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1Graduando em Direito da Universidade CEUMA. E-mail: jhonath112451@ceuma.com.br HOMESCHOOLING E A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 HOMESCHOOLING AND THE FEDERAL CONSTITUTION OF 1988 Jhonath Wiuokman Sousa1 Resumo O presente artigo visa examinar a respeito do Direito Constitucional à educação e o tema do Homeschooling (educação domiciliar), comparado com sua utilização em outros países e confrontados com nosso ordenamento jurídico a fim de verificar se a educação domiciliar garante o pleno desenvolvimento do indivíduo, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, objetivos estes previstos no ordenamento jurídico brasileiro trazendo o caráter liberal mediante os impactos dessa perspectiva educacional na educação enquanto direito social. Na primeira seção aborda-se a experiencia do ensino domiciliar nos Estados Unidos, Portugal, Nova Zelândia, Itália e Rússia. Na segunda seção, verificou-se detalhadamente sobre o tema da educação no contexto do Direito Constitucional, do Direito da Criança e do Adolescente e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Na terceira seção examinou-se os projetos de lei atuais sobre o tema oriundos do Senado (PLS 490/2017 e PLS 28/2018) e do Projeto de Lei nº 1.338/2022. Por fim, nas considerações finais, identificou-se as consequências positivas à criança e ao adolescente quando confrontados com a educação escolar tradicional. O método utilizado nesta pesquisa foi o dedutivo, com levantamento bibliográfico e análise doutrinária e documental. para se chegar ao resultado de que o ensino em casa foi considerado constitucional e necessário de uma lei regulamentadora. Concluiu-se que a comunidade homeschooler foi sempre uma realidade no Brasil que necessitou de uma atenção maior para se criar uma lei conforme a situação do país, preservada a segurança e desenvolvimento dos alunos. Palavras-chave: homeschool; direito à liberdade; educação domiciliar; projetos de lei. Abstract The present article aims to assess about the Constitutional Law to education and the theme of Homeschooling, comparing it with the utilization in others countries and confroted with the national legal order, for the purpose to verify if Homeschooling ensures the full developtment of individuals, prepare them to the exercise of citizenship and job qualification. These goals are provided for in the brazilian legal order, which brings liberal caracter by the impacts of this perspective in education as a social right. The first section approach the experience of Homeschooling in the United States, Portugal, New Zealand, Italy and Russia. The second section turns out elaborately about the theme of education in the context of Constitucional Law, of Right of Child and of Teenager, and in the Law of Guidelines and Bases of National Education. In the third section is a reasearch of nowadays draft bills about the theme from Senate (PLS 490/2017 and PLS 28/2018) and of Draft bills nº 1.338/2022. Finally, it was indentified the positives consequences for children and teenagers when confronted with the traditional school education. The method utilized in this research was the dedutive method, with bibliographic survey and doctrinal and documental analises to get the result that Homeschooling was considered constitutional and needed of a regulamentary law. It is concluded that the homeschooler community was always a reality in Brazil and needs more attention to creat a right according to the situation of the country, preserving the seccurity and the developtment of learners. Keywords: homeschool; right to liberty; home education; bills. 1 Introdução A expressão “Homeschooling” é de origem norte-americana e refere-se a propostas para que o processo educacional escolar seja substituído pelo Ensino Domiciliar. Essa metodologia pode ocorrer com a educação ministrada diretamente em casa e/ou por meio de tutores, professores particulares ou especialistas contratados em contraste ao método tradicional. 2 Segundo a Associação Nacional de Ensino Domiciliar (doravante ANED, 2022) em média, os alunos do ensino domiciliar têm rendimento 15 a 30 pontos percentuais a mais que os alunos das escolas públicas. Nessa lógica, a educação é um valor essencial para uma sociedade promover interesses individuais e coletivos, pois serve como um instrumento através do qual as possibilidades do desenvolvimento humano são justificadas. Assim, a educação assume um duplo caráter em seu campo de aplicação, em que dois elementos (a transmissão do conhecimento e o processo de socialização) atuam em sinergia para a transformação do ser humano, como entidade biológica, em um ser social, como um ser humano culturalmente desenvolvido. Segundo a ANED (2022) a prática do Homeschooling já acontece em países dos cinco continentes e estima-se que haja mais de 60 países onde o Homeschooling é legalmente permitido e praticado em regimes de governos diversos democráticos ou não. Constata Vieira (2012) um notável predomínio das populações adeptas do ensino domiciliar nos países anglo- saxões, baseado na hipótese de que a forte tradição jusnaturalista na história britânica tenha favorecido instituições promotoras e instâncias jurídicas favoráveis aos ‘parental rights’. O autor ainda enfatiza a predominância da educação domiciliar em países mais bem situados na escala de desenvolvimento humano e econômico com um número baixo de famílias praticantes nas Américas Central e do Sul e no continente africano (BARBOSA; EVANGELISTA, 2018). Todavia, é de grande importância interpretar que a educação não se alude somente ao mero acesso à escola por intermédio de uma vaga em sala de aula, mas como prevê, a Constituição Federal de 1988 no Artigo 206, VII (BRASIL,1988) é necessário que haja qualidade mínima no ensino oferecido. Assim, no aprofundamento do debate é