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Bruna Costa Wanderley PEDIATRIA Abril/2019 1 Infecções das Vias Aéreas Superiores (IVAS) São as causas mais comuns de atendimentos na prática clínica em Pediatria: § Rinossinusite viral aguda, resfriado, resfriado comum § Gripe § Crupe, Laringite § Faringotonsilites § Rinossinusite aguda bacteriana § Otite Média aguda 1. RINOSSINUSITE VIRAL AGUDA OU RESFRIADO OU RESFRIADO COMUM: • + de 200 vírus diferentes; • 2 a 7 episódios por ano; • 14 episódios por ano, crianças na escola; • É uma doença autolimitada; • Modos de contágio: tosse, espirro, objetos como brinquedos. • Principal sintoma: Febre Primeira fase: Febre por 2 a 3 dias, dor de garganta, espirros, coriza clara, obstrução nasal, tosse, inapetência, prostração. Pior no 3º a 6º dia. Segunda fase: Secreção nasal purulenta* nos últimos dias. Dura até 10 dias ou mais. * Descamação epitelial e presença de polimorfonucleares (pode ser a justificativa para a secreção nasal, ao final, ser esverdeada). Caso o paciente curse com essa secreção + piora do estado geral, pode ser indicativo de infecção bacteriana. • Rinovírus: + frequente • Adenovírus: febre e conjuntivite • Vírus Sincicial respiratório: bronquiolite • Parainfluenza: laringite • Cocksakie: Úlceras e vesículas no palato • Epstein Barr: mononucleose infecciosa a) Exame Físico: • Coloração da mucosa nasal e o aspecto da secreção; • A secreção inicialmente é hialina, depois mucóide e, por último, francamente purulenta (verde e espessa) e isto não significa que a infecção seja bacteriana. è Pode durar por 2 semanas ou mais. b) Tratamento: • Sintomático c) Complicação da IVAS viral: • Otite média aguda (30%); Mais comum. • Rinosssinusite aguda bacteriana. è Apenas 0,5% a 10% das IVAS virais poderão evoluir para rinossinusite aguda bacteriana. 2. GRIPE: Agentes etiológicos: • Influenza Humana A (H1N1 e H3N2) e Aviária (H5N1) • Influenza B – menos grave a) Quadro clínico: • Febre elevada de início súbito; • Face avermelhada; • Calafrios; • Mal-‐estar; • Mialgia. è Sintomas respiratórios iniciais são discretos: coriza, dor de garganta e tosse seca. b) Teste rápido: swab nasal (59% de sensibilidade e 94,6^ de especificidade) c) Tratamento: Oseltamivir (tamiflur) d) Prevenção: Vacina Influenza Humana A (H1N1 e H3N2) e Aviária (H5N1) Influenza B – menos grave Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG): População de risco: • Gestantes ou puérperas até 2 semanas de parto; • Doenças crônicas; • Maior ou igual a 60 anos; • < ou igual a 2 anos; • < 19 anos em uso de AAS; • População indígena aldeada. TRATAMENTO E PROFILAXIA – OSELTAMIVIR Em crianças: Diluir 1 cp em 5ml de água – 15mg/ml 3. LARINGITE, CRUPE, LARINGOTRAQUEÍTE, LARINGOTRAQUEOBRONQUITE: LARINGITE • Estridor inspiratório; • Tosse ladrante (“de cachorro”); • Disfonia; • Febre baixa, coriza, e congestão nasal; Bruna Costa Wanderley PEDIATRIA Abril/2019 2 a) Etiologias: Viral (parainfluenza tipo 1, 2 e 3), VSR, adenovírus e o influenza, infecções bacterianas secundárias. b) Tratamento: ® Nebulização com adrenalina (epinefrina); ® Corticoide: Predinisolona ou Dexametazona 4. FARINGOTONSILITES • Mais comum ser viral, principalmente, nas crianças menores que 5 anos (PENSAR PRIMEIRO EM VIRAL). Maior que 5 anos, pensar em BACTERIANO, ppt S. beta-‐ hemolítico do grupo A. • Agentes virais mais importantes: adenovírus, influenzae, coxsackie A e B, herpes simples, sincicial respiratório, citomegalovírus e Epstein-‐Barr (é um agente viral mas que tem um quadro bem parecido com o bacteriano). • Apesar da maior prevalência da etiologia viral, antibióticos são usados em larga escala; • O antibiótico é utilizado principalmente para: Prevenir febre reumática, glomerulonefrite; • Prevenir