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Estado e Sociedade

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Prévia do material em texto

ESTADO E SOCIEDADE
Professor: Afrânio de Oliveira Silva
Dados Pessoais
Nome: _________________________________________________________
Turma:____________ Matrícula:__________ Curso: __________________
Endereço: _____________________________________________________
Cidade: _____________________________________ UF: _______________
CEP: ________________ Telefone: _________________________________
E-mail: ________________________________________________________
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI 
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro 
Benedito - Cx. P. 191 - 89.130-000 
INDAIAL/SC - Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-
9090 - www.uniasselvipos.com.br
Programa de Pós-Graduação EAD
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel
Equipe Multidisciplinar da 
Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz
 Prof.ª Cláudia Regina Pinto Michelli
 Prof. Ivan Tesck
 Prof.ª Kelly Luana Molinari Corrêa
Revisão de Conteúdo: Delaine Martins Consta
Revisão Gramatical: Iara de Oliveira
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
 320
 S586e Silva, Afrânio de Oliveira.
 Estado e Sociedade /
 Afrânio de Oliveira Silva..
 Centro Universitário Leonardo da Vinci. 
 Indaial : Grupo UNIASSELVI, 2012. 
 112 p. : il.
 ISBN 978-85-7830-613-7
1. Ciência Política I. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
Copyright © UNIASSELVI 2012
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
PARCERIA ENTRE
IBAM E UNIASSELVI
No momento atual, em todos os países, em qualquer instância de governo, 
observa-se um movimento de revisão do papel do Estado, somado à exigência 
das populações por atuação governamental de qualidade. Esta tendência conduz 
à demanda expressiva para que se consolide a existência e o funcionamento de 
um sistema qualificado de Gestão para a implementação de políticas públicas. 
A institucionalização dos processos de gestão e a profissionalização dos 
servidores públicos passam a ser instrumentos estratégicos para alavancar 
condições de melhor execução de atividades e projetos, bem como dos meios de 
controle necessários para avaliação de resultados da atuação governamental. 
Inúmeras iniciativas são implementadas para dar consistência a este 
modelo de gestão governamental que se apoia na valorização da transparência, 
da participação e do controle social, que não podem existir sem instrumentos 
adequados e pessoas qualificadas. É neste contexto que se forma a parceria do 
IBAM com a UNIASSELVI. 
Aprimorar o sistema de gestão pública, apoiar a formação de profissionais 
que queiram ser ou já são do quadro do setor público e ampliar a informação 
para o cidadão sobre como deve funcionar o governo são os propósitos iniciais 
do MBA em Gestão Pública que passa a integrar o programa de pós-graduação 
da UNIASSELVI. A equipe de Professores Autores que o compõe se destaca pelo 
desempenho profissional em projetos da Administração Pública e como docentes 
universitários.
A experiência da UNIASSELVI em processos educacionais em nível superior, 
aliada à do IBAM, que há 60 anos atua, em nível nacional e internacional, para 
o aprimoramento da administração pública, é composição de excelência para 
enriquecer o cenário que se quer alcançar. 
O IBAM e a UNIASSELVI desejam a todos os participantes uma boa jornada 
de estudos. Aos que se dirigem ao setor público, que consolidem sua formação; 
e, aos demais, que ampliem o nível de informação sobre governo e aprendam a 
articular-se com ele como cidadãos.
Paulo Timm
Superintendente Geral do Instituto 
Brasileiro de Administração Municipal – IBAM
Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Pró-Reitor de Pós-Graduação a Distância
UNIASSELVI
Afrânio de Oliveira Silva
Possui graduação em Ciências Sociais 
pela PUC-RIO, mestrado em Ciência Política 
pela UFRJ, doutorando no CPDA/UFRRJ 
e é Doutor em Ciências Sociais. Atualmente 
é assessor técnico do Instituto Brasileiro de 
Administração Municipal – IBAM e professor. Área de 
atuação: Ciência Política, estrutura e transformação 
do Estado, gestão pública e políticas pública. 
Publicações: Cooperação federativa & política 
pública de assistência social: algumas reflexões. 
Fórum Administrativo, 2010. Cadeia Produtiva da 
Economia do Carnaval, 2009, Gênero e Raça no 
Orçamento Municipal: Um Guia para Fazer a 
Diferença, 2006, “A Dinâmica Perversa da 
Violência e seus Efeitos sobre a Cidadania”. 
In: A Utopia da Comunidade, 2002.
Sumário
APRESENTAÇÃO ......................................................................7
CAPÍTuLo 1
o ESTAdo ....................................................................................9
CAPÍTuLo 2
AS ExPLiCAçõES SoCioLógiCAS dE FunCionAmEnTo dA SoCiEdAdE ...29
CAPÍTuLo 3
rELAção ESTAdo E SoCiEdAdE ......................................................45
CAPÍTuLo 4
ESTAdo E SoCiEdAdE no BrASiL ....................................................61
CAPÍTuLo 5
rELAçõES ESTAdo E SoCiEdAdE no BrASiL ConTEmPorânEo ...........87
APrESEnTAção
Caro(a) pós-graduando(a):
O presente texto busca apresentar, de forma sucinta, as principais correntes 
do pensamento político e sociológico que analisaram o Estado e a sociedade. É, 
portanto, um curso eminentemente teórico que exige um empenho reflexivo por 
parte do estudante. 
O texto busca sempre apresentar os principais teóricos de diferentes 
correntes, permitindo uma reflexão mais ampla, bem como um leque maior de 
possibilidades analíticas. O binômio estado-sociedade oferece uma infinidade de 
possibilidades de análises sobre as relações sociais e políticas contemporâneas. 
As teorias e métodos abordados nesse curso não ficaram no passado, pelo 
contrário, o título de clássicos que os autores abordados ganharam nos diz que a 
discussão sobre a relação entre Estado e sociedade é mais atual do que nunca. 
Basta olharmos os assuntos da agenda política do país e do mundo. Tentando 
dar conta da complexidade desses dois fenômenos e suas relações, o texto está 
dividido em cinco capítulos. 
O primeiro capítulo lida com os conceitos básicos da filosofia política e da 
Ciência Política, necessários para a compreensão dos fenômenos relacionados 
ao poder e à política; com os clássicos da Ciência Política e dos principais 
elementos, objetivos e fins do Estado Moderno. 
O segundo capítulo trata dos autores da sociologia e as três abordagens 
clássicas sobre o constituição e funcionamento da sociedade: teoria funcionalista, 
teoria do conflito e sociologia compreensiva. 
O terceiro capítulo destaca as três abordagens da ciência política que 
analisam as relações entre Estado e sociedade: pluralismo, elitismo e marxismo. 
No quarto capítulo é analisada a relação entre Estado e sociedade no 
Brasil, atentando para o processo de formação de ambos e suas especificidades 
derivadas da relação entre espaços público e privado. 
E, por fim, no quinto capítulo estudaremos alguns problemas derivados das 
especificidades das instituições políticas e sociais. 
Em cada capítulo propomos algumas atividades reflexivas, as quais você, 
baseado(a) em uma leitura atenta do texto, poderá responder. No entanto, é 
importante destacar que esse é um texto introdutório, fazendo-se necessário, para 
aquele(a) leitor(a) que busca um maior aprofundamento, uma complementação 
com outras fontes bibliográficas. 
 O autor.
CAPÍTULO 1
o ESTAdo
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você teráos seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 3 Conhecer os elementos constitutivos do Estado Moderno. 
 3 Analisar a evolução histórica do Estado Moderno e suas principais instituições 
políticas. 
10
 Estado e Sociedade
11
O EstadO Capítulo 1 
ConTExTuALizAção
Neste capítulo você encontrará uma abordagem sobre o Estado que 
analisa seus principais elementos constitutivos, destacando sua importância 
para a atual forma de Estado, bem como as diferentes matrizes teóricas que 
tratam de sua criação. Depois estudaremos suas finalidades de acordo com um 
leque diferenciado de matrizes teóricas com o objetivo de mostrar as diferentes 
interpretações sobre o que é responsabilidade do Estado. Por fim, abordaremos 
as principais referências da Ciência Política e suas análises sobre o Estado 
Moderno.
O Estado, como ordem política da sociedade, é conhecido desde a 
Antiguidade, mas nem sempre sob esse rótulo. A pólis dos gregos ou a civitas 
e a res publica dos romanos traduziam a ideia de Estado, especialmente no que 
se refere à personificação do vínculo comunitário, à aderência imediata à ordem 
política e à cidadania.
O Estado é o resultado de uma longa evolução histórica na forma de 
organização do poder. 
Poder: capacidade ou possibilidade de agir, de produzir efeitos 
desejados sobre indivíduos ou grupos mesmo contra sua vontade.
Ele surge com traços mais definidos a partir das transformações políticas e 
sociais do século XVI, devido à desintegração do sistema feudal e ao surgimento 
do mercantilismo. O Estado Moderno nasce, portanto, como um desdobramento 
do Estado absolutista, marcado pelo fortalecimento dos reis e pela centralização 
do poder político.
origEnS, EvoLução E Função do ESTAdo
Dada a complexidade do Estado, é comum a dificuldade de conceituá-lo, 
tendo em vista que ele pode ser abordado sob diversos aspectos, além de ser 
variável quanto à forma por sua própria natureza. Dallari (1998, p. 67), jurista 
brasileiro formado pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, 
procurou imprimir todos os elementos que compõem o Estado em seu conceito: o 
“[...] Estado como a ordem jurídica soberana que tem por fim o bem comum de um 
povo situado em determinado território.” 
