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ENFERMAGEM EM PRIMEIROS SOCORROS

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ENFERMAGEM EM PRIMEIROS SOCORROS 
PROFESSOR EDSON OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1. CONCEITOS .............................................................................................................. 02 
2. ATRIBUIÇÕES E RESPONSABILIDADES DO SOCORRISTA ................................ 03 
3. MATERIAIS E EQUIPAMENTOS BÁSICOS ............................................................. 09 
4. CINEMÁTICA DO TRAUMA ....................................................................................... 13 
5. SINAIS VITAIS ........................................................................................................... 18 
6. ATENDIMENTO INICIAL ............................................................................................ 20 
7. DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS ...................................................................... 25 
8. RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR ..................................................................29 
9. FERIMENTOS .............................................................................................................33 
10. QUEIMADURAS ....................................................................................................... 39 
11. ACIDENTES COM ANIMAIS PEÇONHENTOS ...................................................... 46 
12. EMERGÊNCIAS CLÍNICAS ...................................................................................... 48 
13. EMERGÊNCIAS CLÍNICAS 2… .............................................................................. 53 
14. TRAUMAS DE EXTREMIDADES/IMOBILIZAÇÕES ................................................56 
15. ACIDENTE POR MATERIAL BIOLÓGICO .............................................................. 63 
16. PARTO DE EMERGÊNCIA ...................................................................................... 68 
17. TRAUMATISMO CRÂNIO-ENCEFÁLICO (TCE) .................................................... 70 
18. TRAUMA RAQUI-MEDULAR (TRM)........................................................................ 70 
19. REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 72 
1 
1. CONCEITOS 
 
Primeiros socorros: São os procedimentos prestados, inicialmente, àqueles que 
sofreram acidente ou doença, com a finalidade de evitar o agravamento do estado da 
vítima, até a chegada de ajuda especializada. 
Socorrista: É a pessoa tecnicamente capacitada para, com segurança, avaliar e 
identificar problemas que comprometam a vida. Cabe ao Socorrista prestar o adequado 
socorro pré-hospitalar e o transporte do paciente sem agravar as lesões já existentes. 
Atendimento pré-hospitalar: É considerado como nível pré-hospitalar móvel na 
área de urgência, o atendimento que procura chegar precocemente à vítima, após ter 
ocorrido um agravo à sua saúde (de natureza clínica, cirúrgica, traumática, inclusive as 
psiquiátricas), que possa levar ao sofrimento, a sequelas ou mesmo à morte, sendo 
necessário, portanto, prestar-lhe atendimento e/ou transporte adequado a um serviço 
de saúde devidamente hierarquizado e integrado ao Sistema Único de Saúde. 
Ocorrência: Evento causado pelo homem, de forma intencional ou acidental, por 
fenômenos naturais, ou patologias, que podem colocar em risco a integridade de 
pessoas ou bens e requer ação imediata de suporte básico de vida, a fim de 
proporcionar melhor qualidade de vida ou sobrevida aos pacientes, bem como evitar 
maiores danos à propriedade ou ao meio ambiente. 
Omissão de socorro:- Segundo o Artigo 135 do Código Penal, a omissão de 
socorro consiste em: 
 
“Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança 
abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, em desamparo ou em grave 
e iminente perigo; não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública”. 
 
Pena: detenção de 1 (um) a 6 (seis) meses ou multa. Diz ainda aquele artigo, “A pena 
é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e é 
triplicada, se resulta de morte”. Vale ressaltar que, o fato de chamar o socorro 
especializado, nos casos em que a pessoa não possui treinamento específico ou não 
se sente confiante para atuar, já descaracteriza a ocorrência de omissão de socorro. 
 
Crime de abandono: 
Artigo 133 do código penal brasileiro. 
“Abandonar pessoa que está sob o seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por 
qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono.” 
2 
Pena: detenção, de seis meses a três anos. 
 
 
§ 1º. Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave: 
Reclusão, de um a cinco anos. 
 
§2º. Resulta-se morte: 
Reclusão, de quatro a doze anos. 
 
 
Direito da vítima: 
A vítima tem o direito de recusar o atendimento. No caso de adultos, esse direito 
existe quando estiver consciente e orientado; 
No caso de crianças, a recusa do atendimento pode ser feita pelo pai, pela mãe ou 
pelo responsável legal; 
Se a criança é retirada do local do acidente antes da chegada do socorro 
especializado, o prestador de socorro deverá se possível, arrolar testemunhas que 
comprovem o fato; 
O diálogo é imprescindível, é através dele que o socorrista poderá convencer a 
vítima e/ou parentes a aceitarem o socorro. 
 
2. ATRIBUIÇÕES E RESPONSABILIDADES DO SOCORRISTA 
 
 
Os principais atributos inerentes à função do Socorrista são: 
 
 
✓ Ter conhecimento técnico e capacidade para oferecer o atendimento necessário; 
✓ Ter capacidade de liderança para dar segurança e conforto ao paciente; 
 
Para ser um Socorrista é preciso aprender a lidar com o público. Pessoas que 
estão doentes ou feridas não se encontram em condições normais. Lidar com as 
pessoas é uma das mais exigentes tarefas do Socorrista. Quando estiver ajudando uma 
pessoa, você não deve dizer que ela está bem, se na verdade ela estiver doente ou 
ferida. Nem mesmo dizer que tudo está bem quando você percebeu que existe algo 
errado. Dizer para a pessoa não se preocupar. Quando uma emergência acontece, 
certamente, existe algo com que se preocupar. 
O socorrista deve ser honesto e autêntico, ser capaz de superar comportamentos 
grosseiros ou pedidos descabidos, supondo que estes pacientes estão agindo assim 
devido à doença ou ao ferimento presente. 
3 
No local da emergência, você deve ser um profissional altamente disciplinado: 
Observe a sua linguagem diante dos pacientes e do público. Não faça comentários sobre 
os pacientes ou sobre a gravidade do acidente. Concentre-se em auxiliar o paciente e 
evite distrações desnecessárias. Coisas simples como fumar um cigarro no local da 
emergência, mostra que você não é disciplinado e não pode ser um Socorrista. 
É essencial ao Socorrista ter discernimento quanto aos limites do que pode ser 
comunicado ao paciente. Avisar que a criança do paciente está morta ou um ente 
querido está seriamente ferido não ajudará em nada. Quando a assistência de 
emergência é prestada, o Socorrista deve ter maior sensibilidade sobre o que dizer ao 
paciente. Nessas situações, como uma tentativa de acalmar o paciente, o Socorrista 
pode avisar que outras pessoas estão cuidando de seus entes queridos. É importante 
lembrar que um paciente vivendo o stress da doença ou de um trauma pode não tolerar 
uma pressão adicional. 
Saiba mais sobre a ação do Socorrista. A comunicação com o paciente pode ser 
benéfica e contribuir para o seu relaxamento, desde que você seja honesto. Dizer ao 
paciente que você está treinado em primeiros socorros e que irá ajudá-lo, pode diminuir 
o medo e estabelecer vínculos de confiança. Avisar ao paciente que o Serviço de 
Emergência Médica (Corpo de Bombeiros Militar ou o SAMU) está a caminho pode 
ajudar a tranquilizá-lo. 
Aprender a controlar suas emoções, ser paciente com as ações anormais ou 
exageradas daqueles que estão sob situação de stress; Atuar como Socorrista exigeque você controle os seus próprios sentimentos no local da emergência. Você aprenderá 
a envolver-se com a assistência aos pacientes enquanto, ao mesmo tempo, controla as 
suas próprias reações emocionais ao enfrentar uma situação de doença ou ferimentos 
graves. Os pacientes não necessitam unicamente de simpatia ou lágrimas, mas exigem 
um atendimento profissional. 
Prestar assistência como Socorrista requer que você admita que o local do 
acidente ou os tipos de emergência podem afetá-lo. Você deve conversar com outros 
trabalhadores do serviço de emergência ou especialistas do Serviço de Emergência 
Médica, para lidar com os seus problemas emocionais e o stress, ocasionados pelas 
situações de emergência. 
Você não precisa mudar o seu estilo de vida para ser um Socorrista. Entretanto, 
no momento em que você é requisitado para prestar assistência a uma pessoa, alguns 
aspectos relacionados à mudança de seu comportamento devem ser considerados. Sua 
atuação e aparência podem facilitar a obtenção da confiança do paciente. Tomar uma 
dose a menos de bebida alcoólica em uma festa, pode parecer 
4 
pouco importante, porém, o significado desta pequena ação é muito importante, para 
que o Socorrista preste uma assistência adequada nas situações de emergência. 
Para ser um Socorrista, você deve manter-se em boas condições de saúde. Se 
você tem limitações físicas, como dificuldade em agachar ou de respirar, o seu 
treinamento terá pouca utilidade, já que apresentará dificuldades de realizar o socorro. 
Podendo até eventualmente tornar-se outra vítima. 
As responsabilidades do Socorrista no local da ocorrência incluem o 
cumprimento das seguintes atividades: 
 
✓ Utilizar os equipamentos de proteção individual (EPIs); 
✓ Controlar o local do acidente de modo a proteger a si mesmo, sua equipe, o 
paciente, e prevenir outros acidentes; 
✓ Obter acesso seguro ao paciente e utilizar os equipamentos necessários para a 
situação; 
✓ Identificar os problemas utilizando-se das informações obtidas no local e pela 
avaliação do paciente; 
✓ Fazer o melhor possível para proporcionar uma assistência de acordo com seu 
treinamento; 
✓ Decidir quando a situação exige a mobilização ou mudança da posição ou local 
do paciente. O procedimento deve ser realizado com técnicas que evitem ou 
minimizem os riscos de lesões adicionais; 
✓ Solicitar, se necessário, auxílio de terceiros presentes no local da emergência e 
coordenar as atividades. 
 
