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Aula 2 - Direito das obrigações

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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES
AULA 2
 
09/08 – Aula 2: Introdução ao Direito das Obrigações. Parte 2.
	Quadro:
Introdução ao Direito das Obrigações. P2.
7.1 Zona de confluência
a) Obrigações propter rem
b) Obrigações de ônus reais
c) Obrigações de eficácia real
8 Distinção dos Direitos da Personalidade
(fazer tabela com eles)
9 Terminologias importantes
9.1 Dever jurídico
9.2 Estado de sujeição
9.3 Responsabilidade
9.4 Ônus jurídico
2.1. Zona de Confluência: Obrigações Propter Rem, Obrigações de Ônus Real e Obrigações de Eficácia Real
Existem figuras híbridas, mistas ou simbióticas que, por confluirem elementos de direitos reais e elementos de direitos pessoais a um só tempo, habitam uma zona intermediária. Os principais moradores desta zona de confluência são as obrigações propter rem, de ônus real e de eficácia real.
a) Vamos iniciar a nossa abordagem com as obrigações propter rem. São as obrigações próprias da coisa (propter rem), ou na coisa (in rem), ou da coisa (ob rem), também denominadas de obrigações
ambulatoriais, reais ou mistas. São obrigações impostas ao titular do direito real simplesmente por esta sua condição. Exemplifica-se: tenho que respeitar a convenção condominial enquanto condômino. Tais obrigações aderem à coisa (e não à pessoa), transmitindo-se automaticamente ao seu novo titular, desde que haja transferência proprietária (transmissão automática). Além das já citadas taxas condôminiais, são exemplos o IPTU, ITR, a obrigação de recuperar área ambiental degradada e o IPVA (Informativo 291, STJ e REsp. 659.584-SP).
Como o Superior Tribunal de Justiça já entendeu esta questão?
No AgRg no AG 776.699-SP, a 3• Turma do SuPER10R TRIBUNAL DE JusT1ÇA reconheceu que as despesas de condomínio constituem obrigação propter rem, de modo que são de responsabilidade do proprietário da unidade "que tem posterior ação de regresso contra o ex-mutuário".
Já no REsp. 829.312-RS, a 4ª Turma do SuPER10R TRIBUNAL DE JusT1ÇA afirmou que "o adquirente, em adjudicação, responde pelos encargos condominiais incidentes sobre o imóvel adjudicado", também admitindo o caráter propter rem da obrigação condominial.
O mesmo STJ firma que o promitente comprador tem legitimidade passiva para figurar na ação de cobrança de condomínio, ainda que a referida promessa não esteja registrada, desde que o condomínio saiba da aludida promessa (REsp 657.506/SP, 3ª Turma, Rei. Min. Carlos Alberto Direito, j. op2.2006). Tal posicionamento, igualmente, tem embasamento legal, especificamente no art. i.334, parágrafo segundo do Código Civil.
Ainda nas pegadas do mesmo SuPER10R TRIBUNAL DE JusT1ÇA25, verifica-se que este já consignou que a obrigação de recuperar área ambiental degradada é do atual proprietário, independente deste ter sido o autor da degradação, porque isto decorre de uma "obrigação propter rem, que adere ao título de domínio ou posse". Na mesma linha afirma o Tribunal da Cidadania ser propter rem a obrigação tributária real de pagar o IPTU (REsp. 840.623-BA).
Atento ao fato de que as obrigações propter rem são mistas, esclarecem CRISTIANO CHAVES DE FARIAS E NELSON ROSENVALD que "apresentam características comuns aos direitos obrigacionais e reais. A pessoa assume uma prestação de dar, fazer ou não fazer, em razão da aquisição de um direito real. Portanto, são obrigações que não emanam da vontade, porém do registro da propriedade" 26•
• E na hora da prova?
(Vunesp - Juiz de Direito Substituto - PA/2014) Considerando unidade autônoma alienada fiduciariamente e havendo despesas de condomínio, assinale a alternativa correta.
(A) A dívida condominial autoriza ao credor fiduciário a reivindicar o imóvel pela resolução contratual.
