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4 1 Prof. MSc Emerson Freitas Análise de Projetos e Orçamento Empresarial Aula 1 4 2 Conceitos e características de projetos 4 3 “São iniciativas inovadoras e complexas que requerem uma metodologia estruturada para apresentar bons resultados [...]. Pode-se definir um projeto como um acordo para entregar bens ou serviços especificados dentro de um cronograma estabelecido e por um valor estipulado" (KANABAR e WARBURTON, 2012) O que é um projeto? 4 4 Caracterísicas ▪ São temporários - eles têm um início e um fim claros. ▪ São empreendidos para fornecer um resultado ou serviço específico, conhecido como entrega. ▪ São desenvolvidos dividindo-os em etapas ou estágios menores (elaboração progressiva). 4 5 Caracterísicas ▪ Incertezas ▪ Riscos 4 6 Ciclo de vida de um projeto 4 7 Diferentes aspectos na estruturação do projeto ▪ Econômicos ▪ Técnicos ▪ Financeiros ▪ Administrativos ▪ Jurídicos ▪ Legais ▪ Contábeis 4 8 Planejamento 4 9 Planejamento ▪ Planejamento estratégico ▪ Planejamento tático ▪ Planejamento operacional 4 10 Planejamento estratégico 1.Onde está a organização agora? 2.Para onde ela está indo? 3.Aonde ela quer chegar? 4.O que deve ser feito para mudar para a direção certa e desejada? Missão Visão Princípios 4 11 Planejamento e projetos Planejamento estratégico da entidade Programa de ações a serem desenvolvidas Projetos a serem implementados ▪ Diagnóstico ▪ Alternativas ▪ Viabilidade 4 12 Dimensões financeiras do projeto ▪ Receitas (economias) ▪ Gastos • Custos • Despesas • Investimentos ▪ Custo de capital 4 13 Ferramentas para análise de projetos ▪ Valor presente líquido (VPL) ▪ Payback e payback descontado ▪ Índice de lucratividade (IL) 4 14 ANÁLISE DE PROJETOS E ORÇAMENTO EMPRESARIAL AULA 6 Prof. Clecio Steinthaler 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula iremos estudar a elaboração do orçamento de vendas, que representa a primeira etapa a ser desenvolvida no processo de elaboração de um orçamento empresarial. Destacaremos que os outros departamentos só poderão orçar seus custos após o departamento comercial elaborar suas estimativas de vendas, pois se o orçamento empresarial fosse um “trem”, o orçamento de vendas seria a “locomotiva”, ou seja, todos os outros vagões dependeriam dele. Vamos analisar de que forma os 4Ps do marketing (política de promoção, política de preço, política de produto e política de praça) influenciam a formação do preço de venda. Iremos analisar a formulação de um plano de produção, que objetiva mostrar, por meio de um relatório gerencial, como deve ser processada a produção para todos os produtos de uma indústria ou de empresa de área de serviços. Vamos descobrir que esse plano contempla a projeção dos custos e a projeção das despesas. Estudaremos os principais planos de produção, que são: produção constante, produção ao nível de vendas e produção por ciclos. Analisaremos também o orçamento de custos, em que aprenderemos a diferença entre custos, despesas, perdas e investimentos. Veremos ainda o orçamento das despesas e outros itens que não os gastos que estão ligados diretamente à produção, mas à estrutura administrativa e comercial da organização. Por fim, analisaremos como fazer a projeção do fluxo de caixa (que é o instrumento básico para execução do orçamento em curto e em médio prazo) e o fluxo de caixa da empresa, pois ele não indica apenas o total de pagamentos e recebimentos da empresa, mas serve de ponto de referência para a avaliação de desempenho estimada. Analisaremos os três métodos de elaboração do orçamento de caixa, a composição da Demonstração de Resultados do Exercício (DRE) e, por fim, um modelo de balanço patrimonial 3 CONTEXTUALIZANDO Cada vez mais as empresas necessitam de informações úteis, relevantes e oportunas para a tomada de decisão. Portanto, torna-se essencial que todas as organizações tenham um planejamento que direcione todos os esforços e recursos para o cumprimento de seus objetivos. Eis a importância do orçamento empresarial, que não é apenas mais um mecanismo utilizado pelas empresas para alcançar resultados propostos, mas sim uma importante ferramenta estratégica que permite a continuidade, a consolidação e o crescimento de uma organização no mercado em que atua. A prática revela que, sem o controle, o planejamento não se efetiva. Não é possível a organização ter a percepção de quão distante ela se apresenta do desempenho planejado. Dessa forma, o controle compreende uma atividade importante para as organizações que têm um processo de planejamento, pois busca por meio de padrões medir o desempenho dos processos e das atividades, para atingir o resultado econômico desejado. Nesse contexto, os indicadores econômicos são os direcionadores da empresa que consolidam e atestam que seu orçamento está correto. Agora, reflita um instante. Considere a empresa em que você trabalha, ou trabalhou, e responda: você conhece ou conheceu os resultados econômicos que a empresa havia estimado e de que forma eles estavam justificados em um orçamento de caixa? Quantas vezes imaginou que a redução de verbas para alguma atividade não era adequada, mas foi verificar se, no contexto orçamentário daquele momento, essa decisão não era a mais adequada? Se ficou em dúvida quanto à resposta para uma dessas perguntas, deixamos a seguinte proposta: vamos descobrir quais são os custos, as despesas e os investimentos que compõem um orçamento de caixa e qual a importância deles para fornecer subsídios que fundamentem decisões relativas ao processo orçamentário? 4 TEMA 1 – ORÇAMENTO DE VENDAS Ao elaborar um orçamento, a primeira etapa a ser desenvolvida é a projeção das receitas operacionais, ou seja, o orçamento de vendas. Portanto, ele deve ser a primeira etapa no processo de elaboração de um orçamento empresarial. Os outros departamentos só poderão orçar efetivamente seus custos após o departamento comercial elaborar suas estimativas de vendas. Segundo Welch (1996), se o orçamento empresarial fosse um “trem”, o orçamento de vendas seria a “locomotiva”, ou seja, todos os outros vagões dependeriam dele. Para elaborar o orçamento de vendas, o departamento comercial precisa projetar, mensalmente, dois dados para cada um dos produtos ou serviços que comercializa: Ao se multiplicar tais dados, obtemos uma previsão da receita bruta de vendas (faturamento), para cada um dos produtos ou serviços. Ao se multiplicarem tais dados, obtemos uma previsão da receita bruta de vendas (faturamento), para cada um dos produtos ou serviços. Uma empresa pode obter receitas de outras fontes, as receitas chamadas não operacionais, como a renda de investimentos, de aplicações financeiras, ou a venda de algum ativo da empresa. Como o departamento de produção, ou o departamento de suprimentos, pode orçar o quanto produzir ou comprar sem saber o quanto será vendido?? 5 Receita operacional: proveniente das receitas com a operação da empresa, portanto: faturamento = receita operacional; Receita não operacional: proveniente de outras fontes, que não estejam ligadas diretamente à operação da empresa. Saiba mais Total de receitas orçamentárias = receita operacional + receita não operacional. Importante: se não houver um orçamento de vendas que represente a realidade da empresa, com projeções de vendas mensais realistas, todos os outros componentes do orçamento estarão comprometidos, e a empresa pode ter sérias consequências de gestão. Para um orçamento realista, devem-se considerar as condições internas e externas da empresa, ou seja, todas aquelas que irão influenciar de uma forma ou de outrao faturamento. A essas condições, em orçamento, chamamos de “condicionantes”. Existem diversos condicionantes que podem comprometer de forma negativa o orçamento de vendas. Esses princípios podem parecer óbvios, mas as empresas várias vezes passam por “gargalos” em sua linha de produção, que corroem de forma significativa sua margem de lucro unitária. Todos esses problemas podem estar relacionados a projeções erradas de vendas. Vejamos: Capacidade de produção limitada Falta de mão de obra Falta de capital para aumento de produção Políticas de crédito Fornecedores de matéria-prima Concorrência Condicionantes internos Condicionantes externos 6 Atenção: esses fatores são interligados a outro fator muito importante: o custo de capital, pois para atender a cada um deles, a empresa deverá ter disponibilidade em caixa, que irá comprometer a operação, ficando sem reserva financeira, ou então captar recursos externos, pagando um custo financeiro que não poderá ser repassado ao preço de vendas, pois poderá perder mercado. Outro condicionante importante e que merece uma análise individual é a política de marketing da organização, pois ela determinará de que forma, quando e como ocorrerá a expansão das vendas. Essa política apresenta quatro componentes principais, conhecidos como os 4Ps do marketing: 1.1 Política de promoção Nela serão definidos os produtos prioritários, as campanhas a serem feitas, a política de inserção ou crescimento do mercado (ex.: compre 1, leve 2) e os veículos a serem utilizados (televisão, cinema, rádio, jornais, revistas etc.). Quanto maiores forem os recursos destinados e mais agressiva for essa política, maiores devem ser as quantidades projetadas de vendas. •Estimativa de volume de vendas superior ao que pode ser produzido. Gastos elevados com estoques •Fábrica operando acima de sua capacidade econômica. Maior custo de manutenção •Aumento de quadro de pessoal e custo de treinamento, para atender à expectativa de vendas. Custo elevado de mão de obra Promoção Preço Produto Praça 4 Ps do marketing 7 1.2 Política de preço É a que envolve a definição de linhas estratégicas da organização. Basicamente, podem ser utilizados dois métodos: O de custo de “dentro para fora”. O preço representa o custo final, acrescido de impostos, taxas e lucro. Concorrência de “fora para dentro”. O preço é ditado pelo mercado, uma vez que a organização pode sacrificar a rentabilidade de um produto, vendendo com margem reduzida, para alavancar a venda de outros, com margens maiores. Por exemplo, produto principal, que tem componentes e acessórios. Importância dessa análise no orçamento: no primeiro caso, poderá ser estimada uma produção linear, em todos os níveis de produto. No segundo caso, haverá uma produção principal de um item, em grande quantidade, e de outros em quantidades menores. 