Imperícia (Ignorância, inabilidade, inexperiência): Entende-se, no sentido jurídico, a falta 
de prática ou ausência de conhecimentos, que se mostram necessários para o exercício 
de uma profissão ou de uma arte qualquer. 
A imperícia, assim se revela na ignorância, como na inexperiência ou na 
inabilidade acerca de matéria, que deveria ser conhecida, para que se leve a bom termo 
ou se excute com eficiência o encargo ou serviço, que foi confiado a alguém. Evidencia- 
se, assim, no erro ou engano de execução de trabalho ou serviço, de cuja inabilidade 
se manifestou, ou daquele que se diz apto para um serviço e não o faz com a habilidade 
necessária, porque lhe falecem os conhecimentos necessários. A imperícia conduz o 
agente à culpa, responsabilizando-o, civil e criminalmente, pelos danos que sejam 
calculados por seu erro ou falta. Exemplo: é imperito, o Socorrista que utilizar o 
reanimador manual, sem executar corretamente, por ausência de prática, as técnicas 
de abertura das vias aéreas, durante a reanimação. 
5 
Imprudência (Falta de atenção, imprevidência, descuido): Resulta da imprevisão do 
agente ou da pessoa, em relação às consequências e seu ato ou ação, quando devia e 
podia prevê-las. 
Mostra-se falta involuntária ocorrida na prática de ação, o que a distingue da 
negligência (omissão faltosa), que se evidencia, precisamente, na imprevisão ou 
imprevidência relativa à precaução que deverá ter na prática da mesma ação. Fundasse, 
pois, na desatenção culpável, em virtude da qual ocorreu um mal, que podia e deveria 
ser atendido ou previsto pelo imprudente. Em matéria penal, arguido também de 
culpado, é o imprudente responsabilizado pelo dano ocasionado à vítima, pesando 
sobre ele a imputação de um crime culposo. Exemplo: É imprudente o motorista que 
dirige um veículo de emergência excedendo o limite de velocidade permitido na via. 
 
Negligência (Desprezar, desatender, não cuidar): Exprime a desatenção, a falta de 
cuidado ou de precaução com que se executam certos atos, em virtude dos quais se 
manifestam resultados maus ou prejudicados, que não adviriam se mais 
atenciosamente ou com a devida precaução, aliás, ordenada pela prudência, fosse 
executada. A negligência, assim, evidencia-se pela falta decorrente de não se 
acompanhar o ato com a atenção que se deveria. 
Nesta razão, a negligência implica na omissão ou inobservância de dever que 
competia ao agente, objetivado nas precauções que lhe eram ordenadas ou 
aconselhadas pela prudência e vistas como necessárias, para evitar males não queridos 
ou evitáveis. 
 
Exemplo: É negligente o Socorrista que deixa de utilizar Equipamento de Proteção 
Individual (EPI), em um atendimento no qual seu uso seja necessário. 
Reconhecimento do local da ocorrência: O reconhecimento da situação é realizado pelo 
Socorrista no momento em que chega ao local da emergência. O reconhecimento é 
necessário para que o mesmo possa avaliar a situação inicial, decidir o que fazer e como 
fazer. Para o correto reconhecimento do local da ocorrência, devem ser observados: 
 
Avaliação do local: O Socorrista deverá avaliar o local da ocorrência, observando 
principalmente os seguintes aspectos: 
 
• A situação; 
6 
• Potencial de risco; 
• As medidas a serem adotadas. 
 
 
Informes do Socorrista após avaliar o local, o Socorrista deverão informar ao Corpo de 
Bombeiros Militar ou ao SAMU: 
 
• Local exato da ocorrência; 
• Tipo de ocorrência; 
• Riscos potenciais; 
• Número de vítimas e idade; 
• Gravidade das vítimas; 
• Necessidades de recursos adicionais; 
• Nome e telefone do solicitante do socorro adicional. 
 
 
Conforme a situação a ordem dos dados a serem informados é dinâmica, 
podendo ser alterada. 
O importante é reportá-los sempre e o mais breve possível, pois só assim o 
Socorrista terá o apoio necessário. 
Segurança do local: Consiste na adoção dos cuidados por parte do Socorrista para a 
manutenção da segurança no local de uma ocorrência, priorizando: 
 
• Estacionamento adequado da viatura de emergência; 
• Sinalização e isolamento do local; 
• Gerenciamento dos riscos. 
 
 
Estacionamento: O Socorrista/motorista deverá estacionar a viatura de socorro/carro 
particular 15 metros antes do local do acidente, utilizando-a como anteparo, a fim de 
proporcionar maior segurança à guarnição de serviço e às vítimas envolvidas, deixando 
assim, uma área denominada “zona de trabalho”. 
 
7 
Nas situações em que já houver uma viatura fazendo tal proteção, a viatura de socorro 
deverá ser colocada 15 metros à frente do acidente, mantendo o espaço da zona de 
trabalho. 
 
 
 
Sinalização: 
• Inicie a sinalização em um ponto em que os motoristas ainda não possam ver o 
acidente. Não adianta ver o acidente quando já não há tempo suficiente para parar ou 
diminuir a velocidade. No caso de vias de fluxo rápido, com veículos ou obstáculos na 
pista, é preciso alertar os motoristas antes que eles percebam o acidente. Assim, vai dar 
tempo para reduzir a velocidade, concentrar a atenção e desviar. A colocação dos cones 
de sinalização deverá obedecer a seguinte proporção: 1 metro para cada km/h da 
velocidade máxima permitida na via. Essa distância poderá ser medida por passos 
largos de um adulto, medida esta próxima a 1 metro. 
 
Exemplo: Se a velocidade máxima permitida na via for 40 Km/h, o primeiro deverá ser 
colocado a 40 metros antes do local exato do acidente, no caso de pista seca, sob 
chuva, neblima,ou mesmo durante a noite essa distância precisa ser duplicada, 
seguindo o exemplo anterior, a distância do primeiro cone deveria ser de 80 metros do 
acidente, lembrando que a sinalização deve ser feita nos dois sentidos da via. 
Os demais cones deverão ser distribuídos em direção ao local do acidente de 
sinalização. Após a sinalização, o Socorrista deverá se certificar que a sua visualização 
é ideal. 
 
3. MATERIAIS E EQUIPAMENTOS BÁSICOS 
 
Equipamento para Segurança no Local do Acidente 
8 
● Equipamento de proteção individual – este conjunto de equipamentos destina-se a 
proteção do socorrista e da vítima, objetivando evitar a transmissão de doenças, seja 
pelo contato com a pele ou através da contaminação das mucosas; materiais de uso 
obrigatório no atendimento no interior das viaturas de resgate: luvas descartáveis, 
máscara de proteção facial, óculos de proteção, aventais e capacetes (em locais de 
risco iminente de acidentes). 
 
 
● Equipamento de segurança no local – este conjunto de equipamentos destina-se a 
garantir a segurança das equipes no local do acidente, bem como, das vítimas 
envolvidas e da população em geral; destacam-se entre esses materiais os cones de 
sinalização, lanternas, fitas para isolamento e extintores de incêndios. 
 
Equipamentos de Reanimação e Administração de Oxigênio 
 
● Cânula orofaríngea ou Cânula de Guedel – equipamento destinado a garantir a 
permeabilidade das vias áreas em vítimas inconscientes devido à queda da língua 
contra as estruturas do palato, promovendo a passagem de ar através da orofaringe. 
Possui vários tamanhos. 
 
● Reanimador ventilatório manual ou Ambu – equipamento destinado a estabelecer 
ventilação artificial manual. Composto de bolsa, válvula e máscara, garantindo assim 
eficiente insuflação de ar e maior concentração de oxigênio para a vítima. Equipamento 
disponível nos tamanhos adulto e infantil. 
9 
 
● Equipamento de administração de oxigênio portátil – unidade portátil destinada a dar 
suporte de oxigênio a vítima acidentada no local da ocorrência inicial, com capacidade 
de 300 litros e fluxômetro a fim de dosar a administração de pelo menos 12 litros de 
oxigênio por minuto. Toda a ambulância possui uma segunda unidade fixa com 
capacidade de armazenamento maior, possibilitando a continuação da administração 
de oxigênio durante o deslocamento até o pronto socorro. 
 
● Equipamento para aspiração – destinado à aspiração de secreções da cavidade oral, 
as quais obstruem a passagem de oxigênio sendo indispensável uma unidade portátil e 
uma unidade fixa na ambulância. 
 
 
 
●Equipamentos de Imobilização e Fixação de Curativos 
● Talas flexíveis e rígidas (madeira, papelão) – são equipamentos indispensáveis na 
imobilização de fraturas e luxações. 
● Bandagens triangulares e ataduras de crepom – destinam-se à fixação de talas e 
curativos. 
 
● Cintos de fixação – cintos flexíveis e resistentes que se destinam a prender a vítima 
junto à tábua de imobilização. 
● Colete de imobilização dorsal (ked) - equipamento destinado à retirada de vítimas do 
interior de veículos que estiverem sentadas, objetivando a imobilização da coluna 
cervical, torácica e lombar superior. Sua fixação dá-se através de tirantes flexíveis fixos 
e móveis. 
10 
 
● Colar cervical – equipamento destinado à imobilização da coluna cervical quanto a 
movimentos axiais, confeccionado em polietileno, dobrável e de vários tamanhos e 
modelos. 
 
● Tabua de imobilização – equipamento destinado à imobilização da vítima deitada, de 
vários modelos e tamanhos, possuindo aberturas para fixação de cintos e imobilizadores 
de cabeça. 
 
● Imobilizadores de cabeça – equipamento destinado à imobilização total da cabeça da 
vítima acidentada. Confeccionado em espuma revestida de um material impermeável e 
lavável. 
 
Materiais Utilizados em Curativos 
 
 
● Gaze, ataduras de crepom, bandagem, fita adesiva – material indispensável na 
limpeza superficial de ferimentos e contenção de hemorragias em vítimas. 
 
 
 
 
Materiais de Uso Obstétrico 
 
 
● Material de assistência ao parto – material esterilizado, normalmente colocado em 
pacotes hermeticamente fechados, contendo campos duplos e simples, clamps para 
laqueadura umbilical, lençóis e tesoura. 
11 
 
 
 
Equipamentos para Verificação de Sinais Vitais 
● Esfigmomanômetro – equipamento destinado à aferição da pressão arterial. 
 
 
 
● Estetoscópio - aparelho destinado a ausculta cardíaca e pulmonar. 
● Oxímetro de pulso portátil - aparelho eletrônico destinado à medição da saturação 
periférica de oxigênio. 
 
● Desfibriladores automáticos externos (DEA) – equipamento destinado à verificação 
de arritmias ventriculares (taquicardia e fibrilação), que se confirmadas através da 
obediência aos comandos emanados, resultará na aplicação de choques buscando a 
reversão do quadro apresentado. 
 
 
OBS: a Classificação do DEA, neste grupo deve-se ao mesmo atuar também como 
monitor cardíaco, identificando o padrão de atividade elétrica do coração, é um material 
de uso de pessoal treinado, mas não necessariamente de profissional de saúde, o que 
o diferencia do cardioversor. 
 