(B) Houve a transferência ao credor fiduciário da propriedade resolúvel e a posse indireta do imóvel, por isso, não a obrigação condominial.
(C) Dívida de natureza propter rem, cuja responsabilidade recai também sobre o titular da propriedade, ainda que resolúvel.
(D) O devedor fiduciário tem a obrigação com as despesas ordinárias, ficando a cargo do credor fiduciário as extraordinárias.
(E) o devedor fiduciário não ostenta a condição jurídica de condômino, tendo apenas a obrigação de restituir as despesas condominiais ao credor fiduciário.
Gabarito: C
• Fiquem atentos!
Em sendo consequência do direito real, o devedor da obrigação propter rem pode se livrar do seu débito, simplesmente, abandonando a coisa. Claro. Uma vez não mais sendo proprietário, obrigação não há. Tecnicamente é o que se denomina de abandono liberatório ou renúncia liberatória.
Sistematizando o tema, refere-se MARIA HELENA D1N1z à obrigação propter rem como sendo figura autônoma situada entre o direito real e o pessoal, a qual encerra uma obrigação acessória mista, por vincular-se a um direito real. Ainda segundo a autora, a obrigação em comento possui três caracteres: (1) vinculação a um direito real, ou seja, a determinada coisa que o devedor seja proprietário ou possuidor, (2) possibilidade de exoneração pelo abandono, (3) transmissibilidade pela via dos negócios jurídicos 2
1.
b) Continuando com a análise da zona híbrida, adentra-se no estudo das obrigações de ônus real. Obrigação de ônus real é aquela que limita o uso e o gozo da propriedade, consistindo em um gravame. É um direito sobre coisa alheia, oponível erga omnes. Verifica-se esta casuística na renda constituída sobre imóvel, na qual há um direito temporário que grava determinado bem, obrigando o seu proprietário a pagar prestações periódicas (art. 803 do CC). Exemplifica-se: João doa uma fazenda para Maria, obrigando esta (Maria) a destinar 50°/o (cinquenta por cento) da safra colhida, todo ano, para Caio.
Enquadra-se igualmente aqui a hipoteca, o penhor e a anticrese, que são direitos reais de garantia, posto darem garantia a uma obrigação pré-existente, onerando um bem.
~ Fiquem atentos!
A obrigação de ônus real tem como traço distintivo da propter rem o fato de se limitar ao valor da coisa. Com efeito, nada impede que o montante da obrigação propter rem supere, em muito, o valor do bem principal, a exemplo de um IPTU progressivo. Tal não ocorre nas obrigações de ônus real, pois não é possível onerar um bem acima de seu principal. No exemplo conferido há pouco, não seria possível Maria ser obrigada a destinar isoºlo (cento e cinquenta por cento) da safra. Demais
disto, as obrigações de ônus reais desaparecem com o perecimento da coisa, fato que não acontece com as denominadas propter rem. Ainda na análise das figuras híbridas, há de se falar nas obrigações de eficácia real.
c) A obrigação de eficácia real é aquela que, sem perder o ser caráter de direito pessoal, ou direito a uma prestação, ganha oponibilidade contra terceiros, que adquiram direitos sobre determinado
bem, tendo em vista o seu registro. É o que tecnicamente chama-se de oponibilidade erga omnes. São obrigações que se transmitem.
Exemplifica-se com o direito de preferência, em um contrato de locação devidamente registrado, conforme previsto no art. 33 da Lei do Inquilinato (Lei 8.245/91). Outro exemplo é o registro do contrato de locação com cláusula de vigência, com o escopo de proporcionar sua continuidade, mesmo na hipótese de alienação do imóvel (art. 8º da Lei 8.245/91). São obrigações que atingem até mesmo o terceiro adquirente, ante ao seu registro.
~ Atenção!
Já entendeu o SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA (REsp. 252.158-RJ) que o direito de preferência previsto na Lei de Locações e no Código Civil (8.245/91, arts. 27 e 33, e no CC, art. 576), quando não respeitado, enseja perdas e danos. Isto não impede que o interessado requeira a adjudicação do imóvel. Lembra-se que a referida adjudicação demanda a prévia averbação do instrumento contratual de locação no cartório imobiliário, pelo prazo de ao menos 30 (trinta) dias antes da alienação. Outrossim, o pedido de adjudicação há de ser realizado no prazo decadencial de 6 (seis) meses, contados da venda. No mesmo sentido caminha o SuPREMo TRIBUNAL FEDERAL, na Súmula 488.