necessário citar que a garantia de matrículas em escola não significa obrigatoriamente a salvaguarda de uma educação de qualidade, pois é de conhecimento geral que na medida em que aumenta o número de alunos por sala, este reflete diretamente sobre a qualidade do ensino. Segundo Pereira (2021), diante do atendimento e suporte oferecido de maneira individualizada, é possível que sejam alcançados melhores resultados principalmente com crianças com deficiência ou dificuldades cognitivas, pois é fato que o próprio Estado se empenha em atende-las da melhor forma possível, mas constantemente é demonstrado que precariamente o sistema público em uma sala diversa e populosa dificilmente é capaz de prover as necessidades esperadas por estes alunos especiais. Acessoriamente, as crianças com transtorno de déficit de atenção podem ter baixo rendimento em uma sala convencional, tanto pelo barulho quanto pelo fluxo intenso de distrações dos mais variados tipos, assim como os autistas podem ter variações de humor causados por ruídos que afetam diretamente o 3 desempenho desse aluno. Entretanto dentro do ambiente familiar é possível alcançar melhores resultados, devido ao suporte oferecido de maneira individualizada. Fica evidente, portanto, neste trabalho a discussão sobre os limites das liberdades dos pais na escolha dos meios que seus filhos devem ter sua educação provida, levando em conta somente as convicções pedagógicas deixando de lado o contexto moral, ético, politico e ideológico. Partindo desta explanação, este trabalho levanta o seguinte problema: quais as implicações jurídicas para quem adota o Homeschooling? Tal modalidade é amparada por nossa Constituição? Portanto, como objetivo, com base nesse questionamento, este trabalho busca subsídios dentro do contexto normativo atual e na Constituição Federal e os conflitos legais e doutrinários a respeito do Homeschooling. Será apresentada nesse trabalho a problemática no que diz respeito à pretensão dos pais ou responsáveis de escolhero meio de proporcionar a educação aos filhos e, no caso específico, optar pelo Homeschooling e, consequentemente, a impossibilidade do Estado de obrigá-los a matricular os filhos na rede regular de ensino, seja pública ou privada, e de impor sanções em decorrência do não cumprimento dessa obrigação. Justificado o interesse pelo tema, o problema de pesquisa também esbarra em critérios meramente procedimentais que são: o cumprimento de 800 horas aula e frequência de 200 dias letivos como consta no artigo 31 da lei 9394/96 (BRASIL, 1996), portanto aflora o debate entre o público versus o privado, obediência versus liberdade. Ademais nota-se que apesar do ensino domiciliar não ser algo novo, existem várias famílias no Brasil que são adeptas da modalidade, e que mesmo diante de bons exemplos de outros países, nosso país ainda carece de norma constitucional para regular a prática, pois a educação, como direito social, é fator indispensável para o cumprimento do Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, como consta na Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH,1948, Art. XXII). No primeiro capítulo com o intuito de identificar as experiencias do Homeschooling pelo mundo, inicialmente foi apresentado histórico da prática em alguns países, com ênfase nos Estados Unidos e também a legislação correlata do Homeschooling em Portugal, Itália, Nova Zelândia e Rússia, onde pode-se abstrair inclusive bons resultados regulamentares assim como a forma com que a educação domiciliar é ministrada. Mas do ponto de vista normativo, de que forma tais países tratam aqueles que optam pelo Homeschooling? No segundo capítulo busca-se examinar os principais pontos de conflito entre a norma constitucional e o Homeschooling; faz-se necessário abordar as temáticas jurídicas e reais 4 conflitos jurídicos brasileiros diante da utilização do Homeschooling nos âmbitos constitucional e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação e do Estatuto da Criança e Adolescente, pois tais leis obrigam os pais a matricularem seus filhos em alguma escola regular. Interessante frisar diante da falta de normal regulamentadora, o posicionamento do Supremo Tribunal Federal sobre o respectivo tema. O diálogo interinstitucional, assim, é medida que se impõe, mormente no caso de já se conhecer o posicionamento da Suprema Corte acerca de determinada matéria, sobre a qual compete ao Congresso Nacional deliberar. Este trabalho objetiva contribuir com tal dialogo recordando as balizas constitucionais já reconhecidas pelo Supremo Tribunal Federal no que toca ao direito à educação. Mas diante da possibilidade apresentada, ainda existe real conflito entre o Homeschooling e a Constituição Federal de 1988? Já no terceiro capítulo objetiva-se examinar os Projetos de Lei mais relevantes sobre o Homeschooling que tramitam na Câmara dos Deputados e no Senado Federal onde foram analisados e comparados. Diante de tal premissa surge o questionamento: Será que os Projetos de Lei a respeito do tema são ilegais? Ou se os pontos de conflito com outras leis como a LDB e ECA podem ser resolvidos de alguma forma pelos Projetos de Lei existentes? A presente pesquisa utiliza-se de metodologia bibliográfica cujas fontes pois foram constituídas por livros, trabalhos de conclusão de curso e artigos científicos localizados no meio digital; quanto aos objetivos é classificada como descritiva, pois tenta descrever variáveis e dados coletados durante a pesquisa. Optou-se por empregar os métodos procedimentais comparativo, histórico e de interpretação da lei exegético (este último mais típico do campo do Direito). 