiramos o ar atmosférico, que contém oxigênio e outros elementos químicos, ele passa pelas vias respiratórias e chega aos pulmões. É nos pulmões que acontece a troca do dióxido de carbono pelo oxigênio. E, graças aos músculos respiratórios que este órgão cria forças para o ar fluir. Tudo isso a partir de estímulos e comandos emitidos pelo Sistema Nervoso Central. A produção e emissão de sons é realizada pela ação conjunta do Sistema Nervoso e dos músculos que trabalham na respiração.São eles que permitem o fluxo do ar das cordas vocais e da boca. O sistema respiratório é composto, basicamente pelos seguintes órgãos descritos na figura abaixo: Figura 15: Diferentes tipos de músculos. Fonte: http://enfermagemcomamor.com.br/index.php/2018/04/03/sistema-muscular-parte-i/ Quando o ar passa pelas cavidades do sistema, ele é aquecido, o que torna sua absorção mais fácil. Sistema circulatório ou cardiovascular O sistema cardiovascular ou sistema circulatório humano é responsável pela circulação do sangue, de modo a transportar os nutrientes e o oxigênio por todo o corpo. O Sistema Cardiovascular é formado pelos vasos sanguíneos e o coração. O coração é um dos órgão que compõem este sistema e está localizado na caixa torácica, entre os pulmões e atrás do osso esterno. É um órgão oco, composto por cavidades denominadas cardíacas, uma membrana externa que o reveste, pericárdio, e outra interna, endocárdio. Além do musculo propriamente dito, miocárdio. O miocárdio apresenta internamente quatro cavidades: duas superiores denominadas átrios (direito e esquerdo) e duas inferiores denominadas ventrículos (direito e esquerdo). Os ventrículos possuem paredes mais grossas que os átrios. O coração possui dois tipos de movimentos: sístole e diástole. A sístole é o movimento de contração em que o sangue é bombeado para o corpo. A diástole é o movimento de relaxamento, quando o coração se enche de sangue. Figura 16: Órgãos do sistema respiratório. Fonte: https://www.todamateria.com.br/sistema-respiratorio/ https://www.todamateria.com.br/sistole-e-diastole/ Além do coração, que é o órgão central deste sistema, temos os vasos sanguíneos que são de três tipos: Artérias; Veias e Capilares. As principais artérias e veias do corpo humano estão indicadas nas figuras abaixo. Sistema nervoso De acordo com o dicionário de significados, sistema nervoso compreende o conjunto formado por ligações de nervos e órgãos do corpo, com a função de captar informações, mensagens e demais estímulos externos, assim como também respondê-los, além de ser o responsável por comandar a execução de todos os movimentos do corpo, sejam eles voluntários ou involuntários. Figura 17: Tipos de vasos sanguíneos. Fonte: https://www.sobiologia.com.br/conteudos/Co rpo/Circulacao2.php Figura 18: Grande vasos do corpo humano. Fonte: https://www.cienciasresumos.com.br/anatom ia/pequena-e-grande-circulacao-veias-e- arterias// Não há uma atividade em nosso corpo em que o sistema nervoso não esteja presente. Ele pode ser dividido em duas porções: •Sistema nervoso central: formado pelo encéfalo e medula espinhal. •Sistema nervoso periférico: formado pelos nervos, gânglios e terminações nervosas. A porção central do sistema nervoso do corpo humano é considerada como a “central de controle” do organismo, e é dividida em duas partes principais: encéfalo e medula espinhal. Encéfalo: O encéfalo é o centro do sistema nervoso em todos os animais vertebrados, e em muitos invertebrados Medula espinhal: é a parte mais alongada do sistema nervoso central. É caracterizada por um cordão cilíndrico, composto de células nervosas, localizado no canal interno das vértebras da coluna vertebral. A coluna vertebral é dividida por regiões e suas vértebras (ossos que a compõem) tem formatos e tamanhos diferentes. A saber as regiões da coluna vertebral estão na figura a seguir; Figura 19: Esquema simplificado do sistema nervoso central. Fonte: http://professor.ufrgs.br/simonemarcuzzo/files/aula_neuro_embriolog ia.pdf Figura 20: Coluna e suas divisões. Fonte: https://www.todamateria.com.br/sistema-nervoso-central/ A porção periférica do sistema nervoso central é composta pelos nervos e gânglios nervosos. É por eles que a parte periférica leva e recebe as informações do corpo humano. Os nervos podem ser classificados como cranianos (partem do encéfalo) e raquidianos (saem da medula espinhal). SINAIS VITAIS Os sinais vitais são indicadores das funções vitais e podem orientar o diagnóstico inicial e o acompanhamento da evolução do quadro clínico da vítima. São eles: Pulso; Respiração; Perfusão periférica; Para a verificação dos sinais vitais, deve-se atentar as condições ambientais, as condições pessoais e os equipamentos usados serem apropriados e calibrados. Pulso ou frequência cardíaca: Pulso é a onda provocada pela pressão do sangue contra a parede arterial cada vez que o CORAÇÃO se contrai. Em locais onde as artérias de grosso calibre se encontram próximas à superfície cutânea, pode ser sentido à palpação. Podem ser considerados normais os seguintes índices de frequência cardíaca: • Adultos – 60 a 100 bpm; • Crianças – 80 a 120 bpm; • Bebês – 100 a 160 bpm. Quais são os pontos onde podemos medir o pulso? Existem vários pontos no corpo humano em que se consegue medir o pulso, sempre usando artérias de grande calibre como referência. Pressão arterial; Temperatura. Como deve ser feita a medição do pulso? Dedos médios e indicador sobre uma artéria superficial e comprima levemente; Conte os batimentos durante 1 min; Observe arritmias e amplitude. Atenção: Ao aferir o pulso, não o faça com o dedo polegar, o mesmo dará resultado falso. Temperatura: A temperatura corporal de uma pessoa varia de acordo com o sexo, suas atividades físicas recentes, consumo de alimentos e líquidos, horário do dia que é mensurada e nas mulheres, do estágio do ciclo menstrual. Normalmente os termômetros clínicos são calibrados em graus e décimos de graus, na faixa de temperatura de 35ºC a 42ºC. Não é necessária uma faixa de temperatura mais ampla, pois raramente o ser humano sobrevive com temperatura corporal fora desta faixa. Valores de referência para a temperatura Temperatura axilar: 35,8°C a 37°C; Temperatura bucal: 36,3°C a 37,4°C; Temperatura retal: 37°C a 38°C. Figura 21: Locais de medição de pulso. Fonte: https://comunidadeacademicadesaude. files.wordpress.com/2017/12/pulso11 62776033.jpg Figura 22: Temperatura do corpo e relação com sinais vitais. Fonte: https://www.bahiahomecare.com.br/fatores- temperatura-corporal/ Respiração: Respiração é o processo através do qual ocorre troca gasosa entre a atmosfera e as células do organismo. É composta pela ventilação e pela hematose. Na ventilação ocorre a entrada de ar rico em oxigênio para os pulmões (inspiração) e a eliminação de ar rico em dióxido de carbono para o meio ambiente (expiração). A hematose consiste na liberação de dióxido de carbono e captação de oxigênio feita pelas hemácias durante a perfusão pulmonar. A frequência respiratória pode variar com a idade: • Adultos – 12 a 20 movimentos respiratórios por minuto (mrpm); • Crianças – 20 a 30 mrpm; • Bebês – 30 a 60 mrpm. Podem ser encontradas as seguintes alterações nos padrões respiratórios: • Apnéia – Cessação intermitente (10 a 60 segundos) ou persistente (parada respiratória) das respirações; • Bradipnéia – Respiração lenta e regular; • Taquipnéia – Respiração rápida e regular; Ortopnéia – Dificuldade de respirar na horizontal; • Dispnéia – Respiração difícil que exige esforço aumentado e uso de músculos acessórios. Na nossa avaliação da respiração enquanto sinal vital, devemos contar durante um minuto, a quantidade de respirações de uma pessoa. Podemos verificar isso através do movimento torácico e abdominal que a pessoa realiza ao respirar. Figura 23: Movimentos respiratórios e estruturas envolvidas. Fonte: www.google.com Além da quantidade de respirações por minuto, devemos avaliar a profundidade e o ritmo da respiração. Pressão arterial (PA): A pressão arterial é a pressão exercida pelo sangue no interior das artérias. Depende da forçadesenvolvida pela sístole ventricular, do volume sanguíneo e da resistência oferecida pelas paredes das artérias. A pressão arterial é medida em milímetros de mercúrio (mmHg). O primeiro número, de maior valor, corresponde à pressão sistólica, enquanto o segundo, de menor valor, corresponde à pressão diastólica. Não há um valor preciso de pressão normal, mas, em termos gerais, diz-se que o valor de 120/80 mmHg é o valor considerado ideal para um adulto jovem. Para a aferição da pressão arterial podemos usar equipamentos analógicos e digitais. No caso dos analógicos são usados dois equipamentos de modo simultâneo, o ESFIGMOMANÔMETRO E ESTETOSCÓPIO. Já os aparelhos digitais são uma única peça, onde o processo de inflar, desinflar e aferir é realizado pelo próprio aparelho. As figuras a seguir mostram ambos os equipamentos. Ver, Ouvir e Sentir – V.O.S. 1 - Aproxime sua face a do paciente; 2 – Veja os movimentos do tórax; 3 – Ouça a respiração; 4 – Sinta o fluxo de ar. Figura 25: Tipos de aparelhos para aferição da pressão arterial. Fonte: google.com Figura 24: Procedimento de verificação da respiração. Movimentos respiratórios e estruturas envolvidas. Fonte: www.google.com Perfusão periférica: É o tempo de resposta do preenchimento de artérias capilares após a compressão das mesmas em extremidades do corpo. O tempo máximo de preenchimento não pode ultrapassar os dois segundos. PRIORIDADE DE ATENDIMENTO E MÉTODO S.T.A.R.T. Quem deve receber o atendimento prioritário de APH m uma situação onde existe mais de uma pessoa envolvida no fato? Essa é uma pergunta que pode deixá-lo em dúvida e para pessoas que não convivem com isso podem pensar que há algo errado com o atendimento. É nessa hora que, quem presta o primeiro socorro, deve manter a calma e não se deixar influenciar por curiosos, pessoas que não colaboram com o cenário, parentes das vítimas e com as próprias vítimas. Para isso existem protocolos e métodos que veremos a seguir. Para caso com grande número de vítimas graves são considerados atendimentos em que o cenário compreende uma classificação de múltiplas vítimas. Temos o evento conhecido como Atendimento com Múltiplas Vítimas (A.M.U.V.I.), e veremos suas particularidades. Quem deve receber a primeiro atenção em caso de APH, nesta ordem: Vítimas conscientes e com hemorragias ou suspeita de fratura de coluna; Vítimas inconscientes; Vítimas conscientes com fraturas não expostas. Em cenários mais complexo, em que temos uma situação de A.M.U.V.I., as equipes ou pessoas que chegam logo após o fato deverão tomar providências não de atendimento mas sim de classificação, com a utilização do método S.T.A.R.T. Método S.T.A.R.T.: A tática de triagem adotada por vários órgãos de urgência e emergência, obedece a técnica denominado S.T.A.R.T. (Simples Triagem e Rápido Tratamento) por ser um método simples, que se baseia na avaliação da respiração, circulação e nível de consciência, dividindo as vítimas em quatro prioridades. Foco não é o diagnóstico, mas a chance de sobreviver e a necessidade de cuidados. A prioridade de atendimento obedece a seguinte ordem: Internacionalmente, equipes de socorro usam cartões coloridos e/ou lonas com as mesmas cores do cartão para definir cada uma das prioridades. Em síntese, podemos resumir o método START e suas condutas no seguinte quadro: Risco imediato de vida; F.R. >30 mrpm, respiram após manobra, necessitam tratamento médico antes do transporte rápido ao hospital. Vítimas que não apresentam risco de vida imediato; necessitam de algum tipo de tratamento no local enquanto aguardam transporte ao hospital. Vítimas com capacidade para andar; não necessitam de tratamento médico ou transporte imediato, possuem lesões sem risco de vida. Vítimas em óbito ou que não tenham chance de sobreviver; não respiram, mesmo após manobras simples de abertura da via aérea. Figura 26: Diferentes formas de utilizar o método START Fonte: google.com Figura 27: Fases método S.T.A.R.T. Fonte: http://internatodiario.blogspot.com/2012/03/triagem- de-vitimas-em-trauma-metodo.html AVALIAÇÃO PRIMÁRIA A avaliação primária é o exame que tem como objetivo avaliar, rapidamente, as funções vitais e o risco de morte da vítima. Os procedimentos realizados durante a avaliação são: X- Controle de hemorragias massivas; A – Abertura de vias aéreas com controle de cervical; B – Respiração; C – Circulação e controle de hemorragias; D – Estado de consciência e E – Exposição e ambiente. Figura 28: Avaliação primária. Fonte imagens: google.com XABCDE DESMAIO Perda momentânea da