Trabalhadas as três principais hipóteses da zona de confluência,digno de nota ser possível verificar situações reais - como o usufruto - nas quais há imposição de deveres recíprocos entre as partes, subsistindo como uma relação obrigacional. Tais temas serão aprofundados no volume reais.
De mais a mais, o relativismo contratual (efeitos inter partes), malgrado subsistir, enfrenta atualmente diversas mitigações, como na estipulação em favor de terceiros, na promessa de fato de terceiro e no contrato com pessoa a declarar. Tais figuras conferem à mera relação obrigacional uma eficácia além da inter partes. Nada obstante esta ligeira digressão, tais temas serão aprofundados no
volume de contratos, seu locus específico, para o qual remete-se àqueles que desejam maior verticalização nestes assuntos.
Ainda no abrandamento do relativismo contratual, percebe-se que a tutela externa do crédito (função social) e o caráter transindividual das obrigações confere aos contratos uma importante eficácia difusa. Exemplifica-se com o TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), os contratos de massa e o dano social, todos transbordando a mera eficácia inter-partes.
Demais disto, as situações patrimoniais, tanto reais quanto obrigacionais, foram funcionalizadas, tendo sido realizada uma opção pelo existencialismo, com a derrocada do individualismo; e do personalismo, sobrepondo-se ao patrimonialismo. Infere-se, portanto, mais um traço de aproximação, em busca da tutela da dignidade da pessoa humana.
A propriedade não mais é vista como uma relação de submissão, mas sim de cooperação, tendo forte viés obrigacional e perante a qual se considera, também, os interesses dos não proprietários, o
que se observa, por exemplo, na redução dos prazos da usucapião por conta da função social da posse exercida.
Verifica-se a teoria do terceiro cúmplice ou ofensor das relações contratuais, que pode sofrer responsabilização civil na modalidade aquiliana. Infere-se a possibilidade de confecção de uma cláusula penal extra alias, visando a penalização na hipótese de terceiro ofensor. Ao lado disto, surge o terceiro vítima, atingindo em consequência da execução de um contrato e que, igualmente, pode pleitear a sua reparação no Poder Judiciário. Todos os temas que demonstram a mitigação da distinção de reais e obrigações serão tratados no volume de contratos.
Ao que parece, a teoria monista vem mostrando os seus atributos de forma cada vez mais veemente no direito nacional. Apesar, registre-se, do ordenamento jurídico pátrio adotar a teoria dualista.
3. DISTINÇÃO DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE
Os direitos obrigacionais são pessoais. Consoante os ensinamentos de ORLANDO GoMEs, o direito das obrigações disciplina as relações travadas entre pessoas, para satisfação de interesses, tendo natureza pessoal'ª.
Contudo, isto não deve ser compreendido como uma sinonímia completa. Em rigor técnico mais acurado, os direitos pessoais são gênero, dos quais constituem espécie os direitos obrigacionais e os
direitos da personalidade. Isolar o direito das obrigações é a decisão mais acertada, ante o seu caráter patrimonialista.
Nesta esteira, malgrado os direitos obrigacionais e direitos da personalidade decorrerem de um tronco comum, lembra P1ETR0 PERUNG1ER1'9 que são diferentes. Isto porque os direitos obrigacionais ligam-se à noção de direito subjetivo, segundo a concepção do ter (patrimônio). Já os direitos da personalidade, referrem-se a um espaço de desenvolvimento da pessoa, ou seja, relacionam-se à proteção do ser.
Aprofunda PERUNG1ER1 a observação ao verificar que nos direitos da personalidade não há dicotomia entre a prestação e o homem, não havendo de se falar em direitos subjetivos propriamente ditos, mas sim em uma categoria especial de direitos.