2 EXPERIÊNCIAS DO HOMESCHOOLING PELO MUNDO Segundo Moacir Gusso (2020), apesar da ideia de educação domiciliar parecer nova, o Homeschooling tem um passado histórico consolidado em outros países, principalmente nos Estado Unidos que é o país onde atualmente tem o maior número de crianças e adolescentes em educação domiciliar (2,2 milhões) (GUSSO, 2020). Evangelista (2017) enfatiza que o Homeschooling nos Estado Unidos surgiu por razões pragmáticas, ou seja, falta de acesso à educação formal. Quem praticava tal modalidade eram escravos, que aprendiam clandestinamente, homens e mulheres de baixa renda, que faziam parte de programas educacionais por correspondência, e também, diplomatas e missionários que se utilizavam, em 5 sua maioria, de currículos por correspondência, uma vez que estavam afastados geograficamente das escolas de seu país (EVANGELISTA, 2017). Objetiva-se através do presente artigo delimitar as experiencias sobre o Homeschooling em alguns países. Mas do ponto de vista normativo, de que forma tais países tratam aqueles que optam pelo Homeschooling? Por sua vez, Andrade (2014) defende que o termo Homeschooling trata não apenas de uma proposta ou método, mas de um movimento social mundial crescente que possui aspirações legítimas e que, de acordo, com o autor: O centro irradiador do Movimento pela Educação Familiar Desescolarizada são os Estados Unidos da América, ao lado de alguns países europeus. A maior parte da literatura disponível provém de autores de nacionalidade estadunidense, ou é encontrada na língua inglesa. [...] durante os anos 1960 e 1970, um movimento Homeschooling teria se levantado para rejeitar a inovação moderna da educação obrigatória, de modo a promover o retorno à abordagem onde os pais são responsáveis pela educação de seus filhos. (ANDRADE, 2014, p. 29). Gusso (2020) afirma que tal movimento surgiu na reforma educacional dos anos 70 que era defendida por John Holt que afirmava que as escolas deveriam ensinar com base nas experiências vivenciadas onde a aprendizagem fosse inserida de forma natural e não impositiva fora do ambiente formal das escolas. Apesar do movimento foi somente nos anos 90 após a condenação de várias famílias em virtude da retirada de seus filhos da escola que a prática foi regulamentada em todo país, porém com legislação própria em cada um dos Estados Norte Americanos, inclusive com avaliação geral feita em provas nacionais como SAT (Scholastic Aptitude Test) e ACT da ACT Inc. (GUSSO 2020). O desempenho dos alunos que estudam em casa comparado aos que estudam em escolas tradicionais é de 15% a 30% maior nas notas escolares (GUSSO, 2020), mas as leis e regulamentações são muito mais favoráveis em alguns estados americanos do que em outros. De acordo com LIMA (2020) como primeiro exemplo temos o estado do Texas, que possui legislação apontada como ideal pelos pais mais resistentes à participação do Estado na educação dos filhos. Na prática, o governo do Texas não mantém nenhum controle sobre as famílias praticantes de ensino domiciliar. Não há avaliações periódicas, nem exigência de formação acadêmica dos pais e nem sequer um registro centralizado de quais famílias adotam a modalidade. O máximo de orientação estatal é a de que as crianças aprendam a ler, escrever, expressar-se bem e calcular. É preciso também que haja um currículo a ser seguido, mas esse é de livre escolha dos pais. (LIMA, 2020). Um bom exemplo está no Estado da California que disponibiliza três opções e as famílias devem informar qual deles deve seguir que variam entre matricular os filhos em escola satélite e os pais recebem instruções de ensino, em outra, matriculando os filhos em escola privada 6 prestando informações ao governo anualmente e por fim, no sistema de tutoria onde a família contrata um professor credenciado pelo Estado para ministrar as aulas (LIMA, 2020). Em alguns países como Áustria, Bélgica, Canadá, Austrália, França, Noruega, Portugal, Rússia, Itália e Nova Zelândia, o ensino doméstico é legalizado. Em outros, proibido, como na Alemanha e na Suécia. Onde é permitido, costuma- se exigir uma avaliação anual dos alunos que recebem educação domiciliar (BERNARDES; TOMAZ, 2016). Segundo Carvalho (2022) Na Europa, cadapaís tem seus próprios ideais com relação ao Homeschooling. Mas é necessário salientar que desde 2000, de acordo com a Carta de Direitos Fundamentais da União Europeia, há uma liberdade na escolha da educação dos filhos por parte dos pais. Isso significa que as famílias têm a opção de escolher a modalidade pedagógica para o processo educacional dos estudantes de acordo com seus valores e crenças. Portugal tem leis sobre a educação domiciliar desde 1949, entretanto a modalidade só foi regulamentada em 2019 pela portaria n° 69/2019 (LIMA, 2020) que estabeleceu as condições e a divisão em ensino doméstico (ministrado pelos pais) e ensino individual (ministrado por professor escolhido pela família que possui a devida autorização). Entretanto, os pais devem matricular seus filhos em uma escola portuguesa. (SETTEE, 2022) Segundo Settee (2022) a Nova Zelândia, que é considerado o terceiro país mais livre do mundo, adota um sistema de liberdade de ensino muito atraente pois os praticantes de Homeschooling podem conseguir uma autorização chamada Certificado de Isenção junto ao Ministério da Educação para que possam educar os seus filhos em casa aliado ao sistema de ensino por correspondência feito pelo “Te Kura” que é o maior sistema educacional neozelandês que é disponibilizado por e-mail e aulas online. A Itália possui a chamada “L’istruzione a casa” ou “educação paterna” regulada pelos Artigos 30 a 33 da Constituição Italiana que reconhece o dever e direito de os pais manterem, instruírem e educarem seus filhos, mesmo que nascidos fora do casamento (SETTEE, 2022), entretanto traz seu ordenamento mais especifico no Artigo 147 do código Civil que afirma que “os pais devem ser levados em conta no processo educacional” (PROFILIO, 2017). Para prática do Homeschooling os pais devem notificar as autoridades escolares italianas chamada “Dirigenti Scolastici”. (SETTEE, 2022). Para fins de regularização de acordo com o sistema italiano afirma Profilio (2017): No caso de escolaridade parental, os pais do aluno, ou quem exerça a responsabilidade parental, são obrigados a apresentar anualmente a notificação prévia ao diretor do território de residência. Esses alunos fazem anualmente o exame de elegibilidade para admissão na próxima turma como candidatos externos em uma escola estadual ou igual. 