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MECÂNICA CLÁSSICA (NOTAS DE AULA) Prof. Domingos Alves Rade Agosto de 2013 UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica 1 CAPÍTULO 1 CINEMÁTICA DA PARTÍCULA 1.1 - Introdução A Cinemática trata da descrição do movimento de uma partícula, relacionando sua posição, velocidade e aceleração com o tempo, sem levar em conta os agentes que dão origem ao movimento, que são as forças. Entende-se por partícula ou ponto material, um corpo cuja forma e dimensões não são relevantes para a caracterização de seu movimento. Deve-se notar que, segundo esta conceituação, partículas não são necessariamente corpos de pequenas dimensões. Assim, por exemplo, um avião cujo movimento é monitorado por uma estação de radar, conforme ilustrado na Figura 1.1(a), pode ser considerado como uma partícula porque, na medição efetuada pelo radar, não se faz distinção entre os movimentos de diferentes pontos do avião. Por outro lado, se estivermos interessados em caracterizar, por exemplo, as acelerações dos diferentes pontos da asa do avião ao longo de sua envergadura, durante uma manobra de rolamento (rotação em torno do eixo longitudinal), teremos que considerar as posições destes pontos em relação ao eixo do longitudinal do avião, como mostra a Figura 1.1(b). Neste caso, o modelo de partícula não mais se aplica e, se admitirmos ainda que o avião não se deforma, podemos tratar o avião como um corpo rígido. Assim sendo, a modelagem de um dado corpo como partícula ou como corpo rígido depende, fundamentalmente, do tipo de problema que estamos tratando e das informações que estamos buscando mediante a resolução do problema. (a) (b) Figura 1.1 2 Este capítulo tem dois objetivos principais: 1º) conceituar as grandezas cinemáticas utilizadas para caracterizar o movimento de uma partícula: posição, velocidade e aceleração. 2º) estabelecer as equações que permitem calcular posição, velocidade e aceleração instantâneas da partícula, empregando sistemas de referência fixos e móveis e diferentes tipos de sistemas de coordenadas em duas e três dimensões. Este estudo é motivado pelo fato que a escolha adequada do sistema de referência pode facilitar enormemente a resolução de problemas práticos de Engenharia. É importante ressaltar que o assunto abordado neste capítulo constitui uma etapa fundamental na resolução de problemas de dinâmica da partícula, além se aplicar diretamente ao estudo da cinemática e dinâmica dos sistemas de partículas e dos corpos rígidos, que serão enfocados em capítulos subseqüentes do curso. 1.2 – Grandezas cinemáticas fundamentais: posição, deslocamento, velocidade e aceleração No estudo da Mecânica, a completa caracterização das grandezas cinemáticas - posição, velocidade e aceleração - requer o estabelecimento de um sistema de referência em relação ao qual estas grandezas são medidas e ao qual associamos um observador do movimento. A escolha do sistema de referência é arbitrária, podendo ele ser fixo ou móvel. No primeiro caso, o movimento é dito absoluto e, no segundo caso, relativo. Muito freqüentemente, o sistema de referência é representado por um conjunto de eixos orientados, perpendiculares entre si, aos quais se associa uma base de vetores unitários. A forma mais comum é o sistema de eixos cartesianos Oxyz, com sua base canônica de vetores unitários ( k,j,i ). Quando a partícula se movimenta, o conjunto dos pontos que ela ocupa define a chamada trajetória da partícula. Quando a trajetória for uma curva, seja ela plana ou reversa, seu movimento é denominado movimento curvilíneo. Conforme mostra a Figura 1.2(a), a posição de uma partícula sobre sua trajetória, indicada por um ponto P, em relação a um sistema de referência Oxyz, fica completamente determinada pelo vetor posição tr , que tem sua origem coincidente com a origem do sistema de referência e sua extremidade coincidente com a posição instantaneamente ocupada pela partícula. É evidente que, à medida em que a partícula se desloca, o vetor tr varia em módulo e/ou direção, sendo, portanto, uma função vetorial do tempo. 3 (a) (b) Figura 1.2 Considerando a Figura 1.2(b), designemos por trr e ttrr os vetores posição correspondentes às posições P e P , ocupadas pela partícula em dois instantes subseqüentes t e tt , respectivamente. O vetor r , chamado vetor deslocamento, representa a variação da posição da partícula durante o intervalo de tempo t . Este vetor indica, portanto, a variação no módulo e na direção do vetor posição. Do triângulo de vetores mostrado na Figura 1.2(b), podemos escrever rrr . Em Mecânica, estamos freqüentemente interessados em avaliar a rapidez com que o vetor posição varia com o tempo. Esta rapidez é expressa pela grandeza cinemática chamada velocidade. Com base na situação ilustrada na Figura 1.2(b), define-se a velocidade vetorial média entre os instantes t e tt como sendo o vetor expresso sob forma: t r vm (1.1) Sendo t uma quantidade escalar positiva, observamos que, segundo a definição (1.1), mv é um vetor que tem a direção e o sentido do vetor deslocamento r , ou seja, tem a direção da secante à trajetória, interceptando-a nos pontos P e P , conforme mostrado na Figura 1.3. Além disso, o módulo de mv é igual ao módulo de r dividido por t . No Sistema Internacional de Unidades (S.I.), a velocidade vetorial média tem unidades de m/s. trajetória da partícula O x z y tr P O x z y r r r P P 4 (a) (b) Figura 1.3 A velocidade vetorial instantânea, ou vetor velocidade, é definida segundo: dt trd t r vtv t m t 00 limlim sm (1.2) Observamos, na Figura 1.3(a), que quando t tende a zero, os pontos P e P se aproximam e a direção de mv tende a assumir a direção da tangente à trajetória. Assim, concluímos que o vetor velocidade tv tem sempre a direção da tangente à trajetória no ponto correspondente à posição instantaneamente ocupada pela partícula. O sentido de tv é determinado pelo sentido do movimento da partícula ao longo da trajetória, como mostra a Figura 1.3(b). Nesta figura, t e n designam as direções tangencial e normal à trajetória, respectivamente. É importante ressaltar que, no caso geral, o vetor velocidade não é perpendicular ao vetor posição. A velocidade escalar, denotada por v, é definida como sendo o módulo do vetor velocidade, ou seja: t 'PP lim t tr limtvtv tt 00 , sm (1.3) onde PP indica o comprimento do segmento de reta que liga as posições P e P , conforme indicado na Figura 1.3(a). Para definir uma forma alternativa, e mais conveniente, da velocidade escalar instantânea, introduzimos a coordenada curvilínea ts , medida ao longo da trajetória, a partir de uma origem arbitrária 'O , com uma orientação positiva e outra negativa, também escolhidas arbitrariamente, como mostrado na Figura 1.4. Observamos que quando t tende a zero o comprimento da corda 'PP se aproxima do comprimento do arco de trajetória PP , que tem comprimento s . Assim, podemos escrever: O x z y r P P mv r r t O x z y P v n r 5 dt tds t s tv t 0 lim sm (1.4) Figura 1.4 Na equação (1.4), podemos verificar que um valor de tv positivo indica que 0ds (ou seja, s é crescente), o que significa que a partícula se desloca