Buscar

APOSTILA-COMUNICAÇÃO-E-EXPRESSÃO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 93 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 93 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 93 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUARULHOS - SP
 
 
 
SUMÁRIO 
1 COMUNICAÇÃO ................................................................................................... 4 
1.1 Processo de Comunicação ............................................................................... 4 
2 ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO ...................................................................... 5 
2.1 Código e Mensagem ......................................................................................... 5 
2.2 Canal de Comunicação..................................................................................... 5 
2.3 Esquema da Comunicação ............................................................................... 6 
2.4 As Funções da Linguagem ............................................................................... 6 
3 TEXTO E TEXTUALIDADE ................................................................................... 9 
3.1 Coesão ........................................................................................................... 12 
3.2 Coerência ....................................................................................................... 14 
4 AS SUPERESTRUTURAS TEXTUAIS ............................................................... 15 
4.1 O Texto Descritivo .......................................................................................... 15 
4.2 Características do Texto Descritivo ................................................................ 17 
4.3 O Texto Narrativo ........................................................................................... 18 
4.4 Características do Texto Narrativo ................................................................. 20 
4.5 O Texto Dissertativo ....................................................................................... 21 
4.6 Características da Dissertação ....................................................................... 22 
4.7 Dissertação Expositiva.................................................................................... 22 
4.8 Dissertação Argumentativa ............................................................................. 22 
4.9 Organização do Texto Dissertativo ................................................................. 23 
5 CONSTITUIÇÃO DO TEXTO .............................................................................. 27 
5.1 Intertextualidade ............................................................................................. 28 
5.2 Paródia ........................................................................................................... 29 
5.3 Paráfrase ........................................................................................................ 33 
5.4 Estilização ....................................................................................................... 37 
 
 
 
5.5 Apropriação .................................................................................................... 38 
6 O TEXTO ACADÊMICO...................................................................................... 40 
6.1 Fichamento ..................................................................................................... 40 
6.2 Resumo .......................................................................................................... 45 
6.3 A Resenha ...................................................................................................... 47 
6.4 Resenha Crítica .............................................................................................. 48 
6.5 Resenha Descritiva ......................................................................................... 49 
7 O TEXTO COMERCIAL ...................................................................................... 50 
7.1 As Cartas Comerciais ..................................................................................... 50 
8 E-MAILS .............................................................................................................. 53 
8.1 Internet ............................................................................................................ 53 
8.2 O E-mail Propriamente Dito ............................................................................ 53 
8.3 E-mails Comerciais ......................................................................................... 55 
8.4 E-mails Pessoais ............................................................................................ 56 
9 QUALIDADES DO TEXTO .................................................................................. 57 
9.1 Unidade .......................................................................................................... 57 
9.2 Concisão ......................................................................................................... 58 
9.3 Clareza ........................................................................................................... 58 
9.4 Coerência ....................................................................................................... 59 
9.5 Ênfase e Vigor ................................................................................................ 60 
9.6 Elegância ........................................................................................................ 61 
9.7 Objetividade .................................................................................................... 61 
10 DOMÍNIO DA INFORMAÇÃO ............................................................................. 62 
11 FERRAMENTAS DO REDATOR ........................................................................ 63 
11.1 Gramáticas ..................................................................................................... 63 
11.2 Dicionários ...................................................................................................... 64 
11.3 Livros de Redação e Estilo ............................................................................. 64 
11.4 Textos de Consulta da Área ........................................................................... 64 
 
 
 
12 ESTILO E ESTÉTICA ......................................................................................... 64 
12.1 Estilística e Eficácia Redacional ..................................................................... 65 
12.2 Estilística Fraseológica ................................................................................... 65 
13 ESTÉTICA .......................................................................................................... 67 
13.1 Tipos de Estética (Estilos) utilizados .............................................................. 69 
13.2 Correspondência Oficial .................................................................................. 69 
13.3 Outros Documentos Considerados Oficiais .................................................... 74 
13.4 Correspondência Empresarial ........................................................................ 77 
13.5 Correspondências Particulares ....................................................................... 80 
13.6 Relatórios ........................................................................................................ 80 
14 NORMAS GERAIS PARA REDAÇÃO ................................................................ 80 
15 REDAÇÃO OFICIAL E REDAÇÃO EMPRESARIAL ........................................... 81 
15.1 Redação Oficial .............................................................................................. 82 
15.2 Características Específicas ............................................................................. 83 
15.3 Pronomes de Tratamento ...............................................................................84 
15.4 Fechos para Comunicações Oficiais .............................................................. 84 
15.5 Identificação do Signatário .............................................................................. 84 
16 ORATÓRIA, RETÓRICA E ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÕES. .................. 85 
16.1 Exercite sua fala com vocabulário e estruturas de frases distintas ................. 87 
16.2 Grave uma apresentação sua e faça uma avaliação ...................................... 87 
16.3 Planeje sua postura ........................................................................................ 88 
16.4 Explique como se estivesse conversando com uma criança .......................... 88 
16.5 Gestos e emoção falam mais que a voz ......................................................... 88 
16.6 Faça um estudo do tema para transmitir bem os conhecimentos ................... 90 
17 BIBLIOGRAFIA BÁSICA ..................................................................................... 92 
 
 
 
4 
 
1 COMUNICAÇÃO 
1.1 Processo de Comunicação 
A comunicação pressupõe sempre a existência de dois polos: aquele que emite 
a informação e aquele que a recebe – emissor/receptor, locutor/ alocutário, 
ouvinte/leitor etc. O veículo utilizado para a comunicação pode fazer com que esses 
papéis sejam intercambiáveis ou não. No entanto, é importante frisarmos que, para 
que haja comunicação, deve haver, pelo menos, dois seres envolvidos, fazendo uso 
dos elementos da comunicação. 
 
 
 Fonte: gumga.com.br 
 
 
5 
 
2 ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO 
2.1 Código e Mensagem 
O emissor e o receptor, como já foi dito, devem dispor do mesmo código, ou 
seja, do mesmo sistema de signos, a fim de que a informação possa ser recebida e 
decodificada pelo receptor. Essa informação decodificada, caro(a) aluno(a), é a 
mensagem. Riegel (1981, p. 22) assevera que: 
os signos do código remetem à realidade tal qual é percebida pelo emissor e 
pelo receptor. O aspecto específico dessa realidade, que é evocada por um 
signo do código, é o referente desse signo. O universo referencial, exterior ao 
código, compreende tudo aquilo que pode ser designado pelos signos e suas 
combinações: seres, coisas, estados, acontecimentos, ideias, etc. 
2.2 Canal de Comunicação 
É necessário um meio físico para que a mensagem possa ser veiculada para o 
interlocutor, ao qual damos o nome de canal de comunicação. Constituem canais de 
comunicação o ar, um CD, um cabo, um telefone etc. 
 
 
 Fonte: contabeis.com.br 
 
6 
 
2.3 Esquema da Comunicação 
A somatória desses elementos resulta no seguinte esquema, que apresenta os 
elementos indispensáveis para a comunicação: 
 
 
2.4 As Funções da Linguagem 
A linguagem, de acordo com Jakobson (2001), tem toda a variedade de suas 
funções. Antes, porém, propõe que recordemos que o remetente envia uma 
mensagem a um destinatário. Para que possa ser transmitida, a mensagem requer 
um contexto (ou referente), apreensível pelo destinatário, e que seja verbal ou 
passível de verbalização, um código comum (parcial ou totalmente) a ambos – 
remetente e destinatário –, e, finalmente, um contato, ou seja, um canal físico por meio 
do qual possa ser veiculada. Cada um desses seis elementos encerra uma função da 
linguagem diferente, como vemos a seguir: 
 
 
7 
 
 
 
Apesar de serem seis elementos e, portanto, seis funções da linguagem, 
normalmente as mensagens comportam mais de uma função, havendo uma 
predominante, mas não exclusiva. Deve-se ressaltar que a estrutura da mensagem 
depende dessa função predominante. Assim, a função referencial (também chamada 
denotativa) está centrada no contexto (referente). Tudo o que se refere aos contextos 
situacionais ou textuais pertencem a esta função. Ex.: Prefeitura libera a pista 
expressa da Marginal Pinheiros (Folha de São Paulo, 16 de janeiro de 2007). Quando 
a mensagem está centrada no canal, falamos da função fática. Temos, nesse caso, 
tudo o que serve para, numa comunicação, estabelecer, manter ou encerrar o contato. 
 
Ex.: Alô, alô, responde... 
Responde... 
 
Já quando a mensagem prioriza o emissor, revelando sua personalidade, 
estamos à frente da função emotiva (ou expressiva). 
 
8 
 
Ex.: 
 
Não serei o poeta de um mundo caduco. 
Também não cantarei o mundo futuro. 
Estou preso à vida e olho meus companheiros. 
Estão taciturnos, mas nutrem grandes esperanças. 
Entre eles considero a enorme realidade. 
O presente é tão grande, não nos afastemos. 
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas. 
 (Carlos Drummond de Andrade) 
 
A função poética é aquela em que a prioridade está na própria mensagem, 
colocando em destaque o lado palpável dos signos (JAKOBSON, 2001). 
Ex.: 
Vozes veladas, veludosas vozes, 
Volúpias dos violões, vozes veladas, 
Vagam nos velhos vórtices velozes 
 Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas. 
 (Cruz e Souza) 
 
Quando ocorre a orientação para o receptor (destinatário), temos a função 
conativa. Por isso, nessa função, é comum observamos o emprego de verbos no modo 
imperativo, vocativos e ponto de exclamação. 
Ex.: Assine uma TV a cabo agora e comece a pagar somente depois do 
Carnaval. 
Finalmente, quando é dada especial relevância ao código, estamos à frente da 
função metalinguística. 
Ex.: Quando falamos de funções da linguagem, queremos dizer, da 
possibilidade que tem a língua de dar, de acordo com a intenção do falante, especial 
destaque a determinados elementos da comunicação. 
Nesse caso, usamos a língua para explicar a própria língua. 
 
