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INT_GES_SOC_COMP_2015

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Introdução à
Gestão Socioambiental
Créditos
Centro Universitário Senac São Paulo – Educação Superior a Distância
Diretor Regional 
Luiz Francisco de Assis Salgado
Superintendente Universitário 
e de Desenvolvimento 
Luiz Carlos Dourado
Reitor 
Sidney Zaganin Latorre
Diretor de Graduação 
Eduardo Mazzaferro Ehlers
Diretor de Pós-Graduação e Extensão 
Daniel Garcia Correa
Gerentes de Desenvolvimento 
Claudio Luiz de Souza Silva 
Luciana Bon Duarte 
Roland Anton Zottele 
Sandra Regina Mattos Abreu de Freitas
Coordenadora de Desenvolvimento 
Tecnologias Aplicadas à Educação 
Regina Helena Ribeiro
Coordenador de Operação 
Educação a Distância 
Alcir Vilela Junior
Professores Autores 
Edson Luiz Pizzigatti Corrêa 
Simone Sartori
Revisor Técnico 
Renato Arnaldo Tagnin
Técnica de Desenvolvimento 
Elizabeth Ribeiro
Coordenadoras Pedagógicas 
Ariádiny Carolina Brasileiro Silva 
Izabella Saadi Cerutti Leal Reis 
Nivia Pereira Maseri de Moraes 
Otacília da Paz Pereira
Equipe de Design Educacional 
Alexsandra Cristiane Santos da Silva 
Ana Claudia Neif Sanches Yasuraoka 
Angélica Lúcia Kanô 
Anny Frida Silva Paula 
Cristina Yurie Takahashi 
Diogo Maxwell Santos Felizardo 
Flaviana Neri 
Francisco Shoiti Tanaka 
Gizele Laranjeira de Oliveira Sepulvida 
Hágara Rosa da Cunha Araújo 
Janandrea Nelci do Espirito Santo 
Jackeline Duarte Kodaira 
João Francisco Correia de Souza 
Juliana Quitério Lopez Salvaia 
Jussara Cristina Cubbo 
Kamila Harumi Sakurai Simões 
Katya Martinez Almeida 
Lilian Brito Santos 
Luciana Marcheze Miguel 
Mariana Valeria Gulin Melcon 
Mônica Maria Penalber de Menezes 
Mônica Rodrigues dos Santos 
Nathália Barros de Souza Santos 
Rivia Lima Garcia 
Sueli Brianezi Carvalho 
Thiago Martins Navarro 
Wallace Roberto Bernardo
Equipe de Qualidade 
Ana Paula Pigossi Papalia 
Josivaldo Petronilo da Silva 
Katia Aparecida Nascimento Passos
Coordenador Multimídia e Audiovisual 
Ricardo Regis Untem
Equipe de Design Audiovisual 
Adriana Mitsue Matsuda 
Caio Souza Santos 
Camila Lazaresko Madrid 
Carlos Eduardo Toshiaki Kokubo 
Christian Ratajczyk Puig 
Danilo Dos Santos Netto 
Hugo Naoto Takizawa Ferreira 
Inácio de Assis Bento Nehme 
Karina de Morais Vaz Bonna 
Marcela Burgarelli Corrente 
Marcio Rodrigo dos Reis 
Renan Ferreira Alves 
Renata Mendes Ribeiro 
Thalita de Cassia Mendasoli Gavetti 
Thamires Lopes de Castro 
Vandré Luiz dos Santos 
Victor Giriotas Marçon 
William Mordoch
Equipe de Design Multimídia 
Alexandre Lemes da Silva 
Cristiane Marinho de Souza 
Emília Correa Abreu 
Fernando Eduardo Castro da Silva 
Mayra Aoki Aniya 
Michel Iuiti Navarro Moreno 
Renan Carlos Nunes De Souza 
Rodrigo Benites Gonçalves da Silva 
Wagner Ferri
Introdução à Gestão Socioambiental
Aula 01
Processos Interativos Homem-Ambiente
Objetivos Específicos
• Situação global – compreender os principais desafios socioambientais 
planetários
Temas
Introdução
1 A interação homem e ambiente
2 Busca de respostas e alternativas para os problemas ambientais
Considerações finais
Referências
Edson Luiz Pizzigatti Corrêa
Professor Autor
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Introdução à Gestão Socioambiental
3
Introdução
Gerir os recursos socioambientais é um desafio cada vez mais importante nos preceitos 
do desenvolvimento sustentável. Por esse motivo, é fundamental a compreensão do tema no 
contexto atual. 
O objetivo desta aula é trazer um panorama do meio ambiente, falar das mudanças 
climáticas, como matéria central, e conceituar os aspectos ecológicos e ambientais. Além 
disso, a interação homem e ambiente, considerando o aumento populacional promovido 
com o advento da Revolução Industrial e os desafios para o século XXI, serão outros assuntos 
também abordados aqui.
Boa leitura!
1 A interação homem e ambiente
A humanidade é parte do complexo conhecido como biosfera – parte do planeta onde 
há vida. Na biosfera, há uma biodiversidade que possui interações ecológicas1: as diferentes 
espécies presentes se organizam em ecossistemas, nos quais se relacionam e criam dinâmicas 
de equilíbrio, que limitam ou promovem o crescimento das diversas populações dentro de 
uma comunidade2. Essa dinâmica é regida pela disponibilidade de recursos naturais (insumos 
minerais, vegetais e animais).
Os impactos sobre o meio ambiente pela ação antrópica, ou seja, promovido pelo 
homem, são ampliados com as mudanças tecnológicas e com o aumento da população. Com 
o advento da Revolução Industrial no final do século XVII gerando mudanças tecnológicas e 
sociais, e com a invenção da máquina a vapor, a produtividade da mão de obra e o consumo 
dos recursos ambientais foram ampliados, estimulando o crescimento da população.
Este contexto, notadamente a partir do final do século XVII e início do século XVIII, impôs 
desafios para a manutenção das condições ecológicas nas quais evoluímos como espécie.
Em 1798, Thomas Malthus, um economista britânico, escreveu um ensaio criticando o 
modelo civilizatório. A crítica era alicerçada na ideia de que a produção de alimentos crescia 
linearmente (progressão aritmética), enquanto a população crescia exponencialmente 
(escala geométrica), resultando na incapacidade de suprir as necessidades de alimento no 
futuro, forçando à diminuição da população por escassez. As críticas ao modelo de Malthus 
consideram que o crescimento na produção de alimentos é influenciado pelo desenvolvimento 
1 Essas relações podem ser entre a mesma espécie (intraespecíficas) ou diferentes espécies (interespecíficas). Em ambos os tipos pode haver 
benefícios (para apenas um ou para os dois organismos que participam) ou prejuízos para um dos participantes. Essas relações evoluíram como 
estratégias de sobrevivência, criando uma interdependência entre indivíduos de uma mesma espécie, por exemplo, das formigas e abelhas que 
cooperam entre si para sobreviver em colônias ou, ainda, espécies parasitas que dependem de um hospedeiro para se desenvolver e reproduzir.
2 Em ecologia, comunidade corresponde ao conjunto de indivíduos de diferentes espécies que compõe um ecossistema, interagindo entre si.
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Introdução à Gestão Socioambiental
4
da tecnologia, criando saltos de produtividade que rompem com a linearidade do crescimento 
da produção de alimentos. A má distribuição da renda, gerando uma parcela desfavorecida 
que não acessa recursos como a alimentação, também é apontada como crítica a essa teoria 
(MORAN, 2011, p. 56-62).
Tabela 1 – Crescimento da população humana até sua estabilização
Ano População em bilhões
1804 1
1927 2
1959 3
1974 4
1987 5
1999 6
2011 7
Fonte: ONU (2011).
Após a Revolução Industrial, a população humana se eleva a patamares nunca vistos 
antes, chegando ao número de 1 bilhão de habitantes já no início do século XVIII. Já a partir 
da segunda metade do século XX, há um aceleramento no crescimento populacional em 
níveis nunca experimentados pela civilização humana (gráfico 1). Tal crescimento, aliado às 
mudanças tecnológicas que ampliaram a demanda por energia e a globalização da economia, 
aumentaram a queima de combustível fóssil. Esses fatores pressionam a disponibilidade de 
recursos, assim como geram mudanças ambientais, como será descrito adiante.
Em 1972, foi publicado o relatório “Os limites do crescimento”, também conhecido como 
“Relatório Meadows”3, um documento que tratava de problemas que surgiam como gargalos 
para o desenvolvimento da humanidade. Entre eles, destacava-se a disponibilidade de recursos, 
como energia, poluição, saneamento, saúde, ambiente, tecnologia e crescimento populacional.
O relatório sustentava a ideia de que, se nada fosse feito para deter o rápido crescimento 
industrial, a escassez de alimentos, o esgotamento dos recursos não renováveis (a exemplo 
do petróleo) e a deterioração do meio ambiente, o limite para o crescimento da população 
humana seria alcançado em algum momento nos próximos 100 anos.
No mesmo ano, na cidade de Estocolmo, foi realizadaa Conferência das Nações Unidas 
sobre Desenvolvimento e Meio Ambiente Humano. No evento, foram considerados aspectos 
como a qualidade do ambiente humano, destacando o aumento da poluição no planeta e a 
degradação da natureza como um todo.
3 Dennis L. Meadows chefiou a equipe de pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology, responsáveis pela publicação. Esse grupo 
participava do chamado Clube de Roma, fundado em 1968, e composto por pessoas ilustres de vários países.
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5
Gráfico 1 – Estimativa e projeção da população por área geográfica, com variante média, 1950-2100 (em bilhões) 
1950 1960 1970 1980 1990 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
1,0
0,5
1,5
0
2,0
3,0
2,5
4,5
4,0
3,5
5,0
5,5 A
B
DC
E
F
Ásia ÁfricaA B
América Latina
e o Caribe
C EuropaD América do NorteE OceaniaF
Fonte: ONU (2011).
