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O jornalismo científico no continente americano

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O jornalismo científico no continente americano: relevância, espaço e particularidades das editorias científicas nas maiores publicações da mídia americana
Maria Eduarda de Souza Rabello
INTRODUÇÃO
	Ainda que carregue consigo o mérito e o peso de ser um dos braços mais antigos do ofício, o "jornalismo científico" pouco recebe da glória e da valorização destinadas à outras áreas da atividade, como se dá, por exemplo, com o jornalismo esportivo e o jornalismo político. Em verdade, encara dificuldades desde o momento de sua conceituação: raramente é distinguido de forma correta da mera divulgação científica - acaba por ser reduzido à tarefa divulgadora com fim específico, quando traz em si muito mais. Especificaremos, assim, em caráter inicial, aquilo que aqui será tratado por "jornalismo científico". 
	Esse campo pouco desbravado, carente de estímulo e de profissionais de alta qualificação, tende a ganhar contornos mais bem definidos e significativos conforme avança o século XXI. Com o crescimento exponencial das novas tecnologias e o ingresso em uma era onde o digital é - se não mais - tão relevante quanto o físico, o jornalismo científico, pela primeira vez, sê vê em posição de suma importância: abandona finalmente o caráter de entretenimento e rés aglomerado de curiosidades destinadas à um público restrito para se tornar esfera de informações altamente necessárias e preciosas àqueles quais desejam estar em compasso com o ritmo frenético das transformações globais, evitando o analfabetismo digital e tecnológico. 
	A missão do jornalista científico, na teoria muito semelhante à dos seus colegas das demais áreas da comunicação, na prática transcende o mero "disponibilizar de informações" e passa a ser quase que um "educar". É ele o responsável por permitir o alinhamento dos indivíduos com as novas visões, tendências e compreensões de mundo à partir das descobertas científicas recentes. Tem a função de "incluir" o leitor na comunidade pensante - semeia a possibilidade, para colher a ideia futura. Não são raras as vezes em que o jornalismo científico atua como ponte de contato inicial entre pesquisador e objeto de pesquisa. Contribui, de maneira indireta porém ativa, para a retroalimentação do desenvolvimento científico.
	Cientes deste movimento global e da tendência de valorização da área nas próximas décadas, se mostra válida e relevante a tentativa de traçar um perfil atual das editorias científicas na América, para fins de comparação e melhor compreensão das possíveis mutações futuras no jornalismo científico, de modo que o estudo em questão objetiva elucidar as características particulares das editorias de jornalismo científico e seus respectivos públicos leitores na América do Norte e América Latina, salientando seus diferentes níveis de relevância e espaço disponibilizado de acordo com o desenvolvimento socioeconômico de cada região. 
	O continente americano foi selecionado como objeto de pesquisa por permitir fácil diferenciação entre as situações socioeconômicas de seus polos e possibilitar visão clara sobre o questionamento que dá tom e direção ao presente estudo: o desenvolvimento socioeconômico exerce influência significativa na qualidade e quantidade da informação científica disponível a determinada população? Busca-se confirmar ou refutar a hipótese de que o capital ainda é fator determinante na qualidade da matéria produzida, especialmente no campo do jornalismo científico. 
	A metodologia adotada deu preferência à análise qualitativa frente à análise quantitativa, uma vez que nos é mais relevante apurar características tais como o estilo de redação, profundidade da abordagem, grupo de destino pretendido, eficiência na transmissão e compreensão da mensagem, fontes e temas debatidos, além do espaço disponibilizado, do que a frequência com qual tais matérias são publicadas, ainda que este ponto tenha sido analisado de forma superficial. Serviram como fonte de estudo a este artigo os jornais latino americanos O Globo (São Paulo, Brasil); Clarín (Buenos Aires, Argentina) e El Colombiano (Medellín, Colombia) e os jornais norte-americanos The New York Times (Nova York, Estados Unidos) e Toronto Star (Toronto, Canadá). 
