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CRIMES CONTRA A PESSOA GRAN

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CRIMES CONTRA A PESSOA – HOMICÍDIO
CAPÍTULO I CRIMES CONTRA A VIDA
Art. 121. Matar alguém: 
Pena – reclusão, de seis a vinte anos. 
O Código Penal divide-se em duas partes: 
• Parte Geral (Art. 1º ao 120. Disposições gerais que se aplicam a todos os crimes estudados no Direito Penal); 
• Parte Especial (Art. 121 ao 359. O Legislador tratará das previsões de crimes e das suas condutas).
O art. 121 tratará, em um formato simples e direto, a descrição do crime de homicídio. 
Os tipos penais da Parte Especial serão formados pelo verbo núcleo do tipo penal e pelas elementares. Observando o art.121, caput, identifica-se que “matar” será o verbo núcleo e o “alguém” será a elementar. 
Por ser um crime de elevado potencial ofensivo, a pena para os crimes de homicídio será a reclusão de seis a vinte anos. 
Todos os tipos penais serão formados por duas partes: preceito primário (descrição da conduta, ou seja, matar alguém) e preceito secundário (sanção penal, sendo a pena de reclusão). 
Uma vez entendido que o conceito de matar é tirar a vida e que o alguém se trata de uma pessoa, é importante fazer considerações sobre como será caracterizada a pessoa. 
Exemplo: a partir de qual momento o feto ou nascente é considerado uma pessoa? Uma pessoa será assim considerada a partir do momento que houver vida extrauterina. Caso ocorra do feto, ainda no útero da mãe, ser morto por ela ou que alguém o mate, não será considerado homicídio, mas crime de aborto (arts. 124 a 126, do Código Penal). 
Outro exemplo: caso a mãe mate o seu filho durante ou logo após o parto, estando ela sob efeito do estado puerperal, configurará que ela matou alguém. Contudo, responderá pelo delito de infanticídio (art. 123, do Código Penal). 
Para haver crime de homicídio é necessária que a vida seja extrauterina e que não se encontre nas hipóteses do infanticídio. 
Em outras hipóteses específicas, considere uma pessoa sem viabilidade de vida, como por exemplo um senhor de 89 anos, com câncer e que se encontra no hospital. O médico informa que em três minutos esse senhor irá morrer. Antes, porém, uma terceira pessoa de fora disfere uma facada faltando apenas um minuto para o senhor falecer, vindo a matá-lo. Esse terceiro responderá pelo crime de homicídio, levando em consideração que o idoso é uma pessoa sem viabilidade de vida e que morreria no minuto seguinte?
A resposta é sim, mesmo que a pessoa não tenha a viabilidade duradoura de vida, ainda é um sujeito passivo, de crime de homicídio. 
Pessoas que poderão ser consideradas sem viabilidade de vida: paciente idoso, paciente terminal, bebê anencéfalo. 
No que diz respeito ao bebê anencéfalo, o STF se posicionou afirmando que o feto pode sofrer aborto e que a mãe não responderá pelo crime de aborto, contudo uma vez que se deu o nascimento, ainda que não tenha viabilidade de vida duradoura, se alguém tirar a vida dolosamente desse bebê, a criança será vítima de homicídio e aquele que a matou responderá pelo crime de homicídio. 
Pontos específicos sobre o crime de homicídio 
• Sujeito Ativo 
• Sujeito Passivo 
• Elemento Subjetivo 
• Consumação 
• Competência 
• Tentativa: – Branca ou Incruenta; – Vermelha ou Cruenta. 
O Sujeito Ativo é o autor do crime e, no crime de homicídio, pode ser cometido por qualquer pessoa. Sendo cometido por qualquer pessoa, será configurado como Crime Comum. 
ATENÇÃO Ao afirmar que o crime, quando cometido por qualquer pessoa, é configurado como Crime Comum, implica-se dizer que há crimes que não poderão ser praticados por qualquer pessoa. Esses crimes são chamados de Próprio ou de Mão Própria. Por exemplo: o crime de aborto praticado pela gestante somente pode ser praticado pela gestante. 
O Sujeito Passivo é a vítima e poderá ser qualquer pessoa. 
No que tange aos Elementos Subjetivos, significa que são as intenções do agente. Poderá ser por dolo direto, dolo eventual ou mediante culpa. O crime de homicídio comporta todos esses elementos. 
O crime de dolo será direto quando houver a intenção de matar, também chamado de animus necandi.
Será dolo eventual quando o agente assumir o risco de produzir o resultado, ou seja, mesmo que não possua intenção de matar, o agente pratica uma conduta em que não se importa com a possibilidade de matar uma pessoa. Por exemplo: o agente pega a arma de fogo e efetua disparos em uma via pública e, mesmo que acerte uma pessoa, não se importará com isso. O dolo, sendo eventual, é punido da mesma forma que o dolo direto. Em que pese ser um elemento subjetivo distinto (intenções diferentes), o agente responderá pela mesma pena de seis a vinte anos. 
O crime de homicídio poderá também ser praticado mediante culpa. Se assim for caracterizado, o agente responderá no formato do art. 121, § 3º, do Código Penal. 
Essa culpa se dará por negligência, imperícia ou imprudência. 
A Consumação do Crime se refere ao crime material, aquele que produz um resultado naturalístico e que causa mudança no mundo. 
Por exemplo: quando alguém mata uma pessoa, ela cai e morre. O fato de a pessoa morrer é o resultado de um fato naturalístico e, causando essa morte, é configurado como homicídio doloso consumado. Esse crime também comporta a tentativa, ou seja, o sujeito quer matar uma pessoa, mas não obtém êxito por razões alheias a sua vontade. Nessa situação há a hipótese de homicídio praticado pela modalidade Tentado. 
