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1 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Prática contábil ii SUMÁRIO PRÁTICA CONTÁBIL II 2 Prática contábil ii FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO A Faculdade Multivix está presente de norte a sul do Estado do Espírito Santo, com unidades em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999 atua no mercado capixaba, des- tacando-se pela oferta de cursos de gradua- ção, técnico, pós-graduação e extensão, com qualidade nas quatro áreas do conhecimen- to: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sem- pre primando pela qualidade de seu ensino e pela formação de profissionais com cons- ciência cidadã para o mercado de trabalho. Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo de Instituições de Ensino Superior que possuem conceito de excelência junto ao Ministério da Educação (MEC). Das 2109 institui- ções avaliadas no Brasil, apenas 15% conquistaram notas 4 e 5, que são consideradas conceitos de excelência em ensino. Estes resultados acadêmicos colocam todas as unidades da Multivix entre as melhores do Estado do Espírito Santo e entre as 50 melhores do país. MiSSÃo Formar profissionais com consciência cida- dã para o mercado de trabalho, com ele- vado padrão de qualidade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores. ViSÃo Ser uma Instituição de Ensino Superior reconheci- da nacionalmente como referência em qualidade educacional. GRUPO MULTIVIX 3 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Prática contábil ii SUMÁRIO bibliotEca MUltiViX (Dados de publicação na fonte) As imagens e ilustrações utilizadas nesta apostila foram obtidas no site: http://br.freepik.com Julio, Luciana Reis. Prática Contábil II / Luciana Reis Julio. – Serra: Multivix, 2019. FacUlDaDE caPiXaba Da SErra • MUltiViX Catalogação: Biblioteca Central Anisio Teixeira – Multivix Serra 2019 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. Diretor Executivo Tadeu Antônio de Oliveira Penina Diretora acadêmica Eliene Maria Gava Ferrão Penina Diretor administrativo Financeiro Fernando Bom Costalonga Diretor Geral Helber Barcellos da Costa Diretor da Educação a Distância Flávio Janones coordenadora acadêmica da EaD Carina Sabadim Veloso conselho Editorial Eliene Maria Gava Ferrão Penina (presidente do Conselho Editorial) Kessya Penitente Fabiano Costalonga Carina Sabadim Veloso Patrícia de Oliveira Penina Roberta Caldas Simões revisão de língua Portuguesa Leandro Siqueira Lima revisão técnica Alexandra Oliveira Alessandro Ventorin Graziela Vieira Carneiro Design Editorial e controle de Produção de conteúdo Carina Sabadim Veloso Maico Pagani Roncatto Ednilson José Roncatto Aline Ximenes Fragoso Genivaldo Félix Soares Multivix Educação a Distância Gestão Acadêmica - Coord. Didático Pedagógico Gestão Acadêmica - Coord. Didático Semipresencial Gestão de Materiais Pedagógicos e Metodologia Direção EaD Coordenação Acadêmica EaD EDitorial 4 Prática contábil ii FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Aluno (a) Multivix, Estamos muito felizes por você agora fazer parte do maior grupo educacional de Ensino Superior do Espírito Santo e principalmente por ter escolhido a Multivix para fazer parte da sua trajetória profissional. A Faculdade Multivix possui unidades em Cachoei- ro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória. Desde 1999, no mercado capixaba, destaca-se pela oferta de cursos de graduação, pós-graduação e extensão de qualidade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, tanto na mo- dalidade presencial quanto a distância. Além da qualidade de ensino já comprova- da pelo MEC, que coloca todas as unidades do Grupo Multivix como parte do seleto grupo das Instituições de Ensino Superior de excelência no Brasil, contando com sete unidades do Grupo en- tre as 100 melhores do País, a Multivix preocupa- -se bastante com o contexto da realidade local e com o desenvolvimento do país. E para isso, pro- cura fazer a sua parte, investindo em projetos so- ciais, ambientais e na promoção de oportunida- des para os que sonham em fazer uma faculdade de qualidade mas que precisam superar alguns obstáculos. Buscamos a cada dia cumprir nossa missão que é: “Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de quali- dade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores.” Entendemos que a educação de qualidade sempre foi a melhor resposta para um país crescer. Para a Multivix, educar é mais que ensinar. É transformar o mundo à sua volta. Seja bem-vindo! APRESENTAÇÃO DA DIREÇÃO EXECUTIVA Prof. Tadeu Antônio de Oliveira Penina Diretor Executivo do Grupo Multivix 5 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Prática contábil ii SUMÁRIO liSta DE FiGUraS > FIGURA 1 - Modelo de ficha de estoque 22 > FIGURA 2 - Ficha de controle de estoque 26 > FIGURA 3 - Lançamento de cada operação 38 > FIGURA 4 - Fatos sobre a venda 49 > FIGURA 5 - DRE da empresa Brinquedos Bacanas 51 > FIGURA 6 - Arquivo TXT, SPED Contábil 96 > FIGURA 7 - Modelo de Conhecimento de Transporte Eletrônico 98 > FIGURA 8 - Contas do ativo circulante 105 > FIGURA 9 - Proventos do trabalhador 118 > FIGURA 10 - Cálculo do Imposto de Renda 131 > FIGURA 11 - Demonstrativo de pagamento, proventos e descontos 133 > FIGURA 12 - Demonstrativo de pagamento, proventos e descontos de VT e pensão-alimentícia 134 6 Prática contábil ii FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO liSta DE QUaDroS > QUADRO 1 - Mercadoria em estoque 65 > QUADRO 2 - Lançamento contabilidade 66 > QUADRO 3 - IPI 71 > QUADRO 4 - ICMS 77 > QUADRO 5 - PIS/PASEP 78 > QUADRO 6 - Cofins 78 > QUADRO 7 - Exemplo de folha de pagamento 111 > QUADRO 8 - Cálculo do FGTS, Comercial Oliveira Ltda. 115 > QUADRO 9 - Alíquotas do INSS, 2019 175 > QUADRO 10 - Alíquotas de Imposto de Renda, 2019 175 > QUADRO 11 - Demonstrativo de rescisão contratual 175 > QUADRO 12 - Demonstrativo de pagamento 180 7 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Prática contábil ii SUMÁRIO liSta DE tabElaS > TABELA 1 - Blocos 93 > TABELA 2 - Tabela de recolhimento do INSS 130 > TABELA 3 - Alíquotas INSS 2019 140 > TABELA 4 - Alíquotas Imposto de Renda 2019 141 > TABELA 5 - Segunda parcela do 13º salário 142 > TABELA 6 - Recibo da segunda parcela 144 > TABELA 7 - Valores hipotéticos para simplificar o exemplo, no mês de dezembro 149 > TABELA 8 - Demonstrativo de pagamento de férias 154 > TABELA 9 - Demonstrativo de pagamento de férias 156 > TABELA 10 - Demonstrativo de pagamento de férias 157 > TABELA 11 - Demonstrativo de pagamento de férias 159 8 Prática contábil ii FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO SUMário UNIDADE 1 aPrESEntaÇÃo Da UniDaDE 17 1 oPEraÇÕES coM MErcaDoriaS 17 1.1 MÉTODOS DE REGISTRO DE MERCADORIAS 18 1.1.1 CONTA MISTA 18 1.1.2 CONTA DESDOBRADA 20 1.2 SISTEMA DE REGISTRO DE MERCADORIAS 21 1.2.1 INVENTÁRIO PERIÓDICO 23 1.2.2 INVENTÁRIO PERMANENTE 25 1.3 COMPRA DE MERCADORIAS 28 1.3.1 OPERAÇÃO DE COMPRAS 28 1.3.2 FATOS CONTÁBEIS QUE ALTERAM O VALOR DE COMPRAS 30 1.3.3FRETES E SEGUROS 30 1.3.4 COMPRAS ANULADAS OU DEVOLUÇÕES DE COMPRAS 32 1.3.5 ABATIMENTOS SOBRE COMPRAS 33 1.3.6 DESCONTOS COMERCIAIS OBTIDOS 34 1.3.7 JUROS EMBUTIDOS NAS COMPRAS A PRAZO 35 1.3.8 DESCONTO COMERCIAL X DESCONTO FINANCEIRO 38 1.4 VENDAS DE MERCADORIAS 39 1.4.1 DEVOLUÇÕES DE VENDAS 41 1.4.2 ABATIMENTO SOBRE VENDAS 44 1.4.3 DESCONTOS INCONDICIONAIS CONCEDIDOS 45 1.4.4 BONIFICAÇÕES CONCEDIDAS 45 1.4.5 UROS EMBUTIDOS NAS VENDAS A PRAZO 47 1.5 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO 50 1.5.1 CUSTO DA MERCADORIA VENDIDA 51 conclUSÃo 54 9 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Prática contábil ii SUMÁRIO 2 tribUtoS inciDEntES SobrE coMPraS E VEnDaS DE MErcaDoriaS 56 introDUÇÃo Da UniDaDE 57 2.1 TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRA E VENDAS 57 2.2 ICMS (IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE TRANSPORTE INTERESTADUAL E INTERMUNICIPAL E DE COMUNICAÇÕES) 59 2.2.1 PAGAMENTO DO ICMS E INADIMPLÊNCIA 62 2.2.2 REGISTRO CONTÁBIL DO ICMS 63 2.2.3 REGISTRO CONTÁBIL DO ICMS NAS DEVOLUÇÕES DE COMPRAS E VENDAS 66 2.3 IPI – IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS 68 2.4 REGISTRO CONTÁBIL DO IPI 70 2.5 ISS – IMPOSTO SOBRE SERVIÇO DE QUALQUER NATUREZA 71 2.6 PIS/PASEP E COFINS SOBRE FATURAMENTO 73 2.6.1 REGISTRO CONTÁBIL PIS/PASEP E COFINS CUMULATIVO 74 2.7 REGISTRO CONTÁBIL PIS/PASEP E COFINS NÃO CUMULATIVO 75 2.8 APURAÇÃO DO LUCRO BRUTO 79 conclUSÃo 82 3 EScritUraÇÃo contábil PElo SoFtWarE contábil 84 introDUÇÃo Da UniDaDE 84 3.1 CONCEITO DE SPED 85 3.1.1 ESCRITURAÇÃO FISCAL DIGITAL (EFD) – ICMS E IPI 88 3.1.2 ENVIO DO ARQUIVO 91 3.2 ESCRITURAÇÃO FISCAL DIGITAL (EFD) – CONTRIBUIÇÕES 94 3.3 NOTA FISCAL ELETRÔNICA (NF-E) / CONHECIMENTO DE TRANSPORTE ELETRÔNICO (CT-E) 96 3.3.1 E-SOCIAL 101 3.4 SPED CONTÁBIL 102 SUMário UNIDADE 2 UNIDADE 3 10 Prática contábil ii FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO SUMário SUMário UNIDADE 4 3.4.1 ENVIO DAS INFORMAÇÕES 103 3.4.2 REGISTRO DAS CONTAS 104 conclUSÃo 107 4 oPEraÇÕES coM rEcUrSoS HUManoS 109 introDUÇÃo Da UniDaDE 109 4.1 FOLHA DE PAGAMENTO DE SALÁRIOS 110 4.1.1 REGISTRO CONTÁBIL DA FOLHA DE PAGAMENTOS 