Segundo a Organização das Nações Unidas, a população humana deverá continuar 
crescendo, chegando a 10 bilhões de pessoas até o final deste século.
O rápido crescimento da população mundial é fenômeno recente. Há cerca de 2.000 
anos, a população mundial era de cerca de 300 milhões. Foram necessários mais 
de 1.600 anos para que ela duplicasse para 600 milhões. O rápido crescimento da 
população mundial teve início em 1950, com reduções de mortalidade nas regiões 
menos desenvolvidas, o que resultou numa população estimada em 6,1 bilhões no 
ano de 2000, quase duas vezes e meia a população de 1950. Com o declínio da 
fecundidade na maior parte do mundo, a taxa de crescimento global da população 
tem decrescido desde seu pico de 2,0%, observado no quinquênio 1965-1970. 
(ONU, 2011, p. 2).
O consumo dos recursos naturais, a emissão de poluentes e o desflorestamento iniciados 
no modelo de civilização industrial começaram a se mostrar degradantes ao ambiente. A 
destruição dos ambientes naturais pela caça, pesca, extração de vegetais e minerais para o 
abastecimento das indústrias com matérias-primas e energia passaram a afetar as populações 
de espécies animais e vegetais, desequilibrando as relações ecológicas, além de alterar 
as condições ambientais. Muitas espécies estão ameaçadas, ou foram levadas à extinção 
completa devido à sua exploração e/ou à destruição dos seus habitats.
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6
Gráfico 2 – Número de espécies da fauna brasileira extintas e ameaçadas de extinção, segundo as categorias de risco
Vulnerável Em perigo Criticamente
em perigo
Extinta Extinta na
natureza
0
50
100
150
200
250
300
350
Fonte: Brasil (2005).
Atualmente, a exploração exacerbada dos recursos e a poluição dos compartimentos 
ambientais (solo, água e ar) evidenciam a limitação dos recursos e as ameaças das mudanças 
ambientais promovidas pela ação humana. O aumento da temperatura média global, a alteração 
no regime de chuvas, a desertificação, o derretimento das calotas polares, a acidificação dos 
mares e a inundação das regiões costeiras são exemplos de desafios previstos para o futuro 
próximo. Essas alterações no ambiente, segundo estudos do Painel Intergovernamental sobre 
Mudanças Climáticas − IPCC4, são causas diretas do aquecimento global.
Nesse contexto, é inquietante a perspectiva de que “[…] a humanidade, totalmente 
despreparada por suas tradições humanistas, enfrenta seu maior teste. A aceleração da mudança 
climática agora em andamento abolirá o meio ambiente familiar e acolhedor ao qual nos 
adaptamos” (LOVELOCK, 2006, p. 20). Lovelock ainda completa a afirmação considerando que:
É quase como se tivéssemos acendido uma lareira para nos aquecermos e não 
percebêssemos, ao empilharmos o combustível, que o fogo se descontrolou e a 
mobília se incendiou. Quando isso acontece, sobra pouco tempo para apagar o fogo 
antes que ele consuma a própria casa. O aquecimento global, como um incêndio, está 
se acelerando, e quase não resta mais tempo para reação. (LOVELOCK, 2006, p. 20).
2 Busca de respostas e alternativas para os problemas ambientais
Lovelock (2006) sustenta a hipótese de que a terra se comporta como um ser vivo, 
mantendo estáveis as condições climáticas e biogeoquímicas (homeostase), defendendo que 
as alterações ambientais geradas pelas ações antrópicas provocam respostas (feedbacks) na 
forma de alterações que podem levar à extinção da espécie humana.
4 A sigla deriva da denominação em inglês: Intergovernmental Panel on Climate Change. É uma organização científico-política, vinculada 
à ONU e criada em 1988, por iniciativa do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, com a finalidade de sintetizar e divulgar o 
conhecimento mais avançado sobre as mudanças climáticas, em especial, o aquecimento global, apontando suas causas e efeitos para o meio 
ambiente e a humanidade, assim como sinalizando ações e alternativas.
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Introdução à Gestão Socioambiental
7
O conhecimento científico, o acompanhamento de eventos como desastres ambientais, 
assim como as demandas da sociedade, têm norteado a elaboração das ações e dos 
procedimentos relativos à regulamentação do uso dos recursos ambientais em todas as 
esferas. As demandas de ações e políticas têm se concentrado em diversos temas.
O aquecimento global pauta as discussões em escala global, visando aos prognósticos 
para este século. A emissão de gases de efeito estufa (dióxido de carbono, metano e oxido 
nitroso são os principais) é fonte das preocupações em relação às mudanças climáticas. 
Segundo os dados compilados pelo IPCC:
As concentrações atmosféricas globais de dióxido de carbono, metano e óxido nitroso 
aumentaram bastante em consequência das atividades humanas, desde 1750, e 
agora ultrapassam em muito os valores pré-industriais, determinados com base em 
testemunhos de gelo de milhares de anos. Os aumentos globais da concentração 
de dióxido de carbono se devem principalmente ao uso de combustíveis fósseis e à 
mudança no uso da terra. Já os aumentos da concentração de metano e óxido nitroso 
são devidos principalmente à agricultura. (IPCC, 2007, p. 3).
As emissões de gases de efeito estufa no Brasil são verificadas em várias atividades 
humanas. O desmatamento e a atividade agropecuária são as que mais contribuem, seguidos 
pela produção de energia e pelos processos industriais (gráfico 3).
Gráfico 3 – Estimativas das emissões líquidas de origem antrópica de gás carbônico (CO2) por ano, por setor de emissão 
no Brasil – 1995/2005
1990 1994 2000 2006
0
200 000
400 000
600 000
800 000
1 200 000
1 000 000
1 400 000
1 600 000
1 800 000
Gg
B
C
A
EnergiaA
Processos
industriais
B
Mudanças no uso
da terra e florestas
C
Nota: Gg = 1000 t - (1) Os dados de emissão de gás carbônico não são representáveis, correspondendo a 24 Gg, 63 Gg, 92 Gg e 110 Gg
para 1990, 1994, 2000 e 2006, respectivamente.
Tratamento 
de resíduos (1)
D
Fonte: Brasil, 2010.
São diversas as consequências do incremento nas concentrações de gases de efeito 
estufa na atmosfera, relatadas pelo IPCC. Dentre os principais fenômenos climáticos que 
devemos acompanhar no futuro próximo estão:
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Introdução à Gestão Socioambiental
8
Dias e noites frios em menor quantidade e mais quentes na maior parte das áreas terrestres; 
Dias e noites quentes mais frequentes e mais quentes na maior parte das áreas terrestres; 
Surtos de calor/ondas de calor (a frequência aumenta na maior parte das áreas terrestres); 
Eventos de precipitação extrema (a frequência ou a proporção do total
de chuva das precipitações fortes aumenta na maior parte das áreas); 
A área afetada pelas secas aumenta; 
A atividade intensa dos ciclones tropicais aumenta e também,
a incidência de nível extremamente alto do mar. 
As implicações econômicas, sociais e ambientais desses fenômenos são impactantes, 
afetando a produção de alimentos, o aumento da migraçãode populações de áreas de risco, 
a disseminação de vetores de doenças infecciosas, como a dengue, malária e febre amarela, 
a diminuição da disponibilidade hídrica etc.
Segundo dados compilados pelo IPCC, as temperaturas médias anuais, assim como o 
nível dos oceanos têm aumentado de forma notória, a partir da segunda metade do século 
passado (gráfico 4), exigindo ações para sua mitigação.
Gráfico 4 – Mudanças na temperatura, no nível do mar e na cobertura de neve do Hemisfério Norte
(a) Temperatura média global 14,5
14,0
13,5
40
36
32
(b) Média global do nível do mar
Tem
peratura (ºC)
D
ife
re
nç
a 
de
 1
96
1 
a 
19
90
(m
m
)
0,5
0,0
- 0,5
50
- 50
- 100
- 150
4
- 4
1850 1900 1950
Ano
2000
0
0
(º
C)
(m
ilhões de km
2)(m
ilh
õe
s 
de
 k
m
2)
(c) Cobertura de neve do Hemisfério Norte
Fonte: IPCC (2007).
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9
No Brasil, questões como o desmatamento de florestas; a ameaça a biomas, como a mata 
atlântica e o cerrado; a perda de biodiversidade; a degradação dos solos pela agricultura; a 
escassez de água; a contaminação hídrica pelos lançamentos de efluentes provenientes de 
centros urbanos e industriais; e a poluição do ar em grandes centros urbanos são apontados 
como questões ambientais importantes.
Atividades econômicas têm degradado o ambiente, a exemplo da eliminação de grandes 
áreas de florestas ou outro tipo de formação natural para a exploração agropecuária, do 
extrativismo desordenado, da ampliação de malha viária, da expansão urbana, dos incêndios, 
da formação de lagos de hidroelétricas e da mineração de superfície. Tanto espécies animais 
como vegetais, que dependem da existência das condições iniciais para sua existência, 
reduzem sua população e podem passar a ser ameaçadas, conforme a sua capacidade de se 
adaptar às mudanças ambientais (resiliência).
Gráfico 5 – Desflorestamento bruto acumulado na Amazônia Legal – 1991-2011
19
91
0
100 000
200 000
300 000
400 000
600 000
500 000
700 000
800 000
Km2
Nota: Para os anos de 1992 a 1994, o incremento anual da área desflorestada foi calculado como a média simples
 do desflorestamento total do período.
(1) As taxas apresentadas são valores estimados baseados na análise de 97 das 214 imagens Landsat que cobrem
 a Amazônia Legal.
19
93
19
92
19
94
19
95
19
96
19
97
19
98
20
00
19
99
20
01
20
02
20
03
20
04
20
05
20
07
20
06
20
08
20
09
20
10
20
11
 (1
)
Fonte: INPE (2011).
