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Slides - Metodologia do Ensino de Geografia

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METODOLOGIA DO ENSINO DE 
GEOGRAFIA 
Profª Roneide Sousa 
DA HISTÓRIA DA GEOGRAFIA 
ÀS CATEGORIAS GEOGRÁFICAS 
(OU ESPACIAIS) 
Introdução aos Estudos Geográficos 
 A construção do conhecimento geográfico é resultado da 
contribuição de diferentes pensadores nas mais diferentes 
áreas do conhecimento ao longo da história; 
– Gregos -> Sistematização; 
– Romanos -> Ciência Geográfica; 
– Eratóstenes, Tales de Mileto, Heródoto -> Geografia Científica. 
 
 Tales de Mileto 
DA HISTÓRIA DA GEOGRAFIA ÀS CATEGORIAS GEOGRÁFICAS (OU ESPACIAIS) 
Geografia 
Filosofia 
Matemática 
Introdução aos Estudos Geográficos 
 Ainda na Antiguidade, destaca-se a influência de pensadores 
como Estrabão e Ptolomeu: 
– Estrabão -> Viagens, Descrição e Geografia Política. 
– Ptolomeu -> Concepção ptolomeica do Universo, a qual 
considerava que a Terra estava no centro do Universo (Teoria 
Geocêntrica). 
DA HISTÓRIA DA GEOGRAFIA ÀS CATEGORIAS GEOGRÁFICAS (OU ESPACIAIS) 
Introdução aos Estudos Geográficos 
 As grandes transformações ocorridas na Europa e no Mundo 
durante a Idade Média (Séc. V ao XV) resultam em novas 
concepções e compreensões do Espaço Geográfico. 
 
 Destaca-se o avanço significativo da Cartografia e Navegação 
durante Revolução Comercial e a Expansão Marítima durante a 
transição da Idade Média para a Idade Moderna. Além disso, o 
Renascimento Cultural e Urbano em subsequência propiciou o 
desenvolvimento de um aparato teórico e técnico de grande 
importância para a Ciência Geográfica. 
DA HISTÓRIA DA GEOGRAFIA ÀS CATEGORIAS GEOGRÁFICAS (OU ESPACIAIS) 
Instrumentos de 
navegação 
 
Sextante 
Bússola 
 Séc. XVIII – Immanuel Kant; 
 Séc. XIX – Alexander Von Humboldt; Carl Ritter; 
– Estudos da paisagem a partir da classificação e individualização 
dos elementos. Os desenhos sistemáticos desenvolvidos por 
Humboldt em suas inúmeras viagens alavancaram os estudos no 
ramo da Botânica e da Ecologia Vegetal. 
 Séc. XIX e XX – Forte desenvolvimento da Ciência Geográfica 
– Duas grandes Escolas: ALEMANHA e FRANÇA 
 
 
DA HISTÓRIA DA GEOGRAFIA ÀS CATEGORIAS GEOGRÁFICAS (OU ESPACIAIS) 
Humboldt 
Ritter 
Geografia Clássica 
 Estudos descritivos, desenvolvimento posterior à Revolução 
Industrial; Análise da ação antrópica sobre o espaço, sobretudo 
devido às formas de produção; 
Surgimento de duas grandes correntes filosóficas: 
 Escola Alemã – Determinismo; 
– Influência das condições naturais sobre a sociedade; Expoente: Friedrich 
Ratzel; 
– Empirismo (observação e descrição); racionalismo positivista (verdade 
através do conhecimento científico); 
 Escola Francesa – Possibilismo; 
– Influência das ações do homem sobre o meio; Expoente: Vidal de La 
Blache; 
– Gênero de Vida – Conjunto de atividades cristalizadas pela influência dos 
costumes, da cultura; conceito de região. 
DA HISTÓRIA DA GEOGRAFIA ÀS CATEGORIAS GEOGRÁFICAS (OU ESPACIAIS) 
Geografia Quantitativa ou Nova Geografia (New 
Geography) 
 