1.3 Política de produto Sabemos que uma das maiores causas da falência de empresas é não poderem acompanhar os concorrentes em termos de desenvolvimento. Nesse enfoque, essa política é a que definirá a inclusão, modificação ou eliminação de produtos dentro de uma linha de produção. As consequências orçamentárias são: a. Previsão de redução de valores orçados em linhas que serão eliminadas; b. Previsão de expansão de valores orçados, em linhas que sofreram modificações. A justificativa da importância dessa política está no fato de que linhas de produtos que sofrem modificações tendem a ter suas vendas elevadas em um momento inicial; no segundo estágio, essas vendas se estabilizam. Portanto, o orçamento deve contemplar essas variações, para otimizar o emprego dos recursos financeiros da empresa. 8 1.4 Política de praça É a política que trata da distribuição dos produtos e dos custos envolvidos nessa operação. Sua missão é definir como serão operacionalizados os caminhos que levarão os produtos da empresa até os consumidores finais. Envolve decisões como frota de veículos, utilização de atacadistas ou armazéns próprios. Em todas essas decisões, haverá um componente financeiro a ser considerado. Resumindo: Quanto ao modelo de relatório, pode ser estruturado de diversas formas, e deve ser considerada sempre a necessidade de controle e informações desejadas da própria empresa. Quadro 1 – Exemplo TEMA 2 – PLANOS DE PRODUÇÃO Quando nos referimos ao plano de produção, não estamos falando necessariamente de uma indústria. Ele também existe no comércio e na área de serviços, em que recebe o nome de plano de operações. Reconhecer as tendências do mercado, em função dos condicionantes Apuração da tendência de vendas Projeção de vendas Projeção do faturamento operacional Meses Produtos Unid. Prod. Valor Unit. Total Unid. Prod. Valor Unit. Total Unid. Prod.Valor Unit. Total Item A 687 97,00R$ 66.639,00R$ 485 97,00R$ 47.045,00R$ 185 97,00R$ 17.945,00R$ Item B 1.641 105,00R$ 172.305,00R$ 3.270 105,00R$ 343.350,00R$ 1.340 105,00R$ 140.700,00R$ Item c 253 289,00R$ 73.117,00R$ 487 289,00R$ 140.743,00R$ 121 289,00R$ 34.969,00R$ Total 2.581 312.061,00R$ 4.242 531.138,00R$ 1.646 193.614,00R$ Janeiro Fevereiro Março 9 Vamos exemplificar. Imaginemos o caso de uma instituição de ensino, em que o departamento de operações é constituído pelos professores. Voltando ao plano de produção, ele representa a formalização da quantidade de unidades a serem produzidas em determinado período, para atender às vendas estimadas. Seu objetivo é mostrar, por meio de um relatório gerencial, como deve ser processada a produção, para todos os produtos de uma indústria ou de empresa de área de serviços. Vamos exemplificar. Imagine que você acabou de receber o orçamento de vendas, com as estimativas para cada período. Quais seriam os passos a seguir? A elaboração do plano de produção não é uma tarefa simples, pois Sanvicente e Santos (1983) destacam que “a elaboração de um plano de produção requer a conciliação de três aspectos”: 1º Passo •Definição do orçamento de produção, conhecido também como plano de produção 2º Passo •Projeção dos custos. Ex.: matéria-prima, mão de obra e custos indiretos 3º Passo •Projeção das despesas. Ex.: comerciais, administrativas, etc. 10 A elaboração de um plano de produção deve minimizar os pontos de atrito entre todos os departamentos envolvidos, pois cada um deles tem um interesse próprio. Segundo Carneiro (2011, p. 29), os atritos entre os departamentos podem ser resumidos como: Quadro 2 – Atritos entre departamentos Departamentos Condições ideais sugeridas para o plano de produção Comercial Apresentar um alto e diversificado estoque de produtos acabados, para atender ao mercado rapidamente Compras Adquirir volumes maiores de matérias-primas, para minimizar os gastos com aquisição Finanças Minimizar os estoques de matérias-primas e produtos acabados, para reduzir gastos com estocagem e melhorar o ciclo do caixa Recursos humanos Evitar oscilações no quadro de funcionários decorrentes de grandes variações nas quantidades fabricadas mensalmente Minimização dos custos de produção Minimização dos investimentos em estoques Atendimento ao orçamento de vendas 11 O tipo de plano de produção é fundamental para a elaboração orçamentária, pois ele será o regulador do consumo de matéria-prima e dos custos de fabricação. Vamos analisar os principais planos de produção. 2.1 Produção constante Nesta sistemática de operação, a produção tem um nível constante durante todo o período, e a eventual falta ou excesso de produção seria compensado por uma pequena quantidade de estoque regulador. Gráfico 1 – Produção constante Fonte: Adaptado de Sanvicente e Santos (1983)Quadro 4 – Produção constante: vantagens e desvantagens Vantagens Desvantagens A estabilidade da produção deve resultar em baixa rotatividade da mão de obra, o que proporcionará um moral mais elevado do pessoal. Vem como um aperfeiçoamento das habilidades individuais e uma redução dos gastos com recrutamento, seleção e treinamento. Risco de obsolescência física ou técnica dos produtos e gastos mais altos para estocagem (espaço físico, seguros, funcionários etc.). Fonte: Padoveze (2009) 2.2 Produção ao nível de vendas Nesse processo, os estoques são mantidos em níveis mínimos, e a produção atende à área de vendas. 12 Gráfico 2 – Produção em nível de vendas Fonte: Adaptado de Sanvicente e Santos (1983) 2.2.1 Produção em nível de vendas: vantagens e desvantagens Quadro 5 – Produção em nível de vendas: vantagens e desvantagens Vantagens Desvantagens Risco menor de obsolescência física ou técnica dos produtos e gastos mais baixos para estocagem (espaço físico, seguros, funcionários). A alta rotatividade da mão de obra aumenta os gastos com recrutamento, seleção e treinamento. Haverá perda de vendas se a demanda aumentar de forma repentina, pois não haverá estoque de produtos para atendê-la. Fonte: Padoveze (2009) 2.3 Produção por ciclos É o processo de produção utilizado em linhas produtivas que têm mais de um produto. Em determinados períodos, é produzida toda a quantidade estimada para um produto. Logo em seguida, inicia-se a produção de outro item, e assim sucessivamente. A produção é “empurrada” pelas vendas 13 Gráfico 3 – Produção por ciclos Fonte: Adaptado de Sanvicente e Santos (1983) 2.3.1 Produção por ciclos: vantagens e desvantagens Quadro 6 – Produção por ciclos: vantagens e desvantagens Vantagens Desvantagens Minimização dos gastos com substituição de equipamentos e do tempo perdido com o ajustamento das máquinas para a fabricação de outros produtos. Risco maior de obsolescência física ou técnica dos produtos e gastos mais altos para estocagem (espaço, físico, seguros, funcionários, etc.). Fonte: Padoveze (2009) A elaboração teórica do plano de produção segue um modelo de relatório gerencial, contendo 12 “colunas”, representando os 12 meses do ano, e 4 “linhas”, contendo os seguintes dados: Vendas; Estoque inicial; Estoque final; Produção. Nesse relatório é preenchida a “linha vendas” com as previsões de vendas de cada produto (retiradas do orçamento de vendas). Em seguida a “linha produção” é completada com a quantidade mensal média de produtos a serem fabricados para atender à demanda estimada. O “estoque inicial” é preenchido com a quantidade de produtos acabados. 14 Quadro 7 – Exemplo TEMA 3 – ORÇAMENTO DOS CUSTOS Segundo Frezatti (2007), em uma organização, os gastos podem ser classificados em quatro categorias: 1. Custos: são os gastos ligados diretamente à produção e são subdivididos em três categorias – matéria-prima, mão de obra direta e custos indiretos de fabricação. 2. Despesas: são considerados como despesas todos os gastos não ligados diretamente à produção, mas estão vinculados à estrutura administrativa e comercial da empresa. São consideradas despesas: marketing, administração, etc. 3. Perdas: é o gasto que não gera benefício da receita, ou seja, não pode ser recuperado, representando um prejuízo para a empresa. Podem ser enquadrados nesse conceito: roubos, acidentes, inundações, alagamentos etc. 4. Investimentos: é todo gasto que trará um benefício futuro. Podem ser enquadrados nesse conceito as máquinas, os equipamentos e os veículos (uso da empresa), etc. Meses JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL Produto A Vendas Est. Final Est. Inicial Produção Meses JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL Produto B Vendas Est. Final Est. Inicial Produção Meses JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL Produto C Vendas Est. Final Est. Inicial Produção PLANO DE PRODUÇÃO PLANO DE PRODUÇÃO PLANO DE PRODUÇÃO 15 Quadro 8 – Categorização dos gastos Vamos tratar separadamente de cada item que compõe o orçamento de custos. 