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Faculdade de Tecnologia de Sorocaba “José Crespo Gonzales” Coordenadoria de Fabricação Mecânica Coordenadoria de Projetos Mecânicos TECNOLOGIA DE DISPOSITIVOS POSICIONAR Professor: Eng.° Antonio Garcia Netto Professora: Itália Ap. Zanzarini Iano Ano 2019 Apostila de Tecnologia de Dispositivos 2 Índice 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 4 1.1 Conceito .......................................................................................................................... 4 1.1.1 Check list do anteprojeto - Procedimentos para projeto .................................................. 5 1.1.2 Análise do produto ......................................................................................................... 5 1.1.3 Análise da operação ........................................................................................................ 5 1.1.4 Análise do equipamento ................................................................................................. 5 1.1.5 Análise das condições de operação ................................................................................ 6 1.1.6 Análise de custo ............................................................................................................. 6 1.1.6.1 Exemplo ...................................................................................................................... 6 1.2 Objetivos do dispositivo ................................................................................................. 8 1.3 Classificação ................................................................................................................... 8 1.3.1 Dispositivos Universais .................................................................................................... 8 1.3.2 Dispositivos não convencionais ....................................................................................... 8 1.3.3 Observações no estudo da peça para efetuar-se um bom dispositivo .............................. 9 1.4 Elementos de um dispositivo ....................................................................................... 10 2 POSICIONAR .................................................................................................................... 11 2.1 Princípios da locação..................................................................................................... 12 2.2 Graus de liberdade ........................................................................................................ 12 2.2.1 Locar ............................................................................................................................. 13 2.2.1.1 Semi locação ............................................................................................................. 13 2.2.1.2 Locação .................................................................................................................... 13 2.2.1.3 Locação plena ........................................................................................................... 14 2.2.2 Centrar ......................................................................................................................... 14 2.2.2.1 Semi centragem ........................................................................................................ 14 2.2.2.2 Centragem ................................................................................................................ 14 2.2.2.3 Centragem plena ....................................................................................................... 14 2.2.3 Hiperlocação ................................................................................................................ 15 2.2.3.1 Exemplos de hiperlocação ......................................................................................... 15 2.3 Superfície de Referência ou referenciais ..................................................................... 18 2.3.1 Requisitos para escolha da superfície de referência ou referencial ................................ 19 2.3.2 Análise das cotas da peça ............................................................................................. 19 2.3.3 Análise das tolerâncias da peça .................................................................................... 19 2.3.4 Análise dos detalhes de referência ................................................................................ 20 2.3.5 Simbologia para estudo (simplificada) ........................................................................... 21 2.3.6 Regra para utilização de pontos de contato entre a peça/posicionador .......................... 21 2.3.7 Exercícios de análise de graus de liberdade .................................................................. 22 2.4 Posicionadores ............................................................................................................. 30 2.4.1 Tipos de posicionadores ................................................................................................ 30 2.4.1.1 Posicionador tipo plano .............................................................................................. 30 Apostila de Tecnologia de Dispositivos 3 2.4.1.2 Posicionador tipo cume .............................................................................................. 31 2.4.1.3 Posicionador tipo espigão ........................................................................................... 