 Surgiu da necessidade de compreender a organização espacial para 
poder planejar e agir nesta organização – (re)organização espacial; 
 Influência do meio técnico-científico-informacional; 
 Elaboração de técnicas para melhor trabalhar e analisar os 
fenômenos geográficos; 
 O IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - sofreu forte 
influência da Nova Geografia. 
DA HISTÓRIA DA GEOGRAFIA ÀS CATEGORIAS GEOGRÁFICAS (OU ESPACIAIS) 
Geografia Crítica (Radical) 
 
 Surgiu a partir da segunda metade da década de 1970; influência de 
movimentos sociais e contracultura; 
 Visava tratar a problemática social, criticando as desigualdades e o 
forte desenvolvimento industrial que exerceu impacto significativo 
sobre a natureza e sociedade; 
 Desenvolvimento desigual e combinado; 
 Marxismo enquanto base ideológica; 
 Propiciou o desenvolvimento da Geografia 
Cultural, Socioambiental e Fenomenológica. 
DA HISTÓRIA DA GEOGRAFIA ÀS CATEGORIAS GEOGRÁFICAS (OU ESPACIAIS) 
Milton Santos 
O surgimento da escola no Brasil 
 No início do século XIX europeu, quando a 
Prússia almejava fundar o Estado-Nação alemão, 
o governo instituiu a formação básica para todos, 
com a exigência de aprenderem a língua nacional, 
a história e a Geografia na perspectiva do “amor à 
pátria.” 
 Carregada de uma função patriótica, a Geografia 
foi também institucionalizada na França após 
1870, quando ficou comprovado que a Alemanha 
ganhou a guerra franco-prussiana porque seus 
soldados sabiam mais sobre o território disputado. 
 
 Como o livro de LACOSTE 
(1993) a Geografia “serviu” 
primeiro para a guerra e 
consequentemente para 
preparar soldados. 
 
Assim, a Geografia começou a ser ensinada na 
escola porque era útil à classe dominante naquele 
momento histórico. 
 
 
 A partir de sua inserção na escola, ela passa a ter uma 
função: mostrar através de descrições, mapas com 
contornos do país e da observação direta do meio 
circundante o próprio Estado-Nação, valorizando-o e 
criando laços de respeito e dedicação à imagem da pátria, 
para que, se fosse preciso, se lutasse/guerreasse por ela. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Assim, a Geografia oficializou-se nas escolas com o 
objetivo de formar o futuro patriota/soldado. 
 Tornou-se uma Ciência anos mais tarde porque 
chegou à universidade com a incumbência de 
formar professores para lecioná-la. 
Faculdade de Direito da Universidade de São 
Paulo – Fundação 11 de agosto de 1987 
 No Brasil, o ensino do “amor à pátria” (por meio da 
História e da Geografia), talvez um pouco menos 
carregado de valores militares, teve o intuito de 
“inculcar o nacionalismo patriótico”. (VLACH,1988). 
 
 Entretanto, a Escola Pública (e com ela o Ensino 
da Geografia) voltada para um grande contingente 
de pessoas, teve início no século XIX na Europa e, 
posteriormente, nos Estados Unidos. 
 
 No Brasil, isso só aconteceu depois de 1930, com 
a expansão urbana, a efetiva formação do 
mercado nacional, a diversificação do processo de 
industrialização e a nova exigência de 
trabalhadores alfabetizados. 
A Prática da Geografia Escolar no 
Início da História do Brasil 
 No Brasil Colônia, durante os séculos XVI, XVII e 
XVIII, a educação foi ministrada pelos jesuítas e 
era claramente diferenciada entre indígenas e 
filhos dos colonos. 
 Para os índios, valorizou-se a formação religiosa 
cristã. 
 
 Para os administradores/exploradores da Colônia, 
uma formação humanista, com uma camuflada 
introdução do "amor à pátria" através da leitura 
poética e romântica da paisagem na escola 
elementar. 
 
 Na época, o Ensino da Geografia acontecia 
diluído em textos literários. 
 Já no século XIX, primeiro sob o Império e depois 
sob a República, a educação brasileira continuava 
sendo voltada para a classe dominante: um seleto 
grupo de "intelectuais, profissionais liberais, 
militares, funcionários públicos, pequenos 
comerciantes e artesãos“. 
 