7 Na Rússia com a expansão dos direitos, o país está experimentando a liberdade de escolher a opção de educação para seus filhos (SETTEE, 2022),"A lei russa afirma especificamente que os pais são os principais educadores de seus filhos" (UNRUH, 2017). Os líderes do ensino em casa estimam que há entre 50.000 e 100.000 crianças russas sendo educadas em casa. Embora essa faixa esteja bem abaixo de 0,5% da população russa em idade escolar (em comparação, as estimativas colocam a crescente comunidade de educação em casa nos EUA perto de 4% da população em idade escolar), coloca a Rússia atrás apenas do Reino Unido entre os países europeus (Donnelly, 2017 apud UNRUH, 2017). A legalização ocorreu em 29 de dezembro de 2012, sancionada pelo presidente Vladimir Putin, estabelecida em seu art. 44, dispõe que os pais ou responsáveis têm o direito de educar e criar seus filhos, além do modelo de escolha do modelo de ensino até a formatura (SETTEE, 2022). No site da ANED em um estudo conduzido feito com adultos pelo Dr. Brian D. Ray (RAY,2019) onde foram entrevistados mais de 7.300 adultos que receberam educação domiciliar por pelo menos sete anos e as estatísticas demonstraram que os indivíduos conseguiram se inserir no mercado de trabalho normalmente. Com conclusão do estudo temos: Os resultados da pesquisa de ponta do Dr. Ray dissipam falsas críticas de longa data sobre a educação domiciliar e parecem indicar que a educação domiciliar produziu adultos bem sucedidos que estão participando ativamente de suas comunidades e que continuam a valorizar a educação para si e para os seus filhos (RAY,2019). Nos Estados Unidos, há ainda quem tenha defendido o homeschooling com base num suposto “direito de saída” (right to exit) dos pais que não concordem com os paradigmas do ensino escolar e não desejem submeter suas crianças ao projeto público educacional. (AZIZ,2022). Pode-se observar que os países que permitem o Homeschooling possuem normas e formas de atuação diversas, pois a legalidade dessa prática varia muito de país para país, alguns inclusive com legislações bem especificas e amigáveis e outros com legislações bem superficiais mesmo tendo a prática liberada no país. 3 A NORMA CONSTITUCIONAL E O HOMESCHOOLING O Homeschooling está diretamente ligado ao direito da liberdade de escolha, premissa constitucional basilar segundo nossa Carta Magna de 1988, em seu artigo 205 e 206, que prevê 8 que a educação é um direito de todos e dever do Estado e da família e possui por base a igualdade de acesso às liberdades como segue: Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - Liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; (BRASIL, 1988). Segundo Fuganti e Fuganti (2022) como visto na redação do texto de lei, há o profundo desejo do acesso ao ensino ao citar os devidos princípios da liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar, mas o caput do artigo 206 da Constituição Federal (BRASIL, 1988) não menciona em nenhum momento que este ensino seja ministrado exclusivamente em uma instituição de ensino, escola, ou do estado. E a produção de conhecimento não pode estar associada a uma caixa de Pandora, somente bastando destampá-la para que todos os problemas educacionais se resolvam. O ato de ensinar não está num lugar determinado, mas em toda parte e reside na interação com todos. (BERNARDES, 2019). Diante da obrigatoriedade escolar e mesmo com as modificações das Constituições estas obrigações persistem e é com base na proteção dada pela Constituição presente que devemos analisar os conflitos entre a norma vigente e a nova metodologia educacional proposta pelo Homeschooling. Mas diante da possibilidade apresentada, ainda existe real conflito entre o Homeschooling e a Constituição Federal de 1988? A Constituição, ainda em seu artigo 210 (BRASIL, 1988), determina a fixação de conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais assim como corrobora no Artigo 229 (BRASIL, 1988) a atribuição aos pais do dever de assistir, criar e educar os filhos menores. Os objetivos constitucionais da educação, de acordo com seu artigo 214 (BRASIL, 1988), tratam-se de: erradicação do analfabetismo; universalização do atendimento escolar; melhoria da qualidade do ensino; formação para o trabalho, e promoção humanística, científica e tecnológica do país. Sendo assim, será de competência do Congresso Nacional editar lei que institua o plano nacional de educação, com 10 anos de duração, visando associar os entes federativos na busca de estabelecer as diretrizes, objetivos, metas e estratégicas que envolvam a manutenção e o desenvolvimento do ensino (MORAES, 2019). Outro tema recorrente nesse debate é o do papel do Estado versus o papel da família na educação das crianças. A quem pertencem os filhos? Ao Estado ou à família? Questões como 9 essas suscitam a análise sobre a função do Estado como responsável maior pelas crianças ou como aquele que apresentaria um papel apenas supletivo e subsidiário, no que diz respeito à responsabilidade pela educaçãodas crianças, que, segundo o artigo 226 da Constituição Federal (BRASIL, 2022), deve ser tríplice e compartilhada entre família, sociedade e Estado. Diante de tal arcabouço constitucional parece que a educação domiciliar não é vedada pelo ordenamento jurídico brasileiro, desde que, é claro, seja respeitado o direito da criança e do adolescente à educação bem como que seja ministrada de acordo com os objetivos e diretrizes estabelecidos