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METODOLOGIA DO ENSINO DE GEOGRAFIA Profª Roneide Sousa DA HISTÓRIA DA GEOGRAFIA ÀS CATEGORIAS GEOGRÁFICAS (OU ESPACIAIS) Introdução aos Estudos Geográficos A construção do conhecimento geográfico é resultado da contribuição de diferentes pensadores nas mais diferentes áreas do conhecimento ao longo da história; – Gregos -> Sistematização; – Romanos -> Ciência Geográfica; – Eratóstenes, Tales de Mileto, Heródoto -> Geografia Científica. Tales de Mileto DA HISTÓRIA DA GEOGRAFIA ÀS CATEGORIAS GEOGRÁFICAS (OU ESPACIAIS) Geografia Filosofia Matemática Introdução aos Estudos Geográficos Ainda na Antiguidade, destaca-se a influência de pensadores como Estrabão e Ptolomeu: – Estrabão -> Viagens, Descrição e Geografia Política. – Ptolomeu -> Concepção ptolomeica do Universo, a qual considerava que a Terra estava no centro do Universo (Teoria Geocêntrica). DA HISTÓRIA DA GEOGRAFIA ÀS CATEGORIAS GEOGRÁFICAS (OU ESPACIAIS) Introdução aos Estudos Geográficos As grandes transformações ocorridas na Europa e no Mundo durante a Idade Média (Séc. V ao XV) resultam em novas concepções e compreensões do Espaço Geográfico. Destaca-se o avanço significativo da Cartografia e Navegação durante Revolução Comercial e a Expansão Marítima durante a transição da Idade Média para a Idade Moderna. Além disso, o Renascimento Cultural e Urbano em subsequência propiciou o desenvolvimento de um aparato teórico e técnico de grande importância para a Ciência Geográfica. DA HISTÓRIA DA GEOGRAFIA ÀS CATEGORIAS GEOGRÁFICAS (OU ESPACIAIS) Instrumentos de navegação Sextante Bússola Séc. XVIII – Immanuel Kant; Séc. XIX – Alexander Von Humboldt; Carl Ritter; – Estudos da paisagem a partir da classificação e individualização dos elementos. Os desenhos sistemáticos desenvolvidos por Humboldt em suas inúmeras viagens alavancaram os estudos no ramo da Botânica e da Ecologia Vegetal. Séc. XIX e XX – Forte desenvolvimento da Ciência Geográfica – Duas grandes Escolas: ALEMANHA e FRANÇA DA HISTÓRIA DA GEOGRAFIA ÀS CATEGORIAS GEOGRÁFICAS (OU ESPACIAIS) Humboldt Ritter Geografia Clássica Estudos descritivos, desenvolvimento posterior à Revolução Industrial; Análise da ação antrópica sobre o espaço, sobretudo devido às formas de produção; Surgimento de duas grandes correntes filosóficas: Escola Alemã – Determinismo; – Influência das condições naturais sobre a sociedade; Expoente: Friedrich Ratzel; – Empirismo (observação e descrição); racionalismo positivista (verdade através do conhecimento científico); Escola Francesa – Possibilismo; – Influência das ações do homem sobre o meio; Expoente: Vidal de La Blache; – Gênero de Vida – Conjunto de atividades cristalizadas pela influência dos costumes, da cultura; conceito de região. DA HISTÓRIA DA GEOGRAFIA ÀS CATEGORIAS GEOGRÁFICAS (OU ESPACIAIS) Geografia Quantitativa ou Nova Geografia (New Geography) Surgiu da necessidade de compreender a organização espacial para poder planejar e agir nesta organização – (re)organização espacial; Influência do meio técnico-científico-informacional; Elaboração de técnicas para melhor trabalhar e analisar os fenômenos geográficos; O IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - sofreu forte influência da Nova Geografia. DA HISTÓRIA DA GEOGRAFIA ÀS CATEGORIAS GEOGRÁFICAS (OU ESPACIAIS) Geografia Crítica (Radical) Surgiu a partir da segunda metade da década de 1970; influência de movimentos sociais e contracultura; Visava tratar a problemática social, criticando as desigualdades e o forte desenvolvimento industrial que exerceu impacto significativo sobre a natureza e sociedade; Desenvolvimento desigual e combinado; Marxismo enquanto base ideológica; Propiciou o desenvolvimento da Geografia Cultural, Socioambiental e Fenomenológica. DA HISTÓRIA DA GEOGRAFIA ÀS CATEGORIAS GEOGRÁFICAS (OU ESPACIAIS) Milton Santos O surgimento da escola no Brasil No início do século XIX europeu, quando a Prússia almejava fundar o Estado-Nação alemão, o governo instituiu a formação básica para todos, com a exigência de aprenderem a língua nacional, a história e a Geografia na perspectiva do “amor à pátria.” Carregada de uma função patriótica, a Geografia