112 4.1.2 FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SERVIÇO – FGTS 114 4.1.3 PREVIDÊNCIA SOCIAL – PATRONAL 116 4.2 PROVENTOS 118 4.2.1 SALÁRIO 118 4.2.2 VALE-TRANSPORTE 121 4.2.3 ADICIONAL DE INSALUBRIDADE 123 4.2.4 ADICIONAL DE PERICULOSIDADE 125 4.2.5 ADICIONAL NOTURNO 126 4.2.6 SALÁRIO-FAMÍLIA 127 4.3 DESCONTOS 128 4.3.1 INSS 129 4.3.2 IMPOSTO DE RENDA 131 conclUSÃo 135 5 cálcUlo E contabiliZaÇÃo Do 13º Salário E FÉriaS 137 introDUÇÃo 137 5.1 CONCEITO DE 13º SALÁRIO 138 5.1.1 CÁLCULO: PRIMEIRA E SEGUNDA PARCELAS DO 13º SALÁRIO 140 UNIDADE 5 11 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Prática contábil ii SUMÁRIO SUMário 5.1.1.1 PROVISÃO DO VALOR DO 13º SALÁRIO 144 5.1.2 CONTABILIZAÇÃO DO PAGAMENTO DO 13º SALÁRIO 148 5.2 FÉRIAS 150 5.2.1 CÁLCULO DO VALOR DAS FÉRIAS 155 5.2.2 REGISTRO CONTÁBIL: FÉRIAS 157 conclUSÃo 160 6 rESciSÃo contratUal 162 introDUÇÃo Da UniDaDE 162 6.1 CONCEITO DE RESCISÃO CONTRATUAL 163 6.2 DEMISSÃO SEM JUSTA CAUSA 166 6.2.1 CALCULANDO: SALDO DE SALÁRIO, HORAS EXTRAS E ADICIONAL NO- TURNO NA RESCISÃO CONTRATUAL 166 6.2.2 AVISO PRÉVIO 167 6.3 DÉCIMO TERCEIRO SALÁRIO 171 6.4 FÉRIAS 172 6.5 PAGAMENTO DA RESCISÃO E FUNDO DE GARANTIA POR TEMPO DE SER- VIÇO – FGTS 176 6.6 DEMISSÃO POR JUSTA CAUSA 178 6.7 PEDIDO DE DEMISSÃO E DEMISSÃO CONSENSUAL 179 6.8 REGISTRO CONTÁBIL DA RESCISÃO CONTRATUAL 182 6.9 RESCISÃO DE CONTRATO E SOFTWARE CONTÁBIL E E-SOCIAL 184 conclUSÃo 186 rEFErÊnciaS 188 UNIDADE 6 12 Prática contábil ii FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO iconoGraFia ATENÇÃO PARA SABER SAIBA MAIS ONDE PESQUISAR DICAS LEITURA COMPLEMENTAR GLOSSÁRIO ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM CURIOSIDADES QUESTÕES ÁUDIOSMÍDIAS INTEGRADAS ANOTAÇÕES EXEMPLOS CITAÇÕES DOWNLOADS 13 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Prática contábil ii SUMÁRIO BIODATA DO AUTOR luciana reis Julio Mestra em Administração de Empresas pela Uninove e especialista em Controladoria pela Universidade Mackenzie. Atuou por vinte anos na área financeira, controladoria e planejamento estratégico em empresas de grande porte e multinacional. Professora no curso de Ciências Contábeis da Universidade de Guarulhos e no curso de Adminis- tração do Centro Universitário Salesiano (Unisal). JUSTIFICATIVA A disciplina contribuirá para que você, enquanto profissional da área contábil, bem como possível empreendedor, tenha o conhecimento adequado acerca dos proces- sos que envolvem a contabilização das operações com mercadorias e entenda como cada imposto incide nas operações comerciais. Além disso, irá permitir que você tenha o conhecimento sobre o processo de elaboração da folha de pagamento e quais são as normas para a rescisão contratual. Conhecer esses assuntos é importan- te não apenas para o profissional contábil, mas para todos que estão no mercado de trabalho, para que possam compreender os principais tributos e encargos trabalhis- tas, a folha de pagamentos e a finalidade de cada imposto arrecadado pelo governo. ENGAJAMENTO Antes de iniciar a disciplina, reflita e, se preferir, tome nota das suas ideias. Você certamente já ouviu falar do SPED, arquivo digital do governo que contém infor- mações contábeis e que é obrigatório para todas as empresas. Mas você sabe como deve ser o envio correto dessas informações? Você saiba quais são os impactos do envio errado de algumas informações? Ainda hoje muitas empresas estão no proces- so de aprendizado sendo importante entender todas as etapas que englobam esse processo de envio das informações contábeis. 14 Prática contábil ii FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO • Quando você recebe o seu salário, você compreende como são calculados os encargos trabalhistas? Quais são os descontos e proventos que devem apare- cer no demonstrativo de pagamento? • O cálculo da rescisão de trabalho é uma atribuição do departamento pessoal ou do departamento contábil, mas você sabe quais impostos são arrecadados na rescisão contratual? Esses e outros aspectos você entenderá ao longo da disciplina. APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Seja bem-vindo(a) à disciplina de Prática Contábil II! Iniciaremos os estudos da disciplina que tem como objetivo principal ensinar como são estabelecidas as operações com mercadorias e o registro contábil dos impostos que incidem nessas operações. Iremos abordar também como são realizados os prin- cipais procedimentos na folha de pagamento (proventos, descontos, férias, cálculo do 13º salário e rescisão contratual) realizados pela área de departamento de pessoal. É sabido que uma empresa precisa comprar mercadorias para produzir e vender seus produtos. Parece simples, mas você sabia que para contabilizar esse processo é necessário seguir normas contábeis? Nesse sentido, serão apresentados o conceito de operações com mercadorias (compra e venda) e sua contabilização na prática. Ainda sobre o tema serão apresentados os impostos incidentes nas compras e vendas das mercadorias. No decorrer da disciplina, abordaremos os processos do SPED, que é um arquivo digital que contém informações contábeis relacionadas aos pagamentos de impos- tos como ICMS e obrigações acessórias que são destinadas à Receita Federal. Você aprenderá como deve ser feito o envio correto dessas informações, bem como são os processos do SPED que englobam aspectos fiscal e contábil. Apresentaremos ainda uma explicaçãosobre a folha de pagamento e sua elaboração, 15 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Prática contábil ii SUMÁRIO tais como o cálculo dos encargos trabalhistas, os descontos e proventos que devem aparecer no demonstrativo de pagamento e como deve ser calculada a rescisão contratual de um empregado. Para isso serão apresentados os cálculos e os softwares mais utilizados no processo de rescisão de contrato de trabalho. Ao terminar seus estudos, você irá entender como é a rotina contábil de uma empre- sa e como realizar os principais lançamentos no sistema contábil, alinhando a teoria e a prática. Mas para que o conhecimento seja completo, além da leitura do material didático, é importante que você participe dos fóruns de discussão e leia todos os materiais complementares, indicados em cada unidade. Vamos lá? Bons estudos! OBJETIVOS DA DISCIPLINA Ao final desta disciplina, esperamos que você seja capaz de: • Identificar o processo contábil e o registro contábil sobre as operações com mercadorias. • Identificar as normas e procedimentos contábeis. • Definir o conceito de operações de compra e venda de mercadorias. • Identificar os impostos que incidem sobre os processos de compra e venda. • Definir o que é são SPED Contábil e Fiscal. • Identificar os impostos fiscalizatórios. • Definir os principais processos de lançamento contábil. • Explicar o processo de rescisão e os cálculos trabalhistas atuais. • Identificar os softwares de rescisão contratual. 16 Prática contábil ii FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: > Definir a forma correta de registro dos processos de compra e venda de mercadorias. > Identificar os sistemas de registro de operações. > Definir os fatos contábeis presentes nas operações com mercadorias. > Definir os métodos de contas mista e desdobrada. > Identificar as possíveis falhas na composição do custo do produto e precificação. > Definir a demonstração dos lançamentos no relatório contábil. UNIDADE 1 17 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Prática contábil ii SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DA UNIDADE As empresas comerciais, seja varejo ou atacado, compram mercadorias para depois revender e, assim, geram receitas. É um processo simples, porém cada etapa deve ser contabilizada de forma correta para que não ocorra erro na apuração dos custos e nas demonstrações contábeis. O objetivo desta unidade é que você possa compreender como as operações com mercadorias devem ser registradas contabilmente, utilizan- do as contas corretas de acordo com as normas contábeis. Esse conhecimento evita erros e problemas fiscais para a empresa. Nesta unidade, serão apresentados os métodos e os sistemas utilizados para o regis- tro de operações com mercadorias. Abordaremos compras e vendas, bem como os fatos contábeis que podem alterar valores dessas operações, tais como abatimentos, descontos, devoluções, fretes e seguros. Serão apresentados os dois métodos utiliza- dos no registro de operações, que são conta mista e conta desdobrada, sendo que apenas um método pode ser utilizado na empresa. Você também irá aprender os sistemas de inventários, que podem ser periódicos ou permanentes, e, por último, como esses lançamentos são demonstrados nos relatórios contábeis. 