consciência de curta duração que não necessite manobras específicas para recuperação. As causas para esta perda de consciência podem ser variadas, sendo as mais frequentes baixa da pressão arterial, hipoglicemia, hipóxia, dor intensa, estado emocional, diabetes, agressões diretas ao encéfalo, intoxicações exógenas entre outras menos comuns. Uma observação que deve ser tomada por quem vai prestar socorro a uma vítima de desmaio e que não presenciou a cena é tratar a mesma como vítima de queda. Então, quais outras medidas tomar nestes casos? Mantê-lo deitado, se possível com a cabeça abaixo do nível do corpo. Caso possível elevar membros inferiores a 20 cm do solo; Dar a melhor ventilação ou circulação de ar possível, sendo preciso remover de local fechado ou mal ventilado; Libere vestimentas apertadas; Não forneça alimentos ou bebidas. Também não faça o mesmo cheirar qualquer produto; Procurar informações sobre histórico clínico. Importante destacar que, uma vítima de desmaio voltará lembrando do último momento antes da perda de consciência. Cuidar para que a mesma não faça ou provoque algo que possa ferir-se ou a terceiros. PARADA RESPIRATÓRIA Denomina-se parada respiratória ou paragem respiratória a ausência de fluxo de ar nos pulmões, por ausência de movimentos respiratórios, seja pelo colapso dos pulmões, paralisia do diafragma ou outras causas. Geralmente coincide, é precedida ou leva a parada cardíaca (por hipoxemia). Parada respiratória (e dificuldade respiratória que pode evoluir até parada respiratória) pode ser causada por: Obstrução das vias aéreas; Esforço respiratório diminuído; Fraqueza dos músculos respiratórios. Os sinais clássicos de uma parada respiratória são: Inconsciência; Tórax imóvel e Ausência de saída de ar pelas vias aéreas. Na ocorrência de uma parada respiratória, quais os procedimentos devem ser adotados? Deve-se verificar se as vias aéreas encontram-se obstruídas por corpos estranhos, existindo, devem ser removidos; Execução de manobras de desobstrução de vias aéreas: chin-lift – extensão da cabeça - (não havendo trauma) ou jaw-trust – empurre mandibular - (caso de trauma); Verificar se a respiração retornou; Verificar sinais vitais; Acionar serviço de emergência. Deve-se atentar a possibilidade de evolução de uma Parada Respiratória – PR – evoluir para uma Parada Cardiorrespiratória – PCR – ocorrendo tal fato, iniciar imediatamente manobras de Reanimação Cardiorrespiratória – RCP. Figura 29: Manobras de desobstrução de vias aéreas. Fonte: https://www.facebook.com/ProfessorRomuloPass os/posts/1315769275227423/ No caso de PR confirmada, realizar uma ventilação a cada 5 segundos, com o uso das seguintes manobras: o Boca a boca (desuso); o Boca – mascara; o Boca-boca nariz PARADA CARDIORESPIRATÓRIA Parada cardiorrespiratória - PCR - é um evento grave que pode levar à morte e caracteriza-se pela interrupção do funcionamento do coração e da respiração. Parada cardiorrespiratória é um evento definido comoa interrupção da atividade mecânica do coração e da atividade respiratória. Sinais de uma PCR: Não responsivo e inconsciente; Ausência de movimentos respiratórios; Ausência de batimentos cardíacos; Palidez da pele; Ausência de pulso; Dilatação as pupilas por hipóxia (falta oxigênio). Quais são os procedimentos a serem realizados em caso de uma PCR? 1. Constatação do nível de consciência; 2. Ativar serviço de emergência; 3. Aberturas de vias aéreas; 4. Verificar respiração – V.O.S.; 5. Circulação – pulso. 6. Posicionar a vítima em uma local plano e rígido em decúbito dorsal; 7. Ajoelhar-se próximo a vítima; 8. Liberar as vestimentas apertadas – cintos, sapatos, roupas, etc.; 9. Expor o tórax da vítima; 10. Localizar o ponto de compressão no osso esterno – centro do tórax; 11. Realizar as compressões no ritmo conforme o uso de ventilação ou não, verificando a cada ciclo de tempo: a. Se não houver o uso de ventilação, o ritmo deverá ser de 100 a 120 compressões por minuto; b. Se houver o uso de ventilação (diferentes técnicas), o ritmo deverá ser de 30 compressões e 2 ventilações, fechando o ritmo de 100 compressões em um minuto. Tendo todos estes procedimentos realizados sem resposta, deve-se iniciar as manobras de Reanimação Cardiorrespiratória - RCP. 12. Reavaliar os sinais vitais da vítima após 5 ciclos ou a cada 2 minutos. 13. Caso a vítima recobre a consciência e apresente sinais vitais, coloca-la em posição de recuperação e monitorá-la constantemente. 14. Caso a vítima volte a apresentar os sinais de uma PCR, reiniciar os procedimentos de RCP. Posicionamento do socorrista no momento da realização da manobra de RCP (item 7). O afundamento não pode ser superior a 5 cm e inferior a 3 cm. Figura 31: Posicionamento RCP com ventilação. Fonte: www.google.com Figura 30: Posição para RCP. Fonte: www.google.com - Até o retorno da circulação e da respiração; - Chegue pessoal mais capacitado; - Socorrista esteja completamente exausto. TRAUMA A palavra trauma tem origem grega e significa ferida. Geralmente são externas, e quando são internas atingem os órgãos causando-lhes lesões graves. Quais os principais tipos de trauma externos mais comuns: Escoriação: ferimento abrasivo, sem a formação de bordas definidas. Exemplo, queda de moto. Ferimento incisivo: ferimento com bordas regulares, causada por objeto cortante. Exemplo, ferimento por faca, lâminas, etc. Ferimento perfurante: feridas perfurante com a presença ou não do agente causal visível. Exemplo, perfuração por arma de fogo, por arma branca ou outros objetos. Laceração: feridas profundas com bordas irregulares. Causam grande danos aos tecidos. Exemplo: explosivos, projeteis de alta velocidade, acidentes com grande energia, etc. Evisceração: qualquer ferimento que coloque as vísceras a exposição. Não se deve tentar recolocar as mesmas no abdômen. Amputação: ferida em que ocorre a perda de um membro, causada por evento de alta energia. Nestes casos, deve-se envolver o membro afetado em tecido, colocando o membro amputado em saco com gelo, de forma indireta. 