Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ENTREVISTA O novo EP que vem aí chama-se “The Weight Of The Soul” e serviu de pretexto para fazermos esta entrevista à portuguesa Ana Free. Quando lhe perguntámos se, caso tivesse nascido 20 anos antes, teria arranjado outra forma de divulgar o seu trabalho, a resposta foi: «A internet tem várias vantagens. Dá-me a oportunidade de partilhar o meu trabalho e as minhas aventuras com o resto do mundo, e como a internet não tem barreiras, consigo partilhar as minhas experiências e a minha música com pessoas em sítios totalmente diferentes e espalhadas por todo o mundo. Sem a internet acho que conseguiria atingir o mesmo nível de sucesso, mas a um ritmo muito mais desequilibrado. Acho que seria um processo bastante mais lento». Tem centenas de temas compostos. Isto deve-se ao facto de compor desde muito cedo, ou porque não consegue parar de escrever? Em parte, sim. Mas realmente sou bastante compulsiva no que diz respeito à escrita no geral. Sempre gostei muito de me exprimir e quando encontrei a harmonia mágica entre a junção de melodias com palavras e frases, foi aí que nasceu a minha paixão pela composição de músicas. Sabemos que começou a aprender música muito cedo. Como foi o seu percurso formativo no âmbito da música? Frequentou escolas de música, conservatórios...? Nunca frequentei nenhuma escola de música para aprender a tocar guitarra. Devo o grande privilégio de tocar guitarra ao meu pai que me começou a ensinar quando eu tinha 8 ou 9 anos de idade. Tive aulas de piano durante um tempo mas depois parei porque não gostava de ter que fazer os exames, passar pelos vários níveis e de não poder tocar aquilo de que gostava. A música é algo que sinto por instinto e infelizmente nunca tive muita conexão natural com toda a parte técnica. Considera que superará o sucesso de "Say It To Me"? Espero que sim! Muito obrigado por este tempo que nos dedicou. Tem muitos espetáculos marcados para breve? Pode adiantar-nos algumas datas? Por enquanto estou a tocar por Los Angeles mas espero ter novas datas para Portugal em breve! Quando souber, eu aviso! 11 NOTÍCIAS HOMENAGEM A KURT COBAIN Kurt Cobain faria 50 anos esta segunda-feira, dia 20 de fevereiro. A fi lha do músico, Frances Bean, fez uma homenagem ao pai através do Instagram. "És amado e sentimos a tua falta. Obrigado por me dares o maior PRESENTE, que é a vida. A tua fi lha para sempre, Frances Bean Cobain", escreveu Frances. FOXYGEN EM PORTUGAL A banda de Sam France e Jonathan Rado vem apresentar Hang, álbum recentemente editado, terceiro de um percurso iniciado em 2005 ao Festival Vodafone aredes de Coura. Trata-se do primeiro álbum de estúdio do duo californiano, gravado com uma orquestra sinfónica de 40 elementos. NOVO ÁLBUM A CAMINHO Depois de ter deixado alguns posters misteriosos por Los Angeles, Lana Del Rey revelou uma música inédita. Trata-se de Love, uma colaboração com o produtor Rick Nowels, que já trabalhou com ela em outras ocasiões. 12 OPINIÃO DUAS GRANDES CANÇÕES ROCK AO VIRAR DA ESQUINA De 1967 a 2017 em oito minutos essenciais. Há cinquenta anos, os Svengalis andavam à procura de outros Doors e saiu-lhes isto, uns tipos de West Los Angeles capazes de fazer uma canção monstruosamente boa (que digo eu?, inapelavelmente viciante) que é uma espécie de futuro do garage rock. Não estou certo de já lá termos chegado. Progressão lenta e misteriosa, salpicos de psicadelismo, um órgão hammond suculento, a guitarra a pincelar imaculadamente: tudo aqui é tão perfeito que "House of Glass" quase parece um protótipo a partir do qual boa parte da música elétrica intoxicada foi gerada. Poderia ter sido feita hoje? Claro que sim, com a história de dois ou três mundos nas costas. Mas foi tecida em 1967 - mil nove seis sete - quando o novelo ainda só começava a ser desfi ado. Estava tudo lá, sabemos agora. Luís Guerra, BLITZ, 27.JAN.2017 Festivais em 2017: Alguns dos concertos já anunciados Continuam a ser anunciados nomes para os muitos festivais dos próximos meses. 14 NOTÍCIAS ROGER WATERS QUER TOCAR “THE WALL”. Um dos álbuns mais emblemáticos dos Pink Floyd já tinha sido tocado nas comemorações da queda do Muro de Berlim, em 1990, e pode agora fazer parte de um concerto de protesto contra o muro de Trump. Roger Waters revelou, em declarações à Agence France-Presse, que pode voltar a apresentar The Wall num concerto de protesto, planeado para o local onde for construído o muro de separação entre o México e os Estados Unidos da América, proposto por Donald Trump. Nas palavras de Roger Waters àquela agência, "a música é um local legítimo para expressar protesto; os músicos têm o direito e o dever de abrir a bocas e manifestar-se", afirma Waters. O anúncio deste concerto surge após várias críticas do músico dos Pink Floyd às políticas do presidente americano, que considerou recentemente o "trumpismo" tão perigoso como o fascismo. Waters está a preparar um novo álbum a solo e não coloca completamente de parte uma reunião dos Pink Floyd. 