 Foi de certa forma por causa desta classe 
dominante que a Geografia tornou-se uma matéria 
escolar específica quando, em 1831, passou a ser 
requisito nas provas para os Cursos Superiores de 
Direito. 
 Ser Bacharel em Direito e futuro administrador de 
Cargos Públicos era um dos objetivos das 
principais famílias da época. 
A Fundação do Colégio Pedro II e a 
Institucionalização da Geografia 
Escolar 
 Considerada um saber essencial na formação dos 
bacharéis, futuros intelectuais e administradores do país, 
a Geografia ganha o status de matéria quando passa a 
ser estudada em "aulas" preparatórias para a admissão 
nas faculdades de Direito. Em 1837, aparece pela primeira 
vez como componente do "Programa" de conteúdos do 
Colégio Pedro II. 
 O Colégio Pedro II foi fundado com a intenção de copiar 
os Liceus franceses, e a Geografia vai ser incorporada na 
grade de matérias porque elafazia parte das matérias 
escolares já consolidadas no Programa Escolar francês. 
(ROCHA, 1996) 
 A obrigatoriedade do Ensino da Geografia, de certa forma 
imposta pelo Colégio Pedro II, foi um salto na "carreira"6 
escolar da Geografia, que passou a fazer parte dos programas 
de todas as reformas educacionais posteriores. 
 
 Formalmente incorporada à Escola no Brasil a partir da 
fundação do Colégio Pedro II (1837), a Geografia passou a ser 
ensinada nas escolas secundárias do país, e desde então, faz 
parte dos conteúdos definidos por todas as Reformas 
Educacionais Brasileiras, de 1889 aos dias atuais8, 
mantendo seu “status” de matéria obrigatória. 
 
 
 De um saber estratégico, a Geografia se tornou um saber 
“apropriado” pela escola, redirecionado para os alunos. 
 Ao longo de sua afirmação enquanto matéria 
escolar, a Geografia incorporou paradigmas 
vigentes na sociedade, como por exemplo, o 
ensino enciclopédico, mnemônico, com listas de 
nomes para serem “decorados”. 
A Influência Livresca no Modo de 
Ensinar Geografia 
 Antes da institucionalização da Geografia como 
disciplina acadêmica e como ciência, com seus 
próprios pesquisadores (1934), quem produzia e 
discutia Geografia eram os professores do Ensino 
Secundário. Por outro lado, foram os autores de livros 
didáticos, bons ou ruins, que popularizaram o Ensino 
da Geografia durante o século XIX e início do século 
XX. 
 
 Em 1817 foi lançado o primeiro livro de 
Geografia do Brasil: "Corografia Brasílica" do 
padre Manoel Aires de Casal. Uma Geografia de 
nomenclaturas e descrições "áridas". Uma 
Geografia com muitos problemas metodológicos 
e epistemológicos. Todavia, era a primeira vez 
que se abordava o Brasil como um todo. 
 
Corografia Brasílica 
 
 Foi somente no século XX que um professor do 
Colégio Pedro II, Carlos Miguel Delgado de 
Carvalho, formado na França e autor de livros 
didáticos no Brasil, trouxe à discussão sobre a 
Geografia Moderna Explicativa e Científica. 
 Suas posições ofereceram contribuições 
importantíssimas para um campo novo na Geografia 
brasileira: a questão teórico-metodológica desta 
matéria escolar, que já havia se consolidado como 
uma ciência na Europa. 
 A Geografia Moderna/Científica, em evidência na 
Alemanha e na França, “caracterizada por seu 
conteúdo explicativo, diferente do caráter descritivo 
da Geografia Tradicional” foi, aos poucos, sendo 
incorporada ao ensino, por meio de seus próprios 
agentes, os professores, como é o caso de 
Delgado de Carvalho, reconhecido por muitos 
autores da atualidade, como um dos precursores 
da Geografia Moderna brasileira. 
 O que caracteriza a Geografia dita Tradicional é o 
seu “método” de ensino que supervaloriza a 
“memorização de inúmeras informações”14 e seu 
“distanciamento da realidade”15, assim como seu 
referencial teórico: os livros de Geografia 
Clássica/mnemônicos. 
 Este modelo de ensino permaneceu quase 
inalterado até a década de 1930, quando teve 
início a organização de cursos universitários nas 
principais cidades do país; a criação de órgãos de 
assessoria ao governo e ligados à Geografia, 
como o IBGE; a “expansão do ensino no país; as 
reformas escolares nos estados e a difusão de 
idéias renovadoras na educação”. 
A Institucionalização da Geografia na 
Academia 
 A fundação de Cursos Superiores de Geografia ocorreu a 
partir da década de 1930 com as faculdades de "História e 
Geografia" em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, 
Recife e Salvador, onde eram ministrados por professores 
franceses. 
 
