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Casos Clínicos Região Torácica

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CASOS CLÍNICOS REGIÃO TORÁCICA 
SUMÁRIO: 
 
CASO 1 ………………………………………………………………………………………………2 
 
CASO 2 ………………………………………………………………………………………………3 
 
CASO 3 ……………………………………………………………………………………...………5 
 
CASO 4 …………...…………………………………………………………...…………………....8 
 
CASO 5 …………………….………………………………………..……………...……..…..…..10 
 
CASO 6 …………………………………………………………………………………………….12 
 
CASO 7 …………………....………………………………………...……………………….……13 
 
CASO 8 …………………………………………………………………………………………….15 
 
CASO 9 …………………………………………………………………………………………….18 
 
CASO 10 ……..…………………………………………………………………………………….20 
 
REFERÊNCIAS …………………………………………………………………………….……..22 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CASO 1 
Um homem de 62 anos procurou o médico por causa de dificuldade respiratória. Ao 
exame físico, o médico palpou a traqueia na incisura jugular. Durante a sístole 
cardíaca, ele percebeu movimentação anormal da traqueia. As imagens radiográficas 
mostraram um aneurisma do arco da aorta (dilatação da parede do arco, geralmente 
causada por fraqueza adquirida ou congênita da parede vascular). 
 
1. Baseado nas relações do arco da aorta a nível do mediastino e dos planos do 
mediastino, descreva quais as estruturas podem ser comprimidas pelo aneurisma? 
As estruturas que podem ser comprimidas pelo aneurisma são: a própria traqueia, conforme 
citada, a veia braquiocefálica esquerda, veia cava, artérias pulmonares, esôfago e nervo 
laríngeo recorrente esquerdo (ramo do nervo vago esquerdo), já que apresentam uma 
relação de sintopia com o arco da aorta. 
 
2. Qual é a explicação para a movimentação anormal da traquéia durante a sístole 
cardíaca? 
Durante a sístole ventricular (contração e esvaziamento), o sangue é encaminhado para a 
parte ascendente da aorta e do arco da aorta. Em razão da presença do aneurisma, o arco 
da aorta irá dilatar, ocupar um espaço maior do que o usual, e consequentemente, 
aumentar a compressão da traqueia. 
 
3. Cite as estruturas que poderiam ser afetadas por essa lesão, considerando os 
planos do mediastino superior. 
No plano venoso, um aneurisma da aorta pode causar síndrome da veia cava superior, e 
também atingir a veia braquiocefálica esquerda. No plano arterial, a própria aorta será 
afetada devido à presença do aneurisma, além da possibilidade de comprometimento das 
artérias pulmonares. No plano respiratório, a traqueia poderá ser afetada, e no plano 
digestivo, o esôfago. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CASO 2 
Mulher, 65 anos, diabética e cardiopata, foi trazida à emergência pelos familiares 
apresentando tosse produtiva (catarro), febre (38°C) e confusão mental há 4 dias, 
após estar "gripada" há 1 mês. Ao exame: paciente dispneica (falta de ar), febril, 
HGT(medida da glicemia capilar) = 560 mg/dt, PA = 160 x 90 mmHg, FC = 99 bpm; 
Asculta pulmonar: murmúrio vesicular diminuído na base pulmonar do hemitórax 
esquerdo, crepitações e roncos difusos; Foi solicitado hemograma completo, que 
evidenciou 18.000 leucócitos com desvio para a esquerda (10 bastões), indicando 
presença de processo infeccioso. Radiografia de tórax, que apresentou consolidação 
pulmonar direita (RX – PA figura1 / RX PERFIL figura 2). A paciente foi internada para 
hidratação, controle de glicemia e antibioticoterapia venosa. No 4• dia após o 
tratamento, a paciente ainda permanecia com leucocitose e febre, quando foi 
realizado rx de tórax que sugere a possibilidade de empiema e, então, solicitada TC 
de tórax que evidenciou grande quantidade de líquido pleural obliterando os recessos 
pulmonares à esquerda, corroborando a suspeita de empiema (presença de coleção 
purulenta na cavidade pleural) (figura 3). Foi realizada toracocentese (punção com 
drenagem da cavidade pleural) de alívio e diagnóstica, com saída de líquido 
francamente purulento; a análise laboratorial confirmou diagnóstico de infecção por 
Streptococcus pneumoniae. 
 
1. Revise a segmentação pulmonar, explicando o segmento onde se localiza a 
consolidação broncopneumônica. 
Os segmentos pulmonares são a maior subdivisão dos lobos pulmonares, tendo um formato 
piramidal e separação por septos de tecido conjuntivo. Sua nomeação é dada pelo 
brônquio segmentar - ramos dos brônquios lobares - que o supre. O pulmão direito 
apresenta 3 brônquios lobares: um superior, um médio e um inferior. Já o pulmão esquerdo 
apresenta 2 brônquios lobares: um superior e um inferior. O brônquio lobar superior do 
pulmão direito é dividido em 3 brônquios segmentares: um apical, um anterior e um 
posterior. O brônquio lobar médio do pulmão direito é dividido em 2 brônquios 
segmentares: um lateral e um medial. O brônquio lobar inferior do pulmão direito é dividido 
em 5 brônquios segmentares: um superior, um basilar anterior, um basilar medial, um 
basilar lateral e um basilar posterior. O brônquio lobar superior do pulmão esquerdo é 
dividido, geralmente, em 4 brônquios segmentares: um apicoposterior, um anterior, um 
lingular superior e um lingular inferior, podendo sofrer algumas alterações. E, por fim, o 
brônquio lobar inferior do pulmão esquerdo é, geralmente, dividido em 5 brônquios 
segmentares: um superior, um basilar anterior, um basilar medial, um basilar lateral e um 
basilar posterior. Essas divisões podem sofrer alterações, e, frequentemente, o basilar 
anterior e medial se associam e formam o segmento basilar anteromedial. Pelas imagens 
do RX, a consolidação broncopneumônica se localiza no brônquio segmentar lateral, do 
brônquio lobar médio, do pulmão direito. 
 
2. Defina cavidade pleural e os recessos desta cavidade. Explique ao Rx como estes 
podem ser identificados. 
A cavidade pleural consiste no espaço virtual entre a pleura parietal e a pleura visceral, 
preenchido por uma fina camada de fluido que lubrifica as duas pleuras, permitindo o 
deslizamento de uma pleura sobre a outra durante a respiração. 
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O recesso pleural é um espaço ou cavidade potencial menor, que é criada quando uma 
pleura toca a outra, nos pontos onde os pulmões não se estendem até os limites da 
cavidade pleural. Há dois recessos, o recesso costomediastinal (costofrênico) e o recesso 
costodiafragmático. 
Quando a pleura diafragmática está em contato com a pleura costal, esse espaço é 
denominado recesso costodiafragmático. Quando a pleura mediastinal está em contato com 
a pleura costal, tem-se o recesso costomediastinal (localizado posteriormente ao esterno). 
No RX, os recessos podem ser identificados a partir dos contornos das cúpulas 
diafragmáticas. 
 