Macas e Acessórios 
12 
● Maca – equipamento destinado ao transporte de vítima, sendo confeccionado em 
alumínio, com mecanismo de travamento, possibilitando que a maca aumente ou 
diminua a altura. 
● Cobertor e manta aluminizada – material destinado ao conforto térmico. 
 
 
4. CINEMÁTICA DO TRAUMA 
 
 
Trauma: É a lesão caracterizada por uma alteração estrutural ou fisiológica, resultante 
de exposição a uma energia (mecânica, térmica, elétrica). 
 
Cinemática do trauma: É o estudo do movimento de um corpo, que sofreu um impacto 
ou agressão, relacionando-o com suas prováveis avarias e lesões. 
“Saber onde procurar lesões e tão importante quanto saber o que fazer após encontrá- 
las.” 
Esta ciência é baseada em princípios fundamentais da física: - Primeira Lei de 
Newton -"Todo corpo permanece em seu estado de repouso ou de movimento uniforme 
em linha reta, a menos que seja obrigado a mudar seu estado por forças impressas a 
ele." - Princípio da Inércia. (Mesmo que um carro colida e pare, as pessoas no seu 
interior continuam em movimento até colidirem com o painel, direção, pararias etc.). 
Mas, por que este repentino início ou parada de movimento resulta em trauma 
ou lesões? Esta questão é respondida por um segundo princípio da Física: 
 
“A energia pode ser transformada de uma forma em outra em um sistema 
isolado, mas não pode ser criada ou destruída; a energia total do sistema sempre 
permanece constante”. Considerando-se o movimento de um carro como uma forma 
13 
de energia (energia cinética), quando o carro colide, esta forma de energia é 
transformada em outras (mecãnica, térmica, elétrica, química). 
 
Considerando que E = (m. V²)/2, sendo E = energia cinética (movimento) m 
= massa (peso) V = velocidade 
 
 
“Conclui-se que quanto maior a velocidade, maior a troca de energia resultando 
assim em maiores danos aos organismos envolvidos”. 
 
“Na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma.” 
 
Trauma Contuso X Penetrante 
 
 
Trauma Contuso “temporário”: trauma onde não há o rompimento da pele. 
Trauma Penetrante “permanente”: trauma que rompe a integridade da pele penetrante 
“permanente”, 
 
A evolução clínica de uma vítima de trauma divide-se em três fases: 
 
 
Pré-Colisão: tudo o que acontece antes da colisão bebidas, velocidade, drogas. 
Colisão: quando a transmissão de energia acontece entre eles. 
Pós-Colisão: informações conseguidas após a transmissão de energia (como ficou o 
carro, estado da vítima). 
 
São considerações importantes para o atendimento: 
A direção que ocorreu a variação de energia. 
A quantidade de energia transmitida. 
A forma como as forças afetaram o paciente. 
 
 
Acidente Automobilístico: Em um acidente automobilístico há umadesaceleração 
brusca, ocorrem três tipos de colisão: 
14 
Colisão da Máquina: o veículo colide com outro ou com um anteparo; Colisão do Corpo: 
o corpo mantém-se em movimento e colide com o anteparo do carro; Colisão dos 
Órgãos: na colisão os órgãos colidem-se contra as paredes do corpo. 
 
Formas de Colisão 
 
 
Colisão frontal: fratura de crânio, penetração óssea no cérebro, hemorragia 
intercraniana, fratura ou luxação de vértebras, além de lesões nos tecidos moles do 
pescoço, trauma na laringe, fratura de face, ruptura da aorta, pneumotórax, hemotórax, 
fratura nos arcos costais, fratura no esterno, hemorragia nos órgãos abdominais ”rins, 
baço, pâncreas, fígado”, fratura de pelve, fratura de fêmur, joelho, tíbia e fíbula, fratura 
no tornozelo e pés. 
 
 
Colisão Traseira: rompimento da cervical, “efeito chicote – aceleração brusca”, fratura 
de face. 
 
Colisão Lateral: fratura de costelas, contusão pulmonar, tórax instável, ruptura do 
fígado ou baço, fratura no braço e ombro, lesões na coluna, fratura ou luxação do fêmur, 
joelho, fratura na cabeça, fratura na pelve. 
 
Capotamento: todos os tipos de ferimentos podem ser mencionados, além da 
probabilidade de fratura na coluna cervical, e se a vítima for lançada para fora do veículo 
aumenta o risco em seis vezes o seu valor. 
Acidente Motociclístico: Os acidentes de motocicleta são responsáveis por grande 
número de mortes todos os anos. O mecanismo de trauma é o mesmo da colisão de 
veículo e segue as leis da Física. 
O uso do capacete previne lesões de face e crânio. 
15 
 
 
 
Numa colisão frontal contra um objeto, a moto inclina-se para frente e o 
motociclista é jogado contra o guidão, esperando-se trauma de cabeça, tórax e 
abdômen. Caso pés e pernas permaneçam fixos no pedal e a coxa colida contra o 
guidão, pode ocorrer fratura bilateral de fêmur. 
Na colisão lateral do motociclista, geralmente há compressão de membros 
inferiores provocando fraturas de tíbia e fíbula. 
Nos casos de colisão com ejeção do motociclista, o ponto de impacto determina 
a lesão, irradiando-se a energia para o resto do corpo. Como nos automobilísticos, 
geralmente as lesões são muito graves nesse tipo de acidente. 
 
Atropelamento: Na abordagem de vítima de atropelamento, é importante conhecer sua 
idade, pois existem mecanismos distintos de trauma entre adultos e crianças. Quando 
o adulto percebe estar prestes a ser atropelado, ele se vira de costas para o veículo, na 
tentativa de se proteger; logo, as lesões se localizam nas regiões posterior e lateral do 
corpo. Por outro lado, as crianças encaram o veículo atropelador de frente. Existem três 
fases no atropelamento: 
 
● Impacto inicial nas pernas, às vezes atingindo coxa e quadril; 
● Tronco lançado contra o capô do veículo; 
● Vítima caída no asfalto – geralmente o primeiro impacto é na cabeça, com 
possibilidade de trauma de coluna cervical. 
 
Quedas: A queda se caracteriza por uma desaceleração vertical rápida. No 
atendimento às vítimas de queda, o socorrista deve conhecer: 
● Altura da queda; 
● Tipo de superfície com que a vítima colidiu. Exemplos: gramado, concreto etc.; 
● Parte do corpo que sofreu o primeiro impacto. Como a velocidade na queda 
aumenta com a altura, grandes alturas predispõem a lesões mais graves. Como 
16 
referência, considera-se grave a queda de altura três vezes maior que a altura da 
vítima. 
Chamamos de "síndrome de Don Juan" a queda de altura com aterrissagem 
pelos pés. Conforme a altura acontece fratura bilateral de calcâneos. Após os pés, as 
pernas são as próximas partes a absorver a energia - fratura de tornozelos, ossos longos 
e quadril. No terceiro momento, verificar fratura com compressão de coluna torácica e 
lombar. 
Se a vítima apoia as mãos na queda, espera-se fratura de punho. Assim, cabe- 
nos determinar a parte do corpo que sofreu o primeiro impacto e, consequentemente, 
deduzir as lesões relacionadas. 
 
Lesões por Explosão: 
 
 
A explosão tem três fases: 
 
 
● Causada pela onda de pressão proveniente da explosão, atinge particularmente 
órgãos ocos ou contendo ar, como pulmões e aparelho gastrointestinal. Pode ocorrer 
sangramento pulmonar, pneumotórax, perfuração de órgãos do aparelho digestivo. A 
onda de pressão rompe a parede de pequenos vasos sanguíneos e também lesa o 
sistema nervoso central. A vítima morre sem que se observem lesões externas. O 
socorrista, sempre atento a essas possibilidades, pesquisa sinais de queimadura nas 
áreas descobertas do corpo. 
● Em vítima atingida por estilhaços e outros materiais provenientes da explosão, é 
possível encontrar lace rações, fraturas, queimaduras e perfurações. 
● Se a vítima é lançada contra um objeto, haverá lesões no ponto do impacto e a força 
da explosão se transfere a órgãos do corpo. Elas são aparentes e muito similares 
àquelas das vítimas ejetadas de veículos ou que sofrem queda de grandes alturas. 
 
5. SINAIS VITAIS 
 
 
Os sinais vitais são: Pressão Sanguínea, Temperatura, frequência respiratória e pulso. 
17 
Nas variações dos sinais vitais, devemos considerar: 
 
 
• Condições ambientais, tais como: temperatura e umidade do local; Condições 
pessoais: como exercício recente, tensão emocional, alimentação; 
Equipamentos apropriados e calibrados regularmente. 
 
Temperatura 
Dentro de limites determinados e de fatores conhecidos podemos aceitar como 
normais variações segundo: 
 
Idade -- Antes de um ano de idade, a temperatura normal é maior do que a do 
adulto. A partir de um ano de idade, a temperatura tende a alcançar níveis semelhantes 
aos dos adultos. A diferença já é notável após o 6º mês de idade (0,5 
ºC), acentua-se a partir do 2º ano alcançando a diferença máxima após o 6º ano de 
idade (0,9 - 1,1 ºC). 
Ciclo circadiano -- Segundo o momento do dia, a temperatura pode variar sendo 
mais baixa na madrugada (3 horas) e no início da manhã. Pode ser máxima no final da 
tarde (17 horas) e no início da noite. Sexo. No sexo feminino a temperatura é mais 
elevada do que no masculino, e apresenta variações segundo a fase do ciclo menstrual. 
Atividade física e o meio ambiente -- A temperatura ambiental elevada e o ambiente 
pouco arejado, além de atividade física intensa, podem determinar elevação 
da temperatura corporal. 
Local de verificação da temperatura. -- Temperatura retal é a mais elevada, a 
bucal é intermediária e a axilar a mais baixa quando medida nas mesmas condições. A 
temperatura axilar normal é (36,5 ºC pela manhã a 37,2 ºC à tarde), sendo a temperatura 
bucal aproximadamente 0,5 ºC maior do que a axilar e a retal 0,8 a 1º C superior à axilar, 
podendo a temperatura retal atingir 37,8 ºC e mesmo 38,2 ºC. 
Pulso: É a onda provocada pela pressão do sangue contra a parede arterial em 
cada batimento cardíaco, sentida pelo toque com um impacto ou batida leve. 
ADULTO De 60 A 100 bpm. 
CRIANÇA De 80 A 120 bpm. 
BEBÊS De 100 A 160 bpm. 
 