1 2 3 Figura 32: 1-Escoriação; 2-ferimento incisivo e 3-Ferimento perfurante. Fonte: www.google.com 1 2 3 Figura 33: 1-Laceração; 2-Evisceração e 3-Amputação. Fonte: www.google.com Objeto empalado: perfuração de um objeto em alguma cavidade do corpo, podendo ser na boca, olho, ouvido, nariz, ânus ou vagina. Objeto encravado: em um ferimento perfurante quando o objeto encontra-se preso junto a uma parte do corpo. FRATURA Definição: Fratura é a perda da continuidade da estrutura óssea, seu rompimento pode ser total ou parcial, podendo ainda ser aberta ou fechada Fratura fechada ou simples: ocorre quando o osso não rompe tecido cutâneo, sem exposição óssea Fratura aberta ou exposta: quando o osso rompe o tecido cutâneo, havendo exposição óssea. Sinais e sintomas Dor no local fraturado. Edema. Deformidade e alteração na coloração. Impotência funcional do membro afetado. Fragmentos expostos, caso seja exposta. Observação Nos casos em que houver objetos empalados ou encravados não se deve remover o objeto, devendo imobilizá-lo da forma em que se encontra. Figura 35: Tipos de fatura. Fonte: www.google.com 1 2 Figura 34: 1- Objeto empalado; 2- Objeto encravado. Fonte: www.google.com Procedimentos a serem realizados em caso de fratura: Observar a continuidade do membro Acionamento do serviço de emergência médico Imobilização do membro afetado Não se deve: reduzir a fratura nem movimentar ou recolocar o osso Aplicar gelo Se exposta cobrir o osso com tecidos limpos No caso de hemorragias deve haver a contenção Luxação: É o desalinhamento das extremidades ósseas de uma articulação fazendo com que as superfícies percam contato entre si. Entorse: Distinção ou torção brusca de uma articulação além de seu grau normal de amplitude. Para estes casos, também devemos seguir o protocolo utilizado em fraturas. IMOBILIZAÇÃO E TRANSPORTE DE VITIMAS Em situações onde é necessária a remoção de vítimas, saber qual técnica usar, para imobilizar a mesma e que permita menor esforço, risco de lesão do socorrista e da vítima e que possa ser feita com rapidez e com qualidade. Saber estas técnicas é fundamental. Imobilização de membros Para um adequado transporte, minimizar dores, minimizar lesões de músculos e vasos sanguíneos, evitar sangramentos excessivos e melhorar o conforto da vítima imobilizar fraturas é fundamental. Expor o local, retirar ou cortar as vestimentas; Controlar hemorragias e não reduzir fraturas, apenas cobri-las; Verificar perfusão sanguínea; Realizar imobilização, com suavidade, mas não de forma a deixar solto; Imobilizar toda a estrutura óssea, uma articulação acima e outra abaixo do local da fratura. Revisar circulação sempre após a imobilização. Transporte de vítimas: ATENÇÃO, não utilizar estas técnicas com lesão de coluna cervical suspeita ou confirmada, neste caso o não deslocamento é recomendado, exceto em risco eminente a vida da vítima causada por agente externo. Técnicas com um socorrista: Quando remover uma vítima? Risco imediato ao paciente; Os cuidados não podem ser realizados no local; Impossibilidade de acesso a pacientes mais graves. Arrastamento com uso de cobertor ou tecido. Colocar a vítima sobre algo que sirva de base para arrastá-la. Para colocar a vítima conte com apoio de um terceiro ou da mesma. Figura 37: Arrastamento com uso de manta. Fonte: www.google.com Arrastamento com uso do corpo. Ajoelhe-se. Apoie as costas da vítima em suas pernas, cruze os braços da mesma abraçando-a por trás. Levante-se com o uso das pernas, arraste a vítima. Para descer o processo é reverso. Imobilização de fratura fechada e fratura exposta de membros. Na fratura exposta não imobilizar o osso exposto, firmando a imobilização nas articulações. Figura 36: Imobilização para fratura aberta e fechado. Fonte: www.google.com Figura 38: Arrastamento. Fonte: www.google.com Técnicas com dois socorristas: Apoio lateral. Usado em vítimas sem lesão da cintura escapular. A vítima se apoia sobre o pescoço com o braço. Usado em casos de lesão de membro inferior. Figura 39: Transporte com apoio de ombro. Fonte: www.google.com Cadeirinha: Entrelaçando os braços de forma a fechar um quadrado, os socorristas colocam a vítima sentada, sendo que ela mesma faz o movimento. Usada em casos onde a vítima está consciente. Figura: 40. Transporte tipo cadeirinha. Fonte: www.google.com Balaio: Usada em casos onde a vítima está consciente. Os socorristas seguram noombro de ambos e nos punhos um dos outros. Após a vítima senta-se sobre seus braços. Nesta posição a vítima pode ir levemente inclinada para trás. Figura: 41. Transporte tipo cadeirinha. Fonte: www.google.com Transporte pelas extremidades: Um socorrista abraça a vítima por trás entrelaçando os braços da vítima e o outro segura a mesma pelos joelhos ou pernas. Para levantar a vítima quem está com o tronco dá o comando. Usado em vítimas inconscientes. Figura: 42: Transporte pelas extremidades. Fonte: www.google.com Técnica com três socorristas: ACIDENTES CAUSADOS POR CHOQUE ELÉTRICO A eletricidade é uma forma de energia (corrente elétrica) que pode fluir entre dois pontos, desde que entre eles exista uma diferença de potencial elétrico (voltagem ou tensão), ou seja, desde que um deles esteja mais carregado de energia elétrica que o outro. O dano se dá pela conversão da energia elétrica em calor, pois o corpo humano irá agir como uma resistência na passagem do fluxo da energia elétrica. Os danos causados por acidente com energia elétrica dependerão: Do tipo de corrente; Intensidade de corrente; Duração do contato; Caminho percorrido. Levantamento em bloco: socorrista região cabeça, passar o braço sob o pescoço e segurar com firmeza o ombro. Socorrista região da cintura, passa um braço na região lombar e o outro braço abaixo das nádegas. Socorrista região das pernas passa um braço nos joelhos e o outro nos calcanhares. Quem dá o comando, quem tem a região da cabeça. Figura: 43. Transporte em bloco. Fonte: www.google.com O dano superficial pode ser pequeno, porém os danos internos podem ser muito maiores. Figura 44: Acidente com energia elétrica. Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034- 70942017000500527&script=sci_arttext&tlng=pt O potencial de um acidente elétrico pode ir de uma simples queimadura até uma parada cardiáca e a morte. Não se engane: Acidentes com eletricidade podem ser enganosos; Os danos podem não ser aparentes; A vítima passa a ser condutora de eletricidade; Uma elemento que é isolante pode vir a ser condutor; Queimaduras em acidentes elétricos não são o foco; Devemos ter cuidados com as PCR e a PR; Verificar consciência da vítima. A sua segurança vem em primeiro lugar. A prioridade nestes casos é cessar a fonte de alimentação de energia, preferencialmente desligando disjuntores, chaves ou acionando a empresa de fornecimento de energia. Atentar para risco de incêndio ou chamas. Controlada a fonte de alimentação devo observar o seguinte: 1 – Chame socorro especializado; 2 – Com uso de material isolante, seco, devo retirar o ponto de contato; 3 – Deixar a vítima deitada; 4 – Verificar sinais vitais, e se necessário entrar com RCP; 5 – Procure por mais pontos com queimaduras além do ponto de contato. HEMORRAGIAS É rompimento de vasos sanguíneos com a consequente perda de sangue tanto para o meio externo quanto para as cavidades corpo, com isso alterando o fluxo sanguíneo. Podemos classificar as hemorragias nos seguintes tipos; internas e externas. Ainda conforme a característica de mesma ela pode ser de três tipos, conformo mostra a figura abaixo: - Arterial: Dano causado nas artérias. Perda de sangue vermelho vivo, intermitente ou em jatos; - Venoso: Dano causado em veias. Perda de sangue vermelho escuro, de forma contínua; - Capilar: pode ser arterial ou venoso, mas o sangue sai em pequenas quantidades. Os três tipos ocorrem tanto de forma externa quanto interna. Figura 45: Tipos de hemorragias. Fonte: www.google.com O quadro mais grave que podemos ter com hemorragias, em especial em caso de APH é o choque hipovolêmico. Isso se deve a perde de volume sanguíneo que faz com que o oxigênio não irrigue órgãos e tecidos, levando ao mal funcionamento e falência dos mesmos. O corpo não pode tolerar mais de 40% de perda do volume sanguíneo, em adultos, equivale cerca de 2.000 ml. Quais são os sintomas de uma pessoa em choque hipovolêmico e de onde eles advém: Pele fria e pegajosa – baixa temperatura; Cor da pele azulada ou arroxeada – cianose (baixo O2 no sangue); Pressão arterial diminuída – falta de sangue nos vasos; Nível de consciência alterado – hipóxia; Enchimento capilar retardado – sangue não alcança as extremidades. Frente a hemorragias externas, quais são as técnicas que podem ser empregadas para o controle do sangramento? Pressão direta: Com o uso de gaze ou panos limpos se realiza a compressão do local lesado com a mão. Deve-se manter a pressão até a coagulação do sangue. A interrupção precoce do procedimento reiniciará o sangramento. Com o uso de ataduras formar um curativo consistente. Uso de torniquete: A frase: “situações extremas pedem medidas extremas” se aplica a esta ferramenta, que por anos foi renegada no APH convencional e voltou ser usada com bastante eficiência após estudos. Trata-se da combinação do uso e um bandagem (atadura) ou bandagem triangular ou mesmo um tecido com uma haste rígida formando uma espécie de registo. Figura 46: Compressão direta. Fonte: www.google.com Precauções com Torniquete: • Coloque o mais próximo possível da ferida, mas não próximo a articulações; • Use acolchoamento abaixo do torniquete; • Nunca cubra um torniquete com bandagem; • Uma vez aplicado, não afrouxe o torniquete; • Marque o horário da aplicação; Para hemorragias internas o único procedimento a ser realizado é verificar sua presença, que será por meios dos sintomas já citados, somando a verificação de inchaço e rigidez na grandes cavidades do corpo: abdômen, região de grandes músculos, tórax. Somado a isso, o deslocamento ao recurso hospitalar mais próximo se faz com brevidade. CONVULSÃO Distúrbio eletrofisiológico do sistema nervoso que ocorre no cérebro. Devido a este fato, ocorre a contração involuntária da musculatura provocando movimentos desordenados. Em geral, está associada a perda da consciência. A soma destes eventos temos uma crise convulsiva. Figura 47:Torniquete com uso de matérias convencionais. Fonte: www.google.com Figura 48: Acumulo de sangue em partes do corpo devido a hemorragia interna. Fonte: https://www.cursodebombeiro.com.br/controle-de- hemorragia/ Além da perda controle muscular, outros sintomas podem acompanhar uma crise convulsiva, sendo: sudorese, salivação excessiva, micção e/ou defecação. Quais os procedimento a serem adotados para uma pessoa que está em uma crise convulsiva? Não tente tracionar a língua com sua mão, colocar objetos para manter a boca aberta; Proteja a pessoa de novos acidentes; Oferte privacidade; Afrouxe roupas, cintos, sapatos e etc. Verificar respiração; Gire a cabeça para uma lateral para evitar engasgamento com a saliva da vítima; Ao fim da crise, procure induzir o sono e descanso a pessoa. ENGASGAMENTO Também chamado de Obstrução de Vias Aéreas por Corpo Estranho – OVACE – consiste na obstrução de vias aéreas causada por aspiração de corpo estranho, geralmente localizado na laringe ou traqueia. Sinais visíveis de uma OVACE: Não fala ou respirar; Visível estado de angústia; Olhos e bocas abertos além do normal; Sinais de cianose; Costuma levar a mão ao pescoço. Quais os procedimentos e técnicas a serem empregados em uma situação de OVACE? Isso irá depender da situação atual da crise. Tapotagem; Com a vítima ainda em pé e consciente, coloque-se atrás da vítima, incline-a para a frente e com a palma da mão de pancadas firmes em suas costas na altura das escápulas, verifique se o corpo estranho saiu. Manobra de Heimlich: Caso não funcione o procedimento acima, e com a vítima ainda em pé e consciente, deve-se tentar a manobra a seguirpara a desobstrução causada pelo corpo estranho. 1. Posicione-se atrás da vítima, com uma de suas pernas entre as pernas da mesma de forma a criar uma base de apoio; 2. Coloque a sua mão fechada com o polegar contra o abdome da vítima entre o umbigo e o apêndice xifóide abraçando-a por trás; 3. Com a outra mão envolver o punho fechado e efetuar de cinco a oito compressões abdominais para dentro e para cima – Forma de ‘J’. 