3. Explique o motivo da localização do derrame pleural, conforme aparece ao RX. 
O acúmulo de líquido entre as pleuras parietal e visceral ocorre no recesso 
costodiafragmático quando o paciente está em posição ereta, conforme evidenciado no RX, 
devido a ação da gravidade, que irá concentrar o líquido nessa região da cavidade pleural. 
 
4. Explique o local onde (localização na parede torácica e cavidade a ser atingida) 
deve ser feita a toracocentese (punção do tórax para retirada do líquido) e justifique 
do ponto de vista anatômico a localização escolhida. 
A toracocentese deve ser realizada através da introdução de uma agulha hipodérmica na 
cavidade pleural, através do 9​o​ espaço intercostal na linha axilar média. 
A agulhairá atravessar os músculos intercostais da parte costal da pleura parietal, e atingir, 
então, a cavidade pleural. 
A introdução da agulha no 9​o espaço intercostal na linha axilar média durante a expiração 
evita que a margem inferior do pulmão seja atingida.Para evitar lesão do nervo e dos vasos 
intercostais, a agulha é introduzida superiormente à costela. A agulha deve ser angulada 
para cima, a fim de evitar a penetração no lado profundo do recesso (uma fina camada da 
parte diafragmática da pleura parietal e diafragma sobre o fígado). 
 
5. No caso de uma aspiração de secreção gástrica, como em casos de alcoolistas que 
vomitam enquanto dormem e acabam aspirando o conteúdo do vômito para a arvore 
respiratória, qual é o pulmão mais comumente afetado e qual segmento pulmonar 
mais frequentemente afetado (para onde vai se acumular o conteúdo aspirado)? 
Justifique do ponto de vista anatômico. 
Geralmente, o pulmão mais afetado é o direito, uma vez que, ao ponto da carina, a traqueia 
bifurca-se em brônquios principais direito e esquerdo, e o brônquio principal direito é bem 
mais verticalizado do que o esquerdo, sendo praticamente uma “continuação” da própria 
traquéia. Além disso, o brônquio principal direito também é mais curto e mais largo que o 
brônquio principal esquerdo. Da mesma forma, em geral, o líquido tende a se acumular no 
segmento basilar posterior, já que o brônquio lobar inferior é o ramo secundário mais 
vertical, assim como o segmento basilar posterior, que também segue essa posição. 
 
 
 
 
 
 
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CASO 3 
Homem, 60 anos, chegou à emergência apresentando, há 2 horas, dor torácica de 
forte intensidade em opressão com irradiação para membro superior esquerdo e 
mandíbula, não relacionada com esforço físico e associada a náuseas. Durante 
anamnese, relatou ser portador de hipertensão arterial sistêmica (HAS), em uso de 
captopril há 15 anos, e de diabetes melito há 5 anos, em uso irregular de 
hipoglicemiante oral. Relatou que a mãe faleceu de infarto agudo do miocárdio (IAM) 
aos 50 anos; é sedentário e tabagista de 30 maços/ano e pressão arterial (PA) = 180 x 
110 mmHg. Ao exame físico apresentou ritmo cardíaco regular, em 3 tempos (B3), 
bulhas normofonéticas sem sopros. Imediatamente o paciente recebeu nitratos, ácido 
acetilsalicílico (AAS) e oxigenoterapia com melhora parcial dos sintomas. Foi 
realizado um eletrocardiograma (ECG) de urgência que evidenciou 
supradesnivelamento do segmento ST (abaixo), com diagnóstico clínico de IAM. 
Foram solicitados marcadores de dano do miocárdio e indicado fibrinolíticos que 
confirmaram a hipótese de infarto agudo do Miocárdio. (IAM é uma doença 
caracterizada por fluxo sanguíneo insuficiente (isquemia) e subsequente necrose do 
músculo ventricular (miocardio), resultante da oclusão súbita de uma artéria 
coronária ou do esforco excessivo de um indivíduo com estenose das artérias 
coronárias. A necrose miocárdica causa disfunção da bomba cardíaca ou morte se a 
área infartada for tão extensa que resulte em comprometimento grave da função 
cardíaca. Ateroma (ou placa ateromatosa) é um depósito lipídico protruso na 
superfície endotelial de um vaso sanguíneo. A ulceração e a desintegração do 
ateroma provocam a liberação de resíduos ateromatosos. Esse êmbolo é 
transportado ao longo da artéria coronária até chegar a uma parte naturalmente mais 
estreita ou estenótica. Como obstrui o vaso, não há mais passagem de sangue para o 
miocárdio e ocorre IAM. 
QUESTÕES 
1. Explique a origem das artérias coronárias. Onde se localizam os óstios das 
coronárias? De que forma ocorre o fluxo de sangue nestes vasos? 
As artérias coronárias são os primeiros ramos da aorta, e surgem da aorta ascendente, já 
quando ela emerge do ventrículo esquerdo. Seus óstios estão localizados na valva da 
aorta, mais precisamente nas válvulas semilunares direita e esquerda (ou seja, não inclui a 
válvula semilunar posterior). O enchimento das coronárias é feito durante a diástole, com o 
sangue que reflui do arco da aorta. 
2. Qual o trajeto anatômico de cada artéria coronária? 
-Artéria coronária direita​: ao emergir do seio da aorta direito em sua parte ascendente, na 
face esternocostal, situa-se no sulco coronário à direita. Nesse trajeto, dá ramo ao nódulo 
sinoatrial - artéria sinusal – e continua no sulco atrioventricular, seguindo para a face 
diafragmática do coração. Segue, assim, no sulco coronário e dá o ramo marginal direito, 
que supre a borda direita do coração. Quando chega à cruz cordis, dá dois ramos: um ramo 
que se angula inferiormente e desce através do sulco interventricular posterior, a artéria 
interventricular posterior/descendente posterior, e um ramo para o nódulo atrioventricular 
(em 80% das pessoas é da ACD). Além disso, continua no sulco coronário e dá ramos para 
a parede inferior do ventrículo esquerdo. De maneira geral, a ACD faz a vascularização da 
face diafragmática do coração. 
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-Artéria coronária esquerda​: ao emergir do seio da aorta esquerdo, entre a aurícula 
esquerda e o tronco pulmonar, percorre como um tronco curto e, ao chegar ao sulco 
coronário, bifurca-se em dois ramos: ramo circunflexo da artéria coronária, que segue o 
sulco coronário esquerdo e dá ramos para o átrio e ventrículo esquerdo, com seu ramo 
principal, que é artéria marginal esquerda, e o ramo da artéria interventricular anterior/ 
descendente anterior, que desce pelo sulco interventricular anterior em direção ao ápice, 
onde comumente se anastomosa com a artéria ventricular posterior. Ela geralmente supre o 
septo interventricular. 
3. Quais os ramos colaterais e terminais da artéria coronária esquerda? Qual o 
território de vascularização desta coronária de acordo com seus ramos? 
Ramos terminais: 
-Ramo Interventricular anterior → supre partes adjacentes do ventrículos direito e esquerdo 
e os dois terços anteriores do SIV 
-Ramo Circunflexo da ACE → supre Átrio esquerdo e ventrículo esquerdo 
Ramos colaterais: 
-Ramo Marginal esquerdo (do ramo circunflexo) → supre ventrículo esquerdo 
-Ramo do nó sinoatrial (40% da população) → supre o nó sinoatrial 
-Ramo Interventricular posterior (33% da população) → supre Ventrículos direito e esquerdo 
e terço posterior do septo interventricular. 
 
