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saude coletiva livro online pdf

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1
1
UNIDADE 1.

Bases conceituais, perspectiva histórica e desafios a serem 
alcançados
OBJETIVOS DA UNIDADE
• 

Apreender o processo histórico do desenvolvimento das políticas de 
saúde no Brasil;



Apreender o processo histórico do desenvolvimento das políticas de 
saúde no Brasil;
• 

Analisar o conceito de saúde e sua evolução ao longo do tempo, bem 
como compreender a diferença entre prevenção, promoção e educação 
em saúde;



Analisar o conceito de saúde e sua evolução ao longo do tempo, bem 
como compreender a diferença entre prevenção, promoção e educação 
em saúde;



Identificar os principais elementos da formação do campo da saúde 
coletiva e as ações da fisioterapia nessa área; 



Identificar os principais elementos da formação do campo da saúde 
coletiva e as ações da fisioterapia nessa área; 
• 

Contextualizar os determinantes e condicionantes de saúde com o 
processo saúde-doença. 



Contextualizar os determinantes e condicionantes de saúde com o 
processo saúde-doença. 
•
– Introdução a conceitos básicos.
// História das politicas públicas de saúde no Brasil 
// Educação em saúde: da prevenção à promoção
// Níveis de prevenção
2
Processo saúde-doença
/ O conceito ampliado de saúde2
// Saúde pública versus saúde coletiva
// Saúde como direito
// Fisioterapia na saúde coletiva
Determinantes e condicionantes de saúde
–
// Classificação dos determinantes de saúde
// Determinantes sociais da saúde





Introdução de alguns conceitos básicos
Estas transformações foram e são essenciais para que seja possível enfrentar os 
desafios que surgem continuamente e que acompanham o crescimento 
populacional e o desenvolvimento do país.
É importante ressaltar que a definição de saúde, um termo que inicialmente 
configurava-se como sinônimo da ausência de doença, passou a ser mais ampla, 
levando também em consideração aspectos relacionados ao bem estar físico, 
psíquico e social de cada indivíduo.
Um dos grandes marcos na história da construção política da saúde pública 
brasileira foi a criação do Sistema Único de Saúde, o SUS, em 1988. O SUS é um 
sistema reconhecido internacionalmente como um dos programas de saúde 
pública mais completos a nível global, uma vez que suas diretrizes asseguram o 
acesso a saúde a todos os cidadãos (princípio da universalidade), nos diferentes 
níveis de atenção e complexidade (princípio da integralidade).
Embora o SUS tenha ampliado o acesso à saúde, muitos problemas ainda 
persistem, e um dos desafios enfrentados atualmente pelo país é o de desenvolver 
programas de intervenção em saúde que sejam sensíveis e efetivos no que tange 
à realidade das diversas categorias populacionais. É importante ressaltar que o 
Brasil possui um vasto território, fortemente marcado por contrastes econômicos e 
pela presença de grande desigualdade social.
Frente às características, deficiências e necessidades da saúde brasileira, 
destaca-se o desenvolvimento dos programas em saúde coletiva. Para melhor 
compreensão da situação atual do sistema de saúde vigente, assim como dos 
programas de saúde coletiva, é necessário retroceder e levar em consideração as 
mudanças que ocorreram na maneira da sociedade pensar e conceituar o 
3
processo saúde-doença. Para isso, é importante revisitar alguns aspectos 
significativos e que remetem à época do Brasil colonial.   
HISTÓRIA DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE NO BRASIL
3
As políticas de saúde no Brasil foram desenvolvidas em consonância com o 
momento histórico e a situação econômica do país. Durante o período colonial, os 
cuidados com a saúde, de modo geral, eram muito limitados, e quando alguém 
necessitava de assistência, esta restringia-se à indivíduos sem formação 
profissional específica, como curandeiros que utilizavam ervas, crenças religiosas 
e técnicas empíricas como forma de tratamento. Foi somente em 1808, com a 
vinda da família real, que as primeiras mudanças nesse sentido começaram a 
ocorrer.
A chegada da família real ao Brasil suscitou a necessidade da implantação de uma 
estrutura sanitária básica, capaz de atender a corte que se instalava no Rio de 
Janeiro. A falta de saneamento representava um risco à saúde e vida da família 
real, uma vez que as más condições sanitárias da cidade propiciavam o 
desenvolvimento e o contágio de pestes e doenças graves, como a malária e a 
varíola, por exemplo.
Foi no mesmo ano da chegada da família real que instituiu-se a primeira faculdade 
de medicina do Brasil; fato este que contribuiu para que a medicina empírica fosse 
lentamente substituída por uma medicina baseada na ciência. Todavia, apesar do 
crescente número de profissionais da área médica que o país ganhava, o acesso à 
saúde nessa época se restringia à parcela da população que possuía condições 
financeiras superiores. Os demais contavam apenas com filantropia e hospitais de 
caridade, mantidos na maioria das vezes pela Igreja.
É importante ressaltar que a assistência relacionada à saúde nessa época 
restringia-se ao tratamento de doenças. Não havia, até então, programas de saúde 
coletiva, campanhas de educação em saúde para conscientizar a população sobre 
a prática de hábitos saudáveis e, tampouco, ações de promoção à saúde e de 
prevenção de doenças. Esse fato pode ser explicado pelo conceito simplista 
vigente nessa época, que definia saúde como a mera ausência de doença, sem 
levar em consideração aspectos psíquicos, sociais, culturais e econômicos, 
conforme afirma Lopes em seu livro Políticas de saúde pública, de 2017.
EDUCAÇÃO EM SAÚDE: DA PREVENÇÃO À PROMOÇÃO
A chamada Revolta da Vacina (Figura 1) é considerada um marco de transição 
entre uma medicina exclusivamente curativa para a implementação de uma 
4
medicina preocupada em garantir a saúde da população como um todo
4
Figura 1. Manifestação de 1904 decorrente do movimento da Revolta da 
Vacina. Fonte: Wikimedia. Acesso em: 10/03/2020.
O termo "prevenção" pode ser entendido como uma ação prévia que tem como 
objetivo impedir o desenvolvimento e evolução de determinada doença. Uma das 
primeiras ações de caráter preventivo no Brasil foi a vacinação em massa da 
população contra a varíola, em 1904. O responsável por coordenar essa ação foi o 
médico Oswaldo Cruz, que, embora tenha tido boas intenções ao propor a 
imunização da população, não foi bem visto pela sociedade na época. Um dos 
motivos para isto foi o fato de que nenhuma campanha educativa sobre os 
benefícios da vacinação foi realizada, o que culminou em um grande movimento 
popular: a Revolta da Vacina.
Oswaldo Cruz criou também o serviço de profilaxia da febre amarela, além da 
inspetoria de isolamento e desinfecção de residências. Todas essas medidas 
preventivas foram impostas sob um caráter bastante autoritário, fazendo com que 
5
as campanhas de saúde se equiparassem a campanhas militares, uma vez que 
fazia-se uso da força e do encarceramento para obrigar a população a aderir às 
medidas. Ademais, a ausência de um programa de educação em saúde limitou os 
resultados positivos dessas ações, visto que o círculo vicioso de hábitos da 
população não foi modificado. Dessa forma, as residências voltaram a apresentar 
más condições sanitárias pouco tempo após a desinfecção. 
5
Figura 2. Imunização infantil, exemplo de ação preventiva. Fonte: 
Shutterstock. Acesso: 10/03/2020.
Posto isso, os programas de educação em saúde constituem-se como um conjunto 
de práticas de ensino e aprendizagem que têm como finalidade promover 
mudanças comportamentais, além de incentivar a aderência de hábitos e atitudes 
saudáveis. Ambos são considerados pré-requisitos necessários tanto para a 
prevenção de doenças quanto para a promoção da saúde individual e coletiva. 
6
Figura 3. Ação de educação e promoção da saúde com um grupo de 
gestantes. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 10/03/2020.
Assim sendo, a promoção da saúde é definida como o conjunto de condutas que 
permeiam a transformação das condições de vida e trabalho associadas aos 
problemas de saúde subjacentes. Deste modo,pode-se inferir que as ações de 
educação, promoção de saúde e prevenção de doença caminham juntas e se 
complementam. Para elucidar de forma mais contundente a diferença existente 
entre promoção de saúde e prevenção de doenças, observe atentamente a Tabela
7
Tabela 1. Diferenças entre prevenção de doenças e promoção de saúde. 
Fonte: NICOLICH; ROCHA, 2017, p. 29. (Adaptado).
Um aspecto importante da promoção da saúde é que esta segue o princípio da 
responsabilização múltipla, enfatizando uma abordagem ativa e intersetorial que 
envolve ações do Estado, do sistema de saúde e da população, cujo foco é relativo 
aos determinantes de saúde e ao fomento do bem-estar e melhora da qualidade de 
vida.
NÍVEIS DE PREVENÇÃO
Agora que o significado de prevenção foi elucidado, é pertinente apresentar os 
níveis de prev
Agora que o significado de prevenção foi elucidado, é pertinente apresentar os 
níveis de prevenção existentes.
As ações de prevenção podem ser classificadas em três níveis diferentes: primário, 
secundário e terciário. A fim de elucidar esse sistema de classificação, observe 
atentamente a Figura 4.
8
Figura 4. Aspectos e variáveis envolvidas nos diferentes níveis de 
prevenção. Fonte: JUNKES, 2018, p. 81. (Adaptado).
A prevenção primária representa o conjunto de ações que visa evitar 
determinada doença na população ao remover fatores causais. Ou seja, esse 
tipo de prevenção objetiva reduzir a incidência da doença. Nesse nível, atua-
se no período pré-patogênico, o período das relações entre o ambiente e o 
que é suscetível, até que se chegue a uma condição favorável.
São exemplos de prevenção primária: 
Vacinação;
Tratamento da água para consumo;
Medidas de desinfecção e desinfestação;
Ações de educação e promoção em saúde. 
A prevenção secundária compreende o conjunto de medidas que objetivam 
identificar e corrigir o mais precocemente possível qualquer desvio da normalidade, 
de modo a colocar o indivíduo imediatamente em situação saudável. Ou seja, esse 
tipo de prevenção tem como objetivo a diminuição da prevalência da doença. Esse 
nível é colocado em prática no caso de doenças infecciosas, por exemplo, uma vez 
que estas são doenças que podem ser curadas.
Todavia, este nível de prevenção não é viável na Síndrome da Imunodeficiência 
Adquirida (AIDS), por exemplo, posto que esta é uma doença que ainda não 
9
possui cura. O foco da prevenção secundária é no período patogênico, que é o 
período que inicia-se com a interação hospedeiro-agente, no começo das 
alterações fisiopatológicas no indivíduo. Um exemplo da atuação profissional deste 
nível de prevenção é a realização de inquéritos para a descoberta precoce de 
pacientes com tuberculose em determinada comunidade assistida.
Já a prevenção terciária representa as ações que visam reduzir incapacidades, a 
fim de permitir uma rápida melhora e melhor reintegração do indivíduo à 
sociedade, aproveitando suas capacidades remanescentes. É um nível de 
prevenção que também atua no período patogênico. Como exemplo, é possível 
citar a reintegração de um trabalhador que sofreu um acidente em sua empresa. 
Isso ocorreria caso, em decorrência do acidente, esse trabalhador não mais 
pudesse exercer o mesmo tipo de atividade devido a suas condições de saúde. 
Posto isso, é importante esclarecer os conceitos de incidência e prevalência 
empregados nas definições dos níveis de prevenção. 
Incidência é a fração ou proporção de um grupo de pessoas inicialmente livres do 
desfecho de interesse e que o desenvolvem durante determinado período de 
tempo. A incidência se refere, então, a novos casos de uma doença que ocorre em 
uma população a principio livre da mesma ou a novos desfechos, como sintomas 
ou complicações em pacientes com a doença que inicialmente não experenciavam 
esse problema. 
A prevalência é a proporção de um grupo de pessoas que possui determinada 
condição ou desfecho clínico em um dado ponto no tempo. Ela é medida através 
do levantamento de uma população definida, na qual se averigua quem tem ou não 
a condição de interesse.
10
Pergunta:
Desde sua criação em 1988, o SUS vem passando por inúmeras 
transformações e readequações para atender aos seus princípios 
básicos. Considerando as políticas de saúde, o que se pode afirmar? 
Escolha a alternativa correta.

