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Universidade Católica de Moçambique Faculdade de Ciências Sociais e Políticas Curso de Mestrado em Saúde Pública Percepções de Pacientes e Acompanhantes em Relação a Alimentação Hospitalar, caso de Estudo: Hospital Central de Quelimane Candidato: Samuel Inácio Martinho Quelimane Janeiro 2020 Universidade Católica de Moçambique Faculdade de Ciências Sociais e Políticas Curso de Mestrado em Saúde Pública Percepções de Pacientes e Acompanhantes em Relação a Alimentação Hospitalar, caso de Estudo: Hospital Central de Quelimane Candidato: Samuel Inácio Martinho – Nº 7091402644 Dissertação Submetida à Faculdade de Ciências Sociais e Políticas – Universidade Católica de Moçambique como requisito parcial para elaboração da Dissertação para a obtenção do grau de Mestre em Saúde Pública Orientado por: Fernando Padama /Epidemiologista/ Quelimane Janeiro 2020 Índice AGRADECIMENTOS .................................................................................................................. i DEDICATÓRIA .......................................................................................................................... vi DECLARAÇÃO DE COMPROMISSO ..................................................................................... iii DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE .................................................................................. iiv LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .................................................................................. v RESUMO .................................................................................................................................... ivi ABSTRACT ............................................................................................................................... vii CAPITULO I ................................................................................................................................ 1 1.INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 1 1.1 Problematização ...................................................................................................................... 3 1.2Objectivos ................................................................................................................................ 4 1.2