4. Quais os ramos colaterais e terminais da artéria coronária direita? Qual o território 
de vascularização desta artéria, de acordo com seus ramos? 
Ramo terminal: 
-Ramo ventricular esquerdo da ACD → segue por uma curta distância no sulco coronário 
Ramos colaterais: 
-Ramo do nó sinoatrial (60% da população) → supre o nó sinoatrial 
-Ramo do nó atrioventricular → supre o nó atrioventricular 
-Ramo marginal direito → supre a margem direita do coração 
-Ramo interventricular posterior (67% da população) → supre Ventrículos direito e 
esquerdo e terço posterior do septo interventricular. 
 
5. Qual IAM apresentaria pior prognóstico em termos de localização: IAM esquerdo ou 
IAM direito? Por quê? O que significa “dominância coronária” 
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Depende. O IAM com um pior prognóstico será aquele que atingir o ramo interventricular 
posterior, já que ele irriga áreas tanto do ventrículo direito, como do esquerdo, e enviaramos interventriculares septais para o septo interventricular. 
Dominância coronária se refere a qual artéria coronária dá origem ao ramo interventricular 
posterior. Logo, como 2/3 da população apresenta dominância coronária direita, o IAM 
direito teria pior prognóstico, para esses pacientes. No entanto, para o 1/3 da população 
que apresenta dominância coronária esquerda, um IAM esquerdo representaria um pior 
prognóstico. 
 
6. Explique por que os IAMs de artéria coronária direita geralmente cursam com 
arritmias, sendo esta uma causa frequente de óbito destes pacientes. 
Os IAMs da artéria coronária direita geralmente cursam com arritmias porque, tipicamente, 
a artéria coronária direita é responsável pela vascularização do nó sinoatrial (60% das 
pessoas) e do nó atrioventricular (em 80% das pessoas), que controlam os impulsos, 
gerando contrações cardíacas. Se a artéria é bloqueada, ocorre prejuízo na irrigação dos 
nós. Com essas estruturas prejudicadas, ocorre a arritmia, que é um ritmo anormal nos 
batimentos cardíacos. 
 
7. Explique como é feita a drenagem venosa do miocárdio. 
A drenagem venosa do miocárdio ocorre por meio de dois sistemas de veias: 
-Veias mínimas: drenam diretamente para as câmaras cardíacas, sendo em maior 
quantidade no átrio direito, em menor quantidade no ventrículo direito e praticamente não 
existem no lado esquerdo. 
-Veias cardíacas: circulação superficial, imediatamente profundos ao epicárdio, que se 
abrem no seio coronário. 
● Veia cardíaca Parva: acompanha o ramo marginal da ACD e drena para o seio 
coronário na região da cruz cordis; 
● Veia cardíaca Média/Interventricular Posterior: acompanha a artéria interventricular 
posterior, geralmente ramo da ACD. Drena para o seio coronário, na região cruz 
cordis. 
● Veia cardíaca Magna: principal tributária do seio coronário. Inicia próxima ao ápice 
do coração e ascende por meio do sulco interventricular anterior, acompanhando a 
artéria descendente anterior. Ao chegar no nível de bifurcação da ACE, angula-se à 
esquerda e passa a ocupar o sulco coronário, onde acompanha o ramo circunflexo 
da artéria coronária, até desembocar no seio coronário. Recebe dois ramos: a veia 
interventricular anterior e veia marginal esquerda. Coleta sangue das áreas irrigadas 
pela ACE, principalmente pelo septo interventricular. 
Outras: veia oblíqua do átrio esquerdo/de Marshall (remanescente embrionário da veia cava 
superior esquerda) 
Seio coronário (desemboca na cruz cordis do átrio direito) é formado pela convergência de 
cinco veias: v. cardíaca magna, v. posterior do ventrículo esquerdo, v. oblíqua do átrio 
esquerdo, v. interventricular posterior e v. cardíaca parva. As outras drenam diretamente 
para o átrio direito ou terminam na parva. 
 
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CASO 4 
Mulher, 68 anos, hipertensa de longa data e com história pregressa de doença 
coronariana, foi trazida pelo corpo de bombeiros ao setor de emergência cardiológica 
com quadro agudo de dispneia intensa associada a sudorese e desconforto torácico. 
Ao exame, evidenciou-se edema agudo de pulmão cardiogênico decorrente de 
insuficiência cardíaca. Mostrou-se com sudorese, dispneica, com intolerância ao 
decúbito, cianose de extremidades; Ausculta pulmonar: estertores bolhosos. PA = 
100 x 80 mmHg. Mesmo após monitoramento hemodinâmico, suporte ventilatório não 
invasivo e uso de drogas inotrópicas (dobutamina), a paciente apresentou parada 
cardiorrespiratória com ausência de pulso central e traçado eletrocardiográfico 
característico de fibrilação ventricular (Figura.1). Procedeu-se imediatamente à 
intubação orotraqueal, desfibrilação e a manobras de reanimação cardíaca 
associadas ao uso de amiodarona (antiarrítmico); não respondendo ao tratamento, 
evoluiu para o óbito. Figura.1lmagem eletrocardiográfica apresentando traçado de 
taquiarritmia de padrão ventricular com complexo QRS alargado, sugestivo de 
fibrilação ventricular. Questões 
1. Descreva o sistema de condução cardíaco. 
O coração possui células musculares diferenciadas capazes de gerar um estímulo elétrico e 
conduzi-lo com facilidade através do órgão. A condução de impulsos no coração é feita 
tanto de maneira miogênica, quanto por meio do fascículo atrioventricular. O sinal de 
contração do nó sinoatrial inicia e controla os impulsos para contração, produzindo um 
impulso de aproximadamente 70 vezes por minuto, que atravessa as paredes do átrio 
direito, e irá se propagar através da musculatura (miogênicamente) para o nó 
atrioventricular. O nó atrioventricular, por sua vez, irá distribuir o sinal para os ventrículos 
através do fascículo atrioventricular, o qual segue através do esqueleto fibroso do coração e 
ao longo da parte membranácea do septo interventricular. Na junção entre as partes 
membranácea e muscular do septo interventricular, o fascículo atrioventricular irá se dividir 
em ramos direito e esquerdo, os quais irão se ramificar em ramos subendocárdicos (fibras 
de Purkinje), que se estendem até as paredes dos ventrículos, e estimulam o músculo do 
septo interventricular, músculos papilares e parede dos ventrículos. 
 
