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ENTREGANDO RESULTADOS Professores: Me. André Giandon Me. Andreia Mileski Zuliani Santos Esp. Emerson Roger Zuliani Diretoria Executiva Pedagógica Janes Fidelis Tomelin Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha Head de Projetos Educacionais Camilla Barreto Rodrigues Cochia Caetano Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Gerência de Produção de Conteúdos Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo Projeto Gráfico Thayla Guimarães Designer Educacional Camila Zaguini Editoração Flávia Thaís Pedroso Ilustração Thayla Daiany Guimarães Cripaldi Qualidade Textual Ana Caroline de Abreu DIREÇÃO Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site shutterstock.com C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; GIANDON, André; SANTOS, Andreia Mileski Zuliani; ZULIANI, Emerson Roger. Fundamentos do Gerenciamento de Projetos - PMI. André Giandon; Andreia Mileski Zuliani Santos; Emerson Roger Zuliani. Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. 64 p. “Pós-graduação Universo - EaD”. 1. Gerenciamento 2. Projeto 3. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-0401-4 CDD - 22 ed. 650 CIP - NBR 12899 - AACR/2 01 02 03 04 05 sumário 07| SUCESSO EM PROJETOS 17| FOCO NO RESULTADO 26| PROCESSOS DE EXECUÇÃO DE PROJETOS 36| MONITORAMENTO E CONTROLE DE PROJETOS 46| ENCERRAMENTO DO PROJETO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Apresentar as definições de sucesso do projeto e sua evolução ao longo do tempo. • Demonstrar práticas de gerenciamento de projetos que favorecem o desenvolvimento de um planejamento orientado aos resultados. • Contextualizar os processos de execução de projetos e as ações comuns dos principais envolvidos. • Definir o monitoramento e controle em projetos, discutindo seus impactos nos resultados da organização e sua importância para desempenho das equipes do projeto. • Apresentar as práticas usuais para o encerramento do projeto. PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Sucesso em Projetos • Foco no Resultado • Processos de Execução de Projetos • Monitoramento e Controle de Projetos • Encerramento do Projeto ENTREGANDO RESULTADOS INTRODUÇÃO introdução O gerenciamento de projetos vem se consolidando como uma das principais disciplinas para a competitividade das organizações. Os profissionais e organizações passaram a identificar com mais clareza nos últimos anos a importância das práticas do gerenciamento de projetos para os resultados das organizações. Entregar resultados. Esse é um mantra que está não apenas na cabeça dos executivos de grandes empresas, mas na rotina da maioria absoluta dos profissionais. Cobramos resultados não apenas no trabalho, mas de todos que estão a nossa volta. Todo projeto é desenvolvido para criar algo, para mudar algo, mas sempre para chegarmos a uma situação melhor que o cenário anterior ao projeto. Nesta unidade, vamos discutir o sucesso do projeto e como a definição de sucesso está evoluindo ao longo dos anos. Veremos que a maneira como os administradores estão percebendo o sucesso do projeto mudou muito até chegarmos ao conceito de sucesso atual. O sucesso do projeto, antes fortemente ligado ao sucesso do gerenciamento, cada vez mais está orientado para os resultados gerados pelo projeto. Por isso, vamos debater ainda como o planejamento pode ser organizado com uma orientação maior para os resultados. Nesse contexto, um plano qualquer pode ser organizado de forma a definir as atividades que serão realizadas, mas também pode ser orientado para os resultados criados pela conclusão das atividades. Para entregar os resultados do projeto, veremos o papel dos principais envolvidos e as ações realizadas nos processos de execução dos projetos. Aqui você poderá observar a importância do conceito de elaboração progressiva do projeto e da maturidade dos envolvidos quanto à evolução da implementação do projeto. Tão importante quanto os processos de execução do projeto são os processos de monitoramento e controle. Os processos de monitoramento e controle são importantes não apenas para assegurar que as ações do projeto buscam seguir os planos e estão focadas em entregar os resultados do projeto, mas também são importantes para motivar a equipe do projeto a continuar trabalhando com forte orientação para alcançar os objetivos do projeto. INTRODUÇÃO introdução Veremos, ainda, o processo de encerramento do projeto. Aqui são ações realizadas para que o projeto possa ser concluído e entregue adequadamente. Esses processos incluem várias atividades administrativas, como o encerramento de contratos e a oficialização de entregas das etapas do projeto, como também o registro das lições aprendidas do projeto. Embora sejam processos para encerrar o projeto ou as fases do projeto, veremos que são realizados ao longo do projeto e não apenas nos momentos finais. Pós-Universo 7 Será que o que define sucesso para você são os mesmos critérios que definem sucesso para outro profissional em sua organização? Será que a definição de sucesso em projetos se altera ao longo dos anos? Antes que você conclua sua resposta para essas questões, vamos um pouco mais adiante. Afinal, o que é sucesso? Embora algumas pessoas possam acreditar que é simples explicar o que é sucesso, nem sempre é uma tarefa fácil. Lembre que cada pessoa tem sua própria história. Com base em suas experiências pessoais, cada indivíduo irá criar uma série de preconceitos que naturalmente deverão interferir na sua capacidade de percepção das coisas, na sua capacidade de percepção do sucesso. Outro aspecto a considerar é que eventos recentes possuem grande influência na tomada de decisão das pessoas. Imagine que um amigo foi assaltado recentemente. Durante alguns meses, ele terá sua percepção sobre os eventos do cotidiano alterada, de forma que observará com mais atenção os cuidados necessários para a segurança pessoal. Mesmo em situações nas quais ele está acostumado a vivenciar rotineiramente nos últimos anos, neste momento ele poderá alterar seu comportamento. Imagine que ele comenta que não quer sair de casa para visitá-lo, como costumava fazer semanalmente, pois acha perigoso estacionar o carro na rua onde mora. Observe que a rotina não foi alterada, mas a percepção sobre as condições daquela rotina, sim. SUCESSO EM PROJETOS Pós-Universo 8 Até que ponto o histórico profissional e os preconceitos podem influenciar a visão de sucesso esperada para o projeto? Os critérios de sucesso do projeto podem mudar ao longo do tempo? Fonte: o autor. reflita É muito comum ouvirmos profissionais comentando que sucesso do projeto é cumprir exatamente o que foi acordado, ou melhor, cumprir exatamente o que foi planejado. Você está totalmente de acordo com essa afirmação? Vamos pensar nas áreas de conhecimento para tentar responder a esse questionamento. Ao avaliarmos o escopo do projeto, o sucesso é entregar exatamente o que o cliente pediu? Normalmente, quando a demanda pelo projeto partiu de uma necessidade de um cliente, existe um contrato firmado entre as partes. Cumprir os requisitos de escopo do contrato determina o sucesso total do projeto? Se considerarmos o cronograma do projeto, o sucesso seria iniciar e concluir todas as atividades exatamente nas datas estimadas? De que forma iniciar e terminaras atividades exatamente nas datas estimadas impactam os resultados e o sucesso do projeto? E quanto ao orçamento, o sucesso seria gastar centavo a centavo, exatamente o previsto para cada entrega ou fase do projeto? E quanto ao tipo de projeto, os mesmos critérios de sucesso podem ser usados para todos os projetos? Para responder a essa questão, quero que você pense em projetos históricos. A construção da Muralha da China, a viagem do homem à lua, a criação do iPod, a primeira eleição direta do Brasil, o primeiro transplante de coração, a abertura dos jogos da Copa do Mundo FIFA de 2014. Como seriam os critérios de sucesso para esses projetos? Seriam os mesmos ou seriam diferentes? Você deve se lembrar de ter lido em unidades anteriores que o gerenciamento de projetos é uma disciplina que amadureceu muito ao longo dos anos, mas ainda está evoluindo constantemente. Naturalmente, a história do gerenciamento de projetos precisa ser analisada para que possamos conceituar o sucesso em projetos. Pós-Universo 9 As práticas de gerenciamento de projetos, organizadas como uma disciplina estruturada da forma que temos hoje, iniciaram sua consolidação a partir de planos desenvolvidos para grandes projetos militares e de engenharia. Portanto, não é de se estranhar que neste período os profissionais responsáveis pelos projetos eram militares de altas patentes ou chefes de departamento, com sua formação normalmente ligada às engenharias. A análise PERT (Program Evaluation and Review Technique) para estudo dos prazos dos projetos foi amplamente utilizada. Nesse período, o sucesso do projeto estava fortemente ligado a cumprir as datas planejadas. PERT (Program Evaluation and Review Technique) foi criado pela Marinha Americana na década de 1950. Esse método é utilizado para gerenciar o projeto e fazer previsões e projeções de cronograma com alto grau de confiabilidade. A PERT utiliza o valor esperado (ou média ponderada) para definir a duração do projeto. Esse valor esperado é calculado com base em 3 estimativas (otimista, pessimista e provável) e depois, determinando o desvio padrão de cada atividade. Com isso, é possível se chegar às estimativas mais precisas nos projetos. Para aprofundar seus conhecimentos, consulte: HELDMAN, K. Gerência de Projetos: Guia Oficial para o Exame do PMI. Rio de Janeiro, 2006, p. 261. Fonte: adaptado de Heldman (2006, p. 261). saiba mais Com o passar dos anos, o