Buscar

Unidade 1 microbiologia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Unidade 1 microbiologia
Evolução dos microrganismos
A vida surgiu há bilhões de anos, alguns estudiosos acreditam que os microrganismos foram um dos primeiros a surgirem no planeta terra, em uma época onde a terra estava passando por várias modificações em termos geológicos e químicos. Inúmeras pesquisas foram realizadas, ao longo do tempo e várias outras ainda são realizadas, atualmente, para compreender melhor esses “seres” microscópicos. No entanto, apesar da ciência estuda-los há mais de séculos, alguns pesquisadores apontam que ainda pouco se sabe sobre os microrganismos (TORTORA, 2012).
Os micro-organismos ou microrganismos também chamados popularmente por micróbios são considerados formas de vida reduzidas, sendo extremamente pequenas o que torna impossível sua percepção a olho nu. Nesse grupo microscópico, está incluso as bactérias, os fungos, vírus, protozoários e algas microscópicas.
Atualmente, sabemos que os microrganismos estão presentes em quase todos os lugares do planeta, com sua simples estrutura morfológica e sua enorme variedade genética e metabólica permite que eles possam viver em ambientes e em condições extremas do mundo. Por mais que a tendência seja associá-los ao surgimento de doenças, tais organismos são primordiais para a sobrevivência humana.
A descoberta dos microrganismos
Certamente você já deve ter tido alguma experiência com algum microrganismo, seja ela positiva ou negativa, pois eles estão por toda as partes do planeta, muitas doenças são causadas por esses seres, uma gripe, por exemplo, é causada por um vírus, bastante comum entre a população, a cárie dentária é provocada pela ação das bactérias, as micoses pelos fungos, até a terrível acne é provocada pelas bactérias. Viu como é fácil encontrar experiências vivenciadas com os microrganismos?
A descoberta dos microrganismos aconteceu no ano de 1674, quando o pesquisador holandês, Antony Van Leeuwenhoek inventou o primeiro microscópio. Esse primitivo instrumento criado pelo cientista permitia ampliar a visão em até 300 vezes, a partir desse momento, tudo o que não era possível ser visto a olho nu fez-se visível de maneira que pudesse ser estudado. Através do uso do seu simples instrumento, Leeuwenhoek procurava observar a maioria das coisas que via, as águas das poças, a saliva, fezes e vários outros materiais do seu interesse, por meio de suas pesquisas ele conseguiu constatar que nesses insumos havia a existência de seres minúsculos, os quais chamou de “animálculos” (TORTORA, 2012).
A microbiologia teve notáveis contribuições através dos trabalhos de Leeuwenhoek, com o passar do tempo o cientista procurava aprimorar suas pesquisas, estudou o cabelo, a mucosa oral, as células do sangue, descobriu o espermatozoide, analisou a estrutura dos insetos, os parasitas humanos, além de descrever a estrutura das plantas e suas sementes.
Você sabia que muitos microrganismos são benéficos para os seres humanos? Muitos participam da flora normal do nosso organismo, estão presentes na nossa boca, no nosso estômago e em várias outras partes do nosso corpo, onde atuam nos defendendo de microrganismos externos que sejam patogênicos.
Abiogênese e Biogênese
Qual a origem dos seres vivos? Como a vida foi formada? alguma vez você já fez esse questionamento? Essas eram indagações realizadas desde os tempos mais antigos, atualmente, essas perguntas já estão bem esclarecidas e sabe-se que todos os animais surgem de outros animais e todas as plantas são originadas de outras plantas semelhantes, porém durante muitos anos a comunidade científica não apresentava explicações convincentes sobre a origem da vida, o que levava as pessoas a acreditarem em fatos comuns que eram observados no dia-a-dia.
Após Antony Van Leeuwenhoek no ano de 1674 demonstrar a existência dos seres microscópicos, houve um grande interesse dos estudiosos da época em descobrir como esses organismos surgiam. Por muito tempo, o surgimento da vida foi explicado a partir de duas teorias distintas: a teoria da abiogênese e a teoria da biogênese. A teoria da abiogênese ou teoria da geração espontânea, apoiada por muitos filósofos e pesquisadores, entre eles o grande pensador Aristóteles, defendia a hipótese de que os organismos observados através do microscópio eram gerados de forma espontânea, ou seja, a vida poderia ser formada através de uma matéria bruta (sem vida) (TORTORA, 2012).
Segundo a hipótese defendida pela abiogênese roupas sujas poderiam originar ratos, ou que a partir da lama dos rios poderiam nascer sapos, rãs, e outros anfíbios e repteis. Essa explicação foi aceita até o século XIX, e marcava a compreensão de um período com precários recursos científicos e tecnológicos. Por outro lado, existia a teoria da biogênese, que era bastante defendida por alguns cientistas, inclusive o francês, Louis Pasteur. De acordo com a biogênese, todos os seres vivos surgiam a partir de outros seres vivos análogos, dessa forma, negava o que a afirmava a teoria da geração espontânea.
Em uma tentativa de comprovar a hipótese da biogênese, Francesco Redi, cientista italiano, antes mesmo da descoberta de Leeuwenhoek, realizou o seu primeiro experimento, em 1668. O famoso experimento realizado por Redi, consistiu em colocar alguns pedaços de carne em frascos de vidro fechados e outros pedaços de carne em frascos de vidro abertos, por um igual período de tempo. Ao final do experimento, como esperado, o cientista pode verificar que havia presença de larvas apenas no frasco que permaneceu aberto, concluindo que o surgimento das larvas não acontecia de forma espontânea e que eram colocadas por moscas que tiveram contato com a carne (TORTORA, 2012).
Mesmo com os resultados apresentados por Redi, os defensores da abiogênese não se convenceram, pois afirmavam que o oxigênio era indispensável para que ocorresse a geração espontânea. Então, Redi decidiu realizar outro experimento, o que fez com que a abiogênese perdesse muita credibilidade com a ciência, na época.
O segundo experimento realizado por Redi para desmentir a teoria da geração espontânea, consistiu em colocar carne dentro de jarras, mas dessa vez, ele fechou os recipientes com uma fina rede, permitindo que o ar entrasse para dentro do frasco, e o resultado, como já era esperado por Redi, foi semelhante ao seu primeiro experimento, nenhuma larva apareceu na jarra coberta com a rede, por mais que o ar permanecesse presente. Dessa forma, concluiu, mais uma vez, que as larvas só surgiam quando as moscas colocavam seus ovos sobre a carne.