A consumação poderá ser um crime instantâneo, ou seja, será consumada no exato momento em que a pessoa morrer. 
Em relação à Competência, caso haja homicídio doloso e todos os crimes contra a vida dolosos, a competência de julgamento será do Tribunal do Júri (sete pessoas escolhidas dentre o povo e que julgarão se a pessoa é ou não culpada por determinado delito); no homicídio culposo, o julgamento será pelo Juízo Comum (Juiz), sem a participação do Júri. 
A Tentativa poderá ser Branca ou Incruenta. Por exemplo: o agente pega uma arma com a intenção de matar uma pessoa, mas erra todos os disparos. Apesar de não ter causado a lesão, teve a intenção de matar, ou seja, praticou atos executórios para matar a vítima, mas não gerou qualquer lesão nela. 
Na Tentativa Vermelha ou Cruenta, o agente pega uma arma, por exemplo, e acerta um tiro no braço da vítima. A intenção do agente nesse caso era de matar a vítima, e não apenas de gerar a lesão corporal. 
Homicídio Simples pode ser considerado Crime Hediondo? 
Lei n. 8.072/1990: 
Art. 1º São considerados hediondos (...) 
I – Homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2º, incisos I, II, III, IV, V, VI, VII e VIII). 
O crime hediondo se trata do crime horrendo, repugnante, que causa horror à sociedade. Para ser considerado crime hediondo é necessário que o delito esteja previsto na Lei n. 8.072/1990. 
No Brasil adota-se o Sistema Legal, em que somente será hediondo o crime que estiver previsto nesta Lei como tal. 
No homicídio qualificado, todas as suas modalidades enquadram-se nos crimes hediondos. 
O homicídio simples em regra não será hediondo, existindo apenas uma hipótese em que será tratado como hediondo: quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente. 
Homicídio Privilegiado 
Art. 121. (...) 
Caso de diminuição de pena 
§ 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 
Quando configurado como privilegiado, traz um benefício para aquele que pratica o homicídio. 
ATENÇÃO Decorar a quantidade de aumento ou diminuição de pena não é necessário, exceto em crimes relevantes, caso dos crimes de homicídio. Nesse tipo de crime, muito cobrado em concursos, é proveitoso saber as penas aplicadas ao homicídio simples e ao qualificado, e as causas da diminuição de pena. O examinador procura confundir o concurseiro no aspecto da diminuição da pena. 
A lei estabelece que o juizpode reduzir a pena. O uso da flexão verbal “pode” é indevido; visto que, havendo o reconhecimento de uma das hipóteses de homicídio privilegiado, o juiz “deve” reduzir a pena. 
Não há discricionariedade para o juiz, quando diante de um homicídio doloso. Como visto anteriormente, a competência de julgamento desse homicídio será do Tribunal do Júri e quem reconhecerá se houve ou não uma das Hipóteses de Privilégio será esse Tribunal. Caso o Tribunal entenda que se trata de uma hipótese de homicídio privilegiado, o juiz deverá aplicar a diminuição de pena. A discricionariedade de pena do juiz se refere à quantidade da diminuição de pena, decidindo se aplicará a diminuição de um sexto ou um terço da pena (ou qualquer valor dentro desse intervalo). 
• Elementos que, isoladamente, ensejam a diminuição da pena: 
1) Relevante valor social;
2) Relevante valor moral; 
3) Sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima. 
Obs.: muitos se confundem no entendimento de que o homicídio ao ser praticado logo em seguida pela injusta provocação da vítima também se aplicaria ao relevante valor social e moral. Aplicar-se-á somente a essa terceira hipótese. 
No elemento que é de relevante valor social, acontecerá quando o agente praticar um homicídio em razão de uma situação que afeta toda a sociedade. 
Por exemplo: na cidade em que um determinado cidadão vive, há uma pessoa que estupra moças todos os dias. Ao descobrir a identidade desse estuprador, o cidadão decide matá-lo, usando uma faca. Ao praticar tal ato, o cidadão responderá por homicídio. Esse homicídio será considerado como privilegiado, pois o cidadão agiu e praticou o crime diante de um relevante valor social (importante ressaltar que cada caso será analisado pelo Tribunal do Júri). 
No elemento que é de relevante valor moral, considere, por exemplo, que o cidadão possui uma minha filha e ela um namorado. Em um determinado momento, o namorado desejou manter relações sexuais com a filha, mas, ao recusar, ele a estuprou. O cidadão, ao notar que a sua filha adquiriu problemas psicológicos, em virtude do estupro, matou o namorado. É importante atentar-se ao fato de que o cidadão matou o namorado da filha em razão de um relevante valor moral, e não pelo fato de o namorado estar atingindo a sociedade como um todo. 
O valor social refere-se à proteção ou ao interesse da coletividade; no valor moral, defende- -se um interesse particular. 
No terceiro elemento, tem-se que, sob domínio de violenta emoção, a pessoa deve estar em surto, perdendo o sentido de justiça, de normalidade, estando fora de si, chegando a praticar atos que jamais praticaria em situações normais de sua vida. 
Na prática, o “logo em seguida” será algo momentaneamente posterior à injusta provocação.
A injusta provocação da vítima poderá ou não configurar como um crime. 
Por exemplo: uma pessoa não gosta de cachorros e o cachorro de um determinado cidadão urina na porta da casa dessa pessoa. Ao matar esse cachorro, houve a injusta provocação da vítima. Nesse momento, o dono do cachorro acerta com uma barra de ferro a cabeça da outra pessoa, matando-a. O dono do cachorro agiu sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação (por matar o seu cachorro). 