1 OPERAÇÕES COM MERCADORIAS A contabilidade tem como principal objetivo fornecer informações sobre o patrimô- nio da empresa, para que seus proprietários sejam capazes de tomar decisões; por isso é muito importante que essas informações estejam corretas. O registro contábil ocorre por meio dos fatos contábeis, que são as ocorrências que alteram o valor do patrimônio. Entre os principais fatos contábeis está a compra e venda de mercado- rias, movimentações do caixa, vendas, clientes a receber, etc. As mercadorias são objetos que as empresas compram para depois revender com o objetivo do lucro, sendo essas operações o que chamamos de atividades principais da 18 Prática contábil ii FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO empresa comercial. Durante esse processo, nem tudo o que foi planejado sai de acor- do com o esperado, e podem ocorrer fatos como: mercadorias com defeitos, erros no pedido, insatisfação com o produto, que gera a devolução dos produtos, abatimento no preço da mercadoria ou descontos. Outros fatores como valor do frete, seguro, juros embutidos ou impostos também devem ser contabilizados de forma correta, para que a empresa tenha um controle eficiente dos custos. Esses fatos contábeis devem ser contabilizados, conforme as normas contábeis, para que as demonstrações sejam elaboradas com valores corretos e apresentem resulta- dos reais da empresa. A seguir, você verá quais são os métodos de registro de mercadorias utilizados na contabilidade para que sejam elaboradas as demonstrações contábeis conforme as normas da legislação. 1.1 MÉTODOS DE REGISTRO DE MERCADORIAS Dentro da prática contábil existem dois métodos e dois sistemas que podem ser utilizados para o registro das operações: conta mista ou conta desdobrada. A empre- sa deverá optar por um método; não é possível utilizar os dois métodos ao mesmo tempo, porque isso inviabilizaria o controle contábil causando conflito de informa- ções no momento da apuração dos custos, além da alta despesa administrativa que dois controles representam para a empresa. Independentemente do método adotado, a empresa poderá escolher qual o sistema que irá adotar no processo de inventário, sendo periódico ou permanente. Para o entendimento do processo de inventário, primeiramente entenda mais sobre os tipos de contas, que são: mista e desdobrada. 1.1.1 CONTA MISTA O método conta mista ocorre quando a empresa adota uma única conta para o registro das operações com mercadorias. Essa conta pode ser chamada de conta de mercadorias, ou estoque de mercadorias, porque irá registrar os lançamentos de 19 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Prática contábil ii SUMÁRIO estoque inicial e final, assim como as compras, vendas, devoluções de compras, devo- luções de vendas e outros. O termo conta mista deve-se ao fato de que se têm duas funções na contabilidade: uma conta patrimonial e uma conta de resultado ao mesmo tempo. Veja o exemplo a seguir: Uma empresa comprou R$ 5.000 em mercadorias e pagou R$ 1.000 em frete e seguros. A empresa realizou o pagamento à vista. Veja o lançamento pelo método conta mista. D – Mercadorias a C – Caixa R$ 6.000,00 Veja que os custos com frete e seguro já estão somados na conta. Vale ressaltar que é uma conta patrimonial quando esta registra o valor do estoque junto com outras contas do ativo (estoques inicial e final). E torna- -se uma conta de resultado quando além dos estoques registra as compras, devoluções, etc. E por meio desta conta é possível apurar a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). 20 Prática contábil ii FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 1.1.2 CONTA DESDOBRADA Quando a empresa adota a conta desdobrada utiliza três contas básicas, sendo elas: 1. Estoque de mercadoria (registro do estoque inicial e final). 2. Compra de mercadorias. 3. Vendas de mercadorias. Sendo essas as três contas básicas, a empresa poderá desdobrar a conta mercadorias na quantidade que for necessária para a contabilidade, e esse desdobramento faci- lita o controle contábil, ou seja, é mais fácil para a contabilidade organizar e poste- riormenteidentificar os lançamentos no sistema de forma detalhada. Quanto mais precisas as informações contábeis, mais seguras elas se tornam. Por essa razão, rara- mente, na atualidade, encontramos empresas que utilizam o método de conta mista. Veja o lançamento pelo método conta desdobrada utilizando o exemplo anterior: Uma empresa comprou R$ 5.000 em mercadorias e pagou R$ 1.000 em frete e seguros. A empresa realizou o pagamento à vista. D – Estoque de mercadorias R$ 5.000 D – Frete e seguro sobre compras R$ 1.000 a C – Caixa R$ 6.000,00 O valor pago com fretes e seguros é contabilizado em uma conta separada, o que possibilita o controle de quanto a empresa gastou somente com merca- dorias nessa operação. 21 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Prática contábil ii SUMÁRIO Outras contas que são desdobradas: abatimento de compras, compras anuladas ou devolvidas (registra as devoluções de compra), vendas anuladas ou devoluções de vendas, fretes e seguros sobre compras, descontos incon- dicionais obtidos, descontos incondicionais concedidos, ICMS sobre vendas, PIS e COFINS sobre faturamento. A Contabilidade de Custos nasceu da Contabilidade Financeira no início da Revolução Industrial, devido à crescente necessidade nas indústrias de calcu- lar os custos para administrar os estoques e calcular o lucro bruto. Agora que você conhece os dois métodos de contas para contabilizar as mercadorias, será apresentado como é realizado o registro no estoque no que se refere à entrada e saídas mercadorias. E, para cada exemplo, é possível compreender tanto o sistema de conta mista como conta de desdobrada. 1.2 SISTEMA DE REGISTRO DE MERCADORIAS Para a Contabilidade, o inventário é a lista de bens materiais que estão armaze- nados no estoque da empresa. O controle de estoque é realizado por uma ficha de controle na qual são anotados entrada, saída de mercadorias e saldo do estoque. Veja um modelo de ficha de estoque: 22 Prática contábil ii FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO FIGURA 1 - MODELO DE FICHA DE ESTOQUE EM Pr ES a Ft r En tr a D a Sa ÍD a Sa lD o o pe ra çã o Q ua nt U ni tá rio to ta l Q ua nt . U ni tá rio to ta l Q ua nt . U ni tá rio to ta l S al d o in ic ia l 0 2 /0 1 /2 0 1 9 2 0 0 R $ 1 0 0 ,0 0 R $ 2 0 .0 0 0 ,0 0 C o m p ra 0 5 /0 4 /2 0 1 9 3 0 0 R $ 2 0 0 ,0 0 R $ 6 0 .0 0 0 ,0 0 2 0 0 R $ 1 0 0 ,0 0 R $ 2 0 .0 0 0 ,0 0 3 0 0 R $ 2 0 0 ,0 0 R $ 6 0 .0 0 0 ,0 0 V en d a 0 6 /0 6 /2 0 1 9 1 0 0 R $ 1 0 0 ,0 0 R $ 1 0 .0 0 0 ,0 0 1 0 0 R $ 1 0 0 ,0 0 R $ 1 0 .0 0 0 ,0 0 3 0 0 R $ 2 0 0 ,0 0 R $ 6 0 .0 0 0 ,0 0 Sa ld o 40 0 r $7 0. 00 0, 00 Fonte: Elaborada pela autora. 23 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Prática contábil ii SUMÁRIO Você pode notar que cada movimentação realizada na empresa é registrada na ficha. O saldo inicial é a quantidade de mercadoria que a empresa tem em estoque no início do período contábil. Já o saldo final do estoque será o valor da conta patrimo- nial mercadoria em estoque. A soma das saídas é o custo da mercadoria vendida – conta de resultado da DRE. Antigamente essas fichas eram registros em papel; no entanto, as empresas atual- mente utilizam softwares para realizar o controle. Independentemente do método de contas adotado, para o registro das operações comerciais, a empresa pode adotar um dos seguintes sistemas de inventário: periódi- co ou permanente. Entenda agora como é cada um desses sistemas. 1.2.1 INVENTÁRIO PERIÓDICO Esse é o método mais utilizado por empresas de pequeno e médio porte e é permi- tido pela legislação do Imposto de Renda. Nesse sistema o valor da conta mercadoria somente será reconhecido no final do período contábil, que geralmente corresponde a um ano. Haverá somente uma contagem física de cada item do estoque para que a contabilidade possa apurar o resultado da conta mercadorias. Como o próprio nome diz, o controle das mercadorias é periódico, não é realizado diariamente; mesmo que a empresa tenha uma ficha de controle de estoque, será apenas para controle gerencial e não para fins contábeis. Nesse método a apuração do estoque será da seguinte forma: 24 Prática contábil ii FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO No dia 02/01/2019, a empresa de varejo DFG tem um estoque inicial no valor de R$ 5.000. Comprou mercadorias durante o ano que totalizaram R$ 15.000, sendo que a empresa devolveu R$ 2.000 em mercadorias para o seu fornecedor. Vendeu várias mercadorias durante o ano e, no final, do período contábil tinha um saldo em estoque de R$ 7.000,00. Como a empresa adota o método de inventário periódico, fará o seguinte cálculo: CMV = EI + (C – DC) – EF Onde: CMV = Custo da mercadoria vendida EI = Estoque inicial do período C = Compras DC = Devolução de compras EF = Estoque final CMV = R$ 5.000 + (R$ 15.000,00 – R$ 2.000) – R$ 7.000,00 CMV = R$ 5.000 + R$ 13.000 – R$ 7.000 CMV = R$ 11.000,00 O custo da mercadoria vendida dessa empresa é de R$ 11.000,00. Veja, a seguir, como é contabilizado o CMV pelo inventário permanente. 25 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Prática contábil ii SUMÁRIO 1.2.2 INVENTÁRIO PERMANENTE Como o próprio nome já explica, nesse sistema a empresa irá controlar permanen- temente o valor do estoque. Cada compra realizada ou devolução é contabilizada imediatamente no estoque, assim como cada venda da empresa ou devolução. Esse método permite que a empresa tenha a informação atualizada da conta de merca- dorias. No sistema permanente o controle é realizado com o uso da ficha de controle de estoque. Veja o exemplo: A empresa Cálculos Perfeitos vende calculadoras e apresentou a seguinte movimentação: 01/12/20x8 Estoque inicial de 20 unidades compradas por R$ 200,00 cada. 12/12/20x8 Venda de 2 unidades. 