Louis Pasteur
Certamente você já ouviu falar sobre Louis Pasteur, se nunca ouviu o seu nome nas aulas de biologia da escola, acredito que já tenha ouvido falar sobre a pasteurização, método criado por ele. Pasteur foi um renomado cientista francês do século XIX, suas contribuições o colocaram entre os três principais nomes da microbiologia. Entre os seus achados mais importantes, podemos citar a criação da vacina antirrábica, a fermentação e a pasteurização, processo ainda utilizado nos dias atuais, criado por ele para eliminar as bactérias prejudiciais que estão presente no leite e em bebidas alcoólicas. Pasteur era um defensor da teoria da biogênese, nos seus experimentos, ele utilizava o calor para acabar com os microrganismos e descobriu que quando uma solução nutritiva era fervida e mantida fechada, a mesma não entrava em apodrecimento. Um dos seus experimentos de laboratório maios famosos derrubou de uma vez por todas, a teria da geração espontânea, veja na figura 1 uma representação de Pasteur em seu laboratório.
Nesse experimento, Pasteur separou vários recipientes de vidro com gargalos, que lembram o pescoço de um cisne, nesses frascos ele colocou caldo de carne, levando-os ao fogo para que o caldo pudesse ferver, logo em seguida, deixou todos os recipientes abertos para que esfriassem. Após o resfriamento, mesmo com os frascos mantidos abertos, não havia presença de microrganismos, isso devido ao formato dos frascos em “pescoço de cisne”. O surgimento dos microrganismossó aconteceu quando o gargalo do frasco foi quebrado ou quando foi inclinado, permitindo que a solução até então estéril entrasse em contato com partículas que continha micróbios. A figura 2 demonstra esse experimento realizado por Pasteur.
A ciência da microbiologia
A ciência da microbiologia surgiu há séculos, ao longo dos anos, muitos estudiosos e pesquisadores colaboraram com esta ciência que se dedica as vidas microscópicas. Através da microbiologia podemos estudar vários tipos de organismos entre eles: eucariontes, procariontes e acelulares. Não conhece os termos? Não se preocupe, logo em seguida estudaremos de forma mais detalhada sobre cada um deles. Avante!
A microbiologia procura estudar diversas características desses organismos: funções, classificação, forma de reprodução, genética, estrutura e também a forma como interagem entre si, com os seres humanos e com o meio ambiente.
A microbiologia também contribui com o desenvolvimento de outras ciências como a medicina, genética, biotecnologia e também está presente em áreas da indústria e agricultura. De fato, a microbiologia ocupa um lugar importante entre as ciências, pois através do seu entendimento podemos extrair diversos benefícios para os seres humanos. Muitas doenças, por exemplo, foram erradicadas graças ao estudo dos seus minúsculos agentes causadores, os antibióticos e as vacinas também só foram possíveis ser adquiridos através dessa ciência.
Microscópio
A origem do microscópio é do século XVII, nessa época, esse instrumento que revolucionou a ciência ainda era bastante simples e com pouquíssimos recursos, quando comparados as modernas máquinas existentes nos dias atuais. O uso do microscópio permite ampliar as estruturas minúsculas que são impossíveis de serem vistas sem o seu auxílio. A sua invenção está atribuída a diversos nomes, alguns estudos apontam Zacharias Janssen como o seu criador, outros Galileu Galilei, e dessa forma não se sabe ao certo quem foi o seu inventor. No entanto, os cientistas Robert Hook (1635-1703) e Antony Van Leeuwenhoek (1632-1723) foram os primeiros a utilizarem o aparelho com o objetivo de realizar estudos. Leeuwenhoek foi o responsável por aperfeiçoar o microscópio, a lentes criadas pelo cientista permitia uma ampliação de 300 vezes mais do que a de outros microscópios existentes. A partir de sua invenção foi possível descobrir as criaturas microscópicas (MOREIRA, 2013).
Na figura 3 você pode observar Leeuwenhoek utilizando seu simples microscópio. Ao longo dos anos esse instrumento foi sendo aprimorado por muitos estudiosos, suas lentes e capacidade de resolução apresentaram mudanças e melhoras significativas. Atualmente, existem diversos tipos e modelos de microscópios que são bastante utilizados e de fundamental importância para o estudo da microbiologia e diversas outras áreas da ciência.
De acordo com o que foi visto sobre o microscópio, recomendamos que você assista ao vídeo sobre as partes do microscópio óptico para aprofundar os seus conhecimentos. Acessível pelo link: https://bit.ly/3bpG2rt
Métodos de cultura
Apesar dos microrganismos serem úteis em diversas áreas da ciência, muitos deles são patogênicos para os seres humanos. E por isso, eles precisam ser estudados para que se tenha meios de combatê-los.
Os métodos de cultura são produtos desenvolvidos artificialmente em laboratório para que possam proporcionar a nutrição necessária para que os microrganismos consigam crescer e se desenvolver fora do seu ambiente originário. Quando os microrganismos são inseridos em um determinado método de cultura com o objetivo de proporcionar o crescimento são denominados de inóculo e quando eles conseguem atingir o crescimento e desenvolvimento passam a se chamar cultura. Existe um grande número de métodos de cultura que podem ser classificados quanto ao seu objetivo funcional como: quimicamente definido, complexo, redutor, seletivo, diferencial e meio de enriquecimento (TORTORA, 2012).
O meio quimicamente definido é aquele onde sua composição é exatamente conhecida. É utilizado para observar o crescimento de bactérias quimioautotróficas e fotoautotróficas. O meio diferencial tem como objetivo facilitar a diferenciação das colônias de um microrganismo desejado em relação a outras colônias que crescem na mesma placa. O meio seletivo evita que bactérias indesejadas cresçam e beneficia o crescimento dos micro-organismos de interesse. O meio de enriquecimento é utilizado quando se pretende aumentar até níveis satisfatórios aqueles microrganismos que são extremamente pequenos, esse método é bastante usado para avaliação de amostras de solo e fezes.
Para preparar um meio de cultura são necessários alguns critérios como: apresentar nutrientes suficientes, assim como água e PH adequados, o meio pode ter ou não oxigênio, além disso, o meio deve ser estéril, ou seja, sem presença de microrganismo vivos.
Tabela 1: Tipos de meio de cultura e suas respectivas finalidades.