31 2.4.1.4 Posicionador rígido ..................................................................................................... 31 2.4.1.5 Posicionador ajustável ................................................................................................ 32 2.4.1.6 Posicionador basculável ............................................................................................. 32 2.4.1.7 Posicionador auxiliar .................................................................................................. 32 2.4.1.8 Posicionador tipo balancim ......................................................................................... 33 2.5 Sistemas centrantes ...................................................................................................... 34 2.5.1 Centrantes de 1 eixo ..................................................................................................... 34 2.5.2 Centrantes de 2 eixos.................................................................................................... 35 2.6 Posicionamento por furos ............................................................................................ 37 2.6.1 Cálculo de folga ............................................................................................................ 38 2.7 Exercícios de posicionadores ....................................................................................... 39 REFERÊNCIAS .................................................................................................................... 44 Apostila de Tecnologia de Dispositivos 4 1. INTRODUÇÃO 1.1 CONCEITO Dispositivo é todo acessório complementar de uma máquina, ferramenta ou processo de produção, destinado a permitir a realização de uma operação dentro dos requisitos de Qualidade e Produtividade, assim como o aperfeiçoamento de uma operação realizada sempre visando o aumento da Produtividade e melhoria da Qualidade, também é função dos dispositivos a melhoria das condições de segurança da operação, visando a proteçãodos operadores e equipamentos. Exemplo: Necessita-se fazer um furo cego de diâmetro 12 mm com profundidade de 50 mm em um bloco de aço 1020. Pode-se tentar realizar essa operação utilizando uma furadeira manual segurando o bloco de aço com as mãos. Pode ser que consiga-se realizar a operação, mas com certeza não haverá uma boa precisão no furo, a operação será demorada e corre-se o sério risco do bloco se soltar das mãos e provocar um acidente. Pode-se melhorar essa situação usando um acessório muito comum nas oficinas que é a morsa. Com esse acessório já se consegue prender a peça com maior segurança, reduzindo o risco de acidentes. Como a peça ficará firme na morsa tem-se também uma maior garantia na qualidade da operação, além de conseguir realizá-la com maior velocidade. Essa morsa que aqui se trata como um acessório das máquinas é também chamada de dispositivo. Se essa operação vai ser realizada em uma série muito grande de peças, num ritmo de produção seriada, a morsa comum não atenderá quanto a velocidade necessária para a produção, dessa forma, ter-se que utilizar um dispositivo especialmente projetado para a operação, com posicionadores, sujeitadores, máscara e guia de broca. O sucesso do projeto do dispositivo é resultado da habilidade do projetista em analisar todas as condições e informações pertinentes a operação de manufatura e eliminar as dificuldades e problemas associados a essa operação. O projeto de um dispositivo tem início na análise da situação, escolha das alternativas e finalmente a colocação da ideia no papel, seus detalhes são projetados e desenvolvidos em croquis e na cabeça dos projetistas. A responsabilidade do projetista é de obter as melhores condições de produção das peças ou produtos, de acordo com o requerido nos desenhos e com o menor custo possível. Apostila de Tecnologia de Dispositivos 5 1.1.1 CHECKLIST DO ANTEPROJETO, PROCEDIMENTOS PARA PROJETO. Vê-se alguns procedimentos de análise que se seguidos pelos projetistas irão reduzir a possibilidade de problemas nos projetos de dispositivos. Têm-se cinco fases ou passos a serem seguidos para desenvolvimento de um projeto de dispositivos: 1.1.2 ANÁLISE DO PRODUTO: Propriedades - Condutividade térmica, durabilidade, dureza, usinabilidade, resistência elétrica, rigidez, resistência, peso; Forma do Material - Barra, fundido, forjado, barra pré-cortada, estampado, componente; Tipo do Material - Ferroso, não ferroso, não metálico; Geometria - Cônico, cilíndrico, chato, piramidal, esférico, trapezoidal, superfícies irregulares; Especificações de Detalhes - Furos, relevos, superfícies, etc., características da forma, localização, características da posição, medidas, condições da superfície. 