 
Bradicardia: Frequência cardíaca abaixo do normal, abaixo de 60 bpm. 
Taquicardia: Frequência cardíaca acima do normal, acima de 100 bpm. 
18 
Taquisfigmia: É o aumento da frequência do pulso, acima do normal, é um pulso 
taquicárdico. 
Bradisfigmia: É a diminuição da frequência do pulso, abaixo do normal, é um pulso 
bradicárdico. 
Pulso Filiforme: Quando sentimos o pulso fino e fraco, geralmente da decorrência da 
diminuição do volume do sangue. 
Respiração: A avaliação da respiração inclui: frequência (movimentos respiratórios 
por minuto), caráter (superficial e profunda) e ritmo (regular ou irregular). 
 
ADULTO De 12 a 20 Movimentos Respiratórios por minuto; 
CRIANÇA De 20 a 30 Movimentos Respiratórios por minuto; 
BEBÊS De 30 a 60 Movimentos Respiratórios por minuto; 
 
Apnéia: Sem respiração. 
Bradipneia: Respiração lenta, regular (abaixo de 12 M. R.P.M.). 
Taquipnéia: Respiração rápida, regular (acima de 20 M.R.P.M.). 
Dispneia: Respiração difícil. 
Pressão Sanguínea: Apressão sanguínea ou Pressão arterial (PA) é uma função da 
força exercida pelo sangue contra as paredes da artéria. 
 
 
 
 
 
 
6. ATENDIMENTO INICIAL 
 
 
O objetivo do atendimento inicial à vítima de trauma é identificar rapidamente 
situações que coloquem a vida em risco e que demandem atenção imediata pela equipe 
de socorro. Deve ser rápido, organizado e eficiente de forma que permita decisões 
quanto ao atendimento e ao transporte adequados, assegurando à vítima maiores 
chances de sobrevida. 
O atendimento inicial à vítima de trauma se divide em três etapas sequenciais: 
19 
 
1) Controle de cena; 
2) Abordagem primária; 
3) Abordagem secundária; 
 
 
Controle de Cena Segurança do Local: Antes de iniciar o atendimento 
propriamente dito, a equipe de socorro deve garantir sua própria condição de segurança, 
a das vítimas e a dos demais presentes. De nenhuma forma qualquer membro da equipe 
deve se expor a um risco com chance de se transformar em vítima, o que levaria a 
deslocar ou dividir recursos de salvamento disponíveis para aquela ocorrência. 
 
O socorrista deve atentar para: 
 
 
Óculos de proteção; Máscara facial; Luvas de procedimentos; Isolamento e 
controle de trânsito; Utilizando cordas ou fitas de isolamento; Sinalizando o trânsito para 
evitar acidente em cadeia; Desligar ao cabo da bateria do automóvel, bem como calçar 
as rodas. 
Mecanismo de Trauma: Enquanto se aproxima da cena do acidente, o socorrista 
examina o mecanismo de trauma, observando e colhendo informações pertinentes. Em 
uma colisão entre dois veículos, por exemplo, avaliar o tipo de colisão (frontal, lateral, 
traseira), veículos envolvidos, danos nos veículos, número de vítimas, posição dos 
veículos e das vítimas, etc. O Socorrista deve atentar para: Analisar o local do acidente; 
Identificar-se como socorrista; Afastar o risco da vítima ou a vítima do risco; 
Proteger a vítima de curiosos, impedindo que tentem movê-la de forma errada. 
 
 
Abordagem Primária 
Na abordagem primária, para facilitar a memorização, convencionou-se o “ABCD 
do trauma” para designar uma sequência fixa de passos, utilizando-se as primeiras 
letras das palavras (do inglês) que definem cada um dos passos: 
 
1) Passo “A” (Airway) – Vias aéreas com controle cervical; 
2) Passo “B” (Breathing) – Respiração (existente e qualidade); 
3) Passo “C” (Circulation) – Circulação com controle de hemorragias; 
4) Passo “D” (Disability) – Estado neurológico; 
5) Passo “E” (Exposure) – Exposição da vítima (para abordagem secundária). _ 
20 
A. AIRWAY (Vias aéreas com controle cervical) 
Se, acalme-a e pergunte o que aconteceu com ela: “Eu sou (nome do socorrista); 
 
 
Aproximar-se da vítima pelo lado para o qual a face da mesma está volta, 
garantindo-lhe o controle cervical. Em seguida, observar se a vítima está consciente e 
respirando. Tocando o ombro da vítima do lado oposto ao da abordagem, apresente- 
se: “tenho treinamento em primeiros socorros, e estou aqui para te ajudar. O que 
aconteceu contigo?” 
 
Uma pessoa só consegue falar se tiver ar nos pulmões e se ele passar pelas 
cordas vocais. Portanto, se a vítima responder normalmente, é porque as vias aéreas 
estão permeáveis (passo "A" resolvido) e respiração espontânea (passo "B" resolvido). 
Seguir para o passo "C". Se a vítima não responder normalmente, examinar as vias 
aéreas. Desobstruir vias aéreas de sangue, vômito, corpos estranhos ou queda da 
língua, garantindo imobilização da coluna cervical. Para a manutenção da abertura das 
vias aéreas pode ser utilizada cânula orofaríngea ou nasofaríngea. Estando as vias 
aéreas desobstruídas, passar para o exame da respiração (passo "B"). 
Técnicas de abertura das vias aéreas Quando o tônus muscular é insuficiente, a 
língua e a epiglote podem obstruir a faringe. A língua é a causa mais frequente de 
obstrução das vias aéreas na vítima inconsciente. Se não houver evidência de trauma 
craniano nem cervical, o Socorrista deve utilizar a manobra de inclinação da cabeça- 
elevação do queixo para abrir as vias aéreas. 
Avaliação de vias aéreas. Socorrista verifica se há corpos estranhos na cavidade 
oral da vítima. 
As técnicas para abertura das vias aéreas são: Manobra de inclinação da cabeça 
– elevação do queixo – casos clínicos Esta manobra deve ser utilizada apenas em casos 
clínicos. 
1) Coloque o paciente em decúbito dorsal e posicione-se ao seu lado, na altura dos 
ombros; 
2) Coloque uma das mãos na testa do paciente e estenda sua cabeça para trás; 
3) Coloque a ponta dos dedos, indicador e médio, da outra mão, apoiados na 
mandíbula para elevá-la até perceber uma resistência ao movimento. 
21 
 
 
Cabeça ou o pescoço 
 
 
Manobra de tração mandibular – caso de trauma Esta manobra deve ser utilizada 
apenas em casos de trauma. 
1) Coloque o paciente em decúbito dorsal e posicione-se de joelhos acima da parte 
superior de sua cabeça; 
2) Com os cotovelos na mesma superfície que o paciente ou apoiados nas coxas, 
segure os ângulos da mandíbula do paciente com os dedos, indicador e médio; 
3) Com os dedos posicionados, empurre a mandíbula para cima, mantendo a cabeça 
estabilizada com a palma das mãos. Não eleve ou realize rotação da cabeça do 
paciente, pois a proposta desta manobra é manter a via aérea aberta sem mover a 
Utilize a manobra correta ao realizar uma abertura de vias aéreas - VA: 
 
 
• Em caso clínico - manobra de inclinação da cabeça e elevação do queixo 
• Em caso de trauma - manobra de tração mandibular 
 
 
B BREATHING (Respiração) 
 
 
Checar se a respiração está presente e efetiva (ver, ouvir e sentir). Se a 
respiração estiver ausente, iniciar respiração artificial (passo "B" resolvido 
temporariamente). 
Estando presente a respiração, analisar sua qualidade: Avaliação da respiração 
– ver, ouvir e sentir. 
Lenta ou rápida, superficial ou profunda, de ritmo regular ou irregular, silenciosa 
ou ruidosa. Se observar sinais de respiração difícil (rápida, profunda, ruidosa), reavaliar 
vias aéreas (passo "A") e solicitar a presença do médico no local. A necessidade de 
intervenção médica é muito provável. Se observar sinais que antecedam parada 
respiratória (respiração superficial, lenta ou irregular), ficar atento para iniciar respiração 
artificial. _ 
22 
C CIRCULATION (Circulação com controle de hemorragias) 
 
 
O objetivo principal do passo "C" é estimar as condições do sistema circulatório 
e controlar grandes hemorragias. Para tanto devem ser avaliados: pulso; perfusão 
periférica; coloração, temperatura e umidade da pele. 
 
 
Se o socorrista verificar hemorragia externa, deve utilizar métodos de controle. 
Observando sinais que sugerem hemorragia interna, deve agilizar o atendimento e 
transportar a vítima o mais brevemente possível ao hospital. _ 
 
D DISABILITY (Estado Neurológico) 
 
 
Tomadas as medidas possíveis para garantir o “ABC”, importa conhecer o estado 
neurológico da vítima (passo "D"), para melhor avaliar a gravidade e a estabilidade do 
quadro. O registro evolutivo do estado neurológico tem grande valor. A vítima que não 
apresente alterações neurológicas num dado momento, mas passe a apresentá-las 
progressivamente, seguramente está em situação mais grave que outra cujo exame 
inicial tenha mostrado algumas alterações que permaneçam estáveis no tempo. Na 
avaliação do estado neurológico o socorrista deve realizar a avaliação do nível de 
consciência e o exame das pupilas. 
 