9 
 
3 TEXTO E TEXTUALIDADE 
Texto, etimologicamente, quer dizer tecido, ou seja, trata-se de uma trama na qual 
se devem enredar as palavras. Já a Linguística do Discurso procura estudar os textos 
como manifestações linguísticas produzidas por indivíduos concretos em situações 
concretas, sob determinadas condições de produção (KOCK, 1997), entendendo-os 
numa situação interacionista. Para que melhor possamos compreendê-los nessa 
perspectiva, analisemos as sequências a seguir: 
 
Para calar a boca: Rícino 
Pra lavar a roupa: Omo 
Para viagem longa: Jato 
Para difíceis contas: Calculadora 
Para o pneu na lona: Jacaré 
Para a pantalona: Nesga 
Para pular a onda: Litoral 
Para lápis ter ponta: Apontador 
Para o Pará e o Amazonas: Látex 
Para parar na pamplona: Assis 
Para trazer à tona: Homem - Rã 
Para a melhor azeitona: Ibéria 
Para o presente da noiva: Marzipã 
Para Adidas o Conga: Nacional 
Para o outono a folha: Exclusão 
Para embaixo da sombra: Guarda-Sol 
Para todas as coisas: Dicionário 
Para que fiquem prontas: Paciência 
Para dormir a fronha: Madrigal 
Para brincar na gangorra: Dois 
Para fazer uma toca: Bobs 
Para beber uma coca: Drops 
Para ferver uma sopa: Graus 
Para a luz lá na roça: 220 volts 
 
10 
 
Para vigias em ronda: Café 
Para limpar a lousa: Apagador 
Para o beijo da moça: Paladar 
Para uma voz muito rouca: Hortelã 
Para a cor roxa: Ataúde 
Para a galocha: Verlon 
Para ser moda: Melancia 
Para abrir a rosa: Temporada 
Para aumentar a vitrola: Sábado 
Para a cama de mola: Hóspede 
Para trancar bem a porta: Cadeado 
Para que serve a calota: Volkswagen 
Para quem não acorda: Balde 
Para a letra torta: Pauta 
Para parecer mais nova: Avon 
Para os dias de prova: Amnésia 
Pra estourar pipoca: Barulho 
Para quem se afoga: Isopor 
Para levar na escola: Condução 
Para os dias de folga: Namorado 
Para o automóvel que capota: Guincho 
Para fechar uma aposta: Paraninfo 
Para quem se comporta: Brinde 
Para a mulher que aborta: Repouso 
Para saber a resposta: Vide - o - Verso 
Para escolher a compota: Jundiaí 
Para a menina que engorda:Hipofagi 
Para a comida das orcas: Krill 
Para o telefone que toca 
Para a água lá na poça 
Para a mesa que vai ser posta P 
ara você o que você gosta diariamente (REIS, 1991). 
 
11 
 
Quando lemos esse texto, num primeiro momento, temos a impressão de que 
se trata de um amontoado de frases pouco significativas. Contudo, se a inserirmos em 
seu contexto, passamos a entendê-la como texto. Então, vamos lá: a sequência é uma 
composição de Nando Reis, gravada por Marisa Monte, intitulada Diariamente. O texto 
relata os fatos do cotidiano de uma pessoa que vive numa região urbana, 
possivelmente, na cidade de São Paulo. 
O mesmo ocorre com a seguinte sequência: 
 
Por que você é Flamengo? 
E meu pai Botafogo? 
O que significa “Impávido Colosso”? 
Por que os ossos doem? 
Enquanto a gente dorme? 
Por que os dentes caem? 
Por onde os filhos saem? 
Por que os dedos murcham? 
Quando estou no banho? 
Por que as ruas enchem? 
Quando está chovendo? 
Quanto é mil trilhões? 
Vezes infinito? 
Quem é Jesus Cristo? 
Onde estão meus primos? 
Well, well, well Gabriel? 
Well, well, well? 
Por que o fogo queima? 
Por que a lua é branca? 
Por que a Terra roda? 
Por que deitar agora? 
Por que as cobras matam? 
Por que o vidro embaça? 
Por que você se pinta? 
Por que o tempo passa? 
 
12 
 
Por que que a gente espirra? 
Por que as unhas crescem? 
Por que o sangue corre? 
Por que que a gente morre? 
Do qué é feita a nuvem? 
Do que é feita a neve? 
Como é que se escreve Reveillon? 
Well, well, well, Gabriel. 
 (DUNGA; TOLLER, 2004). 
3.1 Coesão 
Fávero (1999, p. 10) assim define coesão: “A coesão, manifestada no nível 
microtextual, refere- -se aos modos como os componentes do universo textual, isto é, 
as palavras que ouvimos ou vemos, estão ligados entre si dentro de uma sequência.” 
Podemos dizer, portanto, que coesão é o nome com que designamos as estratégias 
de ligação utilizadas num texto para torná-lo todo, ou seja, o uso de elementos 
capazes de estabelecer elos, os quais podem “amarrar” elementos mencionados 
anteriormente no texto, ocorrendo, então, o que os estudiosos chamam de anáfora. 
Ex.: Fiz todos os exercícios indicados pela professora, mas minha amiga Carla 
não os fez (isto é, não fez os exercícios). 
Podem, também, “amarrar” elementos que serão ainda mencionados no texto, 
ocorrendo, então, a chamada catáfora. 
Ex.: Fui ao mercado e comprei todos os itens de que precisava, menos estes: 
arroz, batata e azeite. 
 Bem utilizar esses elementos auxilia bastante na boa escritura de uma 
sequência, mas não é só isso. Vejamos, agora, outro elemento responsável pela 
textualidade, capaz de ajudar na produção textual. Vamos ver outros exemplos de 
textos coesos para você entender bem essa questão: 
 
 
13 
 
 
 
 
 
14 
 
 
Veja: em ambos os textos, os elementos coesivos (grifados) foram 
adequadamente empregados A pontuação, os elementos referenciais, todos estão 
corroborando para que o texto adquira unidade. 
3.2 Coerência 
E do que será que trata a noção de coerência? 
A coerência [...], manifestada em grande parte macro textualmente, refere-se 
aos modos como os componentes do universo textual, isto é, os conceitos e 
as relações subjacentes ao texto de superfície, se unem numa configuração, 
de maneira reciprocamente acessível e relevante. Assim a coerência é o 
resultado de processos cognitivos operantes entre os usuários e não mero 
traço dos textos. (FÁVERO, 1999, p. 10). 
Então, a sequência a seguir constituirá texto para quem a entender como um 
classificado, concorda? 
 
Vários são os elementos responsáveis pela coerência. Kock e Travaglia (1990) 
apontam os seguintes: 
 
a) conhecimentos: linguístico, de mundo, partilhado, do mundo em que o texto 
se inscreve; 
b) inferências; 
c) fatores pragmáticos; 
d) situacionalidade; 
e) intencionalidade; 
f) aceitabilidade; 
 
15 
 
g) informatividade; 
h) focalização; 
i) intertextualidade; 
j) relevância. 
 
Resta-nos, ainda, especificar que os textos se organizam numa hierarquia de 
tipos de subtipos. Guimarães (2004) ensina que, se a intenção se volta 
fundamentalmente para as estruturas internas do texto, fica estabelecida uma 
tipologia de acordo com a forma de estruturação, sua superestrutura, ou o mundo em 
que o texto se inscreve. Os textos citados como exemplos de textos coesos também 
são exemplos de textos com coerência, porque têm sentido. Vamos ver um exemplo 
de um texto em que falta coerência: 
 
 
4 AS SUPERESTRUTURAS TEXTUAIS 
4.1 O Texto Descritivo 
Descrever é caracterizar com detalhes objetos, locais, pessoas e situações, 
apresentando as características deles percebidas por meio dos cinco sentidos. Como 
é através dos sentidos que estabelecemos contato com o mundo à nossa volta, 
podemos dizer que essa estrutura textual é a mais primeva, constituindo elementos 
vitais de nossa sensibilidade. 
“Visão, tato, audição, paladar, olfato são os sentidos com que percebemos as 
coisas do mundo que se traduzem em formas, cores, texturas, cheiros, sonoridades a 
serem descobertas.” (AMARAL; ANTÔNIO, 1991, p. 19). 
Observemos agora as seguintes sequências: 
 
16 
 
Era um dia abafadiço e aborrecido. A pobre cidade de São Luís do Maranhão 
parecia entorpecida pelo calor. Quase que se não podia sair à rua: as pedras 
escaldavam, as vidraças e os lampiões faiscavam ao sol como enormes 
diamantes, as paredes tinham reverberações de prata polida; as folhas das 
árvores nem se mexiam; as carroças d’água passavam ruidosamente a todo 
o instante, abalando os prédios, e os aguadeiros, em mangas de camisa e 
pernas arregaçadas, invadiam sem cerimônia as casas para encher as 
banheiras e os potes. Em certos pontos não se encontrava viva alma na rua; 
tudo estava concentrado, adormecido; só os pretos faziam as compras para 
o jantar ou andavam no ganho. (AZEVEDO, 1997). 
 
 
 Fonte: www.pixabay.com.br 
 
 
Vejamos então, pormenorizadamente, o que compreende um texto descritivo. 
 