instantaneamente no sentido positivo adotado para medir a coordenada s. Por outro lado, tv negativo indica que s é decrescente, ou seja, a partícula se desloca no sentido contrário à orientação positiva adotada para medir a coordenada s. No estudo da Cinemática, também nos interessamos freqüentemente em avaliar a rapidez com que a velocidade da partícula varia com o tempo. A grandeza que quantifica esta rapidez é a aceleração. Sejam v e v os vetores velocidade da partícula em dois instantes subseqüentes t e tt , respectivamente, e vvv , o vetor que representa a variação do vetor velocidade (em módulo e direção) entre estes dois instantes, conforme ilustra a Figura 1.5. O x z y r r r P s s O + P 6 (a) (b) Figura 1.5 A aceleração vetorial média entre os instantes t e tt é definida como sendo o vetor dado por: t v t vv am (1.5) Vale notar que ma tem a direção e o sentido do vetor v e seu módulo é igual ao módulo de v dividido por t . No S.I., ma tem unidades de m/s2. A aceleração vetorial instantânea, ou vetor aceleração, é assim definida: dt tvd t v ata t m t 00 limlim [m/s2] (1.6) Em virtude da equação (1.2), podemos escrever (1.6) sob a forma: 2 2 dt trd ta [m/s2] (1.7) É importante observar que a direção do vetor aceleração instantânea não coincide, no caso geral de movimento curvilíneo, com as direções normal ou tangencial da trajetória, como podemos observar na Figura 1.6. Tudo o que se pode afirmar a respeito da direção do vetor aceleração é que ele deve apontar para o lado côncavo da trajetória, onde se localiza o centro de curvatura da trajetória, como será demonstrado mais adiante. P(t) P´(t+t) v v t t´ v v v 7 Figura 1.6 1.3 – Velocidade e aceleração angulares de uma linha Conforme será visto mais adiante, muitas vezes buscaremos expressar o movimento de uma partícula em termos do movimento de um segmento de reta que liga esta partícula a um outro ponto do espaço. Assim sendo, é importante definir as grandezas cinemáticas associadas à posição, velocidade e aceleração angulares de um segmento de reta. Consideremos o segmento de reta OP que se movimenta sobre um plano que, por conveniência, fazemos coincidir com o plano x-y, conforme ilustrado na Figura 1.7. A orientação instantânea de OP é determinada pelo ângulo formado entre este segmento e uma direção de referência arbitrariamente escolhida. O sinal de é determinado pelo sentido de rotação, conforme convenção adotada. Define-se a velocidade angular instantânea do segmento OP, denotada por , como sendo a taxa de variação do ângulo com o tempo, ou seja: dt d t lim 0 (1.8) No Sistema Internacional de Unidades, a velocidade angular tem unidades de rad/s. Um valor positivo de indica que o segmento OP está girando no sentido convencionado como positivo para medir o ângulo . Um valor negativo de significa que OP está girando no sentido contrário àquele convencionado como positivo para medir o ângulo . t O x z y P a n r 8 Figura 1.7 É conveniente definir o vetor velocidade angular, , com as seguintes características: a) seu módulo é dado por . b) sua direção é perpendicular ao plano definido pelo segmento OP e pela reta que estabelece a direção de referência. c) seu sentido é determinado pelo sentido de rotação de OP, de acordo com a regra de mão direita, conforme ilustrado na Figura 1.7. Assim, para a situação ilustrada na Figura 1.7, em relação ao conjunto de eixos de referência Oxyz, podemos expressar o vetor velocidade angular de OP sob a forma: k [rad/s] (1.9) A aceleração angular do segmento OP, designada por , expressa a rapidez com que a velocidade angular varia, ou seja: 2 2 dt d dt d , ou (1.10) No Sistema Internacional de Unidades, a aceleração angular tem unidades de rad/s2. Um valor positivo de indica uma das seguintes situações: o segmento OP está girando no sentido convencionado como positivo para medir o ângulo ( 0 ), com velocidade angular de módulo crescente. o segmento OP está girando no contrário ao convencionado como positivo para medir o ângulo ( 0 ) com velocidade angular de módulo decrescente. O P direção de referência x y z + i j k k k 9 No caso em que o plano , sobre o qual se movimenta o segmento OP, não varia sua orientação, o vetor aceleração angular é obtido por derivação de (1.9), considerando o vetor k como invariável. Neste caso, temos: k (1.11) No estudo da cinemática dos corpos rígidos é usual atribuirmos a estes corpos as grandezas cinemáticas velocidade angular e aceleração angular, devendo ser entendido que, de acordo com as definições apresentadas acima, trata-se, a rigor, da velocidade angular e da aceleração angular de um segmento de reta que podemos imaginar desenhado sobre o corpo rígido para caracterizar sua posição angular em relação a uma direção de referência. Assim, na situação ilustrada na Figura 1.8, podemos dizer que o avião está efetuando uma manobra de rolamento com velocidade angular k e aceleração angular k , estando estes vetores direcionados segundo o eixo perpendicular ao plano da figura. Observe-se que indica a posição angular do avião (a qual se confunde com a posição do segmento OP), em relação à direção de referência adotada. Figura 1.8 Nos caso mais geral em que o segmento de reta OP se movimenta sobre um plano orientado arbitrariamente em relação aos eixos de referência, conforme mostrado na Figura 1.9, podemos expressar os vetores velocidade angular e aceleração angular sob as formas: nw (1.12.a) n , (1.12.b) onde n designa o vetor unitário normal ao plano . Em termos de suas componentes nas direções dos eixos cartesianos indicados, estes vetores podem ser expressos segundo: direção de referência O P , x y i j k k k 10 kji zyx (1.13) com: inix (1.14.a) jnjy (1.14.b) knkz (1.14.c) e: kji zyx (1.15) com: inix (1.16.a) jnjy (1.16.b) knkz (1.16.c)Figura 1.9 O x z y P n direção de referência 11 As equações (1.12) a (1.16) mostram que, sendo vetores, a velocidade angular e a aceleração angular gozam de todas as propriedades atribuídas a grandezas vetoriais, dentre as quais a comutatividade da soma abba . Entretanto, rotações finitas não podem ser tratadas como vetores, uma vez que não satisfazem a comutatividade da soma, o que significa que a posição angular final resultante de uma seqüência de rotações sucessivas depende da ordem em que são realizadas estas rotações. Este fato é ilustrado na Figura 1.10, que mostra um objeto sofrendo duas rotações sucessivas de 90º, em torno do eixo Oy e em torno do eixo Oz, ficando evidenciado que a posição final do objeto depende da ordem de realização destas rotações, ou seja: yzzy Em conclusão, podemos anunciar que rotações finitas não são grandezas vetoriais e que variações infinitesimais da posição angular e, por conseqüência, velocidades angulares e acelerações angulares, são quantidades vetoriais, podendo- se aplicar a elas todas as operações vetoriais. 