Ficou curioso para saber mais sobre a ciência da microbiologia? Indicamos a leitura do seguinte artigo cientifico: NETO, M.; DIAS, P. A.; SANTANA, H.B.M. Aplicabilidade do ensino da microbiologia para as ciências da saúde. Revista brasileira de análises clínicas, v. 50, n. 2, p:149-152, nov. 23, 2018. Disponível em: https://bit.ly/2xmHxbh
E então? Gostou do que lhe mostramos? Conseguiu aprender mesmo? Agora só para termos certeza que você realmente entendeu o tema de estudo desse capitulo, vamos resumir tudo o que vimos. Começamos o capítulo falando sobre a evolução dos microrganismos e que eles estão presentes em quase todos os lugares do planeta terra, também vimos como eles foram descobertos e sobre sua importância para a vida humana, citamos alguns nomes que contribuíram para o desenvolvimento da microbiologia, como Louis Pasteur, Antony Van Leeuwenhoek e Francesco Redi, sem deixar de descrever alguns de seus famosos experimentos, o de Redi, no qual utilizou frascos com carnes e observou o surgimento de larvas e o de Pasteur com caldo de carne fervido, esses experimentos serviram de base para o estudo dos microrganismos. Conceituamos teorias importantes como a abiogênese e biogênese, falamos sobre o microscópio, como ele foi criado, seu uso nos dias atuais e sobre a importância deste instrumento na descoberta dos microrganismos. Por último, falamos sobre os métodos de cultura que são utilizados para o crescimento dos micróbios em ambiente laboratorial, citamos alguns dos principais tipos como: complexo, redutor, seletivo, diferencial, enriquecedor e o quimicamente definido.
Seres vivos
Os seres vivos são definidos como organismos que apresentam células. A maioria dos seres vivos são constituídos por um conjunto de células, ou até mesmo por uma única célula, no caso das bactérias (Estudaremos detalhadamente sobre elas no próximo capítulo). Essas células dão origem aos tecidos, os tecidos aos órgãos e dos órgãos formam-se os sistemas que originam um organismo.
Ao falar dos seres vivos não podemos esquecer de incluir nesse grupo, as plantas, os fungos, algas e protozoários, pois também fazem parte deste grandioso universo. Os seres vivos estão classificados em cinco grupos: Animalia, plantae, fungi, protista e monera. Em biologia, esses reinos são ainda classificados de acordo com a taxonomia, cada reino é formado por um filo que se subdividem em classes, as classes são formadas pela ordem que são compostas pelas famílias, as famílias pelos gêneros e os gêneros pelas espécies. Veja na figura 4 a demonstração dessa classificação.
Figura 4 – Organograma demonstrando a classificação taxonômica dos seres vivos
Células
Você já parou para pensar como funciona o seu organismo, ou de que ele é formado além dos órgãos, músculos e ossos? Para que essa perfeita máquina que é o corpo humano funcione existem milhares de células trabalhando para que tudo aconteça da melhor forma possível. As células são estruturas essenciais, nelas ocorrem todos os processos de nutrição, reprodução e respiração necessários para que a vida exista.Por ser minúscula, esta pequena e importante estrutura apenas é visualizada através do auxílio de um microscópio. Por meio do seu estudo microscópico, verificou-se que apesar de ser tão pequena, as células apresentam-se sob diversas formas. Em humanos, por exemplo, estima-se que exista inúmeras diferentes formas de células distribuídas por todo o corpo (AMABIS; MARTHO, 2004), observe na figura 5 alguns tipos de células humanas.
Todas as células dos seres vivos são classificadas de duas formas em relação a sua estrutura e função: eucarióticas e procarióticas. Tanto as células procarióticas como as eucarióticas apresentam proteínas, ácidos nucleicos, lipídios e carboidratos. A principal diferença existente entre elas é que as células eucarióticas apresentam uma estrutura complexa quando comparadas as procarióticas, estão presentes nos animais, vegetais, protozoários, fungos e são formadas por várias estruturas menores que possuem funções específicas denominadas organelas. As procarióticas são células simples, não apresentam núcleo em seu interior e nem membrana nuclear, o seu material genético apresenta formato circular e aparecem em apenas alguns microrganismos, nas bactérias, por exemplo (AMABIS; MARTHO, 2004).
Observe a figura 6, temos a representação de uma célula eucariótica e procariótica, ao observar as células, podemos ver nelas a presença de várias estruturas que apresentam funções específicas importantes, nas células eucarióticas mais desenvolvidas podemos perceber: a membrana plasmática, mitocôndrias, ribossomos, complexo golgiense, lisossomos, retículo endoplasmático liso e rugoso e vacúolo. A membrana celular, tem a função de revestir a célula e controla a entrada e saída de substâncias para dentro da célula, a mitocôndria tem a função de fornecer energia através da produção de ATP, os ribossomos são estruturas muito pequenas, mas desenvolvem uma função primordial, a síntese das proteínas, o complexo golgiense, ou complexo de golgi é responsável por armazenar e transportar substâncias, os lisossomos participam da digestão intracelular, o retículo endoplasmático liso produz fosfolipídios e ácidos graxos, o vacúolo tem a função de armazenar substâncias e o núcleo é onde se encontra o material genético.
O câncer é uma das principais causas de morte no mundo inteiro e é uma doença que acontece quando ocorre o desenvolvimento e multiplicação de uma célula defeituosa, estas células começam a dividir-se rapidamente, alterando a sua função. Na maioria das vezes, são agressivas e algumas tem a capacidade de invadir outros tecidos e órgãos espalhando-se pelo corpo, formando o que se conhece por metástase. Atualmente, é conhecido mais de 100 tipos diferente de câncer devido as diferentes formas de células existentes.
As bactérias e as células humanas são estudadas para que os seres humanos possam ter meios suficientes para se defender contra a ação das bactérias patogênicas. Alguns medicamentos, por exemplo, são capazes de eliminar as bactérias, mas não causam danos as células humanas e algumas estruturas que estão presentes nas bactérias estimulam o organismo humano a montar a resposta defensiva para destruí-las.
Classificação dos reinos
Antes do surgimento dos microrganismos, os seres vivos eram classificados em apenas dois reinos distintos, o reino animal e o reino vegetal, mas com o aparecimento das novas criaturas percebeu-se a necessidade de criação de um novo reino, que foi denominado reino protista, que incluía as bactérias, as algas, os fungos e os protozoários. Porém, essa divisão ainda não estava completa quando se considerava a estrutura celular, e a forma de conseguir energia e alimento. Dessa forma, o biólogo americano, Robert Whittaker, em 1969, sugeriu a ampliação da classificação para cinco reinos que é aceita até os dias atuais: Animalia, Plantae, Fungi, Protista que inclui as microalgas e os protozoários e o reino Monera composto pelas bactérias e algas azul-verdes. Na figura 7 você pode ver uma representação da divisão dos 5 reinos (AMABIS, MARTHO, 2004; TRABULSI, 2015).