1.1.3 ANÁLISE DA OPERAÇÃO: Operações de Transformação por Usinagem - Furação, brochamento, brunimento, chanframento, corte, desbaste, fresamento, retificação (plana, cilíndrica, centerless, furo), lapidação, torneamento, geração de engrenagem, roscamento, etc; Operações de Montagem - Colagem, prensagem, rebitagem, aparafusamento, soldagem, etc; Operações de Inspeção - Geometria, testes físicos, testes não destrutivos, testes mecânicos, condições da superfície, dimensionamento; Outras Operações - Pintura, tratamento térmico, tratamento de superfícies, etc. 1.1.4 ANÁLISE DO EQUIPAMENTO: Tipo de equipamento de usinagem (transformação) - Torno, retífica, fresadora, brunidora, polidora, etc., (condições dos equipamentos); Tipo de Equipamento de Montagem ou Inspeção; Outros Equipamentos; Condições do Equipamento - se o equipamento sofreu alterações/manutenções ao longo do tempo. NORMALMENTE AS ETAPAS 1.1.2 E 1.1.3 SÃO ANALISADAS EM CONJUNTO. Apostila de Tecnologia de Dispositivos 6 1.1.5 ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DE OPERAÇÃO: Esta fase analisa as condições de trabalho, como tempos de operação, tempos mortos, condições de fadiga, ergometria, segurança, normalmente nessa fase são observados os aspectos referente as condições de posicionamento, fixação e soltura das peças: Locação - Posicionamento angular, eixos, planos, superfícies, concentricidades, paralelismo, perpendicularidade, simetria, etc.; Cavaco - Acumulação, retirada; Posicionamento relativo a ferramentas e ao dispositivo - Indexação, rotações, etc.; Sujeição - Atuação manual ou automática, direção das forças de sujeição, intensidade da força de sujeição, facilidade, rapidez e segurança; Fluido Refrigerante. 1.1.6 ANÁLISE DE CUSTO: Como se verá adiante, uma das principais funções de um dispositivo é a redução dos custos de produção, dessa forma é necessário que o dispositivo a ser projetado esteja dentro do planejado na relação “custo x benefício”. 1.1.6.1 Exemplo: Tem-se que fresar um lote de 500 peças, o custo de produção é de R$ 16,00 por peça. Um dispositivo especial para essa operação custará R$ 500,00 a um custo de operação de R$ 12,00 por peça. Pergunta-se: a-) Haverá ganho no uso desse dispositivo? b-) Qual o menor lote de produção para termos um ganho no uso do dispositivo? Resolução: a-) Custo de Produção: CP = 16,00 / peça Custo de Operação: COP = 12,00 / peça Ponto de equilíbrio entre os custos se dará quando houver a amortização do custo do dispositivo, satisfazendo a seguinte equação: CP = COP + CDISP / Lote Produção Substituindo-se pelos dados: 16,00 = 12,00 + 500,00 / LP LP = 500,00 / (16,00 - 12,00) LP = 125 peças Apostila de Tecnologia de Dispositivos 7 b-) Como o lote é de 500 peças e superior ao lote do ponto de equilíbrio, pode-se afirmar que haverá um ganho na utilização do dispositivo. Pode-se ver mais claramente essa situação analisando-se o gráfico abaixo: Custo Peça = CDISP / Lote + COP Lote Custo Peça 100 pçs 17,00 200 pçs 14,50 300 pçs 13,70 400 pçs 13,25 500 pçs 13,00 Retorno do Investimento (simplificado): S = KT + (T/N) onde: S = Ganho anual bruto antes despesas K = Expectativa de retorno do investimento após impostos T = Custo estimado do ferramental N = Vida estimada do ferramental Exemplo: S = R$ 750,00 K = 15% desejado T = R$ 1200,00 N = 2 anos S = (K x T) + (T / N) 750,00 = (K x 1200,00) + (1200,00 / 2) 750,00 - 600,00 = 1200,00 K Então: K = 0,125 ou 12,5% Apostila de Tecnologia de Dispositivos 8 1.2. OBJETIVOS DE UM DISPOSITIVO Como visto, os principais objetivos de um dispositivo são proporcionar a simplificação dos processos produtivos, melhoria da qualidade e da produtividade, redução de refugos e retrabalhos, eliminação de tempos mortos, melhoria no aproveitamento dos equipamentos disponíveis, automatizando parte da operação. Todas essas melhorias obtidas com o uso de um dispositivo devem se traduzir em uma redução nos custos da operação. Em muitos casos, o dispositivo não é analisado como redução de custo de fabricação, pois sua utilização é fundamental para a realização da operação. Por exemplo; em uma operação de manuseio de materiais em alta temperatura, ou materiais radioativos, temos a necessidade de usar um dispositivo, tipo garra, ou até um manipulador, pois é impossível fazer a operação com as mãos, nesses casos importa muito mais o aspecto segurança do que custo. 1.3. CLASSIFICAÇÃO Um dispositivo será classificado de acordo com sua utilização, podendo ser ferramenta, utensílio, componente, acessório, etc. Para simplificar nosso estudo, serão classifica-los em duas categorias: dispositivos universais e dispositivos não convencionais. 1.3.1 DISPOSITIVOS UNIVERSAIS São aqueles que, devido à sua grande utilização,já foram padronizados ou normalizados; são dispositivos que não requerem projeto específico para uso, e podem ser encontrados à venda. São as ferramentas, utensílios e dispositivos como morsa, placas de torno, pinças, grampos, etc. 1.3.2 DISPOSITIVOS NÃO CONVENCIONAIS São aqueles, que pela sua característica de especialização, necessitam de um projeto específico e são utilizados em peças e operações específicas, normalmente não são intercambiáveis e tem utilização única. Esses dispositivos, quando identificada uma utilização mais ampla, poderão ser fabricados em série e passar a ser dispositivo universal. O ideal é procurar fazer dispositivos não convencionais partindo de componentes padronizados, reduzindo o custo pela reutilização de componentes, por isso é importante tentar utilizar o máximo de componentes padronizados e normalizados nos projetos de dispositivos. Apostila de Tecnologia de Dispositivos 9 1.3.3 ALGUNS PONTOS QUE DEVEM SER OBSERVADOS NO ESTUDO DA PEÇA COM PROPÓSITO DE SE PROJETAR UM BOM DISPOSITIVO Antes de projetar o novo dispositivo, verifique a disponibilidade de usar um dispositivo padronizado, mesmo que ele tenha que sofrer algumas adaptações. Verifique também, os dispositivos existentes na fábrica e que poderão ser modificados para uso. Projete os dispositivos usando, sempre que possíveis componentes padronizados. As escolhas das superfícies de referência, para o posicionamento, devem obedecer aos critérios de cotas e superfícies alternativas, conforme será visto adiante. Utilize as mesmas superfícies de referência, sempre que possível, para todas as operações a serem feitas na peça, eliminando dessa forma os erros acumulativos devido