12 Posição inicial Rotação em torno de Oy: j2y (rad) Rotação em torno de Oz: k2z (rad) Posição inicial Rotação em torno de Oz k2z (rad) Rotação em torno de Oy j2y (rad) Figura 1.10 1.4 – Derivadas de funções vetoriais em relação a grandezas escalares Vimos, nas seções anteriores, que os vetores velocidade e aceleração da partícula são definidos como sendo, respectivamente, as derivadas de primeira e segunda ordem do vetor posição da partícula em relação ao tempo. De forma análoga, o vetor aceleração angular é definido como sendo a derivada do vetor velocidade angular em relação ao tempo. Assim, para podermos efetuar uma análise cinemática completa, devemos ter pleno conhecimento da definição e das principais propriedades da derivada de funções vetoriais em relação a uma quantidade escalar. A título de revisão sumarizamos, a seguir, a definição e as propriedades da derivada de funções vetoriais em relação a variáveis escalares. Para tanto, expressamos a dependência funcional de uma grandeza vetorial qualquer, Q , em relação a uma quantidade escalar qualquer, u, sob a forma uQQ . O fato de Q O x z y O x z y O x z y O x z y O x z y O x z y 13 ser função de u significa que tanto o módulo quanto a direção de Q variam quando o valor do escalar u é alterado, conforme ilustrado na Figura 1.11(a) A derivada primeira de Q em relação a u é definida segundo: u Q du Qd u 0 lim , (1.17) Notemos que a derivada de um vetor é também um vetor que tem a direção da tangente à trajetória desenvolvida pela extremidade do vetor Q , como mostrado na Figura 1.11(b). (a) (b) Figura 1.11 Considerando duas quantidades vetoriais uQQ e uRR e uma grandeza escalar uSS , todas elas funções de uma grandeza escalar u, partindo da definição (1.17) podemos facilmente verificar as seguintes propriedades: 1ª) derivada da soma de dois vetores: du Rd du Qd du RQd (1.18) 2ª) derivada do produto de uma função escalar por uma função vetorial: du Qd SQ du dS du QSd (1.19) O x z y uQ Q uuQ O x z y uQ t du Qd 14 3ª) derivada do produto escalar entre dois vetores: du Rd QR du Qd du RQd (1.20) 4ª) derivada do produto vetorial entre dois vetores: du Rd QR du Qd du RQd (1.21) É importante observar que, como o produto vetorial não é comutativo, a ordem das operações indicadas em (1.21) deve ser preservada. Uma outra observação importante a ser feita é que, para manter a consistência das operações vetoriais envolvendo o produto vetorial, convém sempre empregar um sistema tri-ortogonal de eixos dextrógiro, tal como o mostrado na Figura 1.12(a), cujos eixos são orientados de modo a satisfazer as seguintes relações entre os vetores unitários: kji ikj jik jki ijk kij Estas relações podem ser verificadas empregando a regra da mão direita para o produto vetorial, que é ilustrada na Figura 1.12(b). O diagrama mnemônico para o produto vetorial entre os vetores unitários de sistemas de eixos dextrógiros é mostrado na Figura 1.12(c). (a) (b) (c) Figura 1.12 i j k + y z j k x i 15 5ª) Derivada temporal de um vetor rotativo Consideremos a Figura 1.13 que mostra o vetor Q que gira no plano x-y com velocidade angular k , em torno do eixo z (perpendicular ao plano da figura), mantendo seu módulo constante. Figura 1.13 Busquemos primeiramente determinar a derivada de Q em relação ao ângulo . Para isto, projetamos o vetor Q nas direções dos eixos x e y: jsenicosQQ (1.22) Admitindo que o sistema Oxy seja fixo, os vetores unitários i e j são constantes em módulo e direção e têm, portanto, derivadas nulas. Empregando as propriedades (1.18) e (1.19), a derivação da equação acima em relação a conduz a: d jd senjcos d id cosisenQ d Qd = jcosisenQ (1.23) Esta última equação mostra que o vetor d Qd é obtido pela rotação do vetor Q de 90o no sentido de giro do ângulo , como pode ser visto na Figura 1.13. Para obter a derivada de Q em relação ao tempo, empregamos a regra da cadeia da derivação. Levando em conta que dt d , escrevemos: d Qd dt d d Qd dt Qd (1.24) Introduzindo a relação (1.24) em (1.23), obtemos: y d Qd j x i Q dt Qd O 16 dt Qd jcosisenQ (1.25) Utilizando a representação vetorial para a velocidade angular, k , e levando em conta a Equação (1.22), podemos escrever (1.25) sob a forma: Q dt Qd (1.26) Conforme indicado na Figura 1.13, a direção e o sentido do vetor dt Qd são obtidos pela rotação do vetor Q de 90o no sentido de giro do ângulo . 1.5 - Movimento curvilíneo plano da partícula Quando uma partícula descreve uma trajetória curva localizada sobre um plano fixo, seu movimento é denominado movimento curvilíneo plano. A resolução prática de problemas requer a escolha de um sistema de coordenadas adequado, em relação ao qual serão expressas as grandezas cinemáticas. No caso de movimento curvilíneo plano, estudaremos os seguintes sistemas de coordenadas: a) coordenadas cartesianas (x-y); b) componentes normal-tangencial (n-t); c) coordenadas polares (r- ). A escolha do sistema de coordenadas maisadequado para o tratamento de um dado problema pode facilitar muito sua resolução. A escolha deve ser feita levando em conta a natureza do movimento e os dados disponíveis. Serão deduzidas, a seguir, as expressões para as componentes das grandezas cinemáticas - posição, velocidade e aceleração - empregando cada um destes sistemas de coordenadas. 1.5.1 - Coordenadas cartesianas (x-y) As coordenadas cartesianas são aquelas com as quais geralmente temos mais familiaridade, sendo particularmente adequadas ao estudo de movimentos cujas componentes em duas direções mutuamente perpendiculares são independentes. É o caso, por exemplo, do movimento de projéteis no campo gravitacional terrestre (movimento balístico). Consideremos o sistema de referência Oxy, mostrado na Figura 1.21, a partir do qual é observado o movimento de uma partícula, cuja posição instantânea é indicada pelo ponto P. Aos eixos Ox e Oy são associados os vetores unitários i e j , respectivamente. Admitiremos, por enquanto, que este sistema de eixos seja fixo. Mais adiante, neste capítulo, estaremos utilizando sistemas de referência móveis. 17 Figura 1.14 A posição P da partícula, em um instante t qualquer, é determinada pelo seu vetor posição r t , cujas componentes nas direções dos eixos coordenados são dadas pelas duas funções escalares x(t) e y(t). Assim, podemos escrever: jtyitxtr Levando em conta a equação (1.2) e também as propriedades (1.18) e (1.19), derivando o vetor posição em relação ao tempo, a velocidade da partícula é expressa segundo: dt jd tyj dt tdy dt id txi dt tdx dt trd tv (1.27) Lembrando que o sistema Oxy é fixo, os vetores unitários i e j não variam com o tempo. Assim, as derivadas que aparecem na segunda e na quarta parcelas no lado direito de (1.27) se anulam, o que resulta em: j dt tdy i dt tdx tv (1.28) ou: jtvitvtvtvtv yxyx (1.29) onde: tx dt tdx tvx e ty dt tdy tvy O x y v P r a t n ya xa yv xv i j 18 são as componentes do vetor velocidade nas direções dos eixos coordenados Ox e Oy, respectivamente, conforme indicado na Figura 1.14. Empregando a regra de Pitágoras, o módulo da velocidade é dada pela expressão: 2222 tytxvvtv yx (1.30) Considerando a definição (1.6) e admitindo mais uma vez a invariabilidade dos vetores i e j , por derivação da equação (1.28) em relação ao tempo obtemos a seguinte expressão para a aceleração instantânea da partícula: j dt tyd i dt txd ta 2 2 2 2 (1.31) ou: jtaitatatata yxyx , (1.32) com: tx dt txd tax 2 2 e ty dt tyd tay 2 2 O módulo do vetor aceleração é dado pela expressão: 2222 tytxaata yx (1.33) As duas componentes retangulares da aceleração são ilustradas na Figura 1.14. As equações (1.28) e (1.31) mostram que, considerando um sistema de referência fixo, as componentes retangulares dos vetores velocidade e aceleração são obtidas simplesmente derivando sucessivamente as componentes do vetor posição em relação ao tempo. Como veremos mais adiante, quando utilizamos sistemas de referência móveis, termos adicionais, associados ao movimento do sistema de referência, são acrescidos a estas equações. Vale observar que as funções txx e tyy , que são as componentes do vetor posição da partícula, constituem as equações paramétricas da trajétoria, tendo o tempo t como parâmetro. Eliminando o tempo nestas duas funções, podemos obter a equação da trajetória na forma cartesiana usual xyy . 