O reino Animal constitui todos os grupos de animais existentes, mamíferos, ovíparos, répteis, vertebrados e invertebrados. São seres multicelulares e eucariontes. O reino plantae também é composto por seres multicelulares e eucarióticos, mas a principal diferença entre esse reino e o reino animal é sua capacidade de produzir seu próprio alimento, ou seja, de realizar fotossíntese. Você está lembrando o que é a fotossíntese? Não se preocupe, vamos relembrar esse conceito agora. As plantas realizam esse processo utilizando a luz solar, captam a energia da luz e através dela geram glicose que é formada através da água e do gás carbônico, no final desse processo ocorre a liberação do oxigênio. No reino plantae estão inclusas as angiospermas, gimnospermas, fanerógamas e as criptogramas.
O reino fungi é composto pelos fungos, seres que estão bastante presentes no nosso dia-a-dia, você já percebeu que quando uma roupa fica guardada por muito tempo ela fica com o cheiro de mofo e com aspecto embranquecido? Isso acontece justamente pela ação desses microrganismos. Vamos falar detalhadamente sobre eles no capítulo 4.
Do reino protista pertencem os protozoários e as microalgas, ao contrário dos reinos mencionados acima, os protistas podem ser unicelulares e multicelulares. Esses seres se encontram no solo e nas águas, alguns dos protozoários são nocivos para os seres humanos. As bactérias e as algas azuis fazem parte do reino monera, caracterizado por seres simples, unicelulares e procariontes, assim como alguns protozoários, muitas bactérias são também agentes causadores de doenças, mas deixaremos para falar sobre elas no próximo capítulo.
Principais características dos grupos de microrganismos
Agora falaremos mais detalhadamente sobre as principais características dos microrganismos que são eles: protozoários, bactérias, fungos e vírus. Como descrevemos no capítulo anterior, os microrganismos são considerados formas de vida reduzidas, sendo extremamente pequenos o que torna impossível sua percepção a olho nu. Apesar de todos serem classificados em microrganismos, possuem muitas diferenças entre si, vejamos!
Acredito que você já tenha realizado alguma vez na vida um exame chamado parasitológico de fezes, se sim, você deve saber que o objetivo desse exame é avaliar a presença de algumas espécies de protozoários nas fezes. Os protozoários fazem parte do reino protista, são organismos eucarióticos, ou seja, possuem uma estrutura celular complexa e são também unicelulares, onde todos os processos acontecem em uma única célula. Estima-se que exista em torno de 20.000 espécies de protozoários, esses seres estão presentes na água e no solo, muitos tipos fazem parte da microbiota normal de alguns animais, em humanos, alguns, podem causar gravíssimas doenças, a Entamoeba histolytica, por exemplo, é um tipo de ameba patogênica que pode colonizar o intestino, outro tipo de protozoário patogênico é o Trichomonas vaginalis, conhecido por desencadear infecções no trato genital e urinário, outros exemplos de protozoários causadores de doenças são: Toxoplasma gondii, causador da toxoplasmose e o Plasmodium, causador da malária, veja na figura 8 o protozoário giardia (TORTORA, 2012).
As bactérias são grupos de organismos que fazem parte do reino monera, apesar de serem organismos muito simples, são muito temidos por nós humanos, isso por conta da capacidade que algumas possuem de causar muitas doenças perigosas que podem ser fatais. São unicelulares e procariontes, estão organizadas em dois domínios: Archaea e Bactéria, de acordo com a sua morfologia, as bactérias são classificadas como bacilos, coco, vibriões ou espirilos. Sua forma de reprodução é a assexuada, ou seja, não existe mistura de material genético, uma célula se divide originando outra célula idêntica, num processo conhecido como bipartição ou cissiparidade (TORTORA, 2012). Observe na figura 9 a representação de uma bactéria. As bactérias também são classificadasem gram-positivas e gram-negativas, quanto a essa classificação, você estudará detalhadamente no capítulo 2.
Diferente dos demais microrganismos, os vírus são os únicos que são acelulares, ou seja, não possuem célula. Muitos pesquisadores não consideram os vírus como sendo seres vivos, outros sim, e dessa forma ainda não há um consenso sobre sua classificação. Por serem muito pequenos, os vírus permaneceram sem ser estudados por muito tempo, mas com o desenvolvimento da tecnologia foi possível desvendar o mundo desses microrganismos. A descoberta de alguns deles ainda é recente, o HIV e o coronavírus, por exemplo, só foram descobertos na década de 90 e 80, respectivamente. Entre suas principais características, podemos citar a presença de um único tipo de ácido nucleico e sua multiplicação ocorre dentro de uma célula viva. Alguns deles são responsáveis por causar doenças que até então são incuráveis, no caso do HIV.
Os fungos são organismos eucarióticos, podem ser unicelulares ou multicelulares, o estudo desses microrganismos é chamado de micologia, apresentam-se através de diversas formas, apesar de também ocasionarem algumas doenças, os fungos também são benéficos, sendo importantes decompositores.
Alguns tipos de fungos são comestíveis, os cogumelos, por exemplo são bastante utilizados na culinária brasileira e de outros países e também são utilizados na produção de vinhos, cervejas e para produção de medicamentos como a penicilina.
Gostou do que viu no capítulo? Conseguiu aprender? Chegou a hora de resumirmos tudo o que estudamos. Iniciamos o capítulo falando sobre os seres vivos, descobrimos que organismos como bactérias, fungos e protozoários também fazem parte desse grande universo. Logo em seguida, estudamos as células, todos os organismos são compostos de células, com exceção dos vírus. Nessas pequenas estruturas acontecem processos vitais como a respiração, nutrição e reprodução, falamos sobre as principais características de uma célula e também sobre os tipos delas, as procarióticas e as eucarióticas, as eucarióticas são mais desenvolvidas, complexas e dotadas de várias organelas que possuem funções específicas como síntese de proteínas, produção de energia e armazenamento de substâncias. Descrevemos a classificação dos reinos, reino animalia, vegetal, fingi, protista e monera, pontuando os seres vivos que fazem parte de cada reino. No último tópico foi apresentado as principais características dos microrganismos, protozoários, bactérias, vírus e fungos. Alguns tipos desses microrganismos são agentes patogênicos para os seres humanos, por isso eles são sempre estudados para que possamos ter meios suficientes para combatê-los, mas lembre-se que não são todos os microrganismos que causam doenças, pelo contrário, alguns são muito importantes em diversas áreas da ciência e pode até ser comestíveis, no caso dos cogumelos que são classificados em fungos.