2. Descreva o plexo cardíaco. Quais as estruturas nervosas que compõem esse 
plexo? 
O plexo cardíaco é formado por fibras simpáticas e parassimpáticas que seguem em 
direção ao coração e também por fibras aferentes viscerais que conduzem fibras reflexas e 
nociceptivas provenientes do coração. A rede de nervos que inervam o coração recebe 
contribuições dos nervos vagos direito e esquerdo. Eles são responsáveis por influenciar a 
frequência cardíaca, o débito cardíaco e as forças de contração do coração. As fibras 
partem do plexo e são distribuídas ao longo dos vasos coronários para estes vasos e para 
componentes do complexo estimulante, sobretudo o nó SA. Os nervos estão ao nível da 
bifurcação da traquéia, a carina, e inervam o sistema condutor elétrico do coração, o 
miocárdio atrial e ventricular e a vasculatura coronária. Eles se dividem nas partes 
superficial e profunda. 
 
 
 
 
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3. Diferencie funcionalmente o sistema de condução do plexo cardíaco. 
O sistema de condução é responsável pelo ritmo de pacemaker do coração, gerado ao nível 
deste sistema, sendo influenciado por nervos e transmitido especificamente das aurículas 
até aos ventrículos e, a partir daí, a toda a musculatura. O plexo cardíaco, por sua vez, 
inerva o coração, distribuindo fibras para os vasos coronários e para componentes do 
sistema de condução, e é responsável por influenciar a frequência cardíaca, o débito 
cardíaco e as forças de contração do coração. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CASO 5 
Paciente JJS, masculino, 42 anos, há 2 meses iniciou quadro de dor torácica à direita, 
com piora progressiva e irradiação para ombro direito e região cervical associada à 
tosse seca e dispneia. Evoluiu com edema cervicofacial, exacerbado pela posição 
supina. Refere perda ponderal de 7 kg nos últimos 2 meses e episódios de calafrios e 
febre de 38°c. Ao exame, presença de edema cervicofacial e de membros superiores, 
mais intensos à esquerda. Presença de telangiectasias e circulação colateral emregiões mamárias, supra e infraclaviculares. O paciente foi encaminhado ao hospital 
para elucidação diagnóstica. Foi solicitada Rx de tórax e posterior tomografia 
computadoriza de tórax. Radiografia simples do tórax, incidência posteroanterior: 
opacidade parahilar direita com limites pouco definidos sugerindo comprometimento 
estrutural pulmonar adjacente associada à elevação da cúpula frênica e a acúmulo 
líquido pleural; pequeno desvio da porção inferior da traqueia para a esquerda. TC de 
tórax, janela de mediastino, cortes axiais sem (A) e com (B) contraste. Massa sólida 
lobulada mediastinal anterior mostrando realce homogêneo. Notar o contorno 
lobulado da lesão, bem como a perda do plano adiposo de clivagem entre a lesão e o 
pericárdio e pleura. Submetido a biópsia da lesão – diagnóstico de Linfoma. 
 
1. Do ponto de vista anatômico, explique de que forma uma massa mediastinal 
poderia causar edema cervicofacial e de membro superior. 
Essa massa pode obstruir a veia cava superior, dificultando a drenagem venosa na região 
cervicofacial e do membro superior. O acúmulo sanguíneo causado pela obstrução aumenta 
a pressão hidrostática dos vasos, levando ao edema de pescoço e membros superiores. 
Além disso, o ducto torácico também pode ser afetado, ocorrendo acúmulo de linfa em 
estruturas viscerais e prejudicando a drenagem linfática dessa região. 
2. Da mesma forma, explique do ponto de vista anatômico, a relação da massa 
mediastinal com o achado no Rx de tórax de elevação da cúpula diafragmática direita. 
Qual estrutura que transita no mediastino poderia estar envolvida? 
A massa mediastinal pode estar relacionada com o achado no Rx de tórax, uma vez que ela 
pode comprimir o nervo frênico, que transita no mediastino. Como esse nervo é responsável 
pela inervação do diafragma, sua compressão pode alterar seu formato fisiológico, de modo 
que a cúpula diafragma ipsilateral do nervo afetado fique elevada, como observado no Rx. 
 