no texto constitucional, inclusive quanto ao seu conteúdo e qualidade. Em outras palavras, os legisladores constitucionais têm restrições sobre como tratar com tal assunto. Entretanto a educação que tem um conceito mais amplo, pois não deve ser ensinada apenas nas escolas. Com efeito, estando assegurados os objetivos do desenvolvimento integral da pessoa a sua preparação para o exercício da cidadania e a sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988), bem como o respeito pelos preceitos constitucionais que estabelecem os princípios vetoriais da oferta educativa, bem como assim como a formação do indivíduo e sua integração na sociedade não parece haver uma proibição constitucional de se ministrar educação em casa. O fato de a escola moderna ser há muito tempo a principal fonte de educação formal não pode restringir os direitos fundamentais que a família deve exercer na educação de seus filhos, liberdades que vão muito além do dever pedagógico do Estado. Nesse caso, o importante é a capacitação verificada e avaliada do estudante, pela mediação das unidades escolares devidamente autorizadas, observadas as regras comuns e imperativas dos órgãos normativos. Embora em muitos países, inclusive no Brasil, a obrigatoriedade comece aos 4 anos de idade conforme artigo 2° da Resolução Nº 2, de 9 de outubro de 2018 (BRASIL, 2018), entretanto isso não acontece nas creches, mesmo que seja possível pensar nisso, várias famílias buscam as instituições pré-escolares por motivos relacionados ao mundo do trabalho e não por dar importância à educação infantil em todo o ensino inicial. Por outro lado, com o aumento da complexidade, as sociedades imputam determinadas funções - antes atribuídas à família -, bem como novas funções a outras instituições, algumas sociais, outras ligadas ao Estado. Consequentemente, há um dilema entre socialização familiar e a socialização escolar. Nossa Constituição Federal reconhece o papel de destaque da família quando lhe confere um capítulo da nossa Lei Maior (capítulo VII do título VIII) sinalizando, no art. 227: É dever da família da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente com absoluta prioridade, o direito à vida à saúde à alimentação à educação ao tempo livre, 10 à formação profissional, à cultura ao pundonor ao respeito à liberdade e família. e convivência comunitária (...). (BRASIL, 1988) 3.1 Homeschooling Perante o Estatuto da Criança e do Adolescente e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Ora, a lei 8069/90 conhecida como Estatuto da Criança e do Adolescente (doravante, ECA) coloca como um dos direitos fundamentais da criança e do adolescente o direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer (capítulo IV do Título II) tal como aí expresso em vários artigos como o art. 55: “Os pais ou responsáveis têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino”. Esse artigo é corroborado pelo art. 129 da mesma lei, cujo inciso V assevera “a obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua frequência e aproveitamento escolar”. Tal texto não faz qualquer menção a fase escolar ou mesmo a faixa etária determinando tão somente que é possível que a autoridade determine que os pais ou responsáveis procedam à matrícula e acompanhem o desenvolvimento escolar do filho. Entretanto para efeitos procedimentais reza o artigo 31, inciso II da lei 9394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação (doravante, LDB), (BRASIL, 1996) que reforça a vinculação entre matricula e frequência diária e o cumprimento de 800 horas-aula subdividido em 200 dias letivos de frequência escolar para compor o projeto político pedagógico da escola. Além disso, também dispõe o ECA em seu artigo 54, no §3°, que “compete ao poder público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsável, pela frequência à escola” (BRASIL, 1990). Portanto, para o ECA, a educação escolar, conforme previsto em ambos os artigos, é um direito obrigatório para crianças e adolescentes. As escolas são espaços únicos, indispensáveis e insubstituíveis para ensinar, aprender, promover o desenvolvimento integral e a interação social. Na escola, através do diálogo e da interação direta com outros alunos, professores, gestores e demais profissionais da educação - qualificados para ensinar as mais diversas matérias. Fica claro que o legislador tentou atribuir somente a escola como local de convívio social contínuo e prolongado com o diferente durante a infância e a adolescência e trouxe como requisito fundamental para a formação de sujeitos solidários, empáticos, respeitosos, éticos e democráticos. A priori a educação domiciliar, o Homeschooling, contraria o disposto no ECA. A LDB, por sua vez, defende em seu Art. 4º que “O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de: I - educação básica obrigatória e gratuita dos quatro aos 17 anos de idade, organizada da seguinte forma: a) pré-escola; b) ensino 11 fundamental; c) ensino médio” Conforme já apontado, a Constituição Federal harmonizou-se a tal preceito, ao dispor em seu artigo 208, inciso I. Segundo o artigo 6° da LDB, modificado pela Lei 12.796/2013 prescreve que “é dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula das crianças na educação básica a partir dos 4 anos” (BRASIL, 1996). De acordo com Claudio Bernardes (2019): sem contemplar a educação doméstica, a LDB, que entrou em vigor há 20 anos, quando ainda havia poucos adeptos dessa modalidade, acabou estabelecendo a obrigatoriedade da matrícula em uma instituição de ensino. O argumento para a necessidade de matricular crianças e jovens na educação básica é dar-lhes o direito público subjetivo constitucionalmente garantido ao direito fundamental à educação. Sem prejuízo dos deveres relativos aos pais não está prevista qualquer sanção, salvo os crimes de abandono intelectual, previstos para quem, de qualquer forma, assegure