 Com a abertura dos cursos universitários de Geografia, tem-
se o começo de uma nova fase, a acadêmica/universitária, 
com professores e alunos preocupados em desenvolverem 
a Ciência Geográfica, e torná-la cada vez mais 
independente, com seu próprio objeto de estudo e, ao 
mesmo tempo, mais "útil" à sociedade. 
 Inicialmente, os cursos formavam os professores 
que faltavam às escolas, mas, ao mesmo tempo, 
produzia-se pesquisa. 
 
 Os licenciados em Geografia foram os primeiros 
participantes dos trabalhos de campo regionais, o 
que gerou valiosas monografias sobre o território 
nacional. 
 
 O IBGE foi fundado neste período, atendendo a 
uma das exigências da União Geográfica 
Internacional de que houvesse uma instituição 
governamental que empregasse geógrafos. Este 
foi o início da formação do técnico em Geografia, o 
bacharel. 
A Lei 5692/71 e a Licenciatura Curta 
em Estudos Sociais 
 A disciplina Geografia ministrada nas escolas começou a 
sofrer mudanças profundas a partir da criação da “Integração 
Social” que, nos Programas escolares, tornou-se “Estudos 
Sociais”. 
 
 A Resolução número 8, de 1o de dezembro de 1971 do 
Conselho Federal de Educação, sob a Lei 5692/71, fixou o 
núcleo comum para os currículos do ensino de 1o e 2o graus 
(atuais ensino Fundamental e Médio), definindo-lhes os 
objetivos e a amplitude, confirmando o que a Lei 4024/61 já 
trazia em relação à Geografia na forma de Integração Social, 
depois chamada de Ciências Sociais pela Resolução número 
 96/68. 
 De acordo com o Artigo 1o da Resolução número 
8/71, o Núcleo Comum a ser incluído abrangia 
obrigatoriamente as seguintes “matérias”: 
a) Comunicação e Expressão; b) Estudos Sociais; 
c) Ciências. 
 
 A Lei também acrescentava que era obrigatória a 
inclusão de conteúdos específicos nas matérias 
fixadas: 
a) em Comunicação e Expressão, a Língua 
Portuguesa; 
b).em Estudos Sociais, a Geografia, a História e a 
Organização Social e Política do Brasil; 
c) em Ciências, a Matemática e as Ciências Físicas 
e Biológicas. 
 
 Na prática escolar, os Estudos Sociais assumiram o papel 
de diferentes áreas do conhecimento e, na prática, 
descaracterizam conteúdos específicos, como os de 
Geografia e História, por ser superficial e ter um papel 
disciplinador. 
 
 O termo “interdisciplinaridade” foi usado para fundir 
conhecimentos diferentes, métodos diferentes, num único 
conteúdo. Portanto, a multiplicidade de enfoques não 
ocorreu em nível de conhecimento da realidade como algo 
completo e integrado, pelo contrário, a integração de 
diversos conteúdos resultou em uma disciplina estanque e 
fragmentada. 
 Final dos anos 1970 e avançou de maneira 
extraordinária durante a década de 1980, mostra 
que a Geografia Escolar começou/recomeçou a 
provocar reflexões no seu todo e, em suas 
particularidades, de maneira que em 1999, foram 
apresentados 280 trabalhos no 4º Fala Professor 
– Encontro Nacional de Professores de 
Geografia, realizado em Curitiba, Paraná, e 
depois, mais de 500 no 5º Fala Professor de 
Geografia, realizado em Presidente Prudente – 
São Paulo, em 2003. 
 