à mudança das superfícies de referência. Os pontos de suporte da peça devem prover o máximo de estabilidade à peça. Quando mais de três pontos tiverem que ser utilizados, os suportes adicionais devem ser passíveis de ajustes manuais (em operações lentas) ou serem dos tipos compensadores. Os pontos de contato com os suportes devem ser tão pequenos quanto possível, porém sem causar danos às superfícies provocados pela força de fixação ou pela ação das ferramentas. Suportes ou posicionadores precisam ser facilmente substituídos quando desgastados. Colocar os posicionadores fora da área de coleta dos cavacos, providenciando a fácil saída dos mesmos. Faça localizadores fortes o suficiente para resistir às forças de corte. Utilize posicionadores em Carbide (sinterizado a base de Cobalto) para peça abrasiva. Use no dispositivo tolerâncias dentro das relações 1:3, 1:5 ou 1:10 da tolerância da operação, já para medição procure utilizar sempre instrumentos com precisão 10 vezes maior que a dimensão a ser medida (relação 1:10). Providencie local para entrada e saída do fluído refrigerante. Não se esqueça dos detalhes de segurança do operador. Apostila de Tecnologia de Dispositivos 10 1.4. ELEMENTOS DE UM DISPOSITIVO Para compor um dispositivo, divide se de acordo com o tipo de componente: - Posicionadores - Num dispositivo é o componente mais importante, pois é responsável pela qualidade e repetibilidade da operação; - Sujeitadores - Também muito importante e é responsável pela manutenção da posição da peça impedindo movimentos indesejáveis durante a operação; - Elementos estruturais - Garantem a rigidez do dispositivo, impedem deformações que prejudiquem a operação; - Guias, barramentos, mancais de rolamento - São os elementos responsáveis pelos movimentos controlados entre os componentes do dispositivo; - Elementos auxiliares normalizados - São os parafusos, rolamentos, etc., elementos que não necessitam projeto especial, pois podem ser utilizados conforme encontrados no mercado; - Elementos auxiliares especiais - Fusos, máscaras de furar, buchas guia de broca, etc. Apesar de especiais, muitos são normalizados, mas necessitam de uma adequação ao dispositivo; - Sistemas de proteção ao dispositivo ou à máquina - Parte importante do dispositivo que visa dar segurança ao mesmo e as máquinas são protetores contra cavacos, contra respingo de solda, contra respingo de pintura, etc.; - Sistemas de segurança operacional - Tão importante que faz parte da definição de dispositivo, são proteções para o operador como chaves fim de curso, portas de segurança, etc.; - Sistemas automáticos - Pneumáticos, hidráulicos, elétricos, etc., constituem o aperfeiçoamento de dispositivos, eliminando operações manuais; - Sistemas de manipulação - Robôs e manipuladores, sistemas de movimentação e transporte, sistemas de medição, automática e manual; - Sistemas de controle - CNC, CLP, computadores, etc; Apostila de Tecnologia de Dispositivos 11 2. POSICIONAR A primeira providência a ser feita com a peça é colocá-la em uma posição definida, no dispositivo para que se possam realizar as operações necessárias. Um posicionamento bem feito vai possibilitar uma operação dentro do esperado, já um posicionamento feito de maneira incorreta pode representar uma “peça morta”. Pode se definir o posicionamento de uma peça como sendo a colocação da mesma numa posição definida em relação ao sistema de referência adotado, sem que haja necessidade de efetuarem-se ajustes nesse posicionamento, e podendo o mesmo ser repetido inúmeras vezes dentro das necessidades da operação. Para exemplificar, imagine o posicionamento de um aluno dentro de uma sala de aula, isso poderá ser feito através de coordenadas partindo das paredes e do solo, assim, um determinado aluno poderá ter uma posição definida na sala atribuindo-se valores a essas coordenadas, 3 metros da parede lateral esquerda, 5 metros da parede frontal, no nível do solo. Para se ter um posicionamento mais correto deve-se acrescentar mais algumas informações, como: sentado, de frente para o quadro, mãos sobre a carteira, etc. Todas essas informações vão possibilitar a repetição da posição desse aluno sempre que necessário. Portanto considera-se que o posicionamento é perfeito quando a repetibilidade da posição desejada é feita dentro do esperado. Adota-se o sistema de referência de acordo com o tipo de operação a ser realizada, em uma usinagem, pode se considerar o sistema de referência como sendo o “work envelop” da máquina. Já em uma operação de manipulação pode se considerar o “work envelop” do manipulador e em alguns casos de transporte, o sistema de referência pode ser o prédio ou uma unidade fabril. WORK ENVELOP é o volume descrito pelo percurso da ferramenta em uma máquina, por exemplo, em uma fresadora, é a distância máxima atingida pela ferramenta nos sentidos longitudinal e transversal e na altura da mesma. Em uma operação de fresamento deve se tomar como referencial esse work envelop, fazendo com que as peças fiquem posicionadas dentro do campo de ação da máquina. No exemplo acima, o sistema de referência adotado foi a sala de aula, já posicionar o aluno na escola, bastará informar a sala e o prédio que ele se encontra, outras informações de posicionamento, como se ele está sentado ou não, são irrelevantes ao caso. Da mesma forma que saber a posição de alguém em viagem pelo país, bastará informar o Estado e a Cidade que ele se encontra para completar a informação, ou seja, a escolha do sistema de referência a ser adotado está relacionada com o tipo de operação a ser feita, a