gerenciamento de projetos foi ganhando novas disciplinas e o sucesso do projeto, naturalmente, passou a incluir aspectos das novas disciplinas. A tripla restrição foi conceituada e foi entendida também como o sucesso do projeto. Desse período, surgiu a visão de que o sucesso é cumprir o planejado. Entregar o que foi solicitado, dentro do prazo e custos definidos, e com a qualidade esperada. Pós-Universo 10 Com o tempo, a visão de que seria possível abrir mão do controle absoluto de uma restrição (por exemplo, aceitar um desvio de custo ou tempo) em certos casos poderia ser aceitável (KERZNER; SALADIS, 2011). Nesse sentido, alguns autores passaram a defender que é necessário perguntar ao cliente, durante a definição da visão do projeto (concepção inicial), qual a restrição mais importante para o projeto em questão (PHILLIPS; BOTHELL; SNEAD, 2002; KERZNER; SALADIS, 2011; SHENHAR; DVIR, 2010). Assim, o cliente poderia afirmar algo como: eu aceito pagar um pouco a mais se tal evento ocorrer exatamente em tal data. Ou o cliente poderia até aceitar eliminar alguns itens do escopo, visando não criar aditivos no orçamento. O plano de gerenciamento do projeto passou a ser definido com base nos objetivos do projeto e utilizado como referência para avaliar o sucesso do projeto. Mas um aspecto importante foi adicionado posteriormente. No passado, as revisões do plano de projeto não eram tão aceitas como são hoje. Atualmente, a necessidade de revisão do plano do projeto ao longo do projeto passou a ser aceita com mais naturalidade (SHENHAR; DVIR, 2010). Ou seja, saímos de uma visão de planejar antes para executar depois, para uma visão de planejar o possível, iniciar a execução e continuar planejando. Disso decorre a característica amplamente divulgada de elaboração progressiva do projeto. Mas o que é e como é desenvolvido o plano do projeto? O plano do projeto é um cenário desejado, construído a partir de uma abstração criada pelo gerente de projetos e sua equipe em relação aos objetivos, necessidades e desejos das partes interessadas. Vamos voltar ao cronograma. O cronograma é uma abstração de uma lista de atividades, sequenciamentos e estimativas de prazos criados com base em premissas. Ora, se o projeto nunca foi realizado antes e o cronograma é baseado em suposições, é justo medir o sucesso do projeto em relação a um documento “inventado” por uma equipe de projetos? Reflexões como essa fizeram com que alguns autores mudassem drasticamente a visão de sucesso. Kerzner e Saladis (2010) afirmam que “a nossa visão de sucesso mudou ao longo dos anos”. Os autores passaram a definir a geração de valor do projeto como principal critério de sucesso. Pós-Universo 11 Opera House de Sidney O Opera House de Sidney é uma das maiores atrações turísticas do mundo, uma maravilha da arquitetura visitada todos os anos por milhões de pessoas. O plano do projeto original (definido nos anos de 1950) incluía uma estimativa de orçamento de 7 milhões de dólares australianos e um prazo de 5 anos. Mas o projeto passou por enormes dificuldades - atrasos, conflitos e excesso de despesas. Dezesseis anos se passaram antes que o Opera House fosse aberto, a um custo de 100 milhões de dólares. Ao analisar pura e simplesmente em termos de tempo e desempenho orçamentário, pode-se concluir que o projeto do Opera House foi um exemplo didático de fracasso de projetos. Mas ninguém mais se importa sobre como o projeto foi administrado, e quase todos vêem o Opera House como uma história de sucesso. Ele proporciona renda e fama para a cidade de Sidney e continua sendo um dos prédios mais fascinantes do mundo. Fonte: Shenhar e Dvir (2010). saiba mais Qual valor deve ser considerado para concluir que o projeto é um sucesso? Depende do projeto. Além disso, como contextualizado anteriormente, a visão das pessoas pode mudar ao longo do tempo. Aquilo que meu cliente considerava importante no início do projeto pode não ser importante nos momentos finais do projeto. Imagine que um investidor está iniciando a operação de uma escola. Na definição do projeto, pediu que fosse utilizada tecnologia da informação de ponta visando criar com isso mais um diferencial competitivo em relação à concorrência. Passados alguns meses, dois eventos externos, evidentemente não planejados, precisam ser considerados: o governo alterou algumas leis que afetarão os resultados financeiros da escola e um grande incêndio destruiu completamente uma de suas fábricas. O investidor pode optar por priorizar o uso dos seus recursos financeiros para recuperar rapidamente as instalações e a imagem da fábrica incendiada e, com a mudança de cenário, pede para adquirir os equipamentos de tecnologia da informação de baixo custo. Observe que a restrição orçamentária não era vista inicialmente como um valor para o projeto da escola, mas passou a ser valorizada após eventos externos. Pós-Universo 12 Kerzner e Saladis (2010) destacam quatro variáveis importantes a considerar para a definição do sucesso do projeto: o valor financeiro, valor ao cliente, valores internos e valores futuros, conforme descritos a seguir: • Valor financeiro: de fácil aceitação pela ampla maioria das pessoas, valor financeiro está ligado a ter o custo do projeto menor que o valor do benefício gerado pelo projeto. De certa forma, é possível afirmar que esse valor está diretamente ligado ao retorno do investimento. • Valor ao cliente: normalmente presente sempreque se fala em qualidade, este valor está relacionado a gerar os valores desejados pelo cliente, de forma a cumprir todos os requisitos estabelecidos e assegurar que a entrega do projeto trará plena satisfação ao cliente. • Valores internos: os valores internos significam olhar para as necessidades ou desejos das pessoas envolvidas, principalmente da organização executora. O objetivo aqui é assegurar que a equipe possa ter uma impressão positiva do ambiente de trabalho, desejando continuar formando um time. Esse valor está ainda relacionado ao fato de que a organização precisa fortalecer o conhecimento organizacional. • Valores futuros: valores futuros estão relacionados a avaliar se a conclusão do projeto criará um bom cenário futuro para a organização. Exemplos podem incluir: o projeto não deve prejudicar a imagem da empresa, o projeto não pode criar um resultado que venha a desestabilizar a empresa futuramente (como fluxos de caixa, necessidades de manutenções constantes), o projeto não deve gerar passivos trabalhistas, dentre outros fatores que possam trazer impactos negativos para o futuro da organização. Com base em pesquisa realizada com dados de 15 anos em mais de 600 projetos em setores comerciais, governamentais e sem fins lucrativos em vários países e documentados em centenas de estudos de casos, os autores Shenhar e Dvir (2010) sugerem uma avaliação abrangente do sucesso do projeto em termos de curto ou longo prazo, definido em cinco grupos de medidas (Quadro 15). Observe que os cinco grupos de medidas não divergem da sugestão de Kerzner e Saladis (2010) citada anteriormente. Pós-Universo 13 Quadro 15 - Medidas específicas de sucesso Eficiência Impacto no cliente Impacto na equipe Sucesso comercial e direto Preparação para o futuro Cumprir o cronograma Cumprir o orçamento Resultado Outras eficiências Cumprir com os requisitos e especificações Benefício para o cliente Extensão de uso Satisfação e lealdade do cliente Reconhecimento da marca Satisfação da equipe Moral da equipe Desenvolvimento de habilidades Crescimento dos membros da equipe Retenção dos membros da equipe Sem estresse Vendas Lucro Participação no mercado ROI, ROE Fluxo de caixa Qualidade do serviço Tempo do ciclo Medidas organizacionais Nova tecnologia Novo mercado Nova linha de produto Nova competência central Nova capacidade organizacional Fonte: Shenhar e Dvir (2010). Hoje há ainda uma análise sobre os resultados e benefícios reais da operação desenvolvida pelo projeto. Para compreender isso, imagine que um projeto teve como objetivo implantar uma indústria usando a justificativa de que criaria 500 novos empregos diretos em um prazo de três anos. O sucesso do projeto pode também ser avaliado três anos depois de sua conclusão, verificando se os empregos foram realmente gerados. Note que, em alguns casos, pode ser complexo definir o sucesso do projeto. Vale ainda observar que o fato de termos hoje a visão de que o sucesso está ligado à geração de valores não significa que o controle sobre prazos ou custos deva ser relaxado, ou que os desvios passem a ser aceitos passivamente. Em virtude da dinâmica atual dos projetos, o controle tem um papel fundamental. Além disso, o rigor de prazos ou custos pode estar presente nos valores definidos pelo cliente. Com isso, como gerente de projetos, você deve ter a preocupação de combinar com o cliente quais são os reais critérios de sucesso (PHILLIPS; BOTHELL; SNEAD, 2002), não deixando de observar seus próprios critérios. Você deverá, ainda, constantemente, repensar sobre tais valores e manter contato constante com o cliente visando identificar eventuais mudanças de posicionamentos. Pós-Universo 14 E projetos que fracassam? Que razões levam um projeto a falhar? Fonte: o autor. reflita Pensar nas falhas também pode ser um bom exercício para que você evolua, evite problemas futuros e tenha melhor capacidade de explorar as variáveis que podem interferir no sucesso ou fracasso dos projetos. Gerentes de projetos que possuem maturidade sabem encarar o fracasso com um olhar mais sereno e geram um importante aprendizado com isso (KENDRICK, 2009). Falhar em um projeto faz parte do contexto do trabalho por projetos. Claro que, na maior parte das vezes, você não deverá falhar. Mas, caso isso ocorra, busque identificar as causas das