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METODOLOGIA DO ENSINO DE GEOGRAFIA

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METODOLOGIA 
DO ENSINO DE 
GEOGRAFIA
Professora Me. Adélia Cristina Tortoreli
Professora Me. Priscilla Campiolo Manesco Paixão
GRADUAÇÃO
Unicesumar
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a 
Distância; TORTORELI, Adélia Cristina; PAIXÃO, Priscilla Campiolo 
Manesco. 
 
 Metodologia do Ensino de Geografia. Adélia Cristina Tortoreli; 
Priscilla Campiolo Manesco Paixão. 
 Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. Reimpresso em 2020.
 248 p.
“Graduação - EaD”.
 
 1. Metodologia. 2. Ensino. 3. Geografia. 4. EaD. I. Título.
ISBN 978-85-459-0865-4
CDD - 22 ed. 372
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por:
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Diretoria Executiva
Chrystiano Minco�
James Prestes
Tiago Stachon 
Diretoria de Graduação
Kátia Coelho
Diretoria de Pós-graduação 
Bruno do Val Jorge
Diretoria de Permanência 
Leonardo Spaine
Diretoria de Design Educacional
Débora Leite
Head de Curadoria e Inovação
Tania Cristiane Yoshie Fukushima
Gerência de Processos Acadêmicos
Taessa Penha Shiraishi Vieira
Gerência de Curadoria
Carolina Abdalla Normann de Freitas
Gerência de de Contratos e Operações
Jislaine Cristina da Silva
Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais
Daniel Fuverki Hey
Supervisora de Projetos Especiais
Yasminn Talyta Tavares Zagonel
Coordenador de Conteúdo
Marcia Maria Previato de Souza
Designer Educacional
Nayara Valenciano
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Arte Capa
Arthur Cantareli Silva
Ilustração Capa
Bruno Pardinho
Editoração
Luís Ricardo P. Almeida Prado de Oliveira
Qualidade Textual
Hellyery Agda
Ivy Mariel Valsecchi
Ilustração
Bruno Cesar Pardinho
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos 
com princípios éticos e profissionalismo, não so-
mente para oferecer uma educação de qualidade, 
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in-
tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos 
em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e 
espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos 
de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 
100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: 
nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, 
Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos 
EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e 
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros 
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por 
ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma 
instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos 
consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos 
educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educa-
dores soluções inteligentes para as necessidades 
de todos. Para continuar relevante, a instituição 
de educação precisa ter pelo menos três virtudes: 
inovação, coragem e compromisso com a quali-
dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de 
Engenharia, metodologias ativas, as quais visam 
reunir o melhor do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é 
promover a educação de qualidade nas diferentes 
áreas do conhecimento, formando profissionais 
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Diretoria Operacional 
de Ensino
Diretoria de 
Planejamento de Ensino
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quando 
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou 
profissional, nos transformamos e, consequentemente, 
transformamos também a sociedade na qual estamos 
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de 
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com 
os desafios que surgem no mundo contemporâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica 
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando 
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em 
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado 
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal 
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o 
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento 
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas 
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos 
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. 
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu 
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns 
e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis-
cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe 
de professores e tutores que se encontra disponível para 
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de 
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
A
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TO
R
A
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Professora Me. Adélia Cristina Tortorelli 
Mestrado em Educação pela Universidade Estadual de Maringá (UEM/2011) 
na linha de pesquisa Formação de Professores – Departamento de Teoria 
e Prática. Especialização em Docência no Ensino Superior pelo Centro 
Universitário Maringá (Unicesumar/2008). Graduação em Pedagogia pela 
UEM (2007). Atualmente é docente em cursos de Educação de pós-graduação 
lato-sensu; coordenadora da pós-graduação lato-sensu em Docência no 
Ensino Superior na Unicesumar; professora dos cursos de Artes Visuais, 
Música e Pedagogia na Unicesumar; professora dos anos iniciais da Prefeitura 
de Maringá; e tutora na Graduação em Pedagogia do Núcleo de Educação a 
Distância (NEaD), da UEM. 
Para informações mais detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisas e 
publicações, acesse seu currículo, disponível no endereço a seguir:
<http://lattes.cnpq.br/4161937567859827>.
Professora Me. Priscilla Campiolo Manesco Paixão
Mestrado em História pela Universidade Estadual de Maringá (UEM/2008), 
Especialização em Metodologia do Ensino da Arte pelo Centro Universitário 
Internacional (UNINTER/2012). Especialização em História Econômica pela 
UEM (2004). Graduação em História pela Faculdade de Filosofia, Ciências 
e Letras de Mandaguari (FAFIMAN/2000). Graduação em Pedagogia/
Licenciatura, pelo Centro Universitário Maringá (Unicesumar/2013). 
Atualmente é docente na pós-graduação lato-sensu em cursos de Educação; 
integrante da Comissão de Elaboração e Revisão de Itens/ENADE do Banco 
Nacional de Itens (BNI), pelo Instituto Anísio Teixeira (INEP/MEC); integrante 
do Comitê de Pesquisa na Unicesumar; e coordenadora de cursos de 
graduação do Núcleo de Educação a Distância (NEaD), da Unicesumar. Tem 
experiência na área educacional como coordenadora (Ensino Fundamental e 
Superior), como Professora da Educação Básica e em Cursos de Graduação e 
Pós-graduação lato-sensu.
Para informações mais detalhadas sobre sua atuação profissional, pesquisas e 
publicações, acesse seu currículo, disponível no endereço a seguir:
<http://lattes.cnpq.br/7502281268919774>.
SEJA BEM-VINDO(A)!
Olá, caro (a) aluno (a)! É com grande satisfação que apresentamos a você a disciplina Me-
todologia do Ensino de Geografia, voltada à compreensão dessa ciência na sociedade e 
na escola. Uma expressiva parcela da população desconhece a relação intrínseca entre 
o homem e a Geografia, isso quando não ignora a existência dessa área como ciência. 
Para uns, a Geografia é confundida ou percebida comosimples relato de viajantes. Para 
outros, uma lembrança da infância. Seu nome nos remete às listas de nomes de lugares 
ou dados numéricos, lições que deveriam ser memorizadas como se fossem fotografias 
faladas de determinados lugares do nosso espaço natural. O fato é que a Geografia pas-
sa sim por essa apropriação, mas, enquanto ciência expande essa visão.
Em face do exposto e, em linhas gerais, na Unidade I, intitulada “O desenvolvimento da 
ciência geográfica e o histórico do ensino de Geografia no Brasil”, estudaremos as ori-
gens do pensamento geográfico na Antiguidade Clássica, e a substituição desse pensa-
mento em função das mudanças históricas e do próprio desenvolvimento da Geografia 
enquanto ciência humana.
Verificaremos que a Geografia foi marcada pela explicação objetiva e quantitativa da 
realidade – o que imprimiu ao pensamento geográfico o mito da ciência asséptica, não 
politizada, com o argumento da neutralidade do discurso científico. A meta era abordar 
as relações do homem com a natureza de forma objetiva, buscando a formulação de leis 
gerais de interpretação. É desse contexto, o da tradição, que herdamos uma Geografia 
memorística. 
Na sequência, abordaremos a Geografia enquanto ciência humana, dando ênfase para a 
história da Geografia no Brasil e notando, assim, seu impacto na metodologia e no ensi-
no. Notadamente, no século XXI, percebemos o efeito das transformações tecnológicas 
no ensino de Geografia e o papel ressignificado da escola, assim como a abordagem 
didática-pedagógica do ensino da Geografia. 
Na Unidade II, “O ensino de geografia para os anos iniciais do Ensino Fundamental”, ve-
remos que os Parâmetros Curriculares de Geografia constituem o documento criado 
para auxiliar o professor no tratamento das informações e conhecimentos pertinentes 
aos alunos do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental. Dessa forma, notamos a respon-
sabilidade social da escola enquanto microssistema inserido no macro – a sociedade. 
Cabe à instituição escolar oportunizar conteúdos que estejam em consonância com as 
exigências contemporâneas. Também, comentaremos o papel do professor enquanto 
mediador do conhecimento sistematizado, ou seja, aquele que deve estimular a curio-
sidade do aluno, apresentar caminhos que o conduzam ao conhecimento por meio da 
problematização, do questionamento e da autonomia, incentivando-o, assim, a ser um 
cidadão crítico. Por fim, apresentaremos o novo perfil do aluno, que necessita de uma 
formação relacional e cidadã.
APRESENTAÇÃO
METODOLOGIA DO ENSINO DE GEOGRAFIA
Na Unidade III, “Conceitos geográficos, a criança e as relações espaciais”, abordare-
mos a transformação da natureza ocasionada pelo homem, no intuito de atender as 
suas necessidades de sobrevivência no início da evolução humana. Essas modifica-
ções foram alteradas na medida em que o homem criava novas necessidades. Na se-
quência, apresentaremos alguns conceitos geográficos e as relações espaciais. Será 
exposto o trabalho que deve ser desenvolvido referente à orientação e à localização 
espacial das crianças do 1° ao 5° ano do Ensino Fundamental.
Com base em Piaget, analisaremos as etapas de desenvolvimento e a apreensão da 
noção de espaço pela criança: do espaço vivido ao concebido. Por fim, elencaremos 
algumas atividades que levarão o aluno a agir e refletir sobre esse espaço.