3.1 Orçamento de matéria-prima O orçamento de matéria-prima é um plano que especifica as quantidades de matéria-prima, inclusive tipo do material a ser adquirido, períodos, preços e unidades de negócios a serem atendidas. Sua construção só pode ocorrer depois que a área de fabricação estruturar e dimensionar a necessidade de seus materiais de consumo, podendo, então, repassar essas informações ao departamento de compras. Segundo Padoveze (2009), o processo de operação ocorre em duas fases: A área de compras adquire o material no momento certo e nas quantidades corretas, ao preço planejado; A quantidade deve ser o suficiente para suprir os estoques mínimos planejados. O orçamento de matéria-prima indica padrões de consumo entre a quantidade de cada matéria-prima e o volume físico de produção, bem como a mão de obra diretamente empregada. Conforme Padoveze (2009), além do orçamento de matéria-prima propriamente dito, o processo pode compreender outros três suborçamentos: Investimento Despesa Custo Perda Gasto 16 a. Orçamento de compras, que é destinado a escalonar os períodos de aquisição e de entrega e as quantidades necessárias e o custo do material, inclusive fretes e carretos. b. Orçamento de estoques de matérias-primas, que estabelece os níveis de estoques planejados em quantidade e custo unitário e custo total, sem poder esquecer que estoques muito elevados geram custos de armazenagem e risco de investimento, afetam o capital de giro e podem ensejar perda de oportunidades de ganhos financeiros; conquanto estoques muito baixos podem impossibilitar atendimento a pedidos extras. Quanto ao orçamento do custo das matérias-primas consumidas, indica o custo real da matéria-prima consumida, servindo de insumo para elaboração do próximo orçamento. É confundido, normalmente, com o próprio orçamento de matérias-primas. O orçamento de matéria-prima tem dois objetivos básicos: Controle: os custos de matéria-prima são custos diretos, devendo por isso considerarem-se no orçamento os custos e as atividades por unidades produtivas ou departamentos; Custeio de produção: os custos de matéria-prima são custos de fabricação, devendo ser identificados nos custos dos produtos acabados, por tipo de produto. c. Política de estocagem, que está vinculada à capacidade de armazenamento da empresa e segue dois sistemas básicos de controle: Reposição por quantidade fixa: sempre que um item do estoque atinge determinado limite, é disparada uma ordem de compra. Reposição por período fixo: as aquisições só ocorrem em datas predeterminadas, obedecendo a um cronograma que acompanha o orçamento de produção. 3.2 Orçamento de mão de obra direta Esse orçamento representa o custo da mão de obra empregada diretamente na produção. Seu cálculo consiste no cruzamento de duas informações básicas, para cada produto fabricado. 17 Número de horas-padrão é a determinação de número de horas médias necessárias para se produzir determinado produto. Custo da hora-padrão é o custo médio dos salários mais encargos sociais do pessoal da produção, expresso por horas. Atenção: vantagens adicionais, como refeição, transporte, moradia, etc. não devem fazer parte desse grupo, pois são despesas optativas da empresa e devem ser deduzidas do lucro da empresa. 3.3 Orçamento dos custos indiretos Esse orçamento embute os gastos gerados por outros departamentos, que não trabalham diretamente com a fabricação, mas fornecem serviços para vários setores da linha produtiva. Portanto, seu gasto deve ser rateado, de forma proporcional,entre todos os departamentos beneficiados pela sua atividade. Esse rateio é importante para compor de forma exata o valor dos custos diretos e indiretos de cada produto. Seu cálculo segue esta linha de raciocínio: a. Selecionar o vetor e a medida de valor, para medir o serviço prestado. Ex.: Se a atividade for manutenção, o vetor pode ser o “tempo” utilizado em cada departamento e a grandeza, o custo-hora do departamento de manutenção. b. Projetar a quantidade de serviços prestados para cada departamento beneficiado. Vamos contextualizar? Supondo que o departamento de manutenção seja composto de dois funcionários com um custo mensal de R$ 18.000,00 (salário e encargos), os quais, trabalhando durante 8 horas por dia, atenderam ao setor de pintura por 2,5 horas, o setor de corte por 4 horas e o setor de funilaria por 1,5 hora. Como seria o rateio? Custo/hora do departamento de manutenção = R$ 81,82 (R$ 18.000,00 / 220 horas) Número de horas-padrão de trabalho por produto Custo da hora-padrão 18 Obs.: Foram consideradas 220 horas/mês, mas como as folgas são remuneradas, mas não trabalhadas – domingos, feriados etc., alguns autores sugerem o cálculo pelo período de horas efetivamente trabalhadas. Voltando ao cálculo. Custo/hora do departamento de manutenção = R$ 81,81 x 8 horas/dia = R$ 654,48 Rateando o custo total/dia: Custo/hora do departamento de manutenção = R$ 81,82 Custo setor de pintura = 2,5 horas/dia X R$ 81,82 = R$ 204,52 por dia Custo/hora do corte = 4 horas/dia X R$ 81,82 = R$ 327,24 por dia Custo/hora da funilaria = 1,5 hora/dia X R$ 81,82 = R$ 122,71 por dia Quanto à elaboração do orçamento de matéria-prima, seu cálculo deve refletir o consumo de matéria-prima por unidade a ser produzida. Por exemplo: uma chapa de aço, com 3 metros, custa R$ 500,00 e permite o corte para se fazerem 20 peças de determinado produto. Portanto, o custo unitário dessa matéria-prima será: R$ 500,00 / 20 unidades = R$ 25,00 por unidade. As sobras de corte serão consideradas perdas, e seu possível reaproveitamento será um retorno adicional. Havendo mais de uma matéria-prima por produto, o raciocínio deve ser o mesmo. Quadro 9 – Exemplo de orçamento de matéria-prima 19 Quadro 10 – Orçamento de custos indiretos Finalmente, temos o orçamento da mão de obra direta (MOD), que se refere ao planejamento, e o controle de mão de obra direta necessária, que diz respeito à produção. Esse orçamento quantifica os tipos de mão de obra, as quantidades de horas de trabalho necessárias e os valores de cada tipo de mão de obra. Sua finalidade é mensurar a quantidade da força de trabalho empregada e seus custos. Em seu cálculo devem ser considerados: Número real de horas trabalhadas; Número-padrão de horas; Número de horas correspondente à produção efetivamente realizada. Quadro 11 – Exemplo de orçamento de mão de obra direta 20 TEMA 4 – ORÇAMENTO DAS DESPESAS E DE OUTROS ITENS Sabemos que despesas são gastos que não estão ligados diretamente à produção, mas são ligados à estrutura administrativa e comercial da organização. Welsch (1996) destaca dois tipos de gastos a serem considerados quando se elabora o orçamento: As despesas comerciais devem ser divididas em dois grupos, sendo o primeiro grupo o das despesas de vendas, representadas pelo instrumento que deve relacionar os valores a serem gastos com a comercialização dos produtos, com a quantidade efetivamente vendida. São aquelas predominantemente variáveis Estão vinculadas ao volume de vendas da empresa Despesas comerciais São aquelas que, em sua maioria, são consideradas fixas Estão vinculadas à área administrativa: salários, telefone, limpeza, portaria etc. Despesas administrativ as Caracterizados como aqueles que se pode reduzir. Ex.: rotas alternativas; comissões sobre vendas etc. São aqueles que não se tem autonomia para redução. Ex.: pisos salariais; adicionais de salários estabelecidos por convenção coletiva. G a s to s c o n tr o lá v e is G a s to s n ã o c o n tro lá v e is 21 Trata-se de um processo de mensurar o quanto que cada real gasto em vendas representa de aumento efetivo no faturamento. São constituídas pelos valores gastos em salários, comissões, encargos sociais, propaganda, despesas de viagens etc. O outro grupo são as despesas de distribuição, que são aquelas que se referem exclusivamente ao sistema de distribuição, incluindo pessoal, veículos, etc. Saiba mais Os custos de vendas constituem uma parcela expressiva dos custos totais. Por isso sua administração deve ser rigorosa. As despesas administrativas são aquelas que representam todos os custos necessários para a gestão empresarial, logicamente excluídas as despesas operacionais e de vendas. Normalmente, tais despesas são fixas, pois representam custos mensais, como aluguéis e condomínios, salários e encargos sociais, comunicações, etc. Recomenda-se que esses custos tenham seus valores expressos, além da forma numérica convencional, na forma percentual em relação ao faturamento, pois em alguns casos as despesas administrativas tornam-se tão expressivas que inviabilizam a competitividade da empresa, especialmente quando não são detectadas, ficando “escondidas” no orçamento. Os departamentos que compõem o custo das despesas administrativas são os departamentos de recursos humanos, o financeiro e o administrativo. Existe um terceiro grupo de despesas que não foi considerado ainda, mas também é muito importante na elaboração do orçamento. Trata-se das despesas de outros itens – que são as saídas de caixa, que ainda não foram orçadas, pois são despesas acessórias, mas que podem comprometer o programa orçamentário. São elas: 1. Despesas financeiras de empréstimos; 2. Despesas com clientes insolventes; 3. Contribuições e doações. A despesa com clientes insolventes é estipulada tendo por base uma média histórica, que na contabilidade é chamada de provisão de devedores duvidosos, sendo sempre um percentual sobre o faturamento. 