falhas, gerar aprendizado e continuar assumindo novos desafios em outros projetos. Uma ação que deve ser realizada pelo gerente de projeto é criar um mecanismo de registro, análise e divulgação das lições aprendidas dos projetos. Aspectos positivos e negativos dos projetos devem ser avaliados para que essa experiência contribua não apenas para a maturidade da organização no gerenciamento de projetos, mas também para que se possa definir com mais clareza o sucesso de um projeto e os indicadores de desempenho que contribuirão para chegar lá. Na prática, quais ações o gerente de projetos pode realizar tentando assegurar o sucesso do projeto? Sem dúvida, as citadas anteriormente, como as lições aprendidas do projeto fazem parte da atenção do gerente do projeto quando se pensa em sucesso. O registro e análise das lições aprendidas devem ser realizados tão logo quanto possível, e tendem a contribuir efetivamente com o sucesso do projeto (KENDRICK, 2009). Deixar para pensar nisso apenas após a conclusão do projeto pode resultar em perda de informações importantes. Imagine um projeto de 5 ou 6 anos, se o estudo das lições aprendidas ocorrer somente ao término do projeto? As atividades de lições aprendidas devem ser incluídas na rotina da equipe do projeto. Essas ações podem ser realizadas por eventos formais ou informais. Pós-Universo 15 Informalmente, um bate-papo com a equipe do projeto pode ser considerada uma ação de lição aprendida. Algumas empresas promovem um café da manhã, almoço ou outros tipos de eventos também com o objetivo de tratar de lições aprendidas dos projetos. Ações mais formais como pesquisa de opinião, workshops, análise de documentos também podem ser usadas para identificar, registrar e divulgar as lições aprendidas, conforme o caso. Os registros das lições aprendidas são considerados ativos de processos organizacionais. Os ativos de processos organizacionais são “planos, processos, políticas, procedimentos, e bases de conhecimento específicas usadas pela organização executora” (PMI, 2013, p. 531). Além de avaliar os ativos de processos organizacionais, também é importante que o gerente de projetos compreenda o ambiente no qual o projeto está sendo realizado. O ambiente da organização executora, clientes e o mercado em geral devem ser analisados para que o gerente consiga conduzir o projeto com sucesso. Os chamados Fatores Ambientais se referem a todo o ambiente ao qual o projeto se relaciona. O gerente de projetos deverá adaptar as atividades do projeto de acordo com os fatores ambientais para que possa ter sucesso no projeto (VALERIANO, 2015). Dentre os fatores ambientais, podemos destacar a constituição jurídica da empresa, se o projeto está sendo executado em uma organização pública ou privada, a cultura organizacional ou a cultura do setor de atuação da organização, o modelo de negócios das organizações envolvidas, aspectos regionais do local do projeto, dentre vários outros aspectos ambientais que podem influenciar o sucesso do projeto. Por fim, vale ressaltar a visão de Shenhar e Dvir (2010): Projetos diferentes têm medidas de sucesso diferentes e essas medidas podem ainda mudar ao longo do ciclo de vida do projeto. Os mesmos autores também observam: “ O sucesso do projeto não pode ser julgado apenas pela restrição tripla. Tempo, orçamento e desempenho são dimensões de curto prazo que não refletem o sucesso a longo prazo. Ele é um conceito multidimensional e estratégico que deve considerar o sucesso a curto e longo prazo, e seu produto.Ele deve focar no sucesso do negócio, assim como na eficiência com a qual o projeto é executado, e considerar os pontos de vistas diferentes das partes interessadas (SHENHAR; DVIR, 2010). Pós-Universo 16 Uma pesquisa realizada em 2014, sobre a maturidade em gerenciamento de projetos no Brasil, mostrou 415 profissionais em empresas privadas e constatou que 51,3% das empresas encontra-se no nível 2 de maturidade, de uma escala de 1 a 5. A pesquisa também apontou que o grau de sucesso total nos projetos chega a 49,9% dos projetos e 12,3% fracassam. Para efeitos de comparação, nas empresas que estão no nível 5, o percentual de sucesso total dos projetos chega a 81% e apenas 5% fracassam. Para ter acesso a pesquisa completa, acesse o link disponível em: <http://www.maturityresearch.com/ novosite/2014/download/1-Global/RelatorioMaturidade2014-Global-Parte- A-Indicadores.pdf>. Acesso em: 25 abr. 2016. fatos e dados • Projetos diferentes possuem diferentes medidas de sucesso. • A visão de sucesso mudou ao longo dos anos, antes baseada na restrição tripla (custo, tempo, escopo), hoje envolve uma análise de valores que devem ser acordados com as partes interessadas, podendo incluir ainda medidas de sucesso do produto do projeto. • Eficiência, impacto no cliente, impacto na equipe, sucesso comercial e direto e preparação para o futuro são grupos de medidas de sucesso consideradas úteis para definir o sucesso de um projeto. • Analisar constantemente as lições aprendidas favorece o sucesso de um projeto. quadro resumo Pós-Universo 17 Você já parou para observar quais são as práticas utilizadas pelos profissionais para planejar e monitorar o desempenho do trabalho? Quais motivos fazem com que os planos de uma pessoa pareçam mais adequados? Um dos aspectos a analisar é o quanto as pessoas conseguem orientar o seu planejamento para o resultado desejado. Provavelmente, um dos grandes benefícios do gerenciamento de projetos é utilizar técnicas de planejamento que fazem com que as pessoas tenham uma tendência a olhar para o resultado desejado. O gerenciamento de projeto faz com que os profissionais passem a avaliar mais criticamente as práticas gerenciais. Possivelmente, isso é decorrente do fato de que em cada projeto que atuam enfrentam condições diferenciadas que os levam a estudar quais as alternativas possíveis e quais as mais adequadas para cada situação. Ou seja, a quantidade de tentativas e erros é maior. Um bom atleta, como um corredor de rua, aprende a vencer treinando. Por mais que a teoria seja importante, somente ela não faz um bom corredor, o corredor aprende muito sobre correr correndo. Os gerentes de projetos aprendem mais sobre práticas de planejamento e controle, pois estão sempre planejando, controlando e aprendendo com suas tentativas e erros em vários projetos. Além disso, em virtude da elaboração progressiva do projeto, na qual os planos vão sendo gradativamente detalhados na medida em que o tempo passa, os profissionais revisam constantemente os planos e as práticas gerenciais. FOCO NO RESULTADO Pós-Universo 18 Esse intenso contato com ferramentas e técnicas de planejamento tende a fazer com que os gerentes de projetos desenvolvam uma competência decisória orientada a modelos estruturados, tendo por base processos gerenciais que são combinados para favorecer a criação de diferentes soluções para diversos cenários nos quais atuam. Ou seja, profissionais experientes em gerenciamento de projetos treinam constantemente seu raciocínio e seu potencial de estudar cenários e solucionar problemas (KENDRICK, 2009). Na medida em que as empresas adquirem maturidade no gerenciamento de projetos, benefícios como a realização de mais trabalho em menos tempo e com menos recursos se tornam facilmente perceptíveis (KERZNER, 2009). Em muitas áreas de atuação, os profissionais não são treinados para planejar seu trabalho e praticamente não recebem orientações sobre como atuar em equipe. Em muitas áreas de trabalho, as pessoas recebem formação, seja em cursos de graduação, pós-graduação ou mesmo em uma formação técnica, apenas voltada para os problemas específicos daquele tipo de trabalho, enfatizando a técnica e ignorando a necessidade de gerenciar ou coordenar as várias ações do trabalho. Pelo simples fato de dominar as dez áreas de conhecimento do Guia PMBOK®, o profissional de gerenciamento de projetos amplia seu foco de análise dos problemas considerando cada uma delas ao avaliar uma situação. Na medida em que o tempo passa, esse processo é incorporado à rotina e realizado cada vez com mais facilidade. Kerzner (2009) argumenta que quanto mais o profissional se especializa nas práticas de gerenciamento de projetos, melhor é o uso efetivo do seu tempo para gerar resultados (Figura 18). Pós-Universo 19 Figura 18 - Produtividade e práticas de gerenciamento de projetos Fonte: Kerzner (2009). Considere, por exemplo, o uso de indicadores em projetos. Para estabelecer os indicadores de desempenho de um projeto, é preciso avaliar indicadores usados anteriormente, analisar prós e contras, selecionar certos indicadores e verificar a sua adequação ao projeto em questão. Esse tipo de análise ajuda os profissionais a refletirem sobre diferentes maneiras de monitorar e controlar o trabalho. Os estudos em relação a quais indicadores utilizar permitem que os profissionais do gerenciamento de projetos compreendam melhor as diferenças entre um indicador de desempenho da equipe e um indicador de resultados, distinguindo mais claramente causas e efeitos das questões de trabalho. Como definir um plano orientado para os resultados? Fonte: o autor. reflita Pós-Universo 20 Ao organizar um planejamento, um profissional pode definir seu plano com ênfase maior para a atividade ou com uma ênfase focada para o resultado. Pense em uma situação na qual uma pessoa percebe a importância da leitura e decide reorganizar sua rotina para ler mais e com mais qualidade. As pessoas que orientam seu planejamento para a atividade, provavelmente, tendem a organizar seu plano definindo “vou ler três horas por dia”. Nada de errado com um plano assim (e que ótimo que temos um plano cujo objetivo é a leitura!), mas como poderíamos tornar esse plano mais orientado ao