De toda sorte, é clarividente inferir o distanciamento entre os direitos da personalidade e os direitos obrigacionais nas suas características, ao passo que:
	DIREITO OBRIGACIONAIS
	DIREITOS DA PERSONALIDADE
	Patrimoniais
	Extrapatrimoniais
	Inter partes
	Erga Omnes
	Prescritíveis
	Imprescritíveis
	Transmissíveis (inter vivos ou causa mortis)
	Intransmissíveis
	Disponíveis
	Indisponíveis
	Penhoráveis
	Impenhoráveis
	Compensáveis
	Incompensáveis
	Transacionáveis
	Intransacionáveis
	Renunciáveis
	Irrenunciáveis
	Cessíveis
	Incessíveis
	Relativos
	Absolutos
Como se pronunciou o SUPERIOR TRIBUNAL DE luSTIÇA sobre o tema? O SuPERIOR TR1suNAL oE JusnÇA entendeu, conforme consta no Informativo 475, que o direito de pleitear dano moral se transmite aos sucessores da vítima falecida''· Isto porque, malgrado o direito da personalidade ser intransmissível, o direito à reparação (efeito patrimonial) transmite-se (art. 943 do CC). É o mesmo raciocínio que legitima a prescrição do efeito patrimonial decorrente da lesão à personalidade, conforme estudada no volume de Parte Geral (art. 206, §3°, V do CC). Ademais, ante o caráter irrenunciável e indisponível. assim como à vista da distinção de causas, a retratação apresentada ao público em nota à imprensa não obsta o dever de reparar' 5• Portanto, os direitos obrigacionais não se confundem, nem de longe, com os direitos da personalidade.
4. TERMINOLOGIAS IMPORTANTES
Também é importante, neste capítulo introdutório, distinguir algumas expressões que podem ser confundidas pelo candidato e futuro aprovado nos concursos públicos.
Fica a pergunta: qual a diferença entre obrigação, dever jurídico, estado de sujeição, responsabilidade e ônus? Isto é o que desejamos esclarecer agora ao querido leitor, de modo direto e sistematizado.
4.1. Dever Jurídico
Pode-se afirmar que o dever jurídico não possui, necessariamente, vínculo patrimonial direto. É a contrapartida do direito subjetivo. Na forma do art. 1° do CC, toda pessoa é titular de direitos e deveres no Ordenamento Jurídico - é a personalidade jurídica, estudada no volume de Parte Geral.
Portanto, o dever jurídico encerra a ideia de um comportamento genérico que todo o ser humano deve se submeter, sob pena de, descumprindo-o, incorrer em sanções jurídicas, como, por exemplo,
a de indenizar.
O dever pode ser genérico, imposto a todos, decorrente da lei. Ou, ainda, específico, em razão da vontade, relacionado a um pacto. Neste último cenário, o dever será denominado de obrigação. Acertadas, assim, as palavras de ORLANDO GoMEs, ao informar que o dever jurídico sobrepõe-se às obrigações3'.
Assim, a obrigação é específica - poderia ser denominada de dever jurídico específico - e se relaciona a temas existenciais, tais como os deveres matrimoniais de fidelidade, respeito mútuo, vida em comum, assistência, entre os demais previstos no art. i.566 do Código Civil.
CRISTIANO CHAVES DE FARIAS E NELSON RosENVALD apresentam interessante reflexão sobre o tema: "Devemos trabalhar com pares. o direito subjetivo opõe-se ao dever jurídico; o direito potestativo à sujeição. Mas, tanto no dever jurídico genérico (direitos reais e direitos da personalidade) como no individualizado (obrigação stricto sensu), o titular do direito subjetivo deve obter um comportamento positivo ou negativo da parte contrária"ii.
Em síntese: o dever jurídico é imposto pelo Ordenamento Jurídico e encerra a necessidade de se observar um determinado comportamento (não lesar, dar a cada um o que é seu, ser honesto, não
furtar, cumprir a lei, etc.). Toda a comunidade submete-se ao dever jurídico que decorre da Lei em oposição aos direitos subjetivos.