14/12/20x8 Compra de 50 unidades por R$ 250,00 cada. Nesse método o registro é realizado pela ficha de controle de estoque 26 Prática contábil ii FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO FIGURA 2 - FICHA DE CONTROLE DE ESTOQUE C Á LC U LO S P E R FE IT O S E N TR A D A S A ÍD A S A LD O o pe ra çã o Q ua nt . U ni tá rio to ta l Q ua nt . U ni tá rio to ta l Q ua nt . U ni tá rio to ta l S al d o in ic ia l 0 1 /1 2 /2 0 1 8 2 0 R $ 2 0 0 ,0 0 R $ 4 .0 0 0 ,0 0 V en d a 1 2 /1 2 /2 0 1 8 2 R $ 2 0 0 ,0 0 R $ 4 0 0 ,0 0 1 8 R $ 2 0 0 ,0 0 R $ 3 .6 0 0 ,0 0 C o m p ra 1 4 /1 2 /2 0 1 8 5 0 R $ 2 5 0 ,0 0 R $ 1 2 .5 0 0 ,0 0 1 8 R $ 2 0 0 ,0 0 R $ 3 .6 0 0 ,0 0 5 0 R $ 2 5 0 ,0 0 R $ 1 2 .5 0 0 ,0 0 Sa ld o r $4 00 ,0 0 68 r $1 6. 10 0, 00 Fonte: Elaborada pela autora. 27 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Prática contábil ii SUMÁRIO Veja que o CVM é apurado pelo preço de custo da mercadoria e o saldo de estoque, a soma de R$ 3.600 + R$ 12.500 = R$ 16.100. A decisão de qual sistema adotar será tomada de acordo com a necessida- de, sistema e realidade de cada empresa. Não existe uma norma legal que obrigue as empresas a adotarem um determinado método. Atualmente grande parte das empresas tem adotado conta desdobrada com inven- tário permanente, pois existem softwares de gestão contábil com preços acessíveis para esse controle, como,por exemplo, o sistema ERP, Enterprise Resource Planning, que significa Sistema Integrado de Gestão Empresarial. É possível para a contabilidade combinar os métodos e sistemas de formas diferentes, por exemplo: a. conta desdobrada com inventário permanente ou b. conta mista com inventário periódico. Agora que você conhece os métodos e sistemas para contabilizar as movimentações de mercadorias, iremos aprofundar o conhecimento explicando a contabilização de cada movimentação do processo de compra. Registrar corretamente a entrada de mercadorias evita prejuízos causados por má gestão de estoque, como perda de mercadoria, furtos e compras desnecessárias. 28 Prática contábil ii FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 1.3 COMPRA DE MERCADORIAS A empresa comercial, seja do ramo do varejo ou atacado, compra mercadorias para depois revender para ter lucratividade. Essas compras podem ser feitas à vista ou a prazo (fornecedores) e devem ser contabilizadas imediatamente no livro diário da empresa. A seguir, você entenderá como deve ser realizado o registro contábil das operações que envolvem compra de mercadorias. 1.3.1 OPERAÇÃO DE COMPRAS A operação de compras de mercadorias deve ser contabilizada seguindo as normas contábeis. Veja o exemplo de como deve ser essa contabilização: A loja Brinquedos Bacanas, que utiliza o sistema de conta mista, comprou mercadorias do Fornecedor Lua Brinquedos no valor de R$ 50.000, conforme a Nota Fiscal 8.719. O pagamento foi à vista, sendo feito débito automático da conta do Banco Din Din. A contabilização deverá ser realizada da seguinte forma, no sistema de conta mista: D – Mercadoria a C – Banco Din NF 8.719 – Lua Brinquedos.....................................R$ 50.000 Se a compra da mercadoria tivesse sido realizada em dinheiro, o crédito poderia ter sido realizado na conta caixa. 29 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Prática contábil ii SUMÁRIO Se a compra fosse parcelada, o lançamento contábil seria da seguinte forma: D – Compra de mercadorias a C – Fornecedor NF 8.719 – Lua Brinquedos.....................................R$ 50.000 Quando a empresa compra suas mercadorias a prazo, o lançamento poderá ser feito nas contas: fornecedor ou duplicatas a pagar. Ainda no âmbito voltado para as operações de compra, tem-se o famoso modelo de gestão japonês just in time sendo muito utilizado pela logística de várias empresas. Just in time é um modelo de gestão de estoque adotado pelo Japão com o objetivo de produzir a quantidade exata de um produto, de acordo com a demanda. Nessa metodologia a empresa irá alocar a matéria-prima na quan- tidade exata no momento que precisar, evitando o acúmulo de mercadorias no estoque da empresa e reduzindo custos operacionais. Ou seja, a empresa compra somente a mercadoria necessária, não acumula estoque. Um bom exemplo de gestão de estoque! Entenda agora quais são os fatos que podem alterar o registro contábil das operações que envolvem compra de mercadorias. 30 Prática contábil ii FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 1.3.2 FATOS CONTÁBEIS QUE ALTERAM O VALOR DE COMPRAS A contabilidade irá registrar o custo de aquisição da mercadoria, porém não é conta- bilizado apenas o valor pago diretamente ao fornecedor, mas deverá ter também o registro de outros custos que compõem o valor do estoque. Segundo o item 11 da Norma NBC TG 16, norma brasileira de Contabilidade que estabelece o tratamento contábil para estoque, deverão integrar no custo de merca- doria: impostos com importações, tributos, custos com transportes, seguros, manu- seio e o que for diretamente atribuído à compra de produtos acabados. Não deve ser contabilizado como custos: descontos, abatimentos, impostos recuperáveis ou juros embutidos nas compras a prazo. Veja como proceder nos casos em relação aos custos e sua contabilização. 1.3.3 FRETES E SEGUROS No ato da compra a empresa cliente poderá pagar o transporte da mercadoria até o seu estabelecimento. Esse pagamento pode ser realizado diretamente com o forne- cedor ou para uma empresa terceira de transportes. A empresa compradora também irá pagar o valor do seguro da mercadoria durante o transporte: caso ocorra algum eventual prejuízo ou dano durante o trajeto, a empre- sa estará coberta pela seguradora. Esses valores deverão ser apurados no custo da mercadoria. Veja como deverá ser lançado no livro diário: 31 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Prática contábil ii SUMÁRIO A empresa Brinquedos Bacanas pagou R$ 2.500,00 para a transportadora Juarez (Nota Fiscal 2.345) e pagou R$ 1.500,00 para a seguradora Está Salvo (Nota Fiscal 456). O pagamento foi realizado à vista, via caixa. O lançamento contábil deverá ser realizado da seguinte forma: • Empresa que adota o método de conta mista de mercadorias D – Mercadorias a C – Caixa NF 23.450 transportadora Juarez e NF 456 seguradora Está Salvo............................ .............................................................R$ 4.000 • Empresa que adota o método de conta desdobrada de mercadorias D – Frete NF 23.450 transportadora Juarez..............................................R$ 2.500 D – Seguros sobre compra .....................................................R$ 1,500 NF 456 seguradora Está Salvo a C – Caixa..................................................................................R$ 4.000 Assim, percebe-se que, quando uma empresa adota o sistema de conta desdobrada, o saldo das contas, fretes, seguros, compras anuladas, abatimentos e descontos será transferido para a conta CMV (custo da mercadoria vendida) no final do exercício. 32 Prática contábil ii FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 1.3.4 COMPRAS ANULADAS OU DEVOLUÇÕES DE COMPRAS Compras anuladas ou devolvidas ocorrem quando o comprador devolve as compras ou parte dessas compras. Essa devolução pode ocorrer por inúmeros motivos: merca- dorias com defeitos, danos causados no transporte, não corresponde ao pedido, etc. Veja o exemplo que ilustra como é o cálculo. A empresa Brinquedos Bacana devolveu parte da mercadoria adquirida da fábrica Brinquedos Lua. O valor da devolução corresponde à quantia de R$ 20.000,00. A empresa Brinquedos Lua decidiu ressarcir a empresa em dinhei- ro. Entenda como deverá ser realizado o lançamento contábil no livro diário. • Empresa que adota o método de conta mista de mercadorias: D – Caixa a C – Mercadorias Devolução de parte da compra do fornecedor Lua conforme NF 1.547 .............. .......................R$ 20.000 • Empresa que adota o método de conta desdobrada de mercadorias: D – Caixa a C – Estoque de mercadorias Devolução de parte da compra do fornecedor Lua conforme NF 1.547 .............. .......................R$ 20.000 Você pode notar que a empresa para devolver mercadoria emitiu uma Nota Fiscal 1.547, denominada nota Fiscal de Devolução, que é uma nota que anula uma 33 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Prática contábil ii SUMÁRIO operação de compra ou de venda, inclusive em relação aos impostos incidentes dessa operação. Deve ser emitida com base nas mesmas informações da nota fiscal de origem. Existem dois tipos de Nota Fiscal de Devolução: devolução de compra ou devolução de venda. A Nota Fiscal de Devolução de Venda ou Compra deve ser emitida da seguin- te forma: 1. Especificar a quantidade de produtos que está sendo devolvida. 2. Utilizar o CFOP: sigla de Código Fiscalde Operações e Prestações, das entradas e saídas de mercadorias, intermunicipal e interestadual. Trata-se de um código numérico que identifica a natureza de circula- ção da mercadoria ou a prestação de serviço de transportes. Códigos de CFOP devem ser de devolução, conforme a tabela utilizada pela contabilidade da empresa. 