22 As outras despesas apresentam uma característica de valores fixos, mas recomenda-se que também sejam comparadas percentualmente em relação ao faturamento. Não há uma planilha-padrão para seu controle, podendo ser utilizado um modelo que melhor se adapte à organização. Segue um dos vários modelos existentes: Quadro 12 – Exemplo de orçamento de outros itens relevantes TEMA 5 – PROJEÇÃO DE RESULTADOS E ORÇAMENTO DE CAIXA É o instrumento básico para execução do orçamento em curto e em médio prazo e do fluxo de caixa da empresa. Ela não indica apenas o total de pagamentos e recebimentos da empresa, mas serve de ponto de referência para a avaliação de desempenho estimada. Suas projeções permitem a avaliação de todo o processo de planejamento orçamentário, pois se as projeções indicarem que o planejamento apresenta resultado positivo, a alta gestão poderá aprová-lo com segurança. Mas, ao contrário, se essas projeções indicarem resultados desfavoráveis, haverá tempo hábil para determinar alterações de metas. Essas alterações podem incluir desde a revisão dos planos iniciais, redução de despesas, revisão de custos, formação de preço de venda até a redução de participação no mercado, determinando o fechamento de mercados regionais. Portanto, o principal objetivo do orçamento de caixa é dimensionar se haverá ou não recursos disponíveis para suprir as necessidades de caixa da empresa. Assim, a empresa pode alterar seu planejamento, adotando diversas alternativas, conjugadas ou não, e elaborar novo orçamento, revendo seus principais componentes, como: 23 a. Despesas de vendas (política de marketing e propaganda). b. Formação de preços (redução ou aumento, conforme ocaso). c. Redução de custos, verificando qual o mais adequado para redução, se custos diretos ou indiretos. d. Composição dos itens (tipos de bens ou serviços) a serem vendidos. e. Revisão do nível de estoque de bens ou de matéria-prima. f. Aporte de capitais próprios ou de terceiros. Portanto, o orçamento de fluxo de caixa, além de ser uma peça orçamentária que consiste em estimar os ingressos e as saídas de recursos, permite que a empresa possa: Detectar antecipadamente as carências ou o excesso de recursos; Planejar pagamentos; Quantificar os recursos disponíveis para investimentos; Antecipar análise e cálculo para seleção de linha de crédito; Manter nível mínimo de caixa, para capital de giro; Projetar resgates de aplicações financeiras; Adequar corretamente as datas de recebimentos e pagamentos evitando desencaixas. Da mesma forma, o descontrole do fluxo de caixa orçamentário pode ocasionar nas empresas: Expansão descontrolada de vendas (maiores compras). Insuficiência de capital próprio, obrigando a utilização constante de capital de terceiros, ampliação exagerado do prazo de vendas, para fazer caixa. Descontrole entre os prazos de recebimentos e de pagamentos. Altos custos financeiros pelo fluxo irregular de caixa. Sua estrutura teórica é composta de: 1. Orçamento das entradas de caixa; 2. Orçamento das saídas de caixa; 3. Projeção do fluxo de caixa. Seguem os modelos esquemáticos de cada um: 24 Quadro 13 – Orçamento das entradas de caixa Quadro 14 – Orçamento das saídas de caixa Quadro 15 – Modelo do fluxo de caixa Existem três métodos de elaboração do orçamento de caixa, sendo que dois são mais comumente utilizados: 1. Método direto Trata-se do método mais simples e fácil de ser utilizado. Consiste na projeção das entradas e das saídas de caixa da empresa, tendo por padrão os 25 orçamentos elaborados. É o método utilizado pela maioria das pequenas e médias empresas. 2. Método do lucro ajustado É feito com base no resultado econômico da empresa. Consiste em primeiro projetar todo o plano de operações da empresa, para apurar o lucro ou prejuízo líquido da atividade econômica. O lucro ou prejuízo apurados será o ponto inicial para o cálculo do orçamento de caixa, tendo por base as estimativas da Demonstração do Resultado do Exercício. 3. Método da diferença do capital de giro Constituído de duas etapas: a. A primeira é calcular a variação do capital de giro da empresa, por meio do balanço patrimonial encerrado e do balanço patrimonial projetado. Sua fórmula é: CG = AC – PC Em que: CG = capital de giro; AC = ativo circulante; PC = passivo circulante. A variação do capital de giro no período será obtida pelo cálculo da diferença do capital de giro projetado (balanço patrimonial projetado) e do capital de giro do período encerrado (balanço patrimonial encerrado). Esse cálculo procura demonstrar se a empresa irá apresentar uma variação a maior ou menor no seu ativo circulante, em relação ao seu passivo circulante. b. A segunda parte relaciona o lucro ou prejuízo calculado às variações do passivo não circulante. Cálculo hipotético, tomando por base valores condensados em um balanço patrimonial fictício: Primeira etapa CG = AC – PC = 6.540 Segunda etapa ingressos = ( lucro líquido + depreciação + aumento de capital social) = 13.740. 26 i. desembolsos = (veículo + financiamentos em longo prazo + aquisições imobilizado) = 3.950 ii. Diferença do período projetado (a – b) = 9.790 iii. Saldo inicial de caixa = 2.000 iv. Diminuição do capital de giro (da 1ª etapa) = (6.540) v. Disponibilidade acumulada projetada = (c + d – e) = 5.250 vi. Nível desejado de caixa (estimado pelo gestor) = 3.000 vii. Sobra para aplicação no mercado financeiro = 2.250 Agora que já sabemos como elaborar um orçamento de caixa, vamos conversar sobre outro relatório importante, que demonstra se a empresa está operando com lucro ou prejuízo. É a Demonstração de Resultados do Exercício (DRE). Trata-se de um relatório analítico que contém os seguintes elementos: • Receitas operacionais; • Descontos concedidos; • Custos operacionais; • Margem bruta; • Despesas operacionais; • Resultado operacional; • Receitas não operacionais; • Despesas não operacionais; • Resultado não operacional; • Resultado das variações monetárias; • Resultado antes do IR; • IR; • Resultado líquido após o IR. 27 Figura X – Exemplo de DRE Por final, após a elaboração da Demonstração do Resultado do Exercício, pode-se calcular o balanço patrimonial, que representa a “fotografia” da empresa em determinado período, sendo por determinação legal realizado uma vez por ano com a data base de 31/12/XXXX. Ele condensa todos os resultados que a empresa obteve, pela aplicação do seu orçamento, e é um documento que a empresa utiliza para mostrar seus resultados perante a sociedade. 28 Figura X – Exemplo de balanço patrimonial Podemos constatar que o orçamento de caixa é um dos mais eficientes instrumentos de controle e pode ser projetado de várias formas. O sucesso de qualquer organização passa obrigatoriamente pelo rígido controle das finanças e das políticas de gerenciamento do orçamento. TROCANDO IDEIAS Vamos imaginar que foram feitos alguns estudos de mercado e que foi identificado que o consumidor tem interesse em um produto que certa empresa está disposta a produzir. De posse dessa avaliação, foi estruturado um orçamento de vendas, que foi redirecionado para o pessoal da produção, o qual ajustou a produção à demanda estimada. 29 Assim, todos os valores orçamentários passaram a ser guiados pela estimativa de faturamento. Ocorre que, após um breve período, mesmo com vendas intensivas no primeiro momento, que exigiram um segundo turno de trabalho, as vendas diminuíram fortemente. Constatou-se que, na projeção orçamentária, os custos não estavam mais sendo recuperados pelas vendas, confirmando-se um período de prejuízos, com estoques altos de produtos acabados e matéria-prima. O que houve de errado no planejamento orçamentário? Quais decisões foram tomadas sem as informações adequadas? O que a empresa deve fazer nessa situação? NA PRÁTICA Em relação ao demonstrativo de resultados, podemos afirmar que se trata de um relatório analítico, que contém os seguintes elementos: receitas operacionais; descontos concedidos; custos operacionais; margem bruta; despesas operacionais; resultado operacional; receitas não operacionais; despesas não operacionais; resultado não operacional; resultado das variações monetárias. Portanto, podemos afirmar que se trata de um relatório que tem por finalidade: a. Evidenciar lucro ou prejuízo da organização no período em que foi elaborado. b. Ser constituído pelo confronto de entradas e saídas operacionais. c. Demonstrar ao empreendedor quanto teve de lucratividade. d. Permitir que o empreendedor conheça o tempo de retorno de seu capital. e. Operar apenas o ativo e passivo circulante da organização. FINALIZANDO Nesta aula estudamos a elaboração do orçamento de vendas, que representa a primeira etapa a ser desenvolvida no processo de elaboração de um orçamento empresarial. Destacamos que os outros departamentos só poderão orçar seus custos após o departamento comercial elaborar suas estimativas de vendas, pois se o orçamento empresarial fosse um “trem”, o orçamento de vendas seria a “locomotiva”, ou seja, todos os outros vagões dependeriam dele. 30 Analisamos de que forma os 4Ps do marketing (política de promoção; política de preço; política de produto; política de praça) influenciam a formação do preço de venda. Estudamos a formulação de um planode produção, que objetiva mostrar, por meio de um relatório gerencial, como deve ser processada a produção, para todos os produtos de uma indústria ou de empresa de área de serviços. Descobrimos que esse plano contempla a projeção dos custos e a projeção das despesas. Analisamos os principais planos de produção: produção constante, produção ao nível de vendas, produção por ciclos. Estudamos também o orçamento de custos, em que aprendemos a diferença entre custos, despesas, perdas e investimentos. Analisamos ainda o orçamento das despesas e outros itens que não os gastos que estão ligados diretamente à produção, mas são referentes à estrutura administrativa e comercial da organização. Por fim, estudamos como fazer a projeção do fluxo de caixa, que é o instrumento básico para execução do orçamento em curto e médio prazo, e o fluxo de caixa da empresa, pois ele não indica apenas o total de pagamentos e recebimentos da empresa, mas serve de ponto de referência para a avaliação de desempenho estimada. Também analisamos os três métodos de elaboração do orçamento de caixa, a composição da Demonstração de Resultados do Exercício (DRE) e, por fim, um modelo de balanço patrimonial. 