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Objetivos M8P5 1- Analisar as etapas normais do desenvolvimento neuropsicomotor na infância; 2- Identificar as características que levem a suspeitar dos principais transtornos do desenvolvimento – autismo, TDAH; 3- Descrever as principais causas de acidentes na infância por faixa etária e formas de prevenção; 4- Conhecer o ECA. Desenvolvimento neuropsicomotor Se inicia no período intrauterino, e se dá com maior relevância até os 6 anos de idade, para o desenvolvimento biológico, cognitivo, social e emocional do ser humano. As experiências de movimentação intra- útero ficam registradas no cérebro, formando conexões que serão utilizadas para novos movimentos voluntários. Área motora primária → Execução de movimentos Área pré-motora, motora suplementar, córtex pré- frontal (cognição) → Planejamento de movimentos complexos, verificam a localização do alvo, a trajetória do movimento, a distância a ser percorrida até o alvo etc. e selecionam os neurônios da área motora primária que executarão melhor o movimento planejado. Área motora cingulada → programação. O conhecimento desses processamentos todos, necessários para os movimentos, esclarece porque: tanto um déficit cognitivo quanto um distúrbio psico- afetivo podem repercutir no motor, causando atraso no alcance dos marcos motores ou comprometimento da qualidade dos movimentos; nas avaliações do desenvolvimento, os comportamentos das crianças revelam não somente a função motora pura e simples, mas sim simultaneamente as manifestações das áreas cognitiva, psico-afetivas, além da visual, auditiva e da linguagem Conduta adaptativa: compreendem as reações da criança frente aos estímulos apresentados (ex.: bola, argola, chocalho, cubos), e que dependem da interação da sua capacidade motora, sensorial, de coordenação e cognitiva para adequada exploração e aprendizagem. É considerada a conduta precursora da inteligência, aquela na qual é avaliada a capacidade da criança em “resolver” problemas e aprender a partir de novas experiências. Por exemplo, ao mostrar um chocalho ao lactente de quatro meses, espera-se que ele leve a mão à linha média para observar o objeto, podendo levá-lo à boca para iniciar a exploração. Conduta motora fina: compreendem as habilidades cada vez mais precisas e específicas com o uso da mão e dedos, garantindo-lhe a exploração cada vez mais delicada do objeto. É muitas vezes estudada juntamente com a conduta adaptativa. Por exemplo, espera-se que um lactente tenha uma pega palmar aos 4 meses, uma pega radial aos 7 meses, e uma pega em pinça (oposição entre o polegar e o indicador) aos 12 meses. Conduta motora grosseira: compreendem as habilidades motoras gerais, como sustentar cabeça, tronco, sentar-se, rolar, engatinhar, andar, pular e assim por diante. Também é uma conduta dependente da interação das vias motoras centrais e periféricas, assim como órgãos dos sentidos especiais e vias de equilíbrio. Conduta de linguagem: referem-se à capacidade de compreender e exprimir sensações e pensamentos. Incluem as reações de comunicação não verbal (ex.: sorriso, riso alto, choro, apontar, expressões faciais) e verbal (sons guturais, balbulcio, lalação, primeiras palavras, frases, histórias). Conduta pessoal-social: referem-se às reações da criança frente às outras pessoas (mãe, pai, examinador, brincadeiras com outras crianças) e frente às situações de vida diária (alimentação, sono, higiene, vestimenta, controle esfincteriano). • Fatores que interferem no desenvolvimento Falta de estímulo; Falta de vínculo, de apego → afetivo, cognitivo e social; Muitos irmãos → em 90%; Falta de aleitamento; Desnutrição; Baixa-renda. O estímulo é muito importante para o desenvolvimento, sem estímulo pode ocorrer atraso no desenvolvimento. Nos primeiros 2 anos, estão ligados a estabilidade emocional Nos primeiros 3 anos, o desenvolvimento da sinapse ocorre muito rapidamente. • Sensorial Visão Audição Olfato Paladar • Reflexos Possuem um caráter transitório, isto é, estão presentes ao nascimento, mas possuem uma época determinada para desaparecer. O desaparecimento do reflexo primitivo permite o surgimento de uma conduta motora voluntária, aprendida e sob controle cortical, o que é possível fisiologicamente pelo processo de amadurecimento do SNC – e que envolve mielinização e formação de sinapses. Por exemplo, o reflexo tônico cervical assimétrico está presente até o 3º mês de vida, e o seu desaparecimento nesta época é fundamental para permitir o desenvolvimento da postura simétrica, com cabeça e tronco centrados e mãos na linha média com início da preensão palmar voluntária. Reflexo de Moro (Reflexo do “Abraço”) Descrição. Na posição supina eleva-se o bebê pelo tronco acima do plano da mesa e repentinamente o solta, apoiando-o em seguida para que não caia. O objetivo é produzir uma extensão rápida do pescoço e cabeça. Obtemos a abdução seguida da adução e flexão das extremidades superiores, flexão do pescoço e choro. Desaparecimento. Aos 3 meses ele desaparece em sua forma “típica” ou completa, conforme descrevemos. Aos seis meses desaparece definitivamente. Reflexo de Preensão Palmar Descrição. Na posição supina, o examinador coloca o dedo na face palmar do bebê. A resposta esperada é a flexão dos dedos e fechamento da mão. Aparecimento: 27 semanas de idade gestacional. Desaparecimento. Aos quatro meses. Reflexo