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Micobactéria Mycobacterium tuberculosis Micobactérias • INTRODUÇÃO • Bacilos aeróbios • Acidorresistentes - O termo “acidorresistente” refere-se à capacidade de um organismo reter o corante carbolfucsina, apesar do tratamento subsequente com uma mistura etanol-ácido clorídrico; • O elevado teor lipídico (aproximadamente 60%) de sua parede celular torna as micobactérias acidorresistentes. • Não são gram-positivos, nem gram-negativos Micobactérias • INTRODUÇÃO • Os principais representares patogênicos são: • Mycobacterium tuberculosis – agente etiológico da tuberculose; • Mycobacterium leprae – agente etiológico da hanseníase; • Micobactérias atípicas, como o complexo Mycobacterium avium-intracellulare e Mycobacterium kansasii, podem causar doença similar à tuberculose, porém são patógenos menos frequentes; • Micobactérias de crescimento rápido, como Mycobacterium chelonei, causam doença em pacientes imunocomprometidos de forma ocasional ou em indivíduos que receberam dispositivos prostéticos implantáveis. Micobactérias • INTRODUÇÃO Micobactérias de importância médica Mycobacterium tuberculosis • Características Gerais • Bacilo de Koch – descrito em 1882 por Robert Koch; • Bacilo aeróbio obrigatório • Explica sua preferência em causar doenças em tecidos altamente oxigenados como o lobo superior do pulmão e rins. • Imóveis • Crescimento lento • Incubação a 37ºC por 6 a 8 semanas antes de serem consideradas negativas • Tempo de geração: 18 horas • A maioria das bactérias são capazes de duplicar seu número em 1 hora ou menos • Meio de Löwenstein-Jensen - contêm nutrientes complexos (p.ex., gema do ovo) e corantes (p. ex., verde malaquita). • Os corantes inibem a microbiota normal indesejada presente em amostras de escarro; Mycobacterium tuberculosis • Características da PAREDE CELULAR • Sua parede celular contém vários lipídeos complexos (aprox. 60%) : • Ácidos micólicos - Ácidos graxos de cadeia longa, que contribuem para a acidorresistência do organismo; • Cera D - um dos componentes ativos do Adjuvante de Freund (FCA), empregado para intensificar a resposta imune contra vários antígenos em animais experimentais; • Fosfatídeos – São glicerídeos complexos que desempenham papel na necrose caseosa; Componentes da parede celular Mycobacterium tuberculosis Mycobacterium tuberculosis • Fatores de virulência • A maioria dos danos do hospedeiro são causados pela ação do sistema imunológico do hospedeiro. • Parede celular: é o fator de virulência mais importante nesta bactéria, devido a sua composição: • Ácido micólico – protege a bactéria de enzimas hidrolíticas do fagossomo; • Fator corda – glicolipídios tóxicos para as células dos mamíferos capaz de inibir a migração de PMN; • Cera D – responsável pela reação de hipersensibilidade tardia; • Lipoarabinomanana-LAM ( glicolipídios complexos) + proteínas – é usado para realizar o teste de Tuberculina, também chamado de PPD (Derivado proteico purificado) – que é usado para verificar se o individuo tem tuberculose. Fator corda Mycobacterium tuberculosis • Transmissão e epidemiologia • É transmitido interpessoalmente por aerossóis respiratórios, sendo o pulmão o sítio inicial de infecção; • Aerossóis gerados pela tosse de indivíduos com “esfregaço-positivo”, isto é, aqueles cujo escarro contém bacilos detectáveis pela coloração acidorresistente • É parasita intracelular - infecta células reticuloendoteliais - macrófagos; • Os humanos correspondem ao reservatório natural de M. tuberculosis; • Não há reservatório animal. Mecanismo de transmissão do M. tuberculosis por aerossóis Mycobacterium tuberculosis • Transmissão e epidemiologia • Em países em desenvolvimento, Mycobacterium bovis também causa tuberculose em humanos; • M. bovis