Identificando as principais características das bactérias
Características Gerais
No capítulo anterior falamos um pouco sobre as bactérias, lembra? Você já deve saber que elas são seres vivos unicelulares e procarióticos, agora iremos aprofundar os conhecimentos sobre esse grupo de microrganismos. As bactérias são seres muito pequenos, sua descoberta aconteceu concomitante a invenção do microscópio, no século XVII, por Antony Van Leewenhoek. Muito tem se estudado sobre elas, sabe-se que existem várias espécies e que muitas delas são patogênicas, mas a maioria não possui a capacidade de causar doenças, pelo contrário, assumem um papel fundamental para manutenção da vida, humana e não humana.
As bactérias são encontradas em praticamente todas as partes do planeta, isso por conta de sua fácil capacidade de reprodução, elas se reproduzem de forma assexuada, por fissão binária, isto é, uma célula mãe divide-se e origina duas outras células idênticas a ela. Vejamos outras características das bactérias nos próximos tópicos.
Tamanho
As bactérias são muito pequenas, incapazes de serem notadas a olho nu, por isso, sua percepção só é possível através do microscópio. O tamanho das bactérias é variável, algumas são maiores e outras menores, mas na maioria das vezes elas medem entre 1µm e 5µm de comprimento e 0,2µm a 2,0µm de diâmetro (TRABULSI, 2015).
A maior bactéria já vista foi a Epulopiscium fishelsoni, com cerca de 500 a 700µm de comprimento, encontrada no intestino de alguns peixes.
Morfologia
Apesar de tão pequenas, as bactérias possuem capacidade de se apresentam através de várias formas, podem ser esféricas (cocos), cilíndricas (bacilos) e espiraladas (espirilos). As esféricas, ou cocos, possuem forma arredonda, mas também pode ser oval, longa ou achatada em uma das extremidades. As bactérias que apresentam morfologia em forma de coco podem ficar ligadas umas às outras quando se dividem, podendo formar: diplococos, estreptococos e estafilococos. Os diplococos são formados com dois cocos, os estreptococos através de cadeias e os estafilococos em cachos, outras formas, menos comuns, também podem ser observadas quando os cocos permanecem juntos em grupos cúbicos de oito cocos, nesses casos, eles são chamados de sarcina (TORTORA, 2012; TRABULSI, 2015).
Os bacilos, são assim chamados pois se assemelham a um bastonete, quando se dividem podem formar os diplobacilos e estreptobacilos. Os diplobacilos são vistos em dupla e os estreptobacilos em cadeias. Alguns tipos de bacilos são muito parecidos com os cocos e por isso são chamados de cocobacilos. Uma espécie de bacilo benéfica e bastante conhecida é a lactobacillus, bactéria que está presente nos iogurtes e contribui para o bom funcionamento do intestino (TORTORA, 2012; TRABULSI, 2015).
As espiraladas também podem ser chamadas de vibriões, quando sua forma lembra uma vírgula, espirilos quando se assemelha a um saca rolha e espiroqueta, quando são espiralados flexíveis. Na figura 11 você pode observar as diferentes formas das bactérias.
Figura 11 – Diferentes formas das bactérias
Estrutura
Você já questionou quais são as maiores diferenças entre uma célula procariótica e uma célula eucariótica? Vejamos as principais características das células procarióticas. A célula da bactéria é procariótica e por isso, apresenta estrutura mais simples, quando comparadas as eucarióticas. Contudo, ainda podemos perceber a presença de algumas estruturas importantes, as bactérias mais desenvolvidas apresentam em sua estrutura: membrana celular, parede celular, cápsula, cromossomo, fimbrias, ribossomos, inclusão e flagelo, veja na figura 12 abaixo.
Algumas células procarióticas são formadas por uma estrutura chamada de glicocálice, o glicocálice é composto de polissacarídeos e polipeptídeo que apresenta aspecto viscoso, localizado exteriormente à parede celular. Geralmente, o glicocálice é formado no citoplasma da celular e é liberado para o seu exterior, quando fica bem aderido a parede celular é denominado de cápsula (TORTORA, 2012; TRABULSI, 2015).
A cápsula é a estrutura mais externa das bactérias, sua função é de protege-la contra agentes externos, como a fagocitose por células do hospedeiro, ela é formada por polissacarídeos e polipeptídios e está fortemente aderida a parede celular. A parede celular é uma estrutura muito importante da célula bacteriana, uma de suas características principais é a rigidez, se não fosse essa propriedade da parede celular as células estourariam por conta da pressão osmótica dentro da célula que é bastante superior à do meio externo (TORTORA, 2012; TRABULSI, 2015). Falaremos detalhadamente sobre a estrutura da parede celular no tópico seguinte.
Aderido à parede celular encontra-se a membrana celular ou membrana plasmática, composta por uma camada dupla de fosfolipídios, bastante parecida com a das células eucarióticas, porém não apresenta em sua estrutura química esteróis. Tem a função de dividir o meio interno do meio externo, a membrana plasmática funciona como a porta da sua casa, só entra em sua casa quem você permite entrar, correto? essa membrana tem a mesmafunção, é altamente seletiva e transporta substâncias para o interior e exterior da célula através das suas proteínas de transporte, além disso é capaz de gerar energia através do transporte de elétrons para o interior da célula e secretar enzimas e toxinas (TORTORA, 2012; TRABULSI, 2015).
Os flagelos estão presentes em algumas células bacterianas, sua principal função é promover a locomoção, o que permite uma rápida mobilidade para ambientes favoráveis, um flagelo é formado por 3 partes diferentes, filamento, gancho e corpo basal. O filamento é uma estrutura longa e fina que fica aderida a membrana mais externa, composto, principalmente, da proteína flagelina, aderido ao filamento encontra-se o gancho, parte mais larga que o filamento, a última porção do flagelo é o corpo basal que fixa o flagelo a membrana plasmática e a parede celular (TORTORA, 2012; TRABULSI, 2015).
Figura 13 – Presença de flagelos em diferentes tipos de bactérias
As fímbrias são encontradas em alguns tipos de bactérias gram-negativas, são semelhantes à pelos e estão distribuídos em grande quantidade por toda a parte externa da célula. Os pilis, são muito parecidos com as fímbrias, porém são um pouco maiores e são encontrados em menor quantidade, apenas um ou dois em cada célula, assim como os flagelos, os pilis também participam da mobilidade celular e também são responsáveis pela transferência do DNA (TORTORA, 2012; TRABULSI, 2015).
Uma das características das fímbrias está relacionado com sua alta capacidade de se aderir umas às outras, como também a superfícies, o que explica a formação dos biofilmes.