de Preensão Plantar Descrição. Na posição supina, o examinador comprime o seu polegar sobre a face plantar, abaixo dos dedos. A resposta é a flexão dos dedos do pé. Desaparecimento. Aos quinze meses. Reflexo de Galant Descrição. Coloca-se o bebê em prona, com o tronco apoiado sobre o braço do examinador. Com o dedo da mão contralateral estimula-se a pele do dorso, fazendo um movimento linear vertical que parte do ombro até as nádegas a cerca de 2 cm da coluna. A resposta esperada é a flexão do tronco, com a concavidade virada para o lado estimulado. Desaparecimento. Aos quatro meses. Teste de triagem do desenvolvimento de Denver É um método de triagem em crianças entre o nascimento e os 6 anos de idade, para confirmação de suspeitas na avaliação subjetiva do desenvolvimento e para monitoração do desenvolvimento de crianças com risco de apresentar alterações. O teste é composto por 125 itens, subdivididos em 4 domínios de funções: pessoal-social, motor- adaptativo, linguagem e motor grosseiro. O primeiro for criado em 1967 para ajudar na detecção de possíveis problemas no desenvolvimento de criança durante os 6 primeiros anos de vida. Em 1990 foi reformulado, Denver II, para reformulado para ampliar as observações, como as de linguagem, e omitir itens de pouco valor clínico ou de difícil realização, e adequá-lo a grupos de diferentes etnias, regiões (urbanas ou rurais ) e níveis de escolaridade. São baseados em critérios padronizados, servem como roteiro de observação para o pediatra, constituem uma maneira prática de registrar as observações realizadas e ajuda os pediatras a reconhecerem um número maior de crianças com alterações do desenvolvimento. As desvantagens são a utilização de testes não validados para a população estudada, a baixa familiaridade dos pediatras com os instrumentos escolhidos, a grande influência dos fatores culturais no desenvolvimento infantil, principalmente após os 2 anos de idade (o que faz desse processo um caminho de infinitas possibilidades), e o tempo de administração dos testes escolhidos. Fases de desenvolvimento por Jean Piaget I. PERÍODO SENSÓRIO-MOTOR (0 A 2 ANOS) Neste período, o lactente se utiliza de suas habilidades motoras cada vez mais coordenadas e intencionais (praxias) e de suas variadas percepções sensoriais (gnosias auditivas, visuais, gustativas, táteis e proprioceptivas) para explorar o meio ambiente, aprender novas funções, e comunicar-se. Neste período podem seridentificados cinco estágios: 1. Primeiro estágio (0-2 meses): neste momento, a movimentação do lactente se faz apenas de maneira reflexa. As mãos permanecem cerradas e os membros semifletidos, e apenas se estendem e abrem no momento em que se desencadeiam os reflexos primitivos. As vias motoras são pouco mielinizadas e o controle cortical do movimento é difuso. O bebê é capaz de escutar e nesta fase pode se observar o apoio da cabeça de um dos lados (geralmente o esquerdo), liberando o ouvido do outro lado (dominância hemisférica da via auditiva). O bebê se aquieta com a voz humana, e ao ouvir outro choro de criança desencadeia-se também uma resposta de choro. Sua capacidade de comunicação verbal é limitada, fazendo-o apenas através do choro, cujas características já podem denunciar fome, irritação ou dor. Já existe percepção da luz, e a cabeça se vira em direção à luz da lanterna. 2. Segundo estágio (2-4 meses): aos quatro meses o lactente já está com as mãos mais abertas e já as conduz até a linha média, permitindo a colocação do objeto apreendido na boca. As vias piramidais já estão mais mielinizadas. Neste momento, o lactente já vira a cabeça em direção ao som. Há melhora da coordenação entre a visão e a preensão do objeto. Aos três meses já ocorre o acompanhamento do objeto em uma rotação de 180º no campo visual. Ele olha a mamadeira e abre a boca, e os olhos seguem o que a mão faz. Assim, desenvolvemse as reações circulares primárias, através das quais a criança observa o objeto, executa a preensão manual, leva o objeto a boca, chupa-o e repete a sequência. São novos atos descobertos por acaso, e por isso, são descritos como ações pré-inteligentes. Há imitação dos sons ouvidos, principalmente os fonemas vogais: aah, eeh, etc. 3. Terceiro estágio (4-9 meses): neste estágio coordenação para preensão do objeto melhora ainda mais, e a intenção de pegá-lo torna-se mais voluntária (praxia), pois o objetivo é segurar, sacudir, balançar e virar. Ao mesmo tempo, a acuidade visual melhora e com ela a noção de profundidade e direção do brinquedo. Nesta fase, a criança pega uma pastilha com toda a mão, sacode o sino para ouvir o barulho e segura um brinquedo pelo fio. São as reações circulares secundárias, descobertas ainda por acaso, porém com maior intenção. Tal desenvolvimento é possível pela mielinização de áreas parietoccipitais e temporoparietais. Surgem as vocalizações dos fonemas “T, P e M”. 4. Quarto estágio (9-12 meses): desaparecem as reações circulares, e as ações são realizadas com intenção e objetivo, ou seja, momento em que se desenvolvem as praxias – ações com finalidade. A criança investiga mais o brinquedo – aperta, apalpa, arranha, arrasta, olha-o em diferentes perspectivas. Aos 11 meses começa a colocar um objeto dentro do outro. A preensão é mais precisa, com oposição entre o polegar e o indicador. Surgem sons mais complexos, mas ainda sem significado “pfs, mam, baba, ppa”. Aos 12 meses, a criança já fala “mama” e “papa” com significado, e já compreende ordens simples como “dá”, “tchau” e “vem”. 