No Brasil, o direito à saúde é condicionado à contribuição da 
previdência social. 



O Brasil é reconhecido internacionalmente por sua política de saúde 
pública. 



No Brasil, saúde é atualmente sinônimo de ausência de doença.
Muito bem, a resposta está correta!
A saúde, um direito garantido a toda população, é compreendida como 
algo que considera diversos fatores e não apenas a ausência de 
doença. O SUS, embora tenha problemas, é considerado um dos 
maiores e mais completos programas de saúde pública no mundo, pois 
engloba cuidados em todos os níveis de saúde.
Processo saúde-doença
As discussões sobre o processo saúde-doença sempre estiveram presentes 
na vida humana, e cada era da civilização explica a existência dessa relação 
de acordo com o momento histórico vivido e os recursos tecnológicos e 
científicos disponíveis à época
Ao longo dos séculos, os conceitos de saúde e doença foram permeados de 
diversos significados, atribuídos à relação que o homem mantinha com o ambiente, 
a natureza, o corpo, o espirito e a religião.
Entre as teorias desenvolvidas para explicar a relação do homem com seus 
conceitos de saúde, destacam-se três:
1) Mágica: Relaciona o desencadeamento de doenças ao misticismo, demônios, 
castigos de deuses e prática de magia. Praticamente todos os 
acontecimentos que o homem não podia explicar em virtude de suas 
limitações técnico-científicas eram atribuídos a fenômenos sobrenaturais. 
Curandeiros, sacerdotes e indivíduos tidos como bruxos eram figuras 
consideradas importantes em casos de adoecimento e morte. Já a saúde era 
11
entendida como uma condição natural da vida, o que significa que não havia 
motivo para ser elucidada, e a ideia prevalecente era a de que a saúde era 
algo que ocorria espontaneamente.
Figura 5. Representação do tratamento de doenças na era mágica. Fonte: 
Shutterstock. Acesso em: 11/03/2020.
2)Ingênua: Considera que a saúde, a doença e a morte devem ser aceitas 
pela população, uma vez que estas são inerentes e fazem parte do ciclo vital 
(Figura 6). Dentro dessa ideologia, os aspectos sociais, psíquicos e culturais 
eram considerados apartados dos fatores envolvidos no processo saúde-
doença.
12
Figura 6. Representação da crença do processo saúde doença sob a 
perspectiva ingênua. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 11/03/2020.
3)Crítica: Caracteriza-se como um novo modo de pensar, no qual surgem 
dúvidas e críticas sobre os conceitos de saúde e doença. Diferentes 
profissionais e estudiosos passam a refletir a respeito do processo saúde-
doença até estabelecer um modelo de causa e efeito. Esse modelo passa a 
relacionar agentes etiológicos, condições de trabalho e hábitos de vida com a 
presença de saúde e o desencadeamento de doenças. Dentro desse 
contexto de multicausalidade, segmenta-se o adoecimento em dois 
momentos: a pré-patogênese (momento prévio ao desenvolvimento da 
doença) e a patogênese (momento que a doença já está estabelecida). Com 
essa divisão, começa-se a designar estratégias voltadas à prevenção de 
doenças.
Conhecendo essas três teorias, fica evidente que saúde e doença não são termos 
designados por um conceito imutável, estando as definições sujeitas a constantes 
readequações e mudanças. Deve-se enfatizar que, mesmo nos dias de hoje, há 
13
certa dificuldade no meio cientifico em definir com exatidão as ideias de saúde e 
doença, uma vez que o que é considerado normal para um indivíduo pode não ser 
para outro.A doença, nesse caso, pode ser considerada uma condição que 
provoca distúrbios das funções físicas e mentais e que pode ser causada por 
fatores exógenos, externos ao organismo, ou endógenos, internos ao próprio 
organismo. Desde que o processosaúde-doença passou a ser rastreado 
estatisticamente, os ambientes de assistência à saúde também passaram a atuar 
como locais de elaboração de conhecimento e ensino, contribuindo na 
identificação de indicadores de saúde.
A doença, nesse caso, pode ser considerada uma condição que provoca distúrbios 
das funções físicas e mentais e que pode ser causada por fatores exógenos, 
externos ao ambiente, ou endógenos, internos ao próprio organismo. Desde que o 
processo saúde-doença passou a ser rastreado estatisticamente, os ambientes de 
assistência à saúde também passaram a atuar como locais de elaboração de 
conhecimento e ensino, contribuindo na identificação de indicadores de saúde.
O CONCEITO AMPLIADO DE SAÚDE
Há muito tempo que o conceito de saúde tem sido pauta de amplos debates entre 
especialistas de diversas áreas de atuação profissional. Levando em consideração 
a complexidade desse tema, a Organização Mundial de Saúde (OMS) elaborou em 
1946 o chamado conceito ampliado de saúde, que afirma que saúde é um estado 
de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de 
doenças e enfermidades.
Desta forma, é possível compreender que o conceito ampliado de saúde leva em 
consideração a integração de diferentes aspectos da vida e da sociedade, como 
economia, lazer, educação, segurança e trabalho. Observe o Diagrama 1, a fim de 
obter uma contextualização mais adequada desse conceito.
14
Diagrama 1. Aspectos integrados ao bem-estar e saúde que abarcam o 
conceito ampliado de saúde. Fonte: JUNKES, 2018, p. 13. (Adaptado).
O bem-estar físico: relaciona-se à ideia de que não há a saúde de apenas 
um órgão ou sistema do corpo, mas sim de um todo, de modo integral;
O bem-estar social: refere-se aos ajustes das exigências do meio, 
principalmente das condições socioeconômicas, local de moradia, 
distribuição de renda e oportunidades oferecidas a cada pessoa;
15
O bem-estar mental: relacionado a um estado de equilíbrio, entendimento e 
tolerância consigo mesmo e com os outros. Relaciona-se a saber lidar e 
conduzir as diferentes emoções.
Embora a definição da OMS seja aceita e utilizada como parâmetro pelos 
sistemas de saúde em praticamente todo o mundo, ela vem sofrendo críticas 
de muitos pesquisadores nos últimos anos. O argumento utilizado pelos 
críticos é que esse conceito de saúde é utópico e inatingível, uma vez que 
alguns creem que o ser humano jamais será um ser completo em todos os 
aspectos e sentidos da vida.
A compreensão dos conceitos e definições do processo saúde-
doença é fundamental para todos os profissionais da área da 
saúde, e seu domínio possibilita uma atuação mais efetiva e ativa 
frente aos pacientes e a comunidade.
Posto isso, para prosseguirmos nessa jornada de construção do conhecimento, é 
imprescindível que estejam claras a definição e diferenciação dos termos saúde 
pública e saúde coletiva. 
Saúde pública e saúde coletiva são áreas frequentemente concebidas como 
sinônimos. Todavia, elas possuem algumas distinções. Assim sendo, a saúde 
pública pode ser entendida como o conjunto de ações exercidas pelo governo em 
prol do bem estar físico, mental e social da população, configurando-se como um 
direito constitucional que engloba as mais diversas áreas e níveis de atenção à 
saúde.
Já a saúde coletiva é uma ciência que engloba aspectos sociais e biomédicos 
através de diversas perspectivas organizacionais. É, também, uma área de 
atuação profissional que faz parte dos programas de saúde pública. Paim e 
Almeida Filho afirmam que:
Enquanto campo de conhecimento, a saúde coletiva contribui com o 
estudo do fenômeno saúde/doença em populações. 
Enquanto processo social investiga a produção e 
distribuição das doenças na sociedade, analisando as 
práticas de saúde (processo de trabalho) na sua 
articulação com as demais práticas sociais, 
procurando compreender as formas com que a 
sociedade identifica suas necessidades e problemas 
de saúde, buscando sua explicação e se organizando 
para enfrentá-los (1998, p. 309). 
16
A saúde coletiva busca ampliar a compreensão da população sobre a saúde, 
acrescentando analises sociológicas, antropológicas e históricas. A sua criação 
parte das ações de um movimento sanitarista e tem como propósito auxiliar no 
reconhecimento de variáveis econômicas, ambientais e sociais que possam 
ocasionar o desenvolvimento de doenças.
O movimento sanitarista que propiciou a criação da saúde coletiva teve início na 
década de 1970. A filosofia desse movimento preconizava a saúde não como um 
problema a ser solucionado pelos então serviços médicos, mas sim como uma 
questão política e social.
Desde seu surgimento, a saúde coletiva envolve-se com questões políticas, sociais 
e ideológicas, trazendo repercussões para a saúde como um todo em sua 
delimitação, e identificando meios que possibilitem tornar a saúde coletiva um 
campo cada vez mais aberto a novos paradigmas diante das necessidades de 
saúde, democratização da vida social e direitos humanos.
As diretrizes dos programas de saúde coletiva enfatizam a importância da 
comunicação e da atuação conjunta de equipes interdisciplinares e 
multiprofissionais, sendo estas compostas por médicos, fisioterapeutas, 
assistentes sociais, psicólogos, biólogos, enfermeiros, dentistas, entre outros. 
Entre os instrumentos utilizados pelos programas de saúde coletiva, destaca-se o 
uso da epidemiologia social, que possibilita conhecer o perfil dos problemas de 
saúde e das doenças apresentadas em determinada população assistida. O 
emprego da epidemiologia permite a criação de indicadores de saúde que, por sua 
vez, possuem dados referentes a condições sanitárias e socioeconômicas que 
otimizam o desenvolvimento de intervenções e de medidas de prevenção e 
promoção a saúde coletiva.
17
Deve-se ficar explícito que toda saúde pública é coletiva, mas nem toda 
saúde coletiva é pública, posto que no Brasil a saúde é considerada 
livre à iniciativa privada. Ao ter que atuar por meio do Sistema Único de 
Saúde, a saúde coletiva encontra muitos desafios, e o principal deles é 
conseguir oferecer um serviço eficiente em um sistema no qual o 
usuário corresponde à totalidade dos brasileiros.
SAÚDE COMO DIREITO
18
A mudança conceitual do processo saúde-doença pela população brasileira é um 
dos fatores que contribuiu para que o governo implementasse políticas públicas de 
saúde mais abrangentes, não se restringindo unicamente ao tratamento e à cura 
de doenças.
No Brasil, o acesso à saúde foi por muitos anos limitado à parcela da população 
que detinha condições financeiras para contratar assistência particular, e 
posteriormente àqueles que contribuíam com a previdência social, em sua maioria 
trabalhadores com carteira assinada. Essa realidade começou a mudar somente a 
partir de 1988, com a aprovação da nova Constituição da República Federativa 
do Brasil, vigente até os dias atuais, que considera a saúde como um direito de 
toda a população, independentemente de qualquer condição e fator externo. 
A seção II, art. 196, capítulo I da constituição da republica federativa afirma que: 