resultado? Em um primeiro pensamento, talvez fosse possível adotar como meta “vou ler um livro a cada duas semanas”. Observe que já não se está mais planejando as horas a serem dedicadas a leitura (plano orientado à atividade), mas temos um plano mais orientado para o resultado desejado: a conclusão do livro. Será que ainda poderíamos melhorar esse plano? Vamos considerar que essa atividade está sendo definida para que o leitor consiga obter aprovação em um concurso. Poderíamos ainda incluir em sua meta o conhecimento adquirido ou sua expectativa de desempenho em exercícios simulados. Assim, o plano poderia ser: ler um livro a cada duas semanas, dominando duas novas áreas de conhecimento por mês, obtendo 80% de avaliação positiva nos simulados preparatórios. Observe a mudança do plano anteriormente orientado para o “ler mais” e depois orientado para o resultado. Em um projeto de revitalização de uma área urbana, poderíamos ter como planejamento “colocar as tubulações da região central nos dois primeiros meses do projeto, e realizar as atividades de paisagismo nas praças no terceiro mês”. Esse objetivo poderia estar orientado para “ter a rede de abastecimento em funcionamento até o segundo mês e as praças revitalizadas até o terceiro mês”. Observe que a “rede em funcionamento” é diferente de “colocar as tubulações”, “praças revitalizadas” é diferente de “fazer paisagismo”. No ambiente de projetos, outro aspecto a ser observado é assegurar uma visão macro do planejamento e os reais objetivos do projeto. O foco no resultado do projeto como um todo deve ter prioridade máxima em relação à realização das atividadesintermediárias. Algumas vezes, os profissionais falham ao controlar excessivamente as atividades do projeto e deixam de avaliar o foco na conclusão do projeto como um todo. Pós-Universo 21 O excesso de preocupação com pequenas atividades do projeto tende a tornar o ato de controlar como o objetivo do trabalho, podendo chegar ao ponto de desviar o foco da entrega principal do projeto. Nesse sentido, imagine que o objetivo do projeto é inaugurar uma escola e o gerente do projeto está excessivamente preocupado com prazos intermediários da pintura das paredes dos corredores, deixando de lado o foco em entregar as salas de aula concluídas para início das atividades. É evidente que todas as atividades do projeto devem ser bem feitas, mas o objetivo central do projeto deve ser observado para que as equipes direcionem esforços em analisar com mais atenção os potenciais desafios ligados ao projeto como um todo. Em casos extremos, profissionais menos experientes podem cometer a falha de exagerar nos esforços em ter um plano definido segundo as melhores práticas de gerenciamento de projetos, que falham ao perder o controle sobre as entregas do projeto. Fonte: o autor. atenção Agora que vimos um pouco desse contexto, é possível começarmos a pensar como as práticas estudadas no gerenciamento de projetos podem ser aplicadas para orientar o planejamento para os resultados. Uma das práticas mais difundidas no gerenciamento de projetos é a elaboração da EAP - Estrutura Analítica do Projeto. Por definição, a EAP é orientada para as entregas. Uma EAP corretamente elaborada possui pacotes de trabalho que resultam necessariamente na conclusão de uma entrega, na transferência de algum valor ou resultado (XAVIER, 2009). Outra prática relacionada ao escopo do projeto é a análise de requisitos. Quando debatemos com um cliente os requisitos funcionais do projeto, há uma tendência de visualizarmos melhor a entrega necessária. Se o cliente informa que irá assar um leitão inteiro no forno da churrasqueira, é mais fácil compreender as características da churrasqueira. A definição de requisitos associada ao critério de sucesso, normalmente formalizado na declaração do escopo do projeto, e a EAP fazem com que as partes interessadas compreendam mais claramente o resultado do projeto. Pós-Universo 22 Profissionais experientes em gerenciamento de projetos tendem ainda a utilizar as práticas de gerenciamento de riscos com mais naturalidade (KENDRICK, 2009). Ao adotar tais práticas, uma visão mais precisa dos impactos que poderão ser causados por potenciais eventos incertos nos projetos permite que o projeto como um todo seja compreendido. O planejamento de riscos do projeto passa pela análise dos pacotes de trabalho da EAP, observando detalhes de execução do projeto, e também passa pela análise dos riscos macro do projeto, ampliando a capacidade de perceber os objetivos e resultados desejados para o projeto. As práticas de gerenciamento de recursos humanos podem fazer com que os envolvidos no projeto definam processos de avaliação de desempenho, visando adotar premiações e benefícios. Quando essa análise é realizada, frequentemente existe um balanceamento entre a avaliação individual dos profissionais e a avaliação do projeto como um todo para compor o processo de avaliação de desempenho e bonificação dos envolvidos (KERZNER, 2009). Nesse aspecto, o gerenciamento de recursos humanos também permite que as pessoas percebam a importância do resultado global do projeto e, com isso, consigam atuar de forma a organizar suas ações considerando o foco principal do projeto. O gerenciamento das partes interessadas faz com que os profissionais identifiquem, priorizem e estabeleçam uma abordagem de relacionamento com cada um dos envolvidos desde os momentos iniciais do projeto, contribuindo, assim, com a ampliação da visão sobre os objetivos envolvidos no projeto. Poderíamos aqui avaliar cada uma das áreas de conhecimento e sua contribuição para fazer com que os envolvidos melhorem sua visão quanto ao foco do projeto. O gerenciamento de projetos permite ainda melhorar o desempenho da organização como um todo, ampliando sua capacidade de atingir seus objetivos estratégicos. Isso é decorrente dos melhores resultados dos projetos e da maturidade dos gerentes de projetos para estruturar planos. Para Archibald e Prado (2011), “ Dominar a arte de executar projetos se tornou uma das necessidades de sobrevivência e progresso da empresa moderna. Qualquer organização que inicia com seriedade nesta prática percebe isto rapidamente [...] O gerenciamento de projetos está diretamente relacionado com a obtenção de metas da organização. Pós-Universo 23 Gerentes de projetos desenvolvem a capacidade de aplicar adequadamente vários conceitos, ferramentas e técnicas gerenciais. Nesse sentido, os gerentes compreendem e passam a redigir e aplicar adequadamente vários conceitos necessários para planejar e controlar o trabalho. Dentre eles, podemos destacar a capacidade de desenvolver o planejamento diferenciando e explicitando claramente itens como: justificativa, objetivos, metas, atividades, resultados, benefícios, fatores críticos de sucesso, KPIs (Key Performance Index), critérios de aceitação, riscos, restrições e premissas. Essa maturidade tende a aumentar o grau de maturidade gerencial da organização, fazendo com que o gerenciamento de projetos passe a ser visto como um fator-chave para o desempenho das organizações. Segundo Kerzner e Saladis (2011), o treinamento em gerenciamento de projetos leva à habilidade em gerenciamento de projetos, que é a fonte para as competências em gerenciamento de projetos, que é a base para a qualificação estratégica, que é o caminho para a vantagem competitiva sustentada (Figura 19). Figura 19 - Sucesso versus maturidade no gerenciamento de projetos Fonte: Kerzner e Saladis (2011). Pós-Universo 24 Recentemente, as práticas de planejamento que adotam ferramentas mais visuais, como o Project Model Canvas, também facilitam o entendimento do todo do projeto (FINOCCHIO JUNIOR, 2013). Isso permite que os envolvidos possam estar constantemente avaliando a visão macro do projeto e, com isso, tendem a direcionar seus esforços e planos para os resultados. Práticas de monitoramento e controle de projetos podem também contribuir para que os envolvidos mantenham o foco nos resultados. Muitas práticas de monitoramento e controle são associadas a análises de tendências. Assim, a cada ponto de verificação, é possível analisar qual a tendência de um contexto e, consequentemente, avaliar o resultado global do projeto. Um bom exemplo de prática de monitoramento e controle de projetos é a Análise de Valor Agregado. Na Análise de Valor Agregado, o desempenho da equipe é avaliado, gerando indicadores de performance que permitem estudar a tendência futura de uma variável (KERZNER, 2009). Algo como se continuarmos com essa performance teremos um aumento de 5% no custo global do projeto. Alguns dos indicadores da análise de valor agregado e outras análises de monitoramento e controle de projetos podem ser agrupados em um painel gerencial dos projetos da organização. Esse painel, formado pela carteira de projetos, ou o portfólio de projetos em execução, pode apresentar a avaliação dos indicadores de cada projeto e a tendência futura dos mesmos. O valor agregado é a medida do trabalho realizado, expressa em termos do trabalho orçado para determinado trabalho. Por exemplo, uma atividade tinha orçamento previsto de R$ 100,00, foi executada 50% da tarefa, logo o valor agregado da atividade é de R$ 50,00, independente do que foi gasto realmente. A análise de valor agregado é uma excelente técnica que permite analisar o desempenho do projeto, quanto ao seu prazo e ao seu custo, utilizada em larga escala em projetos. Para se aprofundar no assunto, consulte o Guia PMBOK®(PMI, 2013, p. 217). saiba mais Pós-Universo 25 Ao analisar a atuação dos gerentes de projetos, Maximiano (2007) identificou suas responsabilidades como: planejador, organizador, administrador de pessoas, administrador de interfaces, administrador de