é encontrado em leite de vaca, o qual, exceto quando pasteurizado, pode causar tuberculose gastrintestinal em humanos; • A tuberculose ocorre somente em um pequeno número de indivíduos infectados. Tuberculose gastrintestinal por Mycobacterium bovis Mycobacterium tuberculosis • Mecanismos de patogenicidade • Não produz exotoxinas, assim como não tem endotoxina na sua parede celular; • A infecção se inicia quando o bacilo atinge os alvéolos pulmonares • Infecta preferencialmente macrófagos e outras células reticuloendoteliais; • Após serem fagocitadas, sobrevivem e se reproduzem no interior do fagossomo Pela capacidade de sintetizar uma proteína denominada “proteína repetitiva exportada” que impede a fusão do fagossomo com o lisossomo, permitindo, assim, que o organismo escape das enzimas degradativas do lisossomo. Formação do fagolisossomo Mycobacterium tuberculosis • Mecanismos de patogenicidade • As lesões são dependentes da presença do organismo e da resposta do hospedeiro, havendo dois tipos: • LESÕES EXSUDATIVAS - que consistem em uma resposta inflamatória aguda que ocorre nos pulmões e linfonodos mediastinais - Complexo de Ghon • LESÕES GRANULOMATOSAS - que consistem em uma área central com células gigantes de Langhans contendo bacilos tuberculosos, circundada por uma zona de células epitelioides. Formação do granuloma - tubérculo Células epitelioides - são macrófagos modificados por ação de linfocinas secretadas pelos linfócitos T Mycobacterium tuberculosis • Tubérculo - consiste em um granuloma circundado por tecido fibroso que sofreu necrose caseosa central. Os tubérculos cicatrizam por fibrose e calcificação; Cavitação tuberculose pulmonar Mycobacterium tuberculosis • Mecanismos de patogenicidade • Dos pulmões pode se espalhar para os nódulos linfáticos e daí, através da corrente sanguínea para tecidos mais distantes onde a doença pode se desenvolver : ex. Rins; cérebro e ossos (Tuberculose miliar). Tuberculose renal Tuberculose óssea (Mal de Pott) Neurotuberculose Mycobacterium tuberculosis • TUBERCULOSE MILIAR - tuberculose cutânea aguda disseminada • É uma complicação da tuberculose pulmonar por sua ampla disseminação dentro do corpo humano gerando pequenas lesões na pele • DOENTE IMUNOCOMPROMETIDO • TB miliar – é uma complicação seria de cerca de 1 a 3% dos casos de tuberculose • Ocorre pela disseminação do bacilo através do sangue ou do sistema linfático; • Infecta qualquer órgão, sendo mais comum: • Pulmões • Cérebro/meninges • Fígado • Ossos • Pele Tuberculose pele Tuberculose óssea Mycobacterium tuberculosis • Aspectos imunológicos • Após a recuperação da infecção primária, a resistência ao organismo é mediada pela imunidade celular – Linfócitos T CD4+ e macrófagos; • Anticorpos circulantes também são formados, porém não desempenham qualquer papel na resistência e não são utilizados para fins diagnósticos; • Pacientes com AIDS, exibem maior risco de tuberculose disseminada e de risco à vida; • Diabetes mellitus, silicose, câncer, doenças no sangue, leucemia, Terapia prolongada com corticosteroides e outras terapias imuno-supressivas; • Mutações no gene do receptor de γ-interferon são outra causa de imunidade celular ineficaz. Mycobacterium tuberculosis • Manifestações Clínicas • TUBERCULOSE PULMONAR – infecção primária • Tosse com catarro (por mais de 15 dias) • Febre (mais comumente ao entardecer) • Calafrios • Sudorese noturna • Falta de apetite • Perda de peso e emagrecimento • Cansaço fácil • Dificuldade na respiração • Linfadenopatia do pescoço - infecção nos gânglios linfáticos. Linfadenopatia (infecção nos gânglios linfáticos) Mycobacterium tuberculosis • Manifestações Clínicas • TUBERCULOSE PULMONAR – infecção primária • Eritema nodoso - caracterizado por nódulos sensíveis ao longo das