31 REFERÊNCIAS CARNEIRO, M. A. Orçamento empresarial. São Paulo: Atlas, 2011. JUNIOR, M. R. de C. Gestão de projetos da academia à sociedade. Curitiba: InterSaberes, 2013. MACEDO, J. de J. et al. Análise de projeto e orçamento empresarial. Curitiba: InterSaberes, 2013. ANÁLISE DE PROJETOS E ORÇAMENTO EMPRESARIAL AULA 2 Prof. Clecio Steinthaler 2 CONVERSA INICIAL Nesta unidade, estudaremos a visão do projeto como instrumento de planejamento estratégico das organizações e descobrimos que a elaboração do planejamento estratégico por si só não é a garantia de 100% de êxito das expectativas idealizadas, pois sempre haverá fatores externos que atuam independente de nossos desejos, provocando mudanças constantes e inesperadas, mas o monitoramento e o acompanhamento constantes permitem atuações preventivas e corretivas que minimizam resultados negativos que possam surgir ao longo da sua execução. Em seguida, analisaremos a estrutura de gestão de projetos, em que estudamos os três tipos de indicadores primordiais para avaliarmos o sucesso ou o fracasso de qualquer iniciativa: a eficiência, a eficácia e a efetividade. Logo depois, vamos estudar o contexto da gestão de projetos no ambiente das organizações, no qual um dos erros mais comuns na gestão de projetos é focar a atenção apenas nos resultados, quando, na verdade, a atenção deve estar centrada sobre o processo como um todo, desde a sua elaboração até o seu efetivo encerramento. Analisaremos os ciclos de vida dos produtos em projetos, uma vez que na dinâmica do mundo contemporâneo qualquer produto colocado no mercado, ou que esteja sendo projetado para um lançamento futuro, possui seu ciclo de vida predeterminado, e é esse ciclo que vai determinar os períodos de cada fase do projeto. Por final, observaremos a preparação, a estruturação e as estimativas de recursos para um projeto, considerando os aspectos técnicos; aspectos financeiros; aspectos administrativos; aspectos jurídicos e legais e os aspectos contábeis. Então, vamos lá! CONTEXTUALIZANDO Iniciaremos nossos estudos analisando os aspectos econômicos e financeiros relacionados a gestão orçamentária, nas suas mais diferentes etapas. Em seguida, analisaremos os indicadores primordiais de avaliação para mensurar o sucesso ou o fracasso de qualquer iniciativa. Discutiremos o controle da gestão, como sendo um conjunto de ferramentas que permitem analisar e acompanhar o desempenho estipulado, 3 permitindo intervenções corretivas antecipadas para o sucesso dos objetivos desejados. Por final, analisaremos as demonstrações contábeis projetadas, que consistem em representações monetárias estruturadas que indicam as posições patrimonial, financeira e econômica da empresa, objetivando fornecer informações sobre patrimônio, posição financeira, fluxo financeiro e resultado, a fim de indicar os resultados do gerenciamento do negócio. TEMA 1 – PROJETO E O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO O objetivo das organizações é o lucro. Portanto, seus esforços são direcionados, de forma estratégica e operacional, para atingir esse objetivo. Não pode ser diferente quando se inicia a avaliação preliminar de um projeto de investimento, pois, ao estruturarmos esse projeto em parâmetros de rentabilidade, tempo de retorno, lucratividade e total a ser investido, estamos estruturando o planejamento estratégico desse investimento. A elaboração do planejamento estratégico por si só não é a garantia de 100% de êxito das expectativas idealizadas, pois sempre haverá fatores externos, que atuam independente de nossos desejos, provocando mudanças constantes e inesperadas, mas o monitoramento e o acompanhamento constantes permitem atuações preventivas e corretivas que minimizam possíveis resultados negativos que possam surgir ao longo da sua execução. O resultado financeiro é o direcionador das atividades, e o projeto é um instrumento de planejamento das atividades de uma organização. Por meio do orçamento empresarial, define-se a projeção do lucro, como sendo a projeção das receitas – projeção dos gastos. Sabemos que todo investimento deve considerar os aspectos econômicos e financeiros relacionados a sua performance, além da sua própria sustentabilidade. Não podemos esquecer que todo planejamento deve sempre vir acompanhado do seu orçamento, pois somente com um planejamento bem estruturado é que estaremos diminuindo as incertezas do processo decisório. Como podemos definir o prazo para um planejamento? Simples: podemos conceituar o planejamento como de longo prazo, acima de um ano, quando passa a ser conhecido como planejamento estratégico. 4 No entanto, quando projetado para o período de um ano, torna-se um instrumento de planejamento de curto prazo, que deve ser elaborado com base nos objetivos e nas estratégias definidos no planejamento estratégico, que é de longo prazo. O ciclo de longo prazo é definido para um período que normalmente compreende cinco anos ou mais e abrange três pontos principais: 1. Decidir para onde a organização vai. 2. Avaliar o ambiente dentro do qual ela operará. 3. Desenvolver estratégias para alcançar os objetivos definidos. Vamos contextualizar essa questão Dúvida: ao elaborar o orçamento de gastos com peças para o próximo ano, devo continuar comprando as mais simples, para que o produto final seja mais barato, ou devo comprar peças mais requintadas para que o produto final tenha mais qualidade, gerando, consequentemente, um preço mais alto? Solução: antes de tomar tal decisão, devo conhecer o planejamento estratégico da empresa na qual trabalho para descobrir aonde ela quer chegar. Caso ela busque diversificação de clientes, focando naqueles que possuem maior renda, devo orçar a compra de peças mais requintadas. Do contrário, não. Conclusão: o orçamento empresarial, que é de curto prazo, deve ser elaborado com base nos objetivos e nas estratégias definidos pelo planejamento estratégico, que é de longo prazo. Atenção Para que o orçamento seja utilizado como um instrumento de controle, no acompanhamento do planejamento estratégico, basta que, por intermédio de relatórios gerenciais, as projeções sejam comparadas com resultados efetivamente obtidos. Que tal analisarmos um exemplo? Determinada empresa possui dois produtos para vender. Após analise do mercado consumidor, determinou preços médios de venda e quantidades para suas duas filiais, a Norte e a Sul. 5 Após determinado periodo, solicitou um mapa de acompanhamento das vendas, por quantidadevendida e preço praticado. Tabela 1 – Mapa de acompanhamento das vendas Orçado Realizado Variação Norte Sul Total Norte Sul Total Norte Sul Total Preço (R$) 20,00 25,00 22,73 17,00 27,45 22,27 -3,00 2,45 -0,46 Quantidade (unidade) 50 60 110 56 57 113 6 -33 3 Total receitas (R$) 1.000 1.500 2.500 952 1.565 2.517 -48,00 65,00 17,00 Analisando os dados apresentados, pode-se concluir quanto a estratégia de preços e quantidades adotadas que: a. O preço orçado para o produto no Sul está “subestimado” (R$ 25,00), pois, por um preço de R$ 2,45 acima (R$ 27,45), chegou-se muito próximo da meta orçada (faltaram apenas 3 unidades). b. O preço para o produto no Norte está “superestimado” (R$ 20,00), pois a meta só foi superada (foram vendidas 6 unidades a mais) cobrando-se um preço de R$ 3,00 abaixo do orçado (R$ 17,00). Portanto, ao identificar as metas que não foram atingidas, a administração da empresa agora pode rever seu planejamento, com o objetivo de definir novas estratégias para contornar o problema. No entanto, de que forma deverá agir para definir suas novas estratégias? Segundo Rezende (2003, p.32), a estrutura mínima do planejamento estratégico deve conter os seguintes elementos: a. Capa. b. Sumário ou índice. c. Resumo do projeto. d. Dados e histórico da organização. e. Diretriz operacional (missão, política, objetivos, valores etc.) f. Análise da situação atual. g. Estratégias viáveis ao ambiente. h. Controles (estratégico, tático e operacional). 