tecnologia, implementador e formulador de métodos. Essa visão nos leva a acreditar que o gerente de projetos possui papéis variados, mas sem dúvida traz uma enorme contribuição para que as organizações atinjam seus resultados. • Os gerentes de projetos aprendem mais sobre práticas de planejamento e controle, pois estão sempre planejando, controlando e aprendendo com suas tentativas e erros em vários projetos. • Na medida em que as empresas adquirem maturidade no gerenciamento de projetos, benefícios como a realização de mais trabalho em menos tempo e com menos recursos se torna facilmente perceptível. • Profissionais experientes em gerenciamento de projetos tendem ainda a utilizar as práticas de gerenciamento de riscos com mais naturalidade. • Dominar a arte de executar projetos se tornou uma das necessidades de sobrevivência e progresso da empresa moderna. quadro resumo Pós-Universo 26 Quando você decidiu buscar mais conhecimentos em gerenciamento de projetos, certamente deve ter pesquisado várias opções de cursos avaliando cursos de curta duração, workshops, cursos de pós-graduação e outros. Acredito que você deve ter encontrado em sua pesquisa treinamentos com temas como práticas para elaboração de cronogramas, orçamentos, análises de riscos e outros processos e planos importantes para planejar um projeto. Talvez tenha percebido que muitos cursos possuem ênfase em teoria e prática para planejar o projeto, certo? De certa forma, isso decorre pelo fato de que “o principal papel do gerente de projetos é o de planejador” (MAXIMIANO, 2007). Mas depois de elaborar um bom plano, é preciso saber como executar o trabalho, como fazer isso? Processos de execução de projetos são tão importantes quanto os processos de planejamento. São processos de execução que organizam e gerenciam equipes, a comunicação, as aquisições, o envolvimento das pessoas e vários outros aspectos necessários para concluir o trabalho planejado do projeto. Processos de execução são os “processos de coordenação de recursos físicos (pessoas, materiais e equipamentos) executando o que foi planejado de forma a atender às especificações do projeto” (XAVIER, 2009). PROCESSOS DE EXECUÇÃO DE PROJETOS Pós-Universo 27 Com funções de gerente de projetos, você, obviamente, dedicará boa parte do seu tempo nos processos de execução de projetos. Para Archibald e Prado (2011), a principal responsabilidade do gerente do projeto é fazer com que o projeto seja bem-sucedido, para isso, ele deve: produzir o produto ou serviço do projeto, atingir objetivos de lucro, alertar a alta administração sobre o andamento do projeto, tomar decisões, negociar recursos com os departamentos da empresa e outras ações. E se você está iniciando sua carreira recentemente em uma posição de gerência ou liderança de projetos, certamente perceberá que a elaboração dos planos do projeto é apenas uma pequena parte para obter sucesso nesse trabalho. Durante a execução, não estranhe se tiver a sensação de que um dia se passou e a única coisa que fez foi resolver problemas de outras pessoas. Provavelmente, a maioria dos seus dias será assim. A ênfase do gerente de projetos está em fazer com que as coisas aconteçam e, para isso, é necessário ajustar demandas conflitantes, analisando interfaces, atendendo pedidos de diferentes profissionais e outras ações ligadas à integração do projeto. Para realizar a integração do projeto, boa parte do tempo do gerente de projetos é gasto na comunicação. Projetos são executados por comunicação (KERZNER, 2009). O gerente de projetos, pela própria natureza do trabalho, desenvolve um papel de líder, e cabe ao líder assegurar que os membros de um time de trabalho estão trocando informações de maneira adequada. O que é exatamente executar o projeto? Fonte: o autor. reflita Para Newton (2011), há cinco aspectos que o gerente de projetos deve estar atento: • O tempo que o projeto está levando para ser entregue; • Os recursos que estão sendo usados para as entregas; • A qualidade do trabalho feito e das entregas produzidas; • O escopo e o resultado; • O cliente. Pós-Universo 28 O autor explica que o tempo é mensurado em relação ao plano do projeto; os recursos devem ser monitorados em homem-hora, pois uma entrega ineficaz é tão falha como uma entrega atrasada; a qualidade envolve principalmente observar se os produtos atendem à finalidade para a qual era a especificação; o escopo inclui a análise de uma visão ampla avaliando se as entregas ainda são relevantes para o resultado final desejado; e, quanto ao cliente, se deve monitorar constantemente suas expectativas (NEWTON, 2011). Nos processos de execução de projetos é que a visão ou o sonho do projeto é transformada em realidade. São processos-chave para que o projeto possa entregar seus resultados. O Guia PMBOK® destaca oito processos gerenciais no grupo de processos de execução de projetos (PMI, 2013). A partir desses processos, iremos compreender melhor as ações necessárias para a implementação do projeto: • Orientar e gerenciar o trabalho do projeto; • Realizar a garantia da qualidade; • Mobilizar a equipe do projeto; • Desenvolver a equipe do projeto; • Gerenciar a equipe do projeto; • Gerenciar as comunicações; • Conduzir as aquisições; • Gerenciar o engajamento das partes interessadas. Como você sabe, diferente das operações continuadas, em que as etapas do ciclo do processo produtivo são repetidas várias e várias vezes, nos projetos, várias atividades são realizadas uma única vez no projeto. Existem muitas interfaces a ajustar. Por isso, os estudos de cada passo a ser dado precisam ser avaliados e a equipe precisa ser constantemente orientada para que consiga desenvolver as atividades do projeto. Pós-Universo 29 Em uma operação continuada, a partir do momento em que o profissional aprende sua tarefa, é possível que ele passe muito tempo sem precisar de um contato com seu supervisor para entender o que precisa ser feito. No projeto, a orientação precisa ser constante. Em geral, o profissional compreende claramente as técnicas para realizar a atividade, mas precisa ter segurança do que exatamente será entregue e de como sua atividade irá interagir com as demais. Para orientar o trabalho, o gerente de projetos e sua equipe precisam recorrer aos documentos do plano do gerenciamento do projeto e documentos técnicos que contêm requisitos e outras especificações dos produtos ou serviços a serem desenvolvidos. Assim, como gerente de projetos, você deve se antecipar aos potenciais desafios do projeto, analisando constantemente o plano de projeto e demais documentos para ter segurança que as coisas acontecerão da melhor maneira possível. Você deverá cobrar dos responsáveis pelo desenvolvimento dos documentos de requisitos e especificações para que os mesmos estejam prontos no devido tempo. Informações e materiais precisarão estar disponíveis no momento esperado. Não existe projeto que não possua algum tipo de problema, pela sua própria natureza. Mas, em um mundo ideal, deveríamos ter todas as especificações do projeto prontas antes da sua execução e todas as interfaces dos sistemas avaliadas, com as etapas de execução planejadas. Embora saibamos que isso não é totalmente possível, é o que desejamos e sempre devemos buscar. Vamos pensar em um exemplo desse contexto. Não deve ser papel do engenheiro da obra decidir sobre como ajustar elementos estruturais com outros sistemas prediais durante a execução. O papel do engenheiro deveria ser administrar a execução, pois os projetos já deveriam estar prontos e disponíveis antes do início da obra.Como líder e principal responsável pelos resultados do projeto, você deverá defender sua equipe e, principalmente, assegurar que existem boas condições para sua equipe trabalhar. Pós-Universo 30 Dar boas condições de trabalho tem início quando mobilizamos a equipe do projeto, transformamos a equipe em um time, administramos conflitos, oferecemos materiais, equipamentos e informações. Tenha em mente que essas coisas se repetirão várias e várias vezes no projeto. Você não irá mobilizar toda a equipe para depois iniciar o trabalho. Pessoas entram e saem do projeto constantemente e cabe a você, como gerente de projetos, estar atento(a) para que o grupo atue efetivamente como um time, trocando informações e mantendo o foco nas entregas do projeto. Não espere que a equipe improvise em campo, sem informações, com falta de materiais ou de equipamentos, pois isso possibilita que falhas e acidentes ocorram. Eventuais falhas nas condições de trabalho podem ainda influenciar a motivação das equipes. A execução do projeto é realizada por pessoas. São pessoas! As compras de materiais não acontecem sozinhas, o desenvolvimento dos sistemas não surge do nada. São as pessoas que fazem o projeto acontecer. Por isso, é preciso estar atento às condições de trabalho e, em especial, ao clima da equipe de projetos para que exista um ambiente no qual a equipe consiga estar motivada para entregar os resultados desejados do projeto, tendo um desempenho eficaz em suas atividades. Shenhar e Dvir (2010) destacam que o gerenciamento de projetos não é algo linear a previsível. É situacional, contextual e não um conjunto de regras que se possa aplicar universalmente para todos os projetos. Os autores recomendam que o plano de projeto possua três níveis: • Um plano mestre, que lista os principais marcos e a visão geral do projeto; • Uma série de planos de médio prazo, usualmente com horizonte de planejamento de poucos meses; • Um plano de trabalho detalhado, atualizado constantemente, definindo as atividades de cada membro da equipe. Pós-Universo 31 Nesse contexto, para a execução do projeto, o gerente do projeto precisará analisar a visão do projeto como um todo e transformar essa