A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais 
e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao 
acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e 
recuperação (BRASIL, 1988, p.1). 
DICA
O fisioterapeuta, como um profissional da saúde pública e privada, deve ter 
pleno conhecimento dos direitos assegurados pela Constituição à saúde da 
população. Para conhecer na íntegra os postulados da Constituição 
19
relacionados à saúde, verifique os artigos 196 a 200 da Seção II, disponíveis 
no link a seguir.
Além de ter explicitado o direito do acesso à saúde, a Constituição de 1988 
enfatizou o dever e a responsabilidade do estado de promover a mesma, 
além de proteger a sociedade contra as doenças.
FISIOTERAPIA NA SAÚDE COLETIVA
No Brasil, a fisioterapia é uma profissão historicamente conhecidacomo 
reabilitadora, fato relacionado ao modelo de saúde assistencial que era 
ofertado no início da profissão em nosso país por volta de 1960.
Nesta época, a fisioterapia possuía um caráter exclusivamente reabilitador, não 
preocupando-se em atuar na educação do paciente em relação aos seus hábitos 
de vida, na promoção de sua saúde e na prevenção de possíveis disfunções e 
doenças.
Este fato era corroborado pela própria legislação vigente, uma vez que o Decreto-
Lei 938/69, que reconhecia a fisioterapia como profissão de nível superior, 
enfatizava em seu 3º artigo  que:
“é atividade privativa do fisioterapeuta executar métodos e técnicas 
fisioterápicas com a finalidade de restaurar, desenvolver 
e conservar a capacidade física do paciente (DIÁRIO 
OFICIAL DA UNIÃO, 1969)”. 
Essa perspectiva começou a mudar somente em 1978, com a reformulação da 
legislação que regulamentava a fisioterapia. Esta passou a afirmar que compete 
também ao fisioterapeuta planejar, programar, ordenar, coordenar, executar e 
supervisionar métodos e técnicas que visem promover a saúde e prevenir 
doenças.
Com a nova legislação, a fisioterapia foi lentamente ganhando espaço, deixando 
de atuar exclusivamente na reabilitação de pacientes doentes para começar a 
intervir junto à população saudável, aplicando estratégias para a manutenção da 
saúde e melhora da qualidade de vida.
20
Figura 7. Fisioterapia geriátrica em saúde coletiva — programa voltado à 
prevenção de alterações posturais. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 
12/03/2020.
A atuação do fisioterapeuta dentro dos programas de saúde coletiva se 
intensificou, sobretudo, a partir dos anos 2000, momento em que a 
fisioterapia começou a atuar em áreas de planejamento e gestão, educação, 
assistência e pesquisa em saúde coletiva. Entre as funções desempenhadas 
pela fisioterapia na saúde coletiva, pode-se destacar (BISPO JUNIOR, 2010; 
LEMOS, 2015):
• A identificação dos problemas prevalecentes na comunidade assistida;



A elaboração de ações de educação em saúde;



A implementação de práticas que melhorem a qualidade de vida da 
população;



O estimulo de hábitos saudáveis na comunidade;



O desenvolvimento de estratégias de minimização dos riscos à saúde;

21


A criação de medidas que visem reduzir a desigualdade e a exclusão social.

O cuidado ao paciente em domicílio é outra importante atuação do fisioterapeuta 
na saúde coletiva, uma vez que esta ação possibilita a aproximação do profissional 
com o ambiente de convívio familiar do paciente, permitindo a este conhecer a 
realidade que cada indivíduo assistido experiencia. Como consequência, o 
atendimento se torna mais eficaz.