19 1.5.2 - Componentes normal-tangencial (n-t) Com referência à Figura 1.15, seja P a posição, num dado instante t, da partícula que se move em uma trajetória curvilínea plana. Definimos a seguinte base de vetores unitários: vetor unitário tangente, ti , que tem a direção da tangente à trajetória, com o sentido do movimento. vetor unitário normal, ni , que tem a direção da normal à trajetória, apontando para o centro de curvatura da mesma, indicado pelo ponto C. vetor unitário k , perpendicular ao plano do movimento, que satisfaz a relação nt iik . Figura 1.15 Lembrando que o vetor velocidade é tangente à trajetória, com o sentido do movimento, escrevemos: titvtv (1.34) Derivando a equação (1.34) em relação ao tempo, levando em conta as propriedades (1.18) e (1.19), expressamos o vetor aceleração sob a forma: dt id tvi dt tdv dt tvd ta tt (1.35) Podemos observar na Figura 1.15 que embora o vetor ti conserve seu módulo unitário invariável, sua direção varia com o tempo. Durante o movimento da partícula entre as posições P e P este vetor gira de um ângulo . Assim, a derivada dt id t , que aparece no lado direito da equação (1.35), pode ser calculada t C n P P ni ti s ti ni 20 empregando a propriedade da derivada de um vetor rotativo, expressa pela equação (1.26). Assim procedendo, obtemos: tt t iki dt id , (1.36) onde k designa a velocidade angular do segmento CP . Na equação acima, notamos que: nt iik Além disso, convém utilizar a regra da cadeia da derivação para expressar , fazendo intervir a coordenada curvilínea ts , definida na Seção 1.2 (ver Figura 1.4). Assim procedendo, obtemos: n t i dt ds ds d dt id (1.37) Lembrando que: dt ds v e 1 ds d , onde é o raio de curvatura da trajetória, a equação (1.50) pode ser posta sob a forma: n t i v dt id (1.38) Introduzindo finalmente (1.38) em (1.37), obtemos: ntnt aai v i dt dv ta 2 (1.39) e: 222 22 v dt dv aatata nt (1.40) As componentes da aceleração, presentes na equação (1.39) estão ilustradas na Figura 1.16 e possuem as seguintes características: 21 tt idt dv a é a componente tangencial da aceleração e representa a taxa de variação do módulo do vetor velocidade. Observe-se que, sendo dt ds v , a quantidade 2 2 dt sd dt dv será positiva quando a partícula estiver se movimentando no sentido dos s positivos com velocidade de módulo crescente ou quando estiver se movimentandono sentido dos s negativos com velocidade de módulo decrescente. Neste caso, a componente ta terá o mesmo sentido do vetor velocidade v . Por outro lado, dt dv será negativa quando a partícula se movimentar no sentido dos s positivos com velocidade de módulo decrescente ou quando se movimentar no sentido dos s negativos com velocidade de módulo crescente. Neste caso, a componente ta terá sentido oposto ao do vetor velocidade v . nn i v a 2 é a componente normal da aceleração, que está associada à variação na direção do vetor velocidade. Como a quantidade 2v é sempre positiva, a componente na tem sempre o mesmo sentido do vetor ni , ou seja, ela sempre aponta para o centro de curvatura da trajetória, independentemente do sentido do movimento da partícula ao longo da trajetória. Em termos da coordenada s(t), as componentes tangencial e normal da aceleração se escrevem: tt i dt sd a 2 2 (1.41) nn idt tds ta 21 (1.42) 22 Figura 1.16 1.5.3 - Coordenadas polares. Componentes radial-transversal (r - ) No sistema de coordenadas polares, ilustrado na Figura 1.17, a posição da partícula P num instante qualquer t é determinada pela quantidade escalar r , que define a distância entre a partícula e a origem O, chamada polo, e pelo ângulo , medido em radianos, formado entre o segmento OP e uma direção de referência arbitrária. Por convenção, este ângulo será considerado positivo quando medido no sentido anti-horário, a partir da direção de referência. A direção OP é chamada direção radial (ou direção r) e a direção perpendicular a OP é a direção transversal (ou direção ). A estas duas direções associamos uma base de vetores unitários ortogonais ri e i , sendo que ri tem o sentido de O para P e i tem o sentido correspondente aos positivos. Conforme podemos ver na Figura 1.17, as direções destes vetores variam à medida que a partícula se movimenta ao longo da trajetória, embora seus módulos permaneçam constantes. Assim, poderemos tratar estes vetores unitários como vetores rotativos. C t P na 0 dt dv at 0 dt dv at n 23 Figura 1.17 Visando expressar a velocidade e a aceleração da partícula em termos das coordenadas polares, vamos primeiramente obter as derivadas dos vetores unitários ri e i em relação ao tempo. Para tanto, utilizamos a equação (1.26), que nos permite escrever: rr r iki dt id (1.43) iki dt id , (1.44) onde indica o vetor velocidade angular do segmento OP e k designa o vetor unitário, perpendicular ao plano do movimento, saindo do plano da Figura 1.17, de modo a satisfazer a relação kiir . Ainda com auxílio da Figura 1.17, e da regra da mão direita para o produto vetorial, verificamos as relações: iik r (1.45) riik (1.46) Introduzindo as equações (1.45) e (1.46) em (1.43) e (1.44), obtemos: idt id r (1.47) dir. radial (r) O dir. de referência P dir. transversal () r ri i ri i 24 ridt id (1.48) Observando a Figura 1.17, notamos que o vetor posição da partícula, em um instante qualquer, se escreve: rirtr (1.49) Obtemos a velocidade da partícula derivando tr em relação ao tempo: dt id ri dt dr dt rd tv rr (1.50) Introduzindo a equação (1.47) em (1.50), obtemos: irirv r (1.51.a) ou: ivivvvv rrr , (1.51.b) onde: • rr irv é a componente radial da velocidade • irv é a componente transversal da velocidade Estas componentes da velocidade são mostradas na Figura 1.18. 