visão em um plano semanal ou diário de atividades. Estabeleça uma rotina de reunir os principais técnicos e membros da equipe de gerenciamento para detalhar o planejamento de curto prazo. Por exemplo, em um projeto de 24 meses, uma vez por semana, se faz uma reunião para estudar as atividades das próximas cinco semanas e uma vez por mês se faz uma reunião para estudar as atividades dos próximos quatro ou seis meses. Essa rotina faz com que o gerente tenha mais informações úteis para transformar a visão de longo prazo do plano do projeto em uma programação de curto prazo. Ao estudar os documentos relacionados aos projetos, tenha uma atenção especial com os processos de aquisições. Isso inclui a compra de insumos, aquisição ou locação de máquinas e equipamentos e contratação de serviços. Em muitos casos, os cronogramas de projetos possuem foco nas transformações físicas que serão executadas, mas possuem poucos subsídios para avaliar as atividades de suporte e de preparação para que as coisas aconteçam. Por exemplo, em um plano de projetos para construção de um edifício, a atividade construir paredes está sempre presente, mas raramente existe no cronograma a atividade comprar tijolos e outros insumos ou contratar a equipe. Você já sabe que ter informação disponível é fator-chave para a tomada de decisão e o compartilhamento de informações é a base para transformar uma equipe em um time de alto desempenho. Como gerente de projetos, é interessante incluir na rotina da equipe reuniões frequentes, rápidas e objetivas. Há casos em que membros da equipe sentem dificuldade em fazer seu trabalho por falta de acesso aos seus supervisores. Luecke (2010) alerta para a importância do compartilhamento das informações entre os membros da equipe. Nesse aspecto, o autor sugere observar: • Se os membros da equipe estão dando voluntariamente todas as informações relevantes aos demais; • Se alguma informação está sendo sonegada; • Se as informações recebidas pela equipe são válidas e oportunas; • Se as demais unidades da organização estão entregando as informações que a equipe precisa para fazer seu trabalho. Pós-Universo 32 Saiba que durante a execução do projeto o gerente de projetos é constantemente solicitado para prestar informações sobre o desempenho do trabalho. Por isso, é importante estabelecer na rotina de execução do projeto ações que fazem parte dos processos de monitoramento e controle do projeto. A produtividade das equipes precisa ser constantemente avaliada visando dar suporte aos processos de monitoramento e controle. As ações de monitoramento e controle podem interferir na produtividade das equipes e, consequentemente, criar restrições para a execução do projeto. Além disso, é preciso considerar as variações de desempenho na produtividade conforme o ciclo de desenvolvimento da tarefa. No início da atividade, há uma tendência de melhor produtividade que deverá melhorar na medida em que o profissional vai se ambientando com suas tarefas. Durante a execução do projeto, o gerente de projetos terá contato com várias pessoas pouco familiarizadas com as características do ambiente de projetos. Mesmo em organizações que possuem projetos formais, é comum que alguns colaboradores da empresa e mesmo membros das equipes de projetos tenham dificuldade para entender as razões pelas quais algumas atividades precisam ser realizadas de forma diferenciada no ambiente de projetos. Nem sempre um comprador ou um advogado da organização compreende as particularidades do ambiente de projetos. Como se sabe, os envolvidos constantemente precisarão negociar e avaliar questões não previstas incialmente e conduzir processos de análises de mudanças. Na prática, nem o escopo do projeto nem seus detalhes permanecem estáticos, e a resposta para isso não é rejeitar as mudanças, mas gerenciar (NEWTON, 2011). Nesse aspecto, durante a execução do projeto, é preciso garantir que existe um engajamento adequado entre os envolvidos. É responsabilidade do gerente de projetos, com apoio de sua equipe, assegurar que existe o engajamento adequado entre as partes interessadas do projeto. O gerente de projetos precisará organizar várias atividades formais e informar visando manter, ampliar ou reduzir o envolvimento de uma ou outra parte interessada. Muitos riscos do projeto estão relacionados com o baixo envolvimento de alguns profissionais no momento adequado dos projetos. Pós-Universo 33 Por exemplo, imagine que sua indústria está construindo uma nova planta industrial e um dos principais equipamentos será importado da China. Se as decisões de projeto, incluindo layout da fábrica e infraestrutura, forem tomadas sem o envolvimento do engenheiro de segurança do trabalho, é possível que corredores estreitos ou posicionamento inadequado de sistemas de combate a incêndio façam com que o corpo de bombeiros não aprove a operação. Portanto, durante a execução do projeto, esteja atento(a) para envolver profissionais de diversas áreas de conhecimento na tomada de decisão. Muitos projetos, principalmente de pequena complexidade, não consideram consultar um advogado para analisar os planos. Obviamente, a contratação de mão de obra, de terceiros e de fornecedores possui relação direta com a execução do projeto. E, caso os termos do contrato não estejam bem elaborados, há o risco de que problemas de execução de contratos venham futuramente a criar entraves e até a inviabilizar a continuidade do projeto. Nesse contexto, o gerente de projetos deve assegurar que os processos de contratação estão sendo realizados rigorosamente de acordo com as diretrizes do plano de gerenciamento do projeto e constantemente consultarprofissionais qualificados para realizar a análise de processos. O gerente de projetos deve estar atento com os detalhes dos contratos, tais como: descrição do objeto do contrato, critérios de medição, condições das multas, documentos legais, ajustes econômicos e vários outros aspectos de forma que o contrato possa ser justo e ao mesmo tempo visando proteger a organização executora dos potenciais problemas de uma relação contratual. Em obras públicas, um termo de referência mal definido, uma especificação pouco detalhada podem atrasar de forma significativa a execução do projeto. O gerente de projetos deve manter o foco da equipe na entrega global do projeto. Alguns ajustes durante a execução acontecem e são necessários para atingir o objetivo global do projeto. O foco das ações em um primeiro plano sempre deve ser o produto final do projeto, e depois, em detalhes intermediários. Para ajudar a manter o foco da equipe do projeto, o gerente de projetos precisará negar muitas solicitações das partes interessadas. Em certos casos, algumas mudanças de escopo de produto precisam ser deixadas para depois. Além disso, os membros das equipes de projetos precisam ter essa visão do foco no resultado final do projeto de forma a estarem constantemente se ajudando, mesmo que, para isso, eventualmente seja necessário realizar ou apoiar o desenvolvimento de alguma atividade inicialmente atribuída para outros profissionais ou departamento das organizações. Pós-Universo 34 Lembrando a característica de elaboração progressiva dos projetos, tenha em mente que não existe uma etapa de planejamento e uma etapa de execução. Existem processos de execução, tais processos serão realizados simultaneamente aos processos de planejamento de projetos. Assim, o gerente de projetos e sua equipe realiza um esforço inicial grande nos processos de planejamento, após certa maturidade dos planos, os processos de execução são iniciados enquanto o planejamento continuamente vai sendo desenvolvido. Maximiano (2007) observa que os processos de planejamento e execução se sobrepõem. O gerente de projetos deve assegurar que possui a equipe certa e as condições adequadas para realizar o trabalho. Manter a combinação certa de pessoas no projeto e remover aquelas que não estão agregando valor é essencial (NEWTON, 2011). Em questões que envolvam decisões nas quais o gerente de projetos tenha dificuldade para solucionar por não possuir o poder desejado, o gerente de projetos precisará buscar o apoio dos altos executivos da organização, especificamente, do patrocinador do projeto. O gerente de projetos deve trabalhar para que o patrocinador do projeto tenha um nível de participação adequado. Um executivo muito presente pode atrapalhar o andamento do projeto, no outro extremo, um executivo ausente pode fazer com que questões importantes fiquem esperando muito tempo a solução e isso pode impactar não apenas as entregas do projeto, mas também o clima do trabalho. Para cada etapa ou cada questão a resolver, o gerente deve se certificar se as atividades estão bem compreendidas, se os riscos foram avaliados, se possui a equipe certa para executar o trabalho, se materiais e informações estarão disponíveis no momento certo. Novamente observe que os processos de execução do gerente estão fortemente ligados a atividades de planejamento, pois a rotina do gerente envolve o planejamento. A equipe possui a responsabilidade de organizar o trabalho em seu nível de execução, buscar e passar informações ao gerente de projeto constantemente, colaborando para que o gerente possa antecipar os possíveis problemas e atuar com antecedência. Lembre que a equipe é qualquer pessoa que possui responsabilidade de desenvolver alguma atividade do projeto. Pós-Universo 35 Durante as obras de expansão no aeroporto de Guarulhos, o Exército Brasileiro conseguiu economizar cerca de R$ 7 milhões, além de realizar as entregas antes do prazo. Segundo o Coronel Teixeira, durante a execução da obra, identificou-se que várias atividades não seriam necessárias e, com isso, conseguiram gerar uma grande economia