3. O paciente poderia apresentar dispneia (falta de ar) em função desta patologia? 
Revise a musculatura que é responsável pela respiração. 
Poderia, pois nessa região há músculos extremamente importantes para a respiração, e há 
uma redução no tamanho do pulmão. Além disso, o comprometimento do nervo frênico e, 
consequentemente, do diafragma, irão dificultar ainda mais a respiração nesse paciente. 
Músculos inspiratórios: diafragma, intercostal externo (11 pares, eleva as costelas), 
intercostal íntimo (eleva costelas; entre ele e o íntimo passa o feixe vásculo-nervoso 
intercostal), serrátil posterior superior (eleva as costelas) 
Músculos expiratórios: diafragma, intercostal interno (11 pares, antagônico ao externo, 
deprime as costelas, responsável pela expiração), transverso do tórax (traciona costelas 
11 
para baixo, pouca função expiratória, atua na propriocepção), serrátil posterior inferior 
(deprime as costelas). 
Quanto à inervação, o diafragma é inervado pelos nervos frênicos direito e esquerdo, e os 
demais músculos do tórax pelos nervos intercostais. 
Músculos - respiração forçada: esternocleidomastoideo, músculos escalenos, serrátil 
anterior, peitoral maior, peitoral menor, trapézio, latíssimo do dorso, eretores da espinha, 
iliocostal lombar e quadrado lombar, músculo reto abdominal, abdominal transverso, oblíquo 
externo, oblíquo interno. 
4. Revise a divisão anatômica do mediastino. Onde possivelmente está localizada 
esta massa? 
O mediastino é dividido em superior e inferior por um plano transverso imaginário ao nível 
de T4. O mediastino inferior, por sua vez, é dividido em médio, anterior e posterior. O 
mediastino superior estende-se inferiormente da abertura superior do tórax até o plano 
horizontal, que inclui o ângulo do esterno anteriormente e atravessa aproximadamente a 
junção (disco IV) das vértebras T IV e T V posteriormente, em geral denominado plano 
transverso do tórax. O ​mediastino posterior está localizado inferiormente ao plano 
transverso do tórax, anteriormente às vértebras T5–T12, posteriormente ao pericárdio e ao 
diafragma e entre a pleura parietal dos dois pulmões. O pericárdio e seu conteúdo (o 
coração e as raízes de seus grandes vasos) constituem o ​mediastino médio​. O ​mediastino 
anterior​, a menor subdivisão do mediastino, situa-se entre o corpo do esterno e os músculos 
transversos do tórax e o pericárdio posteriormente. 
A tomografia computadorizada aponta massa sólida no mediastino inferior anterior, 
imediatamente anterior ao saco pericárdico que, por sua vez, comprimiu a veia cava 
superior - ocasionando síndrome da veia cava superior, na qual ocorre obstrução do fluxo 
sanguíneo através da veia cava superior em direção ao átrio direito - e os planos que estão 
em contato, inclusive o superior, ocasionando o edema e as teleangiectasias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CASO 6 
Um homem de 62 anos procurou o médico por causa de dificuldade respiratória. Ao 
exame físico, o médico palpou a traqueia na incisura jugular. Durante a sístole 
cardíaca, ele percebeu movimentação anormal da traqueia. As imagens radiográficas 
mostraram um aneurisma do arco da aorta (dilatação da parede do arco, geralmente 
causada por fraqueza adquirida ou congênita da parede vascular). 
1. Descreva o arco da aorta, seus ramos e relações no mediastino. Baseado nestas 
relações e nos planos do mediastino, descreva quais as estruturas podem ser 
comprimidas pelo aneurisma? 
O arco da aorta é a continuação da aorta ascendente. Tem início posteriormente à 2 a 
articulação esternocostal direita, no nível do ângulo do esterno, Curva-se em sentido 
superior, posterior, para a esquerda e, depois, inferior. Ela ascende anteriormente à artéria 
pulmonar direita e à bifurcação da traquéia, e atinge seu ápice quando está do lado 
esquerdo da traquéia e esôfago (quando passa sobre a raiz do pulmão esquerdo). Por fim, 
o arco desce posteriormente a raiz esquerda do pulmão, e forma, então, a aorta 
descendente. 
O arco aórtico fornece três ramos que suprem a cabeça e os membros superiores: o tronco 
braquiocefálico, a artéria carótida comum esquerda e a artéria subclávia esquerda. 
As estruturas que podem ser comprimidas pelo aneurisma são: traqueia, artérias 
pulmonares, veia braquiocefálica esquerda, esôfago e nervo laríngeo recorrente, já que 
apresentam uma relação de sintopia com o arco da aorta. 
 
2. Qual é a explicação para a movimentação anormal da traquéia durante a sístole 
cardíaca? 
Durante a sístole ventricular (contração e esvaziamento), o sangue é encaminhado para a 
parte ascendente da aorta e do arco da aorta. Em razão da presença do aneurisma, o arco 
da aorta irá dilatar, ocupar um espaço maior do que o usual, e consequentemente, 
aumentar a compressão da traquéia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
CASO 7 
Homem, 56 anos, em 5º dia de pós-operatório de cirurgia de esôfago realizada com 
abordagem a nível cervical, apresenta complicações relacionadas ao procedimento, 
sendo levado ao CTI com quadro de septicemia (infecção generalizada), recebendo 
múltiplas medicações por cateter venoso central (intracath) posicionado em veia 
subclávia direita. Em vista do agravamento do caso,foi solicitada outra punção de 
veia subclávia a esquerda, pois o mesmo apresentava contraindicação para punção 
de jugulares. Após a realização do procedimento de punção da subclávia esquerda, 
foi solicitado o Rx de tórax (abaixo), que demonstrou derrame pleural à esquerda. Em 
vista da piora clínica do paciente, que apresentou intensa dispneia (falta de ar) após o 
procedimento, foi indicada a toracocentese (punção do tórax) que evidenciou líquido 
de aspecto leitoso. 
 
1. Porque foi realizada inicialmente a punção da subclávia direita e não na esquerda? 
Justifique a escolha do ponto de vista anatômico. 
Geralmente, é utilizada a técnica do lado direito, pois neste, a cúpula pleural é mais baixa, 
diminuindo o risco de pneumotórax, além de o trajeto até o átrio direito ser mais retilíneo 
(diminuindo o risco de mau posicionamento do cateter). Por fim, do lado esquerdo, 
desemboca o ducto torácico, então do lado direito diminuiria o risco de ocorrência de um 
quilotórax – acúmulo de linfa na cavidade pleural. 
 
2. Descreva a ramescência da artéria subclávia e as relações anatômicas de sintopia 
da veia e artéria subclávia. 
As artérias subclávias são um par de grandes artérias do sistema cardiovascular no tórax 
que fornecem sangue ao próprio tórax, cabeça, pescoço, ombro e braços. A artéria 
subclávia esquerda, é um ramo direto do arco da aorta, enquanto a artéria subclávia direita, 
um ramo do tronco braquiocefálico. 
Elas entram na axila entre a primeira costela e a clavícula, e se tornam artérias axilares. 
Durante esse trajeto, elas irão emitir alguns ramos, são eles: 
-Na região torácica: 
● Artéria vertebral 
● Artéria torácica interna → se ramifica em epigástrica superior, pericardiofrênica, 
musculofrênica 
● Tronco tireocervical → se ramifica em tireóidea inferior, cervical ascendente, cervical 
transversa, supraescapular. 
-Na região muscular: 
● Tronco costocervical → se divide em intercostal suprema e cervical profunda 
As veias subclávias localizam-se inferior e anteriormente às artérias subclávias. 
 
 
3. Baseado nas relações de sintopia da artéria subclávia, descritas acima, que outras 
estruturas poderiam ser lesadas durante a realização deste procedimento? 
Possivelmente, o nervo frênico, o plexo braquial, a artéria subclávia, pleura, pulmão e 
membrana suprapleural, poderiam ser lesados, além do ducto torácico, já que apresentam 
estreita relação de sintopia com a artéria subclávia. 
 