foi também institucionalizada na França após 1870, quando ficou comprovado que a Alemanha ganhou a guerra franco-prussiana porque seus soldados sabiam mais sobre o território disputado. Como o livro de LACOSTE (1993) a Geografia “serviu” primeiro para a guerra e consequentemente para preparar soldados. Assim, a Geografia começou a ser ensinada na escola porque era útil à classe dominante naquele momento histórico. A partir de sua inserção na escola, ela passa a ter uma função: mostrar através de descrições, mapas com contornos do país e da observação direta do meio circundante o próprio Estado-Nação, valorizando-o e criando laços de respeito e dedicação à imagem da pátria, para que, se fosse preciso, se lutasse/guerreasse por ela. Assim, a Geografia oficializou-se nas escolas com o objetivo de formar o futuro patriota/soldado. Tornou-se uma Ciência anos mais tarde porque chegou à universidade com a incumbência de formar professores para lecioná-la. Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo – Fundação 11 de agosto de 1987 No Brasil, o ensino do “amor à pátria” (por meio da História e da Geografia), talvez um pouco menos carregado de valores militares, teve o intuito de “inculcar o nacionalismo patriótico”. (VLACH,1988). Entretanto, a Escola Pública (e com ela o Ensino da Geografia) voltada para um grande contingente de pessoas, teve início no século XIX na Europa e, posteriormente, nos Estados Unidos. No Brasil, isso só aconteceu depois de 1930, com a expansão urbana, a efetiva formação do mercado nacional, a diversificação do processo de industrialização e a nova exigência de trabalhadores alfabetizados. A Prática da Geografia Escolar no Início da História do Brasil No Brasil Colônia, durante os séculos XVI, XVII e XVIII, a educação foi ministrada pelos jesuítas e era claramente diferenciada entre indígenas e filhos dos colonos. Para os índios, valorizou-se a formação religiosa cristã. Para os administradores/exploradores da Colônia, uma formação humanista, com uma camuflada introdução do "amor à pátria" através da leitura poética e romântica da paisagem na escola elementar. Na época, o Ensino da Geografia acontecia diluído em textos literários. Já no século XIX, primeiro sob o Império e depois sob a República, a educação brasileira continuava sendo voltada para a classe dominante: um seleto grupo de "intelectuais, profissionais liberais, militares, funcionários públicos, pequenos comerciantes e artesãos“. Foi de certa forma por causa desta classe dominante que a Geografia tornou-se uma matéria escolar específica quando, em 1831, passou a ser requisito nas provas para os Cursos Superiores de Direito. Ser Bacharel em Direito e futuro administrador de Cargos Públicos era um dos objetivos das principais famílias da época. A Fundação do Colégio Pedro II e a Institucionalização da Geografia Escolar Considerada um saber essencial na formação dos bacharéis, futuros intelectuais e administradores do país, a Geografia ganha o status de matéria quando passa a ser estudada em "aulas" preparatórias para a admissão nas faculdades de Direito. Em 1837, aparece pela primeira vez como componente do "Programa" de conteúdos do Colégio Pedro II. O Colégio Pedro II foi fundado com a intenção de copiar os Liceus franceses, e a Geografia vai ser incorporada na grade de matérias porque elafazia parte das matérias escolares já consolidadas no Programa Escolar francês. (ROCHA, 1996) A obrigatoriedade do Ensino da Geografia, de certa forma imposta pelo Colégio Pedro II, foi um salto na "carreira"6 escolar da Geografia, que passou a fazer parte dos programas de todas as reformas educacionais posteriores. Formalmente incorporada à Escola no Brasil a partir da fundação do Colégio Pedro II (1837), a Geografia passou a ser ensinada nas escolas secundárias do país, e desde então, faz parte dos conteúdos definidos por todas as Reformas Educacionais Brasileiras, de 1889 aos dias atuais8, mantendo seu “status” de matéria obrigatória. De um saber estratégico, a Geografia se tornou um saber “apropriado” pela escola, redirecionado para os alunos. Ao longo de sua afirmação enquanto matéria escolar, a Geografia incorporou paradigmas vigentes na