Na Unidade IV, “Representações cartográficas: mapas, escalas e maquetes”, compre-
enderemos o espaço por meio do entendimento do mundo real. Veremos que a 
observação, a percepção, a análise e a síntese da linguagem cartográfica, bem como 
as representações cartográficas, possibilitam pensar significativamente o conheci-
mento do espaço geográfico. 
O estudo das representações cartográficas contribui não apenas para que os alunos 
compreendam os mapas, mas também para que desenvolvam capacidades relati-
vas à representação do espaço. Tendo isso em vista, os estudantes precisam ser pre-
parados para construir as noções conceituais sobre essa linguagem, como pessoas 
que representem, codifiquem o espaço, e sejam leitoras das informações expressas. 
Por fim, na Unidade V, denominada “Linguagens no ensino de geografia e suas tec-
nologias”, discutiremos de que forma os recursos didáticos e os avanços tecnológi-
cos favorecem a aprendizagem dos alunos. Apresentaremos a fotografia, o cinema 
e a música enquanto recursos didáticos para o trabalho pedagógico do professor e 
para a formação do cidadão crítico diante dos problemas da sociedade. Finalizare-
mos a unidade destacando sobre a utilização dos jogos e ao estímulo às brincadei-
ras como forma de apreensão do espaço vivido.
Diante desse estudo, esperamos contribuir com a sua formação. 
Bons estudos!
APRESENTAÇÃO
SUMÁRIO
09
UNIDADE I
O DESENVOLVIMENTO DA CIÊNCIA GEOGRÁFICA E O HISTÓRICO DO 
ENSINO DE GEOGRAFIA NO BRASIL
15 Introdução
16 A História do Pensamento Geográfico 
33 A Geografia Como Ciência Humana 
39 A História da Geografia No Brasil 
47 A Geografia no Século XXI 
53 Considerações Finais 
59 Referências 
62 Gabarito 
UNIDADE II
O ENSINO DE GEOGRAFIA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO 
FUNDAMENTAL 
65 Introdução
66 Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Geografia 
71 A Metodologia e o Ensino de Geografia 
73 Diretrizes Curriculares da Educação Básica Para o Ensino de Geografia 
77 Conteúdos Para o Ensino de Geografia: Uma Visão Relacional e Cidadã 
83 A Escola no Século XXI: O Ensino de Geografia 
87 O Perfil do Professor Para o Ensino de Geografia 
SUMÁRIO
10
92 O Aluno: Um Sujeito Sociocultural
97 Considerações Finais 
104 Referências 
106 Gabarito 
UNIDADE III
CONCEITOS GEOGRÁFICOS, A CRIANÇA E AS RELAÇÕES ESPACIAIS
109 Introdução
110 A Transformação do Espaço Geográfico: O Homem e a Natureza 
114 Os Conceitos Geográficos 
123 Orientação e Localização 
125 Identificação do Espaço Escolar 
136 A Evolução da Noção de Espaço 
146 As Atividades Lúdico-Pedagógicas na Ampliação do Domínio de Espaço 
155 Considerações Finais 
160 Referências 
162 Gabarito 
UNIDADE IV
REPRESENTAÇÕES CARTOGRÁFICAS: MAPAS, ESCALAS E MAQUETES
165 Introdução
166 A Cartografia 
SUMÁRIO
11
175 A Leitura de Mapas
181 As Escalas: Entendendo as Reduções 
183 Os Mapas Mentais 
189 As Maquetes 
199 Considerações Finais 
206 Referências 
208 Gabarito 
UNIDADE V
LINGUAGENS NO ENSINO DE GEOGRAFIA E AS TECNOLOGIAS
211 Introdução
212 A Tecnologia e as Linguagens Para o Ensino de Geografia 
216 A Fotografia Como Recurso Didático no Ensino de Geografia 
223 O Cinema como Conhecimento Geográfico e Educacional 
226 A Música Enriquecendo as Aulas de Geografia 
232 Os Jogos: Desenvolvendo Noções Espaciais nas Crianças 
238 Considerações Finais 
244 Referências 
245 Gabarito 
247 CONCLUSÃO 
248 ANEXO 
U
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ID
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D
E I
Professora Me. Adélia Cristina Tortoreli
Professora Me. Priscilla Campiolo Manesco Paixão
O DESENVOLVIMENTO DA 
CIÊNCIA GEOGRÁFICA E O 
HISTÓRICO DO ENSINO DE 
GEOGRAFIA NO BRASIL
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Compreender a história do pensamento Geográfico.
 ■ Reconhecer a Geografia como ciência da natureza e da sociedade.
 ■ Conhecer a história da Geografia no Brasil.
 ■ Refletir sobre a Geografia no século XXI.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ A História do pensamento geográfico
 ■ A Geografia como ciência humana
 ■ A história da Geografia no Brasil
 ■ A Geografia no século XXI
INTRODUÇÃO
Olá, caro(a) aluno(a)! Apresentamos a você nossa primeira unidade, que traz 
como tema: “O desenvolvimento da ciência geográfica e o histórico do ensino 
de Geografia no Brasil”. O objetivo é apresentar a história do pensamento geo-
gráfico como forma de contribuir para o entendimento de que a Geografia, 
que é uma ciência desenvolvida na antiguidade Clássica, foi transformada de 
acordo com as necessidades humanas. Essa evolução de pensamento se intensi-
ficou na Idade Moderna e evoluiu atéa sociedade contemporânea, nas chamadas 
Ciências Humanas. Quando falamos em Ciências Humanas, é preciso saber que 
elas decorrem de uma vasta área do conhecimento humano que são oriundas 
do saber de outras ciências.
A Geografia busca, por um lado, privilegiar o homem e compreender as 
características do espaço natural e físico. Por outro lado, procura perceber como 
os homens se relacionam com esse espaço por meio das interações que estabe-
lecem entre si, é dessas interações que a Geografia se ocupa.
Na sequência, apresentaremos que a história da Geografia no Brasil passou 
por diferentes momentos de ensino, produzindo não só a sua própria história, 
mas também gerando reflexões sobre a sua metodologia. Nesse momento, nos 
debruçaremos sobre o ensino propriamente dito de Geografia: da tradicional à 
crítica. Veremos que, até pouco tempo, esta área era concebida como um retrato 
fidedigno de seus aspectos físicos, e acreditava-se que, ao dominá-los (relevo, 
clima e vegetação, entre outros) estaríamos estudando Geografia. 
Por fim, em relação ao século XXI, faremos algumas reflexões sobre o papel 
das tecnologias no avanço do ensino da disciplina, e o quanto isso impacta sobre 
o perfil que se espera do professor e do aluno em sala de aula, bem como na con-
tribuição que esse aluno pode dar à sociedade.
Bons estudos!
Introdução
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O DESENVOLVIMENTO DA CIÊNCIA GEOGRÁFICA E O HISTÓRICO DO ENSINO DE GEOGRAFIA NO BRASIL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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A HISTÓRIA DO PENSAMENTO GEOGRÁFICO
Caro(a) aluno(a), o objetivo do tema “A História do Pensamento Geográfico”, 
é partilhar com você de forma breve, mas não menos importante, as correntes 
do pensamento geográfico que, a partir das necessidades criadas pelos próprios 
homens em determinado período histórico, utilizavam (e ainda utilizam) de for-
mas para dar tratamento ao pensamento e à aplicação da ciência geográfica.
Então, como podemos entender o pensamento geográfico ao longo do século 
XX? Percebendo a explicação de diversos fenômenos e comportamentos humanos.
A Geografia utilizou as correntes do pensamento geográfico que abordaremos 
na sequência: Geografia na Antiguidade Clássica; Geografia Clássica Moderna; 
Nova Geografia; Geografia Radical; Geografia Humanística; Geografia Idealista; 
Geografia Ambiental; Geografia Têmporo-Espacial; e o Método Regional.
A GEOGRAFIA NA ANTIGUIDADE CLÁSSICA
A Geografia Clássica é resultante das concepções descritivas e da matemática que 
foi construída por gregos e romanos desde a Antiguidade Clássica. Erastóstenes, 
Tales de Mileto, Anaximandro, Heródoto, Hipócrates, Hiparco, além de outros, 
produziram os conhecimentos alicerçados do que mais tarde seria a Geografia 
Científica. 
Teceremos algumas contribuições com base no Artigo “Geografia Clássica-
uma Contribuição para História da Ciência Geográfica”, de autoria de Enylton 
Odilon Rêgo da Rocha. Começaremos, então, por Erastóstenes (matemático, 
astrônomo e geógrafo grego). Conforme Rocha (1997, p. 3),
uma de suas maiores preocupações foi com a medição da superfície 
do nosso planeta. Para calcular de forma mais exata as dimensões, ele 
se baseou nos métodos astronômicos e geométricos, além de adotar, 
como princípio, a ideia de que a forma real da Terra era esférica.
Erastóstenos se destacou no campo da cartografia, sendo responsável pela con-
fecção de um mapa mundi com sete paralelos e sete meridianos, cada qual 
denominado pelo nome do lugar por onde passava e, dessa forma, “desenvolviam-se 
A História do Pensamento Geográfico
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com ele os sistemas de coordenadas tão presentes hoje em nossos mapas”. 
De acordo com Rocha (1997, p. 3), Tales de Mileto e Anaximandro, por sua 
vez, contribuíram com o destaque para a medição do espaço e a discussão de 
forma da Terra (assunto hoje próprio da Geodésia). “São eles verdadeiramente, 
os fundadores da Geografia Moderna, que mais tarde seria melhor sistematiza 
da por Cláudio Ptolomeu”. 