Encontro nacional de 
professores de Geografia, no 
ano de 1987 
Algumas Discussões Teórico-
Metodológicas sobre a Geografia 
Escolar 
 
 A Geografia que se ensina nas escolas não é a 
mesma da universidade. Trata-se de 
“Geografia(s)”, cada uma com suas preocupações, 
seu(s) “fim” (ns) específico (s). 
 Este aspecto começava incomodar muitos 
professores do Ensino Fundamental e Médio. 
Incomodava-os o fato de ser a Geografia 
“enfadonha, chata”, sem sentido prático na vida de 
seus alunos 
 A apreensão de professores com a situação de 
inércia da escola e, em específico, com a 
Geografia Brasileira, remonta à década de 196023. 
No período anterior ao golpe militar (1964), havia 
discussões sobre o papel do ensino na 
universidade, e a preocupação, cada vez maior, de 
abordar, nas aulas de Geografia, assuntos 
cotidianos e de fazer delas momentos de reflexão 
da própria vida e do mundo. 
 
 Surge, no final da década de 1970, a Geografia 
Crítica”. (OLIVEIRA, 1999: 209) 
 
Leitura do Espaço Geográfico através 
das Categorias: Lugar, Paisagem e 
Território 
  Buscar a compreensão da realidade não é umatarefa somente da Geografia, mas dos diversos 
ramos do saber científico. 
 Surge assim uma questão: qual a contribuição da 
Geografia para o entendimento do mundo 
(realidade) em que vivemos? 
 Como a Geografia, enquanto disciplina escolar, 
pode organizar seu corpo de conhecimentos e 
torná-lo acessível ao aluno, para que ele seja 
capaz de realizar uma leitura “correta” da realidade 
que o cerca? 
 A Geografia defronta-se assim com a tarefa de 
analisar o espaço geográfico como uma categoria 
para compreender a realidade. 
 
 Com esta abordagem, o ensino da Geografia 
direcionado para o Fundamental confere ênfase ao 
estudo do meio como resultante da ação do sujeito 
social responsável pela construção do lugar, da 
paisagem e do território. 
 
 O espaço geográfico como objeto de estudo vai 
além da dinâmica do espaço físico e, hoje, o 
grande desafio que se coloca é compreender a 
inter-relação entre sociedade e natureza. 
O espaço se transforma 
 
 
 
 
 
 Esta categoria deve ser analisada, transformada, 
criada e produzida pela sociedade à medida que o 
Homem se apropria da natureza, que guarda a 
especificidade de ser permanentemente 
(re)elaborada pelo fazer humano. 
 
 Assim, de acordo com o Parâmetros Curriculares 
Nacionais (PCN): “O espaço geográfico é 
historicamente produzido pelo homem, enquanto 
organiza econômica e socialmente sua sociedade” 
(BRASIL, 2000, p. 109). 
 
 Nesta perspectiva, o espaço geográfico deve ser 
entendido como uma totalidade dinâmica em que 
interagem fatores naturais, socioeconômicos e 
políticos. 
 No conceito de espaço geográfico está implícita 
a ideia de articulação entre natureza e 
sociedade. Na busca desta articulação, a 
Geografia tem que trabalhar, de um lado, com os 
elementos e atributos naturais, procurando não 
só descrevê-los, mas entender as interações 
existentes entre eles; e de outro, verificar a 
maneira pela qual a sociedade está 
administrando e interferindo nos sistemas 
naturais. 
 Para perceber a ação da sociedade é necessário 
adentrar em sua estrutura social, procurando 
apreender o seu modo de produção e as relações 
socioeconômicas vigentes. 
 Os estudos geográficos, ao possibilitarem a 
compreensão das relações sociedade-natureza, 
induzem à noção de cidadania, levando o aluno a 
analisar suas ações como agente ativo e passivo 
do meio ambiente e, portanto, capaz de 
transformar o espaço geográfico. 
 Assim sendo, as práticas pedagógicas devem 
estar voltadas aos problemas da comunidade na 
qual os alunos estão inseridos, pois esta é a 
escala espacial local em que sua ação 
transformadora pode ser imediata. 
 