Apesar da diminuição da taxa de desflorestamento verificado após 2005, a perda de florestas 
e outros tipos de formações vegetais causou grande impacto ambiental. Segundo o IBGE:
O desflorestamento, além de causar danos à biodiversidade (fragmentação de florestas, 
extinção de espécies etc.), aos solos e aos recursos hídricos, também contribui para o 
efeito estufa, especialmente quando associado a queimadas. A destruição de florestas 
e outras formas de vegetação nativa é responsável por mais de 75% das emissões 
líquidas de gás carbônico (CO2) para a atmosfera do Brasil, colocando o país entre os 
dez maiores emissores mundiais de gases de efeito estufa. (IBGE, 2012, p. 54).
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10
A disposição do esgoto e resíduos, a contaminação com produtos tóxicos provenientes de 
indústrias e da atividade agropecuária também representam um potencial de contaminação 
das águas, solo ou ar. Essa contaminação possui potencial de alteração do ambiente, 
promovendo o envenenamento de espécies animais (incluindo o homem), assim como a 
degradação de recursos naturais, como também da capacidade do ambiente em disponibilizar 
esses recursos (a exemplo da poluição das águas dos rios, diminuindo a possibilidade de se 
obter água potável, a partir deles).
O Brasil é hoje o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Os produtos químicos 
aplicados nas plantações possuem potencial de contaminação do ambiente (solo, água e ar), 
dos alimentos produzidos nessas áreas, contaminando os consumidores que se alimentam 
deles, além dos trabalhadores do campo (LONDRES, 2011).
Apenas 2,5 % de toda água do planeta é doce e, desse total, 0,3% está disponível em rios 
e lagos na superfície (TUNDISI, 2003). Essa pequena proporção de água está sujeita ao clima 
e à qualidade ambiental. A manutenção da fauna e flora aquática através da proteção da 
cobertura vegetal do entorno, a conservação das nascentes, o monitoramento da qualidade 
da água e do lançamento de poluentes são exemplos de aspectos que devem ser considerados 
na elaboração de políticas públicas, de forma a buscar o uso sustentável da água.
Os dados anteriores refletem sobre alguns indícios, colocando a necessidade de entendimento 
dos problemas ambientais, suas causas e consequências. Explicar o processo pelo qual 
comprometemos a qualidade ambiental exige um esforço científico que inclua diversos saberes. 
Nesse sentido, a integração dos conhecimentos das ciências da terra (como geologia, química 
e meteorologia) com as ciências humanas (sociais e economia) foi considerada na definição de 
prioridades para as pesquisas sobre o aquecimento global, como forma de inserir a dimensão 
humana nas ciências ambientais (MORAN, 2011). Entre 1987 e 1990, cerca de 500 cientistas 
de todo o mundo, integrantes do Programa Internacional de Geosfera e Biosfera (International 
Geosphere-Biosphere Programme – IGBP) estabeleceram uma agenda de urgência e prioridades 
para as pesquisas na área ambiental, refletindo essa necessidade. São elas:
• Compreensão das mudanças de uso e cobertura da terra;
• Compreensão os processos de tomada de decisão;
• Criação de instrumentos políticos e instituições necessários para tratar dos 
problemas relacionados à energia;
• Avaliação dos impactos, da vulnerabilidade e da adaptação às mudanças globais;
• Compreensão das interações homem-ambiente. (MORAN, 2011, p. 43-44).
Pesquisas interdisciplinares que se estabeleceram a partir dessas prioridades têm estudado 
as condições nas quais as crises ambientais se estabeleceram, indicando incompatibilidades 
econômicas e sociais com relações diretas ou indiretas. Essas evidências proporcionaram a 
inserção de diversos mecanismos de regulação política, econômica e social.
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11
Para saber mais sobre o consumo e descarte de produtos, assista ao filme “A História das 
Coisas” (The Story of Stuff). O link encontra-se disponível na Midiateca desta aula.
Considerações finais
As questões ambientais se caracterizam pela complexidade, incluindo as dimensões 
sociais, ambientais e econômicas. Nesse sentido, a produção de conhecimento das ciências 
ambientais, através de estudos multi e interdisciplinares, tem contribuído na busca de 
respostas e alternativas para a tomada de decisão na solução de problemas ambientais. 
No contexto em que vivemos hoje, entender as relações entre ambiente e sociedade, 
considerando suas implicações econômicas, tende a se impor como objetivo na construção 
do desenvolvimento sustentável. 
Referências
BRASIL. Ministério da Ciência e Tecnologia. Segunda comunicação nacional do Brasil à 
convenção-quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Brasília, DF. Disponível em: 
<http://www.mct.gov.br/index.php/content/view/326751.html>. Acesso em: 16 nov. 2015.
______. Ministério do Meio Ambiente. Instrução normativa nº 3, de 2003, nº 5 de 2004 e 
nº 8 de 2005. 2005. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.
monta&idEstrutura=179&idConteudo=8110&idMenu=8617>. Acesso em: 16 nov. 2015.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Indicadores de desenvolvimento sustentável. 
Rio de Janeiro: IBGE, 2012. Disponível em: <http://ibge.gov.br/documentos/recursos_naturais/
indicadores_desenvolvimento_sustentavel/2012/ids2012.pdf>. Acesso em: 22 ago. 2015.
IPCC. Intergovernmental Panel onClimate Change. Mudança do Clima 2007: a base das ciências 
físicas. Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas. Paris, fev. 2007. Disponível em: 
<https://www.ipcc.ch/pdf/reports-nonUN-translations/portuguese/ar4-wg1-spm.pdf>. Acesso 
em: 22 ago. 2015.
LONDRES, Flávia. Agrotóxicos no Brasil: um guia para ação em defesa da vida. Rios de Janeiro: 
Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa, 2011. Disponível em: <http://www4.
planalto.gov.br/consea/biblioteca/documentos/agrotoxicos-no-brasil.-um-guia-para-acao-em-
defesa-da-vida>. Acesso em: 22 ago. 2015.
LOVELOCK, James. A vingança de Gaia. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca, 2006.
MORAN, Emílio F. Meio ambiente e ciências sociais: Interações homem-ambiente e 
sustentabilidade. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2011.
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Introdução à Gestão Socioambiental
12
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Mudança do Clima 2007: a base das ciências físicas. 
Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas. Disponível em: <https://www.ipcc.ch/
pdf/reports-nonUN-translations/portuguese/ar4-wg1-spm.pdf>. Acesso em: 22/08/2015.
______. Relatório sobre a situação da população mundial 2011. Fundo de População das Nações 
Unidas. Disponível em: <http://www.un.cv/files/PT-SWOP11-WEB.pdf>. Acesso em: 22 ago. 2015.
TUNDISI, J. G. Água no século XXI: enfrentando a escassez. São Carlos: RiMa, 2003.
Introdução à Gestão Socioambiental
Aula 02
Antropoceno
Objetivos Específicos
• Situação global – compreender os principais desafios socioambientais 
planetários.
Temas
Introdução
1 Mudanças climáticas e desafios da humanidade
2 As mudanças climáticas realmente vão ocorrer?
Considerações finais
Referências
Professor Autor
Edson Luiz Pizzigatti Corrêa
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2
Introdução
A existência da humanidade pode estar sujeita ao entendimento de um novo paradigma: 
o enfrentamento das mudanças climáticas. O aquecimento global e as suas consequências 
desafiam a nossa capacidade em promover mudanças adaptativas. O aumento de fenômenos 
extremos, como secas prolongadas, tempestades e elevação do nível dos oceanos são alguns 
dos prognósticos indicados pelo Intergovernmental Panel on Climate Change – IPCC1 (Painel 
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas).
Nos últimos 10 mil anos, a temperatura média do planeta se elevou em cerca de 5°C. Para 
Paul Crutzen, Prêmio Nobel de Química em 1995, uma elevação equivalente na temperatura 
média global pode ocorrer em aproximadamente 200 anos, devido à atividade humana após a 
Revolução Industrial. Crutzen tornou conhecido esse período como Antropoceno, caracterizado 
como aquele onde houve a maior mudança ambiental planetária causada pela espécie humana.
Nesse texto, serão considerados os desafios que a humanidade encontra na busca de 
deter o aumento da temperatura média global e mitigar as suas consequências, além de 
entender suas controvérsias e seus desdobramentos.
1 Mudanças climáticas e desafios da humanidade
O Holoceno é a época do período Quaternário da era Cenozoica. Iniciou-se há cerca 
de 11,7 mil anos, no final da última glaciação, e marca um período de temperaturas 
amenas, o que favoreceu a espécie humana, possibilitando o crescimento da população 
e povoamento do planeta.
Em certo momento, nos últimos 200 anos, a temperatura média planetária assumiu uma 
tendência de aumento que não cessou até o presente. Para vários cientistas (como Eugene 
F. Stoermer e Paul Crutzen), a associação com as ações antrópicas inseriu a humanidade 
como uma força geológica, capaz de alterar as condições planetárias. Para esses cientistas, as 
mudanças provocadas no clima, com o aumento das concentrações dos gases de efeito estufa 
na atmosfera, marcam a inserção do Antropoceno, uma nova época geológica, cujo nome 
deriva do grego anthropo – humano, e ceno – novo.
1 É uma organização científico-política, vinculada a ONU. Criada em 1988 por iniciativa do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, 
com a finalidade de sintetizar e divulgar o conhecimento mais avançado sobre as mudanças climáticas, em especial o aquecimento global, 
apontando suas causas e seus efeitos para o meio ambiente e a humanidade, assim como sinalizando ações e alternativas.
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3
Figura 1 – Representação das épocas e períodos da era Cenozoica, com a possível inclusão da nova época chamada de 
Antropoceno
Período
Época
Era
Oligoceno
Paleógeno Neógeno
33,9 milhões
de anos
Quaternário
Mioceno Plioceno Pleistoceno Holoceno Antropoceno
Cenozoica
23 milhões
de anos
5,3 milhões
de anos
2,58 milhões
de anos
11 mil
de anos
A partir das implicações de dimensão planetária, uma vez que o advento das mudanças 
climáticas amplia as possibilidades de extinções e ameaça a própria manutenção da civilização 
humana, o Antropoceno traz o questionamento das possibilidades das futuras gerações.