4. - Devem ser pausadas, seguras e secas. Repetir até a retirada do corpo estranho; 5. Atentar para diferença do ponto de compressão em grávidas e pessoas obesas, deve-se fazer compressões no tórax em vez do abdômen. Figura 49: Tapotagem em caso de OVACE. Fonte: https://pt.wikihow.com/Executar-a-Manobra-de- Heimlich Figura 50: Manobra de Heimlich em adultos. Fonte: www.google.com Para crianças que ainda estejam conscientes, temos a adequação das técnicas (tapotagem e manobra de Heimlich), em que o socorrista ajoelha-se atrás da mesma para poder estar em altura aproximada com ela. Para crianças que consigam já permanecer por meios próprios, a partir de um ano de idade, até cerca de 10 anos em média. Para bebês menores de um ano, não se utiliza a monobra de Heimlich, sendo usado o tapotagem ou a simples retirada do objeto que causa a OVACE com o uso das mãos. A forma de realizar estas manobras é descrita e apresentada nas figuras a seguir. QUEIMADURAS É toda lesão provocada pelo contato direto com alguma fonte de calor ou frio, produtos químicos, corrente elétrica, radiação, ou mesmo alguns animais e plantas (como larvas, água- viva, urtiga), entre outros. Dependendo da intensidade pode causar dor intensa e perda de sensibilidade. Atente-se para as situações de desmaio da vítima. O nível de gravidade da maioria das queimaduras se baseia no tamanho e na profundidade da queimadura, e estão divididos em três níveis, que são descritos abaixo juntamente com os procedimentos a serem realizados em caso de queimaduras por calor. Queimaduras de primeiro grau: são aquelas que envolvem apenas a epiderme, a camada mais superficial da pele. Os sintomas são intensa dor e vermelhidão local, mas com palidez na pele Figura 51: Manobras de OVACE em crianças. Fonte: www.google.com Figura 52:Manobra de OVACE em bebês. Fonte: https://pt.slideshare.ne t/asdonha/ovace- 55601843 quando se toca. Não produz bolhas. Geralmente melhoram no intervalo de 3 a 6 dias, podendo descamar e não deixam sequelas. Um exemplo clássico é a queimadura de sol. Procedimentos a serem realizados: manter o local limpo, hidratar bem a pessoa, lavar com muita água, não aplicar gelo. Medicamentos somente sobre orientação médica. Queimaduras de segundo grau: A queimadura de 2º grau superficial é aquela que envolve a epiderme e a porção mais superficial da derme. Os sintomas são os mesmos da queimadura de 1º grau, incluindo ainda o aparecimento de bolhas e uma aparência úmida da lesão. Procedimentos a serem realizados: lavar com água em abundância, não furar as bolhas, não aplicar medicamentos sem orientação médica, não use gelo. Queimaduras de terceiro grau: são profundas que acometem toda a derme e atinge tecidos subcutâneos, com destruição total de nervos, folículos pilosos, glândulas sudoríparas e capilares sanguíneos, podendo inclusive atingir músculos e estruturas ósseas. Procedimentos: lave o local lesado, não remova roupas, isole o local com o uso de folhas de alumínio para não existir perda de calor. Demais cuidado seguem o recomendado para queimaduras de segundo grau. Figura 53:Queimadura de primeiro grau. Fonte: www.tuasaude.com Figura 54: Queimadura de segundo grau. Fonte: www.tuasaude.com Figura 55:Queimadura de terceiro grau. Fonte: www.google.com Para os casos de queimadura com produtos químicos, recomenda-se as seguintes condutas em caso de acidente: Enxágue o local por, pelo menos, 20 minutos em água corrente. Remova imediatamente: anéis, pulseiras, relógios, colares, cintos, sapatos e roupas, antes que a área afetada comece a inchar. Remova resíduo de roupa contaminada pelo produto, prevenindo queimadura em outras áreas. No caso dos olhos terem sido afetados: enxágue abundantemente em água corrente até ajuda médica. Se usar lentes de contato, removê-las imediatamente. FERIMENTOS POR ARMA DE FOGO – FAF – E FERIMENTO POR ARMA BRANCA - FAB São lesões causadas por agentes de baixa energia (facas, lâminas e outros objetos perfuro cortantes) e de média ou alta energia (armas de fogo). Deles podem resultar diversos tipos de traumas. Para ferimentos com armas de baixa energia os procedimentos dependerão se o objeto ainda está na cavidade que o mesmo formou no corpo da vítima ou não. Se o mesmo estiver encravado ou empalado no corpo da vítima: a) Chame socorro especializado; b) Faça avaliação primária; c) Não remova o mesmo; d) Estabilize o mesmo com o uso de ataduras, gaze e outros equipamentos que estiver disponível; e) Não faça a transfixação do mesmo pelo corpo da vítima. Figura 56:Tipos de armas. Fonte: www.google.com f) Faça o controle de hemorragia. Se o objeto não estiver encravado ou empalado na vítima: a) Chame socorro especializado; b) Faça avaliação primária; c) Trate das hemorragias existentes; d) Use curativo três pontas em tórax com hemotórax e pneumotoráx Para ferimentos causados por agentes de média e alta energia (armas de fogo) devem- se tomar as seguintes medidas: a) Chame socorro especializado; b) Realize a avaliação primária; c) Controle as hemorragias; d) Procure por pontos de entrada e saída dos objetos na região do tórax e em caso de pneumotórax ou hemopneumotorax aplique o curativo de três pontos. e) Em caso de articulações use curativos compressivos ou torniquete. NOÇÕES DE APH TÁTICO O Atendimento Pré-hospitalar Tático (APH Tático) é uma derivação do APH convencional onde técnicas criadas para situações de enfrentamento armado exigem cuidados com pessoas feridas. Figura 57: Ferimento com arma branca. Fonte: www.google.com Figura 58: Ferimento com de fogo. Fonte: www.google.com É o atendimento mínimo a uma vítima de agressão, por agente armado, com o intuito de aumentar a chance de sobrevivência, sendo realizado por equipes não convencionais em cenas não seguras. Diferente do APH convencional onde os protocolos colocam como socorrista da cena a primeira pessoa ou equipe a chegar no local, no APH tático o primeiro socorrista é a própria vítima, ou seja, temos o conceito do auto socorro em situações hostis. O demais membros em uma situação de APH tático serão os demais membros de sua equipe. Para entender que essa vertente não é algo novo, mas tem uma história de evolução e aperfeiçoamento como ocorre com o APH convencional, vamos ver uma breve história do desenvolvimento do APH convencional. Durantes as guerras Napoleônicas, no século XIX, Barão Dominique Jean Larrey – Criador da ambulância – realizado a retirada dos soldados do campo de batalha. Não havia nenhuma intervenção neste momento. Figura 59: Equipe policial em atendimento simulado. Fonte: www.google.com Figura 60: Exemplo de auto socorro realizado no APH tático. Fonte: www.google.com Durante a guerra civil americana (1861-1865), o exército da União, teve com o início do emprego de ambulâncias e o uso de hospitais de campanha, idealizados por Lettermam, onde os