Esses elementos não são cumulativos, ou seja, é necessário ter apenas um elemento para se configurar como homicídio privilegiado. 
O homicídio privilegiado possui caráter subjetivo, a incomunicabilidade no concurso de pessoas. 
Exemplo: o pai quer matar o estuprador de sua filha (o pai está acobertado sob o relevante valor moral). Ele procura um assassino de aluguel e o contrata para matar o estuprador. Observa-se, nessa situação, que não foi o pai quem matou o estuprador, mas sim o assassino de aluguel. O mandante (pai) permanece acobertado pelo privilégio, mas o mesmo não acontecerá com o executor (assassino), que se enquadrará no homicídio qualificado mediante pago ou promessa de recompensa. 
A Premeditação do Crime Afasta o Homicídio Privilegiado? 
A premeditação não afasta o homicídio privilegiado. Recorda-se as formas de homicídio privilegiado: relevante valor social, relevante valor moral e sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima. 
Mas se observa que na última hipótese a premeditação afastaria esse privilégio. Não é possível afirmar que o agente agiu sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, sendo que ele havia premeditado o crime. A premeditação é incompatível com essa forma de homicídio privilegiado, entretanto nada impede que aconteça a premeditação no relevante valor social ou moral, não afastando, nessas outras duas situações, o privilégio. 
Se a ação é praticada sob violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, mas o autor erra a execução, vindo a atingir e matar terceira pessoa, responde pelo homicídio privilegiado, simples ou qualificado? 
Por exemplo: um cadeirante está no semáforo pedindo esmola e repentinamente uma pessoa começa a praticar injúrias contra ele. O cadeirante está com uma faca e revoltado com os xingamentos, com a injusta provocação que é feita, arremessa o objeto contra essa pessoa que lhe profere injúrias, mas acerta uma terceira pessoa e a mata. 
Houve o dolo. Caso o cadeirante acertasse a pessoa que lhe proferia injúrias, estaria acobertado pelos privilégios, contudo ao acertar outra pessoa que não tinha nada a ver com a situação, esse cadeirante também responderá pelo homicídio privilegiado, apesar de ter matado um inocente (art. 73, do Código Penal): 
Erro na execução (aberratio ictus) 
Art. 73. – Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela (...) 
Nessa situação, quando o agente erra, ele responde como se tivesse matado a pessoa contra quem ele queria praticar o crime. Existe a vítima virtual e a real (aquela que efetivamente morreu). O agente responde como se tivesse matado a vítima virtual em que pese ter matado a vítima real. 
HOMICÍDIO 
Homicídio Privilegiado-Qualificado Homicídio privilegiado (art. 121, § 1º, CP) não é crime hediondo. Ocorre quando há relevante valor moral, relevante valor social ou sob domínio de violenta emoção logo em seguida à injusta provocação da vítima. 
O homicídio híbrido ocorre quando há uma privilegiadora e uma qualificadora (§2º). Homicídio privilegiado-qualificado (híbrido) não é crime hediondo. 
Obs.: Todas as hipóteses de homicídio qualificado são crimes hediondos. 
Obs.: No Direito Penal Brasileiro, é adotado, em relação ao rol dos crimes hediondos, o critério legal, ou seja, somente o que está previsto na Lei n. 8072/1990 é crime hediondo. 
Quanto ao homicídio ser simultaneamente privilegiado e qualificado, há duas correntes: 
• 1ª corrente: não é possível o homicídio híbrido, porque o homicídio privilegiado está no parágrafo 1º, o homicídio qualificado está no parágrafo 2º, logo o homicídio privilegiado não poderia se aplicar ao que está abaixo dele, somente ao que está acima (art. 121, caput) que é o homicídio simples. Tese da posição geográfica/topográfica dos dispositivos legais. 
• 2ª corrente: é possível o homicídio híbrido, desde que a qualificadora seja de natureza objetiva. 
Obs.: A 2ª corrente é a que prevalece. 
Qualificadoras do homicídio, de natureza objetiva 
A natureza objetiva ocorre quando é comunicável no concurso de pessoas. 
Exemplo: os indivíduos A e B querem matar C. B se vale de um meio cruel para matar C, que é o fogo, sendo que A já sabia que esse meio seria usado. B vai ao encontro de C e mata a vítima usando fogo. A é partícipe do homicídio. A e B respondem pelo homicídio qualificado, pois quando há concurso de pessoas, a qualificadora se comunica, passa de B e alcança A.
No homicídio qualificado, nas qualificadoras subjetivas, não há a comunicação no concurso de pessoas. 
Art. 121. (…) 
§ 2º (...) 
III – com emprego de veneno, fogo, explosivo,asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; 
IV – à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; (...) 
Feminicídio 
VI – contra a mulher por razões da condição de sexo feminino.
Todas as hipóteses do inciso IV são qualificadoras de natureza objetiva, exceto a traição, que é uma qualificadora subjetiva.
O inciso III estabelece os meios do homicídio e o inciso IV estabelece os modos do homicídio. 
Anteriormente, o feminicídio era uma qualificadora subjetiva. Atualmente, conforme o julgado do STJ (Min. Felix Fischer, no REsp 1.707.113/MG, julgado em 29/11/2017), o feminicídio é uma qualificadora objetiva. 
Exemplo: X quer matar a esposa. Para isso, conta com a ajuda de C, que é sua amante. A amante não tem relação doméstica ou familiar com a esposa, assim como também não tem menosprezo à condição de mulher, logo, as hipóteses não se aplicam à amante. Porém, ela prestou auxílio para que X matasse a esposa. X praticou feminicídio, a amante também praticou crime de feminicídio, é uma qualificadora objetiva. 