EXEMPLIFICANDO
São algumas das atribuições do fisioterapeuta nos programas de saúde 
coletiva: a criação de grupos de orientações a gestantes sobre a importância 
da prática de atividade física; ações de blitz de correção postural na 
comunidade assistida; reuniões com pais de crianças que apresentam 
atrasos no desenvolvimento motor, a fim de ensinar métodos de estimulação; 
encontros de idosos para a realização de atividades psicomotoras; atenção à 
saúde dos cuidadores no ambiente familiar; além da promoção de palestras 
de educação em saúde no ambiente escolar, visando orientar os alunos 
sobre princípios ergonômicos fundamentais. 
É evidente que a fisioterapia em saúde coletiva amplia a atuação profissional 
para além da reabilitação, permitindo intervenções no controle de riscos e de 
danos. O Diagrama 2 representa esse modelo de trabalho, que engloba a 
reabilitação ao mesmo tempo que maximiza as possibilidades de atuação.
22
Diagrama 2. Modelo de fisioterapia coletiva sob o controle de riscos e danos. 
Fonte: BISPO JUNIOR, 2010, p. 1631 . (Adaptado).
Enquanto que a fisioterapia reabilitadora foca principalmente no controle de danos, 
a fisioterapia coletiva foca também na atuação no controle de riscos, ou seja, no 
controle de aspectos que podem favorecer o desenvolvimento de determinada 
doença.
O momento da intervenção é o ponto chave para se estabelecer o tipo de controle. 
No manejo de danos, a ação acontece no momento em que a disfunção já está 
estabelecida e, frequentemente, em condições avançadas. No gerenciamento de 
riscos, a medida é efetuada antes da disfunção ocorrer, ou seja, previamente ao 
surgimento de limitações e sequelas.
No tocante ao paciente, no manejo de danos a ação é voltada para os que já se 
encontram adoecidos; ao passo que, no controle de riscos, a intervenção é voltada 
tanto para pacientes doentes quanto para aqueles que estão saudáveis, mas com 
risco significativo de adoecer.
Trabalhar em saúde coletiva no Brasil não é uma tarefa simples, principalmente se 
levarmos em consideração sua vultosa dimensão territorial, a inoperância das 
políticas socioeconômicas e o déficit de profissionais da área da saúde, 
principalmente em regiões afastadas, onde a população mais carente reside. Cabe 
a cada fisioterapeuta dedicar-se ao máximo, dentro dos princípios éticos, no 
desempenho de suas atribuições para que a promoção e recuperação da saúde 
sejam expandidas cada vez mais até aqueles que necessitam.
23
O ser humano sempre teve maneiras de entender e explicar o 
desenvolvimento das doenças e sua relação com a vida e a morte. Com 
o passar do tempo e a evolução da sociedade, diferentes teorias a esse 
respeito foram elaboradas. Tendo isto em mente, relacione cada teoria 
com seus respectivos princípios.
O critico modelo de causa e efeito
O magico. Crença sobre natural
O ingênuo inerente ao ciclo da vida
A teoria mágica relaciona o desencadeamento de doenças a crenças 
sobrenaturais; a ingênua considera saúde, doença e morte fatores 
inerentes ao ciclo vital; e a crítica estabelece um modelo de causa e 
efeito, associando diferentes aspectos da vida à manutenção da saúde 
e ao desencadeamento de doenças.
Determinantes e condicionantes de saúde
24
Os determinantes e condicionantes de saúde são definidos pelo 3º artigo  da 
Lei número 8.080/90, conhecida como Lei Orgânica da Saúde. Esta lei afirma 
que:
Os níveis de saúde expressam a organização social e econômica do País, 
tendo a saúde como determinantes e condicionantes, entre 
outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o 
meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade 
física, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços 
essenciais (BRASIL, 1990).
Portanto, os determinantes de saúde podem ser definidos como os fatores que 
influenciam diretamente a saúde de forma positiva ou negativa, podendo estes ser 
modificados por decisões e escolhas dos envolvidos ou por condições externas a 
eles. Os condicionantes de saúde, por sua vez, instituem limites a determinadas 
circunstâncias e representam condições que não são passíveis de modificações, 
por serem intrínsecas ao indivíduo em questão. 
EXEMPLIFICANDO
Um exemplo clássico de condicionante de saúde é a gravidez, uma vez 
que apenas pessoas do sexo feminino podem engravidar. 
25
Consequentemente, o sexo é um fator condicionante para a ocorrência 
da gestação entre os seres humanos.
Para entender melhor a diferença entre determinantes e condicionantes de saúde, 
observe os exemplos expostos na Tabela 2.
Tabela 2. Determinantes e condicionantes de saúde. Fonte: JUNKES, 2018, 
p. 49. (Adaptado).
Os determinantes de saúde abrangem, portanto, tanto aspectos que são de 
controle próprio, como os hábitos de vida, quanto aspectos que são condicionados 
ao ambiente, meio social e políticas públicas. É importante enfatizar que as ações 
de promoção da saúde têm como um de seus objetivos a educação da população, 
posto que, através da educação em saúde, é possível modificar os determinantes 
da saúde em favor da qualidade de vida.
26
CLASSIFICAÇÃO DOS DETERMINANTES DE SAÚDE
Comumente, os determinantes de saúde são divididos em categorias que variam 
em número e são designadas pela presença de características semelhantes.
É importante ressaltar que o agrupamento dos determinantesfavorece seu 
entendimento e compreensão. Na literatura, as classificações mais frequentes 
dividem os determinantes em: econômicos, ambientais, biológicos, sociais e de 
estilo de vida. 
Para entender melhor esse sistema de categorização, observe a seguir alguns 
exemplos que fazem parte de cada grupo, conforme atestado por Carrapato et al. 
em seu artigo "Determinante da saúde no Brasil: a procura da equidade na saúde", 
de 2017: 
Economicos 
Tipo de habitação, renda e ocupação desempenhada. Também pode 
relacionar-se à manutenção de hábitos saudáveis.
Ambientais
Gestão de resíduos, poluição, preservação da natureza e política energética.
Biológicos 
Sexo, idade e fatores genéticos.
Estilo de vida 
Alimentação, atividade física, tabagismo e comportamento sexual
Sociais
Cultura, educação e lazer.
Essas cinco categorias influenciam a saúde de diferentes modos. A seguir, 
aprofundaremos o conhecimento sobre os determinantes sociais, visto que estes 
estão mais comumente associados à saúde coletiva, além de serem vastamente 
discutidos na literatura.
DETERMINANTES SOCIAIS DA SAÚDE
27
Acredita-se que a origem das discussões relativas aos determinantes sociais da 
saúde estejam relacionadas à mudança de paradigmas do processo saúde-
doença, em que o papel do governo e da população sobre a saúde foi reformulado. 
Instituiu-se, então, um modelo de determinantes sociais que foca, sobretudo, nas 
condições de trabalho e vida da sociedade moderna.
Esse modelo sugere alterações politicas, sociais e econômicas como pontos-chave 
para que se possa proporcionar condições de saúde ideais à sociedade. Entre as 
propostas defendidas estão a melhoria da infraestrutura das cidades, do transporte 
público, da distribuição de renda e do acesso equitativo à saúde. Em termos 
práticos, esse modelo tem como objetivo correlacionar determinantes sociais e 
saúde. Todavia, este é um árduo e complexo desafio.
Agora, observe estes dois aspectos, responsáveis por tornar o modelo supracitado 
um desafio laborioso:
Os fatores econômicos, políticos e sociais podem afetar de modo distinto a 
condição de saúde de uma população, não seguindo um único padrão
Não é completamente elucidada a diferença entre os determinantes sociais de 
saúde de indivíduos e de grupos, posto que aspectos relevantes para a saúde 
individual podem não esclarecer as diferenças existentes entre os grupos de uma 
população.
Sendo assim, é possível questionar-se de que forma os determinantes sociais 
influenciam a saúde. Bem, para esta questão não existe uma única resposta, mas 
28
sim um conjunto de diferentes abordagens explicativas, uma vez que estabelecer 
com exatidão a influência que cada determinante tem sobre a saúde é 
extremamente complexo. Segundo Rocha, em seu livro Manual de saúde pública e 
saúde coletiva no Brasil, de 2012, e Bassinello, em Saúde coletiva, de 2014, as 
principais abordagens descritas na literatura são:



Aspectos físico-materiais: essa abordagem afirma que as diferenças de renda da 
população condicionam a saúde, visto que envolvem fatores econômicos e 
políticos que ocasionam a carência de recursos individuais e a falta de 
investimentos em saneamento básico, educação, moradia, entre outros;



Fatores psicossociais: foca nas concepções psicobiológicas e na desigualdade 
social, atestando que a saúde é afetada pelas tensões ocasionadas por situações 
de desigualdade social; 



Enfoques multiníveis e ecossociais: abordam fatores sociais, biológicos, individuais 
e grupais sob uma visão ecológica, dinâmica e histórica; 



Relações entre saúde, desigualdade e a associação entre indivíduos e grupos de 
pessoas: aborda a presença da confiança e solidariedade entre a sociedade. 
Afirma que as populações com maior coesão social e maior índice de igualdade 
são as mais saudáveis. 

Muitos autores criaram esquemas para ilustrar as relações entre os determinantes 
de saúde, e o mais aceito e empregado no meio cientifico é o modelo de diferentes 
camadas, desenvolvido por Dahlgren e Whitehead. 
29
Figura 8. Modelo de Dahlgren e Whitehead: influência em camadas. Fonte: 
ROCHA, 2012, p. 41. (Adaptado).
Este modelo é designado da seguinte forma:
• 1A primeira camada, entendida como o centro do modelo, representa o 
indivíduo e seus condicionantes de saúde;



A primeira camada, entendida como o centro do modelo, representa o 
indivíduo e seus condicionantes de saúde;

• 2A segunda camada engloba aspectos comportamentais e hábitos de vida 
individuais;



A segunda camada engloba aspectos comportamentais e hábitos de vida 
individuais;

• 3A terceira camada compreende as redes comunitárias e de apoio social;



A terceira camada compreende as redes comunitárias e de apoio social;

• 4A quarta camada apresenta aspectos relacionados às condições de 
trabalho e vida, o alcance de serviços fundamentais e a alimentação;

30






A quarta camada apresenta aspectos relacionados às condições de trabalho 
e vida, o alcance de serviços fundamentais e a alimentação;

• 5A quinta e última camada inclui macrodeterminantes, como fatores 
culturais, condições econômicas e ambientais. Os aspectos dessa camada 
exercem muita influencia sob as anteriores.



A quinta e última camada inclui macrodeterminantes, como fatores culturais, 
condições econômicas e ambientais. Os aspectos dessa camada exercem 
muita influencia sob as anteriores.



É indiscutível a forte influência que os determinantes sociais exercem nas 
condições de saúde da sociedade. Segundo Geib, em seu artigo 
"Determinantes sociais da saúde do idoso", de 2012, “a equidade requer 
ação sobre os determinantes sociais da saúde na perspectiva do curso da 
vida, com ações multissetoriais em todas as etapas do ciclo vital, já que o 
estado de saúde individual é um marcador de suas posições sociais no 
passado” (p. 131).
•
As circunstâncias em que um indivíduo nasce, vive, trabalha e envelhece estão 
diretamente relacionadas à manutenção da sua saúde ao longo da vida. Conhecer 
esses aspectos e compreender os determinantes sociais aqui discutidos permite 
ao profissional da área da saúde desenvolver estratégias de intervenção mais 
adequadas aos diferentes perfis de pacientes.
As políticas públicas de promoção da saúde têm como objetivo 
promover a qualidade de vida e reduzir a vulnerabilidade e os 
riscos à saúde relacionados aos seus determinantes e 
condicionantes. De acordo com o que foi estudado sobre 
determinantes e condicionantes, pode-se afirmar que: 
• 

Ambos podem ser modificados por fatores externos e por escolhas dos 
envolvidos.



Condicionantes de saúde são fatores que impõem limites, como idade e 
sexo.