 
 
Avaliação do Nível de Consciência A análise do nível de consciência é feita pelo 
método “AVDI”, de acordo com o nível de resposta que a vítima dá aos estímulos: 
 
● A – Acordada com resposta adequada ao ambiente. 
● V – Adormecida. Os olhos se abrem mediante estímulo verbal. 
Avaliação do nível de consciência – estímulo doloroso aplicado comprimindo-se a 
borda do músculo trapézio. 
23 
 
 
 
● D – Com os olhos fechados que só se abrem mediante estímulo doloroso.● I – Não reage a qualquer estímulo. Exame das Pupilas Em condições normais as 
pupilas reagem à luz, aumentando ou diminuindo seu diâmetro conforme a intensidade 
da iluminação do ambiente. O aumento do diâmetro, ou midríase, ocorre na presença 
de pouca luz, enquanto a diminuição, ou miose, ocorre em presença de luz intensa. 
Quanto à simetria, as pupilas são classificadas em isocóricas (pupilas normais ou 
simétricas), que possuem diâmetros iguais, e anisocóricas (pupilas anormais ou 
assimétricas), de diâmetros desiguais. 
O socorrista deve avaliar as pupilas da vítima em relação ao tamanho, simetria 
e reação à luz. Pupilas anisocóricas sugerem traumatismo ocular ou cranioencefálico. 
Neste caso a midríase em uma das pupilas pode ser consequência da compressão do 
nervo oculomotor no nível do tronco encefálico, sugerindo um quadro de gravidade. 
Pupilas normais se contraem quando submetidas à luz, diminuindo seu diâmetro. Se a 
pupila permanece dilatada quando submetida à luz, encontra-se em midríase paralítica, 
normalmente observada em pessoas inconscientes ou em óbito. Pupilas contraídas 
(miose) em presença de pouca luz podem indicar intoxicação por drogas ou doença do 
sistema nervoso central. Se houver depressão do nível de consciência e anisocoria, ficar 
alerta, pois existe o risco de parada respiratória. Manter-se atento para o “ABC”. 
Abordagem Secundária 
 
 
E EXPOSURE (Exposição da Vítima) 
Finalmente, no passo "E", expor a vítima, à procura de lesões. Entretanto, em 
nível pré-hospitalar, as roupas da vítima só serão removidas para expor lesões 
sugeridas por suas queixas ou reveladas pelo exame segmentar, respeitando seu pudor 
no ambiente público. 
Só iniciar a abordagem secundária depois de completada a abordagem primária. 
Examinar todos os segmentos do corpo, sempre na mesma ordem (exame segmentar): 
Pupilas de tamanhos desiguais (anisocóricas) – olho direito apresentando 
midríase e esquerdo miose. 
Avaliação das pupilas quanto à reação à luz. 
24 
Crânio, face, pescoço, tórax, abdômen, quadril, membros inferiores, membros 
superiores e dorso. Nesta fase, realizar: 
 
● Inspeção: cor da pele, sudorese, simetria, alinhamento, deformidade e ferimento; 
● Palpação: deformidade, crepitação, rigidez, flacidez, temperatura e sudorese; 
Durante todo o exame segmentar, manter-se atento a sinais de dor ou a 
modificações das condições constatadas na abordagem primária da vítima. 
 
7. DESOBSTRUÇÃO DE VIAS AÉREAS 
 
 
Obstrução de Vias Aéreas Entende-se por obstrução de vias aéreas toda 
situação que impeça total ou parcialmente o trânsito do ar ambiente até os alvéolos 
pulmonares. A restauração e manutenção da permeabilidade das vias aéreas nas 
vítimas de trauma são essenciais e devem ser feitas de maneira rápida e prioritária. 
A vítima de trauma pode ter as vias aéreas comprometidas direta ou 
indiretamente por mecanismos distintos, sendo os principais os enumerados a seguir: - 
Inconsciência: A causa mais frequente de obstrução de vias aéreas em vítimas de 
trauma é a inconsciência, provocando o relaxamento da língua que se projeta contra a 
orofaringe (fundo da garganta) da vítima em decúbito dorsal, impedindo a passagem de 
ar das vias aéreas superiores para as inferiores. - Trauma Direto Sobre Vias Aéreas. 
 
- Queimaduras em Vias Aéreas: Queimaduras em vias aéreas podem produzir 
inflamação e edema de glote e de vias aéreas inferiores. 
 
- Corpo Estranho em Vias Aéreas: Fragmentos de próteses dentárias, alimentos, balas, 
chicletes e pequenos objetos podem causar obstrução de vias aéreas em diferentes 
níveis. 
 
Obstrução de Vias Aéreas por Corpo Estranho (OVACE) Causa Em Adultos: 
Embora a perda de consciência seja a causa mais frequente de obstrução de vias 
aéreas, a obstrução por corpos estranhos pode ser causa de perda de consciência e 
parada cardiopulmonar. A eventualidade de corpos estranhos obstruírem vias aéreas 
em pessoas conscientes ocorre mais frequentemente durante as refeições, sendo a 
carne a causa mais comum. A obstrução de vias aéreas pelo conteúdo regurgitado do 
estômago pode ocorrer durante a parada cardiopulmonar ou nas manobras de 
reanimação cardiopulmonar. 
25 
Em Crianças: Em crianças a principal causa de obstrução de vias aéreas é a 
aspiração de leite regurgitado ou de pequenos objetos. Outras causas frequentes são 
alimentos (balas, chicletes, etc.) e causas infecciosas (epiglotite). 
Reconhecimento Em Vítima Consciente: A obstrução total das vias aéreas é 
reconhecida quando a vítima está se alimentando ou acabou de comer e, 
repentinamente, fica incapaz de falar ou tossir. Pode demonstrar sinais de asfixia, 
agarrando o pescoço, apresentando cianose e esforço respiratório exagerado. O 
movimento de ar pode estar ausente ou não ser detectável. A pronta ação é urgente, 
preferencialmente enquanto a vítima ainda está consciente. 
Em pouco tempo o oxigênio disponível nos pulmões será utilizado e, como a obstrução 
de vias aéreas impede a renovação de ar, ocorrerá a perda de consciência e, 
rapidamente, a morte. 
Em Vítima Inconsciente: Quando um adulto for encontrado inconsciente por 
causa desconhecida, suspeitar de parada cardiopulmonar por infarto, acidente vascular 
ou hipóxia secundária à obstrução de via aérea. Ele será avaliado pensando- se em 
parada cardiopulmonar, deixando para fazer o manejo de desobstrução de vias aéreas 
apenas se o fato se evidenciar. Tratando-se de criança, devemos suspeitar 
imediatamente de OVACE. 
Desobstrução de Vias Aéreas Os métodos de desobstrução de vias aéreas 
dividem-se em dois tipos, conforme a natureza da obstrução: obstrução por líquido 
(rolamento de 90º e aspiração) ou obstrução por sólido (remoção manual e manobras 
de desobstrução). 
 
Obstrução por Líquido 
A) Rolamento de 90º: Esta manobra consiste em lateralizar a vítima em 
monobloco, trazendo-a do decúbito dorsal para o lateral, com o intuito de remover 
secreções e sangue das vias aéreas superiores. Estando a vítima na cena do acidente, 
ainda sem intervenção do socorrista, ou seja, sem qualquer imobilização (colar cervical 
e tábua), havendo a necessidade da manobra, esta deverá ser realizada com controle 
cervical manual. Estando a vítima já imobilizada em tábua, proceder a manobra 
mediante a lateralização da própria tábua. 
B) Aspiração: A aspiração de secreções e sangue pode ser realizada ainda na 
cena do acidente, mediante uso de aspiradores portáteis, ou no interior da ambulância, 
pelo uso de aspiradores fixos. Aplicar a sucção por períodos de no máximo 05 segundos 
de cada vez, alternando-a com o suporte ventilatório. 
26 
(Obstrução por Sólido A) Remoção Manual: Durante a avaliação das vias 
aéreas, o socorrista pode visualizar corpos estranhos, passíveis de remoção digital. 
Somente remover o material que cause obstrução se for visível. 
Rolamento de 90º com um socorrista. Manobra de emergência para remoção de 
líquidos de vias aéreas. 
Avaliação de vias aéreas. Socorrista verifica se há corpos estranhos na cavidade 
oral da vítima. 
A técnica de remoção manual consiste em abrir a boca da vítima utilizando a 
manobra de tração da mandíbula ou a de elevação do mento (abordadas à frente) e 
retirar o corpo estranho com o indicador “em gancho”, deslocar e retirar o corpo 
estranho. Estando o corpo estranho mais aprofundado, existe a alternativa de utilizar os 
dedos indicador e médio “em pinça”. Em recém-nato e lactente, utilizar o dedo mínimo 
em virtude das dimensões reduzidas das vias aéreas. Somente tentar a remoção se o 
corpo estranho estiver visível. 
C) Manobras de desobstrução de vias aéreas em adultos: São manobras 
realizadas manualmente para desobstruir vias aéreas de sólidos que lhe ficarem 
entalados. Compressão Abdominal 
Também chamada manobra de Heimlich, consiste numa série de quatro 
compressões sobre a região superior do abdômen, entre o processo xifóide e a cicatriz 
umbilical. 
 
●Vítima em pé ou sentada: 
 
 
1) Posicionar-se atrás da vítima, abraçando-a em torno do abdômen; 
2) Segurar o punho da sua outra mão e aplicar compressão contra o abdômen, entre o 
apêndice xifóide e a cicatriz umbilical no sentido superior (tórax), por quatro vezes; 
3) Estando a vítima em pé, ampliar sua base de sustentação, afastando as pernas, e 
posicionar uma entre as pernas da vítima, para evitar-lhe a queda caso fique 
inconsciente. 
27 
D) Manobras de Desobstrução de Vias Aéreas em Crianças: A remoção 
manual de material que provoque obstrução sem ser visualizado não é recomendada. 
 
Para crianças maiores de um ano, aplicar a manobra de Heimlich, de forma 
semelhante à do adulto; nos lactentes, uma combinação de palmada nas costas (face 
da criança voltada para baixo) e compressões torácicas (face voltada para cima), 
sempre apoiando a vítima no seu antebraço; mantenha-o com a cabeça mais baixa que 
o tronco, próximo a seu corpo. 
 
● Técnica: 
 
 
1) Utilizar a região hipotenar das mãos para aplicar até 05 palmadas no dorso do 
lactente (entre as escápulas); 
 
2) Virar o lactente segurando firmemente entre suas mãos e braços (em bloco); 
 
 
3) Aplicar 05 compressões torácicas, como na técnica de reanimação cardiopulmonar 
(comprima o tórax com 02 dedos sobre o esterno, logo abaixo da linha mamilar). 
 
Os passos da manobra de Heimlich para crianças maiores e os da combinação 
de palmada nas costas com compressões torácicas para lactentes devem ser repetidos 
até que o corpo estranho seja expelido ou a vítima fique inconsciente. 
Neste caso, proceder as manobras de abertura de vias aéreas, repetir os passos 
de desobstrução iniciar manobras de RCP. 
 