3. Finalidade de emissão = “Devolução” 4. Natureza da operação = “Devolução” 1.3.5 ABATIMENTOS SOBRE COMPRAS A empresa compradora, em vez de devolver a mercadoria, pode entrar em um acordo com o fornecedor e conseguir um abatimento no valor da compra. Feito esse acordo a empresa irá pagar um valor menor do que foi registrado na Nota Fiscal do pedido. 34 Prática contábil ii FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO A empresa Brinquedos Bacanas comprou, a prazo, um lote de brinquedos que chegaram com avarias sofridas durante o transporte. O fornecedor Bone- cas MOM, devido às avarias, forneceu um desconto de R$ 2.000.00. Entenda como esse desconto será registrado no livro diário da empresa. • Empresa que adota o método de conta mista de mercadorias D – Fornecedor a C – Mercadorias Abatimento devido a avarias no transporte, referente à NF 365 ...........R$ 2.000 • Empresa que adota o método de conta desdobrada de mercadorias D – Fornecedor a C – Estoque de mercadorias Abatimento devido a avarias no transporte, referente à NF 365 .............R$ 2.000 1.3.6 DESCONTOS COMERCIAIS OBTIDOS A empresa também poderá ganhar o desconto no momento que efetua a compra da mercadoria. Esse desconto poderá vir destacado na Nota Fiscal. Registrar esse desconto, do ponto de vista contábil, é desnecessário, sendo mais prático registrar o valor líquido da compra. 35 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Prática contábil ii SUMÁRIO A empresa vendeu uma mercadoria no valor de R$ 100,00 e concedeu um desconto comercial de R$ 20,00. A Nota Fiscal da empresa será da seguinte forma: Produto XXX R$ 100,00 Desconto comercial R$ 20,00 Valor da Nota Fiscal R$ 80,00 1.3.7 JUROS EMBUTIDOS NAS COMPRAS A PRAZO Quando uma empresa compra mercadorias para pagamento em longo prazo e o valor dos juros dessa transação é alto, a empresa deve registrar o valor da mercado- ria e o valor dos juros de forma separada. O custo do financiamento (juros) deve ser contabilizado na conta despesa de juros, sendo esta classificada como despesa não operacional. Veja como deverá ser realizado o lançamento: • Empresa que utiliza conta desdobrada A empresa Brinquedos Bacanas comprou R$ 20.000,00 em mercadorias e irá pagar em 10 prestações. O fornecedor é a empresa Jogos Legais e emitiu a Nota Fiscal 897. O valor dos juros embutido é de R$ 2.000,00. O fato contá- bil deverá ser contabilizado no dia da compra, assim como o pagamento da primeira parcela. 36 Prática contábil ii FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO D – Estoque de mercadorias a C – Fornecedor Fornecedor Jogos Legais, referente à NF 897 ...........................R$ 18.000 Ajuste o valor presente (despesa financeira) Juros embutidos...........................................................................R$ 2.000 Compra de mercadoria Valor líquido da operação.............................................................R$ 20.000 O ajuste de valor presente é uma despesa antecipada, redutor da conta fornecedor, e será apresentado no balanço patrimonial: Passivo circulante Fornecedor............................................................................R$ 20.000 (-) Ajuste o valor presente..............................................R$ 2.000 Saldo...........................................................................R$ 18.000 Para contabilizar o pagamento em dinheiro da primeira parcela: D – Fornecedor a C – Caixa................................................................R$ 2.000 Pagamento da primeira parcela do fornecedor Jogos Legais, NF 897 D – Despesas financeiras a C – Ajuste o valor presente (despesa financeira a vencer) ..............................R$ 2.000 37 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Prática contábil ii SUMÁRIO O código de barras permite um maior controle dos estoques, por meio de uma representação gráfica de combinação numérica: GTIN número global do item comercial que contribui para identificar itens de cada produto. Sua forma mais comum é a de 13 dígitos, podendo também ser formado por 8, 12 ou 14 dígitos. Veja como cada operação de compras é tratada na contabilidade. A empresa Livraria Saber efetuou três compras de mercadorias em períodos diferentes: 1. Comprou livros no valor de R$ 50.000 da Editora Cultura. A Livraria Saber recebeu alguns livros que não constavam no pedido e fez uma devolução de R$ 10.000. 2. Comprou material de papelaria no valor de R$ 30.000. A Livraria Saber recebeu produtos com pequenos defeitos e pediu um abatimento do fornecedor de 15%. 3. Comprou cadernos no valor de R$ 20.000 e solicitou um desconto na compra de 5%. Veja os lançamentos: 38 Prática contábil ii FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO FIGURA 3 - LANÇAMENTO DE CADA OPERAÇÃO DEVOLUÇÃO DE COMPRAS ABATIMENTO DE COMPRAS DESCONTO DE COMPRAS A empresa comprou merca- dorias: D – Estoque de mercadoria C – Fornecedor A empresa comprou mercadorias: D – Estoque de mercadoria C – Fornecedor A empresa solicitou o desconto na compra. Ao devolver as compras: D – Fornecedor C – Estoque de mercadoria Solicitou o abatimento: D – Fornecedor C – Estoque de mercadoria. R$ 4,500 D – Estoque de mercadoria C – Fornecedor: R$ 19,000 Saldo de estoque: R$ 50.000 – R$ 10.000 = R$ 40,000 Saldo de estoque: R$ 30.000 – R$ 4.500 = R$ 25.500 Se o desconto foi solicitado antes da emissão da Nota fiscal, não é necessário o registro contábil. Fonte: Elaborada pela autora. 1.3.8 DESCONTO COMERCIAL X DESCONTO FINANCEIRO Existe uma diferença entre os conceitos de desconto comercial e desconto financeiro. O desconto comercial, como foi exemplificado, ocorre no ato da compra, sendo denominado desconto incondicional obtido, por se tratar de um ato espontâneo do vendedor, que, por algum motivo, decidiu reduzir o valor da mercadoria, fornecendo o desconto. O desconto financeiro ocorre no momento da quitação da dívida, por exemplo: o cliente quita a última parcela antes do prazo e consequentemente “ganha” um desconto financeiro. Essa operação é contabilizada na conta desconto obtido no grupo das receitas financeiras. Após analisarmos todas as operações referentes às compras de mercadorias, é neces- sário saber registrar as operações de vendas de mercadorias. O registro correto das vendas e saída de mercadorias é tão importante quanto o registro de compras, para que os saldos de estoque e custos tenham credibilidade nas demonstrações contá- beis da empresa. 39 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Prática contábil ii SUMÁRIO 1.4 VENDAS DE MERCADORIAS Vender mercadorias é um dos principais objetivos organizacionais, sendo que essa operação deve ser a principal fonte das receitas de uma empresa. As vendas de mercadorias podem ser realizadas tanto à vista quanto a prazo. Na venda à vista, a empresa recebe o pagamento no ato da venda; e, a prazo, a empresa passa a ter um direito de receber, registrado nas contas duplicatas a receber ou contas a receber. Veja os exemplos, a seguir: A empresa Brinquedos Bacanas vendeu mercadorias no valor de R$ 5.000,00 à vista. Veja como deverá ser lançadaessa operação no livro diário. • Empresa que adota o método de conta mista de mercadorias D – Caixa a C – Mercadorias Vendas referentes à NF 400 .........................R$ 5.000 • Empresa que adota o método de conta desdobrada de mercadorias D – Caixa a C – Venda de mercadorias Vendas referentes à NF 400 .........................R$ 5.000 Esse lançamento irá registrar o valor da receita bruta/faturamento da empresa. Depois que foi registrado o valor da receita bruta, e se a empresa adotou o sistema de inventário permanente, deverá imediatamente registrar o custo da mercadoria vendida e consequentemente baixar esse valor do estoque. 40 Prática contábil ii FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Veja o exemplo do lançamento: D – Caixa a C – Venda de mercadorias Vendas referentes à NF 400 .........................R$ 5.000 Vamos supor que a empresa comprou mercadoria por R$ 2.000,00 para revender por R$ 5.000.00. Ao vender a mercadoria, a contabilidade deverá fazer uma “baixa” de R$ 2.000,00 na conta estoque de mercadoria e registrar esse valor como custo na conta CMV (custo da mercadoria vendida). D – Custo da mercadoria vendida a C – Estoque de mercadorias Vendas referentes à NF 400 .........................R$ 2.000 Quando a empresa parcelar suas vendas, ou seja, vender a prazo, deverá ser realizado esse lançamento da mesma forma; a única diferença é que, em vez de debitar na conta caixa vendas a prazo, deverá ser registrar na conta dupli- catas a receber ou clientes. Após as vendas das mercadorias, é comum que ocorram devoluções que devem ser contabilizadas pela empresa. Veja como tratar as devoluções de vendas. 