Os determinantes podem influenciar a saúde positivamente e/ou 
negativamente.
31
• que são características intrínsecas do ser humano, como o sexo e a 
idade.
• Os determinantes de saúde são condições passíveis de modificação, 
que podem influenciar a vida tanto de modo positivo quanto negativo. Já 
os condicionantes são considerados limitadores não modificáveis, posto.
SINTETIZANDO
Nesta unidade você aprendeu que o conceito de saúde, além de não ser único, é 
mutável e extremamente relacionado ao momento histórico vivido. Assim sendo, 
pode-se afirmar que é de acordo com o modo que a sociedade compreende a 
saúde e a doença que os cuidados de atenção são determinados. 
Foi a evolução do entendimento do processo saúde-doença que possibilitou o 
estabelecimento do conceito ampliado de saúde, o qual vai além da ausência de 
doença, considerando o ser humano e a vida de uma forma mais integrada. 
Vimos também que a saúde coletiva é uma área de conhecimento interdisciplinar e 
de atuação multiprofissional; englobando aspectos sociais e biomédicos e 
reconhecendo a doença como uma consequência da interação de determinantes e 
condicionantes de saúde. 
As diretrizes dos programas de saúde coletiva enfatizam a importância de a equipe 
profissional conhecer o perfil epidemiológico da comunidade assistida, a fim de que 
o desenvolvimento demedidas de prevenção, promoção e educação em saúde 
sejam mais sensíveis e eficazes às necessidades apresentadas.
Unidade 2
O SUS: evolução, organização e legislação
Nesta unidade você verá:
// políticas de saúde no Brasil
// Sistema Único de Saúde – SUS
// pacto pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão
OBJETIVOS DA UNIDADE
• 

Conhecer a política e os programas de saúde no Brasil republicano; 



Conhecer a política e os programas de saúde no Brasil republicano; 

32


Relacionar a trajetória das políticas de saúde no Brasil com o modelo de 
saúde vigente;
•
• Especificar o contexto em que o Sistema Único de Saúde foi criado;



Compreender os princípios do SUS, bem como seus objetivos e conceitos 
teóricos;
• 

Reconhecer os objetivos e áreas prioritárias do Pacto pela Saúde;



Contextualizar a organização dos pactos nas três esferas em que se 
organizam.
•
Politrica de saude no Brasil.
// Programas de saúde no Brasil República 
// Influência da Reforma Sanitária e da VIII Conferência Nacional de Saúde na 
criação do SUS
Sitema único de saude - SUS
Princípios doutrinários e organizacionais
// Financiamento do SUS
Pacto pela vida, em defesa do sus e gestão 
// A organização dos pactos nos âmbitos federais, estaduais e municipais 
// Ações estratégicas e prioritárias 
Políticas de saúde no Brasil
33
Durante o período colonial, as políticas de saúde pública no Brasil eram 
praticamente inexistentes. Todavia, com a Proclamação da República em 1889, o 
país passou por uma série de mudanças estruturais, e a então recente abolição da 
horrenda escravatura fez com que a demanda por mão de obra braçal 
aumentasse, incitando a imigração em massa, sobretudo de europeus. 
CONTEXTUALIZANDO
As políticas de saúde pública no Brasil funcionaram, sobretudo, no formato de 
campanhas, até por volta de 1930, fase que ficou conhecida como campanhista. O 
sistema dessa época era parcialmente voltado para questões de saúde que 
afetavam a população, mas essencialmente motivado por conveniências de ordem 
econômica. Entre os avanços desse período, há a criação de escolas de 
enfermagem, laboratórios públicos direcionados para a pesquisa e centros de 
saúde. A saúde individual continuou semelhante à do período imperial: médicos 
para os que podiam pagar e métodos empíricos/caridade para os demais. 
Nessa época, a varíola e a febre amarela eram epidemias que assolavam o país. 
Não é exagero afirmar que a disseminação dessas doenças ameaçava o sistema 
econômico, uma vez que era considerado um risco biológico comprar e receber 
produtos provenientes do Brasil. Como uma tentativa de solucionar o problema da 
disseminação em massa das doenças, além de prevenir a ocorrência de 
epidemias, foram criados o Departamento Nacional de Saúde, que posteriormente 
34
evoluiria para o Ministério da Saúde, e o Instituto de Pesquisa Para a Saúde 
Pública Manguinhos. Ambos tiveram como seu principal idealizador o médico 
sanitarista Oswaldo Cruz.
Os imigrantes trouxeram consigo novos ideais políticos e sociais, principalmente 
no que diz respeito à importância da união como forma de assegurar benefícios 
fundamentais à vida, como o direito ao acesso à saúde, por exemplo. Essa 
ideologia propiciou o surgimento de greves, bem como a associação entre as 
categorias de trabalhadores que objetivavam gerar fundos monetários mútuos, que 
funcionavam por meio do pagamento de um percentual mensal do salário recebido. 
Esses fundos asseguravam ao trabalhador e sua família o acesso ao atendimento 
médico quando necessário. É relevante mencionar que as regras referentes a 
esses fundos eram estipuladas em reuniões pelos próprios contribuintes, sem 
qualquer influência governamental.
PROGRAMAS DE SAÚDE NO BRASIL REPÚBLICA
A Lei Eloy Chaves, aprovada em 1923, pode ser considerada um precedente dos 
fundos mútuos dos trabalhadores, uma vez que determinava a formação das 
Caixas de Aposentadoria e Pensão (ou CAPs), que também tinham como princípio 
a contribuição financeira mensal de empregados de determinadas empresas, como 
as marítimas, ferroviárias e portuárias. Todavia, ela inovava ao incluir também os 
empregadores como contribuintes (MACHADO et al., 2013). 
O objetivo da CAPs era a constituição de um montante conjunto que garantisse, 
entre outras coisas, que os trabalhadores tivessem acesso à saúde. Vale ressaltar 
que o Estado apenas fiscalizava a lei, mas não participava ativamente dos fundos. 
Posto isso, a Lei Eloy Chaves é considerada por muitos historiadores como o 
“embrião” da Previdência Social no país.
Durante o governo do presidente Getúlio Vargas, que foi extensivamente apelidado 
de “pai dos pobres” graças ao seu modelo político populista, foram criados os 
Institutos de Aposentadoria e Pensão (ou IAPs). Nesse novo modelo, os fundos 
deixaram de ser vinculados a empresas e passaram a relacionar-se a 
determinadas categorias profissionais, como os bancários e comerciários. Além 
disso, o governo começou a também contribuir financeiramente para os fundos de 
saúde; logo, a administração destes ficou sob responsabilidade do Estado, fato 
que culminou na perda da tomada de decisões por parte dos trabalhadores. 
35
Um marco importante do IAP é que os fundos arrecadados por ele deixaram de 
financiar somente a saúde dos contribuintes: os recursos angariados também eram 
utilizados para custear obras públicas, como a construção de estradas, e 
patrocinar empréstimos para empresas privadas de saúde que possuíam a 
intenção de edificar hospitais pelo país.
Desde o mandato de Getúlio Vargas até o golpe de Estado, o Brasil passou por um 
período denominado de desenvolvimentista, em que o propósito era desenvolver e 
modernizar as cidades. Em 1953, cria-se o Ministério da Saúde, mas sua atuação 
era limitada em relação à deliberação de medidas e decisões. A medicina privada e 
estrangeira conquistou maior espaço e atenção na saúde, administrando e 
construindo mais hospitais pelo país, equipados com verbas públicas. 
Após o golpe militar de 1964, muitos direitos individuais da população foram 
suspensos. A assistência à saúde - que já era precária – piorou, e a oferta de 
empréstimos chamados de “fundos perdidos” cresceu vertiginosamente para que a 
edificação de mais hospitais privados fosse possível. O Estado acabava pagando a 
conta duas vezes: ao emprestar a verba e, posteriormente, ao custear a 
assistência prestada à sociedade. As diretrizes dos IAP foram alteradas e este foi 
unificado com o Instituto Nacional de Previdência Social (ou INPS), órgão 
conhecido e lembrado até os dias de hoje por suas famosas e gigantescas filas. 
O INPS assim como o IAP prestava assistência à saúde individual, mas somente 
incluía os trabalhadores com Carteira de Trabalho assinada. Autônomos, 
trabalhadores informais e rurais não eram englobados pelo programa, 
dependendo, assim, de seus próprios recursos financeiros, filantropia ou caridade. 
36
Nos anos seguintes, o INPS foi dividido em dois segmentos: o Instituto Nacional de 
Assistência Médica da Previdência Social (ou INAMPS), encarregado do 
atendimento hospitalar e ambulatorial, e o Instituto Nacional de Previdência Social 
(ou INSS). 
Agora que os programas de saúde que antecederam o SUS foram apresentados, 
observe o Diagrama 1 e analise atenciosamente as características que os 
diferenciam. 
37
Diagrama 1. Características dos programas de saúde: CAPs, IAPs, INPS e INAMPS. 
Fonte: WINTER, 2015, p. 27.(Adaptado).
Alguns atribuem ao governo militar a responsabilidade por um momento de 
“milagre econômico”; todavia, é fundamental ressaltar que as grandes obras 
construídas nessa época, visando a modernização e desenvolvimento do país, 
foram majoritariamente financiadas por verbas que deveriam ser destinadas à 
saúde e à Previdência Social. Como nesse período o número de contribuintes era 
bem maior do que o de beneficiários, os recursos foram constantemente 
remanejados para outras áreas em vez de serem investidos e guardados, fato que 
correlaciona-se com a criseda Previdência Social enfrentada atualmente. 
O vigoroso êxodo rural ocorrido no regime militar exacerbou a já delicada situação 
das grandes cidades, uma vez que este fato, associado à inflação sem controle, os 
baixos salários e a disponibilidade de saúde para uma minoria, propiciou o 
crescimento da pobreza e a instauração de epidemias como a de meningite, em 
1974, responsável por sequelar e matar inúmeras pessoas. Ademais, a censura 
instituída, própria desse período, proibiu que fossem divulgadas notícias sobre a 
crise de saúde enfrentada, e profissionais que procuravam advertir a população 
sobre esse cenário eram ameaçados e perseguidos pelo então governo, conforme 
assevera Greice Bassinello em seu livro Saúde coletiva, de 2014. 
O Diagrama 2 representa uma linha do tempo que contempla os principais 
programas de saúde do Brasil. Observe sua evolução histórica até chegar ao 
SUS. 
38
Diagrama 2. Evolução dos programas de saúde. Fonte: WINTER, 2015, p. 35. 
(Adaptado).
INFLUÊNCIA DA REFORMA SANITÁRIA E DA VIII CONFERÊNCIA NACIONAL 
DE SAÚDE NA CRIAÇÃO DO SUS
No ano de 1975 entrou em atuação o Sistema Nacional de Saúde, fomentando as 
funções da previdência de prestar atendimento médico individual de caráter 
39
curativo e atribuindo às secretarias de saúde municipais e estaduais, juntamente 
com o Ministério da Saúde, a incumbência de realizar ações preventivas no país. 
Nesse período, surgiu o Movimento da Reforma Sanitária, que almejava que a 
democracia mudasse a política de saúde vigente. Esse movimento era formado por 
representantes de sindicatos, profissionais da área da saúde, pesquisadores, 
gestores e opositores políticos, como afirma Juan Rocha em seu livro Manual de 
saúde pública e saúde coletiva no Brasil, de 2012.
O Movimento da Reforma Sanitária, em conjunto com outros grupos sociais, lutava 
para implementar um sistema de saúde com participação ativa da comunidade, no 
qual os serviços fossem regionalizados, atendessem a toda a população e a 
atenção primária se tornasse o primeiro acesso. Surpreendentemente, essa 
proposta foi aceita praticamente em sua totalidade durante a VIII Conferência 
Nacional de Saúde do ano de 1986. 
O foco da VIII Conferência Nacional de Saúde era debater o direito à saúde, além 
do sistema de saúde vigente e seus modelos de financiamento. Entre 
representantes de grupos sociais, políticos e a população em geral, ressalta-se 
que foi a primeira edição da conferência aberta ao público. A Constituição da 
República Federativa de 1988 acatou os principais pontos da proposta, 
disponibilizando, pela primeira vez na história, uma seção destinada unicamente à 
saúde. 
Figura 1. VIII Conferência Nacional de Saúde. Fonte: Conselho Nacional de 
Saúde, 2019. Acesso em: 19/02/2020. 
40
As políticas de saúde pública foram reformuladas a partir da expedição da nova 
Constituição, estabelecendo-se assim um novo programa, o Sistema Único de 
Saúde (ou SUS), que ampliou os níveis de atenção à saúde e rompeu com o 
modelo excludente que condicionava o acesso à saúde à contribuição na 
Previdência Social (MACHADO et al., 2013). A legislação determinou que as 
medidas de saúde passassem a ser unificadas, ou seja, as ações curativas, 
reabilitadoras, preventivas e de promoção à saúde tornaram-se atribuições do 
Ministério da Saúde, isentando a Previdência Social da responsabilidade sobre 
estas.


