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Subvenção e Assistência Governamentais (CPC 07) Prof. Dr. Amaury José Rezende 1 Agenda • Aspectos Gerais • Objetivo e alcance do CPC 07 • Definições Fiscais • Tipo de Subvenções • Tipos e eventos econômicos • Aspectos Contábeis: Reconhecimento , Mensuração e Divulgação • Considerações 2 CPC 07 Res. Nor. ANEEL 605/14 Del. CVM 646/10 Circular SUSEP 517/15 Res. ANTT 3.847 e 3.848/12 Res. CFC 1.305/10 Res. Nor. ANS 322/13 CPC 07 3 Assistência governamental é a ação de um governo destinada a fornecer benefício econômico específico a uma entidade ou a um grupo de entidades que atendam a critérios estabelecidos. (§3) Subvenção governamental é uma assistência governamental geralmente na forma de contribuição de natureza pecuniária, mas não só restrita a ela, concedida a uma entidade normalmente em troca do cumprimento passado ou futuro de certas condições relacionadas às atividades operacionais da entidade. (§3) Definições 4 Análise Descritivas dos Programa de Benefícios Fiscais Fonte: Rezende, A. J,. AVALIAÇÃO DO IMPACTO DOS INCENTIVOS FISCAIS SOBRE OS RETORNOS E AS POLÍTICAS DE INVESTIMENTO E FINANCIAMENTO DAS EMPRESAS, Tese de Livre-docência, Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP - Ribeirão Pret, FEA - RP, 2015 DC’s 1800 notas explicativas – Empresas S.A 5 Razões para Benefícios Fiscais 57,3 57,3 41,5 39 24,4 14,6 0 10 20 30 40 50 60 70 Benefícios fiscais Proximidade do mercado Custo da mão de obra Vantagens locacionais específicas Sindicalismo atuante na região Saturação espacial 6 Embrião • 1972 - FUNDOPEM – Fundo Operação Empresa • Estado: Rio Grande do Sul • Fundamentáçã: financiamento de parte dos encargos decorrentes de empréstimos concedidos pelo BRDE – Banco Regional de Desenvolvimento Econômico. • Objetivo: instrumento de apoio à industrialização gaúcha • Fundo de Desenvolvimento Econômico (FDE) • Programa de estímulo ao Investimento Produtivo (PEFI) • Programa de Estímulo ao Investimento Produtivo (PROIN) • Bom Emprego Fiscal e Paraná mais Empregos • Parceria Fiscal/Parceria Empresarial 7 A materialidade dos exemplos acima pode ser tal que a divulgação da natureza, da extensão e da duração da assistência seja necessária. (§36) Não são subvenções governamentais: (§34) a) as que não podem ser razoavelmente quantificadas em dinheiro; ou Por exemplo: assistências técnicas e de comercialização gratuitas e a concessão de garantias. (§35) b) as transações com o governo que não podem ser distinguidas das transações comerciais normais da entidade. Por exemplo: política de compras do governo que seja responsável por parte das vendas da entidade. (§35) Definições 8 Governo federal, estadual ou municipal, agências governamentais e órgãos semelhantes, sejam locais, nacionais ou internacionais. Subvenção governamental Empréstimos Subsidiados Isenção tributáriaAtivos não monetáriosAtivos monetários Entidade ou um grupo de entidades que atendam aos critérios estabelecidos pelo governo. Financiamentos e Empréstimo c/ Taxas Subsidiadas ISSQN, IPTU, ICMS e IRPJ Terrenos, Instalações e Máquinas Fundos Governamentais Recomposição de Tarifas Públicas Definições 9 A subvenção governamental só deve ser reconhecida quando exista razoável segurança de que : a) a entidade cumprirá todas as condições estabelecidas e relacionadas à subvenção; e b) a subvenção será recebida. (§7) O simples recebimento da subvenção não é prova conclusiva de que as condições a ela vinculadas tenham sido ou serão cumpridas. (§8) Reconhecimento 10 Subvenções e Assistências Governamentais • Antes: subvenções e assistências governamentais reconhecidas diretamente no patrimônio líquido como Reservas de Capital. • Agora: reconhecimento como receita no período em que forem cumpridas todas as obrigações exigidas para que o benefício seja plenamente usufruído (imediatamente ou ao longo do tempo). IAS 20 / CPC 07 11 Lei n.