25 Figura 1.18 Como rv e v são duas componentes de v em direções perpendiculares, o módulo da velocidade escalar é dado pela expressão: 22 vvv r 222 rr (1.52) Obtemos o vetor aceleração derivando o vetor velocidade, dado pela equação (1.51.a), em relação ao tempo: dt id ririr dt id rira rr Utilizando as equações (1.47) e (1.48), após algumas manipulações algébricas, a equação acima pode ser posta sob a forma: irrirra r 22 (1.53) ou: iaiaaaa rrr , onde: • rr irra 2 é a componente radial da aceleração • irra 2 é a componente transversal da aceleração. O P r r t rv v v a ra a 26 Estas duas componentes da aceleração estão mostradas na Figura 1.18. É usual expressar as componentes da velocidade e da aceleração da partícula em termos da velocidade angular ( ) e aceleração angular ( ) da linha OP. Assim, podemos escrever: irirv r (1.54) a r r i r r ir 2 2 (1.55) Um caso particular importante a ser considerado é aquele em que a partícula descreve uma trajetória circular (movimento circular), como ilustrado na Figura 1.19. Se escolhermos o pólo do sistema de coordenadas polares coincidente com o centro da trajetória, teremos, neste caso, a direção radial coincidente com a direção normal à trajetória e a direção transversal coincidente com a direção tangente à trajetória. Sendo o raio da trajetória constante, temos 0 rr e as equações (1.54) e (1.55) tornam-se: irv (1.57) irira r 2 (1.58) É muito conveniente, nas duas últimas equações acima, expressar a velocidade angular e a aceleração angular como vetores perpendiculares ao plano do movimento, de acordo com as equações (1.9) e (1.11), repetidas abaixo: k , k Definindo ainda o vetor posição OPr , podemos facilmente verificar, utilizando as propriedades do produto vetorial, que os vetores velocidade e aceleração no movimento circular podem ser expressos sob as formas: rv (1.59) rra (1.60) onde rar e ra são as componentes transversal (tangencial) e radial (normal) da aceleração, respectivamente. 27 Figura 1.19 1.6 - Movimento curvilíneo espacial da partícula O movimento de uma partícula ao longo de uma trajetória curva reversa é conhecido como movimento curvilíneo espacial. Diferentemente do movimento curvilíneo plano, que envolve apenas duas componentes, o movimento espacial se caracteriza por três componentes de movimento. Do ponto de vista teórico, o movimento espacial de uma partícula pode ser considerado, em cada instante, como sendo um movimento curvilíneo plano que ocorre em um plano que contém o ponto da trajetória ocupado instantaneamente pela partícula e os pontos imediatamente vizinhos. Este plano é chamado plano osculador. Podemos entender o plano osculador como sendo o plano que mais se ajusta à trajetória, no ponto instantaneamente ocupado pela partícula. A velocidade v e a aceleração a da partícula são vetores localizados sobre o plano osculador. Deste modo, podemos estender ao movimento espacial os conceitos de componentes tangencial e normal da aceleração. Para tanto, são definidos os seguintes vetores unitários, que são mostrados na Figura 1.20: ti : vetor unitário tangente à trajetória, contido no plano osculador, com o sentido do movimento. ni : vetor unitário normal, perpendicular a ti , contido no plano osculador, e que aponta para o centro de curvatura da trajetória C, que também se encontra sobre este plano. A direção definida por ni é chamada normal principal e o raio de curvatura , contido no plano osculador, é denominado raio principal de curvatura. i j k t r n v ra a r O P 28 bi : vetor unitário perpendicular ao plano osculador, que completa o triedro de vetores unitários, sendo definido segundo: ntb iii A direção perpendicular ao plano osculador, definida por bi , é chamada direção binormal. Figura 1.20 Uma vez definidos estes vetores, podemos expressar os vetores velocidade e aceleração em termos de componentes tangencial e normal sob as formas (conforme Seção 1.5.2): tivv nt i v i dt dv a 2 É importante observar que v e a não têm componentes na direção da binormal. Embora seja importante sob o ponto de vista teórico, a descrição do movimento espacial em termos dos vetores unitários ti , ni e bi não é muito adequada à resolução de problemas práticos, uma vez que as variações destes vetores com o tempo depende da forma da trajetória. Assim, para a descrição da cinemática do movimento espacial são utilizados, com maior freqüência, os sistemas de coordenadas apresentados a seguir. O x z y t n b P ti b i ni C plano osculador 29 1.6.1 - Coordenadas cartesianas (x-y-z) A extensão das equações já apresentadas para o movimento curvilíneo plano na Seção 1.5.1 para o caso de movimento espacial é imediata, requerendo simplesmente a inclusão da coordenada z e do vetor unitário correspondente k , como mostrado na Figura 1.21. Aqui, mais uma vez, o sistema de referência Oxyz é admitido ser fixo, sendo os vetores unitários k,j,i invariantes com o tempo. y z x O P x,y,z( ) axay az vx vy vz j Figura 1.21 Os vetores posição, velocidade e aceleração de uma partícula que descreve um movimento curvilíneo espacial, em relação ao sistema de eixos fixos Oxyz, são dados por: • vetor posição ktzjtyitxtr (1.61.a) 222 tztytxtr (1.61.b) • vetor velocidade ktzjtyitxtv (1.62.a) 222 tztytxtv (1.62.b) • vetor aceleração ktzjtyitxta (1.63.a) 222 tztytxta (1.63.b) 30 As componentes destes vetores são ilustradas na Figura 1.21. 1.6.2 - Coordenadas cilíndricas (r--z) O sistema de coordenadas cilíndricas é obtido pelo acréscimo da coordenada z e do vetor unitário correspondente k ao sistema de coordenadas polares anteriormente apresentado na Seção 1.5.3. Observemos, na Figura 1.22, que no plano x-y localizam-se as coordenadas r e do sistema de coordenadas polares, sendo considerado positivo quando é observado girando no sentido anti-horário, a partir da extremidade do eixo z. A Figura 1.22 mostra ainda o sistema de vetores unitários ri , i e k , associados às direções radial, transversal e ao eixo z, respectivamente. Figura 1.22 Considerando as coordenadas e os vetores unitários mostrados na Figura 1.22, podemos escrever o vetor posição da partícula P sob a seguinte forma (notemos que, com o intuito de evitar ambigüidade, o vetor posição, até aqui denotado por r será, nesta seção, denotado por Pr ): kzirr rP (1.64) Obtemos o vetor velocidade derivando o vetor posição em relação ao tempo: dt kd zkz dt id rir dt rd v rr P Lembrando que idt id r (conforme a equação (1.47)) e observando que o vetor unitário k permanece constante durante o movimento da partícula, tendo x Pr z y P O k i ri r r 31 derivada temporal nula, obtemos as seguintes expressões para o vetor velocidade e seu módulo: zvvrv r kzirirv (1.65.a) 2z 22 r vvvv (1.65.b) Derivando a equação (1.65.a) em relação ao tempo e empregando as equações (1.47) e (1.48), obtemos as seguintes expressões para o vetor aceleração e seu módulo: zr aaa r kzirrirra 2 2 (1.66.a) 2z 22 r aaaa (1.66.b) 1.6.3 - Coordenadas esféricas (R-- ) No sistema de coordenadas esféricas, a posição da partícula no espaço fica determinada pela coordenada linear R e pelas coordenadas angulares e , definidas na Figura 1.23, na qual é também representado um sistema auxiliar de eixos cartesianos Oxyz. A base de vetores unitários é constituída pelos vetores : Ri : vetor unitário na direção OP com o sentido de O para P. i : vetor unitário perpendicular ao plano OPP’, orientado no sentido de crescente (apontando no sentido anti-horário, quando observado da extremidade do eixo z). i : vetor unitário perpendicular aos dois primeiros, contido no plano OPP’, orientado no sentido de crescente (no sentido de elevação do segmento OP em relação ao plano xy). 