Homicídio Qualificado 
As qualificadoras de natureza subjetiva estão previstas nos incisos I, II, V, VII, além da traição, disposta no inciso IV.
Art. 121. (…) 
Homicídio qualificado 
§ 2º Se o homicídio é cometido: 
I – mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe;
II – por motivo fútil; III – com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; 
IV – à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; 
	à traição é de natureza subjetiva, logo não se comunica com as hipóteses de privilégio.
V – para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime; Feminicídio (Incluído pela Lei n. 13.104, de 2015) 
VI – contra a mulher por razões da condição de sexo feminino: (Incluído pela Lei n. 13.104, de 2015) 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela Lei n. 13.142, de 2015) 
Pena – reclusão, de doze a trinta anos
As qualificadoras objetivas são os incisos em azul e as subjetivas os incisos em vermelho. 
O homicídio privilegiado qualificado é possível, desde que seja com uma qualificadora objetiva. Isto ocorre porque o homicídio privilegiado é uma qualificadora subjetiva, não se comunica no concurso de pessoas. Se alguém pratica um homicídio com relevante valor moral, aquele que ajudou, não necessariamente pratica homicídio com relevante valor moral. Quem praticou o crime está acobertado pela privilegiadora, quem ajudou não está. O homicídio privilegiado é subjetivo, não se comunica no concurso de pessoas. 
Só é possível ter o homicídio privilegiado qualificado devido à conexão de uma condição subjetiva com uma condição objetiva. Não é possível ter um privilégio, que é subjetivo,e uma qualificadora, que é subjetiva. Não haveria compatibilidade praticar um homicídio por relevante valor moral, relevante valor social e, ao mesmo tempo, por motivo fútil, motivo torpe.
Art. 121. (…) 
Homicídio qualificado 
§ 2º Se o homicídio é cometido: 
I – mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe.
A pena aplicada é de reclusão de 12 a 30 anos, não tem previsão de pena de multa. 
São motivos torpes os estabelecidos no inciso I. 
“Mediante paga ou promessa de recompensa” é uma fórmula casuística
“Ou por outro motivo torpe” é uma fórmula genérica. O legislador assim fez por ser impossível de prever todas as hipóteses de motivo torpe. A fórmula genérica permite que o aplicador do direito veja se o homicídio praticado no caso concreto é motivo torpe ou não. Exemplos de motivo torpe para fins do homicídio qualificado: mediante paga, promessa de recompensa, receber dinheiro para matar uma pessoa.
Outro exemplo: Suzane Richthofen matou os pais para ficar com a herança deles, não existe previsão de que é homicídio qualificado matar os pais para ficar com a herança, mas trata-se de homicídio qualificado por motivo torpe.
Obs.: O motivo torpe é um motivo repugnante, um motivo vil, é algo totalmente escrachado pela sociedade.
“Mediante paga ou promessa de recompensa” também é chamado de homicídio mercenário. A “paga” é quando ocorre pagamento prévio. A “promessa de recompensa” ocorre quando o pagamento é posterior. Nos dois casos, não precisa ser dinheiro, não precisa ter valor econômico, pode ser por ganho moral, prestígio maior, vantagem sexual ou outros. É uma qualificadora subjetiva. É uma qualificadora de concurso necessário.
No inciso I, as qualificadoras são subjetivas.
Exemplo: a filha de X foi estrupada. X paga para um assassino de aluguel matar o estuprador da sua filha. X está acobertado por uma privilegiadora, responde por homicídio privilegiado em razão do relevante valor moral. É um crime no qual há concurso de pessoas, o executor do crime (assassino de aluguel) responde por homicídio qualificado mediante paga ou promessa de recompensa. A qualificadora que se aplica ao assassino não se comunica no concurso de pessoas. “Mediante paga ou promessa de recompensa” se aplica somente ao executor do crime. O mandante do crime (genitor) responde por homicídio privilegiado em razão do relevante valor moral.
Outro exemplo: X quer matar Y para ficar com a esposa dele, para isso contrata um assassino de aluguel. O assassino responde em razão da paga ou promessa de recompensa pelo homicídio qualificado, X responde por homicídio qualificado em razão do motivo torpe. 
Logo, o mandante do crime responde de acordo com o caso (depende do caso). O executor (recebe dinheiro/vantagem para tirar a vida de uma pessoa) sempre responde pela paga ou promessa de recompensa.
A vingança pode ou não ser um motivo torpe, depende da motivação da vingança. Exemplo: X mata uma pessoa que matou o seu filho, é uma vingança, responde por homicídio,mas não é motivo torpe.
O ciúme não é considerado motivo torpe. Pode ser considerado, a depender da situação, motivo fútil (HC 107.090/STJ – Info 711/2013).
Jurisprudência do STJ: 
Não obstante a paga ou a promessa de recompensa seja circunstância acidental do delito de homicídio, de caráter pessoal e, portanto, incomunicável automaticamente a coautores do homicídio, não há óbice a que tal circunstância se comunique entre o mandante e o executor do crime, caso o motivo que levou o mandante a empreitar o óbito alheio seja torpe, desprezível ou repugnante. (REsp 1209852/PR, julgado em 15/12/2015, DJe 02/02/2016)
A qualificadora do motivo torpe é uma qualificadora subjetiva, mas nada impede que o executor do crime responda pela paga ou promessa de recompensa e o mandante responda por motivo torpe. O mandante não responde por “paga ou promessa de recompensa” porque isso se aplica ao executor do crime. 
Art. 121. (…) 
§ 2º Se o homicídio é cometido: 
II – por motivo fútil.