sociedade, como por exemplo, o ensino enciclopédico, mnemônico, com listas de nomes para serem “decorados”. A Influência Livresca no Modo de Ensinar Geografia Antes da institucionalização da Geografia como disciplina acadêmica e como ciência, com seus próprios pesquisadores (1934), quem produzia e discutia Geografia eram os professores do Ensino Secundário. Por outro lado, foram os autores de livros didáticos, bons ou ruins, que popularizaram o Ensino da Geografia durante o século XIX e início do século XX. Em 1817 foi lançado o primeiro livro de Geografia do Brasil: "Corografia Brasílica" do padre Manoel Aires de Casal. Uma Geografia de nomenclaturas e descrições "áridas". Uma Geografia com muitos problemas metodológicos e epistemológicos. Todavia, era a primeira vez que se abordava o Brasil como um todo. Corografia Brasílica Foi somente no século XX que um professor do Colégio Pedro II, Carlos Miguel Delgado de Carvalho, formado na França e autor de livros didáticos no Brasil, trouxe à discussão sobre a Geografia Moderna Explicativa e Científica. Suas posições ofereceram contribuições importantíssimas para um campo novo na Geografia brasileira: a questão teórico-metodológica desta matéria escolar, que já havia se consolidado como uma ciência na Europa. A Geografia Moderna/Científica, em evidência na Alemanha e na França, “caracterizada por seu conteúdo explicativo, diferente do caráter descritivo da Geografia Tradicional” foi, aos poucos, sendo incorporada ao ensino, por meio de seus próprios agentes, os professores, como é o caso de Delgado de Carvalho, reconhecido por muitos autores da atualidade, como um dos precursores da Geografia Moderna brasileira. O que caracteriza a Geografia dita Tradicional é o seu “método” de ensino que supervaloriza a “memorização de inúmeras informações”14 e seu “distanciamento da realidade”15, assim como seu referencial teórico: os livros de Geografia Clássica/mnemônicos. Este modelo de ensino permaneceu quase inalterado até a década de 1930, quando teve início a organização de cursos universitários nas principais cidades do país; a criação de órgãos de assessoria ao governo e ligados à Geografia, como o IBGE; a “expansão do ensino no país; as reformas escolares nos estados e a difusão de idéias renovadoras na educação”. A Institucionalização da Geografia na Academia A fundação de Cursos Superiores de Geografia ocorreu a partir da década de 1930 com as faculdades de "História e Geografia" em São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Recife e Salvador, onde eram ministrados por professores franceses. Com a abertura dos cursos universitários de Geografia, tem- se o começo de uma nova fase, a acadêmica/universitária, com professores e alunos preocupados em desenvolverem a Ciência Geográfica, e torná-la cada vez mais independente, com seu próprio objeto de estudo e, ao mesmo tempo, mais "útil" à sociedade. Inicialmente, os cursos formavam os professores que faltavam às escolas, mas, ao mesmo tempo, produzia-se pesquisa. Os licenciados em Geografia foram os primeiros participantes dos trabalhos de campo regionais, o que gerou valiosas monografias sobre o território nacional. O IBGE foi fundado neste período, atendendo a uma das exigências da União Geográfica Internacional de que houvesse uma instituição governamental que empregasse geógrafos. Este foi o início da formação do técnico em Geografia, o bacharel. A Lei 5692/71 e a Licenciatura Curta em Estudos Sociais A disciplina Geografia ministrada nas escolas começou a sofrer mudanças profundas a partir da criação da “Integração Social” que, nos Programas escolares, tornou-se “Estudos Sociais”. A Resolução número 8, de 1o de dezembro de 1971 do Conselho Federal de Educação, sob a Lei 5692/71, fixou o núcleo comum para os currículos do ensino de 1o e 2o graus (atuais ensino Fundamental e Médio), definindo-lhes os objetivos e a amplitude, confirmando o que a Lei 4024/61 já trazia em relação à Geografia na forma de Integração Social, depois chamada de Ciências Sociais pela Resolução número 96/68. De acordo com o Artigo 1o da Resolução número 8/71, o Núcleo Comum a ser incluído abrangia obrigatoriamente as seguintes “matérias”: a) Comunicação