5. Quinto estágio (12 a 18 meses): começa a brincadeira simbólica, na qual a criança inventa finalidades para os objetos, abre a caixa de fósforos, faz torres de cubos e já brinca de “casinha”. Há aumento do vocabulário e a criança já nomeia objetos simples em uma gravura. 6. Sexto estágio (18 meses a 24 meses): início da fase de imitação de gestos e palavras, desenvolvimento de ações manuais mais complexas como desembrulhar a bala, virar as páginas do livro, e fazer rabiscos circulares e lineares no papel. II. PERÍODO DE OPERAÇÕES CONCRETAS a) PERÍODO PRÉ-CONCEPTUAL (2 A 4 ANOS) Com o amadurecimento do córtex frontal e pré-frontal torna-se possível imitação de gestos simples e simétricos, como por exemplo: abrir as duas mãos, fechá-las, levantar os braços acima da cabeça ou abrir os braços horizontalmente. A prova dedo-nariz e a manobra de Romberg podem ser realizadas aos três anos com os olhos abertos, e apenas aos quatro anos o examinador consegue aplicá-las com os olhos fechados. A criança é capaz de cantar, mas ainda não imita o ritmo com as mãos e pés. É capaz de encaixar formas simples em uma prancha. Aos três anos faz um círculo e uma linha vertical. Aos dois anos une duas palavras e aos quatro anos forma uma frase completa, com sujeito verbo e predicado. Inicia-se a brincadeira do “faz de conta”, com pensamento egocêntrico e monólogos. As crianças falam sozinhas ou com os brinquedos, explicando o que estão fazendo. A atenção é curta e facilmente dispersa por estímulo externo mínimo. Ao olhar um quadro a criança observará as partes separadamente, mas não será capaz de interpretar a ação. Por exemplo, dirá que vê uma gaiola, um pássaro e uma menina, mas não interpretará o desenho como “um pássaro sendo solto pela menina”. Ela ainda não percebe diferenças e analogias, como, por exemplo, “Mamãe é mulher e papai é...?”. b) PERÍODO INTUITIVO (4 A 7 ANOS) A criança já adquire a habilidade de realizar movimentos alternados e simultâneos, como abertura de uma mão e fechamento da outra, levanta um braço na horizontal e o outro na vertical, tocar os dedos com o polegar. Já consegue seguir o ritmo da uma música com os pés e com as mãos, diferencia quadrado de retângulo e círculo de elipse, e ao ver uma cena desenhada em um quadro, ao invés de descrever as partes, interpreta as figuras como um todo, dando significado (ex.: “a menina soltou o pássaro da gaiola, e ele fugiu”). Contudo, ainda não desenvolveu a capacidade de criticar pequenos erros de desenho, como, por exemplo, o fio do serrote virado para cima e longe da árvore ou uma carroça andando na linha do trem. Substituem o monólogo pela conversação e aos sete anos explicam o porquê dos acontecimentos. Reconhecem analogias e diferenças (ex.: o fogão é para fazer comida, perto versus longe), mas ainda não compreendem lógicas mais complexas, como “desenhe uma cruz à direita do círculo” ou “qual é a diferença entre o irmão da mãe e a mãe do irmão?”. c) PERÍODO DE OPERAÇÕES CONCRETAS (7 A 12 ANOS) A criança desenvolve noções de tempo, espaço, velocidade, ordem, causalidade, já sendo capaz de relacionar diferentes aspectos e abstrair dados da realidade. Não se limita a uma representação imediata, mas ainda depende do mundo concreto para chegar à abstração. Desenvolve a capacidade de representar uma ação no sentido inverso de uma anterior, anulando a transformação observada (reversibilidade). Exemplos: Despeja-se a água de dois copos em outros, de formatos diferentes, para que a criança diga se as quantidades continuam iguais. A resposta é afirmativa uma vez que a criança já diferencia aspectos e é capaz de “refazer” a ação. II. PERÍODO DE OPERAÇÕES FORMAIS (ADOLESCÊNCIA) A representação agora permite a abstração total. A criança não se limita mais a representação imediata, nem somente às relações previamente existentes, mas é capaz de pensar em todas as relações possíveis logicamente buscando soluções a partir de hipóteses e não apenas pela observação da realidade. Em outras palavras, as estruturas cognitivas da criança alcançam seu nível mais elevado de desenvolvimento e tornam-se aptas a aplicar o raciocínio lógico a todas as classes de problemas. Exemplos: Se lhe pedem para analisar um provérbio como “de grão em grão, a galinha enche o papo”, a criança trabalha com a lógica da ideia (metáfora) e não com a imagem de uma galinha comendo grãos. Transtornos do desenvolvimento TDAH O TDAH é um transtorno neurobiológico, com grande participação genética (isto é, existem chances maiores de ele ser herdado), que tem início na infância e que pode persistir na vida adulta, comprometendo o funcionamento da pessoa em vários setores de sua vida, e se caracteriza por três grupos de alterações: hiperatividade, impulsividade e desatenção. A etiologia émultifatorial, englobando fatores genéticos (endógenos) e ambientais (exógenos). Dois genes podem implicar, sendo estes DAT (gene transportador de dopamina) e DRD4 (gene que codifica o receptor de dopamina) Hiperatividade é o aumento da atividade motora. A pessoa hiperativa é inquieta e está quase constantemente em movimento; pode ser encontrada em diversos transtornos psíquicos, como o autismo, o transtorno bipolar e em certos quadros ansiosos. A hiperatividade também pode ocorrer em decorrência de certas