O motivo fútil é um motivo bobo, insignificante. Exemplo: B mata C porque perdeu uma partida de dominó; B mata C porque C não vendeu fiado. O motivo fútil tem que ser um motivo conhecido, ou seja, o juiz/jurados têm que conhecer qual é o motivo fútil para aplicarem a qualificadora. Havia um entendimento que se o motivo não fosse conhecido, seria um motivo fútil, e isso está errado. Se for um motivo desconhecido, não pode aplicar motivo fútil, porque não se sabe se é fútil ou não.
Obs.: O entendimento do STJ está nos HCs: HC 152.548/STJ, HC 107.090/STJ – Info 711/2013.
A futilidade deve ser imediata.
Exemplo 1: João vai até o bar do Arnaldo e toma vários copos de pinga, até seu dinheiro acabar. Quando seu dinheiro acaba, ele pede para Arnaldo vender um copo de pinga fiado. Arnaldo não vende fiado. João fica chateado, pega uma faca nobalcão e mata Arnaldo, homicídio por motivo fútil e imediato. Exemplo 2: João quer beber pinga fiado e fala com Arnaldo, mas Arnaldo não aceita fiado. João fica chateado, disfere um soco em Arnaldo, Arnaldo disfere um soco em João, os dois começam a brigar, em determinado momento, João pega uma faca e mata Arnaldo.
No primeiro exemplo, a futilidade gerou um homicídio de maneira imediata. No segundo exemplo, a futilidade gerou um homicídio de maneira mediata, porque não foi pelo fato do Arnaldo ter negado a venda fiado que João o matou. O que ocorreu é que eles acabaram brigando e, diante dessa briga, João matou Arnaldo. No segundo exemplo, trata-se de uma futilidade mediata, não se aplica a qualificadora do motivo fútil.
Motivo fútil vs. dolo eventual 
Anteriormente, o STJ entendia que, se há dolo eventual em determinado crime, não pode ter a incidência da qualificadora de motivo fútil. Atualmente, é possível ter crime de homicídio em dolo eventual e que seja qualificado pelo motivo fútil.
Não há incompatibilidade na coexistência da qualificadora do motivo fútil com o dolo eventual em caso de homicídio causado após pequeno desentendimento entre agressor e agredido. Precedentes do STJ e STF. Com efeito, o fato de o recorrido ter, ao agredir violentamente a vítima, assumido o risco de produzir o resultado morte, aspecto caracterizador do dolo eventual, não exclui a possibilidade de o crime ter sido praticado por motivo fútil, uma vez que o dolo do agente, direto ou indireto, não se confunde com o motivo que ensejou a conduta. (...) (REsp 1601276/RJ, julgado em 13/06/2017)
A jurisprudência desta Corte Superior entende não ser incompatível a qualificadora do motivo fútil com o dolo eventual, pois o dolo do agente, direto ou indireto, não se confunde com o motivo que ensejou a conduta capaz de colocar em risco a vida da vítima. REsp 1779570 / RS, julgado em 13/08/2019.
Art. 121. (…) 
§ 2º Se o homicídio é cometido: 
III – com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum.
O emprego de veneno, também chamado de venefício, pode ser por substâncias biológicas, químicas que fazem mal a qualquer ser humano (ex.: chumbinho de rato), e também uma substância que faça mal especificamente a uma pessoa. 
Exemplo: Maria é alérgica a camarão. Sabendo disso e querendo matá-la, João aproveita e prepara um peixe regado a molho de camarão e oferece para Maria, informando que não há camarão. Maria morre. João praticou homicídio qualificado por emprego de veneno. Caso João não soubesse que Maria é alérgica a camarão, João responderia por, no máximo, homicídio culposo. 
Veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura são formas casuísticas. “Outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum”: forma genérica. Quando há a forma genérica, é aplicada a interpretação analógica.
Obs.: Interpretação analógica não é analogia, é admitida até mesmo se vier a prejudicar o réu. Analogia in malam partem não é admitida no direito penal.
Emprego de fogo (atear fogo), exemplo: João incendeia a casa do Marcos para matá-lo. 
Emprego de explosivo (deslocamento de matéria), exemplo: colocar uma bomba na pessoa; detonar uma granada. Explosivo não é meio cruel, é um meio que resulta perigo comum. 
O veneno é meio insidioso. O fogo, a asfixia e a tortura são meios cruéis. O explosivo é o meio que resulta perigo comum.A asfixia pode ser mecânica, que é aquela que ocorre por esganadura, estrangulamento, enforcamento. São tampadas as vias aéreas da pessoa e ela não consegue respirar. 
A asfixia pode ser tóxica, que ocorre quando a pessoa morre asfixiada por não ter a renovação do ar, o oxigênio se transforma em CO2 e a pessoa morre asfixiada por respirar gás carbônico. Exemplo: colocar uma pessoa viva dentro do caixão e enterrá-la, a pessoa morre asfixiada. Nos dois casos (asfixia mecânica e tóxica), é incidida a qualificadora de asfixia. 
A tortura ocorre quando o indivíduo gera à vítima uma dor muito superior à necessária para alcançar o resultado morte
Homicídio qualificado pelo emprego de tortura 
Exemplo: a intenção de X é matar a vítima Y. Para isto, pega uma faca e começa a cortar a vítima, porque não quer que ela morra rápido. Homicídio qualificado pela tortura. 
Tortura qualificada pela morte 
Exemplo: X quer torturar Y, para isso, começa a cortar Y com uma faca. A intenção de X não é matar Y, mas de tanto X torturar, Y acaba morrendo. A intenção era torturar, mas surgiu um resultado morte.