41 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Prática contábil ii SUMÁRIO 1.4.1 DEVOLUÇÕES DE VENDAS O cliente que compra produtos de uma empresa pode devolver o produto por diver- sas razões, como produtos com defeitos, insatisfação do consumidor com a mercado- ria entregue, problemas nas especificações dos pedidos, etc. Sendo essa uma prática rotineira nas empresas, deverá ser registrada na contabilidade de forma correta. Veja o exemplo: O cliente Silvio da Silva comprou R$ 9.000 em mercadorias, segundo NF 321. No entanto, devolveu R$ 2.000,00 porque encontrou pequenos defeitos nessas mercadorias. A restituição ao cliente foi paga em dinheiro; o custo da mercadoria vendida e devolvida pelo cliente é de R$ 2.000; e o custo da mercadoria devolvida equivale a R$ 900,00. Veja como deverá ser contabili- zado no livro diário: • Empresa que adota o método de conta mista de mercadorias D – Mercadorias* a C – Banco Devolução de parte de vendas do cliente Silvio Silva conforme NF 321 ............. ........................R$ 2.000,00 Empresa que adota o método de conta desdobrada de mercadorias com inventário permanente D – Devolução de mercadorias a C – Banco Devolução de parte de vendas do cliente Silvio Silva conforme NF 321 ............. ........................R$ 2.000,00 42 Prática contábil ii FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO D – Estoque de mercadorias* a C – Custo da mercadoria vendida (CMV) Mercadoria recebida em devolução do cliente Silvio Silva conforme NF 321 .... .................................R$ 900,00 *Mercadorias devolvidas voltam para o estoque, por isso devem ser debitadas na conta estoque ou mercadorias. E, se a devolução ocorre após o fechamento do exercício social? Vamos imaginar que a empresa já encerrou a conta de receita de vendas na apuração do resultado da empresa. Não é mais possível modificar o valor dessa receita. Então, como a contabilidade deverá proceder? É necessário que sejam registrados o valor dessa devolução e a sua perda da receita. No entanto, não é mais possível redu- zir o lucro bruto do exercício que já foi encerrado. Essa devolução também não pode ser classificada como despesa não operacional do período atual, já que faz parte das atividades da empresa. Portanto, o que fazer nessa situação? Será aberta uma conta de resultado denominada “Prejuízo do exercício anterior”, é irá ser apresentada na DRE junto com as despesas operacionais. Entenda o porquê de esse lançamento ser realizado em uma conta de despesa operacional: 1. O prejuízo dessa devolução não pode ser registrado como ajuste do exercício anterior, já que não houve erro contábil no exercício anterior, o fato foi uma devolução de mercadorias no exercício posterior, impossível de ser prevista pela contabilidade. 2. A devolução de mercadorias faz parte das atividades operacionais da empresa, portanto, pela norma contábil não é possível fazer esse registro como prejuízo não operacional. Veja como será o lançamento dessa conta, conforme o exemplo: 43 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Prática contábil ii SUMÁRIO O cliente Durval da Silva devolveu R$ 5.000,00 em mercadoria referente a uma compra que foi efetuada no exercício anterior, conforme NF 109. O custo da mercadoria para a empresa vendedora foi de R$ 1.700,00. A compra foi parcelada em 5 prestações. D – Devolução de mercadorias do exercício anterior a C – Clientes a receber Devolução de mercadoria conforme NF 109 .....................................R$ 5.000,00 Assim, o registro da mercadoria devolvida deverá ser feito no estoque da seguinte forma: D – Estoque de mercadorias a C – Devolução de vendas de mercadorias do exercício anterior Mercadoria recebida em devolução, conforme NF 109 ......................R$ 1.700,00 Veja que o saldo da conta devolução de mercadorias do exercício anterior será: R$ 3.300 – R$ 5.000 de devolução – R$ 1,700 do valor do CMV – merca- doria que voltou para o estoque. 44 Prática contábil ii FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 1.4.2 ABATIMENTO SOBRE VENDAS O cliente, em vez de devolver a mercadoria, poderá solicitar um desconto por peque- nos danos causados no transporte ou qualquer outra razão que não o faça satisfeito com o produto. O abatimento sobre as vendas pode ser registrado como descontos incondicionais concedidos. Veremos cada caso no detalhe: O cliente João Antônio recebeu suas mercadorias com pequenos defeitos, e sua compra foi de R$ 7.000,00, em cinco parcelas, conforme Nota Fiscal 129. A empresa para ressarcir os danos concedeu um desconto de R$ 500,00. Veja como será realizado o lançando do desconto: • Empresa que adota o método de conta mista de mercadorias D – Mercadorias a C – Duplicatas a receber Abatimento concedido por defeitos na mercadoria referente à NF 129.....R$ 500,00 • Empresa que adota o método de conta desdobrada de mercadorias com inventário permanente D – Abatimento sobre vendas a C – Duplicatas a receber Abatimento concedido por defeitos na mercadoria referente à NF 129 ............ ......................R$ 500,00 45 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Prática contábil ii SUMÁRIO 1.4.3 DESCONTOS INCONDICIONAIS CONCEDIDOS Uma empresa pode fornecer um desconto para o seu cliente no ato da venda. O desconto poderá ser destacado na Nota Fiscal, por exemplo: A empresa Brinquedos Bacanas vendeu R$ 15.000,00 e concedeu um desconto incondicional no valor de R$ 1.000, conforme NF 534. O registro dessa operação será realizado da seguinte forma: O cliente irá pagar à vista. D – Caixa..........................................................................................R$ 14,000.00 D – Desconto incondicional referente à NF 534 ................................R$ 1.000,00 a C – Receita de vendas..................................................................R$15.000,00 Observação: a conta desconto condicional é uma conta de resultado reduto- ra da receita de vendas. 1.4.4 BONIFICAÇÕES CONCEDIDAS As bonificações estão vinculadas a promoções, cotas atendidas de vendas ou ações de fidelidade de fornecedores, dentre outros. É a quantidade de mercadorias entre- gues gratuitamente, a mais do que estipulado, em função do volume de vendas e, geralmente, em decorrência de promoção especial. 46 Prática contábil ii FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO A bonificação é diferente de brinde, porque, se for uma mercadoria para a revenda, será considerada como bonificação; no entanto, se a mercadoria for para consumo próprio, será considerada como brinde. Veja o exemplo: Um cliente compra 50 caixas de bolas de gude da Empresa Brinquedos Bacanas, que resolve no ato da entrega, pelo mesmo valor, fornecer 70 caixas a mais. Sendo que o adicional de 20 caixas de bolas de gude corresponde à bonificação em mercadorias, o lançamento contábil deverá ser realizado da seguinte forma, considerando que o valor de cada caixa são R$ 100,00 e a negociação será paga à vista pelo cliente: D – Caixa C – Receita de vendas – R$ 5.000,00 O custo médio unitário no estoque de cada caixa são R$ 60,00, portanto, será contabilizado o CMV da seguinte forma: D – Custo da mercadoria vendida – R$ 4.200.00 (R$ 60,00 x R$ 7.000) a C – Estoque de mercadoria 47 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Prática contábil ii SUMÁRIO 1.4.5 UROS EMBUTIDOS NAS VENDAS A PRAZO A norma contábil determina que, ao efetuar uma venda, seja em longo ou curto prazo, e o cliente pagar juros de forma significativa, estes juros deverão ser reconhe- cidos como uma receita financeira e não contabilizados como receita de vendas. A receita de vendas deverá ser registrada pelo valor presente. Veja um exemplo de um fato ocorrido em uma empresa comercial: UO cliente GFR comprou mercadorias a prazo no valor de R$ 3.000,00. Os juros embutidos na operação foram no valor de R$ 300,00. O cliente irá pagar 10 parcelas mensais de R$ 300,00, conforme Nota Fiscal 753. Considerando que o cliente utiliza o critério de conta desdobrada, essa venda será contabilizada da seguinte forma: D – Clientes a receber a C – Receita de vendas Referente à NF 753 ............................R$ 2.700 Ajuste o valor presente (receita financeira) Juros embutidos na operação da NF 753.................................................R$ 300 Venda de mercadoria Valor líquido da operação......................................................................R$ 3.000 O ajuste de valor presente é uma receita antecipada redutora da conta clien- tes ou duplicatas a pagar e será apresentado no balanço patrimonial: 48 Prática contábil ii FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Ativo circulante Clientes..................................................................................................R$ 3.000 (-) Ajuste o valor presente......................................................................(R$ 300) Saldo......................................................................................................R$ 2.700 O pagamento da primeira parcela deverá contabilizado: D – Caixa C – Clientes a receber........................R$ 30,00 D – Ajuste o valor presente (receita financeira a vencer)..................(R$ 30,00) A C – Receita financeira. Do ponto de vista contábil a despesa operacional está relacionada aos pagamentos feitos devido às atividades da empresa, tais como despesa de RH, despesa comercial, despesa administrativa, dentre outras. Já a despesa não operacional não está relacio- nada com o objetivo do negócio, como, por exemplo, pagamento de juros. 