13 ARTIGO 15 No dia 27 de agosto de 1991, o Pearl Jam lançava seu primeiro disco, Ten. A história do Pearl Jam com esse disco é um pouco diferente do tradicional. É preciso levar em consid- eração que a banda, por muito tempo, lutou contra a fama, como uma forma de manter o contato da sua obra com os fãs de maneira menos artifi cial e, talvez, em menor escala. No entanto, lutar contra o sucesso genuíno de let- ras que falam de situações tão complexas como de- pressão, abandono, falta de moradia, suicídio e ain- da ter um dos frontmans mais carismáticos de todos os tempos, Eddie Vedder, é praticamente impossível. E isso fi ca provado com a longa estrada que o PJ per- corre ainda hoje e que tem em seu primeiro projeto a referência de uma época. O disco e seu contexto no universo grunge Ten é um disco diferente dentro do contexto do grunge que, em 1991, deu seu passo defi nitivo para o mainstream. Isso acon- teceu ao substituir o hair metal - dominante nas rá- dios norte-americanas - e ao conquistar o público, não só dos Estados Unidos, mas também de diversas partes do mundo. Porém, no caso do Pearl Jam, nem só a sonoridade/estilo do álbum, em diveros momentos menos produzida, é o destaque, já que as letras escritas por Vedder tinham em suas mensa- gens uma força realmente pontual para quem estivesse disposto a ouvir. Em todo caso, para quem não conhece o contexto com- pleto da produção de Ten, segue aquele resumo básico: O grupo surgiu por meio da união entre o guitarrista Stone Gossard e do baixista Jeff Ament, que já tinham perdido o vocalista de sua banda anterior, Andrew Wood, para uma overdose de heroína. A dupla se reuniu após a tragédia, gravou uma demo e a produção chegou até Eddie Vedder por meio do baterista do Red Hot Chilli Peppers, à época, Jack Irons. Vedder gravou seus vocais por cima, enviou a fi ta de volta e, dai pra frente, começou a surgir o que a banda é hoje. Nesse processo ainda aconteceu a rápida participação no único álbum do Temple of the Dog, enca- beçado por Chris Cornell entre outras coisas, mas essa já é outra história. PEARL JAM | TEN, PRIMEIRO ÁLBUM DO GRUPO, COMPLETA 25 ANOS. No início o Pearl Jam deveria se chamar Mookie Blaylock, em homenagem a um jogador de basquete. O grupo chegou a usar esse nome, mas a ideia foi deixada de lado, pois a gravadora tinha medo de que a banda pudesse ter problemas legais. Por fi m, dessa ideia restou somente o nome do primeiro álbum, Ten, número da camisa de Blaylock. Após a gravação em Seatle, o disco passou por um pro- cesso de mixagem na Inglaterra e foi lançado sem muita confi ança pela Epic Re- cords. De início, o projeto não repercutiu tanto como o lançamento do Nirvana, por exemplo, mas o tempo ajudou o crescimento do PJ até que a trinca de singles "Alive", "Jeremy" e "Even Flow" se tornasse o cartão de visitas dos caras de Seatle, seja pelo som, seja pelas letras, sejapela for- ma como as músicas gan- havam vídeos muito bem recebidos pelo público da MTV. Assim, o projeto que consolidou o grunge, jus- tamente em meio a esse cenário com Alice in Chains e Nirvana, que survava o hype de Nevermind, con- seguiu soar original, atin- gido seu pico de vendas entre 1992 e 1993, inserin- do - de forma defi nitiva - o Pearl Jam entre as grandes bandas do movimento. E não dá pra negar que a sonoridade, qual o grupo optou por não investir mui- to para gravar, é um marco para o estilo. Algo que deu cara e identidade para a banda. Para se ter uma id- eia de como esse fator infl u- enciou no que é ouvido no disco, a versão de "Alive", inserida na produção, é a gravação demo. Isso se deve, de acordo com os membros do PJ em maté- ria da Rolling Stone, a não conseguir repetir, durante a sessão de gravação, "o poder e a intensidade" da versão anterior. Também, como parte das curiosidades do álbum, consta a letra de "Oceans", escrira por Vedder em um período de tempo no qual fi cou trancado fora do estú- dio. A situação surgiu após o vocalista sair do local para acertar um detalhe de estacionamento e, ao tentar retor- nar, encontrar a porta trancada. Enquanto fi cou para o lado de fora, pegando chuva, conseguiu escutar a linha de baixo que era executada no estúdio e compôs a letra da música. Além de todas essas curiosidades, o PJ deixou claro, logo no primeiro álbum, sua forma de agir em relação a suas criações. Uma das atitudes mais emblemáticas desse período, foi não liberar a gravadora para lançar "Black" como single. Vedder justifi cou, à época, que "Nós não escrevemos música para isso. Nós não escrevemos para fazer hits". Hoje pode parecer estranho dizer que 'a banda não liber- ou uma música para ser single', mas naquele tempo os programas de rádio tocavam as faixas que eram escolhi- das pelas gravadoras. Então, se você não tinha o álbum, difi cilmente iria conhecer outras músicas que fossem além do que era apresentado nos programas de música. Mas, no caso de "Black", apesar da não liberação da ban- da, ela começou a ser veiculada por conta dos locutores chegando, em 1993, ao terceiro lugar em um dos charts da Billboard. Por fi m, atualmente, 25 anos depois de estrear como uma banda mediana, a qual a gravadora não acreditava muito, o Pearl Jam é um dos grupos mais bem estabelecidos do mercado, com shows lotados, apresentações sem proto- colo e total empatia e sintonia com todos os públicos, não importa em qual país estejam. Com certeza, um grupo que amadureceu nesse caminho e hoje é capaz de entender como o que faz infl uencia, diretamente, a vida de muitas pessoas. E, a partir disso, aceitar os bônus e os ônus de ter um público tão fi el e mais próximo a cada novo álbum - mesmo que nenhum outro lançamento tenha sido capaz de atingir as marcas de Ten. 16 Um dos marcos do grunge e do rock foi lançado em 1991 e é infl uencia até hoje.
Compartilhar