Sistema Único de Saúde – SUS
O primeiro passo para começar a desvendar o SUS é compreender que um 
sistema é o agrupamento de diversos componentes relacionados, os quais agem 
mutuamente para executar determinada tarefa.
No SUS, o sistema tem como objetivo propiciar cuidados à saúde da sociedade por 
meio de ações curativas, preventivas, reabilitadoras, educativas e promotoras. A 
próxima etapa é assimilar porque o sistema é “único”: o SUS é assim chamado 
devido ao fato de seguir as mesmas diretrizes e princípios por todo o país.
O SUS pode ser definido como um novo preceito organizacional e político voltado 
para a reorganização da saúde pública. Ademais, ele não é considerado um 
sucessor do INAMPS, mas sim um novo programa, completamente diferente, que 
marca na história a conquista do direito universal à saúde, já mencionado na 
Declaração dos Direitos Humanos. Os principais fundamentos do SUS foram 
decididos durante a VIII Conferência Nacional de Saúde e seu estabelecimento se 
deu por meio da Constituição Federal da República de 1988. 
A implementação do SUS é considerada a maior ação de inclusão social da 
história brasileira, sendo um símbolo da política positiva de engajamento do 
governo para com os direitos da população. Com o SUS, a saúde passou a ser um 
direito de todos e uma obrigação do Estado, algo até então inédito, visto que os 
programas anteriores possuíam um caráter centralizador, restrito e excludente. 
Basicamente, as únicas medidas de caráter universal antecessoras ao SUS, não 
condicionadas a outros fatores, foram as campanhas de vacinação promovidas 
pelo Ministério da Saúde.
Todavia, deve ficar claro que a ideologia do SUS é muito mais do que apenas 
oferecer atendimento médico e hospitalar para que a população o acesse quando 
necessário: seu propósito é também atuar antes disso, diminuindo os casos de 
infecções, doenças e sequelas ocasionadas. Assim, o SUS não é apenas um 
serviço ou uma mera instituição pública, mas um amplo sistema que engloba um 
conjunto de unidades e ações que se relacionam na busca de um mesmo objetivo.
41
Todos os usuários do SUS possuem o Cartão Nacional de Saúde (CNS), também 
chamado de cartão SUS, evidenciado na Figura 2. Esse cartão funciona como um 
documento de identificação e possui uma sequência de números únicos. Um dos 
principais objetivos do CNS é registrar o histórico do paciente na rede pública, 
como, por exemplo, a ocorrência de internações e as últimas medicações 
prescritas. O cartão não tem custo e pode ser solicitado até mesmo pela internet.
42


Figura 2. Cartão Nacional de Saúde. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 06/03/2020.
Internacionalmente, o SUS é considerado um dos maiores e mais complexo 
sistema de saúde do mundo, no que tange à sua cobertura e população atendida. 
Entre os programas do SUS que são considerados modelos a serem seguidos, 
destacam-se as campanhas de vacinação, o programa de tratamento do HIV, o 
Sistema Nacional de Transplantes, o fornecimento de remédios para o manejo de 
doenças crônicas não transmissíveis, os hemocentros e o programa Saúde da 
Família.
É importante observar também que a Constituição Federal estabeleceu o SUS em 
1988, mas sua regulamentação se deu pela Lei Orgânica da Saúde n. 8.080/90, 
segundo Greice Bassinello em seu livro Saúde coletiva, de 2014. A legislação que 
rege o SUS, de modo geral, compreende os artigos 196 a 200 da Constituição, as 
Normas Operacionais Básicas (NOB), a Lei Orgânica da Saúde n. 8.080/1990 e o 
Decreto regulamentador n. 7.508/2011. Posto isso, pode-se afirmar que o 
fisioterapeuta, como um profissional atuante no SUS, deve ter conhecimento sobre 
as leis normalizadoras da saúde no Brasil. Agora, observe o que os artigos 196 a 
200 da Constituição afirmam sobre a saúde:
• 

Artigo 196: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido 
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de 
43
doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e 
serviços para sua promoção, proteção e recuperação”;



Artigo 197: “São de relevância pública as ações e servisos de saúde, 
cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua 
regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita 
diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica 
de direito privado”;



Artigo 198: “As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede 
regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único”;



Artigo 199: “A assistência à saúde é livre à iniciativa privada”;



Artigo 200: “Ao Sistema Único de Saúde compete,além de outras 
atribuições, nos termos da lei: controlar e fiscalizar procedimentos, produtos 
e substâncias de interesse para a saúde e participar da produção de 
medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros 
insumos; executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem 
como as de saúde do trabalhador; ordenar a formação de recursos 
humanos na área de saúde; participar da formulação da política e da 
execução das ações de saneamento básico; incrementar em sua área de 
atuação o desenvolvimento científico e tecnológico; fiscalizar e inspecionar 
alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como 
bebidas e águas para consumo humano; participar do controle e fiscalização 
da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos 
psicoativos, tóxicos e radioativos; colaborar na proteção do meio ambiente, 
nele compreendido o do trabalho”. 



PRINCÍPIOS DOUTRINÁRIOS E ORGANIZACIONAIS
Todos os programas sociais precisam de normas para que se assegure o seu bom 
desempenho, e com o SUS não poderia ser diferente. O Sistema Único de Saúde 
possui uma série de princípios e diretrizes que o acompanham desde sua criação e 
sua essência é tudo o que o programa garante à sociedade, direcionando o seu 
funcionamento e gestão. Para conhecer os princípios do SUS, observe 
atentamente o Diagrama 3, notando a divisão aplicada entre princípios 
doutrinários, também chamados de ideológicos, e organizacionais.
44
Diagrama 3. Princípios ideológicos e organizacionais do SUS. Fonte: ARRUDA, 
2017, p. 61. (Adaptado).
Agora, observe com atenção as informações sobre cada princípio (FIGUEIREDO, 
2012; NICOLICH; ROCHA, 2017):



Universalidade: estabelece o acesso à saúde por meio do SUS a todos os 
cidadãos, sem restrições e condicionantes;



Equidade: leva em consideração as diferenças individuais e regionais, oferecendo 
45
mais para aqueles que mais precisam. Equidade não deve ser confundida com 
igualdade, uma vez que esta busca propiciar condições para que todos tenham as 
mesmas oportunidades, podendo, em virtude disto, canalizar mais atenção a 
determinado grupo de pessoas. Para entender melhor a diferença entre igualdade 
e equidade, observe a analogia da Figura 3. Quando a igualdade é priorizada, 
todas as peças de xadrez recebem a mesma quantidade de moedas, 
independentemente de sua altura. Já quando considera-se o princípio da 
equidade, a quantidade de moedas distribuídas é equivalente à altura de cada 
peça, de modo que, no final, todas atinjam o mesmo nível;



Figura 3. Analogia à diferença conceitual de igualdade e equidade. Fonte: 
Shutterstock. Acesso em: 06/03/2020.
•
• Integralidade: considera o paciente como um todo indivisível e todas as 
suas necessidades devem ser atendidas por ações de saúde; 



Hierarquização: organiza em níveis os serviços que têm como objetivo 
atender as diferentes necessidades de saúde da população. Os serviços 
devem funcionar em níveis de complexidade crescente e o acesso inicial ao 
sistema deve ser através do nível primário de atenção, somente os casos 
mais complexos deverão ser encaminhados para níveis secundários e 
46
terciários. Observe o Quadro 1 para compreender melhor a diferença entre 
os níveis de atenção à saúde;
• 

Quadro 1. Níveis de atenção à saúde. Fonte: MOREIRA et al., p. 82. (Adaptado).
• 

Participação popular/social: refere-se à democratização das decisões a 
respeito da saúde pública, principalmente através da participação da 
sociedade no SUS. É a garantia de que o povo estará envolvido na 
formulação das políticas de saúde. Essa participação acontece a partir dos 
conselhos de saúde, que são grupos deliberativos constituídos por 
representantes de toda a população, com uma estrutura estabelecida por 
um número igual de pessoas que representam tanto os usuários quanto o 
Estado e seus respectivos funcionários da saúde e parceiros do setor 
privado; e das conferências de saúde, que são encontros entre diversos 
representantes sociais, que reúnem-se para avaliar o cenário da saúde e 
indicar suas diretrizes políticas. As conferências nacionais acontecem no 
intervalo de tempo de quatro anos, e têm como característica sua 
descentralização e seu fomento nas conferências estaduais e municipais;



Descentralização: trata da distribuição das responsabilidades e poder 
sobre a saúde nas três esferas do governo, visando assim um trabalho mais 
efetivo e com maior controle e fiscalização por parte da população. Esse 
princípio parte da ideologia de que quanto mais próxima do fato a decisão 
for tomada, mais chance haverá de acerto. Com esse postulado, os 
municípios passaram a ser considerados gestores e administradores da 
oferta dos serviços de saúde do SUS, ou seja, responsáveis por determinar 
as políticas de saúde locais de acordo com sua realidade;



Regionalização: define que os serviços de saúde devem funcionar dentro 
de um território bem delimitado e com a definição da população a ser 
47
assistida, ou seja, os serviços de saúde de determinado local têm que 
oferecer todas as modalidades de assistência. No caso da ausência de 
algum serviço, deve-se estabelecer consórcios intermunicipais ou mesmo 
interestaduais;



Resolubilidade: afirma que os serviços de saúde precisam estar 
capacitados para enfrentar e resolver situações até o nível de sua 
competência;



Complementariedade do setor privado: declara que quando a saúde 
pública não for suficiente, é permitida e necessária a contratação de 
serviços privados. 