1.0 O QUE É "JORNALISMO CIENTÍFICO"?
	Para que haja nítida compreensão acerca do que de fato corresponde ao jornalismo científico, é necessário diferenciá-lo da mera divulgação científica. Os termos, muitas vezes vistos como sinônimos, não o são. Divulgação científica é a "tarefa divulgadora" em si - reúne diferentes iniciativas disseminadoras do conhecimento para o público exterior à esfera da ciência, apresentando-se sob forma de conversa informal; literatura; jogos; estórias voltadas ao público infantil; endereços eletrônicos e até mesmo jornalismo científico. 
	Este último pode ser considerado como especialização da atividade jornalística voltada aos fatos relativos à ciência (tanto as duras como as sociais) e os demais campos que a orbitam, como a astronomia, a tecnologia e seus derivados. Extrai-se do texto "Jornalismo Científico (2004)", de autor anônimo, a noção de que este deve ser, em primeiro lugar, "sempre jornalismo", sendo apenas mais um de seus gêneros, de modo a obedecer aos mesmos princípios régios de qualquer outra forma de expressão jornalística - como a periodicidade, a atualidade e a difusão coletiva. 
	De acordo com o conceito de Cláudio Bertolli Filho, "é produto elaborado pela mídia a partir de certas regras rotineiras do jornalismo em geral, que trata de temas complexos de ciência e tecnologia e que [...] torna fluída a leitura e o entendimento do texto noticioso por parte de um público não especializado." Mais do que apenas transmitir a informação científica em sua forma bruta, busca acoplar a ela reflexões e discussões de cunho ético, moral e social. 
2.0 O JORNALISMO CIENTÍFICO NA AMÉRICA LATINA
	 2.1 Clarín - Argentina
	Ao buscar pelo editorial de ciências e tecnologia no portal de notícias online da publicação argentina, o leitor logo se depara com a dificuldade de encontrar o mesmo. Considerados menos relevantes, os campos nem se quer constam na página inicial de acesso. Se faz necessário um passeio detalhado pelas "Secciones" em aba de apoio, onde se encontra, muito timidamente, um link de redirecionamento para estas determinadas matérias, denominado "Tecnologias". Não há qualquer indicação de seção específica para o jornalismo científico. Na página "Tecnologias", onde constam as matérias mais recentes relacionadas a este tópico, temos uma área de rolagem infinita, estando estas organizadas de acordo com a data. Observa-se a média de quatro publicações diárias, abordando assuntos variados, desde novos algoritmos de identificação de passageiros em serviços como o Uber, até mesmo lançamento e atualizações de videogames do momento. 
	Em reportagem selecionada, de título "Google se compromete a no desarrollar inteligencia artificial para usar en armas", podemos apontar claramente a superficialidade com a qual o tema é abordado. O jornalista se resigna a reproduzir as falas exatas do CEO da empresa, sem em nenhum momento explicar, de forma mais complexa, o significado dos conceitos ali referidos. "Tal foi a pressão, que o Google teve de voltar atrás e não renovar o contrato para prover um software de inteligência artificial para uso militar ao governo dos Estados Unidos", diz. Mas jamais dá ao leitor leigo a possibilidade de compreender o que, de fato, significa um "software de inteligência artificial" ou de que forma podem estes ser usados como armas militares. 
	Os assuntos noticiados pelo jornal estão voltados para a esfera das tecnologias de fácil acesso, que permeiam o cotidiano das massas. Há um enfoque em inovações na área dos smartphones, acessórios de comodidade, e tecnologia de entretenimento. 
	
	2.2 O Globo - Brasil
	Em contraponto ao jornal argentino Clarín, o portal online O Globo não apenas exibe as editorias de tecnologia e ciência em sua página inicial, como também as centraliza visualmente no meio desta, dedicando-lhes omesmo - se não maior - valor do que a todas as outras editorias. De fácil navegação, quando o leitor é direcionado tanto à seção de ciência quanto de tecnologia (obedecem ao mesmo molde), novamente depara-se com uma página de rolagem infinita, onde as notícias estão dispostas por ordem cronológica, passíveis de identificação meio do título e de imagem auxiliar. As matérias, aqui, apresentam uma variação significativa na frequência das postagens: não são diárias e não possuem intervalos iguais entre si. 
