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Homeschooling: ensino domiciliar

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Universidade do Oeste de Santa Catarina
Av. Nereu Ramos,1675 D – Bairro Universitário - Chapecó-SC
ALUNOS: GUILHERME WIECZYNSKI e DAILI ANDRIELI DOS SANTOS
DISCIPLINA: DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
Homeschooling: ensino domiciliar
O homeschooling consiste na prática por meio da qual os pais ou responsáveis pela criança ou adolescente assumem a obrigação pela sua escolarização formal e deixam de delegá-la às instituições oficiais de ensino. Assim, em vez de a criança ou do adolescente estudar em uma escola, estudará em sua própria casa, sendo os ensinamentos ministrados pelos pais ou por pessoas por eles escolhidas.
Está modalidade de ensino é permitida em vários países do mundo, como, por exemplo, nos Estados Unidos, Canadá, Portugal, França, Itália, Bélgica, Áustria, Noruega, Austrália e Rússia. Em geral, tais países exigem que o aluno que está em homeschooling faça uma prova anual para avaliação de seu nível escolar.
Existem vários motivos pelos quais os pais ou responsáveis optam pelo ensino domiciliar. Podemos listar alguns mais comuns:
· medo de que os filhos se envolvam com alguns “riscos” do ambiente escolar, tais como violência, exposição a drogas, bullying etc;
· os pais possuem rígidos valores religiosos, morais ou ideológicos e entendem que não há escolas disponíveis que possam transmitir esses mesmos valores para seus filhos;
· os pais entendem que os métodos de ensino formais são ultrapassados ou inadequados;
· os pais desejam que seus filhos aprendam em um ritmo mais rápido do que aquele oferecido com a grade escolar tradicional;
No Brasil esse método de ensino gerou grande polemica e chegou ao Supremo Tribunal Federal por meio do Recurso Extraordinário n. 888815.
Conforme apontado no julgamento do RE 888815 pelo Ministro Relator Alexandre de Moraes, a Constituição Federal não veda de forma absoluta o ensino domiciliar, mas proíbe qualquer de suas espécies que não respeite o dever de solidariedade entre a família e o Estado como núcleo principal à formação educacional das crianças, jovens e adolescentes. 
O estado tem deveras, conforme o texto constitucional, a responsabilidade de fornecer educação, todavia, não é obrigatório para o cidadão utilizar-se somente do serviço público de educação, da mesma forma que outros direitos fundamentais, embora devam ser prestados pelo estado, como por exemplo a saúde, não vinculam ao cidadão que somente utilize-se dos serviços prestados pela administração pública. 
Além disso, uma parte considerável das objeções ao Homeschooling são baseadas em achismos ou noções que, de fato, não encontram aporte na realidade. Tem-se como exemplo disto, a noção de que “jovens educados em casa tem problemas de socialização”. Todavia, em estudo movido pelo Discovery Institute, no qual em um estudo conselheiros escolares treinados assistiram gravações de crianças educadas em casa e não educadas em casa, sem saber quais eram tal, chegou-se, no fim, à conclusão de que não há base para questionar o desenvolvimento social de crianças educadas em casa. 
Para entender melhor este posicionamento, é preciso entender que existem diferenças entre socialização e a socialização escolar. No homeschooling, os jovens se relacionam normalmente com amigos, parentes, vizinhos, participam de grupos de apoio com outras famílias homeschooling, frequentam cursos, fazem esportes, etc. 
Neste mesmo estudo, aportaram-se conclusões como que:
· Alunos graduados que foram educados em casa são ativos e envolvidos em suas comunidades, 71% participam com frequência em serviços comunitários, como treinar times de esporte, voluntariado em escolas ou atuar em associações de vizinhanças ou igrejas, o que só se caracteriza em 37% da população educada tradicionalmente.
· 58.9% afirmam que estão “muito felizes” com a sua vida, comparado com 27.6% da população americana em geral. 73.2% veem a vida como “excitante”, enquanto 47.3% dão a mesma informação.
Desta forma, não encontram-se razões, tanto de natureza pedagógica quanto jurídica, para que o que o Brasil vete o homeschooling, porém, o texto constitucional será um obstáculo para a radical “desescolarização” que vem cada vez mais sendo levada em pauta pelos defensores da educação domiciliar.
É preciso, que a educação domiciliar seja regulada pelo poder legislativo, para que o poder público disponha de mecanismos que supervisionem esta prática, bem como, garantam que esta não incorra em abandono intelectual por parte da família e do estado, sob o risco de incorrer na violação de direitos que devem ser garantidos pelo estado, e, neste sentido, conforme apontado por Alexandre de Morais, “O respeito aos direitos fundamentais, principalmente pelas autoridade públicas, é pilastra mestra na construção de um verdadeiro estado de direito democrático.”
Referências
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Especial 888815/RS, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o acórdão Min. Alexandre de Moraes. Brasília, DF, julgado em 12/9/2018.
CACALCANTE. Márcio André Lopes. Não é possível, atualmente, o homeschooling no Brasil.2018 disponivél em <https://www.dizerodireito.com.br/2018/11/nao-e-possivel-atualmente-o.html>. Acesso em: 15. Maio 2020

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