	
	Homicídio qualificado pela tortura
	Tortura qualificada pela morte
	Previsão legal
	Artigo 121, § 2º, III, CP – Pena 12 a 30 anos.
	Art. 1º, § 3º Lei n. 9.455/1997 – “Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.”
	Elemento subjetivo
	Dolo direto ou eventual em relação ao resultado morte, utilizando-se da tortura como meio (cruel) para alcançar o resultado
	Crime preterdoloso – dolo na conduta antecedente (tortura) e culpa no resultado (morte).
	Competência
	Tribunal do Júri.
	Juízo singular.
Art. 121. (…) 
§ 2º Se o homicídio é cometido: 
IV – à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido.
A traição é uma qualificadora subjetiva, não se comunica no concurso de pessoas. 
Exemplo: X e Y são grandes amigos. Eles decidem passear, e acabam chegando em um precipício. Y estava na beira do precipício olhando a paisagem, porque confia em X e sabe que ele não irá empurrá-lo (é uma qualificadora subjetiva porque o traidor tem a confiança do traído). Porém, X acaba empurrando Y.
Outro exemplo: X e Y estão fazendo rapel. X vê que Y está no meio da cachoeira e corta a corda de Y, que morre em razão da queda. Y confiava em X para fazer a sua segurança no rapel. 
Para que se tenha a qualificadora da traição, é necessário que seja depositado uma especial confiança no autor e que ele (autor) venha a trair essa confiança. A qualificadora da traição é um crime próprio. 
Obs.: Crimes próprios só podem ser praticados por pessoas que tenham uma qualidade específica. 
A emboscada é uma tocaia. Exemplo: João passa todos os dias em determinada estrada. Maria fica aguardando ele passar, assim que ele passa, Maria atira em sua direção e acaba matando João. 
Mediante dissimulação: João é membro de um site de encontros. Neste site, há a foto de uma mulher de nome Maria. João se interessa por Maria. João e Maria dão match. Maria convida João para ir até a sua casa. Quando João chega à casa de Maria, ele não encontra Maria, ele encontra um desafeto dele, e esse desafeto mata João. É um crime de enganar para matar uma pessoa, ou seja, o sujeito engana para colocar a pessoa numa situação que dificulte a sua defesa. 
Traição, emboscada, ou dissimulação são fórmulas casuísticas, são recursos que dificultam ou tornam impossível a defesa do ofendido. “Outro recurso que dificulte torne impossível a defesa do ofendido”: fórmula genérica. Aplica-se a interpretação analógica. 
Traição é uma qualificadora subjetiva que não se comunica no concurso de pessoas. A emboscada e a dissimulação são qualificadoras objetivas. 
Art. 121. (…) 
§ 2º Se o homicídio é cometido: 
V – para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime. 
Esta qualificadora é chamada de qualificadora de conexão. O indivíduo pratica o homicídio porque há um outro crime que ele quer praticar para assegurar a execução, ocultação, impunidade ou vantagem de outro crime.
Conforme a doutrina, o crime “para assegurar a execução” é chamado de conexão teleológica (finalidade), ou seja, pratica um homicídio para praticar outro crime. 
Exemplo: X quer sequestrar a filha de um empresário. Para isso, ele mata o segurança para sequestrar a filha do empresário. Matou o segurança para assegurar a execução de outro crime. 
Outro exemplo: X mata o segurança do empresário para poder matar o próprio empresário. Praticou um homicídioem razão da qualificadora de conexão para praticar outro homicídio (pode ser qualificado, privilegiado, simples etc.) 
O homicídio teológico é praticado antes da prática de outro crime. Nas outras hipóteses (a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime), chamadas de conexão sequencial, o homicídio é praticado após um crime antecedente.
ATENÇÃO Latrocínio: quando se mata alguém para subtrair os seus pertences, há o latrocínio. Não ocorrerá a incidência desses crimes devido ao Princípio da Especialidade. O latrocínio está tipificado no art. 157, § 3º, CP. O latrocínio é uma exceção à aplicação dessa qualificadora
Ocultação ou a impunidade, por exemplo: crime de importunação sexual (art. 215-A). X diz que Y abusou dela e que vai denunciá-lo para a polícia. Y não quer ser preso e acaba matando a X. Y mata X para garantir a ocultação/impunidade do crime. 
Vantagem de outro crime, exemplo: X e Y praticam crime de estelionato e obtém R$100.000,00 com o crime, mas X não quer dividir esse valor com Y, por isso X acaba matando Y. X praticou crime homicídio qualificado para assegurar a vantagem de outro crime antecedente.
Art. 121 Homicídio qualificado 
§ 2º Se o homicídio é cometido: Feminicídio 
VI – contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:
O Feminicídio é um homicídio qualificado com pena de reclusão de 12 a 30 anos. 
FEMINICÍDIO É DIFERENTE DE FEMICÍDIO.
O FEMICÍDIO é um homicídio no qual uma mulher seja vítima, qualquer homicídio no qual uma mulher venha a ser vítima, é FEMICÍDIO (por exemplo, briga de vizinhas em que uma mata a outra, um empresário quer matar uma empresária, sua concorrente). 
O FEMINICÍDIO é um homicídio contra a mulher por razões da sua condição de ser do sexo feminino. É a ideia do gênero, do sexo feminino, do sexo biológico feminino – o autor do feminicídio pode ser homem, pode ser mulher, mas a vítima necessariamente tem que ser uma mulher. 
O feminicídio está dentro do femicídio, todo feminicídio será um femicídio, mas nem todo femicídio será um feminicídio. 
Um transexual, transgênero, um travesti pode ser vítima de feminicídio? 