14 
 
4. Baseado na descrição do caso acima, qual estrutura pode ter sido lesada? 
Descreva o trajeto desta estrutura no tórax e porque o acúmulo do líquido coletado 
foi rápido? 
O ducto torácico pode ter sido puncionado e lesado, ocasionando o derrame pleural, por 
conta do vazamento da linfa, confirmado por seu aspecto leitoso, característico desse 
líquido. 
O ducto torácico drena a linfa de todo o corpo para o ângulo venoso esquerdo (exceto o 
quadrante superior direito). Ele inicia na cisterna do quilo, uma bolsa localizada 
anteriormente às primeiras vértebras lombares, que recebe a linfa dos membros inferiores, 
abdome e pelve. No seu trajeto superior, ele tem a veia ázigos à sua direita, a artéria aorta 
à sua esquerda e o esôfago anteriormente. Aproximadamente ao nível do plano transverso 
superior, o ducto torácico cruza a face anterior dos corpos vertebrais, colocando-se do lado 
esquerdo. Ele continua a ascender e receber vasos linfáticos durante seu percurso até 
desembocar no ângulo venoso esquerdo, o ponto de união entre a veia jugular interna 
esquerda e veia subclávia esquerda. 
O acúmulo de líquido foi rápido pois o ducto torácico é o maior canal linfático do corpo, e 
drena ¾ da linfa do corpo, apresentando, portanto, um grande volume de linfa. 
 
 
5. Qual o local mais apropriado para a realização da toracocentese? Justifique do 
ponto de vista anatômico. 
A toracocentese deve ser realizada através da introdução de uma agulha hipodérmica na 
cavidade pleural, através do 9​o​ espaço intercostal na linha axilar média. 
A introdução da agulha no 9​o espaço intercostal na linha axilar média durante a expiração 
evita que a margem inferior do pulmão seja atingida. Para evitar lesão do nervo e dos vasos 
intercostais, a agulha é introduzida superiormente à costela. A agulha deve ser angulada 
para cima, a fim de evitar a penetração no lado profundo do recesso (uma fina camada da 
parte diafragmática da pleura parietal e diafragma sobre o fígado). 
 
 
6. Explique de que forma você poderia identificar este ponto de punção através da 
anatomia de superfície. 
Esse ponto de punção pode ser identificado a partir da identificação da linha axilar média e 
contagem dos espaços intercostais. Em seguida, deve-se inserir a agulha na borda superior 
do arco costal no espaço intercostal abaixo do topo do derrame. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
CASO 8 
Homem, 72 anos, hipertenso de longa data sem tratamento, é levado ao consultório 
de cardiologia relatando história progressiva de dispneia aos mínimos esforços, 
associada a edema de membros inferiores e aumento de volume abdominal. Relatou 
que acorda dispneico durante a noite, sentindo-se "sufocado': Ao exame físico, foram 
encontrados estertores bolhosos em bases bilaterais e ritmo cardíaco regular, em 3 
tempos (B3), bulhas hipofonéticas, SS 3+/6+ em foco mitral; abdome algo tenso, 
peristáltico, apresentando hepatomegalia (aumento do volume do fígado) dolorosa e 
refluxo hepatojugular (ao exame físico da paciente, quando comprime a área do 
fígado, observa-se que a veia jugular externa se dilata); e membros inferiores com 
edema frio, mole, ascendente e indolor. Foram solicitados radiografia de tórax, que 
apresentou importante cardiomegalia e congestão pulmonar (Figura 16.4.1), e 
ecocardiograma, que evidenciou câmaras cardíacas dilatadas, áreas hipocinéticas e 
disfunção sistólica grave do ventrículo esquerdo (Figura 16.4.2). Foi iniciada terapia 
antihipertensiva com iECA, diuréticos, betabloqueadores e droga inotrópica 
(digoxina). Em (A) lmagem de radiografia de tórax (PA) mostrando aumento 
importante de área cardíaca associada a infiltrado pulmonar sugestivo de 
cardiomiopatia dilatada e congestão pulmonar. (B) Ecocardiograma bidimensional 
apresentando dilatação das câmaras cardíacas. 
 
1. Explique a localização do coração no tórax. Descreva a forma do coração e localize 
as cavidades cardíacas na superfície do coração. 
 
O coração está localizado no tórax, na porção média do mediastino inferior, envolvido em 
um saco seroso de duas camadas denominado pericárdio. Além disso, cerca de 2/3 do seu 
tamanho estão localizados no lado esquerdo. Possui a forma de uma pirâmide 
quadrangular; com um ápice, que é inferior, anterior e esquerdo, e uma base, que é 
superior, posterior e direita. 
 
O coração possui cinco superfícies: base (posterior), diafragmática (inferior), esternocostal 
(anterior), e superfícies pulmonares direita e esquerda. Também possui diversas margens: 
direita, esquerda, superior e inferior: 
- A margem direita é a menor parte do átrio direito, 
- que se estende entre as veias cavas superior e inferior. 
- A margem esquerda é formada pelo ventrículo esquerdo e pela aurícula esquerda. 
- A margem superiorna vista anterior é formada por ambos os átrios e suas aurículas. 
- A margem inferior é marcada pelo ventrículo direito. 
Na face esternocostal, os átrios e ventrículos são separados superficialmente pelo sulco 
átrio-ventricular/coronário, e deste sulco parte anteriormente um segundo sulco em direção 
ao ápice do coração, o sulco interventricular anterior. Posteriormente, há um sulco 
interventricular posterior, e na base do coração, tem-se dois átrios divididos pelo sulco 
interatrial. 
 
 
16 
2. Explique como você poderia identificar um aumento do tamanho do coração (área 
cardíaca) no Rx de tórax. Seria possível identificar ao Rx de tórax o aumento do 
ventrículo esquerdo? Quais outras cavidades podem ser identificadas? 
 
O coração é considerado aumentado quando ​sua medida é maior que metade da caixa 
torácica. Em situações normais, o coração ocupa apenas o 
mediastino médio. Nesse caso, percebemos que ele está 
invadindo o espaço dos pulmões. 
 
É possível identificar um aumento do ventrículo esquerdo 
no Rx de tórax; sua visualização é permitida por 
localizar-se póstero-lateralmente ao esterno. ​Nesse Rx, a 
dilatação do ventrículo esquerdo ou arredondamento da 
silhueta cardíaca nas incidências póstero-anterior e perfil 
sugerem aumento do ventrículo esquerdo​. 
 
As outras cavidades podem ser identificadas conforme a 
imagem ao lado. 
 
 
3. Descreva a localização das valvas cardíacas, valvas aórtica e pulmonar e suas 
relações com a sístole e diástole. 
 
A valva atrioventricular mitral (bicúspide) está entre o átrio esquerdo e ventrículo esquerdo. 
É fechada durante a sístole e aberta na diástole 
 
A valva atrioventricular tricúspide está entre o átrio direito e o ventrículo direito. É fechada 
durante a sístole e aberta na diástole. 
 