 No que diz respeito à AÇÃO, há necessidade tanto 
de conhecimentos e habilidades, quanto de 
execução de um processo que mude a percepção 
e a conduta, o qual passa pela sensibilização e 
afetividade. 
 É necessário também que os professores estejam 
preparados para considerar no seu trabalho a 
própria dimensão individual dos seus alunos, pois 
“[...] mudar valores requer o alto conhecimento do 
indivíduo-sujeito” (CARVALHO, 2004, p. 42). 
Método de Ensino através da Charge 
 
Análise das Charges 
 1 – Qual o tema poderia ser atribuído a Charge? 
 2- Em qual cenário as charges se apresentam: 
político, cultural, econômico, religioso, ambiental? 
 Defina 5 palavras chaves para a Charge? 
 3- Quais os questionamentos poderiam ser 
instigados aos alunos? (Fazer 6 perguntas) 
 4- Quais conceitos geográficos poderiam ser 
trabalhados na charge? 
Transformação no espaço geográfico: 
representação através de desenho 
 A atividade tem como objetivo estimular os alunos 
a representar através de desenho a percepção 
sobre as mudanças e os impactos sobre a 
paisagem, através da ocupação e transformação 
do espaço geográfico. 
Metodologia 
 Primeiro momento, os alunos foram organizados 
em círculos e receberam uma folha em branco 
para desenhar uma paisagem natural (trocar as 
folhas); 
 Num segundo momento, os alunos foram 
orientados a desenhar elementos que 
possibilitassem habitar naquele local (troca dos 
desenhos). 
 
 Para finalizar a atividade, os alunos foram 
motivados a refletir sobre os impactos ambientais 
nesse local e retratar no desenho essas ações. 
Diagnóstico 
 Mudanças ocorridas a partir do seu desenho. 
Conclusão 
 A escolha do desenho como metodologia para 
essa atividade partiu do princípio de que o 
desenho é uma linguagem que possibilita não 
apenas a comunicação, mas também a criatividade 
e a representação do conhecimento do aluno. 
 
 “Trabalhar com desenhos é trabalhar com novas 
formas de ver, compreender “as coisas” verificar-
comprovar as próprias ideias. O sujeito, quando 
desenha expressa uma visão e raciocínio, e muitas 
vezes isso é deixado de lado pelo processo 
educacional (SANTOS, 2011 p.195).” 
Categoria - Lugar 
 O conceito de lugar sempre esteve presente na 
análise geográfica, sofrendo amplas considerações 
em diferentes épocas. Por muito tempo, a 
Geografia tratou o lugar com uma expressão do 
espaço geográfico sob uma dimensão pontual 
(localização espacial absoluta). 
 
 Para ultrapassar esta ideia, a discussão de lugar 
tem sido realizada sob duas acepções: lugar e 
experiência, e lugar e singularidade. 
 O lugar como experiência caracteriza-se 
principalmente pela valorização das relações de 
afetividade desenvolvidas pelos indivíduos em 
relação ao ambiente. Nesta linha de raciocínio, o 
lugar é resultado de significados construídos pela 
experiência, ou seja, trata-se de referenciais 
afetivos desenvolvidos ao longo de nossas vidas. 
 
 [...] lugar significa muito mais que o sentido 
geográfico de localização. Não se refere a objetos 
e atributos das localizações, mas a tipos de 
experiências e envolvimento com o mundo, a 
necessidade de raízes e segurança (RELPH, 1979, 
p. 156). 
 Sob esta interpretação, o lugar é diferente do 
espaço, posto que o primeiro é fechado, íntimo e 
humanizado, ao passo que o segundo seria 
qualquer porção da superfície terrestre, ampla e 
desconhecida. Assim, o lugar está contido no 
espaço. 
 