superfícies extensoras da tíbia e da ulna, observado em pacientes que estão controlando a infecção por meio de uma resposta potente mediada por células. Eritema nodoso nas pernas Mycobacterium tuberculosis • Manifestações Clínicas • TUBERCULOSE MILIAR • Caracteriza-se por múltiplas lesões disseminadas, similares a grãos de alpiste. • A meningite tuberculosa e a osteomielitetuberculosa, especialmente a osteomielite vertebral (Mal de Pott), são importantes formas disseminadas. TUBERCULOSE MILIAR Mycobacterium tuberculosis • Manifestações Clínicas • TUBERCULOSE DO TGI • A região ileocecal corresponde ao sítio mais frequentemente envolvido; • Pode ser causada por M. tuberculosis deglutido após ter sido expectorado a partir de uma lesão pulmonar; • M. bovis ingerido a partir de produtos lácteos não pasteurizados. • Sintomas: dor abdominal e diarreia, acompanhadas por sintomas mais gerais de febre e emagrecimento. Também pode ocorrer obstrução ou hemorragia intestinal • TUBERCULOSE OROFARÍNGEA • Apresenta-se na forma de uma úlcera indolor, acompanhada por adenopatia local. Mycobacterium tuberculosis • Manifestações Clínicas • TUBERCULOSE RENAL • A disseminação do foco primário para os rins sempre ocorrem através do sangue; • Terceiro sítio mais afetado pela tuberculose, após pulmões e linfonodos; • Sintomas: disúria, hematúria e dor de flanco. A “piúria estéril” é um achado característico; • A urina contém leucócitos, no entanto as culturas de patógenos bacterianos comuns do trato urinário não exibem crescimento. TUBERCULOSE RENAL Cavernas localizadas na camada medular Mycobacterium tuberculosis • Diagnóstico Mycobacterium tuberculosis • Diagnóstico Clínico • Se teve contato com outras pessoas com diagnóstico de tuberculose • Sinais e sintomas sugestivos • História de tratamento anterior para tuberculose • Presença de fatores de riscos: • Infecção por HIV • Câncer • Tabagista • Etilista • Diabetes Mycobacterium tuberculosis • Diagnóstico por imagem (RX e TC) Radiografia de tórax em PA. Opacidades heterogêneas em campo superior de ambos os pulmões com cavitações (setas) TC de tórax. Nódulo pulmonar e gânglio hilar calcificados (sequela do complexo primário da tuberculose). Radiografia de tórax em PA. Opacidades retículo- micronodulares difusas em ambos os pulmões (tuberculose miliar). Mycobacterium tuberculosis • Teste cutâneo de tuberculina – Mecanismo de reação de hipersensibilidade tardia. TESTE DE MANTOUX Injeção intradérmica de Tuberculina (PPD) 0,1 mL na face anterior do antebraço. Resultado positivo: Nódulo endurecido ≥ 5mm em 48 ou 72hrs Um teste cutâneo positivo indica infecção prévia pelo organismo, porém não necessariamente doença ativa. O teste de tuberculina mostra-se positivo 4-6 semanas após a infecção • Mecanismo de reação de hipersensibilidade tardia. Mycobacterium tuberculosis • Reação de hipersensibilidade tardia • A imunização com a vacina BCG pode provocar um teste positivo, porém as reações geralmente apresentam 5-10 mm e tendem a diminuir com o tempo; • Indivíduos apresentando reações de PPD com 15 mm ou mais são consideradas infectadas por M. tuberculosis, mesmo que tenham recebido a vacina BCG; • Um teste cutâneo positivo reverte-se para negativo em cerca de 5-10% dos indivíduos. Mycobacterium tuberculosis • Exame bacteriológico – Baciloscopia (pesquisa de BAAR) • A coloração acidorresistente (Técnica de Ziehl-Neelsen) do escarro ou de outros espécimes corresponde ao teste inicial usual Baciloscopia •Permite descobrir fontesde infecção – bacilíferos •Detecta 70 a 80% dos casos de tuberculose •Indicações: •Pacientes adultos com sintomas respiratórios •Pacientes com alterações ao RX de tórax corante carbolfucsina Esfregaço de escaro de paciente com tuberculose submetido a Coloração de Ziehl-Neelsen