12
 Estado e Sociedade
Esse não é o únco conceito de Estado. A matriz marxista, por exemplo, 
entende o Estado como instrumento de dominação de classe, como resultado 
de um processo histórico expresso pelos grupos ou classes de maior poder, 
que institucionalizaram esse poder com a finalidade de garantir o excedente 
econômico. Como disse Engels (apud DALLARI, 1978, p. 120): “E essa instituição 
nasceu. Inventou-se o Estado.”
a) Origens
Para um melhor entendimento sobre a origem do Estado, é importante 
saber que as abordagens podem ser divididas em dois níveis: um cronológico, 
ou seja, a respeito da época do aparecimento do Estado, outro relativo à sua 
justificativa, ou seja, relativo aos motivos que determinaram o surgimento dos 
Estados. Contudo, a noção de Estado que tem sido adotada pelas inúmeras 
correntes teóricas está ligada à sociedade política e aparece pela primeira vez em 
O Príncipe,de Maquiavel, em 1513. 
Na abordagem cronológica do surgimento do Estado, as teorias existentes 
podem ser agrupadas em três posições:
• O Estado sempre existiu, pois desde que o homem surgiu se acha integrado 
numa organização social, dotada de poder e com autoridade para tomar 
decisão vinculatórias para todo o grupo.
• A sociedade humana existiu sem o Estado que, posteriormente, foi criado 
para atender às necessidades dos grupos sociais. Como essas necessidades 
estavam ligadas às necessidades concretas de cada lugar, não houve 
concomitância na formação do Estado.
• O Estado é uma sociedade política dotada de características bem definidas. 
Portanto, o Estado não é um conceito geral válido para todos os tempos e 
localidades, mas é um conceito histórico concreto ligado à ideia de soberania, 
o que só ocorreu no século XVII.
• 
Soberania: O Estado soberano é aquele que tem a posse de 
um território no qual o comando sobre seus habitantes se dá pela 
centralização do poder. Nesse caso, a força se torna um poder 
legítimo e de direito.
13
O EstadO Capítulo 1 
Outro aspecto importante no estudo sobre o surgimento do Estado é o que 
trata da formação originária dos Estados ou de novos Estados a partir de outros 
preexistentes, designada como forma derivada. As teorias da formação originária 
do Estado estão assim divididas: 
• Teorias que afirmam a formação natural ou espontânea do Estado. Essas 
teorias têm em comum a afirmação de que o Estado se formou naturalmente, 
isto é, independeu da ação de indivíduos orientada para esta finalidade.
• Teorias contratualistas que sustentam a formação contratual dos Estados. 
O elemento em comum é a crença em que foi a vontade de alguns/todos os 
seres humanos que levou à criação do Estado.
• 
• 
Contratualistas: Compreende todas as teorias políticas que 
veem a origem da sociedade e o fundamento do poder político num 
contrato, isto é, num acordo tácito ou expresso entre a maioria dos 
indivíduos, acordo que assinalaria o fim do estado natural e o começo 
do estado social e político. (BOBBIO, 1998, p. 272).
No que se refere às causas determinantes do surgimento do Estado, as 
teorias não-contratualistas podem ser divididas em quatro grupos teóricos:
• Origem familial ou patriarcal: tem como núcleo explicativo a família. Segundo 
essa teoria, cada família desde os tempos mais remotos se ampliou dando 
origem a um Estado.
• Origem em atos de força, de violência ou de conquista: um grupo social 
mais forte submeteu os demais grupos, criando uma relação dominantes/
dominados, nascendo o Estado para regular os vencidos.
• Origem em causas econômicas ou patrimoniais: o Estado teria sido formado 
para potencializar os benefícios da divisão do trabalho. Apesar de Platão, em 
A República, ter sugerido essa origem do Estado, é de Marx e Engels a teoria 
de maior repercussão. A Origem da Família, da Propriedade Privada e do 
Estado. O Estado não só perpetuaria a divisão da sociedade em classes, mas 
também o direito da classe proprietária de explorar os não-proprietários.
•	 Origem no desenvolvimento interno da sociedade: o Estado 
é um germe em todas as sociedades. Naquelas sociedades 
14
 Estado e Sociedade
simples e pouco desenvolvidas o Estado não se desenvolve, 
mas nas sociedades mais desenvolvidas e mais complexas o 
Estado se torna uma necessidade. Nessa teoria, é o próprio 
desenvolvimento espontâneo da sociedade que dá origem ao 
Estado, não admitindo qualquer influência externa à sociedade, 
inclusive interesses de indivíduos/grupos.
Atualmente, o processo mais comum de criação de Estados é por formação 
derivada, isto é, a partir de Estados preexistentes. Há dois processos típicos 
opostos, ambos igualmente usados na atualidade, que dão origem a novos 
Estados: o de fracionamento e o da união de Estados. Ocorre o processo de 
fracionamento quando uma parte do território de um Estado se desmembra e 
passa a constituir um novo Estado. Já o processo de união de Estados é marcado 
pela adoção de uma Constituição comum, desaparecendo os Estados que 
aderiram à União, passando a existir apenas um único Estado.
Em síntese, com relação ao momento em que se considera criado um 
novo Estado, não há uma única regra. Entretanto, a maneira mais definida de 
se afirmar sua criação é o reconhecimento pelos demais Estados, conjugando 
todas as características que são comuns aos Estados, bem como agindo com 
independência e mantendo uma ordem jurídica interna.
b) Evolução histórica do Estado
Entender a evolução histórica do Estado significa fixar as formas fundamentais 
que o Estadoadotou durante os séculos. Essa compreensão é fundamental 
para formulação de uma tipificação do Estado, bem como para a descoberta de 
movimentos constantes que possibilitem o estudo das probabilidades quanto ao 
seu futuro.
Apesar das críticas sobre a apresentação cronológica da tipologia do Estado, 
esse será o formato utilizado puramente com propósitos didáticos, que conjuga as 
diferentes épocas da história da Humanidade com as características do Estado 
em cada um desses momentos. Vamos sintetizar as características fundamentais 
do Estado, em suas formas mais diferenciadas, com o propósito de conhecer 
melhor o presente e conjeturar com mais segurança sobre o futuro do Estado. A 
seguir, observe a sequência cronológica adotada por Dallari (1998, p. 34):
15
O EstadO Capítulo 1 
Fonte: Dallari (1998).
 TIPOS DE ESTADOS
Estado Antigo Estado Grego Estado Romano Estado Medieval Estado Moderno
O Estado Antigo, 
Oriental ou Teocrá-
tico refere-se às 
formas de Estado 
mais recuadas no 
tempo, que apenas 
começavam a 
definir-se entre as 
antigas civilizações 
do Oriente propria-
mente dito ou do 
Mediterrâneo. Não 
havia distinção 
aparente entre 
outras instituições, 
como família, 
religião, Estado 
e mercado. No 
entanto, podem-se 
destacar duas 
marcas funda-
mentais dessa 
forma de Estado: a 
natureza unitária e 
a religiosidade. Em 
síntese, o Estado 
Antigo possui uma 
unidade geral sem 
qualquer divisão 
territorial além da 
influência predo-
minante religiosa 
na organização do 
poder político e na 
fixação de normas 
de comportamento.
Não havia um 
Estado único, mas 
várias cidades-es-
tados, que apre-
sentavam caracte-
rísticas comuns. O 
ideal visado era a 
autossuficiência, a 
formação de uma 
cidade comple-
ta, com todos 
os meios de se 
abastecer de forma 
independente. No 
Estado Grego o 
indivíduo tem uma 
posição peculiar. 
Há uma elite, por 
conta de uma 
cidadania restrita a 
uma minoria, que 
compõe a classe 
política, com in-
tensa participação 
nas decisões do 
Estado. No entan-
to, nas relações 
de caráter privado, 
a autonomia da 
vontade individual 
é bastante restrita.
Uma de suas 
peculiaridades é 
a base familiar da 
organização, razão 
pela qual sempre 
se concederam pri-
vilégios especiais 
aos membros das 
famílias patrícias, 
compostas pelos 
descendentes dos 
fundadores do Es-
tado. Dessa forma, 
como no Estado 
Grego, durante 
muitos séculos, o 
povo participava 
diretamente do 
governo, mas 
deve-se considerar 
também apenas 
uma faixa restrita 
da população. Os 
diversos povos 
conquistados pos-
suíam um status 
inferior aos roma-
nos. A noção de 
superioridade dos 
romanos foi a base 
da unidade do 
Estado Romano.
Emerge com as in-
vasões bárbaras e 
a desintegração do 
Estado Romano. 
Os principais ele-
mentos de caracte-
rização do Estado 
Medieval foram: 
cristianismo, as 
invasões bárbaras 
e o feudalismo. O 
cristianismo vai ser 
a base da aspira-
ção à universali-
dade. A estratégia 
de forjar uma 
sociedade política 
via cristianismo, 
conjugada com 
uma diversidade 
étnica e cultural 
introduzida pelas 
invasões bárba-
ras, estimulava a 
concorrência das 
próprias regiões 
invadidas, resul-
tando no apareci-
mento de nume-
rosos Estados. 
Esse quadro de 
instabilidade criou 
o germe do Estado 
Moderno.
As deficiências 
da sociedade 
política medieval 
determinaram as 
características 
fundamentais do 
Estado Moderno. 