precisão necessária e o nível de informações que satisfarão a repetibilidade do posicionamento dentro de um regime de produção seriada. O estudo do posicionamento deve levar em consideração que a operação seja feita de forma rápida e segura evitando-se as possibilidades de ter se várias posições para a mesma peça no dispositivo, pois apesar da importância do posicionamento da peça na qualidade da operação, ele sozinho não agrega valor ao produto,somente agrega custo. Apostila de Tecnologia de Dispositivos 12 2.1. PRINCÍPIOS DA LOCAÇÃO A locação da peça é o primeiro e mais importante passo do projeto de um dispositivo, ela requer constante e total atenção do projetista. Nunca deve se esquecer de que o propósito do dispositivo é locar, suportar, sujeitar a peça e garantir essa condição a todas as demais peças do lote a ser produzido. Em muitos dispositivos, são projetados pequenos detalhes que impedem a colocação errada da peça no dispositivo, isso é chamado “pokayoke” que é uma palavra japonesa que significa à prova de erros. A utilização desses recursos visa aumentar a segurança da operação e principalmente aumentar a produtividade, eliminando a necessidade de o operador pensar e decidir no posicionamento da peça. 2.2. GRAUS DE LIBERDADE Uma peça pode assumir qualquer posição dentro de um sistema de referência, a liberdade que ela tem de assumir essas posições é chamada de graus de liberdade. São seis os graus de liberdade possíveis, três eixos - x, y, z, três planos - xy, xz, yz. Quando se limita a liberdade da peça de assumir qualquer posição segundo um eixo ou plano, a peça está sendo posicionada nesse eixo ou plano. Alguns autores utilizam 12 graus de liberdade sendo eixos x, -x, y, -y, z, - z e planos xy, -xy, xz, -xz, yz, -yz. Apostila de Tecnologia de Dispositivos 13 2.2.1 LOCAR Chama-se de locação o posicionamento da peça segundo os eixos: x, y, z. 2.2.1.1 SEMI LOCAÇÃO Posicionar a peça em relação à um eixo. Utiliza-se a semi locação, por exemplo, quando vai se realizar operações de desbaste ou fresamento em peças onde somente é importante a dimensão da altura da mesma. 2.2.1.2 LOCAÇÃO Posicionar a peça em relação a dois eixos. Na fabricação de um furo passante ou um canal, as medidas importantes são somente duas, posicionamento do furo em dois eixos, ou posicionamento do rasgo e profundidade do mesmo, nesses casos bastará o posicionamento de dois eixos para se realizar o posicionamento da peça. Apostila de Tecnologia de Dispositivos 14 2.2.1.3 LOCAÇÃO PLENA Posicionar a peça em relação aos três eixos. A operação de furo cego necessita além do posicionamento dos eixos do furo, uma cota para a profundidade do mesmo, acarretando no posicionamento em três eixos. 2.2.2 CENTRAR Quando se posiciona a peça em relação aos planos: xy, xz, yz, chamamos de Centragem. Normalmente, o posicionamento dos planos é feito em conjunto com os eixos, somente operações específicas, como torneamento, requerem posicionamento em relação a planos e não a eixos. 2.2.2.1 SEMI CENTRAGEM Posicionar a peça em relação a um plano. Não é comum a utilização de somente um plano de posicionamento. 2.2.2.2 CENTRAGEM Posicionar a peça em relação a dois planos. Nas operações de torneamento, citadas acima, é feita a centragem da peça na placa, ou seja, é feito o posicionamento da peça em relação a dois planos. 2.2.2.3 CENTRAGEM PLENA Posicionar a peça em relação aos três planos. Haverá a necessidade da centragem plena, ou seja, em relação aos três planos em operações complexas ou em peças com superfícies irregulares. Apostila de Tecnologia de Dispositivos 15 A escolha do grau de liberdade da peça e consequentemente dos eixos e planos que irá ser posicionada, depende da peça e da operação que será realizada. Uma mesma peça pode ter graus de liberdade diferentes dependendo da operação que será feita. Adiante será visto alguns exemplos de peças e operações e seus respectivos graus de liberdade. 2.2.3 HIPERLOCAÇÃO A importância de escolher corretamente os graus de liberdade faz com que se tenha uma otimização no projeto do posicionador, se houver menos posicionadores que o necessário, ou colocar erradamente, haverá dificuldade na produção seriada da peça, também a colocação excessiva de posicionadores pode trazer uma hiperlocação, que ocorre quando se faz a utilização de um número excessivo de eixos ou planos de posicionamento, conforme o exemplo abaixo. Portanto deve-se sempre ter o número exato de posicionadores nos eixos e planos determinados. 2.2.3.1 Exemplos de hiperlocação: Exemplo 1: Neste caso tem-se apoio em quatro pontos, o que não garante o posicionamento é a possível instabilidade, pois poderá ter apenas três pontos apoiados e se alternando, o que gerará dúvida de posicionamento. Exemplo 2: Peça a ser fabricada: Apostila de Tecnologia de Dispositivos 16 No caso da peça ser fabricada com máxima tolerância da cota A, a peça será posicionada pela superfície inferior de A, e se for fabricada com mínima tolerância da cota B, ela será posicionada pela superfície inferior de B, gerando dúvidas de posicionamento: Podendo ocorrer: - Instabilidade da peça no dispositivo; - Erro de Posicionamento em X devido à variação do ângulo da peça. Posicionador Peça Apostila de Tecnologia de Dispositivos 17 Exemplo 3: Posicionamento de peças com cantos retos (90º) e erros de posicionamento devido a variação desses valores angulares, ao ser usado no dispositivo mais de um plano em eixos distintos. Caso a peça venha com tolerância angular de ± 1º: Apostila de Tecnologia de Dispositivos 18 2.3. SUPERFÍCIES DE REFERÊNCIA OU REFERÊNCIAIS