Desobstrução de VA de lactente – 05 palmadas no dorso, entre as escápulas. 
Desobstrução de VA de lactente – 05 compressões torácicas. 
8. RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR 
 
 
É o conjunto de manobras realizadas para estabelecer a ventilação pulmonar e 
a circulação sanguínea, tais como, respiração artificial e massagem cardíaca externa, 
manobras essas utilizadas nas vítimas em parada cardiopulmonar (morte clínica). 
A tabela abaixo mostra a evolução da morte clínica até a morte biológica e os 
vários cenários possíveis após a RCP, segundo o tempo decorrido entre a parada 
circulatória e a restauração do fluxo sanguíneo espontâneo. 
28 
A viabilidade do cérebro é que define a vida humana. Na ausência de 
intervenção terapêutica, a morte clínica é rapidamente seguida de lesão biológica 
tecidual irreversível. Essa sequência é um processo que se estende de 5 a 20 minutos 
no cérebro, de 20 a 30 minutos no coração e por horas na pele. 
Para alguns pacientes com parada cardiopulmonar e com funções neurológica e 
cardiorrespiratórias previamente preservadas, a utilização rápida das técnicas de RCP, 
seguidas de cuidados médicos definitivos, pode ser salvadora. 
Parada Respiratória: A parada respiratória evolui em alguns minutos para uma 
parada cardiopulmonar e apesar de ser a menor causa de paradas, possui resultados 
positivos quando aplicado RCP logo no início da parada, principalmente em obstrução 
de vias aéreas ou afogamento. 
 
São causas de parada respiratória por ordem de incidência: 
 
 
● Doenças do pulmão; 
● Trauma; 
● Obstrução de Vias Aéreas por inconsciência ou Corpo Estranho; 
● Acidente Cardiovascular (AVC); 
● Overdose por drogas; 
● Afogamento; 
● Inalação de fumaça; 
● Epiglotite e laringite; 
● Choque elétrico; 
 
 
Parada Cardíaca, Doenças cardíacas: são a principal causa de morte em todo o 
mundo e em cerca de 60% destas mortes ocorre uma Parada Cardíaca Súbita (PCS). A 
parada cardíaca súbita corresponde a 80% das paradas cardiopulmonares. Estas 
paradas cardíacas súbitas têm como principal causa o Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) 
e durante o infarto a grande maioria das vítimas apresenta algum tipo de fibrilação 
ventricular (FV) durante a parada. 
Nenhum tipo de RCP consegue reverter este quadro, mas garante a oxigenação 
dos tecidos até a chegada de um desfibrilador. Um RCP aplicado com alta qualidade 
pode dobrar ou triplicar as taxas de sobrevivência de PCS. 
 
Outras causas de Parada Cardíaca são: 
 
 
● Trauma direto no coração; 
29 
● Uso de Drogas. 
 
 
Sinais de Parada Cardiopulmonar São três os sinais que demonstram que uma vítima 
está em parada cardiopulmonar: 
 
● Inconsciência sem resposta a estímulo; 
● Ausência de movimentos respiratórios, ou respiração agônica; 
● Ausência de Pulso. 
 
 
Procedimentos para Ressuscitação Cardiopulmonar (RCP) 
Ressuscitação cardiopulmonar é o conjunto de manobras realizadas para 
restabelecer a ventilação pulmonar e a circulação sanguínea, tais como, respiração 
artificial e massagem cardíaca externa, manobras essas utilizadas nas vítimas em 
parada cardiopulmonar. 
RCP em Adultos Caso o socorrista esteja sozinho no local da ocorrência o 
acionamento ao SME - Sistema Médico de Emergência, para a aplicação do 
desfibrilador, é prioritário para então na sequência iniciar o RCP. 
A exceção fica para os casos de parada respiratória (OVACE, afogamento, etc.) 
em que o emprego imediato de manobras de ressuscitação tem prioridade sobre o 
acionamento do SME. O socorrista se estiver sozinho deve então executar o RCP por 
pelos menos 2 (dois) minutos antes de acionar o SME. 
Constatada PCR o socorrista deve iniciar as manobras de ressuscitação. Segundo a 
American Heart Association, em vigor no ano de 2010, o protocolo de RCP para 
socorristas treinados e proficientes: 
 
 Vítimas adultas: 
- Certifique-se que a vítima esta em local adequado para realização das manobras: 
decúbito dorsal (de costas no solo), em superfície, seca, rígida e plana. 
- Posicione-se próximo ao lado da vítima de joelhos; 
- Exponha o tórax da vítima, localize o esterno, e posicione o calcanhar de uma de 
suas mãos sobre ele. 
- Entrelace uma mão sobre a outra de forma a manter apenas o calcanhar da Mão em 
contato com a vítima. 
- Mantenha os braços firmes e perpendiculares ao corpo da vítima, sem flexioná-los 
durantes as manobras. Estas deverão ser executadas numa frequência de 30 
compressões para 2 ventilações durante 2 minutos. 
30 
- O tórax da vítima deverá ser comprimido em 5 cm. Permitindo o retorno completo do 
tórax durante as compressões. 
- A velocidade das compressões deve ser de 100/min. 
- Durante a ventilação mantenha a via aérea aberta e ventile com a bolsa de 
ressuscitação manual (AMBU) por 1 segundo. Observando a expansão torácica. 
- Após realização do primeiro ciclo de ressuscitação, 2 minutos, o socorrista deve 
reavaliar respiração e pulso da vitima, no tempo máximo de 10 segundos. 
- Não deverá ser interrompida a ressuscitação por mais que 10 segundos. 
- Caso o socorrista esteja acompanhado por outro socorrista este deverá alternar com 
o primeiro as manobras a fim de garantir a eficiência da ressuscitação. 
- No caso de não possuir a bolsa de reanimação manual, ou o socorrista não for 
proficiente, ou seja, não esteja apto para realização das manobras, deverá ser feita 
apenas as compressões torácicas, na frequência de 100/min, durante 2 minutos. 
 
Vítimas Crianças: 
 
 
- Certifique-se que a vítima esta em local adequado para realização das manobras: 
decúbito dorsal (de costas no solo), em superfície, seca, rígida e plana. 
- Posicione-se próximo ao lado da vitima de joelhos. 
- Exponha o tórax da vítima, localize o esterno, e posicione o calcanhar de uma de suas 
mãos sobre ele. 
- Mantenha os braços firmes e perpendiculares ao corpo da vítima, sem flexioná-lo 
durantes as manobras. Estas deverão ser executadas numa frequência de 30 
compressões para 2 ventilações durante 2 minutos. 
- O tórax da vítima deverá ser comprimido em 5 cm. Ou no mínimo 4 cm de seu 
diâmetro. Permitindo o retorno completo do tórax durante as compressões 
- A velocidade das compressões deve ser de 100/min. 
- Durante a ventilação mantenha a via aéreaaberta e ventile com a bolsa de 
ressuscitação manual (AMBU) por 1 segundo. Observando a expansão torácica. 
- Após realização dos primeiros ciclos de ressuscitação, 2 minutos, o socorrista deve 
reavaliar respiração e pulso da vítima, no tempo máximo de 10 segundos. 
- Não deverá ser interrompida a ressuscitação por mais que 10 segundos. 
- Caso o socorrista esteja acompanhado por outro socorrista este deverá alternar com 
o primeiro as manobras a fim de garantir a eficiência da ressuscitação. 
- No caso de não possuir a bolsa de reanimação manual, ou o socorrista não for 
proficiente, ou seja, não esteja apto para realização das manobras, deverá ser feita 
apenas as compressões torácicas, na frequência de 100/min, durante 2 minutos. 
 
 
 
 
 
 
31 
Vítima Bebê: 
 
 
- Certifique-se que a vítima está em local adequado para realização das manobras: 
decúbito dorsal (de costas no solo), em superfície, seca, rígida e plana. 
- Posicione-se próximo ao lado da vítima de joelhos. 
- Exponha o tórax da vítima, localize o esterno, e posicione os dedos polegares, tendo 
o devido cuidado para não apertar o tórax do bebê ou os dedos indicadores e médios 
sobre o esterno. 
- Mantenha os dedos indicadores e médios firmes e perpendiculares ao corpo da vítima. 
As compressões deverão ser executadas numa frequência de 30 compressões para 2 
ventilações durante 2 minutos. 
- O tórax da vítima devera ser comprimido em 4 cm. Ou no mínimo 1/3 de seu diâmetro. 
Permitindo o retorno completo do tórax durante as compressões. 
- A velocidade das compressões deve ser de 100/min. 
- Durante a ventilação mantenha a via aérea aberta e ventile com a bolsa de 
ressuscitação manual (AMBU) por 1 segundo. Observando a expansão torácica. 
- Após realização dos primeiros ciclos de ressuscitação, 2 minutos, o socorrista deve 
reavaliar respiração e pulso da vítima, no tempo máximo de 10 segundos. 
- Não deverá ser interrompida a ressuscitação por mais que 10 segundos. 
- Caso o socorrista esteja acompanhado por outro socorrista este deverá alternar com 
o primeiro as manobras a fim de garantir a eficiência da ressuscitação. 
- No caso de não possuir a bolsa de reanimação manual, ou o socorrista não for 
proficiente, ou seja, não esteja apto para realização das manobras, deverá ser feita 
apenas as compressões torácicas, na frequência de 100/min, durante 2 minutos. 
 