Os problemas 
enfrentados pelo 
sistema feudal 
como ampliação 
do número de 
proprietários, as 
altas tributações 
indiscriminadas 
e os altos custos 
de guerra fizeram 
surgir o embrião 
de um novo tipo 
de Estado, com 
a característica 
básica de unidade 
territorial dotada de 
um poder sobera-
no. Era já o Estado 
Moderno, cujas 
marcas fundamen-
tais, desenvolvidas 
espontaneamente, 
foram tornando-se 
mais nítidas com o 
passar do tempo.
16
 Estado e Sociedade
c) Funções do Estado
Tanto na teoria quanto na prática o problema ligado à finalidade do Estado 
é de grande importância, pois para se ter uma ideia completa de Estado é 
imprescindível saber sobre seus fins. O desconhecimento de suas finalidades 
permite que algumas funções importantes, mas que correspondem a uma 
pequena parte do que o Estado deve realizar, sejam tomadas como finalidade 
única, em detrimento das demais.
Em algumas teorias a legitimação das ações do Estado depende de sua 
adequação às finalidades, demonstrando que existe uma estreita relação entre 
os fins do Estado e as funções que ele desempenha. Podemos citar a valorização 
exacerbada das funções econômicas do Estado e a obsessão pela manutenção 
da ordem pública, com prejuízos visíveis à liberdade. Nesses exemplos, a 
preponderância naquelas funções contraria os fins do Estado, dado que a 
liberdade é um dos valores fundamentais do ser humano.
Um primeiro grupo de classificação, de caráter mais geral, é aquele que 
estabelece os fins do Estado como objetivos e subjetivos. No que tange aos 
fins objetivos do Estado há duas ordens de respostas:
• para uns existem fins universais objetivos, ou seja, fins comuns a todos os 
Estados de todos os tempos;
• para outros (os evolucionistas) essa finalidade foi negada com base nos 
seguintes argumentos: os organicistas afirmam o Estado como um fim em 
si mesmo e os mecanicistas sustentam que a vida social é uma sucessão 
de acontecimentos inelutáveis, que não podem ser dirigidos para um fim 
específico.
No que se refere aos fins subjetivos, o importante é a relação entre os 
Estados e os fins individuais, ou seja, os fins do Estado são a síntese dos fins 
individuais. Isso ajuda a entender a multiplicidade de concepções a respeito do 
Estado e de instituições do Estado, vistas não como criação da natureza, mas da 
ação transformadora da vontade humana.
Outro gupo de fins, relacionado à amplitude das ações do Estado, engloba os 
fins expansivos, limitados e relativos. As teorias dos fins expansivos dão grande 
amplitude aos fins do Estado, defendendo o seu crescimento desmesurado de 
forma a anular o indivíduo. Essas teorias podem ser: - utilitárias, quando indicam 
como bem supremo o máximo desenvolvimento material, mesmo com o sacrifício 
de valores fundamentais; - éticas, que preconizam a absoluta supremacia de fins 
éticos.
17
O EstadO Capítulo 1 
Outro grupo de fins, relacionado à amplitude das ações do Estado, engloba 
os fins expansivos, limitados e relativos:
• Teorias dos fins expansivos: defendem o crescimento desmesurado do 
Estato de forma a anular o indivíduo e dividem-se em: 
 – utilitárias: indicam como bem supremo o máximo desenvolvimento 
material, mesmo com o sacrifício de valores fundamentais; 
 – éticas: preconizam a absoluta supremacia de fins éticos.
• Teorias dos fins limitados: postulam a redução ao mínimo das atividades do 
Estado, admitindo a posição de mero vigilante da ordem social, sem nenhuma 
interferência, sobretudo na ordem econômica, tendo como função exclusiva 
proteger a liberdade individual de qualquer interferência seja individual, 
coletiva ou do Estado. 
• Teoria dos fins relativos: critica a formalidade da isonomia e defende que 
deve-se ultrapassar a igualdade jurídica que, apesar de imprescindível, não é 
suficiente, devendo garantir a igualdade de todos os indivíduos nas condições 
iniciais da vida social.
Isonomia: Princípio jurídico que sustenta a igualdade jurídica. 
Dispositivo contido em diversas Constituições, afirma que “todos são 
iguais perante a lei”. 
Em síntese, o Estado tem um fim geral que é constituir-se em um meio 
para que os indivíduos e as demais sociedades possam atingir seus respectivos 
fins particulares. Dessa forma, conclui-se queo fim do Estado é o bem comum, 
entendendo-se por esta expressão os meios e elementos indispensáveis para que 
a população possa satisfazer suas legítimas necessidades. Cabe uma ressalva: 
esse objetivo está circunscrito a uma concepção particular de bem comum para 
cada Estado, bem como às peculiaridades de cada povo.
Como anunciado no início do capítulo, não existe consenso com relação 
ao conceito de Estado. Isso também é válido para seus objetivos. As diferentes 
correntes teóricas que buscaram formatar e legitimar a ação do Estado têm seu 
início nos escritos de Maquiavel e se estendem até hoje. Na próxima seção, 
vamos entender essa justificava e objetivo do Estado a partir dos Clássicos da 
Ciência Política. 
18
 Estado e Sociedade
Clássicos da Ciência Política: “Quando se fala que um 
pensador é um clássico significa que suas ideias permanecem. 
Significa que suas ideias sobreviveram ao seu próprio tempo e, 
embora elaboradas em um passado distante, são recebidas ainda 
hoje como parte constitutiva da nossa atualidade” (WEFFORT, 2000, 
p. 8)
Atividade de Estudos: 
1) Como vimos, são muitas teorias e abordagens sobre um mesmo 
conceito, o Estado. Para sintetizar, construa você mesmo um 
resumo do que foi dito. Qual a principal conclusão a que você 
chega com base no que foi dito?
Quadro resumo - Teorias legitimadoras das ações do Estado
Fins objetivos do Estado Fins subjetivos do Estado
Fins expansivos, limitados e 
relativos do Estado
19
O EstadO Capítulo 1 
niCoLAu mAquiAvEL: o ConCEiTo dE ESTAdo
Você já deve ter ouvido que “[...] os fins justificam os meios”. Vamos agora 
nos deter no contexto em que essa ideia foi gerada, sua relação com a concepção 
de Estado e como nos influenciou até os dias atuais.
O primeiro Clássico da Ciência Política a ser estudado é Nicolau 
Maquiavel (1469-1527). Nascido em Florença (Itália), entrou para a política 
aos 29 anos de idade. Durante seu exílio, que teve início em 1512, com o 
retorno dos Médici ao poder, escreveu suas duas principais obras: Discursos 
sobre a primeira década de Tito Lívio e O príncipe (1979), que, embora 
muito distintas, forneceram as bases para novas concepções políticas, 
principalmente sobre o Estado.
- O Príncipe – Nicolau Maquiavel. São Paulo: Abril Cultural, 1979. 
(Os Pensadores)
- Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio – Nicolau 
Maquiavel. Tradução de MF. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
Maquiavel (1979) contemplou a realidade de seu tempo, uma Itália dividida, 
fragmentada em muitos ducados e principados. Ele buscava explicar a política 
a partir das coisas como elas são, e não como deveriam ser, o que veio a ser 
definido como seu método: verdade efetiva das coisas. Como deve-se olhar 
para o real e não para o ideal, o autor sugere que o Príncipe deveria contar com 
dois elementos para levar o Estado a prosperar: virtú e fortuna.
Virtú é utilizar os meios propostos e necessários para se chegar 
a um fim, sendo capaz de ser flexível às circuntâncias.
Fortuna pode ser entendido como um conjunto de circunstâncias 
que não dependem da vontade dos indivíduos, que se estende 
desde as leis naturais até os acasos e contingências. Portanto, virtú 
e fortuna são conceitos relacionais, pois a virtú está em moldar as 
coisas como melhor interessar ao virtuoso. (MAQUIAVEL, 1979).
20
 Estado e Sociedade
Foram muitas as contribuições do autor para a teoria política 
moderna, mas sua principal contribuição foi o fato de ele separar 
política e moral. A grande inovação do pensamento político de 
Maquiavel é que ele diferencia de modo claro a esfera moral (isto é, 
como o príncipe deve agir para ser virtuoso, “bom”, cívico, honrado) 
da esfera estritamente política, afirmando sua autonomia e prioridade 
diante da primeira. Com esta afirmação, o autor postula uma ética 
própria à vida pública, não podendo ser efetivada a partir da ética 
cristã, claramente direcionada à vida privada. Bem mais tarde, Weber 
(1864-1920) formularia a mesma distinção, denominando a ética 
presente na esfera privada de ética da consciência e aquela presente na esfera 
pública de ética da responsabilidade. 
Maquiavel (1979) afirma que existem algumas virtudes que podem arruinar 
um Estado e vícios que podem salvá-lo, o que, utilizando uma análise moral 
tradicional (cristã), seria condenável, mas na ética política seria plenamente 
aceitável. Assim, o Estado para o autor é uma realidade em si e reconhece como 
principal finalidade manter a prosperidade e a grandeza do Estado, finalidade esta 
que vai para além do bem e do mal, como expresso em O Principe (1979): “o fim 
justifica os meios”. 
Isto não quer dizer que Maquiavel fosse amoral, como sugere o adjetivo 
“maquiavélico”. A ideia central é a de que existem “razões de Estado” que 
se justificam por si mesmas. Para isso, o príncipe deve conduzir o seu reino à 
unidade política, evitando que ele se fragmente ou perca força na competição 
com outros Estados, mesmo que para isto seja preferível ser “temido” que ser 
“amado” por seus súditos. (MAQUIAVEL, 1979).