São as superfícies que serão utilizadas para se definir o posicionamento da peça. Em peças simétricas, cilíndricas, é comum ter-se o posicionamento em função da linha de centro, sendo a mesma o referencial nesses casos. Exemplo: Como exemplo tem-se a peça abaixo, onde se pretende fazer um furo cego de diâmetro 10 mm. Para posicionar a peça no dispositivo, necessita-se escolher onde os elementos que irão dar a posição da peça no dispositivo irão encostar. Podem-se escolher para o eixo x as superfícies C ou E, para o eixo y as superfícies A ou B e para o eixo z as superfícies D ou F. Essa escolha que se faz não será aleatória, deve ser de tal forma que dois projetistas sempre escolham as mesmas superfícies. Então, para fazer a escolha da superfície de referência devem-se seguir alguns critérios: Apostila de Tecnologia de Dispositivos 19 2.3.1. REQUISITOS PARA ESCOLHA DA SUPERFÍCIE DE REFERÊNCIA OU REFERÊNCIAL Os requisitos para escolha das melhores referências para o posicionamento da peça são os seguintes: - Análise das cotas da peça – Define as superfícies de referências ideais da peça; - Análise das tolerâncias da peça – Define as superfícies de referências alternativas da peça; - Análise dos detalhes de referência - Entalhes, furos, rasgos, rebaixos (normalmente usamos para posicionamento de planos). 2.3.2. ANÁLISE DAS COTAS DA PEÇA Escolha da superfície de referência ideal. Quando o projetista elabora uma peça, seja ela para uso final ou um componente de um conjunto, ele apresenta, através das cotas, as dimensões que realmente interessam na peça. Deve-se considerar que a superfície de onde sai a cota do posicionamento da operação é o melhor referencial para esse posicionamento, no exemplo dado, as cotas de posicionamento do furo a ser realizado saem das superfícies: - Eixo X = Superfície E; - Eixo Y = Superfície A; - Eixo Z = Superfície D. Estas superfícies devem ser prioritariamente utilizadas para o posicionamento da peça. 2.3.3. ANÁLISE DAS TOLERÂNCIAS DA PEÇA Escolha dasuperfície de referência alternativa. Em algumas situações, a utilização da superfície determinada pela cota não constitui uma solução prática, ou seja, poder-se-ia ter um dispositivo mais barato e prático utilizando outras superfícies de referência. Pegando o exemplo acima observando o eixo y, no lugar de utilizar-se a superfície A como referência, irá se utilizar a superfície B. Nesse caso, uma parte da tolerância dada pelo projetista para a profundidade do furo irá ser utilizada na troca da superfície de referência, obedecendo a seguinte equação: ∑ tol da operação a ser feita - ∑ tol da peça da peça recebida _ Nova Tolerância de trabalho Apostila de Tecnologia de Dispositivos 20 No exemplo, como a dimensão do furo tem somatória de tolerância igual a 0,6 mm, e a dimensão entre as superfícies A e B tem somatória de tolerância igual a 0,4 mm, temos uma nova tolerância de trabalho igual a 0,6 mm - 0,4 mm, ou seja, sobra para a operação 0,2 mm como nova tolerância de trabalho. Deve-se observar que ao fazer essa mudança de superfície de referência, reduz-se a tolerância final para a operação, pois parte dela estará sendo utilizada nessa troca. Dessa forma deve-se tomar cuidado para não inviabilizar a operação, aumentando o custo da mesma ou aumentando o índice de retrabalho e refugo. Também se tem que observar que não se pode trabalhar com tolerância zero ou negativa, pois em ambos os casos, já se tem peças mortas antes mesmo de se começar a operação. - Análise Detalhada: 2.3.4. ANÁLISE DOS DETALHES DE REFERÊNCIA É necessária a análise dos detalhes da peça, os quais sejam referências para o posicionamento da peça. Uma última análise deve ser feita quanto aos detalhes que necessitam de um posicionamento específico, como rasgos, entalhes, etc. Normalmente essa análise é feita para a definição do posicionamento nos planos de referência. Peça com medida nominal, furo com 6 mm de profundidade. Peça com medida máxima 10,2 mm, furo com 6,2 mm de profundidade. Peça com medida mínima 9,8 mm, furo com 5,8 mm de profundidade. Linha da máquina Linha da broca Medida nominal pç. Superfície Ref. Alternativa Superfície Ref. Ideal Apostila de Tecnologia de Dispositivos 21 2.3.5. SIMBOLOGIA PARA ESTUDO DE DISPOSITIVOS (SIMPLIFICADA) Um método para auxiliar a análise das peças, é a marcação das superfícies que serão utilizadas para que se possa colocar os posicionadores e os sujeitadores. Uma marcação simplificada pode ser apresentada a seguir: 2.3.6. REGRA PARA UTILIZAÇÃO DE PONTOS DE CONTATO ENTRE A PEÇA E O POSICIONADOR (Regra 3-2-1) Uma dica que pode ser utilizada sempre é a determinação de pontos, planos e retas de posicionamento conforme a regra abaixo, isso impedirá a hiperlocação e garantirá o posicionamento correto da peça sempre. 1° eixo - utilizar um plano ou três pontos; 2° eixo - utilizar uma reta ou dois pontos; 3° eixo - utilizar um ponto. Três pinos restringem cinco graus de liberdade. Somente uma superfície está definida. Cinco pinos restringem oito graus de liberdade. Duplas superfícies estão definidas. Seis pinos restringem nove graus de liberdade. Todas as superfícies estão definidas. Apostila de Tecnologia de Dispositivos 22 2.3.7. EXERCÍCIOS DE ANÁLISE DE GRAUS DE LIBERDADE: Sequência para resolução dos exercícios: 1º - Definir Sistema de referência, utilizar vista frontal; 2º - Definir os graus de Liberdade da peça em relação à operação; 3º - Definir Superfície de Referência Ideal; 4º - Estudo de Superfície de Referência Alternativa; 5° - Estudo do posicionador para as superfícies estudadas; 6º - Estudo da melhor sequência de trabalho. 