financeira. Além disso, o exército aperfeiçoou o conhecimento técnico em gerenciamento de projetos, o que permitiu gerenciar os projetos de grande escala com mais eficiência. Assista a reportagem completa no canal oficial do Exército Brasileiro, no link disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=rOcgqRua978>. Acesso em: 25 abr. 2016. fatos e dados • O papel do gerente de projetos vai além do planejar, mas muitos cursos enfatizam apenas a elaboração de planos. • Na execução, o gerente irá ajustar demandas conflitantes, analisar interfaces e atender diferentes tipos de pedidos. • Cabe ao gerente de projetos assegurar que a equipe troque informações adequadamente. • Existem oito processos para executar o projeto. Orientar e gerenciar o trabalho do projeto é um deles. • Projeto é executado por pessoas, assim, três processos de execução se relacionam diretamente à equipe: mobilizar, desenvolver e gerenciar a equipe do projeto. • Além da equipe, há outras partes interessadas no projeto, um processo de execução envolve engajar as partes interessadas do projeto. • Gerenciar as comunicações é outro processo de execução. • Por fim, conduzir as aquisições e realizar a garantia da qualidade completam os oito processos de execução do projeto. • Projeto não é algo linear e previsível, o planejamento é elaborado progressivamente, ao longo da implantação do projeto. quadro resumo Pós-Universo 36 Como principal responsável pelas entregas do projeto, o gerente de projetos precisa saber o que está acontecendo, por isso, monitorar e controlar o trabalho é uma tarefa fundamental para que ele cumpra sua função. Como você sabe, todo projeto possui incertezas devido à natureza dos projetos que são trabalhos únicos e exclusivos. É praticamente impossível saber se uma atividade será realizada exatamente como o planejado antes de sua conclusão, por exemplo, como você pode ter certeza de que conseguiria ler um texto em dez minutos antes de concluir a leitura? O conteúdo do texto pode ser mais complexo do que imaginou inicialmente, o telefone pode tocar desviando sua atenção para assuntos completamente diferentes. Vários tipos de eventos que não estão sob seu controle podem diminuir a produtividade da sua leitura. Assim também ocorre nos projetos, temos vários eventos que não controlamos que interferem em nosso desempenho e temos ainda recursos ou atividades que até podem estar sob nossa gestão, porém, por alguma razão, não apresentam os resultados previstos inicialmente. MONITORAMENTO E CONTROLE DE PROJETOS Pós-Universo 37 Não podemos prever mudanças econômicas, faltas dos membros da equipe, mudanças no quadro de empregados em nossa organização, materiais e equipamentos que não atendem às especificações, dificuldades de integração das partes do projeto ou tantas outras situações que podem ocorrer e levando a um desempenho das atividades ou resultados do projeto diferentes do planejado. Além disso, as partes interessadas do projeto, em especial o cliente final e o patrocinador, podem mudar de opinião modificando os requisitos iniciais ou critérios de sucesso das entregas do projeto. Esse tipo de contexto é bastante usual nos projetos. Segundo o Guia PMBOK®, os processos de monitoramento e controle são “os processos exigidos para acompanhar, analisar e controlar o progresso e o desempenho do projeto, identificar quaisquer áreas nas quais serão necessárias mudanças no plano, e iniciar as mudanças correspondentes” (PMI, 2013, p. 49). E qual o seu papel como gerente de projetos? Você já deve ter em mente que o gerente de projetos é o principal responsável por atingir os objetivos do projeto. Ou seja, o gerente de projetos é quem tem a responsabilidade de organizar o trabalho de forma a assegurar os melhores resultadose, por consequência, o sucesso do projeto. Como gerente de projetos, você deverá prever os tipos de controle a serem realizados no projeto. Shenhar e Dvir (2010) alertam para o fato de que a maioria dos problemas de projetos não é técnica, mas sim gerencial. Os autores enfatizam que quando os erros técnicos causam o fracasso do projeto geralmente é porque a gerência não usou um sistema correto para detectar os erros em tempo. É necessário que o gerente de projetos tenha informações sobre as condições de trabalho do projeto e o desempenho das atividades. Para tanto, obviamente, é importante compreender o que é controle. Para Kerzner (2009), o controle passa por um processo de três passos: monitorar, avaliar e corrigir. Primeiramente, vamos tratar do monitoramento. Monitorar é observar os eventos e as condições gerais nas quais as atividades do projeto são executadas. No monitoramento, não há ação associada para tentar mudar os rumos do que está acontecendo, o processo de monitoramento está fortemente relacionado a uma simples observação, a ter um diagnóstico dos fatos e saber como estão as coisas. Para que os envolvidos tenham ciência disso, usualmente algum tipo de registro é necessário. Pós-Universo 38 O registro pressupõe a criação de um ou mais documentos para formalizar uma observação. Registrar é documentar os fatos. O registro pode ser um filme, uma fotografia, uma gravação, anotação ou outra forma de assegurar que o histórico do projeto está sendo documentado e poderá ser consultado posteriormente. O registro é realizado para permitir que os fatos possam ser estudados se necessário. Os registros são também importantes entradas para realizarmos as lições aprendidas dos projetos, são anotações que futuramente irão subsidiar melhores estimativas nos planos de novas atividades ou novos projetos. Ao realizar o monitoramento ou registros, alguns desvios em relação ao plano poderão ser identificados. Caso isso ocorra, algumas ações podem ser necessárias para corrigir tais desvios. O controle é uma ação realizada quando se observa esse desvio, para que se possa tomar um caminho que ajuste novamente as ações de trabalho de forma a atingirmos os objetivos do projeto. O controle é uma ação ou decisão após a observação de uma diferença entre o planejado e o realizado. Resumidamente, podemos afirmar que o monitoramento é a observação dos fatos; o registro é a documentação dos fatos; e o controle é a ação para recolocar o projeto nos trilhos. Shenhar e Dvir (2010) enfatizam a importância de gerenciar projetos de maneira flexível e adaptável, neste contexto, o resultado do controle é uma identificação de mudanças e um ajuste no acordo entre os envolvidos. Mas quando o gerente de projetos ou sua equipe realizam o monitoramento e controle? Podemos classificar o controle segundo o momento em que é realizado. É possível classificar essas ações como três diferentes tipos: em tempo real, intermitente e posterior. O monitoramento e controle em tempo real ocorrem continuamente ao longo do trabalho do projeto. Faça aqui uma analogia com dirigir um carro: ao dirigir, o controle sobre os desvios do veículo é realizado constantemente. O controle intermitente é realizado em intervalos de tempo regulares, por exemplo, semanalmente ou mensalmente. Um exemplo é realizar reuniões periódicas para análise de um relatório de desempenho. O terceiro tipo é o controle posterior, realizado após a entrega dos projetos. Imagine que dois anos após entregar a construção de um laboratório de pesquisas os responsáveis avaliam as condições de operação do laboratório ou os benefícios que estão sendo gerados. Pós-Universo 39 Rabechini Jr. (2011) avalia aspectos do gerenciamento do projeto para evitar conflitos e sugere algumas ações: • Criação de um sistema de informação transparente e acessível; • Estabelecimento de papéis e da responsabilidade das várias equipes de projetos; • Realização de reuniões de revisão e acompanhamento de projetos; • Estabelecimento de normas e procedimentos gerenciais; • Desenvolvimento de processo de gerenciamento dos riscos do projeto, entre outras ações. Quais desvios ou mudanças em relação ao planejado podem ocorrer em cada área de conhecimento e quais controles realizar? Fonte: o autor. reflita Para compreender a realidade de um projeto, você sempre pode tentar analisar as questões relembrando as áreas de conhecimento em gerenciamento de projetos propostas no Guia PMBOK®. Vamos pensar um pouco sobre o controle do escopo do projeto como exemplo de análise? O escopo do projeto define as entregas do projeto e estabelece o trabalho necessário para desenvolver tais entregas. Ou seja, o escopo define “como” as coisas serão realizadas. É natural que o cliente mude de opinião ao longo do projeto, pois o cliente aprende sobre o projeto somente após o seu início. Por exemplo, na construção de uma casa, após o início das obras, o cliente pode ter contato com um fornecedor de um piso especial que permite absorção de água e decide colocar esse piso em sua casa. Assim, será necessário contratar outra equipe, preparar o terreno conforme a nova especificação de piso, envolvendo possivelmente mais fornecedores, e outras mudanças podem vir a ser necessárias. Além disso, o cliente pode não aprovar o resultado da aplicação de um item no qual ele havia escolhido, por exemplo, o cliente pode achar que o ambiente de uma sala não ficou como esperado, pois a pintura possui uma tonalidade diferente do que ele imaginara. Pós-Universo 40 Outra questão relacionada ao escopo é a ampliação do escopo ao longo do projeto. É muito comum que o cliente comece a perceber oportunidades de fazer inclusões no projeto. Por exemplo, após iniciar a reforma de uma cozinha, o cliente acaba decidindo reformar também a lavanderia. Essa ampliação do escopo do produto afeta completamente o projeto. Meredith e Mantel (2012) apresentam algumas causas que requerem o controle do escopo: • Problemas técnicos inesperados; • Dificuldades