 A categoria lugar encerra espaços com os quais 
os indivíduos têm vínculos afetivos, onde se 
encontram as referências pessoais e os sistemas 
de valores que induzem a diferentes formas de 
perceber e construir a paisagem, e o espaço 
geográfico. 
 A concepção de lugar, sob este ponto de vista, 
possui uma dimensão histórica que está 
relacionada com a prática cotidiana, sendo que o 
lugar surge do plano vivido. Ainda segundo a 
autora, pensar o lugar: 
 
 [...] significa pensar a história particular (de cada 
lugar), se desenvolvendo, ou melhor, se realizando 
em função de uma cultura/tradição/língua/hábitos 
que lhe são próprios, construídos ao longo da 
história e o que vem de fora, isto é, que se vai 
construindo e se impondo como consequência do 
processo de constituição mundial. (CARLOS, 1996, 
p. 20). 
 Diante do exposto, o lugar pode ter uma acepção 
a partir de visões subjetivas vinculadas às 
percepções emotivas, a exemplo do sentimento 
topofílico aos quais se refere Yu-Fu- -Tuan (1975, 
p. 1015), e outra, através do cotidiano 
compartilhado com diversas pessoas e instituições 
que nos levam à noção de “espaço vivido”. 
 Pesquisas revelam que a categoria lugar é 
compreendida, pelos alunos das primeiras séries 
do Ensino Fundamental, a partir de experiências e 
de relações afetivas. 
 
 Neste sentido, no ensino, o conceito do lugar pode 
ser formado e/ou compreendido como espaço de 
vivência, onde estão inseridas suas necessidades 
existenciais, suas interações com os objetos e as 
pessoas, suas histórias de vida. 
 Neste espaço vivido (lugar), onde os alunos têm 
contato e vislumbram relações locais e globais, 
pode-se perceber nitidamenteuma imbricação dos 
conceitos paisagem e lugar, como nos mostra 
Cavalcanti (1998, p. 100): 
 
 [...] na formação do raciocínio geográfico, o conceito 
de paisagem aparece no meu entendimento, no 
primeiro nível de análise do lugar, estando 
estreitamente com este conceito. É pela paisagem, 
vista em seus determinantes e em suas dimensões, 
que vivencia empiricamente um primeiro nível de 
identificação com o lugar. 
O Lugar no Ensino de Geografia 
“um olhar sobre meu bairro” 
 Objetivo de analisar o conhecimento do aluno e a 
sua capacidade de observação sobre o local onde 
mora, se o mesmo reconhece a importância do 
estudo da Geografia para compreender as 
mudanças no meio no qual está inserido. 
 
 
Questionamentos prévios 
 O que há no entorno desse meio, como por 
exemplo: se houve mudanças com o passar dos 
anos, se a paisagem havia sido alterada pela ação 
humana, se restavam áreas preservadas, se 
possuíam áreas de lazer ou locais de utilização em 
comum no seu bairro, tais como: quadras 
esportivas, clubes e outros pontos de utilização 
comunitária. 
 Como resposta, pode-se observar controvérsias, 
pelo fato de alunos estarem inseridos em 
realidades diferentes. 
Categoria - Paisagem 
 A paisagem constitui uma categoria com caráter 
específico para a Geografia e distinto daquele utilizado 
pelo senso comum. 
 Desde a sistematização do conhecimento geográfico, 
foram vários os conceitos de paisagem. 
 Uma grande contribuição foi aquela dada por Paul 
Vidal de La Blache: paisagem é aquilo que “[...] o olho 
abarca com o olhar”. 
 Entretanto, o percurso mais dinâmico do entendimento 
da paisagem reside na forma de interpretá-la, pois 
mantes se fundamentava apenas na descrição 
empírica dos seus elementos, e hoje, é acrescida de 
relações e conjunções de elementos naturais e 
tecnificados, socioeconômicos e culturais. 
 A paisagem como objeto de estudo, ao longo dos 
dois primeiros ciclos do Ensino Fundamental, pode 
ser abordada a partir da paisagem local e, neste 
sentido, os PCNs orientam os professores sobre 
os caminhos metodológicos, conforme o texto 
abaixo: 
 
 O estudo da paisagem local não deve restringir à mera constatação e descrição dos 
fenômenos que a constituem. Deve-se também buscar as relações entre a sociedade e 
natureza que aí se encontram presentes situando-as em diferentes escalas espaciais e 
temporais, comparando-as, conferindo-lhes significados, compreendendo-as. Estudar a 
paisagem local ao longo do primeiro e segundo ciclos é aprender a observar e a 
reconhecer os fenômenos que a definem e suas características; descrever, 
representar, comparar e construir explicações, mesmo que aproximadas e subjetivas, 
das relações que aí se encontram impressas e expressas (BRASIL, 2000, p. 116). 
 A paisagem conjuga o passado, o presente e nos 
aponta o futuro, em uma convivência de diferentes 
temporalidades que faz de cada uma delas única. 
Entendida como um produto social e histórico, ela 
retrata as sociedades que a construíram e a 
constroem. 
 