32 Figura 1.23 Com base na Figura 1.23, expressamos o vetor posição da partícula P segundo: RiRr (1.67) Para obter a expressão da velocidade de P derivamos o vetor posição em relação ao tempo: dt id RiRv RR (1.68) O problema agora consiste em expressar a derivada do vetor Ri em relação ao tempo.Para isso, utilizaremos o sistema auxiliar de coordenadas cartesianas Oxyz, suposto fixo, e sua base de vetores unitários k,j,i . Podemos então escrever: kkijjiiiii RRRR Na equação acima, iiR , jiR e kiR representam as projeções do vetor unitário Ri nas direções do eixo x, y e z, respectivamente . Com auxílio da Figura 1.30, podemos verificar facilmente que: coscosiiR (1.69.a) cossenjiR (1.69.b) x r z y P O i Ri R i R P’ j k i 33 senkiR (1.69.c) Introduzindo as relações (1.69) em (1.68), obtemos: ksenjcossenicoscosiR (1.70.a) Por procedimento similar, obtemos as seguintes expressões para os dois outros vetores unitários do sistema de coordenadas esféricas em termos dos vetores unitários do sistema de coordenadas cartesianas auxiliar: jcosiseni (1.70.b) kcosjsensenisencosi (1.70.c) Podemos agora expressar a derivada indicada em (1.68), computando a derivada de (1.70.a), levando em conta que os vetores unitários k,j,i são constantes: kcosjsensencoscosisencoscossen dt id R Levando em conta novamente as relações (1.70.b) e (1.70.c), escrevemos a última equação acima sob a forma: icosidt id R (1.71) Introduzindo (1.71) em (1.68), obtemos a seguinte expressão para o vetor velocidade da partícula em termos de suas componentes esféricas: vvRv R iRiRiRv cos (1.72) 222 R vvvv (1.73) Visando obter a expressão da aceleração, derivamos o vetor velocidade, dado por (1.72) em relação ao tempo, obtendo: dt id cosRisenRicosRicosR dt id RiRa RR dt id RiRiR (1.74) 34 Computamos as derivadas dt id e dt id , que aparecem em (1.74), a partir de (1.70.b) e (1.70.c): jsenicos dt id (1.75.a) ksenjcossensencosicoscossensen dt id (1.75.b) Introduzindo as equações (1.75) em (1.74) e fazendo uso das relações (1.70), obtemos a seguinte expressão para o vetor aceleração da partícula em termos de coordenadas esféricas: aaaa R (1.76) com: RR iRRRa 222 cos (1.77.a) isenRcosRcosRa 22 (1.77.b) icossenRRRa 22 (1.77.c) 222 R aaaa (1.78) 1.7 - Movimento Relativo Nas seções anteriores deste capítulo os sistemas de referência utilizados foram considerados fixos e as grandezas cinemáticas observadas a partir deles foram admitidas absolutas. Em grande número de casos, os sistemas de referência empregados estão animados de algum tipo de movimento. Assim, por exemplo, os sistemas de referência que adotamos fixos à Terra são, na verdade, sistemas móveis, uma vez que a Terra está desenvolvendo um movimento complexo no espaço. Na maioria dos problemas de Engenharia, o movimento da Terra pode ser negligenciado (por exemplo, no estudo do movimento dos componentes de uma máquina ou mecanismo). Em outros problemas, contudo, a consideração do movimento do planeta é de fundamental importância. Tal é o caso, por exemplo, de 35 problemas envolvendo o movimento de satélites artificiais e de correntes marítimas e atmosféricas. No estudo de qualquer tipo de problema, podemos escolher livremente os sistemas de referência a serem empregados - fixos ou móveis. Freqüentemente, soluções mais simples podem ser obtidas com o emprego de sistemas de referência móveis. O movimento em relação aos sistemas de referência móveis é usualmente chamado movimento relativo. Para facilitar o entendimento, estudaremos primeiramente o movimento relativo plano (em duas dimensões) e, em seguida, o movimento relativo espacial (em três dimensões). Consideraremos também, separadamente, os diversos tipos de movimento que os sistemas de referência móveis podem apresentar, em ordem crescente de complexidade: translação, rotação e movimento geral (translação + rotação). 1.7.1 - Movimento relativo plano. Eixos de referência em translação Consideremos o movimento curvilíneo plano de duas partículas A e P, cujas posições são mostradas na Figura 1.24. São mostrados dois sistemas de eixos: OXY e Axy, este último com sua origem posicionada sobre a partícula A. Admitiremos que o sistema OXY seja fixo e que quando a partícula A se desloca, os eixos x e y também se movam, conservando, porém, suas direções constantes em relação ao sistema fixo OXY. Podemos admitir, sem perda de generalidade, que os eixos dos dois sistemas permaneçam sempre paralelos. Dizemos, neste caso, que o sistema móvel Axy está em movimento de translação em relação ao sistema OXY. Os vetores Ar e Pr definem, respectivamente, as posições das partículas A e P em relação ao sistema de eixos fixos OXY e o vetor A/Pr define a posição da partícula P em relação ao sistema Axy, ou seja, a posição da partícula P em relação à partícula A. Figura 1.24 x y Y X P A O A/Pr Pr Ar i i j j PXAX AY PY A/Px A/Py 36 Buscaremos estabelecer relações entre as posições, velocidades e acelerações observadas no sistema fixo, consideradas absolutas, e a correspondentes observadas no sistema móvel, consideradas relativas. Do triângulo de vetores mostrado na Figura 1.33, extraímos a relação: A/PAP rrr (1.79) Como os dois sistemas de eixos permanecem paralelos, podemos associar a ambos uma única base de vetores unitários (i , j ). Deste modo, os vetores que figuram na equação (1.79) podem ser decompostos da seguinte forma: jYiXr AAA (1.80.a) jYiXr PPP (1.80.b) jyixr A/PA/PA/P (1.80.c) Substituindo as equações acima na equação (1.79) e igualando os coeficientes dos vetores unitários em ambos os lados da equação vetorial resultante, obtemos as seguintes equações escalares: A/PAP xXX (1.81.a) A/PAP yYY (1.81.b) Derivando a equação (1.79) em relação ao tempo temos: A/PAP rrr ou: A/PAP vvv , (1.82) onde Pv e Av são as velocidades absolutas (em relação ao sistema fixo) das partículas A e P, respectivamente, e A/Pv é a velocidade de P em relação a A (ou a velocidade de P em relação ao sistema móvel). Para obter Av , Pv e A/Pv derivamos as equações (1.80), levando em conta mais uma vez, que os vetores i e j são invariáveis: jYiXv AAA (1.83.a) jYiXv PPP (1.83.b) jyixv A/PA/PA/P (1.83.c) 37 Substituindo as equações (1.83) na equação (1.82) e igualando os coeficientes dos vetores unitários de ambos os lados da equação vetorial resultante, temos as seguintes relações entre as componentes das velocidades absolutas de P e A e as componentes da velocidade de P em relação a A: A/PAP xXX (1.84.a) A/PPP yYY (1.84.b) Seguindo procedimento análogo, para as acelerações absolutas e relativas, após derivação de (1.82) em relação ao tempo, escrevemos: A/PAP aaa , (1.85) com: jYiXa AAA (1.86.a) jYiXa PPP (1.86.b) jyixa A/PA/PA/P (1.86.c) Substituindo as equações (1.86) em (1.85), obtemos as seguintes relações entre as componentes das acelerações absolutas das partículas A e P e a aceleração de P em relação a A: A/PAP xXX (1.87.a) A/PAP yYY (1.87.b) É importante ressaltar que, embora o desenvolvimento apresentado tenha sido feito em termos de componentes cartesianas, o conceito de movimento relativo pode ser estendido a qualquer outro tipo de sistema de coordenadas anteriormente estudados neste capítulo. 