17 
 
4.2 Características do Texto Descritivo 
Leia o seguinte fragmento (1) da obra Iracema, de José de Alencar: 
Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a 
asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não 
era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu 
hálito perfumado. Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria 
o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande 
nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia 
que vestia a terra com as primeiras águas. (ALENCAR, 1990). 
Agora, atente para o seguinte fragmento (2): 
Iracema saiu do banho; o aljôfar d’água ainda a roreja, como à doce mangaba 
que corou em manhã de chuva. Enquanto repousa, empluma das penas do 
gará as flechas de seu arco, e concerta com o sabiá da mata, pousado no 
galho próximo, o canto agreste. (ALENCAR, 1990). 
O primeiro fragmento é descritivo e o segundo, narrativo. Como identificar a 
descrição? O texto descritivo é predominantemente figurativo, ou seja, construído com 
termos essencialmente concretos, evocando uma figura, um efeito de realidade. “Os 
textos figurativos produzem um efeito de realidade e, por isso, representam o mundo, 
com seus seres, seus acontecimentos.” (PLATÃO; FIORIN, 1997, p. 89). 
No fragmento 1, temos como exemplos de termos concretos: a morena virgem 
corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação 
tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando etc. 
Outra característica do texto descritivo é que ele não traz mudança de situação. 
É estático, representa o mundo num determinado momento, é recorte. Além disso, 
naquela instância em que se efetua a descrição, vários fatos simultâneos podem ser 
apresentados. Assim, Iracema, quando apreendida pelo narrador,apresentava 
simultaneamente as seguintes características: era virgem, tinha lábios de mel; seus 
cabelos eram mais negros que a asa da graúna e mais longos que o talhe de palmeira; 
seu sorriso era doce como o favo da jati; seu hálito era perfumado, era ainda mais 
rápida que a ema etc. Essas características coocorriam, estavam todas presentes na 
mesma instância, podendo, inclusive, ser invertidas no texto; por exemplo: seu sorriso 
era doce como o favo da jati; seu hálito era perfumado, era ainda mais rápida que a 
ema; era virgem, tinha lábios de mel; seus cabelos eram mais negros que a asa da 
graúna e mais longos que o talhe de palmeira... Isso porque não existe relação de 
anterioridade, nem de posterioridade no fragmento. 
 
18 
 
Para que se estabeleça a comparação, retomemos o segundo fragmento: 
Iracema saiu do banho; o aljôfar d’água ainda a roreja, como à doce mangaba 
que corou em manhã de chuva. Enquanto repousa, empluma das penas do 
gará as flechas de seu arco, e concerta com o sabiá da mata, pousado no 
galho próximo, o canto agreste. (ALENCAR, 1990). 
Esse é um fragmento narrativo, pois existe nele uma relação de anterioridade 
e posterioridade: primeiro a índia saiu do banho, depois se pôs a repousar. A inversão 
dos fatos prejudicaria a sequenciação do texto. Podemos perceber também, em 
ambos os textos, uma diferença no emprego dos tempos verbais: no primeiro, 
predomina o pretérito imperfeito e, no segundo, o pretérito perfeito. Como a 
simultaneidade é a característica do texto descritivo, os tempos verbais mais 
empregados são o presente do indicativo e o pretérito imperfeito do indicativo. Quanto 
à organização, podemos afirmar que se deve elaborar o texto descritivo 
espacialmente, isto é, os elementos devem ser descritos de baixo para cima, da 
esquerda para a direita, de dentro para fora etc., para que o leitor possa, 
paulatinamente, ir construindo a imagem daquilo que se está tratando. 
4.3 O Texto Narrativo 
 
Parafraseando Humberto Eco (1985), no Pós- -escrito a O nome da rosa, 
destacamos: 
Afirma Eco (1985, p. 21): 
 [...] para contar é necessário primeiramente construir um mundo, o mais 
mobiliado possível, até os últimos pormenores. Constrói-se um rio, duas 
margens, e na margem esquerda coloca-se um pescador, e se esse pescador 
possui um temperamento agressivo e uma folha penal pouco limpa, pronto: 
pode-se começar a escrever, traduzindo em palavras o que não pode deixar 
de acontecer 
 
19 
 
Essa citação de Eco, mesmo que indiretamente, permite-nos depreender que são 
cinco os elementos da narração: narrador, personagens, ações, tempo e espaço. Leia, 
agora, o texto a seguir, de Marina Colassanti: 
 
 
 
Observemos que, nesse texto, vislumbramos os seguintes elementos da narração: 
 
a) narrador: onisciente – de 3ª pessoa: “Jamais permitiria que seu marido fosse para 
o trabalho...”; 
 
20 
 
b) personagens:  protagonista: a esposa – “Não dissessem os colegas que era 
esposa descuidada...”;  antagonista: o marido – “Impecável transitava o marido pelo 
tempo”; 
c) ações: debruçada sobre a tábua; dava caça às dobras; 
d) tempo: jamais permitiria; um dia notou a mulher; muitos meses mais tarde; 
e) espaço: na sua casa, em uma determinada cidade. 
 
Além desses elementos, a narração apresenta, diferentemente da descrição, 
transformação. 
4.4 Características do Texto Narrativo 
No texto Nunca descuidando do dever, podemos perceber, entre outras, as 
seguintes características: 
a) as camisas amassadas ficavam muito bem passadas: “[...] alcançava o ponto 
máximo de sua arte ao arrancar dos colarinhos liso brilho de celulóide.”; 
b) o marido foi adquirindo rugas no rosto: “[...] transitava o marido pelo tempo. 
Que, embora respeitando ternos e camisas, começou subrepticiamente a marcar seu 
avanço na pele e no rosto.” 
Mas a transformação mais significativa é a que não está explicitada, ou seja, ao 
perceber o rosto enrugado do marido, a esposa, como um autômato, tem a intenção 
de passá-lo: “Tendo finalmente certeza de que o homem dormia o mais pesado dos 
sonos, pegou um paninho úmido e, silenciosa, ligou o ferro.” Além disso, tanto quanto 
o texto descritivo, o narrativo é figurativo. Lembremo-nos de que esse tipo de texto é 
construído com palavras concretas, cuja função é representar o mundo. Por meio das 
figuras empregadas, podemos depreender o real sentido do texto. No caso de nunca 
descuidando do dever, figuras como: 
[...] Jamais permitiria que seu marido fosse para o trabalho com a roupa 
malpassada, não dissessem os colegas que era esposa descuidada. Debruçada sobre 
a tábua, com o olho vigilante, dava caça às dobras, desfazia pregas [...]. 
Permitindo-nos depreender, sublinearmente, uma crítica às mulheres que, nas 
décadas de 1960 e 1970, viviam apenas e tão somente para o lar, realizando 
robotizadamente as atividades domésticas. Além da figurativização, na narração, a 
 
21 
 
ordenação é temporal. O texto deve ter uma sequenciação para que o leitor possa 
acompanhar o desenrolar das ações. Assim, vejamos: 
Jamais permitiria que seu marido fosse para o trabalho com a roupa 
malpassada, não dissessem os colegas que era esposa descuidada. 
Debruçada sobre a tábua, com o olho vigilante, dava caça às dobras, desfazia 
pregas, aplainando punhos e peitos [...] um dia notou a mulher um leve 
afrouxar-se das pálpebras. Semanas depois percebeu que, no sorriso, 
franziam-se fundos os cantos dos olhos. [...] Mas foi só muitos meses mais 
tarde que a presença de duas fortes pregas descendo dos lados do nariz 
tornou-se inegável. Sem dizer nada, ela esperou a noite. Tendo finalmente 
certeza de que o homem dormia o mais pesado dos sonos, pegou um paninho 
úmido e, silenciosa, ligou o ferro. (Fonte: www.pensador.uol.com.br.) 
A ordenação temporal, nesse texto, ajuda o leitor a ir acompanhando as ações 
da esposa até o inesperado desfecho e, diferentemente do texto descritivo, a 
disposição dessas ações não pode ser alterada. Como a ordenação temporal é de 
extrema relevância no texto narrativo, os tempos verbais básicos são os do 
subsistema do passado: pretéritos perfeitos, mais que perfeito e imperfeito 
4.5 O Texto Dissertativo 
 
 
 
Magalhães (1980, p. 7) assevera que a dissertação ocorre no plano das ideias, 
do conhecimento, das abstrações. Trata-se de um trabalho reflexivo que consiste, de 
maneira geral, em organizar as ideias numa linha de raciocínio. Assim, ensina o autor, 
“todas as vezes em que nos valemos da linguagem verbal para expor, defender ou 
contestar ideias, estaremos utilizando o chamado discurso dissertativo.” 
 
22 
 
Platão e Fiorin (1997, p. 252) afirmam que “dissertação é o tipo de texto que 
analisa interpreta, explica e avalia os dados da realidade” e relacionam algumas de 
suas características, revisadas a seguir. 
4.6 Características da Dissertação 
 
a) É um texto temático, ou seja, discute um tema, operando, predominantemente, com 
termos abstratos; 
b) Mostra mudança de situação, tanto quanto a narração; 
c) Sua ordenação é lógica; 
d) O tempo básico empregado na dissertação é o presente do indicativo com valor 
atemporal, embora se admita o uso do pretérito perfeito e do futuro do presente. 
 
Importa esclarecer que há autores que inscrevem os textos dissertativos em 
dois tipos: expositivos e argumentativos, os quais veremos a seguir. 
4.7 Dissertação Expositiva 
É aquela cujo propósito é discorrer sobre o assunto num sentido meramente 
informativo. Assim, pode-se dissertar sobre a pena de morte, a juventude brasileira 
etc., sem que haja posicionamento sobre o tema. 
 