º 6.404/76: “Art. 182. (...) § 1º Serão classificadas como reservas de capital as contas que registrarem: (...) d) as doações e as subvenções para investimento” (grifo nosso) A alínea “d” acima foi revogada pela Lei n.º 11.638/07. Contabilização Até 31/12/2007: 12 Contabilização Subvenção governamental Receita ao longo do período confrontada com as despesas que pretende compensar, em base sistemática Creditada diretamente no patrimônio líquido Deve ser reconhecida comoNão deve ser 13 Enquanto não atendidos os requisitos para reconhecimento, a contrapartida da subvenção governamental registrada no ativo deve ser feita em conta específica do passivo. (§15A) Contabilização A partir de 01/01/2008: Uma subvenção governamental deve ser reconhecida como receita ao longo do período e confrontada com as despesas que pretende compensar, em base sistemática. (§12) 14 Contabilização dos incentivos fiscais • Os incentivos fiscal devem obrigatoriamente transitar pelo resultado. • Nenhum tipo de incentivo fiscal pode ser lançado diretamente para conta de Reserva de Capital ou mesmo de Incentivos Fiscais sem transitar pelo resultado. 15 Ativo não monetário - subvenção governamental • Reconhecimento: Valor Justo Se não for possível Valor nominal. Ex: Terrenos, máquinas, etc. 16 A receita de subvenção governamental deve ser reconhecida em bases sistemáticas e racionais, ao longo do período necessário e confrontada com as despesas correspondentes. (§16). Exemplo 1: A Cia Alasca, uma usina hidroelétrica, recebe uma subvenção de $ 900.000,00 do governo estadual para cobrir os gastos ambientais. A empresa estima os seguintes valores nos próximos 8 anos: 1 2 3 4 5 6 7 8 Total $ 180.000 $ 140.000 $ 120.000 $ 100.000 $ 90.000 $ 80.000 $ 70.000 $60.000 $ 840.000 Contabilização 17 Exemplo 1: Apropriando a receita de subvenção em uma base sistemática e racional ao longo do tempo: DESPESAS 1 2 3 4 5 6 7 8 Total $ 180.000 $ 140.000 $ 120.000 $ 100.000 $ 90.000 $ 80.000 $ 70.000 $60.000 $ 840.000 21% 17% 14% 12% 11% 10% 8% 7% 100% RECEITA DE SUBVENÇÃO 1 2 3 4 5 6 7 8 Total $ 189.000 $ 153.000 $ 126.000 $ 108.000 $ 99.000 $ 90.000 $ 72.000 $63.000 $ 900.000 21% 17% 14% 12% 11% 10% 8% 7% 100% Contabilização 18 Exemplo 1: Lançamentos contábeis na Cia Alasca: 1) Recebimento da subvenção D – Banco C – Subvenção a apropriar $ 900.000,00 Ano 1: 2) Reconhecimento da despesa D – Despesas de manutenção - Ambientais C – Banco $ 180.000,00 3) Reconhecimento da subvenção D – Subvenção a apropriar C – Receita de subvenção $ 189.000,00 Contabilização 19 Doação de Bens (com restrições) • Exemplo 1.1 - A Cia Ok Saúde, em 20x1, recebeu um terreno em doação, do Governo Estadual, que será utilizado pela empresa para construção de suas instalações operacionais. • Valor justo do terreno: $ 5.000.000 • O doador impôs que a empresa gerasse 150 empregos diretos por ano. • Período: 10 anos Item 14 (CPC 07). Enquanto não atendidos os requisitos para reconhecimento no resultado, a contrapartida da subvenção governamental registrada no ativo deve ser em conta específica do passivo. Contabilização 20x1: D: Terreno.............. $5.000.000 (AñC) C: Receita Diferida..$ 5.000.000 (PñC) Contabilização 20x1: D: Receita Diferida ............ $500 (PñC) C: Receita de Subvenção ... $ 500 (DRE) D: Lucro Líquido.................$ 500 (DRE) C: Res. Benefícios Fiscais....