6 A estrutura básica de um planejamento estratégico deve obrigatoriamente ser acompanhada de indicadores de retorno, ou seja, dos feedbacks sobre o controle das operações. Kaplan e Norton (1997, p.9), estabelecem que os dados colhidos nesse processo precisam, obrigatoriamente, ser compartilhados por todos os funcionários e níveis da organização, a fim de que as partes envolvidas compreendam a importância de seus atos, em cada fase do processo. Esses dados, normalmente, são denominados de indicadores de desempenho e podem ser: Estatísticas de controle de processos. Identificação de produtos defeituosos em relação a produção. Identificação de processos repetitivos, que estejam comprometendo o desempenho. Registro de atrasos, tanto os absolutos quanto os relativos. Identificação de gastos adicionais ou complementares. O registro desses indicadores permite a tomada de decisões em diversos níveis, o que torna eficiente e eficaz o controle de todo o processo. Segundo Brady e Brady (2002, p.25), esses níveis de decisão devem ser estruturados em três áreas distintas: Estratégico: atende a política da organização. Tático: relacionado com o método selecionado para atender a política organizacional. Operacional: aplicação prática das políticas adotadas. Vamos contextualizar essa questão, imaginando que você esteja disputando uma partida de futebol e seja o capitão do time. Sua equipe está perdendo o jogo, e, durante o intervalo, você deve mudar a estratégia. Quais perguntas lógicas devem ser feitas? 1. Que jogo o meu time imagina que está jogando? 2. Qual jogo de fato está jogando? 3. Qual jogo deveria estar jogando? Percebeu a importância de alinharmos as atividades estratégicas com as operacionais, visando atingir um objetivo? 7 Parece ser um processo bastante simples, não é verdade? Realmente ele se torna bastante simples, desde que, segundo Rezende (2003. P.23), cinco etapas sejam atendidas: 1. Análise do ambiente onde vai ser desenvolvido o projeto. 2. Estabelecimento de metas possíveis de serem atingidas e que estejam alinhadas com a missão e os objetivos da organização. 3. Estabelecimento de estratégias, definidas a partir das ações necessárias para alcançar os objetivos. 4. Conhecimento das estratégias a serem desenvolvidas. 5. Monitoramento, avaliação e acompanhamento de todo o processo. Alcançar esse tipo de eficiência não se constitui em um sonho impossível, mas, com um fluxo de informações constantes, criando uma rede de feedbacks, a alta organização pode alinhar a missão da empresa, que resumidamente é caracterizada como: I.Qual é a razão de ser da organização? II.Qual é a natureza do negócio da organização? III.Quais são as atividades de maior relevância para a organização concentrar seus esforços? Entenda melhor: Figura 1 – Missão, princípios e visão Missão • Trata da filosofia básica da empresa. Princípios • São os valores organizacionais que regem as ações da empresa. Visão • É o futuro que se deseja alcançar. 8 TEMA 2 – ESTRUTURA DE GESTÃO DE PROJETOS Ao analisarmos a estrutura de gestão de projetos, devemos considerar três tipos de indicadores primordiais para avaliarmos o sucesso ou o fracasso de qualquer iniciativa: a eficiência, a eficácia e a efetividade. Embora seja muito comum observarmos empreendedores usarem essas três palavras como sinônimos, na verdade cada uma delas possui significados bem distintos, funcionando como etapas na avaliação de qualquer tipo de processo. Eficiência: fazer certo as coisas. Eficácia: fazer as coisas certas. Efetividade: cumprimento de metas e objetivos. Quanto às características própria de um projeto, podemos destacar: Temporariedade: característica que se refere ao tempo, ou seja, a delimitação temporal para início, meio e fim de um projeto. Essa particularidade está representada na criação dos organogramas de atividades, pois os projetos não devem ser infinitos, uma vez que, mesmo sendo passíveis de renovações e atualizações, as suas atividades de encerramento devem estar previstas em seu conteúdo textual. Vamos imaginar que um grupo de pessoas, após uma reunião, tenha recebido determinadas tarefas para serem realizadas. Assim, um controle de cada atividade seria uma tabela com o nome de cada participante, a data de início e a data final de suas tarefas. 9 Figura 2 – Controle de atividades Ao se estabelecer o conteúdo de um projeto, deve-se ter em mente o resultado esperado, atendendo sempre as próprias expectativas criadas com o projeto. Não se pode elaborar um projeto que vise um determinado objetivo e, ao final, desviar-se completamente do objetivo que estava estabelecido. Portanto, ao elaborar conteúdos para um projeto, deve-se sempre manter a exclusividade desses conteúdos ao projeto, não desvirtuando seus objetivos, pois podem-se comprometer os resultados estimados. Cada projeto é constituído de seus próprios conteúdos, que passam a ser exclusivos dele. Um exemplo bastante interessante dessa vinculação podemos encontrar na Lei n. 8.666, de 21 de junho de 1993 (lei das licitações), na qual é estabelecido o princípio da vinculação ao edital, que vincula o objeto que se está licitando aos termos exclusivos do próprio edital. O projeto deve possuir uma coordenação permanente, porque não é um processo que se conclui na própria elaboração. Deve ser estruturado em fases, e cada fase deve estar interligada de tal forma que a fase seguinte só poderá ser iniciada se a anterior estiver concluída. 10 O processo de encadeamento pode permitir que duas fases sejam iniciadas simultaneamente, mas todas devem obedecer a padronização do avanço para atingirem os resultados esperados. Vamos contextualizar essa ideia de uma forma bastante simples, imaginando uma confecção de camisas. Ao mesmo tempo que um setor adquire os tecidos, a área financeira estrutura a forma de pagamento, enquanto o design cria os novos modelos em função das cores e estampas a serem adquiridas. São três setores que, de forma sincronizada, estarão operando simultaneamente, mas a confecção das camisas, deverá seguir três passos sequenciais: a. Corte b. Costura c. Acabamento Não há como inverter essas prioridades, e uma depende da outra, em um processo sequencial e harmônico Atenção:a progressividade deve ser planejada de acordo com o escopo do projeto. E quanto a gestão do processo? Gerir um processo é estar alinhado com as modernas regras de gestão e possuir uma visão holística do conjunto do projeto. Por essa particularidade, trata-se de uma tarefa que exige algumas características específicas do gestor: Capacidade de organização. Capacidade analítica até dos menores detalhes do projeto. Capacidade de interação entre os envolvidos. Visão de cada parte, sem esquecer a visão do conjunto do projeto. Conhecimento integral do projeto. Portanto, o gestor do projeto deve ser um profissional apto para desenvolver atividades que possam garantir a manutenção e a execução do projeto, como: Determinar metas coerentes e prazos realistas. Identificar problemas que possam surgir ao longo do projeto e buscar soluções possíveis. 11 Harmonizar as variáveis tempo, custo e qualidade dentro dos objetivos propostos pelo projeto. Atuar de forma permanente para corrigir eventuais distorções em relação aos objetivos do projeto. Cabe destacar que, segundo Cunha e Bulgacov (2002 p. 299), o gestor, para atingir os objetivos desejados, deve adotar instrumentos de monitoramento do projeto. Os autores recomendam alguns sistemas, em especial o PERT-COM, enfatizando o uso do gráfico de Gantt, pois descreve a relação entre a atividade e o tempo gasto com elas. Tabela 2 – Gráfico de Gantt As habilidades gerenciais, acompanhadas de um eficiente sistema de monitoramento, permitem a gestão eficiente de qualquer projeto, pois eventuais desvios tendem a ser minimizados pelas ações corretivas e preventivas que tempestivamente podem ser implementadas. TEMA 3 – CONTEXTO DA GESTÃO DE PROJETOS Um dos erros mais comuns na gestão de projetos é focar a atenção apenas nos resultados, quando, na verdade, a atenção deve estar centrada sobre o processo como um todo, desde a sua elaboração até o seu efetivo encerramento. Na simplificação desse processo, as organizações devem criar o PMO (Project Management Office), ou simplesmente o “escritório de gerenciamento de projetos”. 12 A principal atividade do PMO é supervisionar e gerenciar os projetos ou os programas, ou ainda ambos, portanto o escritório de projetos deve cuidar do planejamento e da integração dos diversos projetos e subprojetos, devendo estar alinhado com a visão estratégica da empresa. Vamos simplificar esse entendimento? Figura 3 – Atividades do PMO Essa compreensão quanto ao processo de se “fatiar” um projeto ainda está um pouquinho confusa? Vamos emprestar um exemplo do autor Carvalho Junior (pag. 103), imaginando um programa municipal que procura atender e estimular o aleitamento materno nas comunidades de baixa renda. Figura 4 – Exemplo de projeto Plano estratégico da empresa Programa de ações a serem desenvolvidas Projetos a serem implementados Subprojetos vinculados a cada projeto Projeto principal • Estimular o aleitamento materno nas comunidades de baixa renda Programa de ações a serem desenvolvidas • Desenvolver as estratégias, com a formalização teórica do projeto • Estabelecer a visão e a missão do projeto Subprojetos • Subprojeto 1 - Estabelecer e mapear as unidades a serem atendidas • Subprojeto 2 - Treinar as equipes de visita • Subprojeto 3 - Elaborar cartilha explicativa • Subprojeto 4 - Desenvolver programa de obtenção de recursos • Subprojeto 5 - Realizar orientações preventivas no atendimento de gestantes do pré-natal nos postos de saúde das unidades a serem atendidas PMO "a visão do todo" • Estabelecer o Project Management Office, ou o escritório de gerenciamento de projetos, que vai coordenar todas as atividades, acompanhando e avaliando o desempenho de cada subprojeto, para que o objetivo principal seja atendido. 