Por essas e outras razões o pensamento de Maquiavel acabou mal 
compreendido. O autor deve ser lido como um ideólogo da formação do Estado 
republicano e não do Estado absolutista. Em seu livro Discursos, ele definirá 
república como aquela na qual o príncipe, os aristocratas e o povo governam 
em conjunto, conduzindo os negócios públicos em equilíbrio para que resistam 
ao tempo. Defendendo a república, Maquiavel afirma que o Estado terá maior 
estabilidade se estiver assentado sobre a representação dessas três bases 
sociais.
Documentário. Grandes Livros. Maquiavel. O Príncipe. Produção: 
Discovery Channel, ano 2006.
A grande inovação do 
pensamento político 
de Maquiavel é que 
ele diferencia de modo 
claro a esfera moral 
da esfera estritamente 
política, afirmando sua 
autonomia e prioridade 
diante da primeira.
21
O EstadO Capítulo 1 
TomAS HoBBES: o ConTrATo SoCiAL E o 
ESTAdo ABSoLuTiSTA
Thomas Hobbes (1588-1679), nascido na Inglaterra, publicou em 1651 sua 
mais famosa obra intitulada Leviatã (2002), na qual expressou seu pensamento 
político. Hobbes também concebe um Estado soberano, levando ao limite a ideia 
de soberania (como o havia feito Bodin em seu livro Seis livros da República de 
1567, afirmando que a soberania não teria qualquer limite, ou seja, como “potência 
absoluta e perpétua”).
Baseado no pensamento hedonista, Hobbes (2002) afirma que o ser humano 
busca o prazer pautado puramente em seu instinto. Assim, o Homem nasce 
egoísta, colocando o bem do outro em segundo plano. Essa natureza humana 
é elaborada a partir do que ele denomina “estado de natureza”, instrumento de 
argumentação que procurava fundamentar a necessidade do Estado negando o 
“direito divino dos reis”.
Hedonista: Doutrina moral que considera ser o prazer a 
finalidade da vida – há pessoas que professam naturalmente o 
hedonismo.
Hobbes (2002) afirma existirem dois estados: o estado natural e o estado 
político. No estado natural, o poder de cada um é medido pela sua força efetiva, 
ou seja, o mais forte é superior ao mais fraco, neste estado “o homem é o lobo 
do homem”. Assim, o estado de natureza é um estado de todos contra todos, isto 
é, de permanente guerra. Isso porque no estado de natureza cada um possuiria 
um direito natural sobre todas as coisas, o que levaria a um conflito 
permanente sobre os recursos. Afirma ainda o autor que o homem é 
sociável por acidente e não por natureza, ele se sociabiliza para manter 
sua integridade.
Assim, na teoria hobbesiana, o homem não é um ser social, sua 
sociabilidade é artificial, criada para sua própria segurança, pois 
somente o Estado poderá garantir a liberdade e a integridade do homem. 
Mas, de acordocom Hobbes (2002), os homens preferem a paz a viver 
em guerra permanente, pois apesar das diversas motivações humanas 
levararem-no à busca pelo poder, glória, riqueza e de proteger a própria 
vida em detrimento dos demais, predominam no indivíduo o medo da 
Na teoria 
hobbesiana o 
homem não é um 
ser social, sua 
sociabilidade é 
artificial, criada 
para sua própria 
segurança, pois 
somente o Estado 
poderá garantir 
a liberdade e a 
integridade do 
homem.
22
 Estado e Sociedade
morte violenta e a esperança de viver bem. Mas, para isso, seria necessário que 
cada indivíduo transferisse parte de seu direito natural sobre todas as coisas, por 
meio de um Contrato Social, para um único soberano, que estivesse acima de 
todos e que pudesse finalmente garantir a “paz civil”.
Em síntese, sobre esse duplo impulso, das paixões e da razão, o homem 
cria o Estado para sua própria defesa e proteção. O Estado, invenção humana – e 
não mais divina – resultaria de um contrato de sujeição, de um acordo racional: 
“Autorizo este homem ou esta assembleia, e cedo-lhe meu direito de governar a 
mim mesmo, com a condição que tu lhe cedas teu direito e que autorizes todas as 
suas ações da mesma maneira.” (HOBBES, 2002, p. 131).
Atividade de Estudos: 
1) Como base no que você leu, descreva sucintamente o contexto 
da frase de Hobbes “o homem é o lobo do homem” e a relação 
com sua teoria do Estado.
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JoHn LoCkE: o ConTrATo SoCiAL E o 
ESTAdo LiBErAL
John Locke, nascido em 1632, na Inglaterra, era adepto do jusnaturalismo. 
Em “Dois Tratados sobre o Governo Civil”, publicado em 1689, defende que a 
sociedade civil não deriva diretamente da sociedade natural. Afirma que o estado 
de natureza é marcado pela sociabilidade natural, ou seja, os seres humanos são 
levados a conviver entre si por necessidade e conveniência. Tal sociabilidade é 
23
O EstadO Capítulo 1 
resultado aleatório e hipotético da liberdade humana, dotada de razão. Assim, a 
sociedade resulta do encontro dos seres humanos que, transformados em pessoa 
pelo exercício da liberdade e da razão, podem ou não reforçar os laços de sua 
sociabilidade natural. (LOCKE, 1978).
Jusnaturalismo: justifica o poder político do Estado baseado na 
ideia de direito natural.
Locke (1978), embora também utilizasse a mesma linguagem do “direito 
natural” e doutrina contratualista de Hobbes (2002), discorda em relação à 
natureza humana e ao absolutismo, reformulando esses conceitos de modo a 
compatibilizar as liberdades individuais e a defesa da propriedade privada com 
o Estado. Por tentar compatibilizar autoridade e liberdade, Locke pode ser 
considerado como um dos principais teóricos do liberalismo político.
Ao contrário de Hobbes (2002), que define o Estado de Natureza como 
sendo caótico e marcado pelos desejos individuais, a “sociedade natural”, 
para Locke (1978), não é uma sociedade em permanente conflito. Nela vigora 
a lei natural, universalmente percebida pela razão, regendo todos os homens 
e tudo que existe. Nenhum homem deve prejudicar o outro e todos têm o 
direito de se defender e se prevenir de uma ofensa ou agressão, buscando 
ser ressarcido pelos danos sofridos. Também defende o direito de que os 
cidadãos poderiam se rebelar contra uma autoridade injusta. Mais do que isso, 
os homens têm competência para firmarem contratos entre si. Diferente de 
Hobbes, que admite que a característica da lei natural é a autopreservação, 
Locke (1978) defende que a lei natural é a preservação da humanidade, do 
coletivo.
Os seres humanos, assim, resolvem viver em sociedade pelo seu próprio 
consentimento. Cada homem é um ser livre, no sentido de que pode dispor de 
si próprio e de seus bens, não estando sujeito à vontade de nenhum outro e 
individualizado por sua liberdade natural, cada um se afirma como igual diante 
dos demais, dotados todos das mesmas faculdades. No estado de natureza, 
os indivíduos possuem direitos inalienáveis, como o direito à vida, à liberdade 
e à propriedade, legitimados pelo trabalho. Cabe ao Estado, portanto, preservar 
esses direitos individuais que foram dados no estado de natureza que é regido 
pelas leis naturais.
No Estado de Natureza, o poder político está disperso entre os indivíduos e 
sujeito a julgamentos parciais e interessados. Como solução, os homens fazem 
24
 Estado e Sociedade
um pacto entre si, pelo qual reconhecem o direito de delegar o poder 
de legislar e impor a lei a seus legítimos representantes. No entanto, 
esse pacto não é de submissão, mas sim de confiança, já que pode 
ser retirada a qualquer momento caso os governantes não atuem 
de acordo com as regras aceitas por consenso. Assim, afirma Locke 
(1978), só o consentimento pode legitimar o exercício do poder do 
Estado, pois todos, sendo igualmente livres, têm o direito de viver 
conforme julgarem adequado.
Portanto, para Locke (1978), o Estado tem o dever e a obrigação 
de proteger a sociedade, mas não deve obrigar os súditos a transferir toda a sua 
liberdade para a figura do Rei. Cabe ao Estado proteger a cada um dos indivíduos 
e seu direito à propriedade, desde que isso seja compatível com a preservação da 
coletividade e do bem comum. 
JEAn-JACquES rouSSEAu: o ConTrATo 
SoCiAL E o ESTAdo LiBErAL
Jean-Jacques Rousseau, filósofo iluminista, nascido em Genebra, na 
Suíça, em 1712, formulou ideias críticas em relação a doutrinas anteriores de 
contratualismo (Hobbes e Locke), que estão no livro Discurso sobre a Origem da 
Desigualdade entre os Homens, de 1755, e no Do contrato social, publicado em 
1762. Rousseau contribuiu de forma fundamental à teoria política ao criticar os 
intelectuais consagrados de sua época, como Hobbes e Locke, que buscavam 
respostas para as questões sobre o estado de natureza, o direito natural e os 
limites ao poder soberano.
Para Rousseau (1978), o contrato social é importante como processo de 
humanização, pois onde havia homens astutos e egoístas, passa a existir patriotas 
e cidadãos. De forma bastante radical, o autor inverte o argumento hobesiano, 
afirmando que o “[...] homem é bom por natureza; é a sociedade que o corrompe”.