Cada esfera do governo é responsável por desenvolver, executar, coordenar e 
avaliar os programas de saúde, sendo obrigação do âmbito federal, o Ministério da 
Saúde; do âmbito estadual, a Secretaria de Estado da Saúde; e do âmbito 
Municipal, a Secretaria Municipal de Saúde.


Os princípios do SUS garantem a maioria dos direitos à saúde contemplados pela 
Constituição de 1988. Todavia, esses princípios só começaram a ser realmente 
colocados em prática após a aprovação das Leis Orgânicas da Saúde.
48
FINANCIAMENTO DO SUS
O financiamento do SUS é tripartite, ou seja, atribuído a três âmbitos do 
governo: federal, estadual e municipal, através da afiliação de orçamento da 
seguridade social.
A Lei Complementar n. 141 de 2012 é responsável por definir os percentuais de 
investimento financeiro no SUS por cada setor e, segundo esta lei, os municípios 
têm obrigação de aplicar pelo menos 15% da sua arrecadação anual de impostos 
em medidas de saúde pública, ao passo que os estados, 12% do seu 
recolhimento.
A União é um caso especial, uma vez que sua contribuição é variável e equivale ao 
montante despendido anteriormente adicionado do percentual alusivo à variação 
do Produto Interno Bruto (PIB) do ano anterior ao da lei orçamentária anual. 
Todavia, no caso de variação negativa, o valor não poderá ser reduzido. A União 
repassa recursos monetários a estados e municípios e os estados transferem 
recursos aos municípios. Para compreender melhor o repasse de verbas entre as 
três esferas governamentais, observe o Diagrama 4.
49
Diagrama 4. O caminho das verbas da saúde. Fonte: JUNKES, 2018, p. 
103. (Adaptado).
A transferência dos recursos financeiros entre as esferas governamentais acontece 
por meio dos fundos nacionais de saúde, os quais realizam a gestão e 
estabelecem o patrimônio da saúde em unidades orçamentárias e administradoras. 
Além das contribuições sociais arrecadadas pelos três âmbitos do governo, o SUS 
é financiado também a partir dos seguintes tributos, segundo afirmam Nicolich e 
Rocha em seu livro Sistema Único de Saúde, de 2017:
MUNICÍPIOS
ESTADOS
• Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU);
50
•  Imposto sobre Transmissão de Bens Intervivos (ITBI);
•  Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS);
•  Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF);
• Imposto Territorial Rural (ITR).
Sabendo a origem dos recursos da saúde pública, resta saber onde eles são 
aplicados. Os destinos das verbas da saúde sãoinúmeros e, para facilitar seu 
entendimento, é possível classificá-los em seis categorias, a saber:
• 

Vigilância em saúde;



Gestão do SUS;



Atenção Básica;



Atenção de média e alta complexidade;



Redes de serviços à saúde;



Assistência farmacêutica.

A referência para fiscalização, acompanhamento e controle da aplicação dos 
recursos vinculados em ações e serviços públicos de saúde é o Sistema de 
Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde do Ministério da Saúde 
(SIOPS), desenvolvido para ser uma fonte de fácil acesso a todos aqueles que 
queiram visualizar os gastos públicos.
Um importante ponto discutido sobre o financiamento do SUS é o vínculo entre os 
meios públicos e privados, uma vez que parte das verbas públicas é transferida 
para a rede privada. Segundo dados de 2018 do Banco Mundial, o gasto anual do 
Brasil em saúde é de aproximadamente 8% do PIB, sendo que apenas 3,8% deste 
é destinado ao setor público. Logo, mais da metade deste valor (4,4%) 
corresponde a gastos no setor privado de saúde, o oposto de países 
desenvolvidos que possuem programas semelhantes ao nosso, como a Suécia 
(SALDIVA, VERAS 2018; OPAS, 2019).
O percentual total investido em saúde no Brasil é muito semelhante aos de outros 
países que também dispõem de acesso universal à saúde. Comparando os dados 
dos últimos anos, é possível inferir que os problemas enfrentados pelo SUS não 
são apenas relacionados à falta de investimento financeiro, mas também uma 
questão de má administração e distribuição dos recursos no país.
51
Pacto pela Vida, em Defesa do SUS e de Gestão
Desde sua criação, o SUS demonstra adversidades no que diz respeito à sua 
prestação de serviços; na tentativa de transpor alguns dos problemas de saúde 
pública, foi realizado no ano de 2006 um acordo entre o Ministério da Saúde, o 
Conselho Nacional de Secretários de Saúde e o Conselho Nacional de Secretários 
Municipais de Saúde para o estabelecimento de um pacto de responsabilidades 
administrativas e de atenção à saúde denominado de Pacto pela Saúde.
A criação deste pacto teve como principal objetivo a solução de situações 
consideradas prioritárias na saúde pública. Todos os anos o Pacto pela Saúde 
deve ser revisto, de modo a exaltar as carências de saúde da sociedade e, 
consequentemente, atualizar a lista de prioridades. 
As portarias número 399 e 699 de 2006 regulamentam o Pacto pela Saúde, que 
representa uma medida de descentralização e organização de um sistema 
hierarquizado e regionalizado de condutas do SUS. Objetivando uma melhor 
estruturação e elucidação das prioridades do Pacto pela Saúde, este foi dividido 
em três segmentos (Diagrama 5), a saber: Pacto pela Vida, Pacto em Defesa do 
SUS e Pacto pela Gestão do SUS.
Diagrama 5. Segmentos do Pacto pela Saúde. Fonte: ARRUDA, 2017. p. 90. 
(Adaptado).
52


A ORGANIZAÇÃO DOS PACTOS NOS ÂMBITOS FEDERAIS, ESTADUAIS 
E MUNICIPAIS
Os gestores dos três âmbitos do governo são responsáveis por garantir o acesso à 
saúde para toda a sociedade.