Já sobre Heródoto de Helicarnado, o autor pontua:
Heródoto de Helicarnado, conhecido como “pai da História”, acumu-
lou grandes conhecimentos graças as suas viagens que o levaram desde 
o Sudão até a Europa Central e da Índia até a Península Ibérica, ou 
seja, todo o mundo até então conhecido pelos gregos. Suas descrições 
históricas são ricas em informações geográficas, que grandes utilidades 
tiveram para os governantes gregos, desejosos de obterem informações 
sobre os chamados bárbaros e seus territórios (ROCHA, 1997, p. 3).
Outro importante geógrafo, cujas produções foram contemporâneas às de 
Heródoto, foi Hipócrates. Suas preocupações, segundo Sodré (1989 apud ROCHA, 
1997), eram mais com o homem do que com o meio, embora aceitasse a ideia 
de que o meio fosse mais importante. 
Geodésia é a ciência que se ocupa da determinação da forma, das dimen-
sões e do campo de gravidade da Terra. Na prática, a atuação do Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), instituição responsável no País 
por essas atividades, caracteriza-se pela implantação e manutenção do Sis-
tema Geodésico Brasileiro (SGB), formado pelo conjunto de estações, mate-
rializadas no terreno, cuja posição serve como referência precisa aos diver-
sos projetos de engenharia - construção de estradas, pontes, barragens, etc., 
mapeamento, geofísica, pesquisas científicas, entre outros.
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ([2017], on-line) 2. 
O DESENVOLVIMENTO DA CIÊNCIA GEOGRÁFICA E O HISTÓRICO DO ENSINO DE GEOGRAFIA NO BRASIL
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
IU N I D A D E18
Em relação à Hiparco, Rocha (1997), pontua que foi o grande continuador da 
obra de Erastótenes, sendo o primeiro a dividir o círculo terrestre em 360 graus. 
Apesar da grandiosa contribuição dos autores supracitados, foram Estrabão 
e Cláudio Ptolomeu os grandes responsáveis pela sistematização dos conheci-
mentos geográficos na Antiguidade Clássica. Suas obras serviram de modelo para 
a retomada da produção dos conhecimentos geográficos a partir do século XV. 
Começaremos então por Estrabão e a sua geografia descritiva, que não con-
templava a interpretação nem a análise dos fatos observados a partir de suas 
viagens. Esse grego não valorizou a matemática e a astronomia para os estudos 
da Geografia, consideradas até então fundamentais para os estudos da área. De 
acordo com Rocha (1997), Estrabão foi um grande viajante, historiador e geó-
grafo, tendo percorrido quase todas as partes do mundo que eram conhecidas 
em sua época. Em suas viagens, ele pôde produzir uma Geografia marcadamente 
descritiva, a exemplo de Heródoto. Os fatos observados pelo grego, como as terras 
percorridas e os povos que nela habitavam, foram objetos de detalhada descri-
ção, porém, sem análise nem interpretações. 
Ptolomeu, por sua vez, foi astrônomo, matemático e geógrafo, tendo como 
mais importante obra a Geographike Synyaxis.
De caráter puramente astronômico, esta obra trouxe à luz a concepção 
ptolomeica do universo, na qual se considerava “la Tierra en el centro 
dei Universo y al Sol, Ia luna y los astros dei firmamento girando alrede-
dor de ella.”(CAPEL & URTEAGA, 1984:07). Podemos também encon-
trar, nesta obra, quadros com a latitude e a longitude, além de cálculos 
referentes à variação do dia de acordo com a distância do Equador. 
Graças aos árabes, que a traduziram, dando-lhe o título de Almagesto, 
o pensamento de Ptolomeu se tornou conhecido na Europa medieval, o 
que lhe assegurou duradouro prestígio (ROCHA, 1997, p. 7).
Com essa breve apresentação da Geografia Clássica na Antiguidade, queremos 
destacara importância desse conhecimento para os desdobramentos da Geografia 
enquanto ciência nos séculos vindouros. 
A História do Pensamento Geográfico
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A GEOGRAFIA CLÁSSICA MODERNA
Na Alemanha e na França (século XIX), tendo como precursores Alexandre 
Von Humboldt e Carl Ritter surgiram as primeiras definições de como seria a 
Geografia e o seu objeto de estudo, que, até então, não tinha uma clareza defi-
nida. Até esse período histórico, a geografia era tida como a ciência do “tudo ou 
da superfície terrestre” (SOUZA et al., 2009, on-line)3. 
A Geografia Clássica ou tradicional, a partir de 1950, começa a receber seve-
ras críticas de geógrafos. Um dos maiores expoentes dessas críticas é Yves Lacoste, 
que, insatisfeito com a ciência geográfica existente, alega que os geógrafos são 
inúteis perante os problemas que a sociedade apresenta. Diante da necessidade 
imposta, surge a Nova Geografia. 
A Geografia Tradicional também conhecida como Geografia Clássica 
surgiu no século XIX, inicialmente na Alemanha e na França, difundin-
do-se aos demais países, tendo como precursores Alexandre Von Hum-
boldt e Carl Ritter. Nesta corrente surgem as primeiras definições do que 
seria a Geografia e qual seria seu objeto de análise, já que no momento 
de sua sistematização não havia clareza quanto ao objeto de estudo, a 
Geografia era tida como a ciência “do tudo” ou a ciência “da superfície 
terrestre” (SOUZA et al., 2009, p. 3).
Immanuel Kant (1724-1804), professor e filósofo, defendia o empirismo geográ-
fico, alegando que o conhecimento necessitava da experiência e do raciocínio 
para se formular. Kant realizava viagens a diferentes partes do mundo com 
o objetivo de construir uma taxonomia, ou seja, classificar e categorizar o 
mundo físico.
Moreira (2008, p. 14), explica a taxonomia do mundo físico 
é traduzida na forma das grandes paisagens da superfície terrestre, re-
cortando-a em pedaços de espaço que fazem dela uma ampla coreogra-
fia. De modo que são seus atributos a relação de apreensão do sensível 
dos dados do mundo circundante e o olhar corográfico sobre a super-
fície terrestre. 
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De acordo com Andrade (2004, p. 104), alguns geógrafos consideravam a 
Geografia como uma ciência natural e não como uma Ciência Social: 
[...] mesmo Vidal de la Blache, historiador de formação e muito ligado 
ao pensamento da escola de historiadores, liderada por Marc Bloch, 
admitia que a Geografia era uma ciência dos lugares e não do homem.
O autor ainda afirma que 
só posteriormente, com os estudos de Pierre George e Paul Claval, é 
que se generalizou a opinião de que a Geografia é uma ciência social, 
do homem, e não uma ciência da natureza. Distinção que tem grande 
importância epistemológica, pois, se a Geografia fosse uma ciência na-
tural, dos Lugares, ela não poderia procurar explicar como e por que a 
sociedade produz e reproduz permanentemente o espaço social, apenas 
estudaria os resultados deste trabalho. Como ciência social, humana, a 
Geografia tem a responsabilidade de analisar a própria sociedade, as 
relações que influem no tipo de espaço produzido e explicar a razão de 
ser da ação da sociedade sobre esse espaço. Assunto da maior impor-
tância nos dias de hoje (ANDRADE, 2004, p. 104).
Muitos pensadores contribuíram para a formação da ciência geográfica, como 
Karl Ritter, Freidrich Ratzel, Jean Brunhes, Pierre George, Elisée Reclus, Alfred 
Hettener, Alexander Von Humboldt, Vidal de La Blache, G. Johstohn, Richard 
Hartshorne, Max Sorre, Piort Kropotkin e Jean Tricart, entre outros.
Alexander Von Humbold (1769-1859), naturalista e explorador, considerado, 
por sua obra, o pai da Geografia, participou de inúmeras expedições pela 
Europa, Ásia, América Latina e América do Sul, inclusive no Brasil. Seus es-
tudos estavam focados na influência dos fatores naturais sobre a vida das 
sociedades vivas: vegetais, animais ou humanos. Dentre outras obras, desta-
ca-se “Quadros da natureza e cosmos”. Para saber mais, acesse o link, dispo-
nível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Alexander_von_Humboldt>. 
Fonte: adaptado de Wikipedia ([2017], on-line)4. 
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A NOVA GEOGRAFIA
A Nova Geografia pode ser considerada como um conjunto de ideias que ganha-
ram força durante a década de 1950. As novas perspectivas de abordagem surgem 
em decorrência da Segunda Guerra Mundial, nos setores econômicos, sociais, 
tecnológicos e científicos. 
Um dos objetivos era superar as dicotomias existentes nos procedimentos 
metodológicos científicos. Tendo como base os fundamentos de Christofoletti 
(1982), explicitaremos algumas metas básicas da Nova Geografia: 
a) Rigor maior na aplicação da metodologia científica – a metodologia 
científica representa o conjunto dos procedimentos aplicáveis à execu-
ção da pesquisa científica. Pressupondo que haja a unidade da ciência, 
todos os seus ramos devem-se pautar conforme os mesmos procedi-
mentos. Não há metodologia específica para uma ciência, mas para o 
conjunto das ciências. 
b) Desenvolvimento de teorias – a falta de teorias explicitamente expos-
tas na Geografia Tradicional foi veementemente criticada por inúmeros 
geógrafos. Por isso, a Nova Geografia procurou estimular o desenvolvi-
mento de teorias relacionadas com as características da distribuição e 
arranjo espaciais dos fenômenos. Os geógrafos passaram a usar e a tra-
balhar com as teorias disponíveis em outras ciências, como as teorias 
econômicas, mormente as relacionadas com a distribuição; localização e 
hierarquia de eventos. 
c) O uso de técnicas estatísticas e matemáticas – para analisar os dados 
coletados e as distribuições espaciais dos fenômenos foi uma das primei-
ras características destacadas na Nova Geografia. E o seu carisma foi tão 
grande que se refletiu, na adjetivação empregada por muitos trabalhos, a 
denominação de “Geografia Quantitativa”.
d) A abordagem sistêmica – que serve ao geógrafo como instrumento con-
ceitual que facilita tratar os conjuntos complexos, como os da organização 
espacial. A preocupação em focalizar as questões geográficas sob a pers-
pectiva sistêmica representou característica que favoreceu e dinamizou 
o desenvolvimento da Nova Geografia.