$ 500 (PL) 20 Subvenção relacionada a ativo depreciável deve ser reconhecida como receita ao longo do período da vida útil do bem e na mesma proporção de sua depreciação. (§17) Exemplo 2: A Cia Chile recebeu uma subvenção de $ 6.000.000,00 do governo estadual para aquisição de uma planta industrial em uma área pouco desenvolvida economicamente. Essa planta custa $ 9.000.000,00 e possui vida útil de 12 anos. A única condição é operar no estado por no mínimo 10 anos. Contabilização 21 Exemplo 2: Lançamentos contábeis na CiaChile: 1) Aquisição da planta industrial D – Imobilizado $ 9.000.000,00 C – Subvenção a apropriar $ 6.000.000,00 C – Banco $ 3.000.000,00 Ano 1: 2) Reconhecimento da depreciação D – Depreciação C – Depreciação acumulada $ 750.000,00 3) Reconhecimento da subvenção D – Subvenção a apropriar C – Receita de subvenção $ 500.000,00 Contabilização 22 Subvenção relacionada a ativo não depreciável pode requerer o cumprimento de certas obrigações. O reconhecimento como receita deve então acompanhar a apropriação das despesas necessárias ao cumprimento das obrigações. (§18) Exemplo 3: A Cia Noruega recebeu um terreno da prefeitura para a construção de uma unidade fabril. Em contrapartida, a prefeitura exigiu que a empresa operasse no município por no mínimo 25 anos e gerasse 100 empregos por ano. O valor justo do terreno é de $ 7.500.000,00. No caso de subvenção representada por ativo não monetário para uso da entidade, tanto o ativo quanto a subvenção devem ser reconhecidos pelo seu valor justo. Apenas na impossibilidade de mensuração a valor justo é que tais itens podem ser reconhecidos pelo valor nominal. (§23) Contabilização 23 Exemplo 3: Lançamentos contábeis na Cia Chile: 1) Reconhecimento do terreno D – Terrenos C – Subvenção a apropriar $ 7.500.000,00 Ano 1 (1/25): 2) Reconhecimento da subvenção D – Subvenção a apropriar C – Receita de subvenção $ 300.000,00 Contabilização 24 O benefício econômico obtido com empréstimo governamental por uma taxa de juros abaixo da praticada pelo mercado deve ser tratado como subvenção governamental. (§10A) Contabilização Agência de Fomento do Estado do Amazonas (AFEAM) Banco de Desenvolvimento do Espirito Santo S.A. (BANDES) Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais S.A. (BDMG) . Porte Valores Desembolsados (R$ mil) % dos Valores Desembolsados Quantidade de Operações Valor Médio por Operação (R$ mil) Grande 1.182.503.431 69,8% 410.766 2.879 Média 158.151.064 9,3% 650.782 243 Micro 127.445.933 7,5% 1.476.180 86 Pequena 226.641.473 13,4% 5.909.830 38 Total 1.694.741.900 100,0% 8.447.558 201 Relação de portes de empresas e volume de recursos emprestados (BNDES) de 2003 a 2018 Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) BADESUL Desenvolvimento. Banco da Amazônia. Fonte: Central de Downloads do BNDES: Estatísticas Operacionais Consolidadas do Sistema BNDES - Desembolsos do Sistema BNDES. 25 O benefício econômico obtido com empréstimo governamental por uma taxa de juros abaixo da praticada pelo mercado deve ser tratado como subvenção governamental. (§10A) Exemplo 4: A Cia Canadá obteve um financiamento de $ 500.000,00 de uma agência de fomento estadual com uma taxa de 6,5% a.a. com prazo de 10 anos. A taxa de mercado de uma operação semelhante é de 11% a.a. Contabilização 26 Juros subsidiados Juros de mercado Subvenção Anos Juros (a) Amortização Saldo Juros (b) Amortização Saldo (b-a) 0 - - $ 500.000,00 - - $ 500.000,00 - 1 $ 32.500,01 $ 37.052,34 $ 462.947,66 $ 55.000,00 $ 29.900,71 $ 470.099,29 $ 22.499,99 2 $ 30.091,60 $ 39.460,75 $ 423,486,91 $ 51.710,92 $ 33.189,79 $ 436.909,49 $ 21.619,31 3 $ 27.526,66 $42.025,69 $ 381.461,22 $ 48.060,04 $ 36.840,67 $ 400.068,82 $ 20.533,38 4 $ 24.794,99 $ 44.757,36 $ 336.703,85 $ 44.007,57 $ 40.893,14 $ 359.175,68 $ 19.212,58 5 $21.885,76 $ 47.666,59 $ 289.037,26 $ 39.509,32 $ 45.391,39 $ 313.784,29 $ 17.623,57 6 $18.787,43 $ 50.764,92 $ 238.272,34 $ 34.516,27 $ 50.384,44 $ 263.399,85 $ 15.728,84 7 $ 15.487,71 $ 54.064,64 $ 184.207,69 $ 28.973,98 $ 55.926,73 $ 207.473,12 $ 13.486,28 8 $ 11.973,50 $ 57.578,85 $ 126.628,84 $ 22.822,04 $ 62.078,67 $ 145.394,45 $ 10.848,54 9 $ 8.230,88 $ 61.321,47 $ 65.307,37 $ 15.993,39 $ 68.907,32 $ 76.487,13 $ 7.762,51 10 $ 4.244,98 $ 65.307,37 - $ 8.413.,58 $ 76.487,13 - $ 4.168,60 Total $ 195.523,50 $ 500.000,00 - $ 349.007,10 $ 500.000,00 - $ 153.483,60 Contabilização Exemplo 4: Sistema de Amortização Constante (SAC) - as parcelas vão diminuindo com o passar dos meses Tabela Price - as prestações são iguais, com valor fixo da primeira até a última 69.552,35 84.900,71 27 Contabilização Exemplo 4: Sistema de Amortização Constante (SAC) - as parcelas vão diminuindo com o passar dos meses Tabela Price - as prestações são iguais, com valor fixo da primeira até a última Anos Juros subsidiados Juros de mercado Subv. 0 1 32.500,01 55.000,00 22.499,99 2 30.091,60 51.710,92 21.619,32 3 27.526,66 48.060,04 20.533,38 4 24.794,99 44.007,57 19.212,58 5 21.885,76 39.509,32 17.623,56 6 18.787,43 34.516,27 15.728,84 7 15.487,71 28.973,98 13.486,27 8 11.973,50 22.822,04 10.848,54 9 8.230,88 15.993,39 7.762,51 10 4.244,98 8.413,58 4.168,60 Total 195.523,50 349.007,10 153.483,60 28 Exemplo 4: Lançamentos contábeis na Cia Canadá: 1) Recebimento do empréstimo D – Banco C – Empréstimo a pagar $ 500.000,00 Ano 1: 2) Pagamento da 1ª parcela: D – Empréstimo a pagar C – Banco $ 69.552,35 3) Apropriação dos juros e da subvenção: D – Despesas de juros $ 55.000,00 C – Receita de subvenção $ 22.499,99 C – Empréstimo a pagar $ 32.500,01 Contabilização 29 O reconhecimento da receita no momento de seu recebimento somente é admitido nos casos em que não há base de alocação da subvenção ao longo dos períodos beneficiados. (§16) Exemplo 5: A Cia Costa Rica recebeu um terreno do governo estadual para a construção de uma usina siderúrgica no estado. O estado não exigiu condições específicas. O valor justo do terreno é de $ 2.000.000,00. Lançamento contábil na Cia Costa Rica: 1) Recebimento do terreno D – Terreno C – Receita de subvenção $ 2.000.000,00 Contabilização 30 Uma subvenção governamental na forma de compensação por gastos ou perdas já incorridos ou para finalidade de dar suporte financeiro imediato à entidade sem qualquer despesa futura relacionada deve ser reconhecida como receita no período em que se tornar recebível. (§20) Uma subvenção governamental pode tornar-se recebível por uma entidade para fins de compensação de perdas ou prejuízos registrados em períodos anteriores. Dita subvenção deve ser reconhecida no período no qual se torna recebível, com a divulgação adequada de forma a assegurar que os seus efeitos sejam claramente compreendidos. (§22) Contabilização 31 Certos empreendimentos gozam de incentivos fiscais na forma de isenção ou redução do imposto de renda, desde que cumpridas as condições estabelecidas na legislação. Esses incentivos atendem ao conceito de subvenção governamental. (§38-D) O reconhecimento contábil dessa transação é efetuada registrando-se o imposto de renda total no resultado como se devido fosse, em contrapartida à receita de subvenção, a serem demonstrados um deduzido do outro. (§38-E) Exemplo: Incentivos fiscais para as empresas instaladas na área de atuação da Sudan e Sudene. Contabilização 32 Exemplo 6: A Cia Dinamarca possui um empreendimento enquadrado na área de atuação da Sudan, fazendo jus a uma redução de 75% do IRPJ. No exercício de 2018 a empresa apresentou as seguintes informações: Lucro real $ 500.000,00 Lucro da exploração $ 300.000,00 Contabilização 33 1) Cálculo do IRPJ total: IRPJ = $ 500.000,00 x 15% = $ 75.000,00; Adicional IR = ($ 500.000,00 - $ 240.000,00) x 10% = $ 26.000,00; Total = $ 75.000,00 + $ 26.000,00 = $ 101.000,00. 