9. FERIMENTOS 
 
 
Qualquer rompimento anormal da pele ou superfície do corpo é chamado de 
ferimento. A maioria dessas lesões compromete os tecidos moles, a pele e os músculos. 
As feridas podem ser abertas ou fechadas. A ferida aberta é aquela na qual existe uma 
perda de continuidade da superfície cutânea. Na ferida fechada, a lesão do tecido mole 
ocorre abaixo da pele, porém não existe perda da continuidade na superfície. 
Todos os ferimentos logo que ocorrem, causam dor, produzem sangramentos e 
podem causar infecções. 
32 
As roupas sobre um ferimento deverão ser sempre removidas para que o 
socorrista possa melhor visualizar a área lesada. Remova-as com um mínimo de 
movimento. É melhor cortá-las do que tentar retirá-las inteiras, porque a mobilização 
poderá ser muito dolorosa e causar lesão e contaminação dos tecidos. 
O socorrista não deverá tocar no ferimento, caso a ferida estiver suja, ou ainda, 
se for provocada por um objeto sujo, deverá ser limpa com o uso de água e sabão. 
Diminua a probabilidade de contaminação de uma ferida, utilizando materiais limpos e 
esterilizados para fazer o curativo inicial. Todos os ferimentos devem ser cobertos por 
uma compressa (curativo universal), preparada com um pedaço de pano bem limpo ou 
gaze esterilizada. Esta compressa dever ser posicionada sobre a ferida e fixada 
firmemente com uma atadura ou bandagem. 
No socorro pré-hospitalar é indicado o uso de bandagens triangulares que podem 
ser confeccionadas em diversos tamanhos, no entanto, recomenda-se o uso de 
bandagens com base de no mínimo 1 metro de comprimento. Confeccionada em 
algodão cru com costura dupla nos acabamentos, a bandagem é largamente utilizada 
na proteção de ferimentos, quer na posição aberta (estendida) ou dobrada, 
proporcionando uma técnica de socorro rápido e seguro. 
Antes de utilizar a bandagem, o socorrista deverá proteger o ferimento com 
compressas limpas e de tamanho adequado. Deixe sempre as extremidades 
descobertas para observar a circulação e evite o uso de bandagens muito apertadas 
que dificultam a circulação sanguínea, ou ainda, as muito frouxas, pois soltam. 
Não devemos remover corpos estranhos (facas, lascas de madeira, pedaços de vidro 
ou ferragens) que estejam fixados em ferimentos. As tentativas de remoção do corpo 
estranho (objeto cravado) podem causar hemorragia grave ou lesar ainda mais nervos 
e músculos próximos a ele. Controle as hemorragias por compressão e use curativos 
volumosos para estabilizar o objeto encravado. Aplique ataduras ao redor do objeto, a 
fim de estabilizá-lo e manter a compressão, enquanto a vítima é transportada para o 
hospital, onde o objeto será removido. 
Se o ferimento provocar uma ferida aberta no tórax da vítima (ferida aspirante) 
e, for possível perceber o ar entrando e saindo pelo orifício, o socorrista deverá 
imediatamente providenciar seu tamponamento, para tal, deverá usar simplesmente a 
mão (protegida por uma luva descartável) sobre a ferida ou fazer um curativo oclusivo 
com material plástico ou papel alumínio (curativo de três pontas). Após fechar o 
ferimento no tórax, conduza a vítima com urgência para um hospital. 
Se o ferimento for na região abdominal da vítima e houver a saída de órgãos 
(evisceração abdominal), o socorrista deverá cobrir as vísceras com um curativo úmido 
e não tentar recolocá-las para dentro do abdome. Fixe o curativo com 
33 
esparadrapo ou uma atadura não muito apertada. Em seguida, transporte a vítima 
para um hospital. Não dê alimentos ou líquidos para o vitimado. 
Em alguns casos, partes do corpo da vítima poderão ser parcialmente ou 
completamente amputadas. Às vezes, é possível, por meio de técnicas microcirúrgicas, 
o reimplante de partes amputadas. Quanto mais cedo à vítima, junto com sua parte 
amputada, chegar ao hospital, melhor. Conduza a parte amputada protegida dentro de 
um saco plástico com gelo moído. O frio ajudará a preservar o membro. Não deixe a 
parte amputada entrar em contato direto com o gelo. Não lave a parte amputada e não 
ponha algodão em nenhuma superfície em carne viva. 
Em casos de esmagamento (normalmente encontrados nos acidentes de 
trânsito, acidentes de trabalho, desabamentos e colapsos estruturais), se a vítima ficar 
presa por qualquer período de tempo, duas complicações muito sérias poderão ocorrer. 
Primeiro, a compressão prolongada poderá causar grandes danos nos tecidos 
(especialmente nos músculos). Logo que essa pressão deixa de ser exercida, a vítima 
poderá desenvolver um estado de choque, à medida que o fluido dos tecidos vá 
penetrando na área lesada. Em segundo lugar, as substâncias tóxicas que se 
acumularam nos músculos são liberadas e entram na circulação, podendo causar um 
colapso nos rins (processo grave que poderá ser fatal). 
 
O tratamento merecido por uma vítima com parte do corpo esmagado é o seguinte: 
 
 
1. Evite puxar a vítima tentando liberá-la. Solicite socorro especializado para 
proceder ao resgate (emergência fone 193); 
2. Controle qualquer sangramento externo; 
 
 
3. Imobilize qualquer suspeita de fratura; Trate o estado de choque e promova 
suporte emocional à vítima; 
 
4. Conduza a vítima com urgência para um hospital. 
 
 
CORPOS ESTRANHOS 
 
 
A penetração de corpos estranhos no corpo humano é um tipo de acidente muito 
comum e pode ocorrer nas circunstâncias mais inesperadas. Vários tipos de objetos 
estranhos ao nosso corpo podem penetrar acidentalmente nos olhos, ouvidos, nariz e 
garganta. São pequenas partículas, de variada origem e constituiçãofísica que, muitas 
vezes, apesar de aparentemente inofensivas devido ao tamanho, podem 
34 
causar danos físicos e desconforto sério. É importante o rápido reconhecimento do 
corpo estranho que tenha penetrado no corpo (Quadro X). Em todos os casos de 
atendimento é preciso agir com precisão, manter a calma e tranquilizar o acidentado. O 
conhecimento e a serenidade sobre o que está fazendo são fundamentais para o 
trabalho de primeiros socorros. 
Quadro X - Tipos de corpos estranhos 
Olhos 
Os olhos são os órgãos que estão mais em contato com o trabalho e, portanto, 
mais susceptíveis de receber corpos estranhos. Qualquer corpo estranho que penetre 
ou respingue nos olhos de uma pessoa constitui um acidente doloroso, e muitas vezes, 
consequências desastrosas. 
A atividade de quem for prestar os primeiros socorros na remoção de corpos 
estranhos dos olhos de um acidentado deve-se limitar exclusivamente às manobras que 
serão explicadas a frente. O uso de instrumentos como agulhas, pinças, ou outros 
semelhantes só podem se utilizados por profissional de saúde. Todo cuidado é pouco 
nas manobras de remoção de corpos estranhos dos olhos. Qualquer atendimento mal 
feito ou descuidado pode provocar lesões perigosas na córnea, conjuntiva e esclerótica. 
 
Primeiros Socorros 
 
 
A primeira coisa a ser feita ao se atender um acidentado que reclame de corpo 
estranho no olho é procurar reconhecer o objeto e localizá-lo visualmente. Em seguida, 
pede-se à vítima que feche e abra os olhos repetidamente para permitir que 
35 
as lágrimas lavem os olhos e, possivelmente, removam o corpo estranho. Muitas 
vezes a natureza e o local de alojamento do corpo estranho não permitem o lacrimejar, 
pois pode provocar dor intensa e até mesmo lesão de córnea, nestes casos não se deve 
insistir para a vítima pestanejar. Se for possível, lave o olho com água corrente. 
Se o corpo estranho não sair, o olho afetado deve ser coberto com curativo 
oclusivo e a vítima encaminhada para atendimento especializado. Muitas vezes o corpo 
estranho está localizado na superfície do olho, especialmente na córnea e na conjuntiva 
palpebral superior. O corpo estranho localizado na córnea não deverá ser retirado. O 
procedimento a ser adotado é o seguinte: 
 
· Manter o acidentado calmo e tranquilo. Manter-se calmo. 
· Não retirar qualquer objeto que esteja na córnea. 
· Não tocar no olho do acidentado nem deixar que ela o faça. 
· Não tocar no objeto. 
· Encaminhar o acidentado para atendimento especializado, se possível com uma 
compressa de gaze, lenço ou pano limpo cobrindo o olho afetado sem comprimir, fixando 
sem apertar. O próprio acidentado poderá ir segurando a compressa Se o corpo 
estranho não estiver na córnea, ele pode ser procurado na pálpebra inferior. Se estiver 
lá, pode-se removê-lo com cuidado, procedendo da seguinte maneira: 
· Lavar bem as mãos com água e sabão. 
· Tentar primeiramente remover o objeto com as lágrimas, conforme instruído 
anteriormente. 
· Se não sair, podem-se usar hastes flexíveis com ponta de algodão ou a ponta limpa 
de um lenço retorcido. 
· Enquanto puxa-se a pálpebra para baixo, retira-se o objeto cuidadosamente. 
Se o objeto estiver na pálpebra superior será necessário fazer a eversão da pálpebra 
para localizá-lo e removê-lo, com explicado a seguir: 
· Levantar a pálpebra superior, dobrando-a sobre um cotonete ou palito de fósforo. 
· Quando o objeto aparecer, removê-lo com o auxílio de outro cotonete ou ponta de 
tecido ou de lenço limpo, retorcido. 
· Se houver risco de lesão ou dor excessiva, suspender a manobra e encaminhar para 
socorro especializado. 
· Ao encaminhar o acidentado para atendimento especializado, deve- se cobrir o olho 
afetado com gaze ou pano limpo. 
Qualquer líquido que atingir o olho deve ser removido imediatamente. O olho 
deve ser lavado em água corrente de uma pia, ou no jato de água corrente feito com a 
mão espalmada sob a torneira. Em muitos laboratórios existe o chuveiro lava-olhos 
36 
para onde o acidentado deverá ser levado, sempre que possível. Uma alternativa para 
estas opções é fazer com que o acidentado mantenha o rosto, com o olho afetado, 
debaixo d'água, mandando-o abrir e fechar repetidamente o olho. Qualquer 
procedimento de lavagem de olhos para retirada de líquido estranho deverá ser feito no 
mínimo por 15 minutos. Não se pode perder tempo procurando saber que tipo de líquido 
caiu no olho do acidentado. Providenciar a lavagem imediatamente. Após a lavagem, 
com o olho coberto por gaze, o acidentado deve ser encaminhado para socorro 
especializado. A falta de atendimento e posterior tratamento adequado nos casos de 
corpos estranhos oculares podem, em determinadas circunstâncias, causar graves 
problemas aos olhos. 
Estes problemas podem ir desde dificuldades óticas corrigíveis com lentes, até 
a perda da visão ou mesmo do próprio olho. Um corpo estranho no olho, além de 
conduzir microrganismos, pode causar abrasão na superfície da córnea que pode vir a 
infeccionar e causar desde uma úlcera da córnea até panoftalmite (inflamação do olho); 
muitas vezes uma vítima reclama da presença de um corpo estranho no olho, que não 
é encontrado. O corpo estranho pode já ter saído, mas causou abrasão da córnea. O 
encaminhamento ao médico para prova de fluoresceína deve ser imediato nestes casos. 
 