1.7.2 - Movimento relativo plano - eixos de referência em rotação Com relação à Figura 1.25, consideremos dois sistemas de referência com origem comum O: o sistema fixo OXY, e o sistema Oxy, que executa um movimento de rotação em torno de O, com velocidade angular instantânea k , podendo o módulo de ser constante ou variável com o tempo. Vale lembrar que, de acordo com o exposto na Seção 1.3, a velocidade angular é tratada como um vetor perpendicular ao plano x-y, sendo seu módulo dado por , onde é o ângulo compreendido entre os eixos dos dois sistemas de referência, como indicado na Figura 1.25. Nesta mesma figura são também mostradas as bases de vetores unitários ( I ,J ), associados aos eixos fixos OXY e ( i , j ), associados aos eixos Oxy, respectivamente. 38 Figura 1.25 Considerando uma grandeza vetorial qualquer tQ , mostrada na Figura 1.25, é fácil perceber que dois observadores, um posicionado no sistema fixo e outro no sistema móvel verão, de maneiras diferentes, a variação da quantidade tQ com o tempo. Designando por OXY Q a derivada temporal de tQ em relação ao sistema fixo OXY e Oxy Q a derivada temporal de tQ em relação ao sistema rotativo Oxy, pretendemos, inicialmente, obter a relação existente entre estas duas derivadas. Para tanto, expressamos tQ em termos de suas componentes nas direções dos eixos rotativos Ox e Oy: jtQitQtQ yx (1.88) Um observador posicionado no sistema rotativo observa os vetores i e j invariáveis. Assim, derivando a expressão acima em relação ao tempo, considerando os vetores i e j constantes, obtemos a derivada temporal Oxy Q em relação ao sistema rotativo, ou seja: jQiQQ yx Oxy (1.89) Por outro lado, um observador no sistema fixo OXY observa variações nas direções dos vetores i e j quando o sistema móvel gira em torno do ponto O. Assim, para obter a derivada temporal de tQ em relação ao sistema de referência fixo OXY, derivamos (1.88) em relação ao tempo considerando os vetores i e j variáveis, obtendo: x Y X O tQ I j y i J tQx tQy k 39 dt jd Q dt id QjQiQQ yxyx OXY (1.90) Utilizando a equação (1.89), a última equação acima pode ser escrita sob a forma: dt jd Q dt id QQQ yx OxyOXY (1.91) Levando em conta que os vetores unitários i e j estão girando em torno de O com velocidade angular , as derivadas dt id e dt jd são obtidas empregando a equação (1.26), que expressa a derivada temporal de um vetor rotativo: i dt id (1.92) j dt jd (1.93) Introduzindo as relações (1.92) e (1.93) na equação (1.91), a equação resultante pode ser posta sob a forma: jQiQQQ yx OxyOXY , (1.94) ou ainda, levando em conta a relação (1.88): QQQ OxyOXY (1.95) A equação (1.95) estabelece a relação entre a derivada temporal calculada em relação ao sistema fixo e a derivada temporal calculada em relação ao sistema rotativo. Consideremos agora o movimento de uma partícula P observado por dois observadores distintos posicionados nos dois sistemas de referência empregados. Designando por tr o vetor posição da partícula, temos que OXYr representa a velocidade de P em relação ao sistema fixo (velocidade absoluta de P), enquanto Oxyr representa a velocidade de P em relação ao sistema rotativo. A equação (1.95), com Q substituído por r , nos dá: rrrv OxyOXYp (1.96) 40 Para melhor entendimento do significado dos vetores presentes na equação (1.96), consideremos, como exemplo, a situação ilustrada na Figura 1.26. Observamos uma placa plana que gira em torno do ponto fixo O, com velocidade angular instantânea k , a qual varia com aceleração angular instantânea k . A placa dispõe de uma ranhura dentro da qual se move uma partícula P. Evidentemente, o movimento absoluto de P é resultante da composição de seu movimento dentro da ranhura com o movimento de rotação da placa. Consideremos um sistema de referência de orientação fixa, OXY, e um sistema Oxy, solidário à placa. Este último está animado de movimento de rotação em torno do ponto O, com a mesma velocidade e aceleração angulares da placa. Y y x X trajetória de P' O v rP ' v rrel Oxy Figura 1.26 Para um observador no sistema Oxy, ou seja, posicionado sobre a placa, a partícula P descreve a trajetória determinada pela ranhura, movendo-se com a velocidade Oxyr , que é um vetor contido no plano da placa, com a direção da tangente à ranhura na posição ocupada instantaneamente por P. Designaremos esta velocidade em relação a Oxy por relv (velocidade relativa ao sistema rotativo, ou em relação à placa). Designando por 'P um ponto que coincide instantaneamente com P e pertence à placa (ou aosistema rotativo, solidário a ela), vemos que 'P descreve, em relação ao sistema fixo OXY, um movimento circular com centro em O, sendo este movimento determinado pela rotação da linha OP em torno de O, com velocidade angular . Com base na equação (1.58), que representa a velocidade no movimento circular, concluímos que o vetor rv 'p representa a velocidade deste ponto 'P , em relação ao sistema OXY. Este vetor é tangente à trajetória circular, mostrada em linha tracejada na Figura 1.26, ou seja, ele é perpendicular ao vetor r . 41 Com base nestas interpretações, podemos escrever (1.96) sob a forma: rel'PP vvv , (1.97) onde: OXYP rv é a velocidade de P em relação ao sistema fixo. Oxyrel rv é a velocidade de P em relação ao sistema rotativo. rv 'P é a velocidade, em relação ao sistema fixo, do ponto 'P , que coincide instantaneamente com P, e pertence ao sistema rotativo. Passemos agora ao estudo das acelerações. A aceleração absoluta de P é dada pela derivada temporal de Pv em relação a OXY. Computando a derivada temporal de (1.96) em relação a OXY, obtemos: OXYOXYOxyOXYOxyOXYPP rdt d r dt d rr dt d va OXYOXYOXYOxy rdt d r dt d r dt d (1.98) Utilizamos, em seguida, a equação (1.95) para desenvolver cada uma das parcelas da equação acima, conforme as equações abaixo: OxyOxyOXYOxy rrrdt d OxyOXYdt d rrrrr dt d OxyOxyOXY . Substituindo as três últimas equações em (1.98), obtemos, após rearranjo: OxyOxyP rrrra 2 (1.99) De forma similar ao que foi feito para as componentes da velocidade, as componentes de aceleração, figurando na equação acima, podem ser interpretados com o auxílio da Figura 1.27 e da equação (1.99) escrita sob a forma: c Pa nPtPrelP aaaaa ' '' (1.100) 42 onde: Oxyrel ra é a aceleração de P em relação ao sistema de referência rotativo Oxy e está associada ao movimento de P ao longo da ranhura. Sendo esta ranhura curvilínea, rela pode, no caso mais geral, ser decomposta em duas componentes: - dt vd a reltrel , tangente à ranhura. - 2 rel nrel v a , normal à ranhura, apontando para o seu centro de curvatura. Aqui, designa o raio de curvatura da ranhura. ra t'P é a componente tangencial da aceleração, em relação ao sistema fixo OXY, do ponto 'P , coincidente com P e pertencente ao sistema rotativo (ou à placa). ra n'P é a componente normal da aceleração do ponto 'P , em relação a OXY; relOxyc vra 22 é a chamada aceleração de Coriolis. Esta componente está associada à variação na direção do vetor velocidade relativa relv , provocada pela rotação do sistema de referência móvel. Y y x XO C arel t arel aP t' arel n aC aP n' aP ' Figura 1.27 43 A análise apresentada acima mostra que o principal interesse no uso de um sistema de referência rotativo como sistema de referência auxiliar para o cálculo da velocidade e aceleração absolutas de uma partícula reside no fato de que este procedimento permite decompor o movimento complexo da partícula em termos de dois movimento mais simples: o movimento da partícula em relação ao sistema móvel e o movimento do ponto 'P pertencente ao sistema móvel. 