doenças físicas (por exemplo, o hipertireoidismo), mas raramente pode ser causada por alguns medicamentos. OBS.: TDAH e hiperatividade não são sinônimos. Por outro lado, toda pessoa com TDAH é desatenta (embora exista desatenção em vários outros transtornos, como a depressão e a ansiedade). Impulsividade: é a deficiência no controle dos impulsos, é “agir antes de pensar”. Podemos entender impulso como a resposta automática e imediata a um estímulo. Por exemplo, se vemos alguma coisa apetitosa, queremos comê-la; se estamos de dieta, temos que controlar o impulso. No TDAH, as reações tendem a ser imediatas, sem reflexão. A pessoa impulsiva tem reações súbitas, de supetão, responde ou reage sem pensar, o que só ocorre depois. Costuma dar uma resposta sem escutar a pergunta por inteiro, mas a “marca registrada” da impulsividade é a impaciência, a dificuldade de esperar. Adolescentes e adultos impulsivos dirigindo um carro podem ser mais imprudentes ou cometer mais infrações. Como não conseguem esperar, ultrapassam perigosamente, avançam sinais, querem sempre chegar rápido e por isso correm demais. Após reações explosivas, a raiva logo passa, se arrependem e tratam a outra pessoa como se não tivessem tido aquela reação poucos minutos antes. Isso é importante para distinguir o TDAH de outros transtornos nos quais a raiva e o ressentimento duram horas e até dias. Desatenção: a falha da atenção pode aparecer de diversas formas. A pessoa não consegue manter a concentração por muito tempo, se começar a ler um livro, na metade da página não consegue lembrar o que acabou de ler. Até mesmo numa conversa é capaz de perder o fio da meada. A desatenção é responsável por erros tolos que o estudante comete em matérias que ele seguramente domina, mas que no momento da prova sua atenção caiu. Outras vezes, a mente da pessoa com TDAH parece que não tem um “filtro”. E falha nessas pessoas um tipo de memória denominada memória de curto prazo ou memória operacional. Desorganização: A pessoa com TDAH é comumente muito desorganizada, graças, em primeiro lugar, à falha da atenção, mas também devido à sua hiperatividade. Por isso, frequentemente perde ou não sabe onde colocou objetos tais como canetas, óculos, livros, chaves, telefone celular, etc., e não é raro depois achar esses mesmos objetos nos locais mais estranhos, porque foram inadvertidamente colocados ali num momento de distração, quando outro estímulo desviou a atenção do que a pessoa estava fazendo. Até recentemente, falava-se em “subtipos”: com predomínio de desatenção, com predomínio de hiperatividade-impulsividade e subtipo combinado. Com a publicação do sistema americano de diagnóstico, o DSM-V, passou-se a dizer que o TDAH tem “apresentações” diferentes. Isto porque um indivíduo que tem predomínio de desatenção neste momento poderá passar a ter sintomas combinados após alguns anos e vice-versa. Por isso, os pesquisadores creditaram ser mais apropriado falar em “apresentação” atual do TDAH e não em “subtipo”. A apresentação com Predomínio de Desatenção costuma passar mais despercebida ➔ pouco inteligentes, sem aptidão para os estudos. Outras vezes são vistas como preguiçosas ou apenas muito tímidas. Como não são hiperativas, não “incomodam”. A criança : • Elétrica: não gosta de brincadeiras de ficar parado, ler ou assistir. • Adormece: quando obrigada a parar. Adolescentes ou adultos: Adolescentes e adultos hiperativos costumam se mostrar de forma um pouco diferente das crianças, pois é próprio dessas idades mais avançadas uma redução normal da atividade motora. Então, muitas vezes o que predomina no adolescente e no adulto é uma sensação interna de inquietação, ou eles se mostram sempre ocupados com alguma coisa, dando a impressão de estarem sempre muito atarefados, quando na verdade o que ocorre é uma dificuldade em diminuir o nível de atividade. Adultos têm dificuldade em sair de férias, ou comumente se ocupam com várias atividades ao mesmo tempo, na maior parte das vezes sem conseguir completar nenhuma delas. Diagnóstico Não existe nenhum exame ou teste psicológico que permita fazer o diagnóstico desse transtorno. Assim sendo, o profissional chega ao diagnóstico colhendo uma história da vida da pessoa, geralmente com a ajuda dos pais (no caso de crianças) e com a ajuda do marido ou da mulher (no caso de adultos). Auxilia a investigação lançar mão de questionários que podem ser listas de verificação de sintomas ou escalas de avaliação. A Associação Americana de Psiquiatria, através de uma publicação oficial chamada Diagnostic and Statistic Manual (DSM, que está na sua quinta edição, a DSM-V), propõe que para se diagnosticar TDAH devem estar presentes no mínimo 6 de uma lista de 9 sintomas de desatenção e/ou, no mínimo, 6 de uma lista de 9 sintomas de hiperatividade e impulsividade. Estiverem presentes há no mínimo 6 meses e satisfizerem os seguintes requisitos: • Vários sintomas se manifestaram antes dos 12 anos de idade; • Vários sintomas ocorrem em, no mínimo, dois ambientes (casa, escola, trabalho, na presença de amigos ou parentes, em outras atividades); • Há prejuízos sociais, acadêmicos ou profissionais ao indivíduo; • Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante o curso de algum transtorno psiquiátrico, excluindo-se o transtorno do espectro autista. Em indivíduos a partir de 17 anos de idade, o número mínimo de sintomas necessário em cada categoria para o diagnóstico cai de seis para cinco. O DSM-V descreve três tipos de apresentação do TDAH: ocorrendo exclusivamente critérios para desatenção, estamos diante da apresentação predominantemente desatenta; ocorrendo somente critérios para hiperatividade, estamos diante da apresentação predominantemente hiperativa/impulsiva; e, se preenchendo critérios de desatenção e hiperatividade, estaremos diante da apresentação combinada (ou mista) O TDAH deve ser entendido como um transtorno crônico que não possui terapia curativa. Desse modo, o objetivo do tratamento é modificar o comportamento e reorganizar o indivíduo, a fim de promover um desempenho funcional satisfatório em todos os ambientes. O tratamento é multiprofissional e multifatorial, e deve englobar: a) Orientação aos pais e paciente: Os responsáveis devem ser esclarecidos quanto ao transtorno, a fim de poderem ajudar seus filhos, proporcionando modificações do meio, estímulo às modificações de comportamento e desenvolvimento de habilidades diversas. b) Participação da escola: O TDAH não é um transtorno específico do aprendizado, mas seus principais sintomas têm um grande impacto no rendimento acadêmico e profissional. O ajustamento acadêmico é essencial. c) Atendimento psicoterápico A terapia cognitivo- comportamental é pilar essencial do tratamento, pois atua na modificação do comportamento do indivíduo, na identificação das dificuldades pessoais e no desenvolvimento de habilidades acadêmicas e sociais. d) Terapia medicamentosa O tratamento de primeira linha consiste nos fármacos psicoestimulantes, que podem ser prescritos a partir de 6 anos de idade. Eles diminuem a recaptação pré-sináptica das catecolaminas, elevando seus níveis na fenda sináptica. Desse modo, diminuem a impulsividade e a atividade motora, melhorando a memória recente e o desempenho acadêmico e social e propiciando melhores condições para as intervenções terapêuticas. No Brasil,existem duas categorias de psicoestimulantes disponíveis: o metilfenidato e os derivados de anfetaminas. O metilfenidato está disponível em três formulações: Ritalina® (na dose de 10 mg, com duração do efeito de 3-4 horas), Ritalina LA® (cápsulas de 10 mg, 20 mg, 30 mg e 40 mg, com longa duração, de 6-8 horas) e Concerta® (com apresentações de 18 mg, 36 mg e 54 mg, com tempo de ação de 10-12 horas). Transtornos que se associam mais frequentemente com o TDAH: 1. Transtornos do Aprendizado (dos quais os mais comuns são os transtornos de leitura, de escrita e de matemática). 2. Transtorno de Desafio e Oposição e Transtorno de Conduta. 3. Tiques. 4. Transtornos Ansiosos (Pânico, Fobia Social, Transtorno de Ansiedade Generalizada). 5. Transtornos do Humor (Depressão, Distimia, Transtorno Bipolar). 6. Abuso de Drogas e Alcoolismo. TEA O transtorno do espectro autista é um novo transtorno do DSM-5 que engloba o transtorno autista (autismo), o transtorno de Asperger, o transtorno desintegrativo da infância, o transtorno de Rett e o transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação do DSM-IV. Ele é caracterizado por déficits em dois domínios centrais: 1) déficits na comunicação social e interação social; 2) padrões repetitivos e restritos de comportamento, interesses e atividades. O TEA é uma condição neurodesenvolvimental, que se apresenta nos primeiros anos de vida da criança. A etiologia do TEA ainda é desconhecida, mas pesquisas têm encontrado correlatos neurobiológicos e genéticos. Não é surpreendente, portanto, que a busca por sinais precoces do autismo continua sendo uma área de intensa investigação científica. Alguns marcadores potencialmente importantes no primeiro ano de vida incluem anormalidades no controle motor, atraso no desenvolvimento motor, sensibilidade diminuída a recompensas sociais, afeto negativo e dificuldade no controle da atenção. São sinais sugestivos no primeiro ano de vida: perder habilidades já adquiridas, como balbucio ou gesto dêitico de alcançar, contato ocular ou sorriso social; não se voltar para sons, ruídos e vozes no ambiente; - não apresentar sorriso social; baixo contato ocular e deficiência no olhar sustentado; baixa atenção à face humana (preferência por objetos); demonstrar maior interesse por objetos do que por pessoas; não seguir objetos e pessoas próximos em movimento; apresentar pouca ou nenhuma vocalização; não aceitar o toque; não responder ao nome; imitação pobre; baixa frequência de sorriso e reciprocidade social, bem como restrito engajamento social (pouca iniciativa e baixa disponibilidade de resposta) - interesses não usuais, como fixação em estímulos sensório-viso- motores; - incômodo incomum com sons altos; - distúrbio de sono moderado ou grave; - irritabilidade no colo e pouca responsividade no momento da amamentação; A avaliação formal do Desenvolvimento Neuropsicomotor é fundamental e indispensável e faz parte da consulta pediátrica. Quando é detectado qualquer atraso, a estimulação precoce é a regra. Retardar a estimulação ignifica perder o período ótimo de estimular a aquisição de cada habilidade da criança. O TEA é causado por uma combinação de fatores genéticos e fatores ambientais. Estudos comparando gêmeos idênticos e gêmeos fraternos mostram que a taxa de concordância do TEA é significativamente maior entre os primeiros do que entre os segundos, sugerindo um forte componente genético na etiologia do autismo. Os pacientes com Síndrome de Asperger apresentam diagnóstico mais tardio, pois geralmente não há atraso de linguagem verbal e a cognição é preservada. O comprometimento da linguagem pode ser verificado através de um discurso de mesma entonação, empobrecido na linguagem não-verbal e no entendimento da linguagem de sentido figurado. Podem apresentar olhar nos olhos não sustentado, com tendência a desviar o olhar com frequência, face pouco expressiva, pouco interesse no outro, teoria da mente deficiente, interesses restritos, pouca socialização, dentre outros. Há também aqueles pacientes que apresentam habilidades supranormais que podem ser as mais variadas possíveis. Causas ambientais: Exposição durante a gestação desta criança à agentes reconhecidamente tóxicos. Exemplos desses agentes são o ácido valproico, o DDT e seus subprodutos (altas concentrações), os bifenilospoliclorados (PCBs) em menor concentração e também alguns metais pesados como chumbo e mercúrio inorgânico. Estas substâncias tóxicas são citadas por estudiosos do assunto como causas ambientais que funcionariam como um gatilho para o desencadeamento desse transtorno. São de relevante importância dados do recém-nascido no momento do nascimento como prematuridade, hipoxemia e isquemia, que podem causar alterações no desenvolvimento neuropsicomotor, no aspecto cognitivo e comportamental. Questões sensoriais no TEA: Apesar da heterogeneidade das características sensoriais, análise fatorial realizada por Tomchek, Huebner e Dunn apontou uma estrutura de 6 fatores, que caracterizam os principais comportamentos observados em crianças com TEA: 1. Baixa energia/fraqueza: parece ter músculos fracos, não consegue carregar objetos pesados, tem preensão fraca, etc; 2. Sensibilidade tátil/ao movimento: reage agressivamente ao toque; evita andar descalço, especialmente na grama ou areia; fica ansioso ou estressado quando os pés não tocam o chão; tem medo de altura ou movimento. 3. Sensibilidade gustativa/olfativa: come apenas alguns sabores; escolhe alimentos pela textura; evita alguns sabores e cheiros tipicamente comuns na alimentação de crianças. 4. Sensibilidade auditiva/visual: não consegue trabalhar com barulho ao fundo; tem dificuldades em terminar tarefas se o rádio/TV estão ligados; tampa os ouvidos com as mãos; fica incomodado com luzes brilhantes; cobre os olhos para protegê-los da luz. 5. Procura sensorial/distraibilidade: fica muito excitado durante atividades com movimento; pula de uma atividade para outra de maneira que interfere no brincar; tem dificuldade em prestar atenção; toca pessoas ou objetos; produz barulhos estranhos. 6. Hiporresponsividade: parece não notar quando o rosto e mãos estão sujos; não responde quando o nome é chamado, apesar da audição estar boa; parece não ouvir o que lhe é dito; deixa a roupa embolada no corpo O paciente com TEA pode apresentar uma ou mais alterações descritas acima, e é importante que ela seja avaliada por um profissional, geralmente terapeuta ocupacional, habilitado a avaliar e intervir nas disfunções de integração sensorial. Nas crianças com idade menor do que dois anos especialmente naquelas menores de 18 meses, a utilização dos instrumentos de triagem deve ser utilizada com bastante cautela pois os sintomas de atrasos no desenvolvimento são inespecíficos e podem ser interpretados erroneamente. As escalas utilizadas tanto aquelas no formato de entrevista semiestruturada ou na observação direta da criança, avaliam fundamentalmente três dimensões de comportamento e são baseadas nos critérios diagnósticos do DSM IV e DSM V: (1) interação social recíproca; (2) comunicação e linguagem; e (3) interesses restritos e comportamentos repetitivos e estereotipados. Intervenção Precoce O tratamento padrão-ouro para o TEA é a intervenção precoce, que deve ser iniciada tão logo haja suspeita ou imediatamente após o diagnóstico por uma equipe interdisciplinar. Consiste em um conjunto de modalidades terapêuticas que visam aumentar o potencial do desenvolvimento social e de comunicação da criança, proteger o funcionamento intelectual reduzindo danos, melhorar a qualidade de vida e dirigir competências para autonomia, além de diminuir as angústias da família e os gastos com terapias sem bases de evidência científicas Dentre as modalidades terapêuticas estão: • Modelo Denver de Intervenção Precoce para CriançasAutistas: estimulação intensiva e diária baseada em Análise do Comportamento Aplicada (ABA), visando promover interações sociais positivas e naturalistas com a finalidade do aumento da motivação da criança para as competências sociais, a aprendizagem e o desenvolvimento da comunicação receptiva e expressiva e das habilidades cognitivas e motoras; • Estimulação Cognitivo Comportamental baseada em (ABA): programa comportamental amplamente utilizado e reconhecido, que visa desenvolver habilidades sociais e comunicativas, ao lado da redução de condutas não adaptativas, partindo de estratégias de reforço; • “Coaching Parental”: orientações familiares e treinamento dos pais, visando manejo do comportamento dos cuidadores, adequações de rotinas e co-responsabilização para estimulação; • Comunicação suplementar e alternativa: a partir do uso de sinais, gestos, símbolos e figuras (como o PECS- Sistema de Comunicação por Troca de figuras) em autistas não-verbais; • Método TEACCH (Tratamento e Educação para Crianças Autistas e com outros prejuízos na comunicação): mais utilizado no campo da educação, implica na estruturação do ambiente pedagógico- terapêutico, com o estabelecimento de rotinas e o planejamento da sequência e duração das atividades; • Terapia de integração sensorial: para crianças autistas que demonstram alterações no processamento sensorial; Equipe interdisciplinar; Intervenções dietéticas; Tratamento medicamentoso: risperidona, um antipsicótico atípico, bloqueador serotonérgico e também dopaminérgico, a olanzepina, a quetiapina, a ziprasidona, a clozapina e o aripiprazol. Sendo a risperinona e o aripripazol, os únicos medicamentos com indicação da Food and Drug Administration dos Estados Unidos para os sintomas relacionados ao TEA. Todos eficazes como antipsicóticos de segunda geração, mas podendo provocar efeitos colaterais importantes, como aumento de peso, síndrome metabólica, hiperprolactinemia, síndrome extrapiramidal, diminuição do limiar convulsígeno e, muito raramente, a síndrome neuroléptica malígna. Acidentes e prevenções Os acidentes domésticos são frequentes porque os pais nem sempre conhecem as limitações de cada fase da vida dos filhos, além de não terem o hábito de pensar nos perigos dentro de casa. Fatores de risco: • Idade • Pobreza • Sexo • criação por mães solo e jovens • baixo nível de educação materna • desemprego, habitação precária (risco da própria estrutura habitacional), • família numerosaa • buso de álcool e drogas por partes dos pais. Risco no ambientes doméstico Crianças menores de 1 ano de idade permanecem maior parte do seu dia em casa, sendo este então, o local com maior chance de acidentes, porém com baixo índice de óbito. Em ordem crescente de frequência, a distribuição dos acidentes domiciliares é: cozinha, banheiro, escadas, quarto, sala, elevador, lavanderia, piscina, quintal e garagem Quedas e traumas Trauma é uma das principais causas de morbimortalidade da criança em países desenvolvidos. Há algumas peculiaridades da criança traumatizada, por exemplo: há menor dissipação da energia por ela possuir uma massa corpórea menor do que um indivíduo adulto; o esqueleto é menos calcificado, o que pode ser positivo quanto às fraturas, mas confere menos proteção para os órgãos internos; há também a questão psicológica, que por ainda não ter maturidade psicológica, as sequelas psíquicas nas crianças podem ser marcantes. Queimaduras A queimadura é um dos acidentes mais frequentes e o 1º quando se diz respeito aos de ocorrência domiciliar. Quando se trata de Brasil, o álcool líquido é o principal nas queimaduras extensas e profundas. Corrente elétrica, produtos químicos, contato com corpos superaquecidos e radiação surgem com menor frequência. A questão dos óbitos aparece quando há infecção grave, sendo essa responsável por 70% dos mesmos; além do choque hipovolêmico. Prevenção: • Alimentos devem ser preparados nas bocas de trás do fogão; • Colocar primeiro a água fria no preparo do banho do bebê; • Guardar fósforos, isqueiros, álcool líquido e materiais inflamáveis devem ficar longe do alcance das crianças. Acidente de trânsito Como as crianças têm uma massa corpórea inferior à do adulto, sendo assim, a energia em questão (mecânica) tem transmissão de energia cinética maior do que a capacidade da criança de absorver; além do impacto em superfícies como o próprio carro ou o solo. • O Código de Trânsito Brasileiro determina que menores de 10 anos devem ser transportados no banco traseiro (art. 64) e usar, individualmente, cinto de segurança ou sistema de retenção equivalente. Também não é permitido o transporte de menores de 7 anos em motocicletas e bicicletas. Algumas orientações que sempre devem ser passadas: • Crianças com estatura inferior a 1,45m devem ficar na posição central do banco traseiro, que é a mais segura; • Crianças jamais devem ser transportadas no colo; • O assento ideal é aquele adequado ao tamanho e ao peso da criança, não com base na marca. Acidentes por submersão Segundo a OMS, essa é a 4ª causa de morte entre 5 e 14 anos de idade, superada somente por insuficiência respiratória baixa, malária e acidentes por veículos a motor. Segundo o DataSUS, é a 3ª causa de morte em todas as idades e a 2ª causa em crianças de 1 a 14 anos de idade. Menores de 1 ano afogam-se em banheiras, vasos sanitários, baldes e tanques. Entre 1 a 4 anos em piscinas, banheiras, reservatórios e mar. Já dos 5 aos 14, os acidentes fatais ocorrem em piscinas, lagos, rios. A aspiração de água doce afeta as propriedades do surfactante pulmonar, ocorre colapso e atelectasia alveolar e shunt intrapulmonar, com prejuízo da relação ventilação-perfusão. A presença de água no pulmão não representa fator grave, já que, por ser hipotônica, ela é absorvida pela circulação pulmonar e distribuída para a sistêmica. Na aspiração de água salgada, os alvéolos ficam repletos de água e não ocorre oxigenação do sangue venoso pulmonar, com alteração da relação ventilação-perfusão. Há transferência de fluido do plasma para os pulmões por causa da hipertonicidade da água salgada. A prevenção vai depender dos riscos que cada indivíduo se expõe. O mais importante é sempre lembrar que esses acidentes acontecem nos segundos em que a criança é deixada sozinha. Animais peçonhentos Os acidentes por esses animais, especialmente os acidentes ofídicos, foram incluídos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na lista das doenças tropicais negligenciadas que acometem, na maioria das vezes, populações pobres que vivem em áreas rurais. Além disso, devido ao alto número de notificações, esse agravo (acidentes por animais peçonhentos) foi incluído na Lista de Notificação Compulsória do Brasil, ou seja, todos os casos devem ser notificados ao Governo Federal imediatamente após a confirmação. A medida ajuda a traçar estratégias e ações para prevenir esse tipo de acidente. ECA Lei no 8.069/1990: Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Art. 2o Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade. Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade. Art. 4o É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária. Parágrafo único. A garantia de prioridade compreende: a) primazia de receber proteção e socorro em quaisquer circunstâncias; b) precedência de atendimento nos serviços públicos ou de relevância pública;c) preferência na formulação e na execução das políticas sociais públicas; d) destinação privilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância e à juventude. Art. 5o Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. Art. 7o A criança e o adolescente têm direito a proteção à vida e à saúde, mediante a efetivação de políticas mento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência.sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso, em condições dignas de existência. Art. 8o É assegurado a todas as mulheres o acesso aos programas e às políticas de saúde da mulher e de planejamento reprodutivo e, às gestantes, nutrição adequada, atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério e atendimento pré-natal, perinatal e pós- natal integral no âmbito do Sistema Único de Saúde. Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de atenção à saúde de gestantes, públicos e particulares, são obrigados a: I – manter registro das atividades desenvolvidas, através de prontuários individuais, pelo prazo de dezoito anos; II – identificar o recém-nascido mediante o registro de sua impressão plantar e digital e da impressão digital da mãe, sem prejuízo de outras formas normatizadas pela autoridade administrativa competente; III – proceder a exames visando ao diagnóstico e terapêutica de anormalidades no metabolismo do recém-nascido, bem como prestar orientação aos pais; IV – fornecer declaração de nascimento onde constem necessariamente as intercorrências do parto e do desenvolvimento do neonato; V – manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a permanência junto à mãe; VI – acompanhar a prática do processo de amamentação, prestando orientações quanto à técnica adequada, enquanto a mãe permanecer na unidade hospitalar, utilizando o corpo técnico já existente. Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de cuidado voltadas à saúde da criança e do adolescente, por intermédio do Sistema Único de Saúde, observado o princípio da equidade no acesso a ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde. § 1o A criança e o adolescente com deficiência serão atendidos, sem discriminação ou segregação, em suas necessidades gerais de saúde e específicas de habilitação e reabilitação. § 2o Incumbe ao poder público fornecer gratuitamente, àqueles que necessitarem, medicamentos, órteses, próteses e outras tecnologias assistivas relativas ao tratamento, habilitação ou reabilitação para crianças e adolescentes, de acordo com as linhas de cuidado voltadas às suas necessidades específicas. § 3o Os profissionais que atuam no cuidado diário ou frequente de crianças na primeira infância receberão formação específica e permanente para a detecção de sinais de risco para o desenvolvimento psíquico, bem como para o acompanhamento que se fizer necessário. Art. 12. Os estabelecimentos de atendimento à saúde, inclusive as unidades neonatais, de terapia intensiva e de cuidados intermediários, deverão proporcionar condições para a permanência em tempo integral de um dos pais ou responsável, nos casos de internação de criança ou adolescente. Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus- tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais. Art. 14. O Sistema Único de Saúde promoverá programas de assistência médica e odontológica para a prevenção das enfermidades que ordinariamente afetam a população infantil, e campanhas de educação sanitária para pais, educadores e alunos Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente. Art. 229. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de identificar corretamente o neonato e a parturiente, por ocasião do parto, bem como deixar de proceder aos exames referidos no art. 10 desta Lei: Pena – detenção de seis meses a dois anos. Parágrafo único. Se o crime é culposo: Pena – detenção de dois a seis meses, ou multa. Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche de comunicar à autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente: Pena – multa de três a vinte salários mínimos de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência. Art. 258-B. Deixar o médico, enfermeiro ou dirigente de estabelecimento de atenção à saúde de gestante de efetuar imediato encaminhamento à autoridade judiciária de caso de que tenha conhecimento de mãe ou gestante interessada em entregar seu filho para adoção: Pena – multa de R$ 1.000,00 (mil reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais)
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