a educação primária de crianças ou adolescentes em idade escolar. Apesar do ECA (BRASIL, 1990) mencionar que a escola seria obrigatória, ao mesmo tempo o Estatuto da Criança e do Adolescente prevê que tal obrigatoriedade é um direito para controle da atuação estatal e não para controle dos pais. Ademais, o ECA não menciona que a obrigatoriedade do ensino deverá ser realizada mediante a matrícula em escola, menciona a lei que o ensino é obrigatório, e o ensino é dever dos pais segundo o art. 1634 do Código Civil (BRASIL, 2002), parte do pátrio poder. (FUGANTI; FUGANTI, 2022). Tais normativos tinham exclusivamente o condão de combater a evasão escolar principalmente na rede pública aliado a fatores como desmotivação da classe de professores, e outros fatores como a necessidade vital das crianças e adolescentes ajudarem no custeio familiar por meio do trabalho. Como podemos conferir no dispositivo: Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio, será organizada de acordo com as seguintes regras comuns: I - a carga horária mínima anual será de oitocentas horas, distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver; II - a classificação em qualquer série ou etapa, exceto a primeira do ensino fundamental, pode ser feita:[...] c) independentemente de escolarização anterior, mediante avaliação feita pela escola, que defina o grau de desenvolvimento e experiênciado candidato e permita sua inscrição na série ou etapa adequada, conforme regulamentação do respectivo sistema de ensino; [...] VI - o controle de frequência fica a cargo da escola, conforme o disposto no seu regimento e nas normas do respectivo sistema de ensino, exigida a frequência mínima de setenta e cinco por cento do total de horas letivas para aprovação. (BRASIL, 1988) Assim, muito embora não haja regulamentação legal para a educação domiciliar no Brasil, especialmente porque as normas que tratam da temática se referem sempre à obrigação 12 dos pais ou responsáveis de efetuar a matrícula dos seus filhos, como já se verificou nos artigos 6° da LDB e 55 do ECA, portanto não há no ordenamento jurídico brasileiro em vigor nenhuma norma jurídica que tenha como conteúdo ou objeto a Educação Domiciliar, seja em caráter permissivo ou proibitivo, e o entendimento dominante e quase pacífico dos sistemas de ensino e do sistema de proteção, promoção e garantia de direitos da criança e do adolescente no Brasil é de que “lugar de criança é na escola” e que a escolarização está constituída, em nosso ordenamento jurídico, como um direito público subjetivo da criança e do adolescente, seu direito fundamental à educação. É verdade que ainda não existe disciplina legal sobre educação domiciliar, sendo omissa a LDB neste ponto. Segundo Barroso (2018) nesse cenário, surge o princípio geral da legalidade, segundo o qual é permitido ao cidadão tudo o que não for proibido em lei razão pela qual sua atuação está pautada por aquilo que o legislador determine ou autorize. Segundo Andrade (2014) por tais razões, fica evidente a necessidade de harmonização legislativa entre o Artigo 55 do ECA, o Artigo 6.º da LDB e o parágrafo 3.º do Artigo 208 da Constituição Federal para constituir o arcabouço jurídico sobre o qual a família brasileira possa viver a experiência, se assim o quiser, de conduzir por seus próprios meios, recursos e capacidades, o processo de escolarização de seus filhos, sem a obrigatoriedade de frequência diária a um tipo de escola que não mais atende suas necessidades e expectativas. É cediço que o posicionamento do Supremo Tribunal Federal tem o condão de servir como fiel da balança de questões tormentosas que dividem doutrina e jurisprudência, o que se repete a respeito do exercício do Homeschooling (BERLINI; FUZIGER, 2020). 3.2 Homeschooling e o Entendimento do Supremo Tribunal Federal No dia 12 de setembro de 2018, o Supremo Tribunal Federal julgou, em regime de repercussão geral, o Recurso Extraordinário nº 888.815, com o objetivo que o conteúdo da decisão possa valer como referência para os demais casos semelhantes. Mas, infelizmente as matérias de imprensa veiculadas em relação ao julgado levam os leitores a interpretar erroneamente uma derrota ao Homeschooling no Brasil quando de fato não é. Realmente, visando entender a transcendência da decisão é crucial entender o caso e os motivos que levaram o STF ter julgado pela improcedência do pleito. Tal recurso foi oriundo do caso de uma criança de 11 anos, residente no município de Canela no Rio Grande do Sul, que requisitou em face da Secretaria Municipal de Educação autorização para providenciar a educação da filha utilizando-se para isso o ensino domiciliar. http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoDetalhe.asp?incidente=4774632 13 Tal pedido foi negado pelo órgão municipal e os pais impetraram mandado de segurança perante a Justiça Local, sendo após sentença o recurso tramitou ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul e posteriormente ao Supremo Tribunal Federal. Em análise o Supremo Tribunal Federal julgou improcedente o pedido dos pais, no entanto, o teor da decisão foi pautado na falta de regulamentação especifica sobre o tema. Segundo a fundamentação adotada pela maioria dos ministros, o pedido formulado no recurso não pode ser acolhido, uma vez que não há legislação que regulamente preceitos e regras aplicáveis a essa modalidade de ensino. Prevaleceu no julgamento a divergência aberta pelo ministro Alexandre de Moraes. O relator do recurso, ministro Luís Roberto Barroso, considerou constitucional a prática de ensino domiciliar a crianças e adolescentes: Ementa: CONSTITUCIONAL. EDUCAÇÃO. DIREITO FUNDAMENTAL RELACIONADO À DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E À EFETIVIDADE DA CIDADANIA. DEVER SOLIDÁRIO DO ESTADO E DA FAMÍLIA NA PRESTAÇÃO DO ENSINO FUNDAMENTAL. NECESSIDADE DE LEI FORMAL, EDITADA PELO CONGRESSO NACIONAL, PARA REGULAMENTAR O ENSINO DOMICILIAR. RECURSO DESPROVIDO. 