 Paisagem é, portanto, visível e material, mas o 
processo de sua transformação nos revela grandes 
conflitos socioambientais. Portanto, ela não é 
estática, está em constante transformação. 
 A paisagem é um conjunto heterogêneo de formas 
naturais e artificiais; é formada por frações de 
ambas, seja quanto ao tamanho, volume, cor, 
utilidade, ou por qualquer outro critério. A 
paisagem é sempre heterogênea. A vida em 
sociedade supõe uma multiplicidade de funções e 
quanto maior o número destas, maior a 
diversidade de formas e de atores. Quanto mais 
complexa a vida social, tanto mais nos 
distanciamos de um mundo natural e nos 
endereçamos a um mundo artificial. (SANTOS. 
1996, p. 65). 
 As categorias paisagem e território possuem uma 
relação bastante estreita. A paisagem, neste 
contexto, pode ser definida como uma unidade 
visível do território. Dito de outro modo, no território 
tem-se um conjunto de paisagens contidas nos 
limites político-administrativos, como por exemplo: 
cidade, estado e país. 
Categoria - Território 
 Os estudos do território têm como base central as 
relações entre os agentes sociais, políticos e 
econômicos interferindo na gestão do espaço. Isto 
porque a delimitação do território está assentada 
nas relações de poder, domínio e apropriação nele 
contidas. 
 
 O território configura-se como uma porção 
concreta do espaço geográfico, onde se revelam 
as diferenças de condições ambientais e de vida 
da população. 
 Enfim, o território é fonte de recursos e só assim 
pode ser compreendido quando enfocado em sua 
relação com a sociedade e suas relações de 
produção, o que pode ser identificado pela 
indústria, pela agricultura, pela mineração, pela 
circulação de mercadorias etc., ou seja, pelas 
diferentes maneiras que a sociedade se utiliza 
para se apropriar e transformar a natureza 
(SPOSITO, 2004, p. 112-113). 
 É o uso diferenciado do território que acaba 
conferindo-lhe enormes complexidades. Estas 
acabam retratando as diversidades culturais que, 
embora convivam mutuamente, buscam, na 
produção do território, o reconhecimento de suas 
especificidades. 
 
 A análise do processo de produção dos diferentes 
territórios deve enfocar o homem como sujeito 
produtor do espaço, contemplando o social, o 
cultural, o econômico, o político e os seus valores. 
 No decorrer da história do pensamento 
geográfico, o território ganha diferentes tipos de 
abordagens, desde a representação de uma 
parcela do espaço, identificada pela posse e 
definida pela apropriação, até o importante papel 
dado à dominação. Ou seja, o território é dominado 
por uma comunidade ou por um Estado. 
 
 A conotação política também ganha força nos 
estudos de Geopolítica (território = espaço 
nacional), significando área controlada por um 
Estado Nacional. O conceito de território se alarga 
permitindo explicar muitos fenômenos geográficos 
relacionados à organização da sociedade e suas 
interações com as paisagens 
 Em uma perspectiva de ensino-aprendizagem, a 
categoria de análise do território não poderá ser 
entendida, discutida e interpretada se não 
antevermos sua importância social, já que é 
suporte e condição para que as relações sociais 
continuem a se desenvolver. 
 
 Outro pressuposto para o entendimento do 
território é considerá-lo como expressão da força 
política. Desse modo, trabalhar com esta categoria 
nas séries iniciais do Ensino Fundamental não 
pode significar a supervalorização do político em 
detrimento do social e, neste sentido, os PCNs nos 
colocam a seguinte ideia: 
 [...] O território é uma categoria importante quando 
se estuda a sua conceitualização ligada à 
formação econômica e social de uma nação. 
Nesse sentido, é o trabalho social que qualifica o 
espaço, gerando o território. Território não é 
apenas a configuração política de um Estado-
Nação, mas sim o espaço construído pela 
formação social. (BRASIL, 2000, p. 111).

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