No interior da célula encontra-se o citoplasma, composto em sua maioria por água, proteínas, carboidratos, lipídios e algumas outras substâncias, nele podemos observar duas áreas diferentes, uma onde pode-se encontrar os seguintes componentes citoplasmáticos: ribossomos, plasmídeo, vacúolos gasosos e grânulos e outra onde está o nucleoide, essa área geralmente abriga apenas uma única molécula de DNA com o cromossomo bacteriano. Os ribossomos bacterianos também estão relacionados com a síntese proteica, a diferença entre eles e os das células eucarióticas é que os procarióticos são menores, existem milhares de ribossomos no citoplasma (TORTORA, 2012; TRABULSI, 2015).
Alguns antibióticos, a estreptomicina e a gentamicina, por exemplo, atuam nos ribossomos de forma a bloquear a síntese de proteínas, pelo fato dos ribossomos eucarióticos serem diferentes dos procarióticos, o antibiótico causa a morte da bactéria sem causar nenhum dano à célula do hospedeiro.
Os plasmídeos são moléculas de DNA contendo genes que estão presentes no citoplasma, possuem a capacidade de transportar os genes e resistir aos antibióticos, tolerar metais tóxicos e produzir toxinas e enzimas. Não são todas as bactérias que possuem plasmídeos, apenas algumas mais desenvolvidas.
Nas bactérias, o DNA não está envolto por uma membrana nuclear como em células eucarióticas, dessa forma pouca semelhança é encontrada entre eucarióticos e procarióticos em relação ao ácido nucleico. Na célula bacteriana, o DNA está envolvido pelo nucleoide, o DNA das bactérias é composto por uma única fita em formato circular onde os genes estão localizados.
Os grânulos, atuam no armazenamento de nutrientes para a célula, eles são visualizados a partir de alguns métodos de coloração. Algumas bactérias que são encontradas flutuando em águas, possuem vacúolos gasosos, componente da célula bacteriana composto por proteínas que é permeável a gases e impermeável a água.
Parede Celular
A parede celular das bactérias é uma estrutura rígida que desempenha algumas funções fundamentais na célula. Sua função mais importante é impedir que a célula rompa, o que pode acontecer quando a pressão osmótica no interior da célula é superior ao ambiente externo, por isso a parede celular precisa ser rígida. Em grande parte das bactérias, a parede celular assume essa característica por conta de sua composição com substâncias como a mureína ou peptideoglicano, substância encontrada apenas em seres procarióticos.
Na parede celular são encontradas algumas proteínas, as porinas, por exemplo, que tem a função de controlar a passagem de moléculas hidrofílicas para o interior da célula. Elas têm a função de um segurança, controlando a entrada de pessoas em uma festa. A estrutura da parede celular pode variar de acordo com o tipo de bactéria, as bactérias gram-negativas apresentam uma parede mais complexa que as gram-positivas. As gram-positivas apresentam várias camadas de macromoléculas, chamadas de peptideoglicanas, cerca de 70 a 75% da parede celular das bactérias gram-positivas é composta por essa substância, o que lhes confere um aspecto compacto e rígido. Além de petideoglicanos, pode ser encontrado, ainda, outras substâncias como o ácido teicoico e algumas proteínas (TORTORA, 2012; TRABULSI, 2015).
Conhecer os tipos de paredes celular das bactérias e de que são compostas é importante pois alguns tipos de antibióticos atuam justamente nessa região da célula. A Parede celular das gram-negativas é mais complexa e apresenta apenas algumas finas camadas de peptideoglicanas e uma estrutura que as gram-positivas não apresentam, a membrana externa. Essa membrana fica separada da membrana plasmática através de um espaço, conhecido como espaço periplasmático, local onde algumas enzimas que destroem a penicilina e outros fármacos são encontradas. A membrana externa atribui uma certa qualidade a células gram-negativas, pois essa estrutura atua impedindo a fagocitose por células do hospedeiro, e além disso, forma uma barreira protetora contra a entrada de antibióticos e outras substancias para dentro da célula (TORTORA, 2012; TRABULSI, 2015). Veja na tabela 2 e na figura 14 as principais diferenças entre a parede celular de bactérias grampositivas e gram-negativas.
Tabela 2 – Comparação entre paredes celulares de bactérias gram-positivas e gram-negativas
O ácido teicoico é uma substância composta de glicerol e fosfato, que é encontrado apenas na parede celular de bactérias gram-positivas, possui a capacidade de se ligar a lipídeos e quando isso acontece é chamado de ácido lipoteicoico. Atua induzindo o crescimento e impedindo a ruptura da parede celular. Por conta de sua carga negativa, esses ácidos conseguem favorecer o movimento de cátions tanto para dentro como para fora da célula. Um fato importante sobre o ácido teicoico é que ele pode favorecer o choque séptico em pacientes que possuem infecções ocasionadas por bactérias gram-positivas.
Ficou curioso para saber mais sobre as bactérias gram-negativas? que tal ler o artigo científico “Mecanismos de resistência aos antibióticos de bactérias gram-negativas.” Disponível no link: https://bit.ly/2wE0vKp (Acesso em 23/02/2020).
E então? Conseguiu aprender todo o conteúdo apresentado neste capítulo? vamos ao nosso resumo. No ínicio falamos sobre algumas características gerais das bactérias, descobrimos que existem várias espécies e que muitas delas são patogênicas, mas a maioria não possui essa capacidade, pelo contrário, assumem um papel fundamental para manutenção da vida, humana e não humana. Aprendemos que o tamanho das bactérias é variável, algumas são maiores e outras menores, mas na maioria das vezes elas medem entre 1µm e 5µm de comprimento e 0,2µm a 2,0µm de diâmetro. Com relação a morfologia das bactérias, descobrimos que elas possuem capacidade de se apresentam através de várias formas, cocos (diplococos, estreptococos e estafilococos e sarcinas) bacilos e espiraladas (vibriões e espiroquetas). Estudamos a principais características de uma célula bacteriana e de que ela é composta, membrana celular, cápsula, parede celular, citoplasma, ribossomos, flagelos, fímbrias, pili, plasmídeo, nucléolo e algumas outras estruturas. Definimos cada estrutura dessa, ao final foi apresentado detalhadamente sobre a parede celular, estrutura bacteriana rígida que desempenha algumas funções fundamentais na célula. Sua função mais importante é impedir que acélula rompa, o que pode acontecer devido à pressão osmótica no interior da célula que é superior ao ambiente externo, por isso a parede celular precisa ser rígida. Em grande parte das bactérias, a parede celular assume essa característica por conta de sua composição com substâncias como a mureína ou peptideoglicano, substância encontrada apenas em seres procarióticos.