13 O gerenciamento do projeto proposto deve ser realizado de modo centralizado e coordenado, pois envolve vários subprojetos que podem ter início em fases diferentes, e alguns deles podem se tornar programas específicos e independentes que darão a continuidade e a manutenção do projeto original (como orientações preventivas quanto ao aleitamento materno, ao se fazer o atendimento de gestantes do pré-natal nos postos de saúde). Assim, de forma reduzida, o PMO é a “autoridade máxima” nas decisões que se referem à gestão do projeto, uma vez que sua composição deve privilegiar um corpo técnico, com capacidade de emitir pareceres e tomar decisões quanto ao início de cada subfase; ou ainda, a recomendação para suspensão de projetos que, por qualquer motivo, não estejam mais atendendo aos objetivos gerais da empresa. Dentre suas atividades, podemos destacar: Desenvolvimento de metodologia específica para acompanhamento dos projetos (controles, reuniões, visitas, entre outros). Organização das informações (aferição dos resultados alcançados em função dos objetivos propostos, consolidação de informações de vários subprogramas que estejam vinculados ao mesmo projeto). Gerenciamento e detecção de riscos (acompanhamento financeiro, atrasos em cronogramas, problemas com mão de obra etc.) Em função da volatilidade do mundo moderno, perceber novas oportunidades, que possam exigir um redirecionamento de alguns objetivos, para conseguir melhores resultados. E quanto ao ciclo de vida de um projeto? O ciclo de vida de um projeto, comporta quatro fases distintas: Figura 5 – Fases do ciclo de vida de um projeto Conceito ou iniciação (visão e missão) Planejamento Implementação Conclusão ou encerramento 14 Não podemos esquecer que entre as fases ocorre uma transição, portanto uma fase pode ser iniciada sem que a anterior esteja concluída. a. Conceito ou iniciação: é o “nascimento” do projeto. Trata-se da ideia inicial. Ocorre quando estabelecemos a visão e a missão do projeto. b. Planejamento: é o processo de definir as metas desejadas, da efetiva organização do projeto inicial e do estabelecimento de seus subprogramas. Nessa fase, implementa-se o PMO e cuida-se da operacionalização e do acompanhamento do projeto. c. Encerramento: é a fase final do projeto, tão importante quanto as demais, pois é nesse momento que são feitas as avaliações de encerramento, traçando um quadro geral das atividades desenvolvidas, identificando as potencialidades e fragilidades das equipes envolvidas, medindo-se os resultados obtidos, em função dos recursos dispendidos, para que possam ser obtidos subsídios de aprendizado ao se desenvolver novos projetos. O encerramento deve ser a escola, de onde extraímos o aprendizado de nossos erros e dos nossos acertos. O guia PMBOK (PMI, 2004 p.20) estabelece que os ciclos de vida de um projeto, devem definir: a. A data de início e término de cada fase. b. Quais são os sujeitos envolvidos em cada fase. c. O controle e a aprovação da própria fase. Fica bem evidenciada a relação lógica entre as fases do ciclo de vida de um projeto, portanto a sua evolução segue uma ordem racional, e não devemos ignorar ou pular alguma fase, pois a formalidade na transição de uma fase para a outra é o momento de fazer as revisões técnicas da fase anterior e autorizar o início da fase seguinte. TEMA 4 – CICLOS DE VIDA DE PRODUTOS EM PROJETOS Na dinâmica do mundo contemporâneo, qualquer produto colocado no mercado, ou que esteja sendo projetado para um lançamento futuro, possui seu ciclo de vida predeterminado. Consequentemente, todo projeto a ser desenvolvido deve contemplar esse ciclo do produto a que ele se refere, pois é esse ciclo que vai determinar os períodos de cada fase do projeto. 15 O ciclo de vida de um produto pode ser determinado pela intensificação da concorrência, por produtos similares ou mesmo pelo próprio projeto inicial do produto, que prevê avanços tecnológicos constantes, permitindosua inovação e atualidade perante os concorrentes, como no caso dos aparelhos celulares. É interessante destacarmos que esse processo de reinvenção permanente vale inclusive no setor público, pois, quando o administrador público deseja atrair investimentos para um município, por exemplo, deve oferecer um produto novo, que seja atraente perante os investidores, com diferencial competitivo entre os seus pares, o que pode se traduzir em políticas de educação, segurança, transporte etc. Traçando-se um paralelo entre os ciclos de um projeto e os ciclos de vida de um produto, podemos destacar quatro estágios principais que envolvem o ciclo de vida de um produto. Figura 5 – Fases do ciclo de vida de um produto a. Introdução no mercado: Nessa fase inicial, as empresas normalmente estipulam seus projetos com ganhos bastante reduzidos, como forma de atrair a atenção dos consumidores. Normalmente nessa fase, os projetos preveem investimentos com marketing e logística bastante altos, sem garantia de êxito, o que acentua um acompanhamento mais rígido do projeto, pois os riscos de não aceitação do produto pelo mercado são grandes, pela característica da inconstância do próprio consumidor. • Fase 3• Fase 4 • Estágio 2• Estágio 1 Introdução no mercado Crescimento Maturidade e saturação Declínio das vendas 16 b. Crescimento: Ocorre quando o produto começa a ficar conhecido no mercado. Nessa fase o projeto já trabalha com expectativa de retorno maior, possibilitando a recuperação dos investimentos. c. Maturidade e saturação: Ao atingir a capacidade máxima de consumo, inicia-se um ciclo de queda nas vendas. Trata-se de uma fase extremamente delicada, pois a empresa, ao perder mercado, inicia a próxima fase, de declínio das vendas. Entretanto, se quando elaborou seu planejamento previu essa fase, deve ter pronto um novo produto ou o mesmo produto com algumas diferenças (como maior agregação tecnológica, por exemplo), iniciando novamente o ciclo. d. Declínio das vendas: Não havendo renovação no produto, bens mais novos podem se tornar mais atrativos e eficientes. Nesse cenário, restam apenas duas alternativas à empresa: ou saem completamente do mercado, ou procuram mercados novos, mais restritos e especializados. Os projetos refletem os ambientes das organizações onde estão sendo desenvolvidos, portanto o ciclo de vida de um projeto está ligado às operações que estão sendo desenvolvidas pelas empresas, mas não podemos confundir o ciclo de vida de um projeto com o ciclo de vida de um produto. O produto está contido no projeto. Figura 6 – Projeto e produto Isso representa que o objetivo do projeto não está concluído com a simples criação de um produto, mas sim com o ciclo de vida desse mesmo produto, o que é popularmente conhecido como “plano de negócios’’. Trata-se de um importante processo auxiliador para determinar os objetivos de um projeto e o ciclo de vida de um produto, pois esse processo deve abranger até o próprio mercado consumidor. Portanto, temos uma visão mais abrangente, que pode ser resumida assim: 17 Figura 7 – Visão de projeto e produto O plano de negócios reflete as expectativas específicas com cada produto e concentra as necessidades observadas nos ambientes interno e externo, portanto é o realimentador das diretrizes do próprio projeto, incluindo ou eliminando fases, uma vez que ele está diretamente vinculado às partes interessadas do projeto, estabelecendo um elo entre o controlador do projeto e os gerentes da linha de atuação. Não devemos esquecer que cada organização é única em seu contexto, portanto deve estabelecer um ritmo próprio de trabalho. Esse processo exige um compartilhamento de informações entre todos os envolvidos, num processo de aprendizagem continuo, que segundo Have et al. (2003, p. 80) deve estar centrado em quatro competências básicas: 1. Absorção do conhecimento captado de fora; 2. Difusão interna do conhecimento adquirido e adaptado; 3. Geração interna do próprio conhecimento; 4. Aplicação desses conhecimentos. Para o sucesso do projeto, é extremamente importante a aplicação dessas quatro competências, pois em todo projeto existem vários grupos correlacionados. Figura 8 – Grupos correlacionados de um projeto 18 É interessante notar que cada parte, mesmo trabalhando de forma isolada, possui uma forçosa interligação com as outras, pois o sucesso do projeto não está apenas no sucesso de uma das partes, mas no do conjunto todo. Essa é uma visão sistêmica de gestão, em que ocorre um trânsito constante entre os departamentos, sem haver a perda de hierarquias entre os eles e, em especial, sem perder de vista os objetivos do projeto. Kaplan e Norton (1997 p.264) definem com bastante propriedade o compartilhamento de informações, pois afirmam que “a visão compartilhada é o ponto de partida essencial para o processo de aprendizado estratégico, porque define, em termos claros e operacionais, os resultados que toda organização está tentando alcançar”. TEMA 5 – PREPARAÇÃO, ESTRUTURA E ESTIMATIVAS DE RECURSOS PARA UM PROJETO Sabemos que o futuro é incerto, pois estamos sempre subordinados a fatores externos, que fogem completamente ao nosso controle, e isso não nos impede de fazermos projetos. Todavia, para que esses projetos tenham um mínimo de viabilidade, devem trazer um percentual, mesmo que pequeno, de segurança sobre os acontecimentos futuros. Não se trata de um processo ilusionista ou fantasioso, mas de um processo técnico que deve permear todo empreendimento. Esse processo considera alguns aspectos específicos: 1. Aspectos econômicos. 2. Aspectos técnicos. 3. Aspectos financeiros. 4. Aspectos administrativos. 5. Aspectos jurídicos e legais. 6. Aspectos contábeis. No mundo contemporâneo, as mudanças comportamentais e de valores ocorrem na velocidade de um clique, ou seja, as novas tecnologias e a globalização transformaram o mundo em uma “sociedade da informação”, exigindo das organizações uma preparação para suportar mudanças cada vez maiores, em um cenário de competição permanente. 