e Expressão; b) Estudos Sociais; c) Ciências. A Lei também acrescentava que era obrigatória a inclusão de conteúdos específicos nas matérias fixadas: a) em Comunicação e Expressão, a Língua Portuguesa; b).em Estudos Sociais, a Geografia, a História e a Organização Social e Política do Brasil; c) em Ciências, a Matemática e as Ciências Físicas e Biológicas. Na prática escolar, os Estudos Sociais assumiram o papel de diferentes áreas do conhecimento e, na prática, descaracterizam conteúdos específicos, como os de Geografia e História, por ser superficial e ter um papel disciplinador. O termo “interdisciplinaridade” foi usado para fundir conhecimentos diferentes, métodos diferentes, num único conteúdo. Portanto, a multiplicidade de enfoques não ocorreu em nível de conhecimento da realidade como algo completo e integrado, pelo contrário, a integração de diversos conteúdos resultou em uma disciplina estanque e fragmentada. Final dos anos 1970 e avançou de maneira extraordinária durante a década de 1980, mostra que a Geografia Escolar começou/recomeçou a provocar reflexões no seu todo e, em suas particularidades, de maneira que em 1999, foram apresentados 280 trabalhos no 4º Fala Professor – Encontro Nacional de Professores de Geografia, realizado em Curitiba, Paraná, e depois, mais de 500 no 5º Fala Professor de Geografia, realizado em Presidente Prudente – São Paulo, em 2003. Encontro nacional de professores de Geografia, no ano de 1987 Algumas Discussões Teórico- Metodológicas sobre a Geografia Escolar A Geografia que se ensina nas escolas não é a mesma da universidade. Trata-se de “Geografia(s)”, cada uma com suas preocupações, seu(s) “fim” (ns) específico (s). Este aspecto começava incomodar muitos professores do Ensino Fundamental e Médio. Incomodava-os o fato de ser a Geografia “enfadonha, chata”, sem sentido prático na vida de seus alunos A apreensão de professores com a situação de inércia da escola e, em específico, com a Geografia Brasileira, remonta à década de 196023. No período anterior ao golpe militar (1964), havia discussões sobre o papel do ensino na universidade, e a preocupação, cada vez maior, de abordar, nas aulas de Geografia, assuntos cotidianos e de fazer delas momentos de reflexão da própria vida e do mundo. Surge, no final da década de 1970, a Geografia Crítica”. (OLIVEIRA, 1999: 209) Leitura do Espaço Geográfico através das Categorias: Lugar, Paisagem e Território Buscar a compreensão da realidade não é umatarefa somente da Geografia, mas dos diversos ramos do saber científico. Surge assim uma questão: qual a contribuição da Geografia para o entendimento do mundo (realidade) em que vivemos? Como a Geografia, enquanto disciplina escolar, pode organizar seu corpo de conhecimentos e torná-lo acessível ao aluno, para que ele seja capaz de realizar uma leitura “correta” da realidade que o cerca? A Geografia defronta-se assim com a tarefa de analisar o espaço geográfico como uma categoria para compreender a realidade. Com esta abordagem, o ensino da Geografia direcionado para o Fundamental confere ênfase ao estudo do meio como resultante da ação do sujeito social responsável pela construção do lugar, da paisagem e do território. O espaço geográfico como objeto de estudo vai além da dinâmica do espaço físico e, hoje, o grande desafio que se coloca é compreender a inter-relação entre sociedade e natureza. O espaço se transforma Esta categoria deve ser analisada, transformada, criada e produzida pela sociedade à medida que o Homem se apropria da natureza, que guarda a especificidade de ser permanentemente (re)elaborada pelo fazer humano. Assim, de acordo com o Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN): “O espaço geográfico é historicamente produzido pelo homem, enquanto organiza econômica e socialmente sua sociedade” (BRASIL, 2000, p. 109). Nesta perspectiva, o espaço geográfico deve ser entendido como uma totalidade dinâmica em que interagem fatores naturais, socioeconômicos e políticos. No conceito de espaço geográfico está implícita a ideia de articulação entre natureza e sociedade. Na busca desta articulação, a Geografia tem que trabalhar, de um lado, com os elementos e atributos