2) Cálculo da subvenção do IRPJ: IRPJ = ($ 300.000,00 x 75%) x 15% = $ 33.750,00; Adicional IR = (($ 300.000,00 / $ 500.000,00) x $ 26.000,00) x 75% = $ 11.700,00; Total = $ 33.750,00 + $ 11.700,00 = $ 45.450,00. Contabilização 34 Exemplo 6: Lançamentos contábeis na Cia Dinamarca: 1) Reconhecimento da despesa do IRPJ: D – Despesa de IRPJ C – IRPJ a recolher $ 101.000,00 2) Reconhecimento da subvenção: D – IRPJ a recolher C – Receita de subvenção $ 45.450,00 Contabilização 35 Demonstração do Resultado LAIR $ 500.000 IR corrente ($ 101.000)IR Subvenção $ 45.450 IR diferido - Lucro Líquido $ 444.450 Contabilização Exemplo 6: 36 Subvenção (Imposto de Renda) 6.1 A empresa ECOTEC Ltda. realizou vendas á vista por $1.000.000, com a incidência de ICMS 18%, IRPJ 15%, IRPJ Adicional 10% e CSL 9%, que custaram $300.000. Contabilização: D: Desp. IRPJ + CSL $73.300 C: IRPJ a Pagar $73.300 D: Lucro Líquido $79.500 C: Reserva de Benefícios Fiscais $79.500 DRE RECEITA DE VENDAS 1.000.000 ICMS s/ vendas 18% -180.000 Receita Líquida 820.000 Custo da Mercadoria Vendida -300.000 LUCRO BRUTO 520.000 Despesas operacionais 0 LAIR 520.000 IRPJ 15% -78.000 IRPJ Adicional 10% -28.000 CSL 9% -46.800 Lucro Líquido 367.200 Cálculo: IRPJ $78.000 IRPJ Adicional $28.000 Total $106.000 Benefício Fiscal 75% $79.500 37 Certas empresas podem destinar parte do imposto de renda devido em fundos de investimento regionais, criados pelo Governo Federal com o objetivo de estimular o desenvolvimento de determinadas regiões. (§38-A) Essa destinação de parcela do imposto de renda ao fundo representa uma subvenção governamental, pois, o governo abre mão de parte da receita tributária e a empresa torna-se investidora do fundo beneficiário de sua opção. (§38-B) Contabilização 38 Essas subvenções devem ser registradas pelo seu valor justo no momento do pagamento da parcela do imposto de renda desde que atendidas as condições para o seu reconhecimento. Nesse momento a empresa deve considerar que pode existir deságio desse valor justo com relação ao valor nominal, mesmo nos casos em que a beneficiária da subvenção esteja investindo outros recursos nessas entidades em regiões incentivadas. (§38-C) Exemplo: FINOR, FINAM e FUNRES. Contabilização 39 Exemplo 7: A Cia Suécia possui um empreendimento enquadrado na área de atuação da Sudene, e desse modo, pode aplicar recursos no FINOR. No exercício de 2018 a empresa apresentou um lucro real de $ 700.000,00 e destinou o máximo permitido por Lei ao FINOR. 1) Cálculo do IRPJ: IRPJ = $ 700.000,00 x 15% = $ 105.000,00; Adicional IR = ($ 700.000,00 - $ 240.000,00) x 10% = $ 46.000,00; Total = $ 105.000,00 + $ 46.000,00 = $ 151.000,00 2) Cálculo do FINOR: FINOR = $ 105.000,00 x 6% = $ 6.300,00. Contabilização 40 Exemplo 7: Lançamentos contábeis na Cia Suécia: 1) Reconhecimento da despesa do IRPJ: D – Despesa de IRPJ $ 151.000,00 C – IRPJ a recolher $ 144.700,00 C – FINOR a recolher $ 6.300,00 2) Reconhecimento da subvenção: D – Investimentos FINOR C – Receita de subvenção $ 6.300,00 Contabilização 41 Lei n.º 12.973/14: “Art. 30. As subvenções para investimento, inclusive mediante isenção ou redução de impostos, concedidas como estímulo à implantação ou expansão de empreendimentos econômicos e as doações feitas pelo poder público não serão computadas na determinação do lucro real, desde que seja registrada em reserva de lucros a que se refere o art. 195-A da Lei n.