	Quando tratamos de estilo do texto, nota-se um aprofundamento muito superior em relação à publicação argentina. As partes atuantes da notícia são, na grande maioria dos casos, entrevistadas e colaboram com a abrangência da reportagem. Os redatores não se detém à temática específica daquela notícia, fazendo a todo momento links com assuntos relacionados e de possível interesse do leitor. 
	Em matéria eleita a título de exemplo, identificada como "Realidade virtual ameniza dor em crianças durante vacinação", que discorre a respeito do uso da tecnologia de realidade virtual para amenizar dor e aflição emocional em crianças, o jornalista não se satisfaz com a menção ao estudo em questão, mas detalha para o internauta o assunto - ali secundário - que deu origem a tal pesquisa, como mostra o trecho a seguir: "O medo de agulha, ou aicmofobia, é um dos temores mais comuns entre crianças e, durante a infância, elas são expostas constantemente à situação. [...] A fobia pode até mesmo levar ao adiamento de consultas."
	As reportagens publicadas por O Globo nas suas editorias de jornalismo científico cobrem desde as mais complexas questões de astronomia, biologia e arqueologia até as triviais novidades do mundo da tecnologia de entretenimento, como convenções de games e gadgets, de forma ora aprofundada e ora mais leviana, mas medindo com clareza a relevância necessária a cada assunto, trazendo um compilado de boa qualidade às mãos de quem o lê. 
	
	2.3 El Colombiano - Colômbia
	Seguindo por um caminho distinto tanto do jornal brasileiro O Globo como do jornal argentino Clarín, o periódico El Colombiano traz em seu portal online as duas editorias do jornalismo científico, mas não lhes atribui o mesmo peso. Destina à sua editoria de tecnologia maior relevância, colocando-a no cabeçalho da página virtual, no "menu" principal, ao lado de seções como "negócios" e "internacional". À editoria classificada como "ciência", porém, foi designado espaço inferior: descansa quase como que escondida sob a aba principal de "tendências", ao lado de "animais de estimação" e das novidades automobilísticas.
	Novamente em fluxo contrário aos demais jornais, quando redirecionado aos links das editorias específicas, o leitor não encontra páginas de rolagem infinita, precisando avançar manualmente. Em ambas as seções, recebemos as notícias agrupadas de acordo com a data de publicação, divergindo somente no ponto em que a editoria de tecnologia conta com um "destaque" para a matéria mais recente - que aparece em maior visualização em relação as outras. 
	A matéria extraída para análise se intitula "Cuide el planeta escogiendo bien los dispositivos que compra", gerando surpresa àqueles que a lerem na íntegra. Há um detalhamento minucioso do assunto, exaurindo quaisquer possíveis dúvidas que assombrem o leitor, mas há, principalmente, contextualização do tema abordado. Ele é transportado para a realidade do público, por associações com temas já familiar, como também por situações práticas do dia-a-dia, sem perder o caráter informativo do texto jornalístico científico, como se pode observar no trecho em questão: "Se entre os componentes de um dispositivo há cádmio ou PVC, deves saber que não são muito amigáveis. [...] No mercado existem televisores que não os usam. A Samsung, por exemplo, desenvolveu uma tecnologia chamada Quantum Dot (Cd-free) que não requer o uso deste metal para mostrar imagens mais reais em suas telas." 
	O jornal disponibiliza, ao final dos textos, um quadro intitulado "contexto da notícia", onde aborda, em espectro mais amplo, consequências e desdobramentos do tópico supramencionado. Ainda que o rebaixamento da editoria de ciência à mera categoria de "tendências" gere espanto inicial, o El Colombiano surpreende com a completude da informação - nada falta, assemelhando-se à uma pequena aula sobre o tema em questão.