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e) O uso de modelos – intimamente relacionado com a verificação das teo-
rias, com a quantificação e com a abordagem sistêmica. O modelo permite 
estruturar o funcionamento do sistema, a fim de torná-lo compreensível 
e expressar as relações entre os seus diversos componentes.
A partir de 1960, o método matemático da Nova Geografia passa a ser criticado 
por vários geógrafos, pois explicava alguns fenômenos, mas não justificava o 
intervalo entre os mesmos. Com o declínio da Nova Geografia, a vertente Crítica 
toma o seu lugar. 
A GEOGRAFIA CRÍTICA
Em meados da década de 1960, nasce a Geografia Crítica, que também recebe o 
nome de Geografia Marxista ou Radical, com bases metodológicas fundamentadas 
no materialismo histórico e dialético. Os geógrafos e professores de Universidades 
passaram a utilizar esse método por meio das obras de Marx e Engels. 
O materialismo dialético é a concepção filosófica do Partido marxista-leni-
nista. Chama-se materialismo dialético, porque o seu modo de abordar os 
fenômenos da natureza, seu método de estudar esses fenômenos e de con-
cebê-los, é dialético, e sua interpretaçãodos fenômenos da natureza, seu 
modo de focalizá-los e sua teoria, é materialista.
O materialismo histórico é a aplicação dos princípios do materialismo dialé-
tico ao estudo da vida social, aos fenômenos da vida da sociedade, bem 
como ao estudo e história da sociedade. Para saber mais, acesse o link dis-
ponível em: <https://www.marxists.org/portugues/stalin/1938/09/mat-dia-
-hist.htm>.
Fonte: Stálin (1938, on-line)5. 
https://www.marxists.org/portugues/stalin/1938/09/mat-dia-hist.htm
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Enquanto a Nova Geografia analisava os padrões espaciais, a Crítica tinha como 
foco os processos sociais, e postulava que o comportamento social poderia ser 
explicado pelos meios de produção. 
O interesse dos geógrafos estava concentrado na análise da relação entre o 
modo de produção e as formações socioeconômicas. A Geografia Crítica incen-
tiva as discussões em torno das desigualdades sociais, da pobreza, das injustiças, 
das lutas de classes e da deterioração dos recursos ambientais.
A filosofia Marxista, oriunda dos postulados de Karl Marx, foi utilizada pelos 
geógrafos que analisavam a relação entre os modos de produção e as formações 
socioeconômicas. A Geografia Crítica incentivava a discussão de temas como a desi-
gualdade social, problemas com relação ao meio ambiente, pobreza e luta de classe.
Garcia (1978 apud CHRISTOFOLETTI, 1982) apresenta quatro linhas de 
orientação para os estudos na Geografia Radical, a saber:
Figura 1- Linhas de orientação para os estudos de Geografia Radical
Fonte: adaptada de Garcia (1978 apud CHRISTOFOLETTI, 1982).
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LINHA DE ORIENTAÇÃO ANARQUISTA
Centralizada na Universidade 
de Simon Fraser e na de Clark.
LINHA DE ORIENTAÇÃO POPULAR-RADICAL
Que se caracteriza pelo contato direto dos geógrafos com
as populações das áreas e dos bairros a serem investigados. 
O geógrafo participa e orienta a população para solucionar
seus problemas e traçar as suas reivindicações.
LINHA COM ORIENTAÇÃO PARA
O TERCEIRO MUNDO
Destinada a propor análises sobre o desenvolvimento
e o imperialismo, entre outros temas.
LINHA DE ORIENTAÇÃO MARXISTA
Se baseia no estudo das obras de Marx e Engels,
na procura de fundamentos teóricos e na sua aplicação
aos problemas socioeconômicos de expressão espacial.
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No Brasil, como a Geografia Crítica passa a ganhar força? Com eventos como a 
organização de greve dos operários e o retorno dos exilados ao Brasil. No âmbito 
Universitário, esse pensamento ganhou força. Em síntese, a Geografia tem um 
compromisso com a sociedade e com causas e injustiças sociais. No entanto, ao 
longo da década de 1980, a Geografia Crítica começa a sofrer os primeiros sinais 
de esgotamento.
Agora, vamos conhecer as novas maneiras de formar o pensamento ou as cor-
rentes alternativas de Geografia? As novas vertentes são: Geografia Humanística; 
Geografia Idealista; Geografia Ambiental; Geografia Têmporo Espacial; e Geografia 
Regional.
A partir de 1989, a Geografia Crítica começou a apresentar seus primeiros 
sinais de esgotamento diante da realidade em transformação, expondo seus 
limites teórico-metodológicos. A queda do muro de Berlim, o fim da URSS, 
aliados à crise do marxismo e à falência dos paradigmas da modernidade 
na explicação da nova realidade em mudança, inclusive o da teoria social 
crítica, revolucionam o pensamento e a produção geográfica em todos os 
sentidos e direções. Para saber mais, acesse o link disponível em: <http://
www.feth.ggf.br/geografiacr%C3%ADtica.htm>.
Fonte: Oliveira (1997 apud EVANGELISTA, 2000, on-line)6.
http://www.feth.ggf.br/geografiacr%C3%ADtica.htm
http://www.feth.ggf.br/geografiacr%C3%ADtica.htm
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GEOGRAFIA HUMANÍSTICA
A Geografia Humanística surgiu por volta de 1960, defendendo aspectos huma-
nos relacionados aos valores, percepções, propósitos e comportamentos, entre 
outros. A área considera que, para cada grupo humano, existe uma visão de 
mundo. As maiores contribuições para essa Geografia vieram, principalmente, 
de Yi-Fu Tuan, Anne Buttimer, Edward Relph e Mercer e Powell. Esses estudio-
sos estavam apoiados na “Fenomenologia”, que 
trata-se de um método que consiste em descrever o fenômeno, isto é, 
aquilo que se dá imediatamente e, em segundo lugar, trata-se da valoriza-
ção da observação destituída de mediações. Esse método possibilita que 
se penetre no contexto do mundo vivido, a partir do qual a experiência é 
construída e percebida (BRAGA; ALVES, 2008, p. 10).
Para Corrêa (2001, p. 30), a Geografia Humanística
está assentada na subjetividade, na intuição, nos sentimentos, na ex-
periência, no simbolismo e na contingência, privilegiando o singular e 
não o particular ou o universal e, ao invés da explicação, tem na com-
preensão a base de inteligibilidade do mundo real.
Nesse contexto, o ser humano passa a ser valorizado nos espaços geográficos, 
essa valorização está voltada para como o homem se enxerga no próprio espaço 
no qual está inserido. Os conceitos de “espaço” e “lugar” passam a ser valoriza-
dos. Na fenomenologia, o espaço, de acordo com Lencioni (2003, p. 152), 
é vivido e percebido de maneira diferente pelos indivíduos, uma das 
questões decisivas da análise geográfica que se coloca diz respeito às 
representações que os indivíduos fazem do espaço. Essa Geografia pro-
curou demonstrar que para o estudo geográfico é importante conhecer 
a mente dos homens para saber o modo como se comportam em rela-
ção ao espaço.
O espaço passa a ser observado como o lugar de convivência e reconhecimento de 
que o homem faz parte desse local enquanto pessoa, o qual se apropria das sensa-
ções e situações do ambiente. Dizer que o espaço é apenas um lugar de passagem 
do homem não é mais suficiente para essa Geografia. Sensações, emoções e vivên-
cias são algumas das questões subjetivas que conecta o homem a esse espaço. 
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O conceito de Geografia Humanística foi trabalhado por Yi-Fun, que enten-
dia que a Geografia poderia ser analisada pelos sentidos de localização e de 
artefato único. 
De acordo com Tuan (1982), o espaço é uma referência emocional para as 
pessoas. Existe uma ligação emocional entre as pessoas e os objetos na criação da 
identidade de lugar. Esses estudos comprovaram o que nós já sabemos há algum 
tempo: os lugares têm vida e memória nos nossos sentimentos. 
[...] o lugar é o espaço que se torna familiar às pessoas, consiste no es-
paço vivido da experiência. Como um mero espaço se torna um lugar 
intensamente humano é uma tarefa para o geógrafo humanista “sic”, 
para tanto, ele apela aos interesses distintamente humanísticos como a 
natureza da experiência, a qualidade de ligação emocional dos objetos 
físicos as funções dos conceitos e símbolos na criação de identidade do 
lugar (TUAN, 1982 apud HOLZER, 1999, p. 70).
GEOGRAFIA IDEALISTA
A abordagem idealista distingue a explicação de fatos humanos e fatos naturais. 