soldados recebiam os primeiros socorros. As equipes médicas ainda estavam distantes dos campos de batalha, os procedimentos eram realizados sem o emprego de técnias de biossegurança, sem lavar os intrumentos cirurgicos. Além disso, nem sempre quem realizada procedimentos como amputaçoes eram médicos, muitas vezes barbeiros realizam tal cirurgia. Há estudos que apontam que era maior a possibilidadede sobreviver no campo de batalha que nos hospotais de campanha daquela guerra. Já no início do século XX, durante a primeira guerra mundial, e o advento do automóvel, o modo de atender os feridos no campo de batalha muda. Além da evolução da medicina, as equipes médicas estão mais próximas ao cenário de combate. Surge a ambulância motorizada, identificada com a cruz vermelha, permitindo deslocamento mais rápido. Além disso, começam a serem empregados controles de hemorragias, imobilização de fraturas, além do uso de analgésicos como a morfina em pequeno espectro. Figura 61: Primeira ambulância usada em campos de combate. Fonte: www.google.com Figura 62: Ambulâncias usadas na guerra civil americana. Fonte: www.google.com Já na segunda guerra mundial, com o advento da penicilina, maior uso da morfina para analgesias, além da evolução do conceito de hospital de campanha e de materiais usados no atendimento aos combatentes, a chance de sobreviver recebe um incremento. Os hospitais de campanha ganham uma identificação como locais de tratamentos, e a “ética da guerra” permite que estes locais não sejam alvos prioritários de ataque, já que também atendiam civis e as potencias militares temiam represálias entre si. Também nasce o transporte e evacuação aero médica com o uso de aviões e helicópteros. Já nos próximos grandes conflitos militares do século XX, onde podemos citar a guerra da Coreia, guerra do Vietnã, guerra do Golfo e do Afeganistão, a evolução do atendimento em APH de tático é visível. As técnicas aplicadas, o uso de recursos como transporte aero medico, os matérias de consumo dedicados e especializados a guerra, a presença de profissionais médicos ou soldado treinados a executar procedimentos que deram sobrevida a soldados feridos em campo de batalha salvaram milhares de soldados. Figura 63: Ambulâncias usadas na primeira guerra mundial. Fonte: www.pintrest.come.com Figura 64: Ambulâncias usadas na segunda guerra mundial e soldados prestando socorro no front. Fonte: www.pintrest.come.com Já nos anos 70, na cidade de Los Angeles, nos Estados Unidos, surge um grupamento diferenciado na polícia local, para atendimentos de alta complexidade, a S.W.A.T. – Special Weapons and Tatics – Armas e Táticas Especiais em tradução livre. Formada inicialmente por veteranos de guerra incorporados a força policial. Este estilo de grupamento se espalha pelos E.U.A. mas, com ele vem a necessidade de um estilo militar de atendimento de feridos em ocorrências. Ou seja, as equipes começam a incorporar novas técnicas, novos profissionais e novos equipamentos em seu dia a dia. A doutrina adotada naquele pais, leva a uma evolução cada vez maior, surgindo nas equipes a figura do “DOC”, que é um profissional treinando em academias de polícia e mesmo em universidades. No Brasil, nós os conhecemos mais como PARAMÉDICOS. Não são profissionais formados em medicina, mas tem cursos em que podem realizar até mesmo pequenas cirurgias no atendimento de APH. Em geral atrás de um time tático como a S.W.A.T. há um aparato para situações de enfrentamento com vítimas. Figura 66: Equipe policial em atendimento de APH a civil. Fonte: www.google.com Figura 67: Equipamentos APH usados pela polícia dos Estados Unidos Fonte: www.google.com Figura 65: Evolução do APH tático em diferentes conflitos. Fonte: www.pintrest.come.com Visto que, o emprego de equipes de socorristas em cenários como estes parecem ser impossibilitados, seja pela segurança da equipe, por seus protocolos e pelas circunstâncias, ter equipes com treinamento para realizar o APH nestas condições passa a ser fundamental para a manutenção e preservação de vidas. No final do anos 80 do século XX, o Ministério da Saúde por meio do projeto PEET/PAPH dá início ao APH no Brasil. Já em 1995, a PMRJ cria o GPAO/RS - Grupamento de Paramédicos e Apoio Operacional/Resgate e Salvamento – muda para GSAR – atual GAPH Grupo de Ações Pré-hospitalares. Figura 68:Aplicabilidade do APH tático nas forças de segurança pública. Fonte: www.google.com Figura 69: Aplicabilidade do APH tático nas forças de segurança pública. Fonte: www.google.com E qual a história do APH tático aqui no Brasil? No ano de 1989 a polícia militar em Joinville cria um grupo com uma ambulância para atendimento. Essa grupo evolui em 2004 o mesmo passa a ser focado no APH tático com o POE/GRT. Nos jogos Pan Americanos de 2007 no Rio de Janeiro, foram usados bombeiro no patrulhamento, fato este que iniciou-se em 2003 como preparativo para aquele evento. Hoje no Brasil muitos grupos especializados já contam com profissionais treinados para o APH tático, tendo um profissional sendo referência e os demais aptos a operar estas técnicas dentro do grupo. Noções de balística Balística é a ciência que estuda o movimento de projéteis, seu comportamento, em especial em armas de fogo, desde o interior destas, como no seu exterior, a trajetória, o impacto, as marcas, as explosões e outros eventos envolvidos em movimento dos projéteis. Primeiros estudos remontam a Leonardo da Vinci, com conceitos válidos até hoje. Isaac Newton também realizou vários estudos como a interação dos projéteis nos meios em que se deslocam, sua velocidade postulando uma lei sobre isso, lei da Energia Cinética. Energia Cinética, é uma das formas da energia mecânica, é definida como energia de movimento, porque ela está associada ao estado de movimento de um corpo. Podemos calcula-law com a sanguine formula: Ec = m.v 2 /2. A balística se subdivide em quarto ramos de estudo: interna, intermédia ou de transição, externa e terminal. No nosso curso, traremos apenas da final, de forma sucinta. A Balística Terminal é o estudo da interação entre os vários géneros de projéteis e os seus alvos. Resultado da energia restante no projétil no momento do impacto, a energia que se perde na penetração até a perda total do movimento. Resumindo, o que nos interessa são os ferimentos causados