1.7.3 - Movimento relativo plano. Eixos de referência em movimento plano geral Consideremos a Figura 1.28 que mostra o movimento plano de duas partículas A e P, sendo empregados dois sistemas de referência: um sistema fixo OXY e outro sistema móvel, Axy. A origem deste último descreve uma trajetória curvilínea plana e, ao mesmo tempo, seus eixos giram com velocidade angular instantânea k e aceleração angular k . Dizemos, neste caso, que o sistema Axy está animado de movimento plano geral (translação superposta a uma rotação em torno de A). Figura 1.28 Sendo Ar , Pr e APr / os vetores posição mostrados na figura acima, podemos escrever: APAP rrr / (1.101) Para obter a relação envolvendo velocidades absolutas e relativas das duas partículas A e P, computamos a derivada temporal dos vetores presentes em (1.101) em relação ao sistema fixo: OXYA/POXYAOXYPP rrrv (1.102) x y Y X P A O APr / Pr Ar k k 44 Usando a equação (1.95), podemos desenvolver o último termo da equação acima sob a forma: A/PAxyA/POXYA/P rrr , e a equação (1.102) fica: AxyA/PA/PAP rrvv , (1.103) ou: relAPAP vvvv / , Os vetores presentes na Equação (1.103) podem ser interpretados com o auxílio da Figura 1.29, que mostra uma placa que se movimenta no plano da figura, dispondo de uma ranhura dentro da qual se move uma partícula P. São utilizados os seguintes sistemas de referência: o sistema fixo OXY, o sistema Axy, com origem no ponto A da placa, e solidário a ela, e o sistema auxiliar 11yAx que tem sua origem no ponto A e conserva sua direção invariável (está em movimento de translação). Nesta situação, tem-se a seguinte interpretação: OXYAA rv é a velocidade da partícula A (origem do sistema de referência rotativo) em relação ao sistema fixo. A/PA/'P rv é a velocidade, em relação ao sistema de referência auxiliar 11yAx , do ponto P que coincide instantaneamente com P, e pertence ao sistema rotativo (ou à placa).. A trajetória de P em relação a este sistema de referência é a trajetória circular indicada em linha pontilhada na Figura 1.38. AxyAPrel rv / é a velocidade de P em relação ao sistema móvel Axy, sendo associada ao movimento da partícula ao longo da ranhura existente na placa. 45 vA vA vrel vrel vP' vP r vP A P A/ '/ vP A'/ Y y x X O A rA rP A/ Figura 1.29 No que diz respeito às acelerações, derivando a equação (1.103) em relação ao tempo, considerando o sistema de referência fixo, obtemos: OXYAxyA/POXYA/pA/PAP r dt d rraa (1.104) Usando uma vez mais a relação (1.95), podemos desenvolver da seguinte forma os dois últimos termos da equação acima: A/PAxyA/POXYA/P rrr = A/PAxyA/P rr AxyA/PAxyA/POXYAxyA/P rrrdt d Introduzindo estes desenvolvimentos em (1.104), escrevemos: relA/pA/PArelP vrraaa 2 (1.105) ou: CnA/PtA/PArelP aaaaaa , (1.106) onde, a cada uma das componentes, ilustradas na Figura 1.30, é dada a seguinte interpretação: 1x 1y 46 AxyAPrel ra / é a aceleração de P em relação ao sistema de referência móvel Axy e está associada ao movimento de P ao longo da ranhura existente na placa. Sendo esta ranhura curvilínea,rela pode, no caso mais geral, ser decomposta em duas componentes: - dt vd a reltrel , tangente à ranhura. - 2 rel nrel v a , normal à ranhura, apontando para o seu centro da curvatura. Aqui, designa o raio de curvatura da ranhura. A/PtA/'P ra é a componente tangencial da aceleração, em relação ao sistema auxiliar 11yAx (que está em movimento de translação), do ponto 'P , coincidente com P e pertencente ao sistema móvel Axy. A/PnA/'P ra é a componente normal da aceleração do ponto 'P , em relação a ao sistema auxiliar 11yAx . relc va 2 é a aceleração de Coriolis. Y y x X C O A rA aA rP A/ aP A n'/ arel n aC arel t aP A t'/ vrel Figura 1.30 1x 1y 47 1.7.4 - Movimento relativo espacial. Eixos de referência em translação Os conceitos e a formulação apresentados na Seção 1.7.1 para o movimento relativo plano podem ser estendidos para o movimento relativo espacial sem dificuldades, bastando introduzir uma terceira coordenada z e o vetor unitário correspondente k , conforme ilustrado na Figura 1.31. Figura 1.31 Para a situação ilustrada na Figura 1.31, podemos escrever: A/PAP rrr (1.107) com: kZjYiXr AAAA (1.108.a) kZjYiXr PPPP (1.108.b) kzjyixr A/PA/PA/PA/P (1.108.c) A substituição das equações (1.108) em (1.107) resulta em: A/PAP xXX (1.109.a) A/PAP yYY (1.109.b) A/PAP zZZ (1.109.c) x y Y X P A O APr / Pr Ar Z z i j k i j k 48 Derivando a equação (1.107) em relação ao tempo, obtemos a seguinte relação envolvendo velocidades absolutas de A e P e a velocidade de P em relação a A: A/PAP vvv , (1.110) onde: kZjYiXv AAAA (1.111.a) kZjYiXv PPPP (1.111.b) kzjyixv A/PA/PA/PA/P (1.111.c) Introduzindo as equações (1.111) em (1.110), obtemos as seguintes relações entre as componentes destas velocidades: A/PAP XXX (1.112.a) A/PAP yYY (1.112.b) A/PAP zZZ (1.112.c) De maneira análoga, para as acelerações, escrevemos: A/PAP aaa (1.113) com: kZjYiXa AAAA (1.114.a) kZjYiXa PPPP (1.114.b) kzjyixa A/PA/PA/PA/P (1.114.c) As seguintes relações entre as componentes destas acelerações se verificam: A/PAP xXX (1.115.a) A/PAP yYY (1.115.b) A/PAP zZZ (1.115.c) 49 1.7.5 - Movimento relativo espacial. Eixos de referência em rotação Consideremos os dois sistemas de referência mostrados na Figura 1.32: o sistema fixo OXYZ, e o sistema Oxyz, que gira instantaneamente em torno do eixo OA, com velocidade angular , orientada segundo este eixo. Pode-se deduzir, seguindo o procedimento empregado na Seção 1.6.2, a seguinte relação entre as derivadas temporais de uma grandeza vetorial tQ , expressas nos dois sistemas de referência: QQQ OxyzOXYZ (1.116) Figura 1.32 Deve-se observar que, no caso geral em três dimensões, temos kji zyx (ao invés de simplesmente kz , como acontece no caso plano, considerado na Seção 1.6.2). Com essa ressalva, as demais equações deduzidas na Seção 1.6.2 podem ser diretamente estendidas ao caso tridimensional, sendo re-apresentadas a seguir: relPOxyzP vvrrv (1.117) OxyzOxyzP rrrra 2 relCnPtP aaaa (1.118) x Y X O tQ y z Z A 50 1.7.6 - Movimento relativo espacial. Eixos de referência em movimento geral Considerando a situação mostrada na Figura 1.33, apresentamos aqui as equações deduzidas na Seção 1.6.3, já adaptadas para o caso tridimensional. relA/PAAxyzA/PA/PAP vvvrrvv (1.119) AxyzA/PAxyzA/PA/PA/PP rrra 2 relCnA/PtA/PA aaaaa (1.120) Figura 1.33 1.8 – Bibliografia BEER, F., JOHNSTON Jr., E. R., Mecânica Vetorial para Engenheiros – Dinâmica, 5ª Edição, Makron Books, 1996. HIBBELER, R. C., Dinâmica. Mecânica para a Engenharia. 10ª Edição. Pearson- Prentice Hall, 2005. KRAIGE, L.G., MERIAM, J.L., Dinâmica, 5ª Edição, LTC, 2004. SHAMES, I. H., Dinâmica. Mecânica para a Engenharia. Volume 2. 4ª. Edição. Pearson–Prentice Hall, 2003. SOUTAS-LITTLE, R. W., INMAN, D., Engineering Mechanics. Dynamics, Prentice-Hall, 1999. x y Y X P A O APr / Pr Ar , Z z 1y 1x 1z CESAR Realce CESAR Nota faltou o termo alfaA
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