O idealismo é uma corrente filosófica que surgiu na modernidade e cuja linha 
de pensamento é oposta ao materialismo. O objetivo da Geografia Idealista é 
valorizar e representar as ações envolvidas nos fenômenos. Conforme afirmaChristofoletti (1982, p. 15), 
[...] a Geografia Idealista representa tendência para valorizar a 
compreensão das ações envolvidas nos fenômenos, procurando fo-
calizar o seu aspecto interior, que é o pensamento subjacente às 
atividades humanas.
Ainda, a autora acrescenta que:
[...] o exterior compreende todos os aspectos de uma ação passíveis de 
descrição em função de corpos e de seus movimentos, enquanto a parte 
interior das ações é o pensamento subjacente aos seus aspectos obser-
váveis a sua parte exterior (CHRISTOFOLETTI, 1982, p. 15).
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Além disso, segundo Christofoletti (1982, p. 15), em artigo de 1974, Guelke observa 
que o geógrafo humano está interessado principalmente na forma pela qual uma 
ação possa se desenrolar, em “compreender a resposta racional para o fenômeno, 
mas não na explicação do fenômeno em si”. As formas de atividades humanas, 
em níveis individual e social, modificaram e transformaram a superfície terrestre.
Assim, “o objetivo do geógrafo humano idealista é compreender o desen-
volvimento da paisagem cultural da Terra ao revelar o pensamento que jaz atrás 
dele”. Cada pessoa tem a sua própria visão de mundo e toma decisões com base 
em seus conhecimentos. O papel do geógrafo é tentar reconstruir o pensamento 
que sustenta as ações realizadas. 
Para Christofoletti (1982, p. 15), “ao considerar a elaboração de relatos ver-
dadeiros e sua explicação, a Geografia Idealista assume posição ideográfica em 
vez da nomotética”.
As ‘ciências nomotéticas’ são baseadas no coletivismo metodológico, e se 
preocupam em estabelecer leis gerais para fenômenos suscetíveis de serem 
reproduzidos, com o objetivo final de se conhecer o universo. Fazem par-
te destas ciências a Física e a Biologia, e também algumas Ciências Sociais 
como a Economia, a Psicologia ou mesmo a Sociologia.
As ‘ciências ideográficas’ são baseadas no individualismo metodológico, e 
se preocupam em estudar o singular, o único, as coisas que não são recor-
rentes. Quer seja um fato ou uma série de fatos, a vida ou a natureza de um 
ser humano, ou de um povo, a natureza e o desenvolvimento de uma língua, 
de uma religião, de uma ordem jurídica ou de qualquer produção literária, 
artística ou científica. Para saber mais, acesse o link disponível em: <http://
cienciaeconhecimento.forumeiros.com/t10-ciencias-nomoteticas-e-ideo-
graficas>.
Fonte: Ciência & Conhecimento ([2017], on-line)7. 
http://cienciaeconhecimento.forumeiros.com/t10-ciencias-nomoteticas-e-ideograficas
http://cienciaeconhecimento.forumeiros.com/t10-ciencias-nomoteticas-e-ideograficas
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Por outro lado, o foco maior é na tendência histórica do que na espacial. 
Entretanto, Leonard Guelke, ao sugerir o princípio de verificação e adotar o 
empirismo epistemológico e a objetividade na ciência, está se encaixando nos 
moldes do positivismo lógico, sem realmente propor uma perspectiva substi-
tuta para a Nova Geografia. 
Guelke procura, principalmente, reformular os aspectos da geografia prati-
cada sob os princípios do positivismo, apontando a necessidade e a importância 
de que também sejam incluídas as preocupações com os pensamentos humanos 
para efetiva compreensão das organizações espaciais.
GEOGRAFIA AMBIENTAL
Há muito tempo, a questão ambiental tem sido uma preocupação na vida dos 
países e das cidades. Independente do local, seja no centro no mundo, nos paí-
ses periféricos, nas grandes ou pequenas cidades, a consciência de que o meio 
ambiente precisa ser respeitado e preservado invade as reflexões e ações das 
pessoas. 
As causas ambientais têm sido colocadas em pauta nas discussões governa-
mentais e educacionais. Foram os geógrafos naturalistas que se interessaram em 
detalhar as características físicas dos lugares, de tal modo a catalogar e mensu-
rar os fenômenos da superfície da terra.
O ambiente envolve tanto os seres vivos como os não vivos que afetam o 
ecossistema e a vida dos seres humanos. Esse ambiente humano pode ser divi-
dido em meio natural e social: 
[...] mesmo que o homem tenha hoje uma maior consciência sobre 
sua intervenção no mundo natural, o que podemos até considerar um 
avanço, mediante as grandes degradações que já ocorreram até agora, 
ainda não há coerência suficiente. Ou seja, muitas ações deveriam ser 
colocadas em prática para a preservação do meio ambiente como um 
todo (MENDONÇA, 1993, p. 5).
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Em consonância com a matéria supracitada, segue a continuação do pensamento 
de Medeiros (1993, p. 5):
[...] o que vemos atualmente é que os índices de degradação aumen-
taram, enquanto de um lado existem muitos lutando por um mundo 
melhor para todos, de outro lado, a grande maioria busca seu próprio 
crescimento econômico, com o objetivo de consumir cada vez mais, 
e como consequência, consumir mais recursos naturais, ocasionando 
a degradação, sem se preocupar e muitas vezes sem saber, que esses 
recursos muitos são renováveis e não são infinitos.
Para corroborar com a citação acima, veja no Saiba Mais a seguir o trecho de 
uma reportagem sobre o assunto.
Para exemplificar a preocupação de Mendonça, segue o trecho da matéria 
publicada no dia 22 de Fevereiro de 2017: 
[...] um grupo de ambientalistas encabeçados pelo Instituto Internacional 
de Educação do Brasil (IEB) lançaram essa semana um manifesto contra a 
edição de um possível projeto de lei (ou medida provisória) que recorta Uni-
dades de Conservação localizadas no sul do Amazonas. Essas áreas protegi-
das, criadas pela ex-presidente Dilma Rousseff um dia antes do Congresso 
afastá-la da presidência, são alvos de discordâncias de políticos do estado, 
que pediram diretamente ao ministro da casa civil, Eliseu Padilha, para redu-
zi-las em 35%. Se o governo ceder ao apelo, cerca de um milhão de hectares 
deixarão de ser protegidos.
Para ler a matéria na íntegra, acesse o link disponível em: <http://www.oeco.
org.br/noticias/ambientalistas-se-manifestam-contra-a-reducao-de-areas-
-protegidas-na-amazonia/>.
Fonte: Rodrigues ([2017], on-line)8. 
http://www.oeco.org.br/noticias/no-apagar-das-luzes-governo-dilma-cria-5-unidades-de-conservacao/
http://www.oeco.org.br/noticias/no-apagar-das-luzes-governo-dilma-cria-5-unidades-de-conservacao/
http://www.oeco.org.br/noticias/ambientalistas-se-manifestam-contra-a-reducao-de-areas-protegidas-na-amazonia/
http://www.oeco.org.br/noticias/ambientalistas-se-manifestam-contra-a-reducao-de-areas-protegidas-na-amazonia/
http://www.oeco.org.br/noticias/ambientalistas-se-manifestam-contra-a-reducao-de-areas-protegidas-na-amazonia/
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Na atualidade, a abordagem da questão ambiental precisa ser encarada com cons-
ciência crítica e coletiva. Se não podemos retroceder aos danos causados e que 
não poderão mais ser recuperados, é necessário que as gerações atuais repassem 
para as gerações futuras, que a continuidade da vida na terra, na forma como a 
conhecemos hoje, precisa ser repensada. A educação geográfica desempenha a 
importante contribuição nessa tarefa diária. 
GEOGRAFIA TÊMPORO-ESPACIAL
Essa corrente do pensamento geográfico tem o objetivo de analisar as ativida-
des individuais e das sociedades em função das variáveis de tempo e espaço. A 
sua especificidade é traçaro ritmo de vida dos grupos humanos, com destaque 
para o tempo gasto nas atividades e nos lugares frequentados, 
[...] as questões relacionadas ao uso do tempo são fundamentais para a 
perspectiva têmporo-espacial da Geografia, tanto em relação ao indi-
víduo como em relação aos grupos. As atividades desenvolvidas pelos 
indivíduos, na família, nos grupos sociais, nos locais de trabalho e nas 
horas de lazer exigem meios de transporte, construções arquitetônicas 
adequadas e organização dos horários (CHRISTOFOLETTI, 1982, p. 9).
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente estima que quase 
metade da população mundial vai sofrer com a escassez de água a partir de 
2030. Reservas subterrâneas estão ficando cada vez mais escassas e estão 
cada vez mais contaminadas. O nível de poluição nos rios, lagos e outros 
reservatórios de água provocado pela agricultura e emissão de esgoto é tão 
alto que a água não é própria nem mesmo para o consumo animal. Para 
saber mais, acesse o link disponível em: https://noticias.terra.com.br/hu-
manidade-esgota-recursos-da-terra-em-2016,80ea87f29e0fe2104d6784c-
d1937037avf3sleq1.html.
Fonte: TERRA ([2017], on-line)9.
https://noticias.terra.com.br/humanidade-esgota-recursos-da-terra-em-2016,80ea87f29e0fe2104d6784cd1937037avf3sleq1.html
https://noticias.terra.com.br/humanidade-esgota-recursos-da-terra-em-2016,80ea87f29e0fe2104d6784cd1937037avf3sleq1.html
https://noticias.terra.com.br/humanidade-esgota-recursos-da-terra-em-2016,80ea87f29e0fe2104d6784cd1937037avf3sleq1.html
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Para que os indivíduos possam usufruir dos lazeres e divertimentos, é preciso 
que essas atividades sejam oferecidas fora dos seus horários de trabalho, e numa 
localização próxima da sua residência, que permita o deslocamento conveniente 
e acessível de ida e volta (CHRISTOFOLETTI, 1982).