1. 3. [...]A Constituição Federal não veda de forma absoluta o ensino domiciliar, mas proíbe qualquer de suas espécies que não respeite o dever de solidariedade entre a família e o Estado como núcleo principal à formação educacional das crianças, jovens e adolescentes. São inconstitucionais, portanto, as espécies de unschooling radical (desescolarização radical), unschooling moderado (desescolarização moderada) e homeschooling puro, em qualquer de suas variações. 4. O ensino domiciliar não é um direito público subjetivo do aluno ou de sua família, porém não é vedada constitucionalmente sua criação por meio de lei federal, editada pelo Congresso Nacional, na modalidade “utilitarista” ou “por conveniência circunstancial”, desde que se cumpra a obrigatoriedade, de 4 a 17 anos, e se respeite o dever solidário Família/Estado, [...] (RE 888815, Relator(a): Min. ROBERTO BARROSO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 12/09/2018, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-055 DIVULG 20-03-2019 PUBLIC 21-03-2019) O STF reconhece em sua decisão constitucionalidade do Homeschooling, mas aponta a necessidade de regulamentação por parte do poder legislativo. Segundo Alexandre Magno Fernandes Moreira (2020, apud ZAMBONI, 2020) os princípios fundamentais para defesa da modalidade encontram-se dispostos na Constituição Federal Brasileira, sendo a defesa da dignidade humana e a autonomia da vontade. A educação fornecida pelo estado em seu modelo uniformizado e massificado fere a dignidade humana. Concluindo-se assim a necessidade de liberdade educacional. Na decisão, para o ministro Alexandre de Moraes, a Constituição Federal em seus artigos 205 e 227, prevê a solidariedade do Estado e da família no dever de cuidar da educação das crianças. Já o artigo 226 garante liberdade aos pais para estabelecer o planejamento familiar. Segundo ele, o texto constitucional visou colocar a família e o Estado juntos para alcançar uma 14 educação cada vez melhor para as novas gerações. Só Estados totalitários, segundo o ministro Alexandre, afastam a família da educação de seus filhos. (BRASIL, 2018). Na síntese da fundamentação que sustenta a tese do Recurso Extraordinário nº 888.815: [...]Restringir o significado da palavra educar simplesmente à instrução formal numa instituição convencional de ensino é não apenas ignorar as variadas formas de ensino – agora acrescidas de mais recursos com a tecnologia – como afrontar um considerável número de garantias constitucionais, cujo embasamento se dá, entre outros, pelos princípios da liberdade de ensino (art. 206, II, CF) e do pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas (art. 206, III, CF), tendo-se presente a autonomia familiar assegurada pela Constituição[...]. (BRASIL, 2015). Portanto, no ponto de vista constitucional, não há vedação ao Homeschooling e sob esse aspecto, entretanto a LDB e o ECA apresentam obrigatoriedades especificas quanto a matricula escolar e permanência do aluno na escola assim como o artigo 2° da Resolução Nº 2, de 9 de outubro de 2018 (BRASIL, 2018) que obriga a data de corte etário vigente para matricula em todo território nacional. Todavia pode-se dizer que a educação domiciliar nunca esteve tão perto de se tornar uma realidade legalmente reconhecida no Brasil, o que deve terenormes efeitos positivos na educação e na liberdade educacional do país. 3 PROJETOS DE LEI ATUAIS SOBRE O HOMESCHOOLING A partir da pesquisa realizada através do portal “Simplificou” (NACIONAL, 2022) que é a página de acompanhamento do Congresso Nacional para pesquisar de forma unificada a tramitação da atividade legislativa, podemos constatar que em 26 anos ao menos 15 projetos de lei foram protocolados. Diante de tal premissa surge o questionamento: Será que os Projetos de Lei a respeito do tema são ilegais? Ou se os pontos de conflito com outras leis como a LDB e ECA podem ser resolvidos de alguma forma pelos Projetos de Lei existentes? Das 14 (quatorze) proposições favoráveis à regulamentação do ensino em casa, 12 (doze) são projetos de lei da Câmara dos Deputados e 2 (dois) do Senado. Os dois projetos de Lei do Senado (PLS 490/2017 e PLS 28/2018), ambos propostos pelo Senador Fernando Bezerra Coelho (MDB/PE), possuem mesmo teor com pequenas alterações. O texto do PLS 490/2017 visa acrescentar o Artigo 6-A e alterar o Artigo 23 da LDB (Lei nº 9.394) e o artigo 55 do ECA (Lei nº 8.069/90) para prever a modalidade da educação domiciliar no âmbito da educação básica. Em análise das propostas modificativas cita-se a inclusão da oferta de educação domiciliar mediante autorização especifica e supervisão do 15 respectivo sistema de ensino por meio de avaliação periódica e exames nacionais por meio de regulamento próprio e todos devidamente acompanhados pelo poder público. Nas palavras do Deputado Fernando Bezerra Coelho1 tal projeto justifica-se: Seja pelo seu desencanto com a baixa qualidade das escolas públicas, combinado com o alto custo das instituições privadas, seja pelo ambiente carregado de violência e de desrespeito a princípios básicos de convivência nas instituições escolares de todo tipo, essas famílias têm optado por desenvolver a educação de seus filhos no ambiente doméstico, com observância às individualidades de cada educando, aos seus tempos próprios de aprendizagem e aos valores morais e preceitos éticos do grupo familiar. A experiência também é exitosa em países como Portugal, Austrália, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Finlândia, Inglaterra, Israel, Nova Zelândia, África do Sul, Noruega, entre outros. (BRASIL, 2017). Apesar dos dois projetos serem correlatos, é importante frisar que no Projeto de Lei 28/2018 de autoria do mesmo deputado, há uma sensível alteração no Código Penal para descaracterizar o crime de abandono