49 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Prática contábil ii SUMÁRIO Veja o exemplo de cada fato: a empresa Chocolates Delícias efetuou três vendas: R$ 600.000,00 para a Distribuidora Doces Alegres; R$ 500.000 para Comercial Doçura; e R$ 400.000 para Comercial ChocoVarejo. E ocorreram os seguintes fatos relacionados a essa venda: FIGURA 4 - FATOS SOBRE A VENDA Devolução de vendas Abatimentos Desconto comercial Uma parte do lote vendido para a Distribuidora Doces Alegres foi devolvido: R$ 100,00. Houve um erro no pedido da Comercial Doçura, que pediu um abatimento de 10% no valor da venda. A Comercial ChocoVarejo solicitou um desconto que foi concedido: 5% do valor. Vendas brutas: R$ 600,00 Devolução de vendas: R$ (100,00) Venda líquida: R$ 500,00 Vendas brutas: R$ 500,00 Abatimento: R$ (50,00) Venda líquida: R$ 450,00 Vendas brutas: R$ 400.00 Desconto: R$ (80,00) Vendas líquidas: R$ 320,00 Esse fato ocorreu após a emis- são da Nota Fiscal. Esse fato ocorreu após a emissão da Nota Fiscal. Esse fato ocorreu antes da emissão da Nota Fiscal. Fonte: Elaborada pela autora. A demonstração do resultado da empresa será (R$/1.000): • Receita de vendas: R$ 1.500 • Devolução de vendas: R$ (100) • Abatimentos: R$ (50) • Desconto comercial: R$ (80) • Receita líquida: R$ 1.270 observação: por enquanto, não estamos considerando os impostos incidentes sobre vendas. A seguir, veremos como todos os lançamentos apresentados refletem nas demons- trações contábeis. 50 Prática contábil ii FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 1.5 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO As contas utilizadas para registrar os fatos com as mercadorias terão as seguintes apresentações no elenco de contas: balanço patrimonial brinquedos bacana ATIVO Ativo circulante Estoques Compras – permanente Frete sobre compras – permanente (-) Devoluções sobre compras – permanente (-) Abatimento sobre compras – permanente O controle da conta estoque é fundamental para a administração de uma empresa, impactando diretamente no custo dos produtos. A conta estoque é evidenciada no balanço patrimonial, e sua avaliação deve ser elaborada de forma correta, conforme Normas Contábeis (Lei nº 6.404/76 – art. 183). Veja que o balanço patrimonial apresentado da empresa Brinquedos Baca- na informa que o sistema de inventário adotado na empresa é o sistema de inventário permanente. Veja, a seguir, como o custo da mercadoria vendida é um redutor da receita líquida e como é apresentado na DRE. 51 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Prática contábil ii SUMÁRIO 1.5.1 CUSTO DA MERCADORIA VENDIDA O custo da mercadoria vendida é apresentado na Demonstração de Resultados do Exercício (DRE), sendo apurado em função da variação do saldo de estoque, confor- me a equação a seguir: cMV = Ei + c-EF onde: CMV = Custo da mercadoria vendida EI = Estoque inicial C = Compras EF = Estoque final Veja a DRE da empresa Brinquedos Bacanas: FIGURA 5 - DRE DA EMPRESA BRINQUEDOS BACANAS Brinquedos Bacana S.A. Demonstração do resultado – dezembro x19 RECEITA DE VENDAS BRUTA Vendas 44.000 (-) Devoluções de vendas - 2.000 (-) Abatimentos sobre vendas - 500 (-) Desconto comercial (incondicional) - 1.000 (-) Impostos sobre vendas - - 7.920 (=) Receita líquida 32.580 (-) CMV - 4.790 (=) resultado bruto 27.790 (-) Despesas operacionais - 9.000 (+/-) Receitas e despesas financeiras - 1.700 Descontos financeiros concedidos - 1.500 (=) lucro líquido 15.590 Fonte: Elaborada pela autora. 52 Prática contábil ii FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO A DRE tem o seu início na receita de vendas, e os valores de redutores da receita obrigatoriamente deverão vir em seguida (devolução de vendas, abatimento sobre vendas, desconto comercial e impostos), e, assim, é possível obter a receita líquida do exercício. As despesas relacionadas com as vendas, assim como os efeitos dos pagamentos ou recebimentos antecipados, são registradas no grupo das despesas operacionais ou outras receitas/despesas financeiras. Após apurado o lucro bruto, este será destinado à remuneração das despesas, gover- no (IR e CSLL), e distribuído entre os proprietários e acionistas da empresa. Para que a DRE e o balanço patrimonial sejam apresentados de forma correta, é fundamental um controle nas operações com mercadorias, para que todos na empre- sa saibam o valor do seu lucro bruto e o quanto poderá gastar com suas despesas operacionais e financeiras, e, assim, se possa atingir o lucro no final do período. Um registro errado de mercadorias pode causar prejuízos na apuração dos custos dos produtos e consequentemente no preço desses produtos, receita de vendas e falha na apuração do lucro bruto. Assim, com o exposto sobre todos os lançamentos necessários para um eficiente controle de mercadorias e estoques, a sua contabiliza- ção pode se tornar muito mais prática. 53 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Prática contábil ii SUMÁRIO BIBLIOGRAFIA COMENTADA Veja, a seguir, algumas indicações de obras que complementarão seu conhecimento sobre os assuntos abordados na disciplina. • RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Básica. 30. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. Nessa obra são explicados todos os lançamentos relacionados à conta de mercado- rias. Os lançamentos são exemplificados de forma detalhada e didática • IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARION, José Carlos; FARIA, Ana Cristina de. introdução à teoria da contabilidade. 6. ed. 2. reimpr. São Paulo: Atlas, 2018. Nessa obra você relembrará os principais lançamentos contábeis e a elaboração de relatórios contábeis. Os autores explicam esses conceitos de forma clara e didática, e você poderá fazer exercícios para aprimorar o seu conhecimento. 54 Prática contábil ii FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO CONCLUSÃO Abordamos as principais operações com mercadorias explicando quais são as normas contábeis presentes no registro do processo de compras e vendas de uma empresa. Esse conhecimento é importante para que seja entendido como o não cumprimento ou mesmo a falta de conhecimento pode causar inúmeros prejuízos para a empresa e/ou negócio, que vão desde a falta de controle do estoque, perda de mercadorias, e até mesmo prejuízos que podem levar uma empresa à falência. O lucro bruto de uma empresa, nesse sentido, é mensurado através do resultado da equação: receita de vendas – abatimentos – custos. É por meio do lucro bruto que é realizada a análise de quanto as atividades operacionais de uma empresa são lucrati- vas e contribuem para o seu sucesso ou não. Após o cálculo do lucro bruto, é possível mensurar o resultado de cada produto e tomar decisões de continuidade ou não de vendas das suas mercadorias. Qualquer erro nos lançamentos de vendas ou compras de mercadorias irá impactar na análise financeira da empresa, que poderá resultar em decisões erradas e prejudiciais ao negócio. Compreender esses conceitos não é apenas importante para o profissional contábil, mas para todos que atuam em uma organização, seja na área comercial, produção ou marketing. Entender cada processo de vendas e compras de uma empresa é funda- mental para a organização empresarial, porque, se uma empresa não faz gestão de suas mercadorias, como fará a gestão de suas finanças, não é? 55 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Prática contábil ii SUMÁRIO OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: > Explicar quais são os impostos que incidem sobre as vendas. > Definir o âmbito de cada imposto federal, estadual e municipal. > Calcular o resultado bruto da empresa após as incidências dos impostos. > Registrar corretamente cada imposto. > Explicar a importância fiscal da apuração dos impostos. UNIDADE 2 56 Prática contábil ii FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO 2 TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRAS E VENDAS DE MERCADORIAS Nesta unidade, iremos continuar os estudos que abordam as operações com merca- dorias e seus registros contábeis. Você já sabe que uma empresa precisa comprar mercadorias para depois revender e apurar o seu lucro e que todo esse processo precisa ser registrado conforme as normas contábeis. Porém, durante essa transação a empresa tem que pagar alguns tributos, como impostos, taxas e contribuições. O tributo é calculado proporcionalmente ao preço e volume de vendas, e faz parte da rotina do contador calcular esses tributos e executar os pagamentos para o governo. Mas você sabe quais são os principais tributos relacionados à venda das mercadorias? E como contabilizar da forma correta? Também abordaremos os principais tributos incidentes sobre vendas como Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicações (ICMS), o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) e o Imposto sobre Exportação (IE), bem como a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) e a contribuição para o Programa de Integração Social (PIS), inclusive nas vendas de produtos sujeitos à incidência mono- fásica da contribuição. Tantos tributos e taxas exigem um controle e cuidado por parte da contabilidade, não basta apenas ter conhecimento sobre quais são os tributos e taxas que incidem sobre as vendas; o contador deverá saber como registrar no livro diário cada imposto, pois qualquer descuido ou falha no processo poderá gerar multas para a empresa. Portanto, é hora de aprender detalhadamente todos os processos necessários para contabilizar esses impostos! Não se esqueça de ler os materiais complementares indi- cados nesta unidade. 