Nas sociedades industriais, o desenvolvimento tecnológico intensifica a pro-
dutividade e promove a diminuição das horas de trabalho. O indivíduo passa 
a dispor de mais “horas livres”, que podem ser gastas em atividades culturais, 
recreativas, esportivas e sociais, entre outras (CHRISTOFOLETTI, 1982). Há, 
assim, a necessidade de organizar a distribuição espacial dos locais que permi-
tam essas atividades, assim como dispor o seu horário de funcionamento para 
atingir o maior número possível de usuários. Considerando o ritmo das ativi-
dades diárias, os programas de televisão, por exemplo, procuram atingir faixas 
distintas da população em suas transmissões matinais, vespertinas e noturnas 
(CHRISTOFOLETTI, 1982).
As atividades produtivas e as características das classes socioeconômicas 
são importantes na análise têmporo-espacial. São significativas, por exemplo, 
as diferenças no uso do tempo entre as populações urbanas e as rurais. Outro 
aspecto está relacionado ao valor do tempo gasto. As pessoas de baixo nível 
social e cultural executam tarefas de baixo rendimento, pois o seu tempo é barato 
(CHRISTOFOLETTI, 1982).
As pessoas de alto nível social e cultural apresentam valor do tempo muito 
mais elevado, cujo gasto não é destinado à execução de tarefas simples e rotinei-
ras. Delegar as tarefas domésticas e de limpeza às empregadas é procedimento 
usual nas famílias abastadas, assim como os subalternos executam muitas tare-
fas delegadas pelos patrões e dirigentes (CHRISTOFOLETTI, 1982).
Não é interessante saber que existe um pensamento geográfico que pensa 
e arquiteta o espaço do qual usufruímos?
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GEOGRAFIA REGIONAL
Essa corrente de pensamento não se deu de forma isolada, mas no processo histó-
rico, no século XVIII expandindo-se para o século XIX. É uma corrente contrária 
ao Positivismo e ao Naturalismo. Foi desenvolvida por Richard Hartshorne, que 
se baseou nos estudos de Alfred Hettner. Para Christofoletti (1982), a Geografia 
Regional procurou estudar as unidades componentes das diversas áreas da super-
fície terrestre. Em cada lugar, área ou região, a combinação e a interação das 
diversas categorias de fenômenos refletiam-se na elaboração de uma paisagem 
distinta que surgia de modo objetivo e concreto.
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A GEOGRAFIA COMO CIÊNCIA HUMANA
Lembro-me de quando ainda era uma menina e a primeira aula de Geografia 
sempre começava assim: a professora escrevia no quadro a palavra Geo/grafia 
e então separava GEO de GRAFIA e dizia que Geo significava Terra e GRAFIA 
estudo. Portanto, essa disciplina se comprometeria a estudar a Terra. 
Que Terra era essa que a professora mencionava? Ficávamos muitas vezes 
limitados a entender que a disciplina estudava o mundo, e assim permaneciamos 
com um conhecimento abrangente, mas de pouca complexidade. Penso que nada 
melhor para começarmos nossa discussão reavivando a memória para que possa-
mos entender que essa ciência vai muito além do estudo da Terra.
Para avançarmos nas nossas discussões sobre Geografia e Ciência Humana, 
vamos conhecer algumas noções da Geografia Humana?
A Geografia Humana consiste em entender a relação entre o homem e o meio. 
Essa relação é recíproca, uma vez que está mediada pela tecnologia que altera o 
ambiente natural, pois recriamos o meio e estamos submetidos a ele constantemente.
Alguns ramos da Geografia Humana nos ensinam muito sobre a relação com 
os outros. Alguns desses ramos são: a Geografia Física, a Geografia Humana, 
acrescidos de um terceito elemento, que é o fator econômico, comentados por 
Kozel e Filizola (1996):
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Figura 2- Ramos da Geografia Humana
Fonte: Kozel e Filizola (1996).
Contudo, para Lacoste (1982), é importante que não se perca a visão global da 
Geografia, pois ela traria mais subsídios para a análise de determinados proble-
mas. É importante perceber que o princípio da Geografia global é ao mesmo 
tempo físico e humano e
[...] embora haja dificuldade, parece necessário manter o princípio da 
geografia global, ao mesmo tempo física e humana, encarregada de dar 
conta da complexidade das interações na superfície do globo entre os fe-
nômenos que dependem das ciências da matéria, da vida e da sociedade 
(LACOSTE, 1982, p. 65).
Ainda, o autor complementa:
[...] é indispensável, porém, que uns e outros guardem contatos suficientes 
entre si, tenham preocupações epistemológicas comuns e que aqueles que 
são engajados na ação ocupem-se do emaranhado nesta ou naquela por-
ção do espaço dos diversos fenômenos humanos (LACOSTE, 1982, p. 65). 
Hidrogra�a: rios, bacias hidrográ�cas, redes �uviais; 
Relevo: planícies, planaltos, serras. 
Clima: calor, frio, geada, neve.
Vegetação: �orestas, campo, cerrado, caatinga e a 
distribuição das espécies vegetais.
O “encaixe” do homem e a sua ocupação na geogra�a 
física com todos os seus recursos: solo, água, animais, 
vegetais, minerais.
Tenta demonstrar como o homem explora e transfor-
ma o ambiente por meio das atividades econômicas: 
agricultura, pecuária, indústria, serviços, comércio e 
meios de transporte.
Geogra�a
Física
Geogra�a 
Humana
Fator
Econômico
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Em síntese, a visão global da geografia culminaria na visão geral dos problemas 
e das necessidades da sociedade como um todo. Seria a capacidade de relacio-nar os problemas demonstrando uma preocupação em conjunto. A geografia 
não pode ser pensada de forma compartimentada. 
Quando a Geografia ocupa-se do estudo do meio natural, do homem e suas 
relações, o seu campo de atuação necessita do conhecimento que são produzidos 
por outras ciências do conhecimento, tais como: a Sociologia, a Antropologia 
e a História.
Quadro 1 - Sociologia, Antropologia e História
Sociologia: Focaliza as relações dos homens entre si, travadas no seu espaço e 
no seu tempo. Busca compreender as relações familiares,de trabalho, religiosas, 
de poder, de lazer e as relações existentes na organização e seus funcionamen-
tos simultâneos. 
Decorre daí conhecimentos de outras áreas das Ciências Humanas, como por 
exemplo, a Economia (que tem como objeto de estudos relação de produção, 
assim como a distribuição dos bens necessários à sobrevivência) e à subordina-
ção Política (relações de subordinação e resistência, relações de dominação que 
são desenvolvidas pelos humanos na sua convivência).
Antropologia: O objeto de estudo tem como foco o homem e o que suas ações 
produzem. A antropologia se divide em adquirir connhecimentos sobre o ser 
humano enquanto espécie animal (campo da antropologia Física). Antropologia 
Cultural (campo das criações e ações humanas). 
Na antropologia ocorre, também, a interdisciplinaridade, pois essa necessita de-
conhecimentos produzidos por outras Ciências Humanas tais como a Sociologia, 
História, Economia, assim como conhecimentos produzidos pelas Ciências da 
natureza ou Ciências Físicas, a química e as biológicas.
História: Estuda-se o homem em seu contexto de espaço e tempo, assim como 
suas ações em diferentes lugares. Preocupa-se em compreender as permanên-
cias e, ao mesmo tempo, as mudanças ou transformações no modo de vida do 
homem. Essa compreensão só é possível pela interdisciplinas de outras ciências 
Humanas, tais como a sociologia, a Economia, a antropologia, a política, etc.
Fonte: Significados – Sociologia ([2017], on-line)10; Significados – Antropologia ([2017], on-line)11; 
Wikipédia ([2017], (on-line)12.
O conhecimento produzido pelas diversas áreas das Ciências Humanas não é 
apenas um aglomerado de ciências estanques que foram geradas ao longo da 
Humanidade pelas necessidades dos homens em determinado período histó-
rico. Ao contrário, essas ciências constituem um todo maior e indivisível, o que 
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nos leva a concluir, a priori, que o estudo da Geografia não pode ser entendido e 
compreendido apenas como a construção de um espaço, mas na constante rela-
ção e produção do homem com esse espaço. 
Encontramos respaldo dessa indivisibilidade e interdisciplinaridade nas pala-
vras de Penteado (1994, p. 19), o qual afima que
[...] a produção do conhecimento compreende, pois, um processo de 
trabalho, atualmente organizado por uma “divisão do trabalho” entre 
cientistas de diferentes especialidades. No presente momento da his-
tória das ciências, essa divisão tem a função de viabilizar a ação hu-
mana de produção do conhecimento científico. Não impede, contudo, 
e chega mesmo a requerer, o recurso a saberes produzidos em outros 
campos, ou à construção de equipes interdisciplinares de trabalho. Isso 
porque a própria indivisibilidade da realidade exige sempre a volta ao 
todo, à compreensão abrangente.
O estudo da Geografia com base na interdisciplinaridade deve privilegiar o 
encontro e a recursividade de outras ciências, a fim de não fragmentar o conhe-
cimento e não limitá-lo ao estudo temporal e espacial.