º 6.404, de 15 de dezembro de 1976¹, que somente poderá ser utilizada para: I - absorção de prejuízos, desde que anteriormente já tenham sido totalmente absorvidas as demais Reservas de Lucros, com exceção da Reserva Legal; ou II - aumento do capital social. § 1º Na hipótese do inciso I do caput, a pessoa jurídica deverá recompor a reserva à medida que forem apurados lucros nos períodos subsequentes’. (grifo nosso). 1 - reserva de incentivos fiscais Tratamento tributário 42 “Art. 30. § 1º As doações e subvenções de que trata o caput serão tributadas caso não seja observado o disposto no § 1o ou seja dada destinação diversa da que está prevista no caput, inclusive nas hipóteses de: I - capitalização do valor e posterior restituição de capital aos sócios ou ao titular, mediante redução do capital social, hipótese em que a base para a incidência será o valor restituído, limitado ao valor total das exclusões decorrentes de doações ou subvenções governamentais para investimentos; II - restituição de capital aos sócios ou ao titular, mediante redução do capital social, nos 5 (cinco) anos anteriores à data da doação ou da subvenção, com posterior capitalização do valor da doação ou da subvenção, hipótese em que a base para a incidência será o valor restituído, limitada ao valor total das exclusões decorrentes de doações ou de subvenções governamentais para investimentos; ou III - integração à base de cálculo dos dividendos obrigatórios. § 3º - Se, no período de apuração, a pessoa jurídica apurar prejuízo contábil ou lucro líquido contábil inferior à parcela decorrente de doações e de subvenções governamentais e, nesse caso, não puder ser constituída como parcela de lucros nos termos do caput, esta deverá ocorrer à medida que forem apurados lucros nos períodos subsequentes’. (grifo nosso). Tratamento tributário 43 Instrução Normativa RFB n.º 1.700/17: “Art. 198. (...) § 4º No caso de período de apuração trimestral do IRPJ e da CSLL, o registro na reserva de incentivos fiscais deverá ser efetuado até 31 de dezembro do ano em curso. § 5º O valor que constituir exclusão na parte A do e-Lalur e do e-Lacs, em decorrência do disposto no caput, será controlado na parte B, para ser adicionado quando descumpridas as condições previstas neste artigo. § 6º O disposto neste artigo não se aplica às subvenções concedidas por pessoas jurídicas de direito privado, que constituem receita da pessoa jurídica beneficiária. § 7º Não poderá ser excluída da apuração do lucro real e do resultado ajustado a subvenção recebida do Poder Público, em função de benefício fiscal, quando os recursos puderem ser livremente movimentados pelo beneficiário, isto é, quando não houver obrigatoriedade de aplicação da totalidade dos recursos na aquisição de bens ou direitos necessários à implantação ou expansão de empreendimento econômico, inexistindo sincronia e vinculação entre a percepção da vantagem e a aplicação dos recursos”. (grifo nosso). Tratamento tributário 44 Relembrando o Exemplo 3: Lançamentos contábeis na Cia Chile: 1) Reconhecimento do terreno D – Terrenos C – Subvenção a apropriar $ 7.500.000,00 Ano 1 (1/25): 2) Reconhecimento da subvenção D – Subvenção a apropriar C – Receita de subvenção $ 300.000,00 Exclusão 3) Destinação da subvenção para a reserva de lucro D – Lucro do exercício C – Reserva de incentivos fiscais $ 300.000,00 Tratamento tributário 45 Demonstração do Resultado Receita bruta - Receita de subvenção $ 300.000,00 LAIR $ 300.000,00 IR/CSLL correntes - IR/CSLL diferidos - Lucro Líquido $ 300.000,00 LALUR LAIR $ 300.000,00 Adições - - - Exclusões ($ 300.000,00) Subvenção p/ invest. ($ 300.000,00) Lucro Líq. Ajustado - (-) Comp. Prej. Fiscais - Lucro Real - Tratamento tributário Exemplo 3: 46 Benefícios fiscais disponibilizados por Estados que reduzam o valor do ICMS devido, como por exemplo, mediante redução da base de cálculo e/ou alíquota, isenção ou crédito presumido, sem exigir a aplicação do montante incentivado em investimentos na implantação ou ampliação de empreendimentos econômicos podem ser considerados subvenções para investimentos? Lei n.