1) Operação furo passante. Apostila de Tecnologia de Dispositivos 23 2) Operação: 1° furo passante Apostila de Tecnologia de Dispositivos 24 3) Operação: 2° furo passante à 90° do primeiro Apostila de Tecnologia de Dispositivos 25 4) Operação: Fazer os dois rasgos passantes em uma única operação: Tol. Geral: ±0,25 Apostila de Tecnologia de Dispositivos 26 5) Operação: Fazer os dois rasgos passantes em duas operações independentes: Tol. Geral: ±0,25 Apostila de Tecnologia de Dispositivos 27 6) Operações: Fazer furo cego e canal passante em duas operações independentes, objetivando a escolha da melhor sequência de trabalho: Melhor sequência: Furo Canal ( ) ou Canal Furo ( ) Apostila de Tecnologia de Dispositivos 28 7) Operações: Fazer os dois furos, dois rasgos passantes e dois rebaixos em operações independentes, objetivos: realizar todos os estudos de graus de liberdade, superfície de referência ideal e alternativas. Tolerância Geral ±0,1 Apostila de Tecnologia de Dispositivos 29 8) Operações: Fazer o furo cego, diâmetro e chanfro em operações independentes, conforme desenho abaixo: Objetivo: realizar estudo completo de posicionamento. Apostila de Tecnologia de Dispositivos 30 2.4. POSICIONADORES São os elementos que em contato com a superfície de referência escolhida, posicionam a peça para a operação. São elementos que posicionam e suportam as peças através de pontos adequados, de modo que elas não possam ser fletidas por ocasião da sujeição e também ofereçam resistência as forças de corte, decorrentes da usinagem, de forma que sejam mantidas sua forma natural e sua posição correta no dispositivo. Pode-se dividi-los em dois grupos, os Apoios e os Batentes, sendo que as principais diferenças entre eles estão no eixo de utilização. Os apoios são utilizados para posicionar as peças no eixo y, dessa forma devem ser projetados para suportar o peso das peças, já os batentes são utilizados para posicionar as peças nos eixos x e z. O desenho do posicionador é feito em função da superfície que fará o contato, como regra geral tem-se que o melhor é ser feito o contato com um único ponto, evitando-se situações de duplo posicionamento ou mesmo de dúvidas no posicionamento. Se a superfície da peça permitir, por exemplo, no posicionamento de uma peça usinada, o contato poderá ser através de um plano ou uma reta, ficando a regra da seguinte forma: 1° eixo - utilizar um plano ou três pontos; 2° eixo - utilizar uma reta ou dois pontos; 3° eixo - utilizar um ponto. A precisão necessária para o posicionador deve ser em função da precisão da operação, sendo 1/10 à 1/5 da tolerância da operação. 2.4.1. TIPOS DE POSICIONADORES: 2.4.1.1 POSICIONADOR TIPO PLANO Serve para apoiar superficies de forma esférica. Apostila de Tecnologia de Dispositivos 31 2.4.1.2 POSICIONADOR TIPO CUME Serve para apoiar superficies planas. 2.4.1.3 POSICIONADOR TIPO ESPIGÃO Serve para apoios de superficies de formas cilíndricas.2.4.1.4 POSICIONADOR RÍGIDO Tem uma posição definida no dispositivo e não permite regulagens. Apostila de Tecnologia de Dispositivos 32 2.4.1.5 POSICIONADOR AJUSTÁVEL Pode ser regulado por meio de parafusos ou outros meios, porém, devem- se prever sistemas que impeçam o "ajuste" durante a operação. 2.4.1.6 POSICIONADOR BASCULÁVEL São usados quando se tem a necessidade de efetuar alguma operação na face de contato do dispositivo com a peça. 2.4.1.7 POSICIONADOR AUXILIAR Servem para auxiliar a levar a peça à posição correta de posicionamento, normalmente são sistemas móveis, e seu acionamento é por mola. Apostila de Tecnologia de Dispositivos 33 2.4.1.8 POSICIONADOR TIPO BALANCIM Quando não for possível o apoio em um só ponto, devemos decompor esse em tantos quanto forem necessários, procurando manter uma só referência de posicionamento. O dispositivo que é utilizado para essa decomposição é chamado Balancim. Balancim de Três Pontos: Decomposição de um ponto em três Balancim de Dois Pontos: A decomposição de um ponto em dois ocorre para o apoio de peças alongadas e serve para melhor distribuir as forças. Apostila de Tecnologia de Dispositivos 34 Apoio de mais de Três Pontos: Podemos usar no máximo três pontos de apoio para definir um plano, quando houver necessidade da utilização de mais pontos de apoio, podemos decompô-los conforme mostra a figura acima. 2.5. SISTEMAS CENTRANTES São dispositivos que permitem a localização da linha de simetria de uma peça, podem ser de um só eixo, como prismas, ou de dois eixos, como as morsas auto centrantes, as placas de três castanhas e as pinças de ação externa ou interna. 2.5.1 CENTRANTES DE 1 EIXO: Morsas, placa de 2 castanhas, garras de 2 dedos, sendo que para que todos estes mecanismos sejam centrantes, necessitam que seus acionamentos tenham movimentos simultâneos e opostos, em direção ao mesmo ponto no centro. Apostila de Tecnologia de Dispositivos 35 Prismas – centrantes de 1 eixo pois sempre um dos mordentes dos dispositivos estará fixo e outro móvel, a garantia do posicionamento da peça em relação a um eixo de simetria se dá pela geometria do prisma que leva a peça a mesma posição central do prisma. Confirma-se, através da figura acima, o posicionamento em relação a 1 eixo de simetria das peças (eixo X), visto que peças do mesmo lote com variações de tolerâncias em seus comprimentos (L), ou variações no ângulo de quebra de canto das peças, não terão o mesmo posicionamento em Y. 2.5.2 CENTRANTES DE 2 EIXOS: a) b) c) Apostila de Tecnologia de Dispositivos 36 a) Morsa centrante com duplo prismas (4 pontos) - para que o sistema