Na obra Discurso sobre a origem da desigualdade, Rousseau define o 
estado de natureza como sendo anterior ao estado da razão, quando ainda não 
havia avanços no uso de uma linguagem comum nem sociedade bem constituída. 
No estado de natureza, os seres humanos não poderiam ser orientados por leis 
racionais, como defendia Locke, portanto, não poderia haver um código moral 
obrigatório. Mas afirma que o homem selvagem seria orientado por dois princípios 
fundamentais anteriores à razão: a busca pela autoconservação e a piedade 
natural. (ROUSSEAU, 1978).
Afirma Locke(1978), 
só o consentimento 
pode legitimar o 
exercício do poder do 
Estado, pois todos, 
sendo igualmente 
livres, têm o direito 
de viver conforme 
julgarem adequado.
25
O EstadO Capítulo 1 
Além disso, o “contrato social”, isto é, o acordo feito entre cidadãos livres 
para definir a autoridade, é menos fruto da soma das razões individuaise mais 
expressão de uma vontade geral. Essa vontade geral supõe que cada um se dê 
inteiramente, no ato de formação do povo pelo qual a vontade geral se engendra. 
Por esta razão, no “contrato social”, cada um, unindo-se a todos, não obedece, 
entretanto, senão a si mesmo e encontra sua verdadeira liberdade na obediência 
à lei feita por ele próprio. A vontade geral tem por objetivo o bem comum, sendo 
essa inalienável, indivisível, não podendo ser representada. O autor demonstra-
se, portanto, crítico à democracia representativa, em que o exercício do poder 
político ocorre por intermédio de representantes, contrariando a ideia fundamental 
da vontade geral.
Dessa forma, para manter a ordem e evitar maiores desigualdades, os 
homens criaram a sociedade política, a autoridade e o Estado por meio de um 
contrato. Por esse contrato o homem cede parte de seus direitos naturais ao 
Estado, criando uma organização política com vontade própria: a vontade 
geral. Dentro dessa nova organização o indivíduo possui uma parcela do poder, 
recuperando uma parcela da liberdade perdida em função do contrato.
O Estado rousseauniano é um Estado que garante a cada indivíduo 
seus direitos, em decorrência da própria natureza do poder político e de 
seu exercício democrático. Assim, a imagem desse Estado é a do povo 
ativo, exercendo a sua soberania diretamente. Ao colocar a origem do 
Estado na “vontade geral”, isto é, no povo em sua unidade, Rousseau 
contribuiu enormemente para os ideais da Revolução Francesa.
CHArLES dE monTESquiEu: A SEPArAção 
doS PodErES
Charles-Louis de Secondat ou Barão de Montesquieu (1689-1755), nascido 
na França, retoma a discussão sobre o conceito de despotismo, definindo-o 
como um Governo no qual “[...] um, sozinho, sem leis nem freios, arrasta tudo 
e todos ao sabor de sua vontade e de seus caprichos.” (MONTESQUIEU apud 
BOBBIO, 1998, p. 343). Montesquieu, em seu livro O Espírito das Leis, publicado 
em 1748, utiliza-se de outro citério de classificação dos governos. Além do critério 
numérico, cria outro chamado “princípio do Governo”, correspondendo ao modo 
de exercê-lo: baseado em leis fixas e estáveis (monarquia); sem leis e sem regras 
(despotismo).
A imagem desse 
Estado é a do 
povo ativo, 
exercendo a 
sua soberania 
diretamente.
26
 Estado e Sociedade
A ideia de divisão dos poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) nasce da 
necessidade de se dividir o poder absoluto e concentrado. O objetivo é contrapor 
as ideias absolutistas, que justificavam a concentração dos poderes nas mãos 
de um soberano, pois a vontade do soberano se confundia com a vontade do 
Estado,exemplificada pela célebre frase de Luis XIV: “L’Etat c’est moi” (O Estado 
sou eu).
A história da separação dos poderes é a história da evolução da limitação do 
poder político. Ao longo da história a ideia de limitação de poder é desenvolvida 
principalmente na Inglaterra. O modelo inglês serviria de inspiração a grande parte 
das nações democráticas modernas, dando início ao que se entende por Estado 
de Direito ou Estado Constitucional – que tem como elemento essencial a 
separação dos poderes.
Locke (1978) também pode ser considerado um teórico da separação dos 
poderes. Ele defendeu que para uma lei ser imparcialmente aplicada é necessário 
que não sejam os mesmos homens que a façam, representando a separação 
dos poderes Executivo e Legislativo. Para Locke (1978), o principal poder é o 
Legislativo e os demais devem estar subordinados a ele.
Mas é Montesquieu (1982) o responsável pela inclusão expressa 
do poder de julgar dentre os poderes fundamentais do Estado. 
Segundo ele: quando, na mesma figura da Magistratura, o Poder 
Legislativo é reunido ao Executivo, não há liberdade. Estaria tudo 
perdido se um mesmo homem, ou mesmo um corpo de nobres, ou do 
Povo, exercesse estes três poderes: o de fazer as leis (Legislativo); 
o de executar as resoluções públicas (Executivo) e o de julgar os 
crimes ou as demandas dos particulares (Judiciário). (MONTESQUIEU, 1982).
A partir de 1789, a separação dos poderes passa a ser considerada 
fundamental em qualquer constituição. Assim, essa técnica para a limitação do 
poder é posta em prática nas Revoluções Liberais dos séculos XVII e XVIII, em 
resposta aos abusos da concentração de poderes nas mãos do soberano, típica 
do Estado Absolutista.
Em síntese, a teoria da separação de poderes, que deu origem ao sistema 
de freios e contrapesos, incorporou-se ao constitucionalismo, tornando-se um 
elemento eficaz e necessário para evitar a formação de governos absolutos. Foi 
assim que a separação dos poderes se transformou em elemento indispensável 
do Estado Moderno, chegando-se a sustentar a impossibilidade de existir 
democracia sem o mecanismo de sepação dos poderes como meio de assegurar 
a liberdade dos indivíduos.
A separação 
dos poderes 
se transformou 
em elemento 
indispensável do 
Estado Moderno.
27
O EstadO Capítulo 1 
Atividade de Estudos: 
1) Considerando o texto apresentado, resuma a ideia central da 
separação dos poderes em Montesquieu.
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ALgumAS ConSidErAçõES
O que pode-se observar a partir das discussões realizadas até este ponto, 
é a tentativa de criar os contornos de um Estado que atua em prol da ordem e 
intermediação de interesses comuns pelos autores clássicos, que a sua época 
buscavam, por caminhos diferentes, responder às suas inquietações frente à 
realidade política e social em que se encontravam. Por trazerem contribuições 
importantes para a configuração de uma teoria sobre o Estado e a política, esses 
pensadores passaram a ser reconhecidos como Clássicos da Política.
Cada autor mostrou, a seu modo, a preocupação com a manutenção e o 
estabelecimento de uma ordem social. Além disso, construiram argumentos em 
torno da importância do governo e de uma relação baseada no consentimento 
entre governantes e governados. Criaram uma interpretação de sociedade, de 
política, de governo e de Estado e tornaram-se referência no estudo sobre o 
Estado.
rEFErênCiAS
BOBBIO, Norberto; MATTEUCCI, Nicola; PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de 
Política. Trad. Carmem C. Varrialle e colaboradores. 11. ed. Brasília: Ed. UnB, 
1998. v. 1.
_____. Estado Governo Sociedade: Para uma teoria geral da política. Rio de 
Janeiro: Paz e Terra, 2001.
DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado. São Paulo: 
Saraiva, 1998.
HOBBES, Thomas. Leviatã ou Matéria, Forma e Poder de um Estado 
Eclesiástico e Civil. São Paulo: Martin Claret, 2002.
LOCKE, John. Segundo Tratado sobre o Governo Civil e Carta Acerca da 
Tolerância. São Paulo: Abril Cultural, 1978. (Os Pensadores).
MAQUIAVEL, N. O Príncipe. São Paulo: Abril Cultural, 1979. (Os Pensadores).
MONTESQUIEU, C. de S. Do Espírito das Leis. Brasília: Ed. Unb, 1982.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Do Contrato Social. S. Paulo: Abril Cultural 1978.
WEFFORT, Francisco (Org.). Os Clássicos da Política. 13. ed.São Paulo: Ática, 
2000. v. I e II.
CAPÍTULO 2
AS ExPLiCAçõES SoCioLógiCAS dE 
FunCionAmEnTo dA SoCiEdAdE
A partir da concepção do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 3 Conhecer os principais conceitos sociológicos, as principais correntes teóricas 
da sociologia e seus fundamentos metodológicos. 
 3 Analisar o potencial explicativo de cada teoria para as questões da sociedade 
contemporânea. 
30
 Estado e Sociedade
31
As ExplicAçõEs sociológicAs dE FuncionAmEnto dA 
sociEdAdE
 Capítulo 2 
ConTExTuALizAção
Neste capítulo vamos apresentar as principais teorias sobre a sociedade 
moderna, como a conceberam os três autores clássicos da sociologia, Marx, 
Durkheim e Weber, que têm como referência a sociedade europeia do século XIX. 
Apesar de suas reflexões serem motivadas por acontecimentos de seu tempo e 
espaço, ainda são de extrema importância para nossa compreensão e explicação 
da sociedade contemporânea. Muitos conceitos e termos cunhados por esses 
autores permanecem atuais. Para tanto, é necessário compreender o contexto 
histórico de surgimento dessas principais teorias sociológicas e os métodos que 
as constituem.