Agora, torna-se necessário analisar as responsabilidades individuais dos governos 
municipais, estaduais e federais na gestão do SUS (BRASIL, 2005):
Municípios 
• Gerenciar e executar os serviços públicos de saúde;
• Celebrar contratos e convênios com entidades prestadoras de serviços 
privados de saúde, bem como avaliar a sua execução;
• Participar do planejamento, programação e organização do SUS em 
articulação com o gestor estadual;
• Executar serviços de vigilância epidemiológica, sanitária, de alimentação e 
nutrição, de saneamento básico e de saúde do trabalhador;
• Gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros;
• Celebrar contratos e convênios com entidades prestadoras de serviços 
privados de saúde, assim como controlar e avaliar sua execução;
• Participar do financiamento e garantir o fornecimento de medicamentos 
básicos.
Estados
• Acompanhar, controlar e avaliar as redes assistenciais do SUS;
• Prestar apoio técnico e financeiro aos municípios;
• Executar diretamente ações e serviços de saúde na rede própria;
• Gerir sistemas públicos de alta complexidade de referência estadual e 
regional;
• Acompanhar, avaliar e divulgar os seus indicadores de morbidade e 
mortalidade;
• Participar do financiamento da assistência farmacêutica básica e adquirir e 
distribuir os medicamentos de alto custo em parceria com o Governo 
Federal;
• Coordenar e, em caráter complementar, executar ações e serviços de 
vigilância epidemiológica, vigilância sanitária, alimentação e nutrição e saúde 
do trabalhador;
53
• Implementar o Sistema Nacional de Sangue, Componentes e Derivados 
juntamente com a União e municípios;
• Coordenar a rede estadual de laboratórios de saúde pública e hemocentros.
Governo Federal 
• Prestar cooperação técnica e financeira aos estados, municípios e Distrito 
Federal;
• Controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse 
para a saúde;
• Formular, avaliar e apoiar políticas nacionais no campo da saúde;
• Definir e coordenar os sistemas de redes integradas de alta complexidade da 
rede de laboratórios de saúde pública, vigilância sanitária e epidemiológica;
• Estabelecer normas e executar a vigilância sanitária de portos, aeroportos e 
fronteiras em parceria com estados e municípios;
• Participar do financiamento da assistência farmacêutica básica e adquirir e 
distribuir para os estados medicamentos de alto custo;
• Implementar o Sistema Nacional de Sangue, Componentes e Derivados 
juntamente com estados e municípios;
• Elaborar normas para regular as relações entre o SUS e os serviços 
privados contratados de assistência à saúde.
• Auditar, acompanhar, controlar e avaliar as ações e os serviços de saúde, 
respeitadas as competências estaduais e municipais. 
Em relação à responsabilidade sanitária:
ESTADOS
• Coordenar e acompanhar, no âmbito estadual, a pactuação;
• Apoiar os municípios para que estes assumam integralmente sua 
responsabilidade de gestor pleno da atenção à saúde; 
•  Fazer reconhecimento das necessidades da população no âmbito estadual 
e cooperar técnica e financeiramente com os municípios;
•  Desenvolver, a partir da identificação das necessidades, um processo de 
regulação, planejamento, programação, monitoramento e avaliação; 
• Apoiar técnica, política e financeiramente a gestão da Atenção Básica nos 
municípios, fazendo um reconhecimento das iniquidades, oportunidades e 
recursos; 
• Apoiar técnica e financeiramente os municípios para que executem com 
qualidade as ações básicas de vigilância em saúde;
• Promover a estruturação da assistência farmacêutica;
• Assumir, quando necessário, transitoriamente, a execução das ações de 
Vigilância em Saúde no município, comprometendo-se em cooperar para 
54
que o município assuma, no menor prazo possível, sua responsabilidade 
plena; 
• Supervisionar as ações de prevenção e controle da vigilância em saúde, 
coordenando aquelas que exigem ação articulada e simultânea entre os 
municípios; 
• Acompanhar e avaliar a Atenção Básica no âmbito do seu território; 
• Apoiar financeiramente os municípios para que garantam a estrutura física 
necessária para a realização das ações de atenção básica; 
• Considerar e valorizar as práticas e saberes populares na organização e 
implementação das ações e serviços de saúde; 
• Manter atualizado o cadastro de estabelecimentos de interesse da vigilância 
sanitária; 
• Proceder investigação, complementar ou conjunta, com os municípios em 
situação de risco sanitário; 
• Monitorar a água de consumo humano; 
• Realizar notificação, investigação e busca ativa de casos inusitados 
notificados, surtos e óbitos; 
• Realizar ações de controle químico e biológico de vetores e eliminação de 
criadouros; 
• Realizar registro, captura, apreensão e eliminação de animais que 
apresentem riscos para a saúde humana. 
• Municípios 
• Executar e fazer a gestão das ações de Atenção Básica, incluindo as ações 
de promoção e proteção; 
• Organizar o acessoa serviços de saúde resolutivos e de qualidade na 
Atenção Básica, viabilizando o planejamento, a programação e a atenção à 
saúde descentralizados; 
• Garantir a integralidade das ações de saúde prestadas de forma 
interdisciplinar, por meio da abordagem integral e contínua do indivíduo no 
seu contexto familiar, social e do trabalho; 
• Identificar as necessidades da população de seu território, fazer um 
reconhecimento das iniquidades, oportunidades e recursos; 
• Desenvolver, a partir da identificação das necessidades, um processo de 
regulação, planejamento, programação, monitoramento e avaliação; 
• Definir a responsabilidade sanitária de cada serviço e equipe; 
• Promover a equidade na atenção à saúde;
• Garantir a estrutura física necessária para a realização das ações de 
atenção básica; 
• Promover a estruturação da assistência farmacêutica;
55
• Desenvolver ações educativas que possam interferir no processo de saúde-
doença da população e na melhoria da qualidade de vida; 
• Assumir a gestão e execução das ações de Vigilância em Saúde realizadas 
no âmbito local, compreendendo as ações de vigilância epidemiológica, 
sanitária e ambiental;
• Assumir a gestão e execução das ações do Programa Nacional de 
Imunização;
• Assumir a execução das ações de vigilância para as doenças transmitidas 
por vetores; 
• Notificar doenças de notificação compulsória, surtos e agravos inusitados;
• Realizar imunização de animais contra a raiva; 
• Valorizar as práticas e saberes populares na organização e implementação 
das ações e serviços de saúde; 
• Gerir laboratórios de saúde pública de âmbito municipal;
• Monitorar a água de consumo humano e contaminantes com importância em 
saúde pública
União 
• Coordenar e acompanhar, no âmbito nacional, a pactuação;
• Apoiar os estados e municípios para que assumam integralmente sua 
responsabilidade de gestor pleno da atenção à saúde; 
• Prestar cooperação técnica e financeira aos estados e aos municípios para o 
aperfeiçoamento da sua atuação institucional na gestão da Atenção Básica; 
• Exercer de forma pactuada as funções de normalização e de coordenação 
no que se refere à gestão nacional da Atenção Básica no SUS; 
• Fazer o reconhecimento das necessidades da população para o âmbito 
nacional;
• Desenvolver um processo de regulação, planejamento, programação, 
monitoramento e avaliação no seu âmbito, considerando a identificação de 
necessidades; 
• Promover a estruturação da assistência farmacêutica;
• Definir e pactuar as diretrizes para a organização das ações e serviços de 
média e alta complexidade; 
• Coordenar, nacionalmente, as ações de prevenção e controle da vigilância 
em saúde, que exigem ação articulada e simultânea entre os estados e 
municípios; 
• Considerar e valorizar as práticas e saberes populares na organização e 
implementação das ações e serviços de saúde; 
• Proceder investigação complementar ou conjunta com os demais gestores 
do SUS em situação de risco sanitário; 
56
• Executar e coordenar as ações de vigilância em saúde, compreendendo as 
ações de média e alta complexidade, de acordo com as pactuações e 
normas vigentes; 
• Realizar inquéritos de fatores de risco. 

AÇÕES ESTRATÉGICAS E PRIORITÁRIAS
O Pacto pela Vida é composto por uma série de compromissos sanitários e sociais, 
provenientes da observação da conjuntura da saúde do país e das prioridades 
deliberadas pelas três esferas do governo – federal, estadual e municipal. Fazem 
parte das ações estratégicas e prioritárias do Pacto pela Vida (BRASIL, 2006; 
LEMOS, 2015; NICOLICH; ROCHA, 2017):
Saude do idoso
Promoção do envelhecimento ativo e saudável; atenção integral à saúde; 
implantação de serviços de atenção domiciliar; acolhimento preferencial em 
unidades de saúde; fomento à participação social; educação permanente dos 
profissionais de saúde em geriatria; apoio a estudos e pesquisas sobre o 
envelhecimento; criação da caderneta de saúde da pessoa idosa, possibilitando 
um melhor acompanhamento por parte dos profissionais de saúde e melhora da 
assistência farmacêutica.
Controle do câncer de colo do útero e de mama
Contribuir para reduzir ao máximo as morbidades e a mortalidade por câncer de 
colo do útero e de mama; aumentar a cobertura do exame preventivo do câncer do 
colo de útero e do exame de mamografia, realizando-se punção em 100% dos 
casos e incentivar a realização da cirurgia de alta frequência para a retirada de 
lesões do colo uterino.
Redução da mortalidade infantil e materna
Reduzir a mortalidade neonatal; diminuir o número de óbitos por pneumonias e 
doenças diarreicas; qualificar os profissionais da saúde na atenção às doenças 
mais prevalentes; desenvolver comitês de vigilância do óbito; garantir o acesso a 
medicamentos para o tratamento dos quadros hipertensivos no parto.
Fortalecer a capacidade de resposta às doenças emergentes e endêmicas
Enfatizar o controle da dengue, hanseníase, tuberculose, malária, hepatite, AIDS e 
influenza; implantar um plano de contingência com ações de vigilância, prevenção 
e controle; criar unidades sentinelas e melhorar o sistema de informação sobre 
estas doenças.
57
Promoção da saúde
Enfatizar a adoção de hábitos saudáveis na população; internalizar a 
responsabilidade individual da prática de atividade física regular e de alimentação 
saudável e combater o tabagismo
Fortalecimento da Atenção Básica
Desenvolver ações de qualificação dos profissionais da Atenção Básica; ampliar, 
consolidar e qualificar o Programa de Saúde da Família (PSF) como modelo de 
Atenção Básica à Saúde nos municípios e garantir infraestrutura necessária ao 
funcionamento das Unidades Básicas de Saúde (UBS)
Saúde mental
Ampliar a cobertura de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS); contemplar com 
o Programa de Volta para Casa, voltado para os pacientes de longa permanência 
em hospitais psiquiátricos.
Fortalecimento da capacidade de resposta do sistema de saúde às pessoas 
com deficiência
Implementar programas estaduais de reabilitação para o atendimento de pacientes 
com deficiência auditiva.
Atenção integral às pessoas em situação ou risco de violência
Desenvolver programas de proteção às vítimas de violência doméstica e sexual; 
aumentar a cobertura da ficha de notificação e investigação de casos de violência.
Cuidados com a saúde bucal
Prevenir o desencadeamento de doenças bucais e educar a população sobre os 
cuidados com a higiene da boca
Saúde do homem
Promover a saúde integral do homem. Observe na Figura 5 um exemplo real de 
campanha que promove os cuidados com a saúde masculina.
O Pacto em Defesa do SUS engloba medidas articuladas pelos governos federais, 
estaduais e municipais para o fortalecimento do SUS como política pública e a 
58
consolidação da reforma sanitária. A prioridade desse pacto é implementar um 
projeto permanente de mobilização social com a finalidade de:
• 

Evidenciar a saúde como um direito de cidadania e o SUS como um 
programa público universal que assegura esses direitos;



Propiciar o incremento de recursos orçamentários e financeiros para a 
saúde;



Controlar o orçamento do SUS, constituído pelos orçamentos das três 
esferas de governo, elucidando o compromisso de cada uma;



Apoiar a mobilização social pela promoção e desenvolvimento da cidadania;



Facilitar o acesso à Carta dos Direitos dos Usuários do SUS.
A carta dos Direitos dos Usuários do SUS foi elaborada em 2006 pelas três 
esferas do governo e pelo Conselho Nacional de Saúde. Sua publicação foi 
um marco importante, uma vez que possibilitou um maior entendimento 
sobre o sistema de saúde público. 
O Pacto pela Gestão determina as obrigações de cada âmbito federado, de modo 
a minimizar as competências adversárias e elucidar as funções de cada um, 
colaborando, assim, para o fomento da gestão conjunta e solidária do SUS. Esse 
pacto se fundamenta nos princípios organizacionais do SUS e suas prioridades 
são duas, a saber:
Definir de forma inequívoca a responsabilidade sanitária

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