Vilches, Praia e Gil-Pérez (2008) entendem que a contribuição da possibilidade de 
se reconhecer o Antropoceno é também reconhecer a humanidade como uma força de 
mudança. A possibilidade do redirecionamento para uma civilização sustentável ganha força, 
a partir da oportunidade de mudar comportamentos humanos que levaram a uma situação 
de emergência planetária.
Nesse sentido, a assimilação das questões relacionadas às mudanças climáticas passa 
pelo entendimento das dimensões que o tema suscita. Na busca deste entendimento, Veiga 
(2010) relaciona o que ele chama de “controvérsias” relacionadas às mudanças climáticas. 
Essas “controvérsias” expõem conflitos de interesses econômicos e políticos que aparecem 
a partir de mudanças propostas. A intenção de alterar o atual cenário alarmante que se 
relaciona ao aquecimento global, através de medidas que modifiquem relações de consumo 
de energia ou qualquer outro tipo de valor econômico é uma das motivações.
2 As mudanças climáticas realmente vão ocorrer?
Esse questionamento passa a criar um sentido quando se reproduz que há os que rejeitam 
a existência do fenômeno através dos meios de comunicação de massa, por exemplo. Com essa 
intenção, há grupos e indivíduos que defendem a improbabilidade da existência das mudanças 
climáticas, contestando as informações divulgadas pelo IPCC, através da divulgação de dados 
que tragam indícios contrários. Mesmo que haja uma grande adesão em torno da tese das 
mudanças climáticas da forma, como o IPCC divulga, a confusão de opiniões gerada junto ao 
publico leigo, conforme afirma Veiga (2010), dificulta as ações para deter o fenômeno.
O problema é que são pouquíssimas pessoas que podem realmente avaliar os 
argumentos usados pelos dois lados, pois a capacidade de decifrar os complexos 
modelos da ciência do clima depende de formação altamente especializada. Leigos, 
apoiando-se em análises objetivas e frias, não têm como formar suas respectivas 
convicções sobre essa questão. (VEIGA, 2010, p. 54).
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4
Ainda segundo Veiga (2010), o interesse econômico que envolve a matriz energética tem 
posição central nessa questão. Uma vez que a produção e o consumo de petróleo, carvão e 
gás movimentam a economia mundial, a ameaça de regulamentações impostas por nações 
que se comprometam com o combate às mudanças climáticas pode significar uma ameaça 
aos interesses dos grupos envolvidos nessas atividades.
Para saber mais sobre as mudanças climáticas e conhecer a opinião de estudiosos do 
clima, leia os textos disponíveis na Midiateca desta aula.
Um exemplo da polêmica sobre a existência ou não das mudanças climáticas foi a não 
assinatura do Protocolo de Quioto pelos Estados Unidos, país com maior emissão per capita 
de gases de efeito estufa2 e segundo em emissões absolutas (atualmente, o primeiro país 
em emissões absolutas é a China). A interferência negativana economia foi o argumento 
usado pelo então presidente George Bush. Americanos descrentes nas mudanças climáticas 
auxiliaram a sustentar a decisão do presidente.
O Protocolo de Quioto é um tratado internacional para a redução das emissões de gases 
de efeito estufa. Com base nos estudos do IPCC e como consequência das discussões em 
diversos eventos (dentre elas a Conferência ECO-92, ocorrida no Rio de Janeiro, em 1992), o 
tratado foi assinado na cidade de Quioto no Japão em 1997, e entrou em vigor em 2005 com 
duração de dez anos. De forma sumarizada, o Protocolo de Quioto define metas diferenciadas 
para cada país de redução de emissões de gases do efeito estufa, considerando o seu grau de 
emissões (quanto maior o grau de emissão maior a meta de redução), considerando o ano de 
1990 como referência. O objetivo é impedir que a temperatura média não aumente mais que 
2°C até o fim deste século. Em 2012, na Conferência sobre as Mudanças Climáticas em Doha, 
foi ratificada a prorrogação da validade, até 2020. Canadá, Japão, Rússia e Nova Zelândia não 
participarão desse segundo período, assim como os Estados Unidos.
Veiga (2010) salienta que a resistência em adotar como reais as mudanças climáticas tem 
perdido espaço para a perspectiva de novos mercados, voltados para a “descarbonização” da 
economia. Mecanismos de mercado, como instituições que regulem a emissão de gases de 
efeito estufa e encareçam o uso dos fosseis são apontados, por esse autor, como forma de 
integração de interesses das elites empresariais às políticas de mitigação3.
2 O Anexo A do Protocolo de Quioto considera como gases de efeito estufa: Dióxido de carbono (CO2), Metano (CH4), Óxido nitroso (N2O), 
Hidrofluorcarbonos (HFCs), Perfluorcarbonos (PFCs) e Hexafluoreto de enxofre (SF6).
3 Redução ou remediação do impacto ambiental através da ação humana.
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5
2.1 Há tecnologia para conter as mudanças climáticas?
As evidências das atividades impactantes na emissão dos gases estufas têm norteado os 
esforços na busca de alternativas e inovações tecnológicas. A produção e consumo de energia, 
como as mais evidentes atividades humanas impactantes, tendem a se consolidar como 
ponto focal na busca de alternativas. Nessa direção, políticas de substituição de lâmpadas 
incandescente pelas fluorescentes ou pelas de LED (Light Emitting Diode − Diodo Emissor de 
Luz) fazem bastante sentido.
É certo que a busca por mudanças convergentes com a busca da diminuição das 
emissões e captura de carbono da atmosfera se desdobram com os esforços conjuntos. A 
questão é: como disseminar esse sentido de urgência na adoção de mudanças? Para Veiga 
(2010), a persuasão e o engajamento de militantes na adoção das tecnologias, práticas e 
mudanças comportamentais, com o intuito de diminuir significativamente as emissões, pode 
tornar evidente a necessidade de se seguir as recomendações dos analistas acerca das ações 
necessárias. Ele afirma que “[...] mais decisivo do que discutir prioridades da agenda de 
pesquisas é saber quais são as saídas disponíveis, seus possíveis impactos, e o que pode ser 
feito para que sejam adotadas” (VEIGA, 2010, p. 61).
Portanto, é recomendada a redução de energia fóssil (principalmente carvão e petróleo), 
com o estímulo do uso de energias renováveis (eólicas, solares, geotérmicas, biomassas e 
hidrelétricas). A combinação de ações de corte de emissões pela mudança da matriz energética 
e o “sequestro biológico” (através do fim do desmatamento, do reflorestamento e do manejo 
racional do solo) poderia permitir que, até 2020, as emissões de carbono se reduzissem em 
80% em relação a 2006 (VEIGA, 2010, p. 62).
Al Gore, em seu livro “Uma Verdade Inconveniente”, sinaliza como alternativa para conter 
as mudanças climáticas as recomendações elaboradas por dois professores de Princeton, 
Stephen Pacala e Robert Sokolow:
Uso mais eficiente de eletricidade em sistemas de aquecimento e refrigeração, iluminação, aparelhos 
domésticos e equipamentos eletrônicos.
01
Eficiência no uso final, ou seja, projetando edifícios e empresas para que utilizem muito menos energia do 
que usam hoje.
02
Maior eficiência dos veículos, fabricando carros que consomem menos gasolina e colocando nas ruas mais 
carros híbridos e movidos a células de combustível.
03
Outras melhorias na eficiência dos transportes, como planejar as cidades, tanto grandes como pequenas, com 
melhores sistemas de transporte público, e fabricar veículos pesados com maior eficiência de combustível.
04
Maior dependência de tecnologias já existentes de energia renovável, tais como o vento e os bicombustíveis.
Captura e armazenamento de excesso de carbono emitido pelas usinas elétricas e atividades industriais.
06
05
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Introdução à Gestão Socioambiental
6
Uso mais eficiente de eletricidade em sistemas de aquecimento e refrigeração, iluminação, aparelhos 
domésticos e equipamentos eletrônicos.
01
Eficiência no uso final, ou seja, projetando edifícios e empresas para que utilizem muito menos energia do 
que usam hoje.
02
Maior eficiência dos veículos, fabricando carros que consomem menos gasolina e colocando nas ruas mais 
carros híbridos e movidos a células de combustível.
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Outras melhorias na eficiência dos transportes, como planejar as cidades, tanto grandes como pequenas, com 
melhores sistemas de transporte público, e fabricar veículos pesados com maior eficiência de combustível.
04
Maior dependência de tecnologias já existentes de energia renovável, tais como o vento e os bicombustíveis.
Captura e armazenamento de excesso de carbono emitido pelas usinas elétricas e atividades industriais.
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Al Gore diz que, se todas essas medidas fossem adotadas em conjunto, o patamar de 
emissões de gases do efeito estufa se reduziria a abaixo dos níveis da década de 1970.
A superação do uso dos combustíveis fósseis é um desafio que exige, não só da 
tecnologia disponível, mas também da articulação da pesquisa, a busca de inovações 
tecnológicas que ampliem a capacidade de descarbonização da matriz energética. (AL 
GORE, 2006, p. 280-281).
É certo que o desenvolvimento tecnológico, norteado pela inovação e os preceitos 
da sustentabilidade, podem descortinar novas perspectivas que ainda não são claras ou 
palpáveis, frente ao que se conhece hoje. No entanto, a disposição das pessoas em mudar 
de comportamento, abdicando de confortos, pode se mostrar como um difícil desafio. Além 
disso, mudanças de comportamento de consumo sofrem resistências por parte do mercado 
que se refletem nas ações de propaganda de promoção do consumo. Segundo Jhally ([s.d.]), 
a propaganda veiculada através dos meios de comunicação de massa está na contramão do 
caminho que a humanidade deveria começar a seguir. Camuflada de verde e de socialmente 
justa, a tática utilizada nas publicidades continua reafirmando os mesmos valores nos quais 
se apoia o mercado: inveja, competição e individualismo; pensamentos ligados a satisfações 
a curto prazo, prestando um desserviço à humanidade.