Identificando as principais características e diferenças entre fungos e vírus
Fungos
Acredito que você deve ter alguma experiência para contar sobre os fungos, quem nunca teve uma roupa que depois de guardada por um tempo apareceu aquele cheiro desagradável de mofo, ou com aquelas manchinhas brancas? Pois é, tudo isso acontece por conta da ação desse grupo que vamos estudar agora.
Os fungos são seres eucarióticos, podem ser unicelulares ou multicelulares, fazem parte do reino fungi e seu estudo é chamado de micologia. Estima-se que exista milhares de espécies de fungos, assim como as bactérias e protozoários, alguns podem ser patogênicos enquanto outros não. São encontrados em quase todos os lugares do planeta, no solo, nas águas, nas plantas, em outros animais, e até nos seres humanos. Uma de suas funções principais é a decomposição da matéria orgânica, sendo importantes para o bom funcionamento dos ecossistemas. Veja na figura 15 fungos que cresceram em uma árvore (TORTORA, 2012; TRABULSI, 2015).
Morfologia e reprodução
Em relação a sua morfologia, os fungos apresentam-se sob duas formas: leveduras e fungos filamentosos. Você já observou que quando uma fruta fica exposta por muito tempo em um ambiente ela começa a ficar coberta por uma camada esbranquiçada em aspecto de pó? este é um exemplo de ação das leveduras, as leveduras são unicelulares, possuem forma oval e esférica, a maioria se reproduzem de forma assexuada por brotamento ou fissão binária, quando uma levedura se reproduz por brotamento ela é capaz de formar outras 24 leveduras, e por fissão origina mais duas, na fissão as células mães são alongadas dividindo os seus núcleos originando outras células idênticas.
Um exemplo dos fungos filamentosos que você deve conhecer é o cogumelo. Os fungos filamentosos são assim chamados porque possuem um longo filamento, chamados de hifas, o conjunto das hifas formam o micélio que é macroscópico. As hifas podem ser septadas ou não septadas, a maioria delas são septadas, cada septo divide as hifas em unidade menores com apenas um núcleo. Elas podem ainda ser cenocíticas, ou seja, não possuem septos, são longas e com vários núcleos. As hifas crescem alongando suas extremidades, cada vez uma parte das hifas é fragmentada, ela origina outra hifa. (TORTORA, 2012; TRABULSI, 2015).Observe na figura 16 a diferença entre as hifas septadas e não septadas.
Existem, ainda, fungos dimórficos, ou seja, que podem apresentar as duas formas, dependendo da temperatura do ambiente onde se encontram, quando encontrados em temperatura ambiente são filamentosos e quando estão em tecidos humanos são leveduras. Os fungos dimórficos são bastante comuns entre as espécies patogênicas.
Em relação a reprodução dos fungos pode ser assexuada ou sexuada, sendo na maioria das vezes, assexuada, através do brotamento ou fissão. A reprodução assexuada pode ocorrer na ausência o com baixíssimos níveis de oxigênio, enquanto a sexuada só é possível na presença deste elemento. Os dois tipos de reprodução, assexuada e sexuada ocorre através da formação de esporos. Nos fungos filamentosos esse processo ocorre quando um esporo se separa da célula mãe e sob ambiente favorável forma um novo fungo, observe como esse processo acontece na figura 17. Os esporos podem ser tanto sexuais como assexuais. Na reprodução assexual ocorre a formação dos fungos através de mitose e divisão celular. Durante esse processo são formados dois tipos de esporos, o conidiósporo e o esporangiósporo.
Figura 17 – Formação de um fungo através de um esporo
Na reprodução sexual, o esporo é formado a partir de 3 etapas: Plasmogamia, cariogamia e meiose. Na plasmiogamia, o núcleo haploide da célula mãe adentra na célula receptora. Na cariogamia os dois núcleos se juntam para formar uma célula diploide e na meiose um núcleo diploide origina um haploide.
A maioria dos fungos são organismos aeróbicos obrigatórios, ou seja, utilizam o oxigênio para manter sua vitalidade, no entanto, algumas leveduras são anaeróbicas facultativas, podendo crescer em locais com o sem nenhum oxigênio. Ao absorver oxigênio liberam anidrido carbônico na sua fase metabólica oxidativa (TORTORA, 2012; TRABULSI, 201
Diferenças entre fungos e bactérias
Os Fungos e as bactérias apresentam muitas diferenças entre si, mas lembre-se que os dois possuem espécies que podem causar doenças, os fungos são eucarióticos, alguns são unicelulares e microscópicos enquanto outros são multicelulares e macroscópicos como os cogumelos e orelhas-de-pau, já as bactérias são procarióticas e unicelulares. A maior parte dos fungos são mais resistentes a pressão osmótica que a das bactérias. Na tabela 3 abaixo, listamos as principais diferenças entre fungos e bactérias, veja.
Tabela 3- Principais diferenças entre fungos e bactérias
Modo de alimentação dos fungos
A maioria dos fungos são saprófitos, isto é, utilizam matéria orgânica morta para sua nutrição, outros são parasitas, nutrindose de outros seres vivos como plantas e animais, nesses casos, causam doenças e prejudicam o organismo do hospedeiro. Em alguns casos, os fungos vivem em mutualismo com outros seres vivos, nessa situação não geram prejuízos, ao contrário, existe benefícios para os dois.
Os fungos são seres quimio-heterotróficos, ou seja, absorvem de matérias orgânicas os nutrientes necessários para o seu desenvolvimento sem ingeri-los. Na maioria das vezes, preferem os carboidratos simples, mas também podem utilizar substâncias complexas como a celulose e o amido. Nesse processo, ocorre a quebra de grandes moléculas por algumas enzimas, determinados tipos de fungos são capazes que quebrar matérias complexos como ossos, couro e até materiais plásticos. Ambientes úmidos favorecem o desenvolvimento dos fungos, mas também podem sobreviver em situações de baixa umidade, o que explica seu desenvolvimento em ambientes diversos. As doenças causadas por fungos podem ser classificadas em quatro tipos: alergias, infecções, tóxicas e micoses, estudaremos detalhadamente sobre elas na unidade III.
Vírus
Você já se perguntou como um microrganismo tão simples e pequeno pode provocar tantas doenças em humanos? Os vírus são organismos muito pequenos, possíveis de serem vistos apenas através da microscopia eletrônica, são também acelulares, isto é, não possuem células, diferente dos demais microrganismos, bactérias, fungos e protozoários. Apesar das doenças virais existirem há séculos, durante muito tempo os vírus ficaram sem ser estudados, o que causou a morte de milhões de pessoas ao longo dos anos. A descoberta de alguns deles ainda é recente, o HIV e o coronavírus, por exemplo, só foram descobertos na década de 90 e 80. Embora muitas pesquisas sejam realizadas, ainda não há um consenso quanto a classificação dos vírus, alguns pesquisadores o consideram como seres vivos, outros não, pois são inativos fora de células hospedeiras, o que o faz um parasita intracelular obrigatório. Dessa forma, eles podem ser organismos vivos ou não, dependendo do ambiente onde se encontram (TORTORA, 2012; TRABULSI, 2015).