57 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Prática contábil ii SUMÁRIO INTRODUÇÃO DA UNIDADE Nesta unidade, abordaremos os impostos sobre receitas e a forma de obter crédito nas operações fiscais. É função da contabilidade registrar e controlar todos os impos- tos que incidem nas organizações. O contador tem a responsabilidade de acompa- nhar os registros desses processos e orientar a empresa a pagar seus impostos de forma correta, evitando multas desnecessárias. O consumidor tem o direito de saber qual imposto está pagando no ato da compra de um produto ou serviço, e qual o destino de cada tributo pago pelo contribuinte. Infelizmente a maioria das pessoas desconhece esse tema tampouco tem interesse em conhecer, e muitas empresas ainda cometem falhas enormes na gestão fiscal e apenas descobrem os erros quan- do as multas começam a aparecer. Nesta unidade, você irá conhecer o significado das siglas de cada imposto sobre vendas (ICMS, IPI, PIS/PASEP e Cofins), sua contabilização e a recuperação (crédito) dos impostos. Ao final da unidade, você entenderá como é feita a apuração da receita líquida e chegaremos ao lucro bruto. Esse aprendizado será realizado de forma prática, com apresentação dos lançamentos contábeis, análise dos resultados das contas e os procedimentos para o encerramento mensal da empresa. É importante que você faça a leitura do material complementar, participe do fórum e compartilhe suas ideias com seus colegaspara um melhor aproveitamento do ensi- no. Bons estudos! 2.1 TRIBUTOS INCIDENTES SOBRE COMPRA E VENDAS Uma empresa, ao vender sua mercadoria e emitir a nota fiscal, transfere a titularidade e propriedade do produto para o consumidor e automaticamente deverá pagar um tributo para o governo, ou seja, haverá uma arrecadação do Estado relacionada a esse imposto. 58 Prática contábil ii FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Os impostos incidentes sobre vendas são calculados com base no preço de venda. E esse processo demanda que a contabilidade faça o registro de seus impostos em contas específicas, sendo que os impostos mais expressivos são: 1. Impostos sobre Vendas. 2. Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). 3. Imposto sobre Serviços (ISS). Além desses impostos, incidem sobre as vendas as contribuições: Cofins (Contribui- ção para o Financiamento da Seguridade Social); a contribuição para o PIS (Programa de Integração Social), ISS (Impostos sobre Serviços) e as taxas que guardam propor- cionalidade com o preço de venda, como, por exemplo, comissões. Começaremos os estudos abordando o ICMS. Mas, antes de iniciarmos os estudos, você precisa aprender um conceito contábil muito importante acerca do regime não cumulativo. regime não cumulativo: é quando a empresa credita os tributos sobre as compras de mercadoria e matéria-prima. Em outras palavras, a empresa recu- pera os tributos pagos nas suas compras, abatendo-os dos tributos calcula- dos nas suas vendas. O cliente paga os tributos no ato da venda, e a empresa consegue recuperar os tributos das compras de mercadorias e, no final do mês, recolhe a diferença. A empresa torna-se um agente arrecadador. 59 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Prática contábil ii SUMÁRIO Segundo o Código Tributário Nacional (CTN), art. 3º do CTN, Lei nº 5.172: o tributo é “toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”. Imposto é um tributo que não depende da vontade do contribuinte e possui a finalidade de receita pública para manter os compromissos constitucionais e o funcionamento de variados órgãos e setores federativos; e, taxas são os valores pagos pela utilização de serviços de poder público específicos e divi- síveis, por exemplo, taxa de emissão do RG ou CPF. A seguir, você estudará o conceito, registro contábil do ICMS, e de que forma são praticados os regimes de cumulatividade e não cumulatividade. 2.2 ICMS (IMPOSTO SOBRE CIRCULAÇÃO DE MERCADORIAS E PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE TRANSPORTE INTERESTADUAL E INTERMUNICIPAL E DE COMUNICAÇÕES) O ICMS é um imposto que incide sobre a circulação de mercadorias e também sobre prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal de comunicação. É o imposto mais comum entre as operações comerciais e de competência estadual, portanto, a alíquota pode ser cobrada com valores diferentes em cada Estado do Brasil. O ICMS é considerado uma das principais fontes de arrecadação dos Estados, sendo cobrado nas seguintes operações: • Venda e transferência de produtos. • Transportes entre municípios ou Estados brasileiros. 60 Prática contábil ii FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO • Importação de mercadorias, mesmo que para consumo próprio e não com o objetivo de revenda. • Prestação de serviço no exterior. • Serviços de telecomunicação. É considerado um “imposto por dentro” porque o seu valor está incluso no preço das mercadorias, ou seja, quando uma empresa adquire mercadorias, o preço dela já inclui o ICMS. Na venda da mercadoria o preço também já inclui esse imposto com base na alíquota determinada pela legislação estadual. Cada Estado e o Distrito Federal regulamentam esse imposto, definindo qual a porcentagem deverá ser cobrada. Por esse motivo, cada localidade tem sua própria alíquota. Veja como é realizado o cálculo do ICMS: Um produto custa R$ 500,00 e sobre ele incide uma alíquota de 18%. O cálculo é o seguinte: R$ 500,00 X 18% = R$ 90.00 Nesse caso, o valor do ICMS são R$ 90,00, e a empresa irá cobrar do consumi- dor, no ato da venda, R$ 590,00, pois será adicionado ao preço do produto. Quando uma empresa compra mercadorias de outros Estados, você deve pensar em dois aspectos principais: quem paga os impostos? E qual tarifa deverá ser cobrada? Antigamente, o valor integral do ICMS ficava com o Estado no qual a mercadoria foi vendida, sendo que o valor da alíquota para calcular o ICMS varia em cada Estado. Essa variação fazia com que as empresas optassem por comprar mercadorias com alíquota menor, causando um desequilíbrio na arrecadação nacional. Por essa razão o governo criou o DIFAL – que significa Diferencial de Alíquotas do ICMS – por meio da Emenda Constitucional nº 87/2015, que é a diferença entre os impostos pagos entre os Estados. 61 FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Prática contábil ii SUMÁRIO Essa emenda determinou a partilha de diferença entre as alíquotas do imposto, e, a partir de 2019, foi determinado que 100% do valor apurado são destinados aos cofres do Estado de destino da venda da mercadoria/serviços. Um produto custa R$ 500,00 e sobre ele incide uma alíquota de 18%. O cálculo é o seguinte: R$ 500,00 X 18% = R$ 90.00 Nesse caso, o valor do ICMS são R$ 90,00, e a empresa irá cobrar do consumi- dor, no ato da venda, R$ 590,00, pois será adicionado ao preço do produto. Quando uma empresa compra mercadorias de outros Estados, você deve pensar em dois aspectos principais: quem paga os impostos? E qual tarifa deverá ser cobrada? Antigamente, o valor integral do ICMS ficava com o Estado no qual a mercadoria foi vendida, sendo que o valor da alíquota para calcular o ICMS varia em cada Estado. Essa variação fazia com que as empresas optassem por comprar mercadorias com alíquota menor, causando um desequilíbrio na arrecadação nacional. Por essa razão o governo criou o DIFAL – que significa Diferencial de Alíquotas do ICMS – por meio da Emenda Constitucional nº 87/2015, que é a diferença entre os impostos pagos entre os Estados. Essa emenda determinou a partilha de diferença entre as alíquotas do imposto, e, a partir de 2019, foi determinado que 100% do valor apurado são destinados aos cofres do Estado de destino da venda da mercadoria/serviços. 62 Prática contábil ii FACULDADE CAPIXABA DA SERRA/EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017SUMÁRIO Por exemplo: um produto que circula de São Paulo para Rio de Janeiro, destinará o valor do ICMS apenas para o Rio de Janeiro. A declaração do pagamento da DIFAL é realizada através do SPED Fiscal (Sistema Público de Escrituração Digital). Existem algumas atividades que não incidem ICMS, ou seja, a cobrança de ICMS não se aplica nelas. São isentas do imposto: • Comercialização e circulação de livros, jornais e periódicos, incluindo o papel utilizado em sua impressão. • Exportação de mercadorias. • Operações relativas à energia elétrica, petróleo e combustíveis. • Operações relacionadas a ouro, quando considerado ativo financeiro ou instrumento cambial. • Operações de arrendamento mercantil. • Operações de alienação fiduciária em garantia. • Transferência de propriedades ou bens móveis, sejam de estabelecimen- tos comerciais, industriais ou de outra espécie. • Mercadorias destinadas à prestação de serviço do próprio autor, caso autorizado pela lei complementar municipal. • Casos específicos da legislação estadual.
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