 Assim, conflitos econômicos relacionados aos custos de emissão de gases do efeito 
estufa podem ser melhor equacionados como forma de estímulo. Ou seja, se o custo de 
emissão de gases de efeito estufa for maior, a redução do uso dessas fontes de emissão seria 
estimulada. Essa indagação leva à terceira questão. Vamos a ela.
2.2 Qual o custo do aquecimento global?
A emissão do carbono através das atividades humanas não é contabilizada no sistema 
econômico, desestimulando a sua inibição. Essa constatação foi verificada no Relatório Stern 
(coordenado por Nicholas Stern), apresentado em 2006. Esse estudo, encomendado pelo 
governo britânico, teve por objetivo avaliar o impacto das mudanças climáticas na economia 
mundial nos próximos 50 anos. Dentre as principais conclusões, destaca-se que o investimento 
de 1% do PIB mundial poderia evitar a perda de até20% do mesmo PIB em 50 anos.
A disposição em realizar esse investimento para deter as mudanças climáticas ainda 
recebeu o incentivo do IPCC, através do documento lançado em Bangcoc, em maio de 2007. 
Segundo esse documento, a redução de 2°C na estimativa de aquecimento para este século 
poderia ocorrer se houver o investimento de menos de 3% do PIB mundial de 2030 (implicaria 
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7
a redução de menos de 0,12% na taxa de crescimento médio anual). Essa alternativa suscita 
questões éticas, relacionadas ao princípio do desenvolvimento sustentável, no que diz respeito 
à garantia das mesmas condições das gerações futuras em relação às presentes que sofreriam 
com as restrições a acesso aos recursos (VEIGA, 2010, p. 67). Também há desigualdade 
entre os diversos países em relação à responsabilidade sobre as emissões no passado e no 
presente, entendendo que aqueles que aderiram à modernidade precocemente ampliaram 
o seu passivo de emissões de gases de efeito estufa em relação aos demais. Mesmo assim, 
países como a China, Índia, Japão, Brasil, Rússia4, por terem grande responsabilidade por 
emissões no presente, precisam assumir metas de redução de emissões significativas para 
que aconteçam avanços na política de combate às mudanças climáticas.
Dentre as diversas opiniões em relação à forma de encarar a necessidade de investimento 
no combate às mudanças climáticas, Veiga (2010) salienta os pontos de consenso a esse 
respeito, afirmando que:
Há quase unanimidade sobre uma espécie de “santíssima trindade” da cruzada 
contra o aquecimento: a) precificar o carbono, mediante taxação, comércio e 
regulação; b) adotar programas que acelerem o surgimento de tecnologias capazes 
de descarbonizar as matrizes energéticas; c) informar, educar e persuadir os cidadãos 
sobre as alterações comportamentais que se impõem. (VEIGA, 2010, p. 70-71).
Veiga ainda salienta que, apesar desse entendimento, há uma resistência no esforço 
conjunto de ações convergentes com essas diretrizes. Também comenta como a taxação da 
emissão de carbono pode se estabelecer como estratégia para motivar o investimento em 
inovação na “descarbonização”:
Taxar as emissões de carbono poderá ser a maneira mais efetiva de acelerar a adoção 
de inovações que substituam fontes fósseis, principalmente na produção de energia 
elétrica e em sistemas de transporte. Mas isso só será benéfico para o crescimento 
econômico quando as correspondentes tecnologias estiverem prontas para a 
comercialização. (VEIGA, 2010, p. 72).
A conveniência de ações para a coordenação de investimentos na “descarbonização” 
também depende da vontade políticas dos seus atores. Essa afirmação é considerada a partir 
da próxima questão.
2.3 Há condições políticas para a implantação das medidas para deter 
as mudanças climáticas?
Para Veiga (2010), as condições políticas necessárias para fazer frente às ameaças das 
mudanças climáticas estão aquém das expectativas que o panorama atual exige. Sua posição 
é de que se estabeleça um acordo que combine três eixos.
4 Atualmente, os 10 países que mais emitem gases de efeito, na ordem de grandeza, são: China, Estados Unidos, Índia, Rússia, Japão, Brasil, 
Alemanha, Canadá, México e Irã, segundo levantamento de 2009 do Centro de Análise de Informações do Dióxido de Carbono (CDIAC, na siga 
em inglês), entidade do Departamento de Energia norte-americano.
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A busca de formas de descarbonização das matrizes energéticas.
01
Metas de redução mais significativas para os 20 principais países emissores, causadores de 90% do estrago, 
desconsiderando a etapa econômica na qual se encontrem.
02
Imposto mínimo inicial, com acréscimos anuais previamente conhecidos.
03
A adoção das medidas 2 e 3 sugeridas por Veiga requer grande esforço de negociação, 
buscando mecanismos que compensem assimetrias de poder econômico e de potencial de 
emissão de gases, adequando as ações necessárias em prazo que não comprometa ainda mais 
o clima nas próximas décadas. Dificultando esse consenso estão os interesses econômicos 
contrários à oneração das emissões de gases de efeito estufa, muitas vezes utilizando o discurso 
negacionista na defesa das atividades poluidoras, como a indústria dos combustíveis fósseis.
Veiga (2010) defende essas medidas como forma de impedir que as consequências 
sombrias do aquecimento global se mostrem em sua forma extrema, revelando efeitos como 
a falta de água para até 4,4 bilhões de pessoas, queda na produção agrícola nos países pobres, 
o comprometimento irreversível da floresta amazônica, extinção de até 40% de espécies, o 
desaparecimento de geleiras, derretimento da placa de gelo da Groenlândia, acelerando a 
elevação do nível do mar e a liberação do imenso estoque de gás metano5 armazenado sob o 
permafrost (gelo permanente) siberiano.
Para saber mais sobre a liberação de metano pelo degelo do permafrost, acesse os links 
disponíveis na Midiateca.
Veiga (2010) também alerta para distorções criadas por iniciativas como o Protocolo 
de Quioto, pela omissão das emissões provenientes do consumo, ignorando a existência do 
comércio internacional, que promove a importação e exportação de emissões.
Foram criadas, assim, duas distorções das mais funestas. Por um lado, o incentivo 
para que sejam consolidados e promovidos os modos de consumo das sociedades 
mais ricas, por mais influência que eles possam ter no aquecimento global. Por outro, 
o estímulo para que as atividades produtivas mais intensivas em carbono tendam a 
migrar para países sem restrições de emissão, um efeito logo cunhado de vazamento 
de carbono (carbon leakege). (VEIGA, 2010, p. 79).
5 Uma tonelada de metano corresponde a 21 toneladas de CO2 equivalente. Por impactarem com diferentes potenciais no aquecimento do 
planeta, o “CO2 equivalente” vem sendo usado para contabilizar as emissões de acordo com a fonte e tipo de emissão de gases. 
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9
Nessa perspectiva, países como China e Rússia teriam déficit de emissão quando 
considerado o consumo, pois são grandes exportadores, enquanto os grandes importadores 
como vários países da União Europeia teriam responsabilidade de emissão aumentada.
O “vazamento de carbono” também é uma preocupação adicional em países que 
possuem indústrias que utilizam energia de forma intensiva que, por consequência, acabam 
por aumentar a emissão, comprometendo as metas de redução dos países onde estão 
situadas. A transferência dessas indústrias para países periféricos, com metas menores de 
redução é a outra distorção a que Veiga (2010) se refere.
A adoção de medidas educativas com o intuito de conscientizar e influenciar as mudanças 
de comportamentos também vem sendo indicada como abordagem para enfrentamento das 
questões climáticas. Vilches, Praia e Gil-Pérez (2008), inserindo a iminência do Antropoceno 
como uma nova era geológica, indicam a oportunidade de ruptura de paradigma e 
a construção do futuro sustentável. Esses autores alertam para a necessidade de uma 
abordagem que integre todos os problemas ambientais, pautando-se na constatação de 
que cada problema que se apresenta (contaminação dos solos, rios e mares, esgotamento 
dos recursos naturais, urbanização acelerada, degradação dos ecossistemas, mudanças 
do meio físico e seus efeitos), surgem como urgentes e se sucedem, retirando a atenção 
da causa principal. Vilches, Praia e Gil-Pérez (2008) afirmam que a aparente concorrência 
entre problemas se traduz em uma mútua neutralização da atenção que atraem, devido 
ao tratamento isolado que recebem. Sugerem o uso do “macroscópio”, uma forma de 
enxergar os problemas de forma integrada para que desenvolvam soluções que tratem o 
conjunto. Como exemplo, podem ser citadas a adoção de práticas como os 3Rs (reduzir, 
reutilizar e reciclar), utilizaçãode tecnologias que respeitem o meio ambiente e as pessoas, 
ações educativas e de cidadania, participação social e política buscando a sustentabilidade 
e avaliação das práticas buscando o seu aperfeiçoamento.
Para saber mais sobre os critérios de controle da emissão dos gases e também o que pensa 
a ONU sobre as mudanças climáticas, acesse os links disponíveis na Midiateca desta aula.
Considerações finais
Os desafios impostos pela eminência das mudanças climáticas são grandes e complexos. 
Passam pela dimensão social, cultural, econômica, tecnológica, ética e política. Exigem o 
engajamento das potências econômicas, assim como a mudança comportamental da civilização 
humana em torno das causas e consequências do aquecimento global e sua mitigação.
