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Anne Karen Reis PEDIATRIA IVAS – Infecções das Vias Aéreas Superiores RESFRIADO COMUM – RINOFARINGITE AGUDA É uma das grandes causas de consultas pediátricas em lactentes e pré-escolares. Epidemiologia → Crianças pequenas (até 3 anos) têm de 6 a 7 resfriados por ano. Se frequentam a creche no primeiro ano de vida, essa frequência aumenta em 50%. Transmissão → por contato direto e aerossol. Incubação → 1 a 3 dias após contato. Principais agentes infecciosos → Rinovírus, coronavírus e vírus sincicial respiratório. QUADRO CLÍNICO • Odinofagia (dor ao engolir); • Obstrução nasal (devido edema da mucosa nasal); • Rinorreia; • Mialgia; • Febre de pequena duração; • Tosse em 30% dos casos. Duração de 1 semana (nos alérgicos se prolonga). TRATAMENTO Sintomático → antipirético e analgésicos. Não se prescreve vasoconstritor para crianças < 2 anos. Orientar → aumentar oferta hídrica e de alimentos de fácil deglutição. Vitamina C → não há comprovação de que a vitamina C diminua o episódio de virose. Rinorreia → Anti-histamínicos de 1º geração Não prescrever AAS → evitar Síndrome de Reye SINUSITE Crianças pequenas não têm sinusite → o único seio da face existente ao nascimento é o seio etmoidal. • Seio Maxilar aerado aos 4 anos; • Seio Frontal a partir de 7 anos. Complicação mais grave → meningite (só ocorre na sinusite frontal). Principais agentes infecciosos → Pneumococo (30%), Haemophilus não tipáveis (20%), Moraxella Catarrhilis (20%) e outras etiologias (30%). PATOGÊNESE Rinossinusite viral ↓ Edema e inflamação ↓ Bloqueio da drenagem dos seios ↓ Proliferação bacteriana Condições predisponentes para sinusite bacteriana → IVAS, creches, rinite alérgica e exposição ao cigarro. QUADRO CLÍNICO • Congestão e descarga nasal; • Tosse persistente; • Febre com uma duração maior (5-6 dias); • Secreção nasal mais consistente. DIAGNÓSTICO O diagnóstico da sinusite é clínico → raio X não é um exame adequado para se diagnosticar. Tomografia Computadorizada → é o exame ideal, mas geralmente pedido em casos com maior gravidade. TRATAMENTO Lavagem nasal com soro fisiológico → 1 ml em cada narina, de 2 – 2h. Antibioticoterapia → Amoxicilina. Caso a criança não apresente melhora, é possível associar com Clavulanato ou apenas dobrar a dose de Amoxicilina. Normalmente temos boa resposta após 3 dias. Anne Karen Reis PEDIATRIA FARINGITE BACTERIANA AGUDA QUADRO CLÍNICO • Início súbito → indicativo de doença bacteriana; • Odinofagia e bebre alta; • Faringe bem avermelhada e com presença de exsudato; • Petéquias no palato mole → falam mais em favor de infecção viral; • Linfonodos cervicais aumentados; • Sinais de escarlatina → língua em framboesa, Sinal de Filatov (palidez peri- oral) e Sinal de pastia (exarcebação do exantema nas regiões de dobras). Principal agente infeccioso → Estreptococo B hemolítico do grupo A DIAGNÓSTICO • Hemograma → leucocitose à custa de segmentados (neutrófilos); diagnóstico diferencial com a monocleose. Na mononucleose infecciosa, o hemograma apresenta leucocitose com linfocitose. Tratamento com sintomáticos. Faringite recorrente → indicação de amigdalectomia se mais de 3 episódios no semestre ou 6 ao longo do ano. COMPLICAÇÕES Supurativas → Abcesso amigdaliano (é necessário intervenção cirúrgica) Não supurativas → Febre reumática, GNDA (glomerulonefrite difusa aguda) TRATAMENTO • Penicilina; • Alérgicos → eritromicina e azitromicina; • Resolução espontânea em alguns dias; • Resolução 12h-24h com antibioticoterapia. ABSCESSO AMIGDALIANO Sintomas → Dor de garganta, febre, trismo, disfagia (dificuldade de deglutição). Tratamento → Antibiótico, drenagem cirúrgica (agulha) e amigdalectomia pós resolução. OTITE MÉDIA AGUDA Doença bacteriana mais prevalente na infância e causa mais comum de prescrição de antibiótico para crianças. 80% das crianças terão ao menos 1 episódio até a idade de 3 anos. Pico de incidência → 6-20 meses Otoscopia difícil (lactente) → doença sub e super diagnosticada. Característica importante → propensão á recorrência ou à cronicidade. Principais agentes infecciosos → Haemophilus não tipáveis (20-30%) e Moraxella Catarrhilis (10- 15%). FATORES DE RISCO Idade < 2 anos • Menor resposta imunológica • Tecido linfóide mais abundante; • Retificação da trompa de Eustáquio (a trompa menor e mais horizontalizada → refluxo de secreção nasofaringe, contribuindo para o acúmulo de secreção); • Muito tempo na posição horizontal. Sexo → Masculino > feminino Fator socioeconômico → Aglomeração, desnutrição, assistência médica precária, falta de medicamentos. Exposição ao fumo Leite materno x fórmula Creche → Exposição a outras crianças → maior número de resfriados. Anne Karen Reis PEDIATRIA VACINAS A vacina pneumocócica conjugada 10-valente (VPC10) previne cerca de 70% das doenças graves (pneumonia, meningite, otite) em crianças, causadas por 10 sorotipo de pneumococos. A vacina pneumocócica conjugada 13-valente previne cerca de 90% das doenças graves (pneumonia, meningite, otite) em crianças, causadas por 13 sorotipos de pneumococos. DIAGNÓSTICO A vermelhidão da membrana timpânica isoladamente é insuficiente para diagnóstico de otite média (choro pode ser a causa). Otoscopia → observa-se abaulamento da membrana timpânica. • Membrana timpânica de moderada a intensamente abaulada ou otorréia de início recente; • Membrana timpânica levemente abaulada + otalgia; • Membrana timpânica levemente abaulada + hiperemia intensa. COMPLICAÇÃO Síndrome otite média + Conjuntivite • Conjuntivite purulenta OMA ipsilateral; • Etiologia → Haemophilus não tipáveis; • Colírios são insuficientes; • Há necessidade de antibiótico oral → Amoxicilina; Azitromicina para alérgicos FATORES EM DEFESA DO PRONTO INÍCIO DE ANTIBIÓTICOS NA OMA 1. Provocada por bactérias patogênicas; 2. Melhora mais rápida e definitiva com antibióticos; 3. O antibiótico diminui o risco de complicações supurativas. TRATAMENTO • Amoxicilina; • Se houver falha → Amoxicilina + clavulanato; • Clindamicina → útil contra o pneumococo resistente, não é ativa contra Haemophilus ou Moraxella.
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