naturais, procurando não só descrevê-los, mas entender as interações existentes entre eles; e de outro, verificar a maneira pela qual a sociedade está administrando e interferindo nos sistemas naturais. Para perceber a ação da sociedade é necessário adentrar em sua estrutura social, procurando apreender o seu modo de produção e as relações socioeconômicas vigentes. Os estudos geográficos, ao possibilitarem a compreensão das relações sociedade-natureza, induzem à noção de cidadania, levando o aluno a analisar suas ações como agente ativo e passivo do meio ambiente e, portanto, capaz de transformar o espaço geográfico. Assim sendo, as práticas pedagógicas devem estar voltadas aos problemas da comunidade na qual os alunos estão inseridos, pois esta é a escala espacial local em que sua ação transformadora pode ser imediata. No que diz respeito à AÇÃO, há necessidade tanto de conhecimentos e habilidades, quanto de execução de um processo que mude a percepção e a conduta, o qual passa pela sensibilização e afetividade. É necessário também que os professores estejam preparados para considerar no seu trabalho a própria dimensão individual dos seus alunos, pois “[...] mudar valores requer o alto conhecimento do indivíduo-sujeito” (CARVALHO, 2004, p. 42). Método de Ensino através da Charge Análise das Charges 1 – Qual o tema poderia ser atribuído a Charge? 2- Em qual cenário as charges se apresentam: político, cultural, econômico, religioso, ambiental? Defina 5 palavras chaves para a Charge? 3- Quais os questionamentos poderiam ser instigados aos alunos? (Fazer 6 perguntas) 4- Quais conceitos geográficos poderiam ser trabalhados na charge? Transformação no espaço geográfico: representação através de desenho A atividade tem como objetivo estimular os alunos a representar através de desenho a percepção sobre as mudanças e os impactos sobre a paisagem, através da ocupação e transformação do espaço geográfico. Metodologia Primeiro momento, os alunos foram organizados em círculos e receberam uma folha em branco para desenhar uma paisagem natural (trocar as folhas); Num segundo momento, os alunos foram orientados a desenhar elementos que possibilitassem habitar naquele local (troca dos desenhos). Para finalizar a atividade, os alunos foram motivados a refletir sobre os impactos ambientais nesse local e retratar no desenho essas ações. Diagnóstico Mudanças ocorridas a partir do seu desenho. Conclusão A escolha do desenho como metodologia para essa atividade partiu do princípio de que o desenho é uma linguagem que possibilita não apenas a comunicação, mas também a criatividade e a representação do conhecimento do aluno. “Trabalhar com desenhos é trabalhar com novas formas de ver, compreender “as coisas” verificar- comprovar as próprias ideias. O sujeito, quando desenha expressa uma visão e raciocínio, e muitas vezes isso é deixado de lado pelo processo educacional (SANTOS, 2011 p.195).” Categoria - Lugar O conceito de lugar sempre esteve presente na análise geográfica, sofrendo amplas considerações em diferentes épocas. Por muito tempo, a Geografia tratou o lugar com uma expressão do espaço geográfico sob uma dimensão pontual (localização espacial absoluta). Para ultrapassar esta ideia, a discussão de lugar tem sido realizada sob duas acepções: lugar e experiência, e lugar e singularidade. O lugar como experiência caracteriza-se principalmente pela valorização das relações de afetividade desenvolvidas pelos indivíduos em relação ao ambiente. Nesta linha de raciocínio, o lugar é resultado de significados construídos pela experiência, ou seja, trata-se de referenciais afetivos desenvolvidos ao longo de nossas vidas. [...] lugar significa muito mais que o sentido geográfico de localização. Não se refere a objetos e atributos das localizações, mas a tipos de experiências e envolvimento com o mundo, a necessidade de raízes e segurança (RELPH, 1979, p. 156). Sob esta interpretação, o lugar é diferente do espaço, posto que o primeiro é fechado, íntimo e humanizado, ao passo que o segundo seria qualquer porção da superfície terrestre, ampla e desconhecida. Assim, o lugar está contido no espaço. A categoria lugar encerra espaços com os quais os