Para Crutzen e Schwägerl (2011), a vida humana, na eminência do Antropoceno, tem 
as necessidades urgentes que passam pelos seguintes compromissos: buscar alternativas ao 
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10
hiperconsumo, uma vez que, para mantermos o estilo de vida ocidental atual precisaríamos 
de muitos outros planetas para sustentá-lo; ampliar o investimento em ciência e tecnologia, 
buscando substituir a infraestrutura que consome combustíveis fósseis; tornar a agricultura 
mais eficiente na produção e conservação dos habitats naturais e desenvolver tecnologias de 
reciclagem de elementos vitais para a segurança alimentar como o fósforo, elemento chave 
como fertilizante e; investir na defesa dos recursos ambientais. Para evitar conflitos, será 
necessário melhorar a gestão e consciência da necessidade de conservação do “sistema de 
segurança verde” (green security system) – rede formada pelo clima, solo e biodiversidade 
e adaptar a cultura para sustentação de um “organismo mundial” (word organism), termo 
cunhado pelo cientista alemão Alexander von Humboldt há 200 anos. Humboldt acreditava que 
os humanos poderiam crescer em capacidade como parte desse organismo mundial e não a seu 
custo, buscando o sentido de relação simbiótica6 em vez de escravizar o mundo natural.
Referências
AL GORE, Albert Arnold. Uma verdade inconveniente. São Paulo: Manole, 2006.
CRUTZEN, Paul; SCHWÄGERL, Christian. Living in the Anthropocene: Toward a New Global 
Ethos. 24 Jan 2011: Opinion. YALE Environment 360 DIGEST. Disponível em: <http://e360.yale.
edu/feature/living_in_the_anthropocene_toward_a_new_global_ethos/2363/>. Acesso em: 
28 set. 2015.
JHALLY, Sut. Advertising at the edge of the apocalypse. Department of Communication 
University of Massachusetts at Amherst. Amherst, MA 01003. Disponível em: <http://www.
sutjhally.com/articles/advertisingattheed/>. Acesso em: 20 out. 2015.
VEIGA, José Eli. Sustentabilidade: a legitimação de um novo valor. São Paulo: Editora Senac, 2010.
VILCHES, Amparo; PRAIA, João; GIL-PÉREZ, Daniel. O Antropoceno: Entre o risco e a oportunidade, 
Educação. Temas e Problemas, v. 5, ano 3, p. 41-66. Disponível em <http://www.uv.es/vilches/
Documentos/O%20ANTROPOCENO%202008.pdf>. Acesso em: 28 set. 2015.
6 Relação ecológica interespecífica onde as espécies envolvidas se beneficiam.
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Aula 03
Limites Planetários
Objetivos Específicos
• Situação global – compreender os principais desafios socioambientais 
planetários.
Temas
Introdução
1 Um planeta para todos
2 Os limites socioambientais
Considerações finais
Referências
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2
Introdução
Ao longo dos últimos 200 anos, a população humana se tornou complexa e 
tecnologicamente avançada, tanto que é possível imaginar que iremos prosperar sem 
considerar a natureza como fator limitante.
O crescimento desproporcional da população das cidades, onde há dependência de 
ambientes dominados por estruturas artificiais é uma realidade. Nesse contexto, a natureza 
aparece como algo que desfrutamos nos fins de semana ou quando for conveniente, sem nos 
preocuparmos com ela em nossa rotina diária. Em outras palavras, a artificialização do ambiente 
e a alienação em relação ao mundo natural se tornaram muito comuns no meio urbano.
Por outro lado, as áreas rurais muitas vezes são vistas como espaços para a conservação da 
natureza, porém, as áreas que produzem alimentos, fibras e madeira são mais valorizadas do 
que aquelas áreas alagadas ou de florestas intocadas, tendo o seu valor como depositório dos 
serviços ambientais e da biodiversidade desprezado. Com essa perspectiva é que a drenagem 
de pântanos, o desflorestamento e as queimadas ocorrem como exemplos de artifícios usados 
para a transformação de áreas naturais em áreas com “maior valor” para a sociedade.
Neste texto, vamos verificar como essa visão é perigosa, pois ignora o valor dos benefícios 
da natureza para toda a população do planeta.
1 Um planeta para todos
Para entender os parâmetros relacionados aos limites planetários, é interessante verificar 
quais os benefícios que a natureza proporciona. Por uma perspectiva econômica, os atributos 
naturais do ambiente são associados a recursos e oportunidade de prover condições para as 
atividades humanas. Ou seja, o valor das condições ambientais se apresenta no serviço prestado 
pelo ambiente para a manutenção da existência da sociedade humana. Mesmo que seja 
uma análise limitada por reduzir o ambiente e a natureza a valores monetários, o argumento 
econômico auxilia na análise e tomada de decisão a favor da sustentabilidade quando os 
serviços ambientais, assim como os custos sociais, são considerados. Essa lógica permite 
a valoração do clima estável, do fornecimento de água, alimentos e outros recursos que só 
poderiam ser obtidos através de certas condições ambientais e sua estabilidade. Hoje, muitas 
dessas condições não são consideradas nos custos de produtos e serviços, principalmente por 
não serem vistos como escassos, a exemplo da água. Em várias regiões metropolitanas pelo 
mundo, a degradação dos mananciais e o aumento do consumo são fatores que levaram à sua 
escassez. Os valores vinculados à “produção de água pelo ambiente” foram deixados de fora na 
tomada de decisão, gerando impactos sobre a sociedade como um todo.
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1.1 Serviços ambientais
Os interesses inseridos na relação entre produção e consumo de bens e serviços 
subtraem de nossa percepção grande parte das condições exigidas no provimento dos 
recursos ambientais consumidos no cotidiano. Não é uma prática corrente a contabilização do 
custo de recursos ambientais, principalmente aqueles que não possuem tarifação de serviço 
(fornecimento de água e energia, por exemplo), como a qualidade do ar e a estabilidade 
climática. Por essa razão, é que em muitos casos a obtenção de serviços e produtos gera custos 
ambientais que não são computados pelas organizações e, consequentemente, divididos pelo 
conjunto da sociedade. Um exemplo é a poluição das águas por rejeitos industriais. Quando 
não há o devido tratamento, os custos de despoluição, do aumento de incidências de doenças 
vinculadas à poluição hídrica, entre muitos outros prejuízos que possam ser provocados pela 
perda da oportunidade de se manter mananciais limpos, não são repassados aos preços dos 
produtos e serviços gerados a partir da atividade poluidora. Esses custos são chamados de 
externalidades, revelando várias contradições presentes na sociedade. O reconhecimento 
das externalidades e dos custos dos serviços ambientais nas atividades econômicas pode 
contribuir na diminuição dos impactos socioambientais (JAMIELSON, 2010, p. 39).
Os benefícios que a manutenção do ambiente e dos ecossistemas1 proporciona pode 
ser vista pelo viés econômico, provendo suporte de recursos (solo, nutrientes, água, oxigênio 
etc.) para sustentar a vida no planeta. O provisionamento de alimentos, água fresca, energia 
etc.; a regulação do clima; a purificaçãoda água, o controle de pragas e doenças; além 
dos meios em que se apoiam os valores culturais vinculados à estética, à espiritualidade, à 
recreação etc., estabelecem uma gama de serviços prestados, possibilitando a manutenção 
de condições importantes para a sociedade humana (como segurança, materiais essenciais, 
saúde e a boa convivência, através da cooperação, respeito mútuo e coesão social) 
(MILLENNIUM ECOSYSTEM ASSESSMENT, 2005). A figura 1 ilustra diversas possibilidades de 
serviços ambientais inseridos na relação sociedade-ambiente. A manutenção da capacidade 
de se conservar esses serviços depende da complexidade biológica, química, das interações 
físicas e como esses fatores são afetados pelas atividades humanas (MILLENNIUM ECOSYSTEM 
ASSESSMENT, 2005, p. 6).
1 Conjunto de características físicas, químicas e biológicas de um determinado espaço. Há ecossistemas terrestres e aquáticos. Inclui “[...] 
todos os organismos de uma determinada área, interagindo com o ambiente físico, de modo que um fluxo de energia leva a uma estrutura 
trófica claramente definida, à diversidade biótica e aos ciclos materiais” (ODUM, 1971 apud MORAN, 2011, p. 108).
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Figura 1 – Ecossistemas e serviços ambientais prestados
Montanha
Alimentos
Fibras
Água fresca
Controle da erosão
Regulação do clima
Recreação e ecoturismo
Valores estéticos
Valores espirituais
Floresta e matas
Alimentos
Madeira
Água fresca
Lenha
Regulação de inundações
Regulação de doenças
Sequestro de carbono
Regulação climática local
Medicamentos
Recreação
Valores estéticos
Valores espirituais
Terras secas
Alimentos
Fibras
Lenha
Regulação climática local
Herança cultural
Recreação e ecoturismo
Valores espirituais
Área urbana
(parques e jardins)
Regulação da qualidade do ar
Regulação da água
Herança cultural
Recreação
Educação
Litoral
Alimentos
Fibras
Madeira
Combustível
Regulação climática
Processamento de resíduos
Ciclagem de nutrientes
Proteção contra tempestades e ondas
Recreação e ecoturismo
Valores estéticos
Ilhas
Alimentos
Água fresca
Recreação e ecoturismo
Mar
Alimentos
Regulação climática
Ciclagem de nutrientes
Recreação
Águas interiores
(rios, lagos, pântanos etc.)
Água fresca
Alimentos
Controle da poluição
Regulação de inundações
Retenção e transporte
de sedimentos
Regulação de doenças
Ciclagem de nutrientes
Recreação e ecoturismo
Valores estéticos
Áreas de cultivo
Alimentos
Fibras
Água fresca
Corantes
Madeira
Regulação de pragas
Biocombustíveis
Medicamentos
Ciclagem de nutrientes
Valores estéticos
Herança cultural
Fonte: Adaptada de Milennium Ecosystem Assessment (2005).
2 Os limites socioambientais
A manutenção dos serviços ambientais tem relação direta com a estabilidade do meio 
ambiente. Com essa premissa, a iminência de mudanças climáticas evidencia a perda da capacidade 
da manutenção de serviços ambientais. Tal perda suscita a necessidade de se estabelecer limites 
para a intervenção humana sobre o ambiente para garantir a sua própria resiliência.