Mas, o que é a sociedade? A definição mais geral pode ser assim resumida:
[...] é um tipo especial de sistema social que, como 
todos os sistemas sociais, distingue-se por suas 
características culturais, estruturais, demográficas e 
ecológicas, além de definido por um território dentro 
do qual uma população compartilha de uma cultura e 
estilo de vida comuns, em condições de autonomia e 
independência e autossuficiência relativa. (JOHNSON, 
1997, p. 213).
Todavia, a sociedade não é um mero conjunto de indivíduos vivendo juntos 
em um determinado lugar, é também a existência de uma organização social, 
de instituições e leis que regem a vida dos indivíduos e suas relações mútuas. 
Fazendo essa reflexão, Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber elaboram seus 
argumentos orientados pelo dilema da oposição entre indivíduo e sociedade. 
Vejamos, primeiramente, como Marx analisa a sociedade.
kArL mArx (1818-1883)
Nascido na Alemanha, produziu a maior parte de suas análises tendo as 
sociedades alemã, francesa e inglesa como objeto de estudo. Suas principais obras 
foram O Capital, A Ideologia Alemã (1846), O Manifesto do Partido Comunista 
(1848) e Para a Crítica à Economia Política (1859). Esse autor elaborou suas 
proposições para além do seu caráter teórico e propôs uma intervenção direta na 
sociedade a partir dos seus escritos.
Para Marx, a análise da sociedade deve ser realizada por meio de uma 
perspectiva dialética que, além de procurar estabelecer as leis de mudança que 
regem os fenômenos, esteja fundada no estudo dos fatos concretos, a fim de expor 
o movimento do real em seu conjunto. Segundo esta perspectiva, partimos dos 
indivíduos reais, isto é, a sua ação e as suas condições materiais de existência.
32
 Estado e Sociedade
Dialética: A Perspectiva dialética refere-se à mudança, ao 
movimento, ao antagonismo e à transformação. Significa argumentar 
em busca da “verdade” por meio de oposição e conciliação de 
contradições históricas.
Marx (1978a) acredita que são as relações econômicas que explicam todas 
as relações sociais existentes na sociedade. Nesse sentido, olha para a forma 
como os seres humanos produzem tudo aquilo necessário à sua subsistência, pois 
é nesta produção material da existência – que se organizam de modo hierárquico 
entre os que são proprietários dos meios de produção e os que não sendo 
proprietários são obrigados a vender sua força de trabalho – que a sociedade de 
estrutura. Vejamos o que diz Marx no prefácio da obra Para a crítica à economia 
política (1978a, p. 130): “[...] o modo de produção da vida material condiciona o 
processo em geral de vida social, político e espiritual.”
O Materialismo histórico. 
De acordo com Giddens (2005), o materialismo histórico institui 
que as relações materiais que os homens estabelecem para produzir 
seus meios de vida formam a base de todas as suas relações. As 
ideologias, concepções, gostos e crenças, gerados socialmente, 
dependem do modo como os homens se organizam para produzir. 
Portanto, o pensamento e a consciência são, em última instância, 
decorrência das relações materiais.
Um aspecto central é a ideia de que a sociedade se encontra dividida 
em classes sociais. A primeira, chamada de burguesia, detentora dos meios 
de produção, é a classe dominante, e a outra, o proletariado, que vende 
sua força de trabalho, é a classe dominada. Com base no método de Marx, 
a posição ocupada por um indivíduo na esfera econômica determina sua 
posição nas outras esferas da sociedade. Portanto, é a partir das relações 
estabelecidas na produção, das condições materiais de existência, que se 
origina seu modo de vida.
33
As ExplicAçõEs sociológicAs dE FuncionAmEnto dA 
sociEdAdE
 Capítulo 2 
Classes sociais: Classe social é um conjunto de indivíduos que 
ocupa a mesma posição nas relações de produção.
Meios de Produção: Tudo necessário para a produção de um 
bem. Ex.: terra, matéria-prima, ferramentas, máquinas.
Assim, para a produção de sua existência, os indivíduos estabelecem 
relações sociais na esfera econômica, chamada de relações de produção que, por 
sua vez, dependerá do grau de desenvolvimento das forças produtivas.
O conceito de relações sociais de produção refere-se às formas 
estabelecidas de distribuição dos meios de produção e do produto e 
ao tipo de divisão social do trabalho numa dada sociedade em um 
período histórico determinado. O modo de produção expressa o modo 
como os seres humanos se organizam para produzir; as formas que 
existem de apropriação dos meios de produção; quem toma decisões 
que afetam a produção e as diversas maneiras pelas quais se produz 
e se reparte o produto. O conceito de forças produtivas é expresso 
na ação dos indivíduos sobre a natureza, isto é, sua tecnologia, 
processos e modos de cooperação, a divisão técnica do trabalho, 
habilidades e conhecimentos utilizados na produção, os instrumentos 
e as matérias-primas.
Nas relações de produção capitalista, os burgueses se apropriam do 
excedente de riqueza produzido pelos operários, ou seja, a mais valia. A forma 
de organização do trabalho na sociedade capitalista, isto é, a jornada de 
trabalho, obriga o operário a trabalhar durante um período maior que o tempo 
necessário para produzir o equivalente ao seu salário. Este tempo excedente 
em que ele está trabalhando gera lucro ao burguês. É o excedente de riqueza 
produzido pelo proletário nessas horas a mais o que Marx chama de mais 
valia.
Essa relação aliena o trabalhador duplamente: do fruto de seu trabalho e 
do conhecimento do processo produtivo. Marx dirá “[...] a história de todas as 
sociedades até agora tem sido a história das lutas de classe” (MARX; ENGELS, 
34
 Estado e Sociedade
1998, p. 8) e, acrescenta, é esta luta o motor da história. Por esse motivo, o 
conflito é inerente à própria sociedade e a característica principal da sociedade 
capitalista é o antagonismo de classes.
A classe que controla o sistema econômico no capitalismo controla, também, 
direta ou indiretamente, todas as outras esferas e instituições relevantes para a 
sociedade. Isso porque as relações de produção constituem a base, a infraestrutura 
das sociedades. Sendo a base, ergue-se sobre ela uma superestrutura social 
coerente com a infraestrutura econômica. Fazem parte da superestrutura 
o Estado (governo), o sistema militar, o direito, o sistema educacional e outras 
instituições criadas com a finalidade de organizar a vida social. A superestrutura 
comportaria, ainda, a instância ideológica, formada pelo conjunto de ideias, 
imagense representações sociais em geral.
Portanto, haveria uma relação de determinação entre a maneira 
com que o grupo humano concreto organiza suas condições materiais 
de existência – chamada de modo de produção – e o formato e o 
conteúdo das demais organizações e instituições sociais bem como 
as ideias gerais presentes nas relações sociais. Isso porque a função 
primeira da superestrutura seria a de produzir as condições jurídicas 
e políticas necessárias para a reprodução do respectivo modo de 
produção.
Em síntese, para Marx, é a classe social quem determina o grau 
de influência que um indivíduo tem na sociedade. Desse modo, não é somente 
a vontade individual que deve ser considerada na história da vida de qualquer 
um de nós. A classe social a qual pertencemos determinará as oportunidades, as 
visões de mundo e o modo como a sociedade aceita nossas opiniões, bem como 
o quanto de autonomia individual nos será permitido ter. Portanto, a sociedade 
é constituída de classes sociais, as quais se encontram, no capitalismo, em um 
conflito permanente que só poderá ser superado com o fim do modelo econômico 
e a chegada da classe trabalhadora ao poder.
A sociedade é 
constituída de classes 
sociais, as quais 
se encontram, no 
capitalismo, em um 
conflito permanente 
que só poderá ser 
superado com o fim do 
modelo econômico e 
a chegada da classe 
trabalhadora ao poder.
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As ExplicAçõEs sociológicAs dE FuncionAmEnto dA 
sociEdAdE
 Capítulo 2 
Atividade de Estudos: 
1) Você identifica a relação de dominação entre classes sociais, como 
analisado por Marx, na sociedade contemporânea? Justifique sua 
resposta a partir de um exemplo ou situação descrita.
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ÉmiLE durkHEim (1858-1917)
Nascido na França, na segunda metade do século XIX, viveu grande parte 
da turbulência da sociedade de seu tempo. Da divisão do trabalho social é o seu 
primeiro grande livro e também aquele em que se reconhece mais claramente a 
influência do positivismo. 
O positivismo é uma maneira de pensar baseada na suposição 
de que é possível observar a vida social e reunir conhecimentos 
confiáveis, válidos, sobre como ela funciona, podendo ajudar a 
modificá-la. Seu precursor foi Auguste Comte, que acreditava 
que a vida social era governada por leis e princípios básicos que 
podiam ser descobertos por meio de métodos das ciências exatas, 
principalmente a física. Cabe destacar que o positivismo é um 
conceito que possui diferentes significados, abarcando perspectivas 
filosóficas e científicas do século XIX e XX. Por isso, falamos em 
positivismos. (JOHNSON, 1997, p. 179).
36
 Estado e Sociedade
Durkheim (2003), analisando a crise social pela qual passava a França, 
acreditava que sua origem estava no desregramento da sociedade e que a 
solução estava na criação de instituições capazes de se impor aos membros 
da sociedade e eliminar os conflitos, tendo como foco a busca pela coesão 
social. 
Coesão social refere-se à influência das forças sociais e das 
instituições sobre os indivíduos e que lhes permite viver juntos, num 
certo consenso e ordem social.