indivíduos têm vínculos afetivos, onde se encontram as referências pessoais e os sistemas de valores que induzem a diferentes formas de perceber e construir a paisagem, e o espaço geográfico. A concepção de lugar, sob este ponto de vista, possui uma dimensão histórica que está relacionada com a prática cotidiana, sendo que o lugar surge do plano vivido. Ainda segundo a autora, pensar o lugar: [...] significa pensar a história particular (de cada lugar), se desenvolvendo, ou melhor, se realizando em função de uma cultura/tradição/língua/hábitos que lhe são próprios, construídos ao longo da história e o que vem de fora, isto é, que se vai construindo e se impondo como consequência do processo de constituição mundial. (CARLOS, 1996, p. 20). Diante do exposto, o lugar pode ter uma acepção a partir de visões subjetivas vinculadas às percepções emotivas, a exemplo do sentimento topofílico aos quais se refere Yu-Fu- -Tuan (1975, p. 1015), e outra, através do cotidiano compartilhado com diversas pessoas e instituições que nos levam à noção de “espaço vivido”. Pesquisas revelam que a categoria lugar é compreendida, pelos alunos das primeiras séries do Ensino Fundamental, a partir de experiências e de relações afetivas. Neste sentido, no ensino, o conceito do lugar pode ser formado e/ou compreendido como espaço de vivência, onde estão inseridas suas necessidades existenciais, suas interações com os objetos e as pessoas, suas histórias de vida. Neste espaço vivido (lugar), onde os alunos têm contato e vislumbram relações locais e globais, pode-se perceber nitidamenteuma imbricação dos conceitos paisagem e lugar, como nos mostra Cavalcanti (1998, p. 100): [...] na formação do raciocínio geográfico, o conceito de paisagem aparece no meu entendimento, no primeiro nível de análise do lugar, estando estreitamente com este conceito. É pela paisagem, vista em seus determinantes e em suas dimensões, que vivencia empiricamente um primeiro nível de identificação com o lugar. O Lugar no Ensino de Geografia “um olhar sobre meu bairro” Objetivo de analisar o conhecimento do aluno e a sua capacidade de observação sobre o local onde mora, se o mesmo reconhece a importância do estudo da Geografia para compreender as mudanças no meio no qual está inserido. Questionamentos prévios O que há no entorno desse meio, como por exemplo: se houve mudanças com o passar dos anos, se a paisagem havia sido alterada pela ação humana, se restavam áreas preservadas, se possuíam áreas de lazer ou locais de utilização em comum no seu bairro, tais como: quadras esportivas, clubes e outros pontos de utilização comunitária. Como resposta, pode-se observar controvérsias, pelo fato de alunos estarem inseridos em realidades diferentes. Categoria - Paisagem A paisagem constitui uma categoria com caráter específico para a Geografia e distinto daquele utilizado pelo senso comum. Desde a sistematização do conhecimento geográfico, foram vários os conceitos de paisagem. Uma grande contribuição foi aquela dada por Paul Vidal de La Blache: paisagem é aquilo que “[...] o olho abarca com o olhar”. Entretanto, o percurso mais dinâmico do entendimento da paisagem reside na forma de interpretá-la, pois mantes se fundamentava apenas na descrição empírica dos seus elementos, e hoje, é acrescida de relações e conjunções de elementos naturais e tecnificados, socioeconômicos e culturais. A paisagem como objeto de estudo, ao longo dos dois primeiros ciclos do Ensino Fundamental, pode ser abordada a partir da paisagem local e, neste sentido, os PCNs orientam os professores sobre os caminhos metodológicos, conforme o texto abaixo: O estudo da paisagem local não deve restringir à mera constatação e descrição dos fenômenos que a constituem. Deve-se também buscar as relações entre a sociedade e natureza que aí se encontram presentes situando-as em diferentes escalas espaciais e temporais, comparando-as, conferindo-lhes significados, compreendendo-as. Estudar a paisagem local ao longo do primeiro e segundo ciclos é aprender a observar e a reconhecer os fenômenos que a definem e suas características; descrever, representar, comparar e construir explicações, mesmo que aproximadas e subjetivas, das