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1 Carolina Gondim – 5º semestre (2020.2) Territorialização... TERRITÓRIO Segundo Milton Santos (1994) o território consiste em lugar com limites definidos onde as pessoas vivem trabalham, circulam e se divertem. Dele faz parte ambientes construídos e ambientes naturais. Sendo sobretudo, um espaço de relações de poder, de informações e de trocas. O território, para efeito do processo de produção de saúde da comunidade, deve ser considerado um espaço vivo capaz de produzir saúde; portanto, um espaço que deve passar por um diagnóstico epidemiológico para identificar os fatores e condições pertinentes aos processos de saúde e doença de determinada região. Ele deve ser entendido como espaço dinâmico em constante metamorfose nos mais variados aspectos – história, demografia, cultura e epidemiologia – e, consequentemente, sujeito a constante variabilidade de riscos e vulnerabilidades, características que reverberam na administração, política, tecnologia e sociedade dentro de suas fronteiras físicas e intangíveis. A territorialização em saúde se coloca como uma metodologia: • De reconhecimento e esquadrinhamento do território segundo a lógica das relações entre ambiente, condição de vida, situação de saúde e acesso às ações e serviços de saúde; • Capaz de operar mudanças no modelo assistencial e nas práticas sanitárias vigentes, desenhando novas configurações loco-regional. TERRITÓRIO SOLO X TERRITÓRIO PROCESSO Território solo: um espaço físico, naturalizado e acabado, definido exclusivamente por critérios geopolíticos. Território processo: um espaço em permanente construção, produto de uma dinâmica social onde se tensionam sujeitos sociais postos em uma arena política. TERRITÓRIO X ESPAÇO GEOGRÁFICO Diferenças entre território e espaço geográfico: • A apropriação do território é a única forma de entender o nosso país. A vida e suas relações, não existem fora do território, do espaço local. Um mundo é apenas uma reconstrução e não existe realidade concreta; • A delimitação pode não ocorrer de maneira precisa, pode ser irregular e mudar, bem como acontecer uma diversificação das relações sociais num jogo de poder cada vez mais complexo. DIMENSÕES/FORMAS DE USO DO TERRITÓRIO • Jurídico-política; • Ambiental; • Social; • Cultural; • Econômica. PODER X TERRITÓRIO O território é o locus do poder, pois torna concreto a possibilidade de mando, julgo ou imposição de vontade ou projeto particular a outras pessoas, grupos e instituições (GODIM et al. 2008). TERRITÓRIO X VIGILÂNCIA Pela perspectiva da vigilância o território é o local do evento a partir do qual se organiza as ações de promoção, prevenção e controle destes eventos. ATENÇÃO BÁSICA Estratégia política implantada no Brasil na década de 90 com o intuito de mudar o modelo de atenção em saúde. DESAFIO PARA A ATENÇÃO BÁSICA Superar a repartição do território em áreas político- administrativas de ação em saúde para uma compreensão da dinâmica interna dos territórios (como a vida acontece, como os processos sociais do cotidiano se desenvolvem- território vivo). TERRITORIALIZAÇÃO Processo de se habitar e vivenciar um território, a partir da obtenção e análise de informações sobre as condições de vida e saúde de populações. • Criação de território de atuação com o intuito de subsidiar o planejamento. ANÁLISE TERRIOTÓRIAL 2 Carolina Gondim – 5º semestre (2020.2) Coleta sistemática de dados que vão informar sobre situações-problemas e necessidades em saúde de uma dada população de um território específico, indicando suas inter- relações espaciais; • Identificar vulnerabilidades, populações expostas e a seleção de problemas prioritários para as intervenções; TERRITORIALIZAÇÃO – PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO Território Solo → Território Sanitário; TERRITORIALIZAÇÃO E VIGILÂNCIA EM SAÚDE Articulação entre territorialização e planejamento estratégico situacional (PES) consiste na base teórica e prática das ações de vigilância em saúde. OBJETIVOS DA TERRITORIALIZAÇÃO • Delimitar um território de abrangência; áreas e micro áreas – acessibilidade populacional, densidade populacional, condições de saúde; • Definir a população e apropriar-se do perfil da área e da comunidade; • Reconhecer dentro da área de abrangência barreiras e acessibilidade; • Conhecer a infraestrutura e recursos sociais; • Levantar problemas e necessidades; • Identificar o perfil demográfico, epidemiológico, socioeconômico e ambiental; • Identificar e dialogar/parcerias com lideranças formais e informais; • Potencializar os resultados e os recursos presentes nesse território. INSTRUMENTOS PARA A TERRITORIALIZAÇÃO • Observação e registro: registro de campo; • Entrevistas/questionários; • Mapeamento (identificação da rede de apoio a atenção básica); • Uso de fotografias; • Integração de toda equipe com a dinâmica do território. FICHAS E INSTRUMENTOS Manual E-SUS Ficha A Diagrama da territorialização dos problemas e das Ações de Saúde no Município “A forma como os serviços de saúde se organiza determina a saúde das populações” (STARFIELD, 1992) 3 Carolina Gondim – 5º semestre (2020.2) ESTRATÉGIAS • Composição da equipe completa: médico, enfermeiro, auxiliar ou técnico de enfermagem e agentes comunitários de saúde (equipe mínima), podendo ou não acrescentar a esta composição os profissionais de saúde bucal (equipe complementar); • O número de agentes comunitários de saúde (ACS) deve ser suficiente para cobrir 100% da população cadastrada, com um máximo de 750 pessoas por agente e de 12 ACS por equipe de Saúde da Família, não ultrapassando o limite máximo recomendado de pessoas por equipe; • No máximo 3.500 pessoas (4.000 no site do Ministério da Saúde) para uma equipe mínima de saúde da família • 40 horas semanais para todos os profissionais, exceto o médico (o médico possui maior flexibilização); o Entretanto, a carga horaria do médico interfere na disponibilidade do recurso federal: ▪ Mais horas → Maior recurso federal disponibilizado; ▪ Menos horas → Menor recurso federal disponibilizado. O QUE DESENCADEIA A PRÁTICA DA TERRITORIALIZAÇÃO? Toda territorialização comporta: • Relação de poder: poder compartilhado, portanto, é uma construção democrática. • Estratégia: múltipla e orientada para as condições sociais de vida e saúde. • Apropriação: expressa a responsabilização e o compartilhamento. O QUE PODEMOS FAZER COM OS RESULTADOS OBTIDOS? • Relatório de diagnóstico situacional; • Organização de prontuários; • Organização de processo de trabalho base território • Identificação de grupos de trabalhos; • Planejamento das ações de saúde em âmbito coletivo e individual; • Avaliação e monitoramento de indicadores de saúde; • Uma proposta para ampliar a minha clínica; • Priorizar as pessoas mais vulneráveis e os problemas mais prevalentes – Equidade; • Entendimento do porquê as pessoas adoecem; • Cuidado mais eficaz; • Olhar a saúde e, não somente a doença; • Promoção da saúde. CONSIDERAÇÕES FINAIS O território é dinâmico, a territorialização nunca se esgota: • Ela é feita constantemente; • É atribuição de toda ESF; • Não é homogênea e regular; • Permite ampliação do cuidado. VALE LEMBRAR QUE... A apreensão da realidade não é possível, entretanto uma aproximação da dinâmica do território é fundamental para a organização dos serviços. Como resultado da territorialização deveríamos ter a convergência dos diversos poderes e potencialidades presentes em um território na produção de melhoria na qualidade de vida de sua população.
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