técnicas insuperáveis; • Cliente altera especificações; • Incompatibilidades em interfaces; • Mudanças do mercado. E quanto ao cronograma do projeto, que desvios ou mudanças podem ser realizados? Imagine que sua equipe está desenvolvendo um novo tipo de embalagem para uma loja de roupas. Considere que, por alguma razão, surgiu a oportunidade de a loja mostrar seus produtos em um evento. A diretoria da empresa pede para que você antecipe a entrega da proposta da nova embalagem visando aproveitar a oportunidade da feira. Outros projetos também podem influenciar o projeto em que está trabalhando. Considere que na próxima semana será iniciada uma atividade crítica do seu projeto, mas a equipe que irá executá-la precisou ir emergencialmente para outra cidade devido a um acidente em uma fábrica e deverá passar essa semana lá. Assim, será necessário reorganizar a programação do seu projeto devido aos eventos externos ao projeto. O cronograma também pode ser afetado por novas demandas de prazos. Imagine que algum visitante especial estará na cidade, como uma autoridade civil, política ou o presidente de sua grande empresa. Essa visita não programada pode gerar uma nova restrição de prazo ao projeto para que alguma entrega ou o projeto como um todo seja concluído antes da data da visita. Pós-Universo 41 Imprevistos podem ocorrer em qualquer tempo e afetar diferentes áreas dos projetos. Como nas situações descritas anteriormente, quando essas eventualidades ocorrem, é comum precisarmos mudar o projeto. Nesses casos, surgem as solicitações de mudanças. Tais solicitações podem ocorrer para aproveitar oportunidades, corrigir desvios em relação ao planejado ou solucionar problemas do trabalho. Em outras unidades, vimos que as mudanças nos projetos devem ser submetidas a um processo de aprovação, pois, na grande maioria dos casos,o gerente de projetos não possui total autonomia para aprovar as alterações. O gerente de projetos e sua equipe de gerenciamento avaliam as opções propostas de mudanças quanto aos impactos nas diferentes áreas de conhecimento. Com as opções estudadas, o cliente, o patrocinador ou um comitê de aprovação de mudanças determinam a autorização ou não das mudanças propostas. Esse processo é chamado de controle integrado de mudanças. Quando uma mudança é aprovada, um novo plano é definido, ou seja, existirá uma nova linha de base que irá orientar a execução do projeto. Observe que as alterações não podem ser avaliadas isolando apenas uma área de conhecimento. O processo de integração no controle de mudanças é fundamental. Ao alterar um contrato de um terceiro no projeto, certamente haverá impactos de prazos e custos ou até em outras áreas como recursos humanos ou riscos. O gerente de projetos tem um papel fundamental para auxiliar os demais envolvidos para que percebam os conflitos de interesses ou interfaces do projeto e para esclarecer as consequências das possíveis decisões. Valeriano (2015) observa qualquer necessidade de alteração (requisitos funcionais ou técnicos, custos, prazos, pessoal etc.) assim que identificada tão cedo quanto possível e avaliada de acordo com o processo de controle integrado de mudanças do projeto. Para assegurar a realização dos objetivos e preservar o padrão de desempenho, Maximiano (2007) cita as seguintes ferramentas gerenciais para controlar o projeto: atualização do cronograma e orçamentos, verificação das entregas, visitas às instalações, medições, preparação e análise de documentação, análise do objetivo ou necessidade e registros das reuniões. Uma das práticas bastante difundidas para o monitoramento e controle do projeto é a análise do desempenho do projeto e revisão de estimativas com o uso da Análise de Valor Agregado. Além de tornar mais claro o real desempenho da equipe do projeto, essa análise permite corrigir os prognósticos do futuro do projeto. Pós-Universo 42 Análise de Valor Agregado é uma técnica de avaliação do andamento do projeto e do custo do projeto, que utiliza o valor esperado de uma atividade na data da medição e compara com seu valor real. Para esta análise, são utilizados os valores planejados da atividade (VP), os custos reais da atividade (CR) e o valor agregado (VA). atenção As mudanças do projeto podem ainda ter impactos significativos na motivação da equipe do projeto. O próprio processo de monitoramento e controle pode afetar o moral dos envolvidos e contribuir positivamente ou negativamente para que as pessoas consigam se motivar. As pessoas precisam ser informadas sobre como os processos de monitoramento e controle serão realizados para que possam estar preparadas para colaborar de forma adequada com o desenvolvimento desse trabalho. E não se esqueça de que é importante que os profissionais recebam um feedback sobre o desempenho pessoal e o da equipe para que possa identificar suas próprias falhas ou oportunidades de melhorias. Para Mersino (2009), alguns indivíduos precisam ser cobrados, quando são lembrados dos seus compromissos, eles normalmente trabalham para cumpri-los. O autor também alerta para que o gerente de projetos esteja preparado para trabalhar com pessoas que não estão dispostas a serem cobradas por isso, um acordo sobre metas deve ser negociado, declarando as expectativas das pessoas e publicando as responsabilidades dos membros da equipe. Ou seja, o processo de monitoramento e controle pode ter uma íntima relação com a motivação dos envolvidos e, consequentemente, com o sucesso do projeto. Pós-Universo 43 Quando a empresa possui um escritório de projetos (PMO), essa área da organização usualmente possui responsabilidades ligadas ao processo de monitoramento e controle (KERZNER, 2009). É comum que o escritório de projetos defina a metodologia de monitoramento e controle dos projetos. Outra atividade pertinente é o próprio escritório de projetos estar diretamente envolvido no monitoramento e controle dos projetos, sendo o guardião principal desses processos. O escritório de projetos pode ser visto como um ponto de apoio para que possa realizar uma análise crítica dos planos e trabalhos realizados. Muitas vezes, a equipe desse escritório auxilia o gerente no relacionamento com as partes interessadas, auxilia na identificação e monitoramento dos riscos do projeto atuando diretamente nos processos de monitoramento e controle. Vimos anteriormente que as lições aprendidas são uma grande fonte de informação para os gerentes de projetos, para que possam administrar melhor os projetos. Nesse aspecto, o escritório de projetos também pode contribuir realizando ou apoiando o trabalho de registrar, avaliar e divulgar as lições aprendidas (MEREDITH; MANTEL, 2012). Vale observar que os processos de monitoramento e controle não precisam ser complexos. Quanto mais simplificados forem esses processos, mais aumenta a tendência de que os envolvidos participem e utilizem seus resultados. O uso de controles visuais, como sinalizadores, tendem a trazer bons resultados (FINOCCHIO JR., 2013). Um relatório de status pode trazer sinalizadores coloridos que indicam se algum aspecto do projeto está ou não ocorrendo conforme planejado. Uma tela simples pode resumir a situação de prazos, custos, escopo e riscos do projeto, associando para cada uma dessas áreas de conhecimento um sinalizador verde (indicando que as coisas estão indo bem ou estão conforme o planejado), amarelo (indicando algum ponto de atenção) ou vermelho (quando a situação está crítica ou fora do controle) (TERRIBILI FILHO, 2010). A Figura 20 ilustra um relatório de status do projeto. Pós-Universo 44 Projeto: Nova fábrica. Gerente de Projeto: Oliveira. Variável Mês anterior Mês atual Tendência Observação Escopo → Cliente solicitando mudança de requisitos Tempo ↓ Equipe trabalhando em vários projetos Custo ↑ - Riscos ↑ Atividades com riscos de maior impacto negativo já realizadas sem complicações Legenda Conforme planejado ↑ melhorar Atenção → continuar como está Crítico ↓ piorar Figura 20 - Relatório de status Fonte: o autor. A análise dos indicadores de desempenho do projeto pode fazer com que uma mudança seja solicitada. Ao observar o baixo desempenho de um time de trabalho, o gerente de projetos pode sugerir a criação de um treinamento. A inclusão desse treinamento no projeto leva a uma mudança do escopo do projeto, um novo trabalho foi considerado necessário para entregar o projeto: o treinamento. Essa nova ação afetará não apenas o escopo do projeto, irá afetar os prazos, pois teremos novas atividades, os custos, novos riscos serão avaliados e outras dimensões do projeto podem ser afetadas. Tudo isso nos leva a concluir ainda que não é possível controlar apenas uma área de conhecimento por vez. Quando existe uma necessidade de mudança qualquer, todas as demais áreas de conhecimento poderão ser afetadas. Assim, é necessário realizar o controle integrado de mudanças. Vários aspectos precisam ser analisados. É comum que as empresas possuam um fluxo decisório para aprovação de mudanças definido previamente para formalizar as alterações. Pós-Universo 45 Nesta unidade, você percebeu a importância dos processos de monitoramento e controle para o desempenho do projeto, não? Tais processos são tão importantes quanto qualquer outro processo do projeto. Da mesma forma que é praticamente impossível ter um desempenho de excelência ao dirigir um carro sem o painel, é um desafio similar administrar o projeto sem os processos de monitoramento e controle. Em um projeto, será necessário demonstrar o avanço do projeto de tempos em tempos. Um projeto longo não precisa ter medições semanalmente, mas um projeto curto, de 6 meses, por exemplo, fazer uma medição mensal poderá trazer desvios que não
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