Há alguma polêmica em relação a isso. Há, inclusive, alguns Julgados esparsos que já entenderam dessa maneira, mas o entendimento ainda mais seguro é de que o feminicídio não se aplica a transexual, transgênero ou travesti. Ainda não há um posicionamento do Superior Tribunal de Justiça (STJ) ou do Supremo Tribunal Federal (STF).
O sujeito ativo do feminicídio pode ser qualquer pessoa, mais de 18 anos de idade, homem, mulher, travesti, transexual ou transgênero.
§ 2º-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:
I – violência doméstica e familiar; 
II – menosprezo ou discriminação à condição de mulher.
A violência doméstica e familiar contra a mulher vai se aplicar naquelas hipóteses da Lei Maria da Penha, Lei n. 11.340.
Lei n. 11.340/2006 no Art. 5º 
• Âmbito da unidade doméstica (convívio permanente de pessoas) 
• Âmbito da família (laços naturais, afinidade ou vontade expressa) 
• Relação íntima de afeto (convívio, independentemente de coabitação)
O crime de feminicídio traz hipóteses mais amplas do que as da Lei Maria da Penha. A hipótese do inciso I, do § 2º-A do artigo 121 corresponde às hipóteses trazidas pela Lei Maria da Penha. Já na segunda hipótese do “menosprezo ou discriminação à condição de mulher” é uma hipótese a mais. 
Um serial killer mata diversas mulheres simplesmente pelo fato delas serem mulheres porque ele menospreza, discrimina essa condição de mulher e aí será uma hipótese de feminicídio.
As hipóteses de feminicídio são mais amplas do que as hipóteses de incidência da Lei Maria da Penha.
CP (...) Art. 121 
§ 7º A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: 
I – durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; 
II – contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental; (Redação dada pela Lei n. 13.771, de 2018)
III – na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima; (Redação dada pela Lei n. 13.771, de 2018) 
IV – em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei n. 11.340, de 7 de agosto de 2006. (Incluído pela Lei n. 13.771, de 2018)
Caracteriza bis in idem o reconhecimento da qualificadora do motivo torpe e do feminicídio? 
O feminicídio é uma qualificadora objetiva, logo pode ser combinada com uma qualificadora subjetiva. 
Informativo n. 625 do STJ – não caracteriza bis in idem o motivo torpe e a qualificadora feminicídio no homicídio praticado contra mulher em situação de violência doméstica 
§ 2º Se o homicídio é cometido: 
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído pela Lei n. 13.142, de 2015
Homicídio Qualificado
	A quem se aplica
	A quem não se aplica
	Art. 142 CF - Integrantes das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) 
Art. 144 caput, CF - Integrantes da PF, PRF, PFF (polícia ferroviária federal), PCs, PMs e corpos de bombeiros militares 
Art. 144 § 8 º, CF - Guardas municipais 
Art. 144 § 10 º, CF - Agentes de segurança viária Integrantes do sistema prisional Agentes penitenciários, carcereiros, técnicos penitenciários Integrantes da Força Nacional de Segurança Pública
	Polícias legislativas do Senado, da Câmara dos deputados e dos estados 
Membros do Judiciário e seus servidores 
Membros do Ministério Público e seus servidores 
Ex-autoridades ou ex-agentes descritos no inciso VII, que não ostentam mais essa condição, ainda que o crime tenha ocorrido em decorrência dela (ex.: servidor aposentado, exonerado, demitido)
Esse é o denominado homicídio funcional e exclui parentes por afinidade (sogro, sogra, genro, nora, cunhado, cunhada) e filho adotivo, embora na CF seja equiparado a filho legítimo (art. 227, § 6º).
O Direito Penal não admite analogia em malam partem, não admite analogia para prejudicar o réu e se o tipo penal determina expressamente que somente alcançará o parente consanguíneo até 3º grau, o filho adotivo não é parente consanguíneo e não pode ser aplicada analogia em malam partem no Direito Penal.
HOMICÍDIO DE FAMILIAR 
Cuidado! • parricídio: quando se mata pai • matricídio: quando se mata mãe • filicídio: quando se mata filho
Não qualifica, por si só, o homicídio; 
É agravante genérica do art. 61, II, CP (contra descendente, ascendente, irmão ou cônjuge).
ATENÇÃO O homicídio familiar não qualifica o homicídio. Algumas provas já cobraram em questões que o parricídio, matricídio ou filicídio gerariam uma qualificadora ou causa de aumento de pena. O homicídio poderá ser apenas uma agravante.
HOMICÍDIO PREMEDITADO 
• Não qualifica, por si só, o homicídio. 
• Pode funcionar como circunstância judicial para a dosimetria da pena (1ª fase).
HOMICÍDIO DOLOSO CIRCUNSTANCIADO
CP, art. 121. § 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
O parágrafo 4º traz as hipóteses de aumento de pena dos homicídios culposos e dolosos. Nesses casos, os crimes são chamados de circunstanciados ou majorados.
Com relação às hipóteses do homicídio doloso, há detalhes que devem ser observados, como o tempo do crime. Suponha-se que um homicídio é praticado contra uma criança de 13 anos de idade, quevem a falecer no hospital duas semanas depois, quando já tinha completado 14 anos de idade. Essa criança morreu em uma idade em que não se aplicaria a causa de aumento de pena; entretanto, ação foi praticada quando ela tinha menos de 14.
Nessa situação, aplica-se a causa de aumento de pena? 
Sim! O artigo 4º do CP, que trata da teoria da atividade, afirma que o crime deve ser considerado no momento da ação, ou da omissão, ainda que o resultado se dê em outro momento.
Obs.: Para que haja o aumento de pena é necessário que o autor conheça a condição da idade da vítima.
MILÍCIA
§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.