Com essa premissa, a definição de parâmetros que evidenciam os limites do planeta, 
mas garantindo o acesso aos recursos necessários para satisfazer os direitos humanos (como 
água, alimentação entre outros que permitam alcançar uma vida digna).
A figura 2 ilustra em uma estrutura os recursos, representando limiares nos quais devem 
ser manejados de forma a manter a estabilidade do planeta. Raworth (2012) destaca na 
figura os limiares entre o limite ambiental e o piso social pelo seu formato “Donut”, em que 
é possível o desenvolvimento de uma sociedade humana sustentável.
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Figura 2 – Um espaço seguro e justo para a humanidade desenvolver-se: uma primeira ilustração
água
saúde
alimento
renda
educação
resiliência
voz ativa
empregosenergia
equidade
social
igualdade
de gênero
Mudança climática
Uso de água doce
Ciclos do nitrogênio e fósforo
M
ud
an
ça
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Base social
O lu
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Limite amb
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Desenvolvimento econômico inclusiv
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Acidificação dos oceanos
Poluição químicaConcentração de
 aeros
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Fonte: Rockström et al. (2009).
A gestão dos recursos entre os patamares mínimos de acesso aos recursos (base social) 
e o limite ambiental máximo como o representado na figura 2 é um desafio para ser debatido 
com urgência, pois já se verifica que a humanidade está longe de viver entre esses limiares. 
Segundo o documento da Raworth (2012), desigualdades de renda, gênero e poder profundas 
fazem com que milhões de pessoas estejam vivendo abaixo de cada dimensão da base social. 
Quase 900 milhões de pessoas enfrentam a fome; 1,4 bilhão vivem com menos de $1.25 por 
dia; e 2,7 bilhões não têm acesso a instalações limpas para cozinhar. Ao mesmo tempo, o 
limite ambiental máximo já foi cruzado por pelo menos três das nove dimensões: mudança 
climática, uso do nitrogênio e perda de biodiversidade.
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Os limites planetários para a exploração de seus recursos foi proposto por 
Rockström et al. (2009). Dentre os nove limites identificados (mudanças climáticas, 
perda de biodiversidade, destruição da camada de ozônio, uso da água potável, 
acidificação dos oceanos, mudanças no uso da terra, poluição química, concentração de 
aerossol atmosférico, ciclo do nitrogênio e do fósforo), sete deles tiveram quantificados 
seus valores máximos, abaixo dos quais as pesquisas indicaram como uma posição 
segura para a humanidade. Segundo os autores, ultrapassar esses limites pode ter 
consequências deletérias ou mesmo catastróficas para a humanidade, significando 
mudanças abruptas com impacto na capacidade de resiliência da biosfera. As mudanças 
climáticas, as perdas de biodiversidade e o ciclo do nitrogênio foram indicados pelos 
autores como fatores nos quais os limites já foram ultrapassados.
Segundo Steffen et al. (2015), as mudanças climáticas e a biodiversidade são fatores que 
devem ser reconhecidos como núcleo das fronteiras planetárias através do qual os outros 
limites operam. Clima e biodiversidade se relacionam de forma sistêmica ao longo de quatro 
bilhões de anos e, portanto, alterações além dos limites planetários podem significar o final 
da época do Holoceno. O clima permite as condições físicas (temperaturas necessárias para 
a presença da água em estado sólido líquido e gasoso no sistema) para que a biodiversidade 
se expresse nas diversas regiões do planeta. A diversidade na biosfera fornece resiliência aos 
ecossistemas, proporcionando capacidade de adaptação às mudanças do ambiente. A biosfera 
não só interage com os outros limites do planeta, mas também aumenta a capacidade do 
sistema Terra de persistir sob alteração dos outros limites. A biosfera em sua biodiversidade 
possibilita a dinâmica de funcionamento e de inovação para persistência da Terra, como um 
sistema que comporta a vida como a conhecemos, portanto sua integridade é fundamental.
O desafio de trazer a humanidade para patamares seguros de utilização de recursos, 
garantindo a segurança social é complexo, existindo a interdependência entre esses fatores. 
Nesse sentido, a limitação ao acesso a recursos ambientais pode piorar a pobreza e vice-versa.
Raworth (2012) defende que políticas bem formuladas podem promover o 
equacionamento das questões ambientais e sociais.
Quanto à erradicação da pobreza, a autora sugere que a base social pode ser alcançada 
por todas as pessoas do planeta com poucos recursos adicionais. Ela expressa suas propostas, 
em relação a variáveis essenciais:
• Alimento: Fornecer as calorias adicionais necessárias a 13% da população 
mundial que enfrenta a fome exigiria apenas 1%do atual abastecimento global 
de alimentos.
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• Energia: Levar a eletricidade a 19% da população mundial que atualmente não 
tem acesso a ela poderia ser alcançado com menos de 1% de aumento nas 
emissões globais de CO2.
• Renda: Acabar com a pobreza de renda de 21% da população global que vive 
com menos de US$1.25 por dia exigiria apenas 0.2 por cento da renda global. 
(RAWORTH, 2012, p. 5).
Já em relação ao limite do consumo de recursos naturais, destaca-se que apenas 10% da 
população mundial mais rica e o modelo de produção de bens e serviços para essa população 
são responsáveis pela maior pressão de consumo. A autora exemplifica isso em relação a 
alguns fatores:
• Carbono: Cerca de 50% das emissões globais de carbono são geradas por apenas 
11% das pessoas;
• Renda: 57% da renda global encontram-se nas mãos de apenas 10% das pessoas;
• Nitrogênio: 33% do orçamento de nitrogênio sustentável do mundo são utilizados 
para produzir carne para as pessoas da União Europeia – que são apenas 7% da 
população mundial (RAWORTH, 2012, p. 5).
A busca por esse modelo de desenvolvimento insustentável, por parte da população 
que passa a ter melhores condições de renda, também incorre em risco em relação ao nível 
de consumo dos recursos ambientais. Com essa prerrogativa, estima-se que até 2030 a 
demanda global por água deve aumentar em 30% e a demanda por alimentos e energia em 
50% (RAWORTH, 2012, p. 5). O desperdício e a ineficiência no uso dos recursos naturais como 
a água e alimentos é outro fator que pressiona para cima o consumo dos recursos naturais. 
A busca da eficiência no uso dos recursos naturais e no atendimento das necessidades 
humanas, inserindo a justiça social como parâmetro de elaboração de boas políticas deve 
ser considerada na tomada de decisão a respeito das questões socioambientais deste século. 
Nesse sentido, baixar o teto ecológico para os mais ricos e poluidores e elevar o piso social 
dos que ainda não têm o mínimo para a sobrevivência digna é condição para a necessidade 
de se manter a humanidade dentro dos limites planetários.
Considerações finais
Conforme apresentado nesta aula, a manutenção das condições ambientais, garantindo a 
resiliência da espécie humana, é fragilizada pelo aumento da nossa capacidade em modificar 
as condições ambientais. 
O reconhecimento do valor dos serviços ambientais e dos limites da exploração dos recursos 
naturais se torna imprescindível na busca de alternativas às limitações que o planeta impõe.
Nessa perspectiva, a relação causa e efeito das ações humanas pode ser visualizada com 
mais clareza, o que facilita o processo de tomada de decisão.
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Referências
JAMIELSON, Dale. Ética e meio ambiente: uma introdução. São Paulo: Editora Sena São Paulo, 2010.
MILLENNIUM ECOSYSTEM ASSESSMENT. Living Beyond Our Means - Natural Assets and 
Human Well-Being. Disponível em <http://www.millenniumassessment.org/documents/
document.429.aspx.pdf>. Acesso em: 15 set. 2015.
MORAN, Emílio F. Meio ambiente e ciências sociais: Interações homem-ambiente e 
sustentabilidade. São Paulo: Editora SENAC São Paulo, 2011. 
RAWORTH, Kate. Um espaço seguro e justo para a humanidade. Texto para Discussão da 
Oxfam, Fevereiro de 2012. Disponível em <http://www.oxfam.org/sites/www.oxfam.org/files/
dp-a-safe-and-just-space-for-humanity-130212-pt.pdf>. Acesso em: 15 set. 2015.
ROCKSTRÖM, J. et al. A safe operating space for humanity. Nature, v. 461, n. 24, p. 472-475, 2009.
STEFFEN, Will et al. Planetary boundaries: Guiding human development on a changing planet. 
Science. Disponível em: <https://www.sciencemag.org/content/347/6223/1259855.full>. 
Acesso em: 5 out. 2015.
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Aula 04
Indicadores e Tendências
Objetivos Específicos
• Situação global – compreender os principais desafios socioambientais 
planetários.
Temas
Introdução
1 Indicadores do desenvolvimento sustentável
2 Limitações de uso dos índices de desenvolvimento sustentável
Considerações finais
Referências
Professor Autor
Edson Luiz Pizzigatti Corrêa
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2
Introdução
Com a introdução dos conceitos de sustentabilidade nas atividades humanas, tornou-se 
importante adotar parâmetros que indiquem como os objetivos socioambientais almejados 
estão sendo ou não alcançados.
Redução da pobreza, acesso à renda, saúde, emissões de gases de efeito estufa, 
biodiversidade, poluição química, entre outros parâmetros, vêm sendo considerados como 
indicadores de sustentabilidade. No entanto, para efeito de avaliação da efetividade de políticas 
e práticas que visem ao desenvolvimento sustentável, faz-se necessário a integração desses 
parâmetros, de forma a compor indicativos unificados que possuam ampla aceitação global.
De qualquer forma, a adoção de práticas de caráter socioambiental por parte de indivíduos 
e organizações necessita de indicadores de desempenho socioambiental, compondo 
informações para a tomada de decisões, o acompanhamento das atividades e para avaliar 
a efetividade das ações. Nesta aula, vamos conhecer os indicadores, suas características, 
aplicações e os parâmetros que esses indicadores representam.