É preciso que haja a compreensão das ações do homem sobre si e os demais, 
assim como a ocupação desses espaços e os registros que o homem deixa ao 
longo de sua trajetória. 
 A Geografia como ciência constitui um ramo de conhecimento indispensável 
para a formação de professores, que terão a responsabilidade de compreendê-
-la como um espaço natural, mas que sofreu modificações de acordo com as 
necessidades do homem. Além disso, os professores deverão entender todas as 
contradições dessa área e as relações estabelecidas entre os grupos sociais em 
espaços e tempos históricos distintos.
 A Geografia Humana está vinculada às atividades do ser humano e o resul-
tado dessas atividades no espaço geográfico. O encontro dos fenômenos que 
ocorrem no planeta Terra em função das ações dos homens denominou-se 
“Geografia Humana”. Conforme Demangeon (1952, on-line)13: 
[...] de início, a Geografia Humana aparece-nos como o estudo das re-
lações dos homens com o meio físico. Esta noção nos vem, sobretudo 
da Geografia Botânica, por intermédio de Humboldt e de Berghans e, 
particularmente, dessa ciência botânica chamada Ecologia, que estu-
da até que ponto os fatores do clima e do solo determinam a vida das 
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plantas [...]. Uma das primeiras preocupações do geógrafo é colocar os 
fatos humanos em relação com a série de causas naturais que podem 
explicá-los e recolocá-los, desta maneira, no encadeamento do qual faz 
parte (s.p).
O objeto de estudo dessa ciência privilegia as relações entre os homens, no espaço 
em que esses estão situados. A relação entre as causas naturais e as ações dos 
homens são essenciais para se compreender esse espaço como parte integrante 
da vida dos seres humanos.
Os fundamentos da Geografia Humana contribuíram para que os homens per-
cebessem a relação entre eles e o meio assim como os elementos culturais, 
ambientais, sociais, físicos, biológicos e humanos. Uma interação não harmônica 
poderia atrapalhar o desenvolvimento da vida humana, além de diminuir a pro-
dutividade e comprometer o desenvolvimento econômico (RODRIGUES, 1972). 
Diante do exposto, qual é a posição que a Geografia assume hoje?
A geografia ocupa hoje uma posição de destaque no grupo das chama-
das Ciências da Terra. Durante muitos anos sua aplicação era limitada 
ao fornecimento de informação de fatos nem sempre importantes. Nos 
últimos 20 anos, a geografia abandonou esta fase, ingressando na aná-
lise e diagnóstico da problemática do desenvolvimento das nações [...] 
(RODRIGUES, 1972, p. 12).
Considerando que a afirmação é de meados do século XX, o que podemos anali-
sar em termos históricos é que as preocupações do autor estão ainda atualizadas. 
O desenvolvimento das nações está atrelado aos estudos e aos problemas da 
Geografia. A das questões mais debatidas no século XXI é o meio ambiente e a 
interação do homem com esse ambiente:
Não basta saber como vivem os homens, mas sim conhecer as relações que 
eles estabelecem com o espaço que habitam.
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[...] a Geografia Ambiental surge como mais uma corrente do pensa-
mento geográfico, sendo que os seus adeptos pertenciam às escolas li-
gadas às Geociências ou Ciências da Natureza, sendo desenvolvidas em 
países de língua inglesa (Estados Unidos, Inglaterra e Austrália), onde 
os pesquisadores defendiam uma abordagem sistêmica e o homem sen-
do encarado como um ser integrante e interagente do meio, do ecossis-
tema (SOUZA; MARIANO, p. 83, 2008, on-line)14.
A abordagem sistêmica prevê a interação do homem em outros contextos sociais. 
Nessa situação, os contextos e o homem se entrelaçam e formam um sistema 
de relação. 
[...] a tendência ao estudar os sistemas como uma entidade e não como 
um aglomerado de partes está de acordo com a tendência da ciência 
contemporânea que não isola mais os fenômenos em contextos estrei-
tamente confinados, mas abre-se ao exame das interações e investiga 
setoresda natureza cada vez maiores (ACKOFF, 1959, apud BERTA-
LANFFY, 1975, p. 25).
Diante da complexidade da vida contemporânea com todos os seus problemas e 
desafios, não é mais sustentável do ponto de vista humano e da natureza analisar 
os fatos que ocorrem de forma isolada. A consciência de que homem e natu-
reza são indissociáveis abrem um leque de possibilidades para estudar o impacto 
dessa relação na saúde e na manutenção do meio ambiente. A Geografia humana 
utiliza-se dessa abordagem para compreender a ação do homem na natureza.
Os ataques terroristas de setembro de 2001 prejudicaram, pelo menos du-
rante uns oito anos, a causa ambientalista na escala mundial, pois desviaram 
atenções e recursos para o combate ao terrorismo, que se tornou a principal 
prioridade dos Estados Unidos – e, por extensão, de quase todo o resto do 
mundo desenvolvido. 
Para saber mais, acesse o link disponível em: <http://www.geocritica.com.
br/Arquivos%20PDF/Repensando%20a%20Geografia%20escolar.pdf>. 
Fonte: Vesentini (2009).
http://www.geocritica.com.br/Arquivos%20PDF/Repensando%20a%20Geografia%20escolar.pdf
http://www.geocritica.com.br/Arquivos%20PDF/Repensando%20a%20Geografia%20escolar.pdf
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A HISTÓRIA DA GEOGRAFIA NO BRASIL
A Geografia passou por diferentes momentos no Brasil, produzindo não só a 
sua própria história, mas gerando reflexões sobre a sua metodologia. Faremos 
uma breve retrospectiva histórica, a fim de refletir sobre as práticas do fazer 
geográfico. No entanto, para a melhor compreensão da Geografia, cabem ao 
menos três perguntas: o que significa a palavra Geografia? Quem foram os pri-
meiros a fazer esses registros? Quais eram os interesses que promoveram seu 
desenvolvimento?
Kozel e Filizola (1996, p. 11) afirma que:
[...] os gregos foram os primeiros a fazer registros sistemáticos de 
geografia, pois sua intensa atividade comercial permitia-lhes explo-
rar e conhecer diferentes povos e lugares ao longo da costa do mar 
Mediterrâneo. A própria origem da palavra geografia é grega (“geo = 
terra; “grafia” = escrita, descrição), embora esses conhecimentos ini-
ciais pouco se assemelhassem ao que hoje consideramos geografia.
A síntese dos autores nos dá a compreensão de que a origem da palavra Geografia 
está diretamente ligada aos registros de uma atividade marítima com fins 
comerciais.
Os escritores gregos foram significativos para os dados e informações com 
relação aos espaços e formas da Terra, para as relações dos homens nesse meio, 
e para o desenvolvimento geográfico que seria produzido posteriormente. 
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Até o final do século XVIII, esses dados e informações ficaram registrados 
em obras de estudos históricos e filosóficos. Nessas obras, eram encontrados 
relatos de viagens, relatórios estatísticos, catálogos sobre continentes e países.
A união entre os interesses comerciais e o desejo da expansão religiosa 
impulsionou as navegações entre os italianos, árabes e portugueses. No entanto, 
devido às limitações técnicas do mesmo, e ao pensamento predominante da Igreja 
Católica, essas navegações tinham caráter quantitativo e descritivo das viagens.
Ao longo do processo de constituição do capitalismo que foi iniciado na Europa, 
surgiram condições para a sistematização dos conhecimentos geográficos, que 
deixaram de ser apenas relatos e dados, para se estabelecerem enquanto estudo 
científico das questões geográficas. No início do século XIX, essas questões já 
estavam desenvolvidas a ponto de termos as seguintes sistematizações:
A viagem de Cristóvão Colombo insere-se no cenário da expansão ultrama-
rina liderada por Portugal e Espanha entre os séculos XV e XVI, constituin-
do-se em um dos principais acontecimentos na passagem da Idade Média 
para a Idade Moderna. Assim, para compreendê-la, é necessário inseri-la no 
quadro das transformações por que passou a Europa na Baixa Idade Média 
(século XII ao XV), durante transição do feudalismo para o capitalismo co-
mercial. 
O desenvolvimento do comércio monetário associado à projeção da bur-
guesia, que aliada ao rei, irá promover a formação dos Estados Nacionais, 
são as principais transformações estruturais para consolidação do Antigo 
Regime europeu. Nesse contexto a expansão marítima europeia visava atin-
gir as Índias (terra das valiosas especiarias), para atender as necessidades de 
ampliação dos mercados europeus afetados pela crise do século XIV (“guer-
ra, peste e fome”), bem como, para eliminar o monopólio comercial italiano 
no Oriente. Para saber mais, acesse o link, disponível em: <http://www.his-
torianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=298>. 
Fonte: História Net ([2017], on-line)15.
http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=298
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 ■ o conhecimento do planeta para dominar a dimensão e a forma dos 
continentes;
 ■ informações sobre a superfície terrestre, a fim de estudar e comparar os 
diferentes lugares;
 ■ aprimoramento de técnicas cartográficas, que eram fundamentais para 
a representação dos fenômenos, dos elementos observados e a localiza-
ção dos lugares.
Até aqui, respondemos, ainda que de forma sintetizada, as três perguntas iniciais. 
Cabe a você, caro(a) aluno(a), pesquisar mais sobre o assunto, a fim de ampliar 
os seus conhecimentos pertinentes ao assunto e que serão essenciais para o tra-
balho pedagógico. 