O § 6º considera duas hipóteses distintas: milícia privada e grupos de extermínio. Considera-se milícia privada agentes de segurança que, fora da sua função, passam a atuar sobre determinada área, exigindo da população vantagem financeira para subsidiar uma suposta segurança não institucional.
HOMICÍDIO CULPOSO 
CP, art. 121. § 3º Se o homicídio é culposo: Pena – detenção, de um a três anos.
Quando a pena mínima não é maior que um ano, aplica-se a suspensão condicional do processo, prevista na Lei n. 9.099, ao crime de homicídio culposo. Tem-se, portanto, um crime de médio potencial ofensivo.
Homicídio doloso: é aquele em que o agente tem a intenção de matar (dolo direto) ou quando assume o risco de produzir um resultado (dolo eventual). 
Homicídio culposo: pode se dar em razão da negligência (culpa negativa), da imprudência (culpa positiva) ou da imperícia (culpa profissional = falta de aptidão técnica).
ATENÇÃO 
Não admitem tentativa: O homicídio culposo, uma vez que não há intenção de gerar um resultado, e o crime preterdoloso: lesão corporal seguida de morte, quando a intenção era gerar uma lesão corporal, mas, por conta do excesso, a vítima vem a falecer. Como o dolo do agente não era matar a vítima, ele não responde por homicídio
CRIMES QUE NÃO ADMITEM A TENTATIVA: C.C.H.O.U.P.A.
	Culposos:
	
	Contravenções Penais:
	· a Lei das Contravencoes Penais expressamente prevê, em seu artigo 4º, que as tentativas de contravenção não são puníveis.
	Habituais:
	· São aqueles cuja caracterização exige a reiteração por parte do agente, a exemplo do crime de curandeirismo, previsto no art. 284 do Código Penal.
	Omissivos próprios:
	· Haverá omissão própria sempre que a lei determinar que o sujeito aja em determinadas situações e ele simplesmente não age, fica inerte.
· Omissão de Socorro, que tem previsão no artigo 135 do Código Penal.
	Unissubsistentes:
	· São aqueles crimes que se consumam num único ato. Não há como serem fracionados os atos de execução.
· Exemplo frequentemente citado é o da injúria verbal
	Preterdolosos 
	(= dolo antecedente + culpa consequente)
	de Atentado:
	· Crimes nos quais as modalidades consumada e tentada são punidas da mesma forma, ou seja, recebem a mesma pena.
· EX.: artigo 352 do Código Penal : Consiste em evadir-se ou tentar evadir o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa(...)
ATENÇÃO!
Culpa imprópria e tentativa 
A culpa imprópria se verifica quando o sujeito prevê e deseja o resultado, mas atua em erro vencível (arts. 20, §1°, 2° parte, e 23, parágrafo único, do CP). Esse tipo de culpa ocorre na hipótese de uma descriminante putativa em que o agente, em virtude de erro evitável pelas circunstâncias, dá causa dolosamente a um resultado, mas responde como se tivesse praticado um crime culposo. Por exemplo, o agente está em casa, à noite, e ouve um barulho; assustado, supõe que o barulho tenha sido ocasionado por um ladrão e dispara contra o vulto. Após o disparo, constata que o disparo, que não resultou em morte, foi efetuado contra um guarda noturno. Nessas situações, o agente, que atuou com dolo, responde por tentativa de crime culposo; no entanto, devido a questões de política criminal, ele é punido a título de culpa. Nesse caso, o juiz deverá aplicar a pena do crime culposo diminuída de 1/3 a 2/3, de acordo com o que dispõe o art. 20, § 1.º, segunda parte, CP. 
“Art. 20. O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. Descriminante putativas § 1.º É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo.” 
O art. 14, inciso II, do CP conceitua que ocorre a tentativa quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Assim, verifica-se que, em regra, os crimes culposos não admitem tentativa. Entretanto, é possível admitila na culpa imprópria.
CP, art. 121. § 4º No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
Há quatro hipóteses de aumento de pena (1/3) no homicídio culposo: 
Inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício: 
1)Não confundir com a imperícia (falta de aptidão técnica). A inobservância é a falta de regra técnica. Ex.: um médico que possui todas as técnicas para uma operação realiza uma cirurgia, mas não observa o tipo sanguíneo do paciente. A cirurgia é realizada perfeitamente; entretanto, como o médico não observou o tipo sanguíneo do paciente, este precisou de uma transfusão que não pôde ser realizada por conta da inobservância do médico. 
2) Agente que deixa de prestar socorro imediato à vítima: 
Não se aplica ao homicídio culposo na direção de veículo automotor. 
• Pois há um dispositivo no art. 302 do CTB que gera o aumento de pena de 1/3 nesses casos. Não se aplica se era impossível ao agente prestar socorro. 
3) Não procurar diminuir as consequências do seu ato: Só haverá essa incidência de aumento de pena quando for possível que se venha a diminuir as consequências do ato. 
4) Fuga para evitar prisão em flagrante: Alguns doutrinadores entendem que essa causa de aumento de pena é inconstitucional, uma vez que o agente não pode ser obrigado a se entregar à polícia. Para fins de prova, porém, deve-se levar em consideração o que está no § 4º do art. 121, do Código Penal.
PERDÃO JUDICIAL
CP, art. 121. 
§ 5º Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. 
ATENÇÃO
1) O perdão judicial somente é possível no homicídio culposo. 
2) A natureza jurídica é uma causa extintiva da punibilidade, art. 107, IX, CP. 
3) A análise do caso concreto é realizada pelo juiz. 
4) É cabível perdão judicial no homicídio culposo praticado na direção de veículo automotor – art. 302, CTB.

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