Buscar

GABRIELMATTOSDEOLIVEIRA_TRAB_FINAL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

O tabagismo é a principal causa de morte evitável em todo o mundo. O uso do tabaco é um dos principais fatores de risco para uma série de doenças, incluindo câncer, doenças pulmonares e doenças cardiovasculares. No século XX, cem milhões de mortes foram causadas pelo tabaco. Segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS (2015) (World Health Organization – WHO), o fumo mata cerca de 6 milhões de pessoas por ano. Mais de 5 milhões dessas mortes são o resultado do uso direto do tabaco, enquanto mais de 600 mil resultam da exposição passiva ao fumo. Além disso, o número anual de mortos pode subir para 8 milhões até 2030, e 80% desses óbitos acontecerão nos países em desenvolvimento. O tabaco irá matar até 1 bilhão de pessoas ainda neste século. No Brasil, estima-se que, a cada ano, 200 mil brasileiros morram precocemente devido às doenças causadas pelo tabagismo (Instituto Nacional de Câncer – INCA, 2015).
A OMS (2015) estima que um terço da população mundial adulta, 1 bilhão e 200 milhões de pessoas, faz uso de produtos derivados do tabaco. Aproximadamente 47% de toda a população masculina e 12% da população feminina no mundo fumam. Enquanto nos países em desenvolvimento os fumantes constituem 48% da população masculina e 7% da população feminina, nos países desenvolvidos o número de mulheres fumantes mais do que triplica: 42% dos homens e 24% das mulheres apresentam o hábito de fumar.
Importantes ações para o controle do tabagismo foram promovidas, como a aprovação da Lei dos Ambientes Livres; a regulamentação da Lei antifumo proibiu o consumo de cigarros, assim como cigarrilhas, cachimbos e outros produtos, derivados ou não do tabaco, em locais de uso coletivo, público ou privados. Ainda dentro das ações que vem sendo desenvolvidas está a política de preço mínimo para o cigarro e aumento dos impostos, e a proibição da propaganda comercial de cigarros em todo território nacional, sendo permitida a exposição dos produtos nos locais de vendas. Além da obrigatoriedade de a indústria colocar advertências sobre os malefícios do cigarro (ABREU-VILLAÇA et al., 2013).
O papel da família e sua influência na prevenção e no tratamento do transtorno por uso de substâncias psicoativas pode ser entendido como primordial. Sendo a família, geralmente, o primeiro núcleo social do indivíduo, quando esse suporte não se dá de forma efetiva, pode haver uma substituição nessa condição formadora por um relacionar-se com a substância de abuso, sendo necessário buscar relações mais estruturantes em grupos mais próximos (BANDURA, 2006).
A percepção do suporte familiar como possível mediador de comportamentos encontra respaldo no conceito de modelação social proposto na Teoria Social Cognitiva. De acordo com os construtos bandurianos, a aprendizagem ocorre pela aquisição do “princípio condutor” que será utilizado para produzir novas versões do comportamento observado, adaptando-o e inovando-o. Na aprendizagem por observação que ocorre por meio das interações familiares, a eficácia familiar percebida tem um papel fundamental no modo como o indivíduo expressará esses novos comportamentos em contextos sociais mais amplos, assim como na forma de ele influenciar proativamente o seu contexto familiar (BANDURA, 1986).
Bandura (1986) defende que grande parte do comportamento humano é aprendido por meio da modelação social e que as pessoas são seres proativos, autorregulados, autorreflexivos e autorreativos. São capazes de intencionalmente planejar suas ações, antecipando o futuro, representando-o cognitivamente e ajustando-o às suas necessidades e desejos. Da mesma forma, o conceito de autoeficácia introduzido por Bandura afirma que as consequências do comportamento são produzidas pelo contexto social das pessoas (BANDURA, 1997). Sendo assim, a terapia em grupo para tabagistas possui grande eficácia, aumentando a probabilidade de abstinência prolongada. Além disso, tratamento realizado no modelo grupal proporciona um maior suporte social e facilidade de discussões de situações de risco ao uso do tabaco, além da criação de estratégias para lidar com estas situações (PRESMAN, CARNEIRO & GIGLIOTTI, 2005). Oliveira et al. (2017) enfatizam que o tratamento em grupo é fundamental pois os indivíduos exercitam o processo de identificação com outros pacientes percebendo que suas dificuldades são as mesmas de outras pessoas, estabelecendo trocas entre eles, fortalecendo as decisões e amenizando o sofrimento emocional na cessação do cigarro.