1 Indicadores do desenvolvimento sustentável
Para estabelecer o contexto no qual as questões socioambientais se encontram, é 
importante considerar elementos de quantificação que permitam uma análise em dimensão 
de tempo e espaço. Em outras palavras, para saber do estado atual e traçar metas de melhoria 
em critérios socioambientais, faz-se necessário estabelecer parâmetros que expressem de 
forma clara e que agreguem dados significativos:
Os indicadores de sustentabilidade formulados para usuários específicos constituem 
um sistema de sinais que permite que os países avaliem seu progresso, tanto no que 
se refere à gestão ambiental, como também ao desenvolvimento sustentável ou ao 
bem-estar humano e do ecossistema. (COSTA; LUSTOSA, 2007, p. 12).
Com esse intuito, o capítulo 40 da Agenda 21, documento elaborado pela Organização 
das Nações Unidas na ECO-92 (Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e 
Desenvolvimento), inclui aspectos relativos à informação para a tomada de decisão nos 
assuntos relacionados ao desenvolvimento sustentável. O documento indica a necessidade 
de “informação consistente” e sua publicidade em todos os níveis (local, regional, nacional e 
internacional) para servir de base nessa tomada de decisão.
A Agenda 21 foi elaborada como forma de assegurar a realização dos compromissos 
assumidos para o século XXI. O documento serviu como base para identificar os problemas 
prioritários, os recursos e os meios para enfrentá-los, além das metas para o século atual 
(ONU, p. 7, 1995).
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Os compromissos assumidos e a participação nas ações inerentes à Agenda 21 podem 
ser verificados no terceiro parágrafo do seu primeiro capítulo:
A Agenda 21 está voltada para os problemas prementes de hoje e tem o objetivo, ainda, 
de preparar o mundo para os desafios do próximo século. Reflete um consenso mundial 
e um compromisso político no nível mais alto no que diz respeito a desenvolvimento 
e cooperação ambiental. O êxito de sua execução é responsabilidade, antes de tudo, 
dos governos. Para concretizá-la, são cruciais as estratégias, os planos, as políticas e 
os processos nacionais. A cooperação internacional deverá apoiar e complementar 
tais esforços nacionais. Nesse contexto, o sistema das Nações Unidas tem um 
papel fundamental a desempenhar. Outras organizações internacionais, regionais 
e sub-regionais também são convidadas a contribuir para tal esforço. A mais ampla 
participação pública e o envolvimento ativo das organizações não governamentais e 
de outros grupostambém devem ser estimulados. (ONU, 1995, p. 11).
A Agenda 21 também reforça a importância da participação dos governos nacionais 
e de organizações não governamentais na elaboração de indicadores que garantam o 
desenvolvimento sustentável, conforme descrito do parágrafo 6 do capítulo 40 do documento:
Os países no plano nacional e as organizações governamentais e não governamentais no 
plano internacional devem desenvolver o conceito de indicadores do desenvolvimento 
sustentável a fim de identificar esses indicadores, com o objetivo de promover o uso 
cada vez maior de alguns desses indicadores nas contas satélites e eventualmente nas 
contas nacionais. É preciso que o Escritório de Estatística do Secretariado das Nações 
Unidas procure desenvolver indicadores, aproveitando a experiência crescente a esse 
respeito. (ONU, 1995, p. 466).
Segundo o documento, além do desenvolvimento de indicadores do desenvolvimento 
sustentável, também é necessária a promoção do seu uso global, aperfeiçoamento da coleta, 
utilização, avaliação e análise de dados, além de uma estrutura ampla de informação e que 
atenda às necessidades das culturas tradicionais.
Os indicadores podem ser “puros”, quando se utiliza apenas uma variável 
(concentração de dióxido de carbono na atmosfera, por exemplo), ou “sintéticos”, quando 
são constituídos da combinação de mais de uma variável (Índice de Desenvolvimento 
Humano – IDH, por exemplo).
1.1 Por que o PIB não é indicador do desenvolvimento sustentável?
Buscar uma representação que sirva de parâmetro para comparação e definição de metas para 
o desenvolvimento sustentável significa assumir valores e escalas que identifiquem parâmetros 
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consistentes sob a ótica da sustentabilidade. Valores numéricos que expressem características 
coerentes com essa ideia devem ser considerados na seleção dos parâmetros adequados.
Para Veiga (2009), os indicadores podem assumir a precificação ou a agregação como 
característica, enquanto a precificação utiliza o valor monetário para a representação 
numérica, a agregação pode integrar aspectos físicos (quantidade de água, alimentos, gases 
de efeito estufa etc.) e monetários.
O exemplo de índice monetário bastante difundido é o Produto Interno Bruto (PIB). 
Esse indicador ficou conhecido após a Segunda Guerra Mundial e é amplamente utilizado, 
vislumbrando, equivocadamente, o ideal de maiores fluxos monetários proporcionando bem-
estar (COSTA; LUSTOSA, 2007). Em outras palavras, a elevação do PIB se tornou a medida de 
sucesso das políticas que visavam ao desenvolvimento regional ou nacional, pois relacionava o 
quanto a economia cresceu ou diminuiu em um dado período (PIB anual, mensal etc.), no qual 
uma determinada ação, ou ações, foram implementadas. Nesse mesmo sentido, o crescimento 
econômico como medida de sucesso da gestão política, acabou por associar o acúmulo de 
capital com desenvolvimento. Vale ressaltar que países ou regiões que possuem elevado PIB 
não, necessariamente, possuem boa distribuição de renda, qualidade de vida e ambiente.
O PIB é a soma de valores monetários de bens e serviços finais, produzidos em um 
determinado local ou região e período.
O motivo para refutar o PIB como índice de desenvolvimento sustentável é exposto por 
Costa e Lustosa (2007), considerando aspectos da atividade econômica que não são incluídos 
no cálculo: a economia informal, ou não declarada ao fisco, é um dado que não se inclui. 
A produção de bens e serviços sem valor de mercado, como os serviços domésticos não 
remunerados, a produção de subsistência destinada ao autoconsumo, os serviços ambientais, 
a exaustão de recursos naturais não renováveis e as transações de compra e venda, envolvendo 
a transferência de bens produzidos em períodos anteriores, também ficam de fora do PIB.
É comum encontrar nos meios de comunicação análises de desempenho de países, 
utilizando o PIB como parâmetro. Porém, cabe salientar que o valor absoluto e o valor relativo 
do PIB são bastante distintos quando se pensa em distribuição de renda. Nesse sentido, o 
aumento do PIB anual de um país mostra o crescimento econômico absoluto, enquanto o 
PIB per capita (relativo ao número de habitantes) evita distorções inerentes ao tamanho da 
população do país. De qualquer forma, sua aplicação como parâmetro de desenvolvimento se 
limita a expressar apenas uma dimensão. A abordagem de crescimento de riqueza per capita 
é mais interessante que o crescimento de produto per capita, já que o PIB não inclui a depreciação de 
muitos ativos, como a degradação de ecossistemas. Assim, o PIB per capita pode crescer ao mesmo 
tempo em que a riqueza per capita diminui (VEIGA, 2009, p. 423).
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Como foi dito, o PIB não expressa aspectos como a degradação ambiental, assim como 
a distribuição de renda, diminuindo suas possibilidades de enquadramento como indicativo 
de bem-estar humano. Veiga (2009) ainda alerta para tentativas de “esverdeamento” do PIB 
através de práticas de precificação dos serviços e recursos naturais. Essa prática foi sugerida 
pela ONU através do sistema Integrado de Contas Econômicas e Ambientais (Sicea), logo 
após a ECO-92. A intenção era estabelecer funções econômicas para o meio ambiente que 
seria visto como provedor de serviços (monetarizáveis) para o bem-estar social e integração 
com o PIB. A dificuldade de se monetarizar valores sociais, culturais, biológicos, estéticos e 
outros não econômicos, além da atribuição subjetiva de valores, estabelece barreiras para 
essa abordagem (COSTA; LUSTOSA, 2007, p. 6).
1.2 O desenvolvimento de indicadores do desenvolvimento sustentável
Com o aumento da percepção em relação aos problemas ambientais, assim como o 
aumento da assimetria de poder e acesso à riqueza, mesmo em países que apresentavam 
elevação no PIB, cresceu também o interesse por indicadores mais interessantes para 
avaliar políticas e ações em relação ao desenvolvimento sustentável. Várias iniciativas foram 
empreendidas no sentido de propor índices que tivessem ampla aceitação global.
Indicadores de desempenho social como o Índice de Desenvolvimento Humano 
(IDH), criado em 1990 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), 
considerando aspectos como educação, longevidade e distribuição de renda, estabelecem 
uma relação de dimensão não monetária em sua avaliação. Atribuindo valores de 0 a 1, 
classifica os países em três categorias: 
 0 a 0,500: Baixo desenvolvimento humano
 0,500 a 0,800: Médio desenvolvimento humano
 Superior a 0,800: Alto desenvolvimento humano
De acordo com Costa e Lustosa (2007, p. 10):
Por ser um índice sintético, composto por muitas variáveis, o IDH incorpora diversas 
características. Porém, quando se verificam grandes disparidades sociais, as médias 
gerais, como o IDH, ou outro índice sintético, mostram-se pouco eficientes na 
representação do conjunto dos indivíduos, pois tendem a esconder desigualdades 
marcantes que desviam dessas médias. 
Ainda segundo os autores (2007), o aperfeiçoamento do IDH, por parte do PNUD, 
visando ao aperfeiçoamento metodológico; se por um lado expõe as fraquezas do índice, por 
outro significa um avanço na medição do desenvolvimento social, trazendo benefícios, como 
a inovação na inserção de valores não econômicos como indicadores.
Portanto, um índice que representasse a integração das dimensões econômicas, 
ambientais e sociais seria útil se adotado globalmente, possibilitando a comparação de 
desempenho das políticas e ações nas dimensões regionais, nacionais e globais.
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As dimensões monetárias e físicas são comumente empregadas para contextualizar 
diversos aspectos. Os monetários, como o PIB, fornecem valores em moeda, enquanto os 
físicos expressam grandezas que refletem

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