intelectual abordado no artigo 246 do Código Penal Brasileiro (BRASIL, 1940) em virtude do não provimento à educação primária dos filhos possibilitando assim, a educação domiciliar. Dos vários projetos analisados, podem-se destacar que temas significativos como: drogas, violência (o convívio na escola seria propicio a violência) discurso moral (filhos mais próximos dos pais trariam um comportamento moral satisfatório), má qualidade da escola (os processos educativos são decadentes) e Direito (a liberdade de escolha já prevista no contexto constitucional). Dentre os projetos analisados oriundos da câmara dos deputados, o PL 1338/2022 de autoria do Deputado Lincoln Portela2 está ligeiramente adiantado em relação aos demais pois foi remetido à mesa diretora do Senado Federal em 19/05/2022 e que altera o artigo 23 da LDB. Na análise do referido artigo de acordo com deputado, depreende-se a ideia em que caso os pais optem por escolher a educação domiciliar, deverão formalizar essa decisão em conjunto com a entidade escolar a qual o estudante esteja matriculado uma vez que a matricula anual é obrigatória. Outro ponto importante seria a comprovação dos pais do seu nível de escolaridade, sendo de pelo menos um deles de nível superior ou educação profissional tecnológica, assim como certidões criminais da Justiça Federal e da Justiça Estadual ou Distrital. O projeto ainda prevê a avaliação semestral por equipe multidisciplinar para acompanhamento de alunos com deficiência ou transtorno global do desenvolvimento (BRASIL, 2022). 1 Disponível em https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/131857 2 Disponível em https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/153194 16 Nesse sentido, é importante frisar que os Projetos de Lei que tratam da matéria que tramitam no Congresso Nacional se conformizam com o movimento a favor da educação domiciliar mundial e na contramão ao ensino somente em instituições escolares tradicionais e possuem caráter liberal nas esferas públicas e privadas prevalecendo o direito social e universal da liberdade. Tais projetos através conseguem amparar os usuários de Homeschooling plenamente através de fiscalização e regulamentação além de permitir que mais crianças e pais que queiram se inserir no sistema tenham segurança para fazê-lo. Considerações Finais A família como responsável pela educação dos filhos e suas respectivas escolhas é um direito primário, sendo o Estado auxiliar nessa tarefa. O Homeschooling é um movimento que possui adesão de mais de 60 países que adotam essa modalidade de ensino com as mais diversas regras e sistemas de governo. O direito de educar os filhos é responsabilidade primária da família, estabelecida dentro dos Direitos Humanos e garantida na nossa Constituição, fechar os olhos diante de tal premissa configura grave violação da dignidade da pessoa humana por parte do Estado. De modo preponderante, aparecem as motivações pedagógicas e as alegações de que o ensino regular ou o ambiente de aprendizado convencional é pobre e ineficaz e que a atuação estatal de controle educacional não representa um modelo sólido de ensino. Nesse sentido, no primeiro capítulo, pode-se observar que dentre os países averiguados que aprovam o Homeschooling, as legislações são amigáveis e comportam a adesão dos praticantes sem demais trâmites burocráticos impeditivos. Fora observado no segundo capitulo que a LDB e o ECA mesmo possuindo normas que compelem a matricula escolar e frequência diária em instituições de ensino, o condão constitucional instituído nos artigos 205 e 206 podem trazer luz a implementação do ensino domiciliar no Brasil. Fundamentalmente o Homeschooling não coloca em jogo a extinção das instituições escolares, mas sim a autonomia das famílias decidirem sobre a educação dos seus filhos e para serem capazes de adequar o ensino às necessidades individuais de cada criança resguardando seu direito natural e fundamental. Tal propósito tem como objetivo a formação do senso de realidade, consciência plena e para almejar aprendizado eficiente e eficaz. Dessa maneira, foi visto no terceiro capítulo que o Legislativo brasileiro tem discutido o assunto a partir de vários Projetos de Lei, em destaque os PLS 490/2017 e PLS 28/2018 ambos 17 propostos pelo Senador Fernando Bezerra Coelho do MDB/PE e o projeto de lei 1338/2022 oriundo da câmara dos deputados de autoria do deputado Lincoln Portela do PR/MG. Contudo este último traz um contexto normativo mais robusto e bem detalhado da atuação dos pais e do governo frente ao Homeschooling. Diante do Recurso Extraordinário número 888815, o Supremo Tribunal Federal reconheceu a possibilidade constitucional de ministração do ensino domiciliar no Brasil, contudo deve haver norma editada pelo Congresso Nacional sob lei Federal com a sua devida regulamentação. Portanto, para quem adota atualmente o Homeschooling pode sofrer implicações jurídicas diversas, inclusive incorrendo no crime de abandono intelectual elencado no código penal, mesmo que a modalidade tenha condão constitucional, o tema de repercussão geral no Supremo Tribunal Federal ainda aguarda lei que o regulamente. A imprescindibilidade da regulamentação legislativa do Homeschooling no Brasil possui caráter emergencial, pois existe um contingente considerável de famíliasque adotam essa modalidade, que foi considerada compatível com a CF/88 pelos ministros do Supremo Tribunal Federal. Porém, devido à falta de norma reguladora diversas famílias estão impossibilitadas em ministrar o ensino domiciliar. 18 Referências ANDRADE, Édison Prado de. A Educação Familiar Desescolarizada como um Direito da Criança e do Adolescente: relevância, limites e possibilidades na ampliação do direito à educação. 2014. 403 f. Tese (Doutorado) - Curso de Doutorado em Educação, Usp, São Paulo, 2014. 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