19 Esse cenário exige inovações permanentes, e, cada vez que pensamos em inovação, pensamos em projeto, e cada vez mais os projetos devem ser bem estruturados, para permitir um controle eficaz sobre todas as atividades que se fazem necessárias para a sua implementação. O aspecto econômico e financeiro pode ser representado pelo total de recursos investidos, o grau de risco embutido no projeto, o percentual de incerteza e, em especial, o percentual retorno desejado e a agregação de valor para a empresa. Vamos exemplificar: Suponhamos um projeto com as seguintes características: Figura 9 – Características do projeto Projeto de investimento 30.0% de recursos ao custo de 10.0% aa 30.0% de recursos ao custo de 11.0% aa 40.0 de recursos ao custo de 9.0% aa Retorno desejado 15.0% aa Sabemos que só pode ocorrer agregação de valor se a taxa de retorno for superior ao custo médio ponderado dos capitais investidos. Portanto: 30,0% dos recursos captados ao custo de 10,0% a.a. = 3,0% 40,0% dos recursos captados ao custo de 9,0% a.a. = 3,60% 30,0% dos recursos captados ao custo de 11,0% a.a. = 3,30% Total = 9,90% Resultado: A taxa média ponderada do custo dos recursos captados é igual a 9,90% a.a., enquanto o retorno estimado é de 15% a.a. Portanto, há uma agregação de valor de 5,10%, o que viabiliza economicamente o investimento. Havendo a viabilidade econômica, pode-se mensurar a entrada/saída de capitais em cada período do projeto, mantendo-se um controle sobre os recursos através de uma planilha orçamentária dividida em duas fases: a. Fase de planejamento. 20 b. Fase de execução. Esse controle permite atingir o desempenho econômico desejado, pois podemos expandir ou retrairos investimentos, conforme a reação do próprio mercado. Simultaneamente a esse controle, devemos identificar algumas variáveis que interferem no sucesso do projeto, como: a. Grau de satisfação quanto ao produto/serviço proposto pelo investimento. b. Processo de captação. c. Processo de fidelização. d. Medição constante e permanente da lucratividade. O aspecto técnico trata da engenharia do projeto e deve ser representado por um documento, na forma de um quadro resumido, onde devem constar todos os recursos tecnológicos necessários, bem como as melhores soluções técnicas para a implementação do projeto. São informações extremamente importantes, pois a utilização de inovações não consideradas pode representar um impacto direto nas questões financeiras. Os aspectos administrativos são aqueles relacionados com a estrutura organizacional em que serão desenvolvidas as atividades inerentes ao projeto. O ponto importante a ser considerado nesse item é a capacidade que a estrutura da empresa tem para enfrentar as incertezas decorrentes da imprevisibilidade mercadológica, afinal, como já afirmamos, o futuro é incerto. Sabemos que muitos projetos fracassaram por causa do desenho organizacional em que foram desenvolvidos, que não permitiram respostas rápidas a mudanças imprevistas. Vamos ver um exemplo: Imagine um projeto de vendas internacionais em que se analisou o mercado internacional e foram criados a área de atendimento ao cliente, uma área de finanças e um banco como parceiro, mas não foi pensado na estrutura de um sistema de informações sólido, optando-se por um sistema com uma menor escala de armazenamento de informações e uma capacidade limitada e reduzida para navegação de dados. Havendo um crescimento exponencial e rápido das vendas, em função de uma demanda não prevista, será criado um ponto de estrangulamento no fluxo das informações, que poderá comprometer todo o negócio. Portanto, qual é o custo financeiro e de tempo para a migração desse sistema? Se houvesse sido 21 planejado um sistema que permitisse uma ampliação de sua capacidade de forma rápida, mesmo representando um pequeno custo adicional, o projeto não estaria protegido contra esse imprevisto? Figura 10 – Itens do projeto Mercado Internacional Departamento Jurídico Atendimento ao Cliente MICROSOFT CORPORATION Finanças Projeto de Vendas Internacionais Sistemas de Informações $ Banco y y y Esquecimento Devemos considerar que toda estrutura deve variar de acordo com o tamanho do projeto, mas deve-se ter em mente a capacidade adaptativa da estrutura, para maior ou menor, conforme a variação do mercado. Portanto recomenda-se que todo projeto deva estar vinculado a três grupos clássicos de estrutura administrativa. a. Estrutura modular: quando o projeto está vinculado restritamente a uma tarefa/área específica. b. Estrutura hibrida: o projeto deve conter elementos de várias áreas, permitindo uma permeabilidade interna de suas atividades. c. Estrutura achatada: quando o projeto necessita de equipes técnicas de alto nível, com um desenvolvimento independente. O aspecto jurídico e legal não incide diretamente sobre o projeto, mas trata da forma como este está relacionado ao seu entorno, ou seja, representa os quesitos legais exigidos pela lei. Tais itens podem estar representados na elaboração de um contrato ou de um recibo ou em termos oficiosos de 22 compromissos a serem assumidos. Trata-se da presença do universo jurídico, legitimando uma ação. O aspecto contábil vem assumindo importantes funções dentro dos projetos, uma vez que trata da forma de como os resultados serão apresentados. Possui a finalidade de verificar a legalidade da documentação contábil, dando veracidade aos lançamentos. É a aplicação de alguns princípios contábeis que legitimam os valores recebidos ou dispendidos, como vamos a seguir. Art. 4: O Princípio da ENTIDADE reconhece o Patrimônio como objeto da Contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, necessidade da diferenciação de um Patrimônio particular no universo dos patrimônios existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, um conjunto de pessoas, uma sociedade ou instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos. Por consequência, nesta acepção, o Patrimônio da organização não se confunde o dos seus sócios ou proprietários. Art. 6: O Princípio da OPORTUNIDADE refere-se, simultaneamente, à tempestividade e à integridade do registro do patrimônio e das suas mutações, determinando que este seja feito de imediato e com a extensão correta, independentemente das causas que as originaram Por consequência, todos os lançamentos devem ser escriturados de forma imediata, o que permite manter um registro atualizado de cada movimentação. Art. 10: O Princípio da PRUDÊNCIA determina a adoção do menor valor para os componentes do ATIVO e do maior para os do PASSIVO, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para a quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido. Esse princípio evita o excesso de otimismo, causa de tantos males em vários projetos. Agora que já conhecemos a preparação, a estrutura e as estimativas de um projeto, não podemos esquecer que cada tópico abordado representa um risco ao projeto, e cada risco deve ser mensurado conforme o seu nível de prioridade. Recomenda-se dividir os riscos em três níveis de prioridades: 23 Figura 11 – Níveis de prioridades dos riscos Essa medição pode ser auferida na forma de indicadores, que serão a base para as futuras correções, e assim manter um controle estratégico de todo o processo, uma vez que o objetivo final de um projeto é medido pelo desempenho da organização, a comparação entre o desempenho e os objetivos traçados pelo projeto e, por final, pelas ações corretivas adotadas e suas consequências no projeto. FINALIZANDO Abordamos a visão do projeto como instrumento de planejamento estratégico das organizações e descobrimos que a elaboração do planejamento estratégico por si só não é a garantia de 100% de êxito das expectativas idealizadas, pois sempre haverá fatores externos, que atuam independente de nossos desejos, provocando mudanças constantes e inesperadas, mas o monitoramento e o acompanhamento constantes permitem atuações preventivas e corretivas que minimizam resultados negativos que possam surgir ao longo da sua execução. Em seguida, analisamos a estrutura de gestão de projetos e estudamos os três tipos de indicadores primordiais para avaliarmos o sucesso ou o fracasso de qualquer iniciativa: a eficiência, a eficácia e a efetividade. Nível 1 • São os riscos mais danosos, pois influenciam negativamente o resultado do projeto, sendo impossível de saná-los. Nível 2 • Risco intermediario, pois demanda um custo moderado para ser solucionado, devendo ser sanado de forma imediata e, se possivel, ainda na fase de planejamento. Nível 3 • Nível leve, não representa risco significativo para o projeto, podendo ser solucionado de forma gradativa. 24 Logo depois, estudamos o contexto da gestão de projetos no ambiente das organizações, no qual um dos erros mais comuns na gestão de projetos é focar a atenção apenas nos resultados, quando, na verdade, a atenção deve estar centrada sobre o processo como um todo, desde a sua elaboração até o seu efetivo encerramento. Passamos a analisar os ciclos de vida dos produtos em projetos, uma vez que na dinâmica do mundo contemporâneo qualquer produto colocado no mercado, ou que esteja sendo projetado para um lançamento futuro, possui seu ciclo de vida predeterminado, e é esse ciclo que vai determinar os períodos de cada fase do projeto. Por final, observamos a preparação, a estrutura e as estimativas de recursos para um projeto, considerando os aspectos técnicos, financeiros,
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