Portanto, para Durkheim (2003), a sociedade tem precedência lógica sobre 
o indivíduo. Assim, a sociedade é resultado de um conjunto de normas e regras 
coletivas produzidas no âmbito da vida social. Os fatos sociais condicionam de 
modo efetivo todas as visões e ações realizadas pelo indivíduo ao longo de sua 
vida. 
Fato social consiste em maneiras coletivas de pensar, sentir e 
agir, exteriores ao indivíduo e dotadas de um poder de coerção que 
determina a ação individual.
Dentre as três características do fato social: generalidade, exterioridade e 
coercitividade, esta última é expressa pelas diferentes sanções seja de caráter 
jurídico (penas e condenações) ou meramente moral (reprimendas e atitudes) às 
quais o indivíduo está sujeito, situação que demonstra a sua submissão à vida 
social. Assim, toda transgressão aos padrões e valores tidos como “normais” 
possui um custo a ser pago por aquele que os viola.
A principal ideia que decorre desta análise é o conceito de consciência 
coletiva. Durkheim a define, em seu livro Da divisão do trabalho social, como: “[...] 
o conjunto das crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma 
sociedade.” (ARON, 2002, p. 463). A consciência coletiva só existe em virtude dos 
sentimentos e crenças presentes nas consciências individuais, mas se distingue, 
pelo menos analiticamente, destas últimas, pois evolui segundo suas próprias leis. 
Assim, a consciência coletiva não é apenas a soma das consciências individuais.
Durkheim percebeu a importância de se compreender os fatores que explicam 
a organização social, isto é, compreender o que garante a vida em sociedade 
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As ExplicAçõEs sociológicAs dE FuncionAmEnto dA 
sociEdAdE
 Capítulo 2 
e uma ligação (maior ou menor) entre os indivíduos. Conclui que os laços que 
prendem os indivíduos uns aos outros são dados pela solidariedade social, uma 
espécie de cimento social. Assim, podemos afirmar que a solidariedade social 
se dá pela consciência coletiva, pois essa é responsável pela coesão entre as 
pessoas. Assim, a sociedade é para Durkheim uma entidade moral.
A solidariedade social deriva do grau de compartilhamento de 
crenças e valores e a frequência e intensidade da interação entre os 
membros de um grupo.
Para analisar a relação entre o indivíduo e a coletividade, 
Durkheim começa distinguindo duas formas de solidariedade social: 
a solidariedade mecânica e a solidariedade orgânica. A primeira é 
uma solidariedade por semelhança. Quando esta forma de solidariedade 
domina uma sociedade, os indivíduos diferem pouco uns dos outros, 
pois possuem os mesmos sentimentos e valores. Já a solidariedade orgânica é 
baseada na diferenciação dos indivíduos, como os órgãos de um corpo humano 
em que cada um desempenha uma função específica. É porque dependemos uns 
dos outros, já que não conseguimos apreender tudo o que nos cerca ou porque 
nossos valores são diversificados, que continuamos a viver em sociedade. Apesar 
da divisão do trabalho promover a diferenciação dos indivíduos, ela própria 
cria a dependência recíproca entre os indivíduos. Assim, a divisão do trabalho, 
característica central da sociedade industrial, é responsável por criar uma nova 
forma de solidariedade (solidariedade orgânica) responsável por manter a coesão 
social. (DURKHEIM, 2003).
Segundo ele, durante períodos de transição podem ocorrer “falhas” no 
sistema social e estas podem gerar distorções que precisam ser corrigidas. Os 
conflitos sociais que permanecem na sociedade são explicados por Durkheim por 
meio do conceito de anomia, ou seja, pela ausência de regras e normas capazes 
de manter a coesão social. (DURKHEIM, 2003).
Polemizando com o Marxismo, Durkheim (2003) entende que não é a 
economia o centro dinâmico que explica tudo o que acontece na sociedade, são 
as normas e regras e sua aplicação na vida social que dão conta de explicar a 
sociedade. Dessa maneira, a desigualdade social não deve ser explicada pela 
existência do capitalismo. Nesse sentido, a divisão do trabalho e a alienação, 
diferentedo que defendia Marx, podem ser vistas como parte do cimento social 
que gera a interdependência entre os indivíduos e os mantêm juntos. (GIDDENS, 
2005).
A sociedade é 
para Durkheim 
uma entidade 
moral.
38
 Estado e Sociedade
Desse modo, a desigualdade aparece, na visão durkheimiana, como 
consequência de uma falha moral, uma anomia que impossibilita a divisão do 
trabalho de exercer o seu papel de produtora de solidariedade social. Para 
solucionar esta questão, é necessária a introdução de normas e regras na vida 
econômica. 
Em síntese, ao mesmo tempo em que se diferencia de Marx, pois 
concebe a sociedade como uma entidade moral que deve funcionar como 
um organismo, o autor se aproxima da teoria marxiana por trabalhar com a 
chamada unicausalidade para a explicação dos fenômenos sociais, elemento 
que o distancia do autor que estudaremos a seguir, Max Weber. A teoria 
marxiana diz respeito aos escritos do próprio Karl Marx. Portanto, os marxistas 
são aqueles que escreveram depois e utilizaram a teoria e o método elaborado 
por Marx.
Por unicausalidade se deve entender a explicação de um 
fenômeno social a partir de uma única causa geradora de todo o 
processo.
mAx WEBEr (1864-1920)
Um dos fundadores da sociologia viveu durante a construção da estrutura 
estatal e econômica da Alemanha de Bismarck (foi o estadista mais importante da 
Alemanha do século XIX, responsável por levar os países germânicos a conhecer 
pela primeira vez na sua história a existência de um Estado nacional único). O 
autor rejeita a unicausalidade como forma de explicar os fenômenos sociais, uma 
vez que estes possuem múltiplas faces, portanto, podem ser explicados por mais 
de uma causa. Em debate explícito com as teses de Marx, o autor produz um 
estudo que se tornou clássico, A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo 
(1904), que refuta a unicausalidade ao demonstrar que as reformas religiosas 
e suas consequências comportamentais são uma explicação tão viável para o 
surgimento do capitalismo como a dinâmica das relações econômicas. Dentre 
seus escritos mais conhecidos destacam-se: Economia e Sociedade (1920), A 
ciência como vocação (1917) e A política como vocação (1919).
39
As ExplicAçõEs sociológicAs dE FuncionAmEnto dA 
sociEdAdE
 Capítulo 2 
No que se refere à sociedade contemporânea, Weber também se afasta de 
Marx e Durkheim ao não acreditar que as estruturas eram externas aos indivíduos 
ou que eram independentes destes. Ao contrário, as estruturas da sociedade 
eram formadas por uma complexa rede de ações recíprocas. 
Weber também não acreditava em uma possibilidade de solução otimista para 
os problemas identificados, pois a perda de autonomia individual – contradição 
central percebida por ele na sociedade – não pode ser superada, dado o crescente 
processo de racionalização da sociedade contemporânea. Ele temia que a 
disseminação da burocracia para as diversas áreas da vida nos aprisionasse em 
uma “jaula de ferro” da qual seria muito difícil escapar. A ideia central é que a 
dominação burocrática, ainda que baseada em princípios racionais, poderia 
esmagar o espírito humano, tentando regular todas as esferas da vida social.
Racionalização: É a organização da vida social e econômica, 
segundo os princípios da eficiência e com base no conhecimento 
técnico.
Dominação Burocrática: É um tipo de organização formal 
no qual o poder é distribuído em uma hierarquia rígida com nítidas 
linhas de autoridade.
Diferentemente de Marx e Durkheim, Weber (1994) defende uma tese na 
qual toma o indivíduo como unidade mínima de análise e vê na compreensão do 
sentido dado pelos indivíduos às suas ações o objetivo da reflexão sociológica. 
No que se refere à relação entre indivíduos e sociedade, entende que são os 
indivíduos, através de suas ações dotadas de sentido, que constroem a sociedade. 
Isso significa que a sociedade é resultado de uma combinação não intencional 
das mais diversas ações realizadas pelos atores sociais. 
Assim, o objeto de investigação sociológica deve ser a conduta humana 
dotada de sentido. Para explicar essa conduta, Weber (1994) cria o conceito de 
ação social, ou seja, toda ação realizada pelo indivíduo, levando em consideração 
a ação dos outros atores sociais. 
40
 Estado e Sociedade
Por ação social, Weber compreende qualquer ação que o 
indivíduo faz orientando-se pela ação dos outros, sendo dotada 
e associada a um sentido. Para ele, a ação social, seria aquela 
marcada pelo seu caráter subjetivo. (WEBER, 1994).
Do ponto de vista analítico, as ações sociais podem ser de quatro tipos:
Fonte: Alcântara (2007).
A ação social é a unidade mínima de decomposição da conduta humana 
individual e por sua vez, a relação social é sua expressão coletiva. Para Weber 
(1994), a relação social é definida como a conduta de vários, estando referida 
reciprocamente conforme seu conteúdo significativo e orientando-se por essa 
reciprocidade. Os indivíduos se relacionam por suas ações sempre que estas, 
em seu sentido subjetivo, possuem caráter recíproco. Considerar a importância 
do “sentido” na ação humana implica observá-lo não só na iniciativa das pessoas, 
na iniciativa de sua ação individual, mas também considerá-lo como sentido já 
objetivado em instituições, na tradição e no costume, capazes de orientar numa 
mes ma direção as ações dos indivíduos de um grupo. 