as complicações supurativas (linfadenite cervical, abscesso peritonsilar); • Aliviar os sintomas e obter cura rápida; • Previnir transmissão por contatos escolares e domiciliares. VIRAL BACTERIANA: Quadro Clínico: • Tosse, coriza, conjuntivite, rouquidão, diarreia e outros sinais de infecção viral • Febre • Odinofagia • Hiperemia com ou sem exudato Quadro clínico/exame físico: • Febre alta (maior que 38,5 C) • Adenomegalia sub ângulo-‐mandibular • Odinofagia • Hiperemia e exudato prurulento • Ausência de tosse, coriza, rouquidão, diarréia • Petéquias no palato ou exatema; patognomônico • Vômito; • Dor abdominal; • Cefaleia; • Calafrios; • Prostação; Exame físico: congestão e aumentos das amigdalas com exsudato purulento e petéquias no palato Tonsilites Bacterianas • Streptococcus beta-‐hemolítico do grupo A (20 a 30%); Única justificativa para usar antibiótico!!! • Staphylococcus (20%); • Haemophylus influenzae (15%); • Moraxela (15%); a) Diagnóstico para os 2 casos: • Sinais preditivos; • Exames complementares; • Cultura da orofaringe; • Teste rápido para a detecção do Streptococcus; b) Tratamento • Com exceção de situações peculiares, individuais e recorrentes, aparentemente não há necessidade de tratamento de faringotonsilites causadas por bactérias que não o Estreptococos Beta hemolítico do grupo A. Em reusmo: a única indicação para antibioticoterapia é nos casos de infecção por Estreptococos Beta hemolítico do grupo A. Opções: • Penicilina Benzatina, dose única; • Penicilina V por 10 dias; • Amoxicilina; • Alérgicos a penicilinas: eritromicina ou claritromicina por 10 dias. Obs: os alérgicos a penicilina podem ser alérgicos a cefalosporina, sendo assim, opta-‐se por macrolídeos. FARINGOTONSILITE RECORRENTE: • 7 ou mais episódios em um ano; • 5 episódios por ano em 2 anos consecutivos; • 3 episódios ao ano em 3 anos consecutivos. Tratamento: amoxicilina + ácido clavulânico. MICROBIOLOGIA: • Semelhante ao do quadro agudo; • Quantidade razoável de H. influenza e S. aureus produtores de betalactamases; • Antibióticos alteram a microflora da tonsila (estreptococo alfa, que é um elemento protetor da tonsila); 5. RINOSSINUSITE BACTERIANA AGUDA • Rinossinusite aguda: é uma inflamação da mucosa que reveste as cavidades paranasais; • Podem ser de origem alérgica, irritativa, viral ou bacteriana; • Incidência: 6,5% a 13% (após os episódios de resfriados). a) Anatomofisiolgia • Seios paranasais: Maxilares, células etmoidais, seios esfenoidais e seios frontais • Ao nascer: Seios Maxilares, os seios esfenoidais e 2 a 3 células etmoidais; Bruna Costa Wanderley PEDIATRIA Abril/2019 3 • 4 anos: Seios etmoidais formados; • 5 anos: Seios frontais.b) Agentes etiológicos mais comuns: • Streptococcus pneumoniae (30%) • Haemophilus influenzae (20%) • Moraxella catarralis (20%) • Staphylococcus aureus c) Classificação quanto a duração: • Aguda: até 12 semanas • Recorrente: + de 6 episódios agudo/ano • Crônica: + de 12 semanas è Doença persistente: secreção nasal e/ou tosse por mais de 10 dias sem melhora è Quadro piorando: piora ou novo pico de secreção nasal, tosse ou febre depois de uma melhora inicial è Início grave: febre 39°C e secreção nasal por mais de 3 dias consecutivos d) Sinais e sintomas: • Secreção nasal purulenta (+ Unilateral); • Secreção posterior na faringe; • Tosse (pior à noite ou ao se levantar); • Febre > 38°C; • Recaída dos sinais e sintomas; • Dor local grave (+ unilateral). e) Diagnóstico: • Deve ser feito em bases clínicas • Radiografia simples, tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética de seios para nasais não são recomendados; • Nasofibroscopia: secreção mucopurulenta no meato; f) Tratamento Antimicrobianos • Primeira escolha: Amoxicilina 50mg/kg/dia de 12/12h ou 8/8h por 10 a 14 dias • Alergias a penicilinas: Macrolídeos • Para pneumococo resistente: Dose dobrada da amoxicilina (90mg/kg/dia) • Quando Haemophilus influenzae (20%) e Moraxella catarralis: Amoxicilina com clavulonato, cefuroxima. • Se não resolver: cefalosporina de segunda geração; • 50% não tratados melhoram espontaneamente; Na pratica: não melhorou, dobra amoxicilina + clavulonato. Em resumo: o diagnóstico de rinossinusite aguda bacteriana é clínico!!!!! 