centralize a peça é necessário que os prismas sejam espelhados (mesmo ângulo de prisma), e que os dois lados tenham movimentos iguais, em direção ao mesmo centro. b) Placa de 3 castanhas convencional - com ação dependente entre as castanhas, o que significa que quando uma castanha avança em direção ao centro será acompanhado pelos demais na mesma intensidade. Havendo a necessidade de maior numero de pontos de contato, pode-se utilizar placas com um número maior de castanhas, desde que, tenham movimentos sincronizados em direção ao centro. c) Pinça - neste caso as hastes das pinças (3 ou mais hastes) se fecham abraçando a peça de forma sincronizada, levando-a em direção ao centro da pinça. Morsa centrante de 3 pontos. Quando há a necessidade de contato em três pontos da peça e não possa ser utilizada um dispositivo convencional, pode-se projetar uma morsa centrante com face plana e um prisma (3 pontos de contatos). Nesse caso para que o sistema centralize a peça em relação aos 2 eixos é necessário que ambos os lados do dispositivo sejam móveis, e que, o lado plano tenha movimentação diferente em relação ao lado contendo o prisma. Portanto, se for utilizado como sistema de movimentação um fuso contendo rosca direita e esquerda, deve-se atentar para que os passos sejam distintos e ainda deve-se calcular o ângulo do prisma de acordo com essa diferença entre os passos das roscas esquerda e direita, conforme exemplo. Apostila de Tecnologia de Dispositivos 37 2.6. POSICIONAMENTO POR FUROS O posicionamento de uma peça feita através de um furo ou orifício da peça pode apresentar um erro de posicionamento quando o mesmo for feito com a utilização de um pino cilíndrico como posicionador. Na figura abaixo, pode-se observar esse erro de posicionamento. A solução para esse tipo de ajuste é a utilização de pinos cônicos (conicidade de 5 à 7 graus) ou pinças de ação interna, como mostrado nas figuras. Posicionador tipo pino cilíndrico. Onde o ângulo teta é calculado no exemplo ao lado, considerando-se que o valor do passo da rosca direita é de 2,5 e o passo da rosca esquerda 3,0: Sen = a c Sen = 2,5 3,0 Sen = 0,833 = 56,5 º Apostila de Tecnologia de Dispositivos 38 2.6.1. CÁLCULO DE FOLGA Folga Mínima: Ø Furo Min. - Ø Pino Máx. Folga Máxima: Ø Furo Máx. - Ø Pino Mín. Erro Máximo: 2 x Folga Máxima. Exemplo: Adotando valores para o Ø do Furo de 10,20 a 10,40 mm (tolerância de ±0,10); Sendo a folga Mínima desejada = 0,10 mm; O pino terá valor de Ø Pino de 10,08 a 10,10 mm (regra de 10 vezes mais preciso ±0,01); Folga Mín. = 10,2 - 10,10 = 0,1 mm Folga Máx. = 10,4 – 10,08 = 0,32 mm Erro Máx. = 2 x 0,32 mm = 0,64 mm Pode-se solucionar esse erro, caso a operação não tenha tolerância suficiente para tal variação de valores, o uso de pino cônico ou pinça interna. Posicionador tipo pinça interna Posicionador tipo cônico Apostila de Tecnologia de Dispositivos 39 2.7. EXERCÍCIO S COMENTADOS DE ANÁLISE DE RESTRIÇÃO DE GRAUS DE LIBERDADE DE POSICIONADORES: O posicionamento da peça se dá através de 2 pinos com pontas cônicas que se assemelham a um prisma, portanto, somente uma linha de simetria será posicionada – eixo X. Y X Z Y X Z O posicionamento da peça se dá através de pino cônico que desliza sobre o eixo, quando a peça é posicionada seu peso vencerá a mola inferior e encostará a peça no pino lateral, portanto, o pino cônico encontrará as 2 linhas de simetria do furo – eixos X e Z, enquanto o pino lateral encontrará a posição em Y. Y X Z O posicionamento do furo cego da peça se dá através de um cone seccionado em três áreas de contato menores, portanto, somente duas linhas de simetria serão posicionadas – eixos X e Z. Apostila de Tecnologia de Dispositivos 40 O posicionamento da peça se dá através do prisma, portanto, somete uma linha de simetria é posicionada – eixo X. Todos os parafusos e demais componentes são para ajustes de setup. O posicionamento do furo passante da peça se dá através de uma pinça interna, a qual garante posicionamento da peça em relação à duas linhas de simetria - eixos X e Z, já a peça sendo encostada na superfície inferior garante o posicionamento do eixo Y. Y X Z Y X Z Apostila de Tecnologia de Dispositivos 41Este dispositivo contém um batente basculante com mola e stop, para facilitar a colocação da peça. O ponto de contato do posicionador no batente fixo (posicionador), é removível pois é a região mais solicitada do dispositivo, portanto de fácil substituição. Devido a sua construção, ao se instalar um relógio comparador, pode-se aferir a circularidade das peças. Quanto a posicionamento não garante nenhuma linha de centro, somente posicionamento em relação ao eixo X no encosto da peça. O posicionamento da peça se dá através de duplo prisma (morsa auto centrante de 4 pontos) que posicionará a peça em relação as duas linhas de simetria – eixos X e Y. O pino C serve somente para manter a peça apoiada, no caso de peças alongadas ou pesadas, antes do seu posicionamento final, pois caso ele mantenha contato com a peça depois da morsa fechada, ocorrerá hiperlocação. Y X Z Y X Z Apostila de Tecnologia de Dispositivos 42 De acordo com os exemplos anteriores, faça a análise dos dispositivos a seguir: Apostila de Tecnologia de Dispositivos 43 Apostila de Tecnologia de Dispositivos 44 REFERÊNCIAS: GRANT, E. Hiram. – Dispositivos em usinagem. MAURI, H. – Construção de dispositivos – Vol I e II S.M.E. – Handbook of jigs and fixture desing. ASFAHL, C. Ray – Robots and manufacturing automation. HENRIKSEN, Erik K. – Jig and fixture design manual.
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