	
3.0 O JORNALISMO CIENTÍFICO NA AMÉRICA DO NORTE
	3.1 The New York Times - Estados Unidos
	Diferentemente das publicações latinas, o jornal The New York Times traz em seu portal online um layout minimalista, escancarando, desde a primeira visualização, que o foco residente apenas no que é noticiado - não há espaço para "enfeites" nem desvios de atenção. Logo abaixo do título do periódico, estão enfileiradas no cabeçalho da página virtual as editorias do jornal. Possuindo suas próprias seções, "tecnologia" e "ciência" dividem espaço com a "economia" e o "mundo". 
	Quando redirecionados às paginas originadas através dos links representativos de "tecnologia" e "ciência", sentimos tal qual estivéssemos sendo transportados à um novo domínio. Restam algumas características semelhantes à página de acesso inicial - como a sobriedade -, mas a sensação é a de estar em um ambiente exclusivamente voltado àquele tema. 
	Há um segundo menu, fracionando a editoria em tópicos de maior relevância. No caso da editoria de ciência, vemos subdivisões como "clima" e "espaço e cosmos". Nem todas as matérias são exibidas com o mesmo tamanho - aquelas consideradas mais relevantes pela publicação ganham destaque. Somos direcionados à uma aba com as "últimas notícias", que traz, logo ao lado, em complemento, a possibilidade de "busca", para facilitar a navegação do internauta. As postagens são frequentes, contando com um mínimo de três publicações diárias. 
	Na matéria selecionada para análise, intitulada "As an H.I.V. Prevention Drug Surged in Australia, Condom Use Fell", nota-se uma abordagem voltada às bases científicas, explorando os resultados práticos da pesquisa, e menos voltada à discussão social. Caracteriza-se como um jornalismo científico mais próximo ao estilo acadêmico, que, ao mesmo tempo que busca informar o leitor comum, leigo, parte do princípio de que este já conta com uma base de conhecimentos prévios necessários para a correta absorção da mensagem transmitida, como se pode extrair do trecho em sequência: "De 2013 a 2017, a proporção de homens HIV negativos usando PrEP aumentou de 2% para 24%. Durante esse período, a proporção de entrevistados com parceiros casuais que disseram usar consistentemente preservativos caiu de 46% para 31%." Se faz uso de uma linguagem mais formal, não esmiuçando a informação para o leitor, pois há a crença de que ele será capaz de realizá-lo sozinho.
	O The New York Times surge como a representação de um jornalismo científico mais maduro, ainda destinado ao público comum, mas não mais fazendo vezes de "professor" - tem a certeza de que seu leitor estará preparado para receber e assimilar a totalidade da informação. 
	
	3.2 Toronto Star - Canadá
	O jornal canadense Toronto Star, em seu portal de notícias online, apresenta a mais difícil navegação, com ausência das editorias em um primeiro plano visual, obrigando o internauta ou a contentar-se com as matérias mais recentes, ou sair a procura da seção de sua escolha. Em um menu lateral, de má visibilidade, há uma coluna de editorias, em fontes pequenas e sem qualquer realce. Não é suficiente encontrar tal menu para que se possa acessar o jornalismo científico da publicação. O leitor precisa ir além. 
	Ao seguir sua busca por "mais seções", o internauta se depara com um "mapa do site" com aspecto quase amador. Lá, pós uma investigação detalhada, pode encontrar finalmente a seção "tecnologia". 
	Novamente em diagramação precária, ao sermos redirecionados para a editoria de tecnologia, nos encontramos perdidos entre notícias e anúncios: ambos apresentados com as mesmas fontes, tamanhos e colorações. Não há nenhum informativo inicialde datas, de modo que não se pode saber de que modo tais matérias estão agrupadas. 
	Os assuntos na editoria de tecnologia do Toronto Star possuem uma gama inferior de variedades - fala-se de tecnologia, mas o foco está sempre voltado para os impactos financeiros e econômicos das descobertas e revoluções científicas. 