por estes projeteis ou objetos que possam causar ferimentos. Cavidade permanente é igual a temporária. Energia é a produzida pelos músculos. Figura 70: Dano causado por arma de baixa energia. Fonte: www.google.com Assim, quanto maior a energia do corpo penetrante, maiores serão os danos causados, ou seja, o que importa mesmo e a velocidade do mesmo, no caso das armas de fogo. Cavidade permanente é diferente a temporária. Energia é a produzida velocidade do projetil. Figura 71: Esquema mostrando a penetração de uma projetil e dano causado. Fonte: www.google.com Figura 72: Tabela de calibres e dados sobre os mesmos. Fonte: Adaptado de: http://www.combatblindagens.com.br/tabela- balistica.php Figura 73: Ferimentos por projeteis de alta energia, a esquerda calibre 5.56 mm e a direita, calibre 7.62mm. Fonte: www.google.com Equipamento usados no APH tático Como as características da ocorrência em que temos o enfrentamento de grupos armados – confronto policiais e criminosos, países em guerra, etc. – são distintos de ocorrências de APH convencional, os materiais também são diferenciados. Aqui faremos a apresentação de alguns dos mais comuns, comparando com os de uso civil, mostrando a aplicabilidade dos mesmos no teatro de operações. Manta de extricação: Manta fabricada em material têxtil com alças laterais usadas para os socorristas possam realizar o transporte em necessidade de retirada de feridos em combate. É a versão militar equivalente as pranchas rígidas. Bandagem israelense: Desenvolvida e criada no país de mesmo nome, é a soma da atadura elástica e o gaze, ou seja, é um têxtil elástico com uma placa de material absorvente. Comparada com o que se usa no APH convencional é o mesmo que um curativo compressivo. Existemdiversos modelos, mas todos tem o mesmo objetivo, controle de hemorragias. Torniquete Militar: existem diversos modelos de Torniquete Militar (TQMil), sendo que o modelo mais usado consiste na união de uma única peça de uma barra rígida, um tirante e travas metálicas. Recomenda-se que se use somente TQMil homologados pelo CTECC – Committer for Tatical Emergency Casualty Care – evitando os não homologados, de baixa qualidade e os falsificados. Figura 74:Manta de extricação e prancha rígida. Fonte: www.google.com Figura 75:Bandagem israelense e curativo compressivo. Fonte: www.google.com Selo de tórax: É um dispositivo de material aderente, podendo ser valvulado ou não, utilizado em ferimento de tórax, tanto de FAF ou FAB. Também deve ser usado em caso de hemopneumotórax e hemotórax. Seu comparativo civil é o curativo de três pontas. Além destes materiais existem outros, que conforme o nível de conhecimento do operador de segurança pública podem vir a compor seu kit de APH. Muitos deles não são vendidos no mercado nacional, ou não são encontrados com facilidade, sendo comercializados por empresas especializadas. Nomenclatura e fases do APH tático Em situações onde ocorra o atendimento de feridos sobre fogo, devemos conhecer as terminologias e fases do mesmo. A saber as seguintes nomenclaturas: a) Zona segura: local onde não há ameaças que possam ocorrer por parte de agressores; b) Zona morna: local com menor possibilidade de enfrentamento, porém fora da zona de conflito; c) Zona de morte: local do conflito. Já as fases de APH tático compreendem as seguintes medidas: a) Repelir ou conter a fonte de ameaça; b) Buscar abrigo imediato; c) Avaliar e tratar os traumas que provocam riscos de morte iminente; d) Iniciar a evacuação para área tranquila; Figura 76: Torniquete militar de treinamento e com materiais convencionais. Fonte: www.google.com Figura 77: Selo de tórax e curativo três pontos. Fonte: www.google.com Diferente do APH convencional, estudos realizados em militares apontam que, a maior parte dos ferimentos, cerca de 90%, ocorrem em membros, sendo os restantes 10% em outras áreas do corpo. Técnicas do APH tático O APH tático é bem divido em questão de técnicas que se usam em campo, quanto a operação em campo, são elas: a) Aproximação: chegada até a vítima da equipe de socorro, com o uso de ferramentas que permitam a proteção da equipe e da vítima. Pode ocorrer em equipe ou mesmo com apenas um agente. b) Atendimento: O primeiro atendimento é ainda na zona de morte, onde a equipe deverá conter de imediato com o uso de torniquete todas as hemorragias consideradas severas. c) Retirada: Saída da equipe e da vítima da zona de morte para a zona morna ou zona fria. Deve ocorrer de forma ordenada, uníssona e de toda a equipe. Membros Superiores 44,3% Membros Inferiores 43,8% Figura 78: Locais de maior incidência de ferimento em militares. Fonte: PHTLS Military. Figura 79: Atendimento em zona de morte. Fonte: www.mj.gov.br/forcanacional CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao final de nosso estudo sobre o APH, seja no âmbito convencional ou de combate, o objetivo é introduzir novos conceitos e ferramentas que possam ser aplicadas tanto no cotidiano pessoal quanto no profissional dos servidores da SAP, agregando mais um conhecimento que pode ser o diferencial em suas vidas. Cada vez mais, o profissional que atua nas áreas de segurança pública deve estar pronto para enfrentar as adversidades que podem encontrar. Nesse escopo saber prestar atendimento a vítimas e a si mesmo com as técnicas aqui apresentadas pode ser a diferença entre a manutenção da vida ou a sua perda. REFERÊNCIAS CARVALHO, Marcelo Gomes de. Suporte Básico de Vida no Trauma. Livraria Médica Paulista, 2008. DANGELO, J. G; FATTINI, Anatomia humana básica. 4ª edição, Atheneu, 2019. FALCÃO, L.F.R. Primeiros socorros. Ed. Martinari, 2010 HEISKELL L, Tactical Medicine for Law Enforcement, PORAC Law Enforcement News, First Responders Master On-Scene Advanced Life Support, pp 8-9, Vol 39 No 7 July 2007. JOHNSON M., BROWN LEE, C. Tactical Medicine: An investment you can live with. SWAT magazine pp 62-64, 88, May 2008. PHTLS - Prehospital Trauma Life Support: Military Version, 7 th Edition 2010 Edition. MosbyJems. Military ATLS Manual- Naval Medical Center, Portsmouth VA USA. NAEMT, PHTLS – Pré Hospitalar Trauma Life Suport . 8ª Edição, Artemed, 2016. OLIVEIRA, Antônio Claudio de. Manual do socorrista. Ed. Martinari, 2013. OLIVEIRA, Beatriz F. M. Trauma, atendimento pré hospitalar. 3ª edição, Atheneu, 2014.
Compartilhar