O vírus da gripe pode ser encontrado em vários tipos de animais, como porcos e cavalos e existem vários subtipos desse vírus, o H1N1, por exemplo, já causou mais de 50 milhões de mortes em todo o mundo.
Tamanho dos vírus
Os vírus são minúsculos organismos, o microscópio ótico não é capaz de identifica-los, sendo possível, apenas, através da microscopia eletrônica. O tamanho dos vírus é bastante variável entre eles, o menor já identificado mede cerca de 20nm e o maior 1000 nm.
Outras características virais
Entre suas principais características podemos citar a presença de um único tipo de ácido nucleicoe sua multiplicação ocorre dentro de uma célula viva. Alguns deles são responsáveis por causar doenças que até então são incuráveis, no caso do HIV. Os vírus podem ser encontrados sob duas formas, dentro ou fora de células hospedeiras, quando encontrado em ambiente extracelular são denominados virion, quando invadem uma célula replicam o seu material genético.
Diferente das células eucarióticas e procarióticas, a estrutura viral é muito simples, consiste apenas em um ácido nucleico que pode ser o DNA ou RNA, nas formas de dupla fita ou fita simples que fica protegido por uma capa chamada de capsídeo, cada capsídeo é formado por unidades menores chamadas de capsômeros. Alguns tipos de vírus ainda apresentam uma membrana formada por lipídeos e proteínas denominada envoltório ou envelope. Observe na figura 18 a estrutura dos vírus com e sem envelope. Outros tipos ainda mais desenvolvidos, apresentam uma estrutura mais complexa, com cauda ligada a cabeça e outras estruturas, os bacteriófagos, por exemplo, vírus que afetam bactérias (MADGAN, 2016).
De acordo com sua morfologia e a estrutura do capsídeo, os vírus podem ser classificados em: icosaédricos, helicoidais e de estrutura complexa. Os icosaédricos recebem esse nome porque sua estrutura é semelhante a um polígono icosaedro com 20 lados em forma de triangulo, os adenovírus e os herpesvírus são alguns exemplos. Nos vírions helicoidais, o ácido nucleico fica no interior do capsômero, o vírus da raiva e influenza fazem parte dessa classificação, são vírus que podem ser rígidos ou flexíveis. Os vírions de estrutura complexa são os que apresentam estruturas que os icosaédricos e os helicoidais não apresentam, os bacteriófagos, por exemplo, são vírus de estrutura complexa, veja na figura 19 a representação de um bacteriófago (TRABULSI, 2015).
A reprodução dos vírus não é possível fora de uma célula hospedeira, e também não acontece em meios de cultura laboratoriais. Contudo, os bacteriófagos, conseguem se multiplicar em culturas de bactérias, dessa forma são os tipos de vírus mais utilizados para realização de estudos. Quando são colocados em culturas bacterianas, cada vírus é capaz de contaminar uma bactéria, se multiplicar e liberar vários outros novos vírus que infectarão outras bactérias próximas, e essas bactérias produzirão novos vírus, esse processo acontece por vários ciclos.
Controlar e combater alguns tipos de vírus, patogênicos, ainda tem sido um grande desafio para a humanidade, o vírus da dengue, Aids, hepatites, poliomielite, entre outros são responsáveis por milhões de mortes causadas em todo o mundo. Por isso, devem ser estudados cada vez mais, até que um dia, talvez, esses seres acelulares não sejam uma preocupação humana.
Você ficou curioso para saber sobre os vírus? aconselhamos que assista ao vídeo disponível no link abaixo para aprofundar seus conhecimentos: https://bit.ly/33IbPl0 (Acesso em 22/02/2020).
Chegamos ao final do capítulo e da unidade, o que achou de tudo que você viu? caso tenha ficado alguma dúvida, vamos resumir agora todo o conteúdo que foi visto durante esse capítulo. Nesse capítulo estudamos sobre os fungos e os vírus, suas principais características, formas de vida, morfologia etc. No primeiro tópico foi visto as principais características dos fungos, são seres eucarióticos, unicelulares ou multicelulares, alguns podem ser patológicos e outros não. São encontrados em quase todos os lugares do planeta, no solo, nas águas, nas plantas, em outros animais, e até nos seres humanos. Uma de suas funções principais é a decomposição da matéria orgânica, sendo importantes para o bom funcionamento dos ecossistemas. Eles apresentam-se sob duas formas: leveduras e fungos filamentosos.
Os filamentosos são formados por hifas, que podem ser septadas ou não septadas. Também foi visto sobre as principais diferenças entre os fungos e bactérias, uma de suas principais diferenças é que os fungos são eucarióticos, podendo ser uni ou multicelular, enquanto as bactérias são procarióticas e apenas unicelulares e a maior parte dos fungos são mais resistentes a pressão osmótica que a das bactérias. Ao estudar sobre o vírus vimos que eles são organismos muito pequenos, seu tamanho pode variar entre 20nm e 1000 nm, por isso, são vistos apenas através da microscopia eletrônica, são acelulares e apesar das doenças virais existirem há séculos, durante muito tempo ficaram sem ser estudados. Entre suas principais características podemos citar a presença de um único tipo de ácido nucleico e sua multiplicação ocorre dentro de uma célula viva. Alguns deles são responsáveis por causar doenças que até então são incuráveis, no caso do HIV. Podem ser encontrados sob duas formas, dentro ou fora de células hospedeiras, quando encontrado em ambiente extracelular são denominados virion, quando invadem uma célula replicam o seu material genético. Diferente das células eucarióticas e procarióticas, a estrutura viral é muito simples, consiste apenas em um ácido nucleico que pode ser o DNA ou RNA, nas formas de dupla fita ou fita simples que fica protegido por uma capa chamada de capsídeo, cada capsídeo é formado por unidades menores chamadas de capsômeros. Alguns tipos de vírus ainda apresentam uma membrana formada por lipídeos e proteínas denominada envoltório, determinados vírus possuem envoltórios com espículas. Outros tipos ainda mais desenvolvidos, apresentam uma estrutura mais complexa, com cauda ligada a cabeça e outras estruturas, os bacteriófagos, por exemplo, vírus que afetam bactérias.
13

Outros materiais