Em síntese, para Weber (1994), a sociedade é fruto de ações 
racionais dos seres humanos que fazem suas escolhas conscientemente 
dentro da sociedade. São indivíduos dotados de racionalidade que pensam 
e analisam. Esses indivíduos são mais importantes que a sociedade, já 
que são eles que “dão vida” à sociedade. Assim, a sociedade seria uma 
totalidade constituída de uma multiplicidade de interações sociais.
Ação tradicional Ação Afetiva Ação Racional com relação a valores
Ação Racional com 
relação a fins
Quando é motiva-
da por um hábito 
arraigado ou um 
costume.
É aquela deter-
minada por afe-
tos ou estados 
emocionais.
É determinada pela crença 
consciente num valor conside-
rado importante, independen-
temente do êxito desse valor 
na realidade.
É aquela determinada 
pelo cálculo racional 
que estabelece fins 
e organiza os meios 
necessários.
Ex.: Comemorar o 
natal.
Ex.: Torcer por 
um time.
Ex.: Capitão que se deixa ir 
ao fundo com um navio.
Ex.: Especulador que 
se esforça por ganhar 
dinheiro.
A sociedade 
seria uma 
totalidade 
constituída 
de uma 
multiplicidade 
de interações 
sociais.
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As ExplicAçõEs sociológicAs dE FuncionAmEnto dA 
sociEdAdE
 Capítulo 2 
ALgumAS ConSidErAçõES
O entendimento da sociedade seja por meio das regras e normas que 
organizam a nossa vida (visão Durkheimiana), seja pelas classes sociais com 
as quais compreendemos a nossa realidade econômica (perspectiva Marxista), 
ou, ainda, pela percepção da subjetividade e da ação individual e suas múltiplas 
motivações (abordagem Weberiana) constitui a matriz clássica da sociologia. 
Assim, os clássicos abordaram a sociedade a partir de ângulos diferentes, como 
três observadores em posições diferentes tirando uma fotografia de um mesmo 
edifício. Apesar de um mesmo objeto, a posição dos observadores, o método 
e o contexto histórico influenciaram na produção de suas explicações sobre a 
sociedade e sua relação com os indivíduos.
Para Émile Durkheim, o ser humano é coagido a seguir determinadas 
regras em sociedade. Essa coerção é desempenhada pelos fatos sociais que 
constrangem o indivíduo a seguir normas sociais que lhe são impostas desde 
seu nascimento. Assim, a consciência coletiva, que é mais que a soma das 
vontades individuais, constituiria a própria sociedade. Já para Karl Marx, a 
sociedade é constituída por classessociais. As relações sociais capitalistas 
se reproduzem por meio de ideologias dos que possuem o controle dos meios 
de produção com a finalidade de exploração do trabalhador para obter a mais 
valia e manter sua posição de classe dominante. Max Weber, apesar de não 
ter uma teoria geral da sociedade, aponta que a ação social desempenhada 
por indivíduos autônomos, quando associada a outros indivíduos, produz relações 
sociais que levam à origem do que ele entende por sociedade.
Ao longo das últimas décadas, cada vez mais os estudos sociológicos 
têm demonstrado que a relação entre a sociedade e o indivíduo deve ser 
compreendida como parte de um contexto histórico-social em que uma relação 
dinâmica se estabelece entre o ser e a coletividade. Nesse sentido, o mais 
importante não é a precedência de um sobre o outro, mas a interdependência 
entre eles. Assim, só se pode chegar a uma compreensão clara da relação entre o 
indivíduo e a sociedade quando se percebe a mútua interdependência entre estas 
duas dimensões da vida social.
42
 Estado e Sociedade
Atividade de Estudos: 
1) Das três visões sobre a relação entre indivíduo e sociedade 
apresentadas pelos autores (Marx, Durkheim e Weber), qual 
delas você considera mais pertinente para analisar o contexto 
atual? Justifique sua escolha.
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rEFErênCiAS
ALCÂNTARA, Fernanda Henrique Cupertino. Os clássicos no cotidiano. São 
Paulo: Arte & Ciência, 2007.
ARON, Raymond. As etapas do Pensamento Sociológico. São Paulo: Martins 
Fontes, 2002.
DURKHEIM, E. O suicídio. São Paulo: Abril Cultural, 1978. (Os Pensadores).
_____. Da divisão do trabalho social. São Paulo: Martins Fontes, 2003. 
GIDEENS, Anthony. Capitalismo e Moderna Teoria Social. Lisboa: Editorial 
Presença, 2005.
43
As ExplicAçõEs sociológicAs dE FuncionAmEnto dA 
sociEdAdE
 Capítulo 2 
JOHNSON, Allan G. Dicionário de Sociologia: guia prático da linguagem 
sociológica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.
MARX, K. ENGELS, F. Manifesto do partido comunista. In: COUTINHO, C. N. 
(Org.) O manifesto do partido comunista 150 anos depois. Rio de Janeiro: 
Contraponto, 1998.
_____. Para a crítica da economia política. São Paulo: Abril Cultural, 1978a. 
(Os Pensadores).
_____. O Dezoito Brumário de Luis Bonaparte. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 
1978b.
WEBER, Max. Economia e sociedade. Brasília: UnB, 1994.
CAPÍTULO 3
rELAção ESTAdo E SoCiEdAdE
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
 3 Conhecer a distribuição de poder na sociedade e a relação entre as elites 
e o Estado. 
 3 Examinar como são influenciadas as decisões governamentais.
46
 Estado e Sociedade
47
Relação estado e sociedade Capítulo 3 
ConTExTuALizAção
Nos capítulos anteriores, estudamos o Estado e a sociedade separadamente. 
No caso do Estado, analisamos seus fundamentos e algumas abordagens 
teóricas sobre sua gênese, evolução e finalidades. No caso da sociedade, vimos 
as principais perspectivas teóricas de explicação sobre ela e sua relação com 
os indivíduos. Agora, veremos as principais teorias que explicam a relação entre 
Estado e sociedade. 
A construção de cada abordagem pressupõe uma forma diferente de 
constituição e distribuição do poder político, sendo este o principal recurso 
utilizado pelos diferentes grupos para dar concretude a seus interesses. Para 
o estudo sobre o Estado e a sociedade torna-se pertinente compreender as 
diferentes formas de intermediação de interesses, que adquire uma forma ou 
outra dependendo de como se concebe tanto a natureza do Estado quanto o 
próprio modo de funcionamento da sociedade.
O estudo da relação entre Estado e sociedade tem como elemento 
de mediação as políticas públicas, entendidas como ações ou propostas 
– promovidas pelos governos – de regulação dos múltiplos problemas e 
contradições das sociedades contemporâneas. Assim, toda política pública – 
ou ação do Estado – se depara com alguma forma de conflito de alocação 
de recursos e oportunidades. Então, a partir de agora, vamos entender como 
ocorre essa relação e quais os argumentos mais importantes das três principais 
abordagens para explicar a relação entre Estado e sociedade. Comecemos 
pelo pluralismo.
PLurALiSmo
O pluralismo teve início na década de 1950, representado, principalmente, 
pelos autores Robert Dahl (1915) e David Truman (1913-2003). Essa abordagem 
tem como pressuposto teórico o fato de os indivíduos, com suas preferências e 
valores, formarem as unidades constitutivas das organizações e da sociedade. 
Portanto, a abordagem pluralista dá primazia teórica à esfera privada. As 
atitudes, opiniões e preferências dos grupos e indivíduos são consideradas como 
postulados teóricos.
Para os defensores do pluralismo, o que está na base das explicações, 
tanto sociológicas quanto políticas, seriam as interações e intercâmbios entre 
os indivíduos que criariam todas as diversas entidades sociais da sociedade. Os 
48
 Estado e Sociedade
diferentes tipos de organizações (associações voluntárias, grupos de pressão, 
agências do Estado, empresas e partidos) seriam, na verdade, agregados 
de indivíduos que responderiam às suas preferências, que só continuariam 
existindo enquanto tivessem apoio destes. Portanto, a sociedade é vista 
como um conjunto de papéis e atividades individuais, interdependentes e 
diferenciados, ou seja, um agregado de indivíduos relacionados pelo mercado 
(mercado como local de confrontação de preferências e valores), o qual socializa 
os valores culturais.
A principal característica do pluralismo é sua ênfase na 
diversidade (diferença). Os pluralistas defendem que o mundo 
contemporâneo é muito complexo e, por esse motivo, nenhum 
grupo, classe ou organização tem o domínio da sociedade. 
Portanto, essa abordagem destaca como principais pontos:
a) A separação entre Estado, mercado e a sociedade civil.
b) A diferença entre o poder político e o poder econômico. 
c) A diversidade dos interesses nas ações do Estado.
Cabe destacar que o pluralismo é uma abordagem que se 
contrapõe ao individualismo e ao estatismo. Primeiramente, sua diferença reside 
na defesa de uma sociedade que se apresenta articulada em grupos de poder 
(acima dos indivíduos), portanto, criando uma garantia contra a fragmentação 
individualista. Em segundo lugar, propõe a divisão do poder estatal (abaixo do 
Estado), que representa uma garantia contra o poder excessivo deste último. 
Essa ideia lhe parece familiar? Ela nos lembra da separação de poderes 
inaugurada por Montesquieu, vista no Capítulo 1. Contudo, enquanto o pluralismo 
defende uma divisão vertical, ou seja, entre governantes e governados, a defesa 
de Montesquieu

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