As valvas atrioventriculares funcionam prevenindo o fluxo sanguíneo reverso dos 
ventrículos para os átrios durante a sístole. Elas se prendem às paredes dos ventrículos 
através das cordas tendíneas, que por sua vez se prendem aos músculos papilares, de 
forma que as cúspides sejam mantidas tensas e não sofram inversão para o interior dos 
átrios. 
 
A valva aórtica está entre o ventrículo esquerdo e a aorta ascendente. É aberta durante a 
sístole e fechada durante a diástole. Na sístole, a pressão no ventrículo esquerdo se eleva, 
e quando ela ultrapassa a pressão na aorta a válvula se abre, liberando o sangue 
acumulado no interior do vaso. Quando a sístole termina, a pressão ventricular cai 
rapidamente abaixo da pressão da aorta, forçando a valva a se fechar novamente. 
 
A valva pulmonar está entre o ventrículo direito e a artéria pulmonar. É aberta durante a 
sístole e fechada durante a diástole, utilizando o mesmo mecanismo de pressão que a valva 
aórtica. 
 
 
 
 
17 
4. Baseado no conhecimento anatômico das cavidades cardíacas, dos vasos da base 
e da circulação sanguínea, de que forma a congestão pulmonar (provoca dificuldade 
do fluxo de sangue através da circulação pulmonar) explicam a hepatomegalia, 
dilatação das jugulares e edema de membros inferiores apresentadas pela paciente. 
 
A congestão pulmonar e a dilatação das câmaras cardíacas apresentadas pela paciente, 
podem explicar a hepatomegalia, dilatação das jugulares e edema de membros inferiores. 
Tal fato ocorre porque a congestão pulmonar e a dilatação das câmaras cardíacas 
evidenciam que o sangue bombeado pelo coração está sendo insuficiente. 
 
Com isso, há um aumento tanto das cavidades cardíacas, que visam bombear mais sangue 
para o corpo, como também das veias jugulares externas, já que, com a dificuldade do fluxo 
de sangue do coração para o pulmão, ocorre um acúmulo de sangue nessa veia, que, como 
consequência, acaba dilatando. O acúmulo de sangue na veia cava inferior, aumenta a 
pressão nas veias hepáticas, de modo que, dependendo dessa pressão, o fígado 
apresentará também um acúmulo de sangue, que será responsável pela hepatomegalia. 
 
 
5. Explique do ponto de vista anatômico, como um IAM pode determinar o surgimento 
de sopro cardíaco. Relaciona com territórios de vascularização coronária. 
 
Um infarto agudo do miocárdio interromperia a vascularização das artérias coronárias, o 
que significa que o músculo cardíaco deixaria de ser irrigado. Dessa forma, pode ocorrer 
dificuldade para o suprimento sanguíneo dos nós do sistema de condução cardíaco, o que 
ocasionaria prejuízo no controle das contrações e dilatações cardíacas, entrando em 
desconformidade com o controle da abertura e fechamento das válvulas. Assim, o sangue, 
ao passar por um orifício mais reduzido do que o normal, ocasiona o sopro, que é o ruído de 
sua travessia. 
 
Quando o infarto agudo do miocárdio afeta a coronária direita, ele pode determinar o 
surgimento de sopro cardíaco porque pode gerar um isquemia dos músculos papilares da 
valva tricúspide, que estão localizados na parede do ventrículo direito. 
 
Já quando afeta a coronária esquerda, o IAM pode determinar o surgimento do sopro 
porque pode gerar um isquemia dos músculos papilares da valva mitral, que estão 
localizados na parede do ventrículo esquerdo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18 
CASO 9 
Uma mulher de 65 anos, diagnosticada com câncer de útero, se submeteu a uma 
cirurgia para remoção do útero (histerectomia abdominal total) há dois dias em 
decorrência de câncer de endométrio. Ela estava passando bem até hoje, quando 
desenvolveu dispneia (falta de ar), e descreve uma dor aguda ao inspirar, no lado 
direito do tórax e tosse com escarro avermelhado, parece ter sangue (hemoptise). Ao 
exame físico revelou uma frequência respiratória de 28 respirações/min (taquipneia) e 
uma frequência cardíaca de 110 batimentos/min (taquicardia). A ausculta dos 
pulmões não demonstra respiração sibilante nem crepitações. Ela parece ansiosa. 
Em função da idade, de estar em repouso pelo pós-operatório e ter diagnóstico de 
patologia oncológica associado a estes sintomas, o médico pensou em uma hipótese 
diagnóstica e questionou a paciente sobre algum edema, tumefação ou dor em 
membros inferiores tentando achar sinais e sintomas de trombo venoso. A paciente 
foi encaminhada ao hospital onde realizou exames de urgência. Foi solicitada 
gasometria arterial, radiografia de tórax e cintilografia de ventilação perfusão. Rx de 
tórax evidenciando aumento do hilo pulmonar Cintilografia pulmonar de 
inalação/perfusão com 99mTc-Fitato/MAA: no estudo inalatório observa-se 
distribuição homogênea do material em ambos pulmões. No estudo perfusional 
(avalia fluxo de sangue nos vasos do pulmão), observa-se distribuição 
acentuadamente heterogênea do material em ambos pulmões, com déficits 
perfusionais (áreas sem fluxo sanguíneo) (setas) nos segmentos posterior e anterior 
do lobo superior direito, segmento superior do lobo inferior esquerdo, lobo inferior 
direito e base pulmonar esquerda, (observe as figuras de perfusão com atenção: 
observe que as áreas sem fluxo de sangue, indicadas pelas setas, não se contrastam, 
ou seja, ficam brancas. A conclusão comparando neste exame a perfusão com a 
inalação, pode-se concluir que algumas áreas pulmonares recebem ar, mas não 
sangue). 
1. Em qual patologia o médico estava pensando quando questionou sobre possíveis 
alterações nos membros inferiores? Qualé o local mais provável da doença de base? 
O médico, ao questionar a paciente sobre possíveis alterações nos membros inferiores, 
estava pensando na possibilidade de trombose, de forma que esse coágulo poderia ter se 
desprendido e causado embolia pulmonar. ​Os membros inferiores são os locais mais 
comuns de trombose. 
 
2. Explique, do ponto de vista anatômico, como um trombo originado em membro 
inferior pode atingir a circulação pulmonar. Descreva os vasos envolvidos neste 
trajeto. 
​O trombo originado no membro inferior pode atingir a circulação pulmonar através da 
circulação venosa. Sendo assim, se ele estiver na veia fibular, por exemplo, seguirá pela 
veia poplítea, veia femoral, femoral comum, ilíaca externa e, então, ilíaca comum. 
Continuará pela veia cava inferior, passando pelo átrio e ventrículo direitos, passará pela 
artéria pulmonar, até chegar aos pulmões, onde pode alojar, causando a embolia pulmonar. 
 