Ouvidos 
Corpos estranhos podem penetrar acidentalmente também nos ouvidos, 
especialmente na área correspondente ao conduto auditivo externo. Estes acidentes 
são mais comuns com crianças. Insetos, sementes, grãos de cereais e pequenas pedras 
podem se alojar no ouvido externo. Muitas vezes, cerume endurecido é confundido com 
um corpo estranho. Ele causa perturbação na função auditiva e desconforto. Devemos 
determinar com a maior precisão possível a natureza do corpo estranho. Todos os 
procedimentos de manipulação de corpo estranho no ouvido devem ser realizados com 
extrema cautela. Erros de conduta e falta de habilidade na realização de primeiros 
socorros podem ocasionar danos irreversíveis à membrana timpânica com consequente 
prejuízo da audição, temporário ou permanente. 
Não usar qualquer instrumento na tentativa de remover corpo estranho do 
ouvido. Não se usam pinças, tesouras, palitos, grampos, agulhas, alfinetes. O uso de 
instrumentos 
É atribuição particular de pessoal especializado. A improvisação geralmente 
resulta em desastres irreversíveis. Devido à sua posição totalmente exposta, o ouvido 
externo está frequentemente sujeito a lesões como contusões, cortes, feridas, 
queimaduras por calor e por frio. A contusão do pavilhão auricular geralmente provoca 
37 
hemorragia subcutânea e subpericondral. O hematoma, ou otohematoma, que resulta 
desta hemorragia tem a aparência de um inchaço rígido que compromete toda a orelha, 
exceto o lóbulo. Devem-se aplicar compressas com bandagens e encaminhar para 
atendimento especializado. 
Primeiros Socorros 
 
 
O acidentado com objeto estranho no ouvido deve ser deitado de lado com o 
ouvido afetado para cima. Se o objeto for visível, pode-se tentar retirá-lo delicadamente 
para não forçá-lo mais para dentro, com as pontas dos dedos. Se o objeto não sair ou 
houver risco de penetrar mais, deve-se procurar socorro especializado. É comum 
insetos vivos alojarem-se no ouvido. Nestes casos uma manobra que tem dado 
resultado é acender uma lanterna em ambiente escuro, bem próximo ao ouvido. A 
atração da luz trará o inseto para fora. 
 
Nariz 
 
 
Corpos estranhos no nariz também ocorrem com mais frequência em crianças; 
geralmente causam dor, crises de espirro e coriza. Podem resultar em irritação se não 
forem removidos imediatamente. Insetos podem se alojar nas narinas de crianças e 
adultos, indiferentemente. Não usar instrumentos como pinça tesoura, grampo ou 
similar. A conduta correta é comprimir com o dedo a narina não obstruída e pedir o 
acidentado para assoar, semforçar, pela narina obstruída. Normalmente este 
procedimento ajuda a expelir o corpo estranho. Se o corpo estranho não puder sair com 
facilidade, devemos procurar auxílio médico imediatamente. Manter a vítima calma, 
cuidando para que não inale o corpo estranho. Não permitir que a vítima assoe com 
violência. A vítima deverá aspirar calmamente pela boca, enquanto se aplicam as 
manobras para expelir o corpo estranho. 
 
10. QUEIMADURAS 
 
 
Queimadura é toda lesão provocada pelo contato direto com alguma fonte de 
calor ou frio, produtos químicos, corrente elétrica, radiação, ou mesmo alguns animais 
e plantas (como larvas, água-viva, urtiga), entre outros. Se a queimadura atingir 10% do 
corpo de uma criança ela corre sério risco. Já em adultos, o risco existe se a área 
atingida for superior a 15%. 
 
Tipos de queimaduras: 
38 
- Queimaduras térmicas: são provocadas por fontes de calor como o fogo, líquidos 
ferventes, vapores, objetos quentes e excesso de exposição ao sol; 
- Queimaduras químicas: são provocadas por substância química em contato com a 
pele ou mesmo através das roupas; - Queimaduras por eletricidade: são provocadas por 
descargas elétricas. 
 
Graus de queimadura 
 
 
As queimaduras são classificadas de acordo com a sua profundidade e tamanho, 
sendo geralmente mensuradas pelo percentual da superfície corporal acometida. 
Classicamente as queimaduras são classificadas em 1º, 2º e 3º graus, de acordo com a 
camada de pele acometida. 
Queimaduras de primeiro grau: também chamada de queimadura superficial, são 
aquelas que envolvem apenas a epiderme, a camada mais superficial da pele. Os 
sintomas da queimadura de primeiro grau são intensa dor e vermelhidão local, mas com 
palidez na pele quando se toca. 
A lesão da queimadura de 1º grau é seca e não produz bolhas. Geralmente 
melhoram após 3 a 6 dias, podendo descamar e não deixam sequelas. 
Queimaduras de 2º grau: atualmente é dividida em 2º grau superficial e 2º grau 
profundo. A queimadura de 2º grau superficial é aquela que envolve a epiderme e a 
porção mais superficial da derme. Os sintomas são os mesmos da queimadura de 1º 
grau incluindo ainda o aparecimento de bolhas e uma aparência úmida da lesão. A cura 
é mais demorada podendo levar até 3 semanas; não costuma deixar cicatriz mas o local 
da lesão pode ser mais claro. 
As queimaduras de 2º grau profundas são aquelas que acometem toda a derme, 
sendo semelhantes às queimaduras de 3º grau. Como há risco de destruição das 
terminações nervosas da pele, este tipo de queimadura, que é bem mais grave, pode 
até ser menos doloroso que as queimaduras mais superficiais. As glândulas sudoríparas 
e os folículos capilares também podem ser destruídos, fazendo com a pele fique seca e 
perca seus pelos. A cicatrização demora mais que 3 semanas e costuma deixas 
cicatrizes. 
Queimaduras de 3º grau: são as queimaduras profundas que acometem toda a 
derme e atingem tecidos subcutâneos, com destruição total de nervos, folículos pilosos, 
glândulas sudoríparas e capilares sanguíneos, podendo inclusive atingir músculos e 
estruturas ósseas. São lesões esbranquiçadas/acinzentadas, secas, 
39 
indolores e deformantes que não curam sem apoio cirúrgico, necessitando de 
enxertos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Extensão da queimadura 
 
 
Além da profundidade da queimadura, também é importante a extensão da lesão. Todo 
paciente com lesões de 2º ou 3º grau devem ser avaliados em relação ao percentual da 
área corporal atingida, de acordo com o diagrama exposto ao lado. Quanto maior a 
extensão das queimaduras, maiores os riscos de complicações e morte. 
O diagrama não tem valor para queimaduras de 1º grau ou queimaduras solares. Não é 
preciso entrar em pânico se após um dia de sol você ficar com mais de 50% do corpo 
queimado. 
Se as queimaduras não acometem uma região inteira do corpo, um modo 
simples de calcular a extensão da lesão é usar a área de uma palma da mão como 
equivalente a 1% da superfície corporal. 
 
A classificação de gravidade é feita da seguinte modo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
a) Queimadura leve: 
- Menos de 10% da superfície corporal de um adulto com queimaduras de 2º grau; 
- Menos de 5% da superfície corporal de uma criança ou idoso com queimaduras de 2º 
grau; 
- Menos de 2% da superfície corporal com queimaduras de 3º grau. 
b) Queimadura moderada: 
- 10 a 20% da superfície corporal de um adulto com queimaduras de 2º grau; 
- 5 to 10% da superfície corporal de uma criança ou idoso com queimaduras de 2º 
grau; 
- 2 a 5% da superfície corporal com queimaduras de 3º grau; 
- Suspeita de queimaduras do trato respiratório por inalação de ar quente; 
- Queimaduras leves em pacientes com doenças que predisponham infecções como 
imunossupressão, diabetes ou anemia falciforme; 
- Queimaduras em formato circunferencial, tipo pulseira, colar ou bracelete. 
 
 
c) Queimadura grave: 
- Mais de 20% da superfície corporal de um adulto com queimaduras de 2º grau; 
- Mais de 10% da superfície corporal de uma criança ou idoso com queimaduras de 2º 
grau; 
- Mais de 5% da superfície corporal com queimaduras de 3º grau; 
- Queimaduras elétricas por alta voltagem; 
- Queimaduras comprovadas do trato respiratório por inalação de ar quente; 
- Queimaduras significativas na face, olhos, orelhas, genitália ou articulações; 
- Outras graves lesões associadas a queimadura, como fraturas e traumas. 
 
 
d) Complicações das grandes queimaduras; 
A pele é o maior órgão do nosso corpo, serve de barreira contra a invasão de 
germes do exterior e contra a perda de calor e líquidos, sendo essencial para o controle 
da temperatura corporal. Qualquer paciente com critérios para queimaduras moderadas 
ou graves deve ser internado para receber tratamento imediato, pois há sério risco de 
complicações. 
O primeiro problema das queimaduras é a quebra da barreira de proteção contra 
germes do ambiente, favorecendo a infecção das feridas por bactérias da pele e o 
desenvolvimento da sepse. 
Outra complicação é a grande perda de líquidos dos tecidos queimados. Quando 
a queimadura é extensa, a saída de água dos vasos é tão intensa que o 
41 
paciente pode entrar em choque circulatório. A insuficiência renal aguda também é 
uma complicação grave nos grandes queimados, assim como a hipotermia por 
incapacidade do corpo em reter calor devido a grandes áreas de pele queimada. 
Quando a área do tórax e do pescoço são acometidas por queimaduras mais 
profundas, a cicatrização torna a pele muito rígida e retraída, o que pode atrapalhar os 
movimentos da respiração. Neste caso é necessária a escarotomia, uma incisão 
cirúrgica da pele de modo a impedir a que a falta de elasticidade da mesma cause 
compressão das estruturas internas. Como as mãos são áreas de intensa articulação e 
movimento, cicatrizações de queimaduras podem ser muito limitantes. Por isso, este 
tipo de queimadura deve sempre ser avaliado por um médico. 
Queimaduras circunferenciais são perigosas, pois há risco de compressão de 
estruturas internadas devido ao inchaço que qualquer queimadura provoca. Nos 
membros podem comprimir nervos e vasos. No pescoço podem comprimir as vias 
aéreas. 
Outra grave complicação é a queimadura por inalação de ar quente que pode 
impedir o paciente de conseguir respirar adequadamente, seja por lesão direta dos 
pulmões ou por edema e obstrução das vias aéreas. 
Quando as lesões são de 3º grau a pele não é capaz de se curar sozinha, sendo 
necessária a implantação de enxertos de pele para que o interior do organismo não fique 
exposto ao meio externo. Também é essencial a vacinação contra o tétano. 
 
Definição de queimadura leve (queimadura simples) 
 
 
A maioria das pessoas pensa que uma queimadura leve (ou queimadura simples) 
é algo como aquelas pequenas queimaduras que ocorrem ao se encostar em uma 
panela quente ou após um dia de sol sem protetor solar. Na verdade,

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