º 12.973/14: “Art. 30. (...) § 4º Os incentivos e os benefícios fiscais ou financeiro-fiscais relativos ao imposto previsto no inciso II do caput do art. 155 da Constituição Federal, concedidos pelos Estados e pelo Distrito Federal, são considerados subvenções para investimento, vedada a exigência de outros requisitos ou condições não previstos neste artigo. § 5º O disposto no § 4o deste artigo aplica-se inclusive aos processos administrativos e judiciais ainda não definitivamente julgados”. (grifo nosso). Tratamento tributário 47 Exemplo 8: A Cia Noruega é uma indústria mecânica que possui um benefício fiscal de ICMS que a dispensa o pagamento de 60% desse imposto. Para fazer jus a esse benefício a empresa deve apenas solicitá-lo formalmente ao Estado Y, identificaro valor do beneficio em sua escrituração fiscal (EFD-ICMS/IPI) e cumprir com as obrigações tributárias com o Estado Y. A alíquota interna de ICMS do Estado Y é de 20%. A Cia Noruega obteve faturamento mensal no mês de janeiro de 2018 de $ 10.000.000. Tratamento tributário 48 Demonstração do Resultado Receita bruta $ 10.000.000 (-) ICMS 20% ($ 2.000.000) (-) Subv. ICMS – 12% $ 1.200.000 Receita Líquida $ 9.200.000 (-) CPV ($ 5.400.000) Lucro Bruto $ 3.800.000 (-) Despesas ($ 1.500.000) LAIR $ 2.300.000 IR/CSLL correntes ($ 374.000) IR/CSLL diferidos - Lucro Líquido $ 1.926.000 LALUR LAIR $ 2.300.000 Adições - - - Exclusões ($ 1.200.000) Subvenção p/ invest. ($ 1.200.000) Lucro Líq. Ajustado $ 1.100.000 (-) Comp. Prej. Fiscais - Lucro Real $ 1.100.000 Tratamento tributário Exemplo 8: 49 Impostos Estaduais • Exemplo 8.1 - A empresa Smart Ltda. possuem incentivo fiscal por um período de 10 anos, correspondente à dispensa de 80% do ICMS apurado durante os 10 anos, nos termos dos Decretos Estaduais nos 11.153 de 29 de setembro de 2003, do Estado do Piauí. • O incentivo fiscal não requer condições a serem cumpridas para o reconhecimento da receita. • Quando do cálculo do valor devido mensal de ICMS, se apurado débito a recolher, este valor tem seu pagamento dispensado, com a consequente apropriação para o resultado. • As únicas obrigações da Companhia são manter registros fiscais que possibilitem o cálculo do valor do imposto e do correspondente benefício e cumprir com as obrigações tributárias com o Estado do Piauí. Durante o exercício a Companhia cumpriu com as obrigações relacionadas. 50 Subvenção (Impostos Estaduais) • A empresa Smart Ltda. realizou vendas à vista, no ano por $15.000.000, com a incidência de ICMS 25%, que custaram $10.000.000. DRE Receita de Vendas 15.000.000,00 ICMS s/ vendas 25% - 3.750.000,00 Beneficio Fiscal 80% 3.000.000,00 Receita Liquida 14.250.000,00 CMV -10.000.000,00 LUCRO BRUTO 4.250.000,00 Desp 0 LAIR 4.250.000,00 IR/CS 0% Lucro Líquido 4.250.000,00 Contabilização da operação: D: Caixa ................................R$ 15.000.000 (AC) C: Receitas de Vendas.........R$ 15.000.000 (DRE) D: Desp ICMS........................R$ 3.750.000 (DRE) C: ICMS a Pagar.....................R$ 3.750.000 (PC) D: ICMS a Pagar ...................R$ 3.000.000 (PC) C: Benefícios Fiscais.............R$ 3.000.000 (DRE) D: Lucro Líquido ..................R$ 