3. Revise a origem, o padrão de ramificação, e as relações anatômicas das artérias e 
veias pulmonares. Explique no que se constitui um segmento pulmonar. 
As artérias pulmonares direita e esquerda se originam do tronco pulmonar e conduzem 
sangue não oxigenado até os pulmões. Cada artéria pulmonar se torna parte da raiz 
19 
pulmonar do pulmão correspondente, e se divide em artérias lobares secundárias. Estas, 
por sua vez, se dividem em artérias segmentares terciárias. Pode-se observar que as 
artérias pulmonares e brônquios apresentam o mesmo padrão de ramificação, e formam 
pares no pulmão, com as mesmas ramificações e trajetos paralelos. 
Duas veias pulmonares de cada lado, uma superior e uma inferior, conduzem o sangue rico 
em oxigênio dos lobos correspondentes de cada pulmão para o átrio esquerdo do coração. 
Apesar o pulmão direito apresentar 3 lobos, a veia do lobo médio será uma tributária da veia 
pulmonar direita superior, por isso há apenas 2 veias pulmonares de cada lado. 
Os segmentos pulmonares são a maior subdivisão dos lobos pulmonares, tendo um formato 
piramidal e separação por septos de tecido conjuntivo, além de sua nomeação variar do 
brônquio segmentar que o supre. A segmentação é bronquioarterial, pois cada segmento é 
irrigado por um ramo específico da artéria pulmonar e é suprido por um brônquio segmentar 
próprio também. 
 
 
4. Em qual posição o cirurgião é capaz de identificar a artéria pulmonar direita 
quando estiver explorando o tórax (relações de sintopia)? 
Usando o ângulo esternal como referência. O nível vertebral TIV / TV está em um plano 
transverso que passa através do ângulo esternal na parede torácica anterior e o disco 
intervertebral entre as vértebras TIV e TV posteriormente. Este plano pode ser localizado 
com facilidade, porque a articulação entre o manúbrio do esterno e o corpo do esterno 
forma uma estrutura óssea distinta que pode ser palpada. Este plano separa o mediastino 
superior do mediastino inferior e marca a margem superior do pericárdio. Ele também 
separa a extremidade da aorta ascendente a partir do início do arco da aorta, a extremidade 
do arco da aorta a partir do início da aorta torácica e passa através da bifurcação da 
traquéia superiormente ao tronco pulmonar. O cirurgião deve ser capaz de identificar a 
artéria pulmonar direita posteriormente ao arco da aorta e à veia cava superior, próximo ao 
brônquio principal direito, no hilo pulmonar. 
 
5. O exame “padrão-ouro, atualmente, para diagnóstico desta patologia é a 
angiotomografia (tomografia com contraste injetado 
endovenoso para avaliação dos vasos) que faz a 
confirmação do diagnóstico e permite o início do 
tratamento. A imagem deste exame que segue abaixo 
é NORMAL, e não corresponde a este paciente. 
Procure identificar na imagem da direita, as estruturas 
vasculares pulmonares, (imagem em posição 
anatômica). 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
CASO 10 
Durante o exame físico de uma menina de 12 anos, um jovem médico, no primeiro 
ano de residência, auscultou os pulmões na face posterior do tórax, depois na face 
lateral do torax e , finalmente, na região anterior. Após, preparou-se para realizar a 
ausculta dos batimentos cardíacos. Entretanto, ao colocar o estetoscópio no foco 
mitral, não auscultou nenhum batimento cardíaco. O pulso radial, porém, estava 
normal. Depois de pensar sobre o assunto, o médico conseguiu novamente resolveu 
examinar e menina e auscultou batimentos cardíacos normais. 
1. Onde o médico normalmente tentaria auscultar os batimentos cardíacos? Descreva 
os locais de ausculta e ao som de quais valvas correspondem. 
O médico normalmente auscultaria no foco do ápice cardíaco, apoiando a campânula do 
estetoscópio sobre o quinto espaço intercostal esquerdo, medialmente à linha 
medio-clavicular, ou seja , em posição inferomedial à papila mamária 
1. Foco aórtico: 2° espaço intercostal do lado direito, adjacente ao esterno, margem 
superior esquerda. 
2. Foco pulmonar: 2° espaço intercostal do lado esquerdo, adjacente ao esterno 
3. Foco tricúspide: 4° espaço intercostal do lado esquerdo, adjacente ao esterno na 
base do apêndice xifoide, ligeiramente à esquerda. 
4. Foco mitral: 5° espaço intercostal do lado esquerdo, na linha hemiclavicular. 
5. Foco aórtico acessório: 3º e 4º espaço intercostal esquerdo 
2. Que anomalia congênita cardíaca poderia ser responsável pela incapacidade de 
auscultar os batimentos cardíacos no hemitórax esquerdo? 
A Dextrocardia poderia ser a anomalia congênita responsável pelo episódio. A Dextrocardia 
é uma anomalia que ocorre no desenvolvimento embrionário, na qual o coração gira para a 
esquerda ao invés da direita. ( Melhor ausculta no 5° espaço intercostal direito, em posição 
inferomedial à papila mamária direita). 
3. E, em relação a ausculta pulmonar, descreva os locais de ausculta dos lobos de 
ambos os pulmões à direita e a esquerda, nas regiões anterior, posterior e lateral do 
tórax​. 
Primeiramente, é importante auscultar como uma corda grega, ou seja, ir comparando um 
lado com o outro, conforme mostra a imagem abaixo 
- Saboneteira anatômica (região entre clavícula, trapézio e pescoço): Ápice pulmonar 
- Região anterior do tórax: Lobos superior e médio (incluindo língula) 
- Região lateral do tórax: Única região na qual se auscultam todos os lobos (superior, médio 
e inferior direitos e superior e inferior esquerdos) 
- Região superior posterior do tórax: Lobo inferior e ápice pulmonar 
21 
- Bases pulmonares: Lobo inferior 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
REFERÊNCIAS: 
 
● MOORE, K. L.; DALEY II, A. F. Anatomia orientada para a clínica. 7ª.edição. 
Guanabara Koogan. Rio de Janeiro, 2014. 
● GRAY - ANATOMIA HUMANA 40ª Edição. 
● SOBOTTA, Johannes. ​Atlas de Anatomia Humana: Cabeça, Pescoço e 
Neuroanatomia​. 24 ed. Rio De Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.A., 2018. 
● https://www.jaleko.com.br/ 
● www.snarmed.com 
 
 
https://www.jaleko.com.br/
http://www.snarmed.com/

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