A compreensão de que as mudanças ocorridas na Geografia se deram em 
decorrência do processo histórico e dos conhecimentos acumulados pelas gera-
ções anteriores são essenciais para o pensamento geográfico. 
Ao tomarmos consciência de que a história da Geografia teve início na Grécia, 
que a sua expansão foi impulsionada por motivos comerciais e religiosos, e que 
no século XIX as técnicas para a produção de uma Geografia sistematizada e 
científica estavam desenvolvidas, cabe-nos, agora, responder a seguinte pergunta: 
como ocorreu a história da Geografia no Brasil?
A Geografia no Brasil também passou por diferentes momentos, gerando 
reflexões acerca da metodologia do fazer geográfico. Refletir sobre o modo como 
se ensinava é fundamental para uma melhor compreensão de como foi implan-
tada a Geografia no país em diferentes momentos históricos. 
Sendo assim, convidamos você para essa retrospectiva histórica. Mas, antes disso:
Que lembranças você guarda de seus tempos de estudante dos anos iniciais 
do Ensino Fundamental, como hoje denominamos? Recorda-se dos conte-
údos que eram desenvolvidos? Como eram as aulas? E como eram os livros 
didáticos e os recursos que os professores utilizavam?
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Ampliar a concepção tradicional de ensino nos leva a compreender que a prática 
didático-pedagógica estava alicerçada na transmissão dos conteúdos de forma 
estanque e sem a proposta de uma percepção crítica dessa Geografia e dos alu-
nos. Pelo contrário, eram exigidas apenas a memorização de nomes e números, 
sem, contudo estabelecer relações, analogias ou generalizações.
Com a fundação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade 
de São Paulo (USP), em 1934, a Geografia no Brasil passou a ser ensinada por 
professores licenciados, sob influência da escola Francesa de Vidal de La Blanche. 
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), 
[...]essa geografia era marcada pela explicação objetiva e quantitativa da 
realidade que fundamentava a escola francesa de então. Foi essa escola que 
imprimiu ao pensamento geográfico o mito da ciência [...] não-politizada, 
como argumento da neutralidade do discurso científico. Tinha como meta 
abordar as relações do homem com a natureza de forma objetiva, buscan-
do a formulação de leis gerais de intrepretação (BRASIL, 2000, p. 103).
Os parâmetros indicam que a apropriação da Geografia adotada da escola Francesa 
e os seus desdobramentos deram início à chamada Geografia Tradicional, e con-
firmam a valorização do homem como sujeito histórico. No entanto, ao estudar 
o espaço geográfico e a relação homem-natureza, as relações sociais não eram 
priorizadas, imprimindo uma ciência e um pensamento geográfico não politi-
zado, ou seja, sem a pretensão de uma análise crítica da realidade social. 
Até as primeiras décadas do século XIX, o ensino de Geografia se limitava a 
uma concepção tradicional. Os livros didáticos se limitavam a uma Geogra-
fia descritiva e enumerativa como se fossem um simples catálago. Os textos 
eram verdadeiros relatos que mais se assemelhavam a fotografias faladas, 
tal a riqueza de detalhes utilizados na descrição das diversas paisagens. 
Fonte: adaptado de Kozel e Filizola (1996). 
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Ao se estudar, por exemplo, a população, excluia-se a sociedade e as relações 
sociais; estudavam-se as técnicas e os instrumentos de trabalho, mas excluia-
-se o processo de produção. Em síntese, as relações socias não eram discutidas, 
retirando o homem de seu caráter social, articulando o ensino de Geografia de 
forma fragmentada e com viés naturalizante. 
Cabe lembrar ainda que a perspectiva de uma Geografia neutra dissociada do 
espaço vivido pela sociedade e das relações contraditórias de produção e organi-
zação desse espaço marcou a produção de livros didáticos até meados da década 
de 1970. Além disso, ainda hoje, alguns desses livros apresentam ideias e inter-
pretações defendidas pela Geografia Tradicional. A partir dos anos 1950, com o 
término da segunda Guerra Mundial, a realidade tornou-se mais complexa em 
função do desenvolvimento do capitalismo e da hegemonia dos Estados Unidos.
A reelaboração das condições de dependência do Brasil diante desse novo 
cenário levaram as classes sociais brasileiras a participarem dos debates sobre 
os problemas nacionais: a urbanização foi acentuada e o espaço agrágrio sofreu 
modificações estruturais comandadas pela Revolução Verde em função da indus-
trialização e da mecanização das atividades agrícolas em várias partes do mundo. 
É nesse momento de transição que a Geografia Tradicional torna-se insu-
ficiente para dar conta de toda essa complexidade e, sobretudo, explicá-la, uma 
vez que as realidades locais passaram a ter dependência externas e de escala 
mundial. Encontramos respaldo nas palavras de Pontuschka; Paganelli; Cacete 
(2007, p. 51), quando afirmam que
[...] o espaço geográfico, mundializado pelo capitalismo, tornou-se 
complexo e as metodologias propostas pelas várias tendências da Geo-
gráfica Tradicional não eram capazes de apreender essa complexidade. 
Novas metolodigas deveriam surgir para empreender tal tarefa [...].
A complexidade comentada pelos autores está alicerçada por uma nova ordem 
mundial que privilegiava as relações mundiais e análises de ordem econômica, 
social, política e ideológica. Por outro lado, com o desenvolvimento dos meios 
técnicos e científicos, impulsionaram o estudo do espaço geográfico globalizado. 
Os geógrafos passaram a utilizar, de modo mais expressivo, a leitura de imagens 
de satélites, sobretudo na metereologia e na climatologia.
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A crítica à Geografia Tradicional surge a partir da década de 1960, sob a 
influência das teorias marxistas, cujo eixo de preocupação está nas relações entre 
a sociedade, o trabalho e a produção do espaço geográfico. 
A partir desse momento, os geógrafos passam a estudar a sociedade por meio 
das relações de trabalho e da apropriação humana para produção e distribuição 
dos bens necessários. “Surge a crítica ao Estado e às classes sociais dominantes 
tendo como proposta uma Geografia que atendesse aos interesses coletivos, pro-
pondo, assim, uma luta de classes” (BRASIL, 2000, p.105). 
Nessa perspectiva teórica, explicar o mundo não é mais suficiente, mas é pre-
ciso transformá-lo. “[...] Marx e seus seguidores afirmavam que só a perspectiva 
de transformar o mundo permitiria sua compreensão, só a visão crítica permitia 
apreender a essência e o movimento dos processos sociais” (PONTUSCHKA; 
PAGANELLI; CACETE; 2007, p. 54).
A Geografia deixa de ser neutra e ganha contornos e conteúdos políticos que 
são significativos na formação do cidadão. A implicação dessa transformação 
teórica e metodológica marxista influenciou a produção da Geografia no Brasil, 
sobretudo, nas décadas de 80 e 90 do século passado, inspirando, também, a nova 
geração de pesquisadores. Essa nova proposta teórica levou inovações para o 
pensamento geográfico nacional, mas também promoveu graves distorções em 
relação à dominação quantitativista, predominantemente após a democratiza-
ção do país (ANDRADE, 2004).
Tanto a Geografia Tradicional quanto a Geografia Marxista não atenderam 
à complexidade do momento histórico, pois não contemplaram a relação do 
homem com a natureza, deixando uma lacuna ao não contemplarem a dimen-
são da sensibilidade de percepção do mundo. 
Por um lado, a Geografia Tradicional negligenciou um conhecimento que 
passasse pela subjetividade, uma vez que sua proposta estava alicerçada na visão 
positivista de mensurar, quantificar e ordenar. E, por outro lado, a Geografia 
Marxista considerava alienante qualquer explicação subjetiva (BRASIL, 2000).
Cabe lembrar que, por um lado, enquanto nas universidades, na década de 
1970, os debates acalourados se detinham à busca de novos paradigmas teóri-
cos para o ensino de Geografia, o mesmo não acontecia com a escola pública 
de primeiro e segundo graus (PONTUSCHKA; PAGANELLI; CACETE, 2007).
A História da Geografia No Brasil
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Caro aluno, agora pense: qual é o impacto da Lei 5692/71 para o ensino de 
Geografia? Para responder a esta pergunta, precisamos lembrar que essa medida 
legal foi tomada em plena Ditadura Militar, o que significava que a discussão dos 
problemas do país era praticamente ausente e restrito a um círculo fechado, o que 
eliminava qualquer possibilidade de diálogo com a sociedade. Com a promul-
gação da Lei 5.692/71, foi extinto o antigo ginásio e houve a fusão deste com o 
primário (antigo grupo escolar), ficando, então, constituída a escola de primeiro 
grau de oito anos. Por meio de um olhar atento sobre essa fusão, observa-se o 
retrocesso em relação às verbas educacionais que se mostravam insuficientes 
diante do número de alunos a ser escolarizado. 
Inevitavelmente, as mudanças chegaram ao currículo e à grade curricular, 
com a criação dos Estudos Sociais e Educação Moral e Cívica. O que signifi-
cou essas mudanças no ensino de Geografia e na formação dos alunos? Tais 
mudanças oriundas da Lei já citada transformou o ensino de Geografia em uma 
disciplina inexpressiva no interior do currículo, resultando na fragmentação do 
conhecimento e, por consequência, a má formação de uma geração de alunos. 
As repercussões da Lei influenciaram também a formação docente, pois não 
havia a reflexão profunda sobre os fundamentos epistemológicos e metodológicos 
das disciplinas,

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