A autoeficácia refere-se às expectativas da pessoa sobre sua capacidade de resistir à vontade de realizar um determinado comportamento (no caso, o uso do tabaco) quando exposta a situações associadas a tais comportamentos. Uma revisão realizada acerca das possíveis variáveis ​​associadas à cessação do consumo de tabaco verificou a existência de um elevado número delas, sendo as técnicas cognitivas mais eficazes na intervenção. Dentre as variáveis ​​cognitivas, a autoeficácia desempenha um papel importante, sendo reconhecida como um papel central na cessação do tabagismo. Há estudos que demonstraram que a autoeficácia está entre as variáveis ​​que melhor antecipavam o sucesso ao parar de fumar. Além disso, acredita-se que os maiores valores de autoeficácia são obtidos por indivíduos em estágios de abstinência. Nesse sentido, consideram a autoeficácia como um mecanismo importante para atingir e manter a abstinência (SÁNCHEZ, OLIVARES & ROSA, 1998). 
O construto da autoeficácia tem sido aplicado a diversos comportamentos em diferentes domínios da saúde, tais como: o manejo de doenças crônicas, uso de drogas, atividade sexual, tabagismo, exercícios, perda de peso e também a capacidade de recuperação de problemas de saúde. Da Psicologia da Saúde, destaca-se a área que se dedica a examinar a relação entre as expectativas de eficácia pessoal e o hábito de fumar, que podem ser classificadas em duas grandes categorias: a) estudos com tabagistas em tratamento psicológico para cessação do hábito, em que medidas de autoeficácia são utilizadas para predizer diferentes aspectos da provável recaída e b) estudos com adolescentes, que, a partir de uma abordagem preventiva, utilizam medidas de autoeficácia como possíveis preditores do comportamento tabágico (BANDURA, 2006).
Dessa forma, os conceitos de agência humana e autoeficácia, introduzidos por Bandura, em geral, têm sido relevantes para tratar de problemas relacionados ao campo da psicologia geral e da psicologia social. Nesse sentido, a teoria de Bandura é adequada para analisar a relação entre autoeficácia e comportamentos de saúde como: consumo de tabaco e abandono do mesmo (BANDURA, 1997 & 2001). 
Referências
ABREU-VILLAÇA Y, CAVINA CC, RIBEIRO-CARVALHO A, CORREA-SANTOS M, NAIFF VF, FILGUEIRAS CC, MANHÃES AC. Combined exposure to tobacco smoke and ethanol during adolescence leads to short- and long-term modulation of anxiety-like behavior. Drug Alcohol Depend. 2013 Nov 1;133(1):52-60.
BANDURA, A. (1986). Social foundations of thought and action: a social cognitive theory. Englewood Cliffs, NJ: Prentice-Hall. 
BANDURA, A. (1997). Self-efficacy: The exercise of control. Nueva York: Freeman.
BANDURA, A. (2001). Social Cognitive Theory: an agentic perspective. Annual Review of Psichology, 52,1- 26. 
BANDURA, A. (2006). On integrating social cognitive and social diffusion theories. In A. Singhal & J. Dearing (Eds.). Communication of innovations: a journey with Ev Rogers. Beverley Hills: Sage Publications.
INCA – Instituto Nacional do Câncer. Disponível em: http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/agencianoticias/site/home/noticias/2015/numero_fumantes_cai_30_virgula_sete_por_cento_em_nove_anos.
OLIVEIRA, M. S; SARTES, L.M.A; RIBEIRO, N. S.; ISMAEL, S. M. C & CAZASSA, M.J. (2017). Terapia cognitivo-comportamental em grupo aplicada a usuários de drogas. In B. Neufeld & P. Rangé (Org.). Terapia cognitivo-comportamental em grupos: das evidências à prática (pp. 212-235). Porto Alegre: Artmed.
OMS - WHO – World Health Organization. Report on the Global Tobacco Epidemic. Raisingtaxes on tobacco. 2015.
PRESMAN, S., CARNEIRO, E., & GIGLIOTTI, A. (2005). Tratamentos não-farmacológicos para o tabagismo. Archives of Clinical Psychiatry (São Paulo), 32(5), 267-275.
SÁNCHEZ, J., OLIVARES, J. Y ROSA, AJ. (1998). El problema de la adicción al tabaco: meta-análisis de las intervenciones conductuales en España. Psicothema, 10 (3), 535-549.

Outros materiais