A importância de Música Popular Brasileira 
A importância da Música Popular Brasileira no cenário de nossa cultura é 
inegável. Pode-se constatar que a MPB, além de sua relevância como 
manifestação estética tradutora de nossas múltiplas identidades culturais, 
apresenta- -se como uma das mais poderosas formas de preservaçãoda 
memória coletiva e como um espaço social privilegiado para as leituras e 
interpretações do Brasil. (ICCA, 2011) 
4.8 Dissertação Argumentativa 
Diferentemente da anterior, na dissertação argumentativa revelam-se reflexões 
sobre o assunto, a fim de persuadir o receptor, acompanhando a linha de raciocínio 
 
23 
 
do que é exposto, a verificar se o raciocínio verbalizado é correto e, nesse sentido, 
passível ou não de aceitação. 
 Uma escolha contra a mulher 
 O aborto é frequentemente apresentado como um problema de ‘direito das 
mulheres’. É visto como algo desejável para as mulheres, e como um 
benefício ao qual elas deveriam ter tanto acesso quanto possível. Na 
verdade, ser ‘pró-vida’ é visto como sendo ‘contra os direitos da mulher’. Se 
você às vezes pensa desta forma, examine os fatos apresentados aqui. Verá 
que, na verdade, o aborto prejudica a mulher, ignora os seus direitos, e as 
abusa e degrada. Qualquer um que se preocupa com a mulher fará bem em 
conhecer estes fatos. Estudos de mulheres que fizeram aborto, (veja, por 
exemplo, o livro do Dr. David Reardon, Aborted Women, Silent No More), 
mostram que o aborto não é uma questão de dar à mulher uma ‘escolha’. É, 
tragicamente, uma situação em que as mulheres sentiram que não tinham 
NENHUMA ESCOLHA, sentiram que ninguém se importava com elas e com 
seu bebê, dando-lhes alternativa alguma a não ser o aborto. A mulher sente-
se rejeitada, confusa, com medo, sozinha, incapaz de lidar com a gravidez - 
e, no meio disto tudo, a sociedade diz-lhe, ‘Nós eliminaremos o seu problema 
eliminando o seu bebê. Faça um aborto. É seguro, fácil, e uma solução legal’. 
O fato é que embora o aborto seja legal (nos Estados Unidos), ele NÃO é 
seguro e fácil, nem respeita a mulher. [...].” (CASTELÕES, 2002, grifo nosso). 
Podemos perceber, nesse texto, que, por exemplo, no trecho: “na verdade, o 
aborto prejudica a mulher, ignora os seus direitos, e as abusa e degrada” está 
expressa a opinião do autor e, para que ela seja mesmo aceita, passa ele a relacionar 
os motivos que o fazem pensar assim. Em ambos os tipos de dissertação, atente para 
a sua organização, que veremos a seguir. 
4.9 Organização do Texto Dissertativo 
Como esse tipo de texto deve mostrar uma organização lógica, deve-se 
apresentar com bastante clareza: 
 
a) o assunto; 
b) a delimitação do assunto; 
c) o objetivo; 
d) o tópico frasal; 
e) o desenvolvimento; 
f) a conclusão. 
 
 
24 
 
Já falamos, anteriormente, que a dissertação é um texto temático, portanto, deve 
discutir um tema. Para que o autor do texto não se perca em informações redundantes 
ou desnecessárias, é importante que proceda à delimitação dele. Por exemplo: 
Dissertação Tema: NAMORO 
Possíveis delimitações do tema: 
 
ƒ Namoro na adolescência; 
ƒ Namoro na melhor idade; 
ƒ Namoro na escola. 
Escolhida uma delimitação, deve-se propor um objetivo, para que não ocorra 
fuga do tema. Se resolvêssemos escrever sobre namoro na escola, poderíamos 
estabelecer como objetivo, por exemplo, mostrar ao leitor que, como a escola é o 
espaço onde os jovens mais se encontram e se relacionam, é normal e saudável que 
ali comecem sua vida afetiva. O tópico frasal é aquele sobre o qual incide a essência 
da informação. Na delimitação anterior, poderíamos estabelecer como possível tópico-
frasal: É na adolescência que se começa a conhecer o mundo, a fazer amigos, a 
descobrir as verdades e a escola é um dos ambientes mais propícios para isso. Então, 
nada mais comum que ocorram flertes, o “ficar” e até mesmo namoros nesse 
ambiente. Tendo em mente tanto a delimitação quanto os objetivos e o tópico frasal, 
cabe ao autor, então, elaborar seu texto dissertativo. Se o seu desejo for produzir um 
texto argumentativo, esses argumentos podem ser apresentados de diferentes 
maneiras. Seguindo Platão e Fiorin (1997), relacionamos três deles: 
 
a) argumento de autoridade: citam-se autores ou pessoas de prestígio que 
tenham reconhecido domínio sobre aquele saber. No caso da delimitação acima 
(namoro na escola), poderíamos citar, por exemplo, o psicanalista Içami Tiba, autor 
de várias obras que tratam da adolescência; 
b) argumento baseado no consenso: neste caso, valer-nos-íamos de opiniões já 
aceitas pela maioria da população. 
c) argumento baseado em provas concretas: poderíamos, no caso de nossa 
proposta, fazer uso de pesquisas que comprovassem que a maioria dos jovens 
namora na escola e que tal fato tem auxiliado seu desenvolvimento emocional. 
 
25 
 
Para que possamos entender melhor, leiamos Magalhães (1980, p. 16-17), que 
assim exemplifica o texto dissertativo: 
Muitas normas, antes apenas do âmbito da Moral, passaram ao campo do 
Direito pelo fato de o legislador, num momento dado, julgar conveniente 
atribuir-lhes força coercitiva, impondo uma sanção para sua desobediência. 
Assim, por exemplo, no passado era altamente meritório o fato de o patrão 
socorrer seu empregado acidentado. Mas a desobediência a essa regra de 
moral não provocava qualquer sanção por parte do Estado. Este, entretanto, 
observando a conveniência de se impor ao patrão a obrigação de socorrer 
seu serviçal infortunado, criou a norma de Direito, impondo como obrigação 
jurídica aquilo que não passava de mero dever moral. Outro exemplo: no 
passado agia com humanidade o patrão que, antes de despedir seu 
empregado, lhe dava um prazo para procurar nova colocação, e ao romper o 
contrato de trabalho lhe oferecia uma indenização pelos anos de serviços 
prestados. Talvez isso constituísse um dever moral ditado pela preocupação 
de justiça. Mas o descumprimento de tal dever não provocava qualquer 
sanção por parte do Estado. Parecendo ao legislador conveniente 
transformar tal preceito de Moral em regra de Direito, impõe ao patrão o dever 
de dar aviso prévio e de prestar indenização ao empregado despedido. O 
descumprimento de tal obrigação, hoje, provoca uma sanção por parte do 
Estado. A regra de Moral transformou-se em regra de Direito. 
Neste texto, temos, portanto: 
 
a) assunto: Direito; 
b) delimitação: Direito e moral; 
c) objetivo: mostrar que muitas normas morais se transformaram em normas 
jurídicas por razão de conveniência social; 
d) tópico frasal: “Muitas normas, antes apenas do âmbito da Moral, passaram 
ao campo do Direito pelo fato de o legislador, num momento dado, julgar conveniente 
atribuir-lhes força coercitiva, impondo uma sanção para sua desobediência”; 
e) desenvolvimento (argumentos baseados em provas concretas): 
1. o socorro patronal obrigatório ao empregado acidentado; 
2. a obrigação jurídica de dar aviso prévio e de prestar indenização ao 
empregado despedido; 
f) conclusão: “A regra de Moral transformou-se em regra de Direito.” 
 Além disso, podemos perceber que o texto dissertativo tem algumas 
características que lhe são peculiares. Vejamos quais são. Primeiramente, como 
pudemos perceber, trata-se de um texto temático, ou seja, o nosso exemplo discute 
uma questão jurídica, operando, predominantemente, termos abstratos: 
 
26 
 
Muitas normas, antes apenas do âmbito da Moral, passaram ao campo do 
Direito pelo fato de o legislador, num momento dado, julgar conveniente 
atribuir-lhes força coercitiva, impondo uma sanção para sua desobediência. 
Assim, por exemplo, no passado era altamente meritório o fato de o patrão 
socorrer seu empregado acidentado. [...] (MAGALHÃES, 1980, p. 16-17, grifo 
nosso). 
Mostra, tanto quanto a narração, mudança de situação; neste texto, o autor 
aponta para fatos que passaram de atitudes morais para deveres impostos pelo 
Direito: 
[...] Este, entretanto, observando a conveniência de se impor ao patrão a 
obrigação de socorrer seu serviçal infortunado, criou a norma de Direito, 
impondo como obrigação jurídica aquilo que não passava de mero dever 
moral. [...] O descumprimento de tal obrigação, hoje, provoca uma sanção por 
parte do Estado. A regra de Moral transformou-se emregra de Direito. 
(MAGALHÃES, 1980, p. 16-17). 
Sua ordenação é lógica e, como já apontado, há no texto um tópico frasal, o 
desenvolvimento e a conclusão. Os tempos verbais empregados nessa dissertação 
são: pretéritos perfeito e imperfeito do indicativo, quando o autor remete o leitor ao 
passado, e presente, quando aponta para o resultado da ação pretérita: 
[...] Outro exemplo: no passado agia com humanidade o patrão que, antes de 
despedir seu empregado, lhe dava um prazo para procurar nova colocação, 
e ao romper o contrato de trabalho lhe oferecia uma indenização pelos anos 
de serviços prestados. Talvez isso constituísse um dever moral ditado pela 
preocupação de justiça. Mas o descumprimento de tal dever não provocava 
qualquer sanção por parte do Comunicação e Expressão Unisa | Educação a 
Distância | www.unisa.br 27 Estado. Parecendo ao legislador conveniente 
transformar tal preceito de Moral em regra de Direito, impõe ao patrão o dever 
de dar aviso prévio e de prestar indenização ao empregado despedido. O 
descumprimento de tal obrigação, hoje, provoca uma sanção por parte do 
Estado. A regra de Moral transformou-se em regra de Direito. (MAGALHÃES, 
1980, p. 16- 17, grifo nosso). 
 