4.2. Estado de Sujeição
O estado de sujeição é o outro lado do direito potestativo. Como afirma MARIA HELENA D1N1z34 " No estado de sujeição haverá tão-somente uma subordinação inelutável a uma modificação na esfera jurídica de alguém, por ato de outrem. Assim, no estado de sujeição uma pessoa não terá nenhum dever de conduta, devendo sujeitar-se, mesmo contra a sua vontade, a que sua esfera jurídica seja constituída, modificada ou extinta pela simples vontade de outrem, ou melhor, do titular do direito potestativo".
PAsLo SrnLZE E RoDOLFo PAMPLONA F1 LH0 sustentam que o estado de sujeição consiste em situação na qual alguém "tem de suportar, sem que nadapossa fazer" o poder jurídico de outrem. Constitui o estado de sujeição o oposto do direito potestativo. Portanto, este estado de sujeição não traduz obrigação, pois "inexistente o dever de prestar"35 • Liga-se, sim, a possibilidade de alguém adentrar na sua esfera jurídica e lhe submeter.
4.3. Responsabilidade
Conceitualmente, a responsabilidade civil deriva da transgressão de uma norma jurídica pré-existente, com a consequente imposição ao causador do dano do dever de indenizar. Consiste em
atribuir a alguém, violador de um dever jurídico primitivo, as consequências danosas de seu comportamento. Esse descumprimento vai gerar dever de recomposição do status quo ante. Esta reparação haverá de ser integral, sendo norteada pelo princípio da restitutio in integrum, chamado por alguns de princípio do imperador ou reparação integral.
O fundamento da responsabilidade civil no Brasil é Constitucional, pois o artigo 5°, incisos V e X, afirmam a ideia da responsabilidade civil. Se a CF assegura "o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação", nenhuma dúvida existe no sentido de que há fundamento no direito constitucional justificador do dever de reparar.
Etimologicamente, responsabilizar remete ao verbo latino respondere, da raiz spondeo, significando uma espécie de "sombra da obrigação". Remete, mais uma vez, à noção que se apresenta como o dever jurídico primário e, quando desrespeitado, enseja a incidência deste instituto (o da responsabilidade), do qual deriva. Isto é o que sustentam PABLO SrnLZE GAGLIANO E RODOLFO PAMPLONA foHol6 , fazendo referência à clássica lição do jurisconsulto romano ULPIANO, em seus três fundamentais preceitos para o direito: honeste vívere (viver honestamente), neminem laedere (não lesar outrem) e suum cuique tribuere (dar a cada um o que é seu).
Nas pegadas do artigo i 0 do Código Civil (CC), toda pessoa é titular de direitos e deveres na ordem jurídica brasileira. É possível afirmar, em razão disto, que existe um dever jurídico primário de não causar dano a outrem (não lesar). Violado este dever primário, surge outro: o dever jurídico sucessivo de reparar o dano. Afinal de contas, aquele que causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo, na forma do art. 927 do cc, como adverte CARLOS ROBERTO GONÇALVES37 .
4.4. Ônus Jurídico
Ônus é a faculdade outorgada pelo direito a alguém para a prática de determinada conduta que, acaso não exercida, pode gerar ao titular desta faculdade um determinado prejuízo. Ou seja: é a
necessidade de agir de uma determinada maneira para proteção de interesse próprio.
É o que afirmam CRISTIANO CHAVES DE FARIAS E NELSON ROSENVALD:"O ônus jurídico pode ser conceituado como a necessidade de adoção de uma conduta, não pela imposição de norma, mas para a defesa de um interesse próprio. Não se trata de um dever ou de uma obrigação, pois o
seu inadimplemento não gera sanção e o seu cumprimento não satisfaz um direito subjetivo alheio, simplesmente proporciona uma vantagem ou evita uma desvantagem para o seu próprio titular"38.
Ao contrário da obrigação e do dever jurídico, os quais constituem situação passiva correspondente a uma situação ativa (direito subjetivo ou potestativo), no ônus a situação passiva não contempla qualquer tipo de correspondência ativa. É o que sustentam tais doutrinadores.
É o exemplo do oferecimento de um recurso. Trata-se de um ônus. o seu não oferecimento, porém, gerará prejuízos ao recorrente.

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