relações que aí se encontram impressas e expressas (BRASIL, 2000, p. 116). A paisagem conjuga o passado, o presente e nos aponta o futuro, em uma convivência de diferentes temporalidades que faz de cada uma delas única. Entendida como um produto social e histórico, ela retrata as sociedades que a construíram e a constroem. Paisagem é, portanto, visível e material, mas o processo de sua transformação nos revela grandes conflitos socioambientais. Portanto, ela não é estática, está em constante transformação. A paisagem é um conjunto heterogêneo de formas naturais e artificiais; é formada por frações de ambas, seja quanto ao tamanho, volume, cor, utilidade, ou por qualquer outro critério. A paisagem é sempre heterogênea. A vida em sociedade supõe uma multiplicidade de funções e quanto maior o número destas, maior a diversidade de formas e de atores. Quanto mais complexa a vida social, tanto mais nos distanciamos de um mundo natural e nos endereçamos a um mundo artificial. (SANTOS. 1996, p. 65). As categorias paisagem e território possuem uma relação bastante estreita. A paisagem, neste contexto, pode ser definida como uma unidade visível do território. Dito de outro modo, no território tem-se um conjunto de paisagens contidas nos limites político-administrativos, como por exemplo: cidade, estado e país. Categoria - Território Os estudos do território têm como base central as relações entre os agentes sociais, políticos e econômicos interferindo na gestão do espaço. Isto porque a delimitação do território está assentada nas relações de poder, domínio e apropriação nele contidas. O território configura-se como uma porção concreta do espaço geográfico, onde se revelam as diferenças de condições ambientais e de vida da população. Enfim, o território é fonte de recursos e só assim pode ser compreendido quando enfocado em sua relação com a sociedade e suas relações de produção, o que pode ser identificado pela indústria, pela agricultura, pela mineração, pela circulação de mercadorias etc., ou seja, pelas diferentes maneiras que a sociedade se utiliza para se apropriar e transformar a natureza (SPOSITO, 2004, p. 112-113). É o uso diferenciado do território que acaba conferindo-lhe enormes complexidades. Estas acabam retratando as diversidades culturais que, embora convivam mutuamente, buscam, na produção do território, o reconhecimento de suas especificidades. A análise do processo de produção dos diferentes territórios deve enfocar o homem como sujeito produtor do espaço, contemplando o social, o cultural, o econômico, o político e os seus valores. No decorrer da história do pensamento geográfico, o território ganha diferentes tipos de abordagens, desde a representação de uma parcela do espaço, identificada pela posse e definida pela apropriação, até o importante papel dado à dominação. Ou seja, o território é dominado por uma comunidade ou por um Estado. A conotação política também ganha força nos estudos de Geopolítica (território = espaço nacional), significando área controlada por um Estado Nacional. O conceito de território se alarga permitindo explicar muitos fenômenos geográficos relacionados à organização da sociedade e suas interações com as paisagens Em uma perspectiva de ensino-aprendizagem, a categoria de análise do território não poderá ser entendida, discutida e interpretada se não antevermos sua importância social, já que é suporte e condição para que as relações sociais continuem a se desenvolver. Outro pressuposto para o entendimento do território é considerá-lo como expressão da força política. Desse modo, trabalhar com esta categoria nas séries iniciais do Ensino Fundamental não pode significar a supervalorização do político em detrimento do social e, neste sentido, os PCNs nos colocam a seguinte ideia: [...] O território é uma categoria importante quando se estuda a sua conceitualização ligada à formação econômica e social de uma nação. Nesse sentido, é o trabalho social que qualifica o espaço, gerando o território. Território não é apenas a configuração política de um Estado- Nação, mas sim o espaço construído pela formação social. (BRASIL, 2000, p. 111).
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