Mycobacterium tuberculosis • Cultura • Após tratamento do espécime clínico com NaOH (Hidroxido de sódio) e concentração por centrifugação, o material é cultivado em meios especiais, como ágar Löwenstein-Jensen, por até 8 semanas Löwenstein-Jensen - Gema de ovo (fonte lipídeos) : Antibióticos + corantes (para inibir crescimento de contaminantes) Colônias de Mycobacterium tuberculosisNão cresce em placa de ágar sangue Mycobacterium tuberculosis • Meio líquido BACTEC • Metabólitos radioativos são incorporados e o crescimento pode ser detectado pela produção de dióxido de carbono radioativo em cerca de 2 semanas; • Preferido para o isolamento, uma vez que o organismo cresce de forma mais rápida e reprodutível que em meio sólido. • Havendo crescimento o microrganismo pode ser identificado por meio de testes bioquímicos: • Teste de Niacina – positivo • Teste da catalase – positivo • Testes de identificação mais rápidos, que empregam sondas de DNA, encontram-se também disponíveis. Mycobacterium tuberculosis • Tratamento • A terapia com múltiplos fármacos é utilizada para prevenir a emergência de micobactérias resistentes a fármacos durante a longa duração do tratamento (de 6 a 9 meses) - a isoniazida (INH), um fármaco bactericida, corresponde à base do tratamento, porém, utiliza-se 3 fármacos: • Isoniazida, rifampina e pirazinamida • Isoniazida e rifampina são administradas por 6 meses, entretanto o tratamento com pirazinamida é interrompido após 2 meses (ou seja, é utilizado apenas nos 2 primeiros meses); • Em pacientes imunocomprometidos - que apresentam doença disseminada, ou que provavelmente albergam organismos resistentes a Isoniazida, um quarto fármaco, o etambutol, é acrescentado, sendo todos os quatro fármacos administrados por um período de 9-12 meses. Mycobacterium tuberculosis • Tratamento • Embora a terapia seja geralmente administrada durante meses, o escarro do paciente torna-se não infeccioso no período de 2-3 semanas • Linhagens de M. tuberculosis resistentes ao principal fármaco antimicobacteriano, a isoniazida bem como linhagens resistentes a múltiplos antibióticos tornaram-se um problema mundial. • Essa resistência é atribuída a uma ou mais mutações cromossomais, uma vez que não foram encontrados plasmídeos nesse organismo. • Uma dessas mutações ocorre em um gene envolvido na síntese de ácido micólico, enquanto outra ocorre no gene de catalase-peroxidase, enzima necessária à ativação da Isoniazida no interior da bactéria. Mycobacterium tuberculosis • Prevenção • A prevenção da disseminação do organismo depende, em grande parte, da rápida identificação e do tratamento adequado de pacientes que expelem o organismo pela tosse. • Uso de máscaras e outros procedimentos de isolamento respiratório para impedir a disseminação da doença para os profissionais médicos também é importante; • A identificação de indivíduos expostos a pacientes com doença pulmonar ativa com tosse deve ser realizada; • Aplicação do teste cutâneo de PPD a fim de detectar convertidos recentes e realizar o tratamento de infecções latentes Mycobacterium tuberculosis • Prevenção • A vacina BCG pode ser utilizada para induzir resistência parcial à tuberculose. • É eficaz na prevenção do surgimento de tuberculose na forma de uma doença clínica, especialmente em crianças, embora não previna a infecção por M. tuberculosis. • U importante problema em relação à vacina é sua efetividade variável, que pode variar de 0% a 70%; • A vacina BCG não deve ser administrada em indivíduos imunocomprometidos uma vez que os organismos BGC vivos podem causar doença disseminada. • A pasteurização do leite e a eliminação do gado bovino infectado são importantes para a prevenção de tuberculose intestinal. FIM
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