3.000.000 (DRE) C: Res. Benefícios Fiscais....R$ 3.000.000 (PL) 51 52 53 No balanço patrimonial, a subvenção governamental relacionada a ativos (monetários e não monetários) deve ser apresentada: a) em conta de passivo, como receita diferida; ou b) deduzindo o valor contábil do ativo relacionado. (§24). Na demonstração do resultado, a subvenção, seja por acréscimo de rendimento proporcionado ao empreendimento, ou por meio de redução de tributos ou outras despesas, deve ser registrada no grupo de contas de acordo com a sua natureza. (§29). É necessária a divulgação do efeito da subvenção em qualquer item de receita ou despesa quando essa receita ou despesa é divulgada separadamente. (§31). Apresentação 54 • Uma subvenção governamental que tenha que ser devolvida deve ser contabilizada como revisão de estimativa contábil (efeitos prospectivos). • Em primeiro lugar, a devolução deve ser contabilizada contra o saldo da receita diferida (não apropriada). Caso o valor da devolução exceda o saldo da receita diferida, ou quando não há receita diferida, a devolução deve ser reconhecida no resultado. • A devolução de subvenção relacionada a ativo deve ser registrada aumentando o valor escriturado do ativo ou reduzindo o saldo da receita diferida. • A depreciação adicional acumulada que deveria ter sido reconhecida até a data como despesa na ausência da subvenção deve ser imediatamente reconhecida como despesa . (§32). Perda da subvenção 55 A entidade deve divulgar as seguintes informações: a) a política contábil adotada para as subvenções governamentais, incluindo os métodos de apresentação adotados nas demonstrações contábeis; b) a natureza e a extensão das subvenções governamentais ou assistências governamentais reconhecidas nas demonstrações contábeis e uma indicação de outras formas de assistência governamental de que a entidade tenha diretamente se beneficiado. c) condições a serem regularmente satisfeitas e outras contingências ligadas à assistência governamental que tenha sido reconhecida. (§39). Divulgação 56 Divulgação • A entidade deve divulgar as seguintes informações: 1. A política contábil adotada para as subvenções governamentais, incluindo os métodos de apresentação adotados nas demonstrações contábeis; 2. A natureza e os montantes reconhecidos das subvenções governamentais ou das assistências governamentais, bem como a indicação de outras formas de assistência governamental de que a entidade tenha diretamente se beneficiado; 3. Condições a serem regularmente satisfeitas ligadas à assistência governamental que tenha sido reconhecida; 57 Divulgação • A entidade deve divulgar as seguintes informações: 4. Descumprimento de condições relativas às subvenções ou existência de outras contingências; 5. Eventuais subvenções a reconhecer contabilmente, após cumpridas as Condições contratuais; 6. Premissas utilizadas para o cálculo do valor justo exigido por este Pronunciamento; 7. Informações relativas às parcelas aplicadas em fundos de investimentos Regionais e às reduções ou isenções de tributos em áreas incentivadas. 58 Fonte: Site da empresa Notas explicativas Braskem 2018 59 Notas explicativas EDP – Energias do Brasil 2018 Fonte: Site da empresa 60 Notas explicativas WEG 2018 Fonte: Site da empresa 61 Referências Bibliográficas • Pronunciamento CPC 07 e IAS 20 (IASB); • Decreto n.º 9.580/2018 (RIR/2018); • Lei n.º 6.404/76; • Lei n.º 11.638/07; • Lei n.º 12.973/14 • Instrução Normativa RFB n.º 1.700/17; • Manual de Contabilidade Tributária, Paulo Henrique Pêgas, 9ª edição, 2017, Ed. Atlas. • Demais pronunciamentos, orientações e interpretações do CPC 62
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