	A matéria selecionada tem como título "Pending Uber patent could detect if riders are intoxicated" e versa sobre a possibilidade de a empresa de serviços de transporte Uber detectar, via algoritmos, a possível ingestão de bebidas alcoólicas por seus clientes. Durante a reportagem, por vezes o redator menciona as falas de personalidades influentes no assunto, voltando parte da atenção do leitor para suas opiniões. Ao longo da notícia, pontua diversas vezes os possíveis desdobramentos sociais daquela novidade, como se vê: "Mas com outros usos da inteligência artificial, a tecnologia também levanta questionamentos sobre como ela iria de fato funcionar, e como o Uber poderia utilizar e armazenar dados sobre as escolhas de saúde e estilo de vida de seus usuários." 
	O periódico guia seu jornalismo científico por duas vertentes, o relacionando sempre com as questões econômicas, e propondo uma reflexão social. Novamente, se pode cogitar a existência de um "segundo momento" do jornalismo científico, menos preocupado em explicitar todo o conhecimento embutido na notícia, e mais preocupado nas reflexões secundárias que dela partem.
4.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS
	Após a análise de cinco exemplares de editorias de jornalismo científico na América - número reduzido, mas suficiente para a obtenção de primeiras impressões nítidas -, levando em consideração fatores como espaço destinado, relevância atribuída pelo veículo, qualidade da produção textual, estilo, frequência, temas abordados, dentre outros, restou evidenciada a divergência entre "momentos" do jornalismo científico nos países da América Latina e nos países da América do Norte. 
	Seria avaliação por demais injusta considerar as publicações latino-americanas muito inferiores - realmente não o são. Todos os casos aqui estudados apresentaram nível aceitável de qualidade de informação. Nenhum jornal transmitiu o conhecimento científico de maneira errônea, imprópria ou até mesmo demasiadamente simples. O argentino Clarín talvez possa ser aquele apontado como menos eficiente em sua missão, ou quiçá o mais leviano destes, mas não deixa em nenhum momento de informar corretamente o leitor. 
	A hipótese previamente levantada, de que as condições socioeconômicas de uma região em muito influenciariam na qualidade do seu jornalismo científico, não pode ser considerada nem completamente confirmada, nem refutada. A pesquisa demonstrou que, apesar de, sim, existirem diferenças nítidas principalmente no estilo das publicações, o leitor latino não está de forma alguma menos informado do que o leitor norte-americano: este segundo, talvez, receba a informação de um modo mais complexo e reflexivo, podendo extrair dela efeitos mais reais e imediatos, sendo mais producente, mas ambos possuem acesso ao mesmo conteúdo, apenas apresentado de maneira diferente. 	
	Este estudo demonstra que, apesar das diferenças socioeconômicas do atual panorama mundial permitirem ao jornalismo científico norte-americano estar um passo a frente do jornalismo científico latino, não há razões para crer que, como já mencionado, na era em que vivemos, onde muito se fala em "livre informação", as publicações latinas não serão capazes de em pouco tempo igualar-se em qualidade aos títulos da América do Norte. Resta, assim, constatado que apesar de existente, o impacto socioeconômico não é suficientemente forte para transformar o jornalismo científico latino em gênero deficitário quando comparado ao seu concorrente. 
	 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
https://www.thestar.com/business/technology/2018/06/12/pending-uber-patent-could-detect-if-riders-are-intoxicated.html
https://www.nytimes.com/2018/06/11/health/hiv-aids-condoms-prep.html?rref=collection%2Fsectioncollection%2Fscience
http://www.elcolombiano.com/tecnologia/conectese-a-la-tecnologia-sin-desenchufar-el-planeta-CN8861307
https://oglobo.globo.com/sociedade/tecnologia/realidade-virtual-ameniza-dor-em-criancas-durante-vacinacao-22793906
https://www.clarin.com/tecnologia/google-compromete-desarrollar-inteligencia-artificial-usar-armas_0_BkGTrGDlQ.html
https://play.google.com/books/reader?id=0NdnAwAAQBAJ&printsec=frontcover&output=reader&hl=pt_BR&pg=GBS.PP1
http://www.bocc.uff.br/pag/bertolli-claudio-elementos-fundamentais-jornalismo-cientifico.pdf
https://jcom.sissa.it/sites/default/files/documents/jcom0403(2005)A02_po.pdf

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