6. OTITES NA INFÂNCIA: a) Anatomia da Orelha b) Introdução: • 95% das OMAs é precedida de IVAS; • Durante a infecção viral, as bactérias que colonizam a nasofaringe podem entrar pela tuba auditiva ate a orelha média; • Otite média aguda(OMA) é a doença bacteriana mais frequente na infância. c) Agentes etiológicos: • Viral (10 a 20%): vírus sincicial respiratório, adenovírus, Influenza A ou B • Bactérias (70%): • Streptococcus pneumoniae (15 –35%) • Haemophilus influenzae (15 – 25%) • Moraxella catarralis (10 – 20%) • Staphylococcus aureus d) Fatores de risco para OMA: • Fumo passivo; • Uso de chupetas; • Privação do leite materno; • Predisposição familiar; • Permanência em creches; • Rinite alérgica; • Condições socioeconômicas. e) Definições: • Sintomas locais e sistêmicos associados a sinais de inflamação aguda da orelha média • Pode ter etiologia viral ou bacteriana • Otite média aguda acomete 90% das crianças urbanas até 2 anos • É a principal razão para o uso de antimicrobianos em crianças; f) Sinais e sintomas da OMA: è Início rápido de sintomas e sinais de inflamação: • Otalgia (50-‐75&); • Febre (20-‐40%); • Irritabilidade; • Otorréia; • Alteração do sono; • Presença ou ausência de anorexia, náusea ou vômitos; • Puxar a orelha. g) Microbiologia • Viral (10 a 20%): vírus sincicial respiratório, adenovírus, Influenza A ou B • Bactérias (70%) • Streptococcus pneumoniae (40 – 50%) Bruna Costa Wanderley PEDIATRIA Abril/2019 4 • Haemophilus influenzae (30 – 40%) • Moraxella catarralis (10 – 15%) h) Diagnósticos • Sintomas levam à suspeita do diagnóstico: febre, irritabilidade, otalgia, otorréia recentes, entre outros • Podem variar de acordo com a faixa etária da criança • Confirmação diagnóstica: otoscopia (paciente sentado). Otoscopia • Abaulamento: sinal mais importante com sensibilidade de 67% e especificidade de 97% • Hiperemia: nem toda hiperemia é OMA, nem toda OMA tem hiperemia • Perfuração: quando ocorre, é puntiforme e pode drenar secreção pulsátil • Triângulo luminoso não tem valor diagnóstico i) Tratamento com antibiótico, quando? Resumo: • Em crianças acima de 2 anos mostra 81% de cura espontânea; • De 0 a 6 meses: sempre antibiótico; • Entre 6m e 2 anos: só não usa se for unilateral e sem otorréia. j) Tratamento Antimicrobianos • Primeira escolha: Amoxicilina 50mg/kg/dia de 12/12h ou 8/8h por 7 a 10 dias • Se a criança já foi tratada com antibiótico recentemente (<30 dias): deve ser utilizado amoxicilina em dose dobrada com clavulonato. (PROFESSOR FALOU PARA PRESTAR ATENÇÃO NA QUESTÃO DA PROVA, SE A CRIANCA TINHA FEITO USO DE ANTIBIOTICO RECENTE) • Alergias a penicilinas: Macrolídeos • A permanência de nível hidroaéreos, bolhas de ar e diminuição da translucidez da MT ocorre em 70% dos casos após o tratamento e não necessita novo curso de antibióticos. A alteração da membrana timpânica pode permanecer por 3 meses e não necessita de retratamento. Otite média agua recorrente: 1. Recomendações • Vacina de penumococcia conjugada; • Vacina anual contra influenza; • Aleitamento materno exclusivo por 6 meses; • Evitar exposição a fumaça de cigarro. Taxa de Resolução espontânea da Otite Média Aguda -‐> 81%. (Para todos as crianças ou só acima de 2 anos?)
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