 
27 
 
5 CONSTITUIÇÃO DO TEXTO 
 
 Fonte: estudopratico.com.br 
 
Texto e Textualidade 
Como vimos, texto, etimologicamente, quer dizer tecido, ou seja, trata-se de 
uma trama na qual se devem enredar as palavras. Já a Linguística do Discurso 
procura estudar os textos como “manifestações linguísticas produzidas por indivíduos 
concretos em situações concretas, sob determinadas condições de produção” (KOCK, 
1997, p. 11), entendendo-os numa situação interacionista. 
Para Val (1999, p. 3), texto (escrito ou falado) é a “unidade linguística 
comunicativa básica” utilizada pelos falantes de uma língua para se comunicar e será 
bem compreendido quando comportar três aspectos fundamentais: o pragmático 
(atuação informacional e comunicativa), o semântico-conceitual (relacionado à 
compreensão, à cognição, portanto, da coerência) e o formal (de sua organização, ou 
seja, de sua coesão). 
Por outro lado, discurso é mais abrangente e, de acordo com a Análise do 
Discurso de linha francesa, ele é entendido como o espaço em que emergem as 
significações (BRANDÃO, 2002). Mas, o que comporta essa significação? 
Primeiramente, temos de entender que o discurso de que tratamos se faz na e pela 
http://www.estudopratico.com.br/
 
28 
 
língua, ou seja, as significações serão observadas em sua formação discursiva, 
somada às suas condições de produção, norteadas pela sua formação ideológica. 
Dessa forma, a noção de discurso pode ser vista como múltipla e analisá-lo é, 
de acordo com Foucault (1990, p. 187), “fazer desaparecer e reaparecer as 
contradições é mostrar o jogo que jogam entre si; é manifestar como pode exprimi-
las, dar- -lhes corpo, ou emprestar-lhes uma fugidia aparência.” Isso quer dizer que 
analisar um discurso é buscar esses elementos de dispersão, os diversos discursos 
que comporta, os textos que com ele dialogam. E há várias maneiras de os textos 
conversarem entre si e com os discursos, como veremos a seguir. 
5.1 Intertextualidade 
De acordo com Kristeva (1974, p. 64) “todo texto se constrói como um mosaico 
de citações. Todo texto é absorção e transformação de um outro texto”, ou seja, como 
fala Bakhtin (1988), nenhum discurso é neutro, mas sempre formado por outros que 
lhe foram anteriores no tempo, pois é produzido por um sujeito descentrado, 
assumindo diferentes vozes sociais, que o tornam um sujeito histórico e ideológico. 
 
 
 
 
Fonte: escolakids.uol.com.br 
http://www.escolakids.uol.com.br/
 
29 
 
Fiorin (2003, p. 32) ensina que “a intertextualidade é o processo de 
incorporação de um texto em outro, seja para reproduzir o sentido incorporado, seja 
para transformá-lo.” Já Brandão (2002, p. 76) aponta dois tipos de intertextualidade: 
uma interna, na qual um “discurso se define por sua relação com o discurso do mesmo 
campo, podendo divergir ou apresentar enunciados semanticamente vizinhos aos que 
autoriza sua formação discursiva”; e uma externa, “na qual o discurso define uma certa 
relação com outros campos” 
Kock (1986) também aponta a possibilidade de se observar a intertextualidade 
de duas maneiras: em sentido amplo, que ocorre implicitamente, ou seja, a 
identificação dos textos em diálogo é conseguida por meio de atenta observação por 
parte do leitor, porque o novo texto mantém alguns aspectos, tanto formais quanto de 
sentido, dos originais; em sentido estrito, que pode aparecer tanto implicitamente – 
por meio da divulgação de sua ideologia e retórica – quanto explicitamente – por meio 
da revelação direta do texto do qual se origina. 
Paulino, Walty e Cury (1997) indicam oito possibilidades de a intertextualidade 
se revelar, isto é, por meio de epígrafe, citação, referência, alusão, paráfrase, paródia, 
pastiche e tradução. Esses autores entendem a sociedade como uma grande rede 
intertextual e dão ao espaço cultural um lugar de relevância, pois cada produção 
dialoga necessariamente com outras. 
Fiorin (2003) e Sant’Anna (1988) apontam diferentes maneiras de a 
intertextualidade ocorrer. O primeiro identifica três processos: a citação, a alusão e a 
estilização; o segundo, quatro: a paródia, a paráfrase, a estilização e a apropriação. 
Como é a proposta de Sant’Anna que mais atende aos nossos propósitos, estudá-la-
emos pormenorizadamente a seguir. 
5.2 Paródia 
 Fávero (2003, p. 49) vai à etimologia para conceituar o termo: “Paródia significa 
canto paralelo (de para = ao lado de e ode = canto), incorporando a ideia de uma 
canção, cantada ao lado de outra, como uma espécie de contracanto.” Sant’Anna 
(1988) completa, asseverando que ela tem uma função catártica, funcionando como 
contraponto com os momentos de muita dramaticidade. Além disso, a paródia faz uma 
reapresentação daquilo que havia sido recalcado, sendo uma nova e diferente 
 
30 
 
maneira de ler o convencional, ou seja, é um processo de liberação do discurso, uma 
tomada de consciência crítica. Parodia-se um texto para negá-lo, já que a linguagem, 
nesse tipo de produção, é dupla: as vozes que dialogam nos dois discursos se cruzam 
tanto horizontal (produtor x receptor) quanto verticalmente (texto x contexto) 
(FÁVERO, 1999). Temos, em nossa literatura, muitos exemplos de paródia. Jô 
Soares, na época de cassação do então presidente Fernando Collor de Melo, 
utilizando-se da mesma estrutura da nossa Canção do exílio, escreveu: 
 
 
 Fonte: alunosonline.uol.com.br 
 
31 
 
 
 
32 
 
Recordemo-nos do original, de Gonçalves Dias: 
 
 
 
O dialogismo entre os textos é inquestionável, revelando, também, a 
característica primordial da paródia: temos aqui cantos paralelos aos de Gonçalves 
Dias, mas, ao mesmo tempo em que fazem com que nossa memória textual retome o 
 
33 
 
original, seu lado humorístico faz com que eles nunca se encontrem, como imagens 
invertidas num espelho (SANT’ANNA, 1988). 
Num texto acadêmico, podemos fazer uso da paródia quando, especialmente, 
partindo de um texto original, inauguramos outro paradigma, uma evolução do 
primeiro, numa oposição, numa crítica tecida com humor e ironia, expondo sua contra 
ideologia 
Ex.: (1) Texto fonte: Salários têm melhores reajustes em 10 anos Balanço 
divulgado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos 
Socioeconômicos) mostra que, em 2005, 72% dos reajustes salariais foram maiores 
do que a inflação, melhor desempenho já constatado. 
Fonte: Adaptado de www.pt.org.br 
(2) Texto derivado: Eles conseguem fazer com que seus salários tenham 
melhores reajustes em 10 anos. Balanço divulgado pelo Dieese (Departamento de 
Infâmias, Enrolação e Embuste Sem Escrúpulos) mostra que, em 2005, 72% dos 
reajustessalariais dos políticos foram maiores do que a inflação, maior roubalheira e 
sem-vergonhice já constatada. 
Como se pode perceber, embora os dois textos mantenham um diálogo entre 
si, a paródia subverte o sentido do primeiro, retoma-o para o negar, para o ironizar, 
caminhando ao seu lado como se fosse sua imagem invertida. Diferente é a paráfrase, 
como veremos a seguir. 
5.3 Paráfrase 
Sant’Anna (1988) afirma que o termo ‘para- -phrasis’ (que já no grego significava 
continuidade ou repetição de uma sentença) pode ser considerado, grosso modo, uma 
reafirmação, por meio de outras palavras, do mesmo sentido de uma obra escrita, ou 
seja, pode-se considerar a paráfrase a tradução ou a transcrição de um texto primitivo. 
Nesse sentido, Derrida (2002) ensina que o tradutor deve resgatar, absolver, 
resolver o texto original e quando “cria” é como um pintor que “copia” seu “modelo”. 
Por sua vez, Benjamin (1996, p. 108) diz que “a natureza engendra semelhanças”, 
bastando, para entender isso, pensar-se na mímica. 
http://www.pt.org.br/
 
34 
 
Portanto, diferentemente da paródia, a paráfrase é a frase paralela, ou seja, 
uma releitura do original. Se, na primeira, temos a ruptura, a crítica sutil; na segunda, 
ficamos à frente de uma releitura, de uma reprodução. 
 
Para que possamos compreendê-la melhor, tomemos como exemplo a mesma 
Canção do exílio e vamos ver algumas paráfrases elaboradas a partir dela: 
 
 
 
 
35 
 
 
36 
 
 
 
André (1988) assevera que muitas são as formas como utilizamos a paráfrase 
no texto acadêmico: 
a) podemos reproduzir, com outras palavras, o mesmo pensamento do texto, 
seguindo a ordem do discurso original; 
b) podemos reproduzir o texto, com outras palavras, mas buscando esclarecer, 
para os leitores de outro nível (nesse caso, portanto, motivado pelos objetivos), 
vocábulos ou expressões que julgamos importante elucidar; 
c) podemos, ao reproduzir o texto, ampliar as informações sobre ele, seu autor, 
a obra, o estilo etc., na medida em que essas informações sejam cabíveis e relevantes 
para sua melhor compreensão; 
d) podemos, finalmente, fazer um decalque, ou seja, seguindo a estrutura do 
texto original, substituir a ideia inicial por outra que com ela esteja associada. 
Assim, podem ser produzidos diversos tipos de textos acadêmicos, como 
fichamentos, resumos e resenhas de textos, como veremos adiante. Vamos agora 
para outra forma como pode se dar a intertextualidade. 
 
37 
 
5.4 Estilização 
A palavra ‘estilização’ deriva de estilo que, de acordo com Houaiss (2001, p. 
1254) significa “o modo pelo qual um indivíduo usa os recursos da língua para 
expressar, verbalmente ou por escrito, pensamentos, sentimentos, ou para fazer 
declarações, pronunciamentos etc.” Então, Sant’Anna (1988) define estilização como 
uma forma de tomar aquele estilo de outrem, estabelecendo um desvio tolerável e 
produzindo um meio do caminho entre a paródia e a paráfrase. Já para Fiorin (2003), 
a estilização é a reprodução do conjunto dos procedimentos do ‘discurso de 
outrem’, isto é, do estilo de outrem. Estilos devem ser entendidos aqui como 
o conjunto das recorrências formais tanto no plano da expressão quanto no 
plano do conteúdo (manifestado, é claro) que produzem um efeito de sentido 
de individualização. 
Esclarece, ainda, Fiorin que a estilização pode ser polêmica ou contratual. 
Entendemos que a estilização, em sentido estrito, pode ser uma forma de alusão, já 
que, ao citar, temos uma menção ao discurso de outrem, de maneira indireta, ou seja, 
por meio da utilização do estilo do texto de origem. Vamos ver, agora, a estilização 
que Murilo Mendes elaborou a partir da Canção de Exílio de Gonçalves Dias: 
 
 
 
 
38 
 
Quais elementos, no texto acima, nos indicam tratar-se de uma estilização? Ao 
aludir ao texto de Gonçalves Dias, o autor manteve, em vários momentos, a mesma 
construção sintática do texto de origem. Ex.: sujeito + verbo transitivo direto + objeto 
direto (oração principal): 
 
Minha terra tem palmeiras 
Minha terra tem macieiras da Califórnia. 
 
Oração subordinada adjetiva: 
 
Onde canta o sabiá 
Onde cantam gaturamos de Veneza. 
 
Além disso, é mantido o presente do indicativo e, quanto ao léxico, observamos 
que o texto de Murilo Mendes insere o cotidiano no esquema da nostalgia e que o 
efeito poético de distanciamento do modelo que obtém não elide, contudo, a 
reverência – irônica é verdade – à matriz da saudade nacional, tornando-se, ao 
mesmo tempo, polêmico e contratual. 
5.5 Apropriação 
Sant’Anna (1988) ensina que essa forma de intertexto é bastante recente na 
crítica literária e chegou à Literatura por meio das Artes Plásticas, especialmente pelas 
experiências dadaístas. Também conhecida como assemplage (reunião, 
agrupamento), é muito próxima da colagem, ou seja, trata-se da reunião de materiais 
diversos para a composição de algo. Embora recente seu estudo, essa técnica é, de 
acordo com o autor, antiquíssima, pois usa de um artifício muito conhecido na 
elaboração artística: o deslocamento, que, por meio do desvio, provoca um 
estranhamento. 
A apropriação pode ser de dois tipos: 
 
a) de primeiro grau: quando é o próprio objeto que entra em cena; 
 
39 
 
b) de segundo grau: quando ele é representado, traduzido para outro código. O 
chargista e humorista Caulus fez o sabiá voar dos versos saudosistas para a denúncia 
ecológica, no grafismo leve e tocante do exílio de sua própria palmeira: 
 
 
 
Em outras palavras, o artista apropriou-se do original e o transpôs para outro 
código, fazendo surgir, como disse Maserani (1995) um novo texto. Nesse sentido, 
podemos dizer que, ao fazer uso da apropriação, “o artista está querendo desarrumar, 
inverter, interromper a normalidade cotidiana e chamar a atenção para alguma coisa.” 
(SANT’ANNA, 1988, p. 45). José Paulo Paes, no melhor estilo do sintetismo 
antidiscursivo das grandes vanguardas modernistas, fez o resumo da poesia, 
despojando-a de acessórios: 
 
 
 
40 
 
 
 
6 O TEXTO ACADÊMICO 
6.1 Fichamento 
Observe: Para que fichemos qualquer obra, é necessária, antes de tudo, uma 
leitura atenta daquilo que se deseja fichar. Ruiz (1980, p. 70) aconselha: 
 
41 
 
 
Então, para que façamos um bom fichamento, é preciso seguir algumas etapas: 
 
a) ler atentamente uma primeira vez o texto na íntegra, grifando as palavras 
desconhecidas e procurando-as no dicionário; 
b) ler uma segunda vez, munidos com lápis, para sublinhar os trechos mais 
importantes. 
Andrade e Henriques (1992) informam que é importante sublinhar um texto, para: 
a) assimilá-lo melhor; 
b) memorizá-lo; 
c) preparar uma revisão rápida do assunto; 
d) aplicar em citações; 
e) resumir, esquematizar ou fichar. 
De acordo com esses autores, a técnica de sublinhar compreende, depois das 
leituras sugeridas: 
a) identificação da ideia-núcleo de cada parágrafo; 
b) indicação, com uma linha vertical colocada à margem, dos tópicos mais 
importantes; 
c) colocação de um ponto de interrogação à margem do texto, para indicar casos 
de discordância e passagens obscuras; 
d) leitura do que foi sublinhado para ver se há sentido; 
e) reconstrução do texto, tomando os trechos sublinhados como base 
 
Os autores também recomendam que: [...] há de se sublinhar o estritamente 
necessário, evitando-se argumentações, exemplificações, citações etc. (ANDRADE; 
HENRIQUES, 1992). 
 
42 
 
Depois desse primeiro passo, procede-se, então, ao fichamento. Hoje, com a 
facilidade do computador, podemos utilizar uma pasta especialmente aberta para 
salvar esse tipo de documento. Quem não dispõe desse recurso, deve usar fichas, 
vendidas em papelaria em três formatos: 7,5 x 12,5; 10,5 x 15,5 e 12,5 x 20,5. A de 
tamanho médio, no nosso ponto de vista, é a ideal, porque cabe numa caixa de 
sapatos, por exemplo, se a quisermos arquivar. Devemos utilizar uma ficha (ouuma 
página de computador) para cada tópico ou assunto, cuidadosamente anotado. Deve-
se, também, evitar escrever no verso das fichas, por uma questão de praticidade. 
 
A estrutura da ficha deve ser a seguinte: 
a) cabeçalho, com a identificação do assunto (título geral, título específico, 
número do título etc.); 
 b) indicação da fonte da qual se extrai o fichamento, de acordo com as normas 
da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT); 
c) corpo da ficha, compreendendo anotações ou comentários. 
 
 
 
43 
 
 
 
2. de citação: a que contém a transcrição fiel de trechos ou frases da obra consultada, 
normalmente, aquelas grifadas como as mais importantes na instância da leitura. Na 
citação, deve-se observar: 
 
a) o uso de aspas; 
b) a referência da página da qual foi retirada a citação; 
c) o uso de [...] para marcar que o trecho foi recortado. 
 
 
44 
 
 
 
3. de resumo: 
 
É a que contém uma paráfrase do trecho lido. O resumo pode ser apresentado como 
esboço ou como sumário: 
a) como esboço: apresenta a mesma estrutura do texto citado, com as palavras-
chave, títulos e subtítulos, procedendo-se a um resumo dele; 
b) como sumário: topicalizam-se os itens julgados mais relevantes. 
Exemplos: 
 
 
45 
 
 
 
6.2 Resumo 
Resumir um texto ensina a relacionar as ideias, entender com clareza o assunto 
e perceber o sentido próprio do figurado que os vocábulos podem adquirir numa 
produção textual. Para se realizar um resumo, seguem-se os mesmos passos do 
fichamento, isto é, antes de tudo: 
 
 
46 
 
a) ler atentamente uma primeira vez o texto na íntegra, grifando as palavras 
desconhecidas e procurando-as no dicionário; 
b) ler uma segunda vez, munidos com lápis, para sublinhar os trechos mais 
importantes. 
E mais: 
c) ficar atento para as palavras de ligação que organizam de forma lógica o 
raciocínio, tais como: assim sendo, além do mais, pois, em decorrência etc.; e as que 
modificam os ficar atento enunciados: mais que tudo, não, nunca etc. 
Quando temos de resumir um texto, por exemplo, o ideal é que o façamos por 
partes, ou seja, que elaboremos o resumo de cada capítulo. O bom resumo deve, de 
acordo com André (1988, p. 106), “conservar os traços do estilo do texto original, como 
por exemplo, nível de linguagem, ironia, humor, vivacidade, etc.” Por outro lado, não 
devemos opinar ou criticar: o procedimento é de resumo e não de resenha ou de 
interpretação. Quanto à extensão, normalmente esta é estabelecida por quem o faz 
ou por quem o solicita, dependendo dos objetivos visados, mas, normalmente, um 
bom resumo contém de 10 a 15 por cento do texto original. 
Exemplo de resumo: 
 
 
Vamos agora, proceder ao resumo, seguindo as etapas especificadas: 
 
 
47 
 
1. Leitura atenta e a técnica de sublinhar as palavras-chave: A finalidade da 
escola é educar e ensinar. Ensinar é ministrar conhecimento e experiências. “A 
educação é ação formadora da personalidade humana, que faculta ao indivíduo 
alcançar, com sua atividade, a meta de sua vida”. A educação e o ensino devem ter 
um escopo: formar integralmente o homem (no espírito e no corpo) a fim de que 
consiga, na luta de todos os dias, viver feliz e satisfeito por saber que trilha o melhor 
caminho com os melhores recursos, dentro do bem-estar da comunidade. Embora a 
função específica da escola seja ensinar, cumpre-lhe também, e por lei, educar. A 
escola que não educa é perniciosa. 
2. Resumo por parágrafos: 
1º a finalidade da escola é educar: auxiliar o indivíduo a alcançar seus objetivos; 
e ensinar: ministrar conhecimento e experiências; 
2º a educação e o ensino: formar integralmente o homem; 
3º embora a função da escola seja, antes de tudo, ensinar, tem também (por 
lei), de educar. A escola que assim não age é perniciosa. 
3. Redação final: 
A finalidade da escola é educar, ou seja, auxiliar o indivíduo a alcançar seus 
objetivos; e ensinar, isto é, ministrar conhecimentos e experiências. A educação e o 
ensino devem formar integralmente o homem. Embora a função da escola seja, antes 
de tudo, ensinar, tem ela também, e por lei, de educar. A escola que assim não age é 
perniciosa. Quem desejar, pode colocar introduções no resumo: No texto A escola e 
sua finalidade, de Hildebrando A. André, publicado no livro Curso de redação, o autor 
discute a finalidade da escola. Nele, o autor afirma que... 
6.3 A Resenha 
Várias são as definições dadas a essa atividade: “É uma síntese geral, 
informativa e avaliativa sobre livros, capítulos, artigos das mais diferentes áreas do 
conhecimento e que serve, por conseguinte, para orientar as opções e o interesse do 
leitor [...].” (BARROS; LEHFELD, 2000, p. 22); “[...] é uma descrição minuciosa que 
compreende certo número de fatos: é a apresentação do conteúdo de uma obra. 
Consiste na leitura, no resumo, na crítica e na formulação de um conceito de valor do 
livro feitos pelo resenhista.” (LAKATOS; MARCONI, 1992, p. 89); “[...] é uma síntese 
 
48 
 
ou um comentário dos livros publicados feitos em revistas especializadas das várias 
áreas da ciência, das artes e da filosofia.” (SEVERINO, 2001, p. 131). 
Entre as citadas, depreendemos em comum o fato de esse tipo de trabalho tratar-
se de uma síntese, ou resumo avaliativo, não importando o nome que se dê a ela: 
resenha crítica (que nos parece redundante), resenha descritiva ou, simplesmente, 
resenha. Saiba, prezado(a) aluno(a), que saber fazer uma boa resenha é bastante 
importante na vida acadêmica, pois é através dela que se tem o primeiro contato com 
um livro, um texto, um filme etc. Uma resenha bem elaborada pode fazer o leitor 
comprar uma determinada obra ou assistir a um filme específico. Severino (2001) 
informa que há dois tipos de resenha: a informativa, aquela que apenas expõe o 
conteúdo do texto; e a crítica, aquela por meio da qual manifestamos nosso critério de 
valor. Já mencionamos alhures que, em vista do que foi conceituado relativamente ao 
termo, julgamos ser a resenha eminentemente crítica, podendo, isso sim, somar-se 
uma descrição, resultando a resenha descritiva. Vamos ver uma de cada vez. 
6.4 Resenha Crítica 
Como também já mencionamos, não julgamos ser necessário o uso de crítica à 
resenha, pois lhe cabe por definição esse papel, chamemo-la simplesmente resenha. 
Então, vejamos. Sua organização é lógica: começa-se com um cabeçalho, no qual 
são transcritos os dados bibliográficos da obra; segue-se um parágrafo com uma 
breve informação sobre o autor do texto; na sequência, deve-se introduzir o texto, com 
um parágrafo que sintetize a obra, escrito de forma bastante objetiva e contendo seus 
pontos principais e forma de organização. Nos parágrafos subsequentes, far-se-á uma 
síntese de cada capítulo da obra (ou parágrafo do texto), parte por parte, destacando-
se “o assunto, os objetivos, a ideia central, os principais passos do raciocínio do autor.” 
(SEVERINO, 2001, p. 132). O texto deve ser finalizado com um comentário crítico 
elaborado pelo resenhista, contendo os aspectos positivos e negativos do objeto 
resenhado. Também é possível que, durante a apresentação da síntese, já se façam 
comentários críticos. Como o objetivo da resenha é apontar, de maneira direta e 
cortês, o assunto discutido no texto, como assunto, forma de abordagem, teoria, 
profundidade teórica etc., mostrando qualidades e falhas de informação, não se deve 
tecer comentários sobre o autor do texto. Para um estudante de curso superior, a 
 
49 
 
elaboração de resenhas favorece uma melhor compreensão da matéria e é um 
exercício de síntese de muito valor, por isso, exercite-se!!! 
6.5 Resenha Descritiva 
Além do já visto, na resenha descritiva, deve-se somar um parágrafo descritivo 
da obra, informando, por exemplo: 
 
a) editora; 
b) número de edição; 
c) páginas; 
d) se obra traduzida, o nome dos tradutores; 
e) organização. 
Requisitos básicospara se resenhar para a elaboração de um texto valoroso, 
deve-se: 
 
a) ter conhecimento da obra; 
b) ter poder de síntese; 
c) imprimir um olhar crítico sobre ele; 
d) manter-se fiel ao pensamento do autor. 
 
50 
 
7 O TEXTO COMERCIAL 
 
 Fonte: formacaolinguasc.blogspot.com.br 
7.1 As Cartas Comerciais 
Apesar do grande desenvolvimento tecnológico que temos assistido 
recentemente, a carta comercial continua sendo um importante veículo de 
comunicação entre empresas. A carta surtirá grande efeito a quem se dirigir, se ela, 
sem desprezar os seus aspectos imediatistas, for vazada em linguagem 
precisa e adequada, dotada de ritmo frasal, isenta dos bolorentos lugares-
comuns, criativa, distante de estereótipos ou dos modelos pré-fabricados, 
dispostas suas frases de modo tal que o clímax da mensagem se coloque 
dentro do ângulo de visão do leitor. (MARTINS DE BARROS, 1977, p. 17). 
Uma carta comercial estará bem escrita, se: 
 
a) não for verborrágica; 
b) não for rastejante; 
c) não for vazada em vocabulário difícil ou frases arrevesadas; 
d) não estiver em linguagem descuidada; 
e) não estiver com aspecto descuidado 
http://www.formacaolinguasc.blogspot.com.br/
 
51 
 
 
 
 
Martins de Barros (1977, p. 25) ensina que “o bom redator de empresa tem de 
fixar esses aspectos [...] Uma carta bem escrita, bem apresentada, inovada, não é só 
testemunho de finesse, mas (também e sobretudo) um extraordinário agente de 
fixação da imagem da empresa emissora.” 
A composição da Carta Comercial 
São as seguintes as partes que compõem, normalmente, uma carta comercial: 
 
a) data; 
b) destinatário (completo: nome, endereço, CEP, cidade, estado); 
c) evocação; 
d) assunto; 
e) despedida; 
f) assinatura. 
Exemplo: 
 
52 
 
 
 
53 
 
8 E-MAILS 
 
 Fonte: focusmarketing.com.br 
8.1 Internet 
Lembrando: quando falamos em internet, estamos nos referindo à maior rede de 
computadores do mundo. Melhor, não só uma rede, de uma das redes, a responsável 
pela troca de mensagens, aulas virtuais, comércio, informações diversas etc. Para que 
possamos acessá-la, são necessários os provedores, isto é, o meio que permite a 
comunicação entre computadores do mundo todo. Entre eles, há os gratuitos (iG, 
Yahoo etc.) e os pagos (UOL, Globo, Terra etc.). Entra-se na rede por meio de login 
e senha, sendo que cada usuário cria os seus. Entre os serviços oferecidos por esses 
provedores, há o correio eletrônico (electronic-mail e-mail). 
8.2 O E-mail Propriamente Dito 
O e-mail é um texto que une características tanto do escrito quanto do oral. Como 
texto escrito, pode apresentar as seguintes características: 
 
 ser descontextualizado; 
 
54 
 
 autônomo; 
 explícito; 
 condensado; 
 planejado; 
 preciso; 
 normatizado; 
 completo. 
 
Devido à rapidez com que ocorre a comunicação, pode apresentar, em algumas 
circunstâncias, as seguintes características do texto oral: 
 
 ser contextualizado; 
 dependente; 
 implícito 
 redundante; 
 não planejado; 
 impreciso; 
 não normatizado; 
 fragmentado. 
 
Então, como dissemos, embora pareça um texto oral, trata-se de um texto 
escrito, ou seja, há sempre nele a possibilidade de planejamento e de refazimento. 
Devemos nos lembrar sempre de que, como qualquer texto, traça a imagem de quem 
o produz, portanto, ao escrever e-mails, garanta: 
 
ƒ que o interlocutor entenda a mensagem da maneira como você deseja; ƒ evite 
uso não convencional de abreviaturas; 
ƒ evite uso de letras maiúsculas, a não ser que deseje expressar gritos. 
 Atente para: 
 
a) que tipo de e-mail estou passando? 
b) para quem o estou enviando? 
 
55 
 
c) que variante linguística utilizar? 
 Veja um exemplo de e-mail pessoal de difícil leitura (embora emissor e receptor 
conheçam o assunto de que estão tratando, a falta de acentos e a não utilização de 
pontuação, dificulta a decodificação da mensagem): 
E aiii Nana ohhh aki ta o trabalho antes que eu me esqueça sinceramente 
não manda pra aquelas folgadas hahahah ok?1 tão folgando muito agora em 
relação ao outro folgado coloca o nome dele so mais desta vez mas nem fala 
deixa ele pq ele viu qdo eu e o Thiago estavamos fazendo ok?! e vai ficar 
chato pro meu lado pq ele até disse que tava no trabalho lembra que ele até 
ia digitar mas a gente que não confia entao hahaha entao os integrantes do 
grupo sao eu vc thi, lu, roger, e o mansa as demais tem o jorge q e bobao e 
faz pra elas!!!! hahaha ok?! bjokas se cuida T+ vê se melhora ta?! 
8.3 E-mails Comerciais 
Ao escrever esse tipo de e-mail, deve-se atentar para as seguintes questões: 
ƒ quem sou eu (qual posição ocupo na empresa)? 
ƒ quem é meu interlocutor (qual posição ocupada por ele)? 
ƒ que tipo de correspondência esse e-mail veiculará (carta, relatório, informativo 
etc.)? 
Sempre, nesse caso, deverá se primar pela: 
ƒ formalidade; 
ƒ correção gramatical; 
ƒ padrão culto; 
ƒ seguir o modelo do gênero específico (ou seja, as propriedades do relatório, 
da carta, do informativo etc.). 
Por exemplo, se se tratar de uma carta comercial, o e-mail terá as mesmas 
partes de que ela se compõe: evocação, desenvolvimento, conclusão e assinatura. 
 
56 
 
 
 
Para garantir o envio e a recepção do e-mail, é sempre prudente salvar uma 
cópia em Itens Enviados, pedir Confirmação de Leitura e mandar cópias a quem de 
direito. 
8.4 E-mails Pessoais 
Ao escrevermos e-mails pessoais, devemos nos lembrar sempre de que, por 
mais amigos que sejamos do destinatário, as palavras são frias, por isso, podem ser 
mal compreendidas. Cuidado, então, ao escrever; o texto sempre traça nossa 
imagem, como já dissemos anteriormente, assim, usar uma linguagem clara, com 
correção gramatical e abreviações convencionais, é o mais prudente. A formatação 
agora não é tão rígida. Exemplo de troca de correspondência entre dois amigos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
57 
 
1 
 
9 QUALIDADES DO TEXTO 
Um texto de qualidade é aquele bem estruturado. Com relação aos detalhes, 
quando se fala em qualidades do texto, são necessárias: clareza, concisão e 
coerência. Mas será que todos os textos bons são claros, concisos e coerentes? Dois 
textos, um literário e outro técnico, podem ser considerados ótimos, sem, contudo, 
haver qualquer ponto em comum entre eles. Então, é preciso alargar o leque das 
qualidades textuais para chegarmos às características universais da boa redação. Os 
requisitos mencionados a seguir foram tirados de vários autores, procurando dar uma 
ideia bastante ampla do que se espera de um texto de qualidade. 
9.1 Unidade 
Do ponto de vista da unidade, o texto deve apresentar uma ideia e um objetivo 
único a alcançar. Ela pode ser desenvolvida através de definições, apresentação de 
exemplos, pormenores, comparações e contrastes, provas, ou pela apresentação de 
 
1 Texto Extraído: MOLINA, Márcia Antonia Guedes. Comunicação e Expressão. Disponível: 
http://www.cliografia.com/wp-content/uploads/2015/02/apostila-comunica%C3%A7%C3%A3o-e-
express%C3%A3o.pdf.Acesso: 06/03/2019 às 15:43h. 
http://www.cliografia.com/wp-content/uploads/2015/02/apostila-comunica%C3%A7%C3%A3o-e-express%C3%A3o.pdf.Acesso
http://www.cliografia.com/wp-content/uploads/2015/02/apostila-comunica%C3%A7%C3%A3o-e-express%C3%A3o.pdf.Acesso
 
58 
 
causas e consequências. 4.2 Adequação Para alguns autores, a adequação é a regra 
primordial a ser buscada pelo redator. É ela que vai orientar quando utilizar as outras 
qualidades do texto, de modo a atingir os objetivos que a mensagem propõe. Se, por 
exemplo, você vai tratar de um assunto desagradável com um cliente, a escolha de 
expressões que suavizem o significado do que é preciso informar será melhor aceita 
que uma frase “nua e crua”. 
9.2 Concisão 
Dizemos que um texto é conciso quando ele é breve,resumido, sucinto. Entre 
um texto longo e cheio de detalhes e outro conciso, destinatários com pouco tempo 
disponível preferirão os últimos, obviamente. Em vista disso, sempre que for possível, 
é melhor ir direto ao assunto e não ficar dando voltas intermináveis para dizer o que 
realmente importa. 
9.3 Clareza 
No mundo repleto de informações em que vivemos, nem sempre é fácil 
apresentar nossos argumentos de forma clara. Antes de mais nada, é preciso estar 
consciente de que nem sempre o que é claro para você será claro para o seu 
destinatário, porque as pessoas não encaram as situações pelo mesmo ângulo. Da 
mesma forma que a concisão, a clareza é antes de tudo uma questão de atitude. É 
preciso querer ser claro. É preciso “entrar na pele” do outro, sentir como ele sente, ver 
como ele vê. Se formos capazes disso, conseguiremos uma comunicação eficaz. O 
segredo é raciocinar como o destinatário: se ele for uma criança, raciocine como uma 
criança; se ele for um adolescente, a mesma coisa. Se ele for um cliente, ponha-se 
no lugar dele! Sempre é bom observar algumas regras práticas: 
 
 Escolha bem as palavras. Evite demonstrar erudição, utilizando termos 
tirados direto do dicionário. Além disso, convém afastar-se dos estrangeirismos, das 
palavras de sentido ambíguo, vago e dos termos técnicos fora do conhecimento do 
seu leitor. [Erudição - instrução vasta e variada, adquirida sobre tudo pela leitura.] 
 
59 
 
 Evite o uso de adjetivos e advérbios (quando usados com valor 
qualificativos), termos que afetam a precisão da frase, já que podem refletir um 
julgamento pessoal a respeito dos fatos, objetos ou pessoas. 
 Utilize o método de desenvolver passo a passo o seu raciocínio para que o 
leitor possa assimilar cada etapa. Nestes casos é preferível abrir mão da concisão em 
benefício da clareza para atingir o objetivo desejado 
 Ligue adequadamente as ideias para não correr o risco de apresentar as 
informações como peças independentes. As palavras de ligação (conjunções, 
advérbios) são instrumentos eficazes para isso. 
 Opte pela linguagem acessível para a maioria dos leitores. O redator 
habilidoso é aquele capaz de dizer coisas profundas de modo fácil, e não coisas fáceis 
e simples de modo complicado. 
9.4 Coerência 
Quando se diz que uma pessoa é incoerente, quer dizer que ela fala uma coisa 
e faz outra. Este é o exemplo mais comum. No texto escrito, incoerência consiste em 
um texto confuso, contraditório ou sem um sequenciamento apropriado de ideias. Há 
vários pontos em que o texto precisa apresentar coerência: 
 
 Coerência interna do texto, o mesmo de evitar contradições flagrantes, como 
é o caso do funcionário que diz que não está buscando outro emprego, mas se 
aparecer uma oferta vantajosa... O certo seria dizer que, no caso de aparecer uma 
oferta vantajosa, ele pensaria em mudar de emprego. 
 Coerência com a realidade, de modo a transmitir a informação que realmente 
conta. É como o caso da pequena empresa que divulga entre seus clientes uma 
capacidade de produção que ela não está aparelhada para suportar. Coitados 
daqueles que acreditarem e coitados daqueles que mentirem... 
 Coerência com a realidade, de modo a transmitir a informação que realmente 
conta. É como o caso da pequena empresa que divulga entre seus clientes uma 
capacidade de produção que ela não está aparelhada para suportar. Coitados 
daqueles que acreditarem e coitados daqueles que mentirem... 
 
60 
 
 Uniformidade de tratamento. A credibilidade do redator será afetada se ele 
se propõe a falar, por exemplo, das regiões do Brasil e só trata de algumas delas. É 
preciso dar pesos iguais aos fatos de igual relevância. Por outro lado, se o leitor se 
propõe a tratar de um assunto polêmico, ele deve apresentar os prós e os contras, 
ajudando o leitor a formar o seu próprio julgamento sobre a questão. 
 Uniformidade de tratamento. A credibilidade do redator será afetada se ele 
se propõe a falar, por exemplo, das regiões do Brasil e só trata de algumas delas. É 
preciso dar pesos iguais aos fatos de igual relevância. Por outro lado, se o leitor se 
propõe a tratar de um assunto polêmico, ele deve apresentar os prós e os contras, 
ajudando o leitor a formar o seu próprio julgamento sobre a questão. 
 Fundamento das conclusões. Se você apresenta uma conclusão, em que se 
baseia? Em dados concretos ou na sua própria impressão pessoal? Não é coerente 
formular conclusões baseando-se em premissas não apresentadas ou falsas, e em 
informações que o leitor desconhece. 
 Fatos e opiniões. Apresentar um fato é informar sobre algo que realmente 
aconteceu, cuja descrição esteja coerente com a realidade. Apresentar uma opinião é 
interpretar os fatos da nossa maneira, segundo as nossas impressões. Misturar as 
duas coisas pode levar o leitor a uma impressão ambígua quanto ao que é fato e ao 
que é opinião. Podemos apresentar nossas opiniões sem, contudo, deixar de 
apresentar os fatos. O segredo é informar o leitor qual é o fato (acontecimento) e qual 
é a nossa opinião sobre ele. 
9.5 Ênfase e Vigor 
Por ênfase entende-se a capacidade que um tópico textual tem de sobressair-se 
entre vários, de forma a atingir os objetivos do redator. Vigor é a capacidade do texto 
de atrair e captar a atenção do leitor, provocar nele o que se pretende. Vejamos 
algumas regras práticas para prender a atenção do leitor: 
 
 Por ênfase entende-se a capacidade que um tópico textual tem de 
sobressair-se entre vários, de forma a atingir os objetivos do redator. Vigor é a 
capacidade do texto de atrair e captar a atenção do leitor, provocar nele o que se 
pretende. Vejamos algumas regras práticas para prender a atenção do leitor: 
 
61 
 
 Direcionar o assunto ao interesse do leitor. Como todos os seres humanos 
são dotados de necessidades e desejos básicos – afeto, segurança, bem-estar físico 
etc., – um bom texto é aquele capaz de associar o assunto a um destes interesses do 
leitor, aumentando muito a probabilidade de envolvê-lo. 
 Dialogar com o leitor. Não é muito mais envolvente ler um texto que parece 
ter sido escrito para nós? Se o leitor se sente parte do texto, sentirá também 
necessidade de reagir a isso, respondendo, opinando, refletindo. 
 Dialogar com o leitor. Não é muito mais envolvente ler um texto que parece 
ter sido escrito para nós? Se o leitor se sente parte do texto, sentirá também 
necessidade de reagir a isso, respondendo, opinando, refletindo. 
9.6 Elegância 
Um texto elegante não é aquele construído com palavras difíceis ou lances 
geniais de criatividade. Um texto elegante é o que não é desagradável. Evite o 
sensacionalismo, as piadas de mau gosto, o sarcasmo, o tratamento desrespeitoso 
contra membros de um grupo social qualquer, estereótipos preconceituosos etc. Fuja 
das gírias, dos trocadilhos pobres e das conclusões óbvias. Repare se a sequência 
das palavras utilizadas não produz aquele som desagradável, chamado de cacófato, 
tais como: a boca dela, a fé de Paulo, eu vi ela etc., ou ecos, tais como: Meu patrão 
ganha um dinheirão vendendo sabão. 
9.7 Objetividade 
Como o nosso interesse é tratar de técnicas redacionais voltadas para a 
produção de documentos empresariais, essas qualidades são particularmente 
exigidas em textos técnicos, jornalísticos, científicos, nos relatórios, ou em quaisquer 
outros, em que o redator deva expressar-se sem projetar suas opiniões pessoais. 
Você já deve estar sentindo falta de uma qualidade fundamental, não é? É isso 
mesmo, a tão indispensável correção gramatical. Sem ela qualquer texto estaria 
comprometido, descartado. É por isso que vamos dedicar toda a lição 4 aos pontos 
gramaticais mais necessários para a prática da redação, seja ela literária ou técnica. 
Concluindo o nosso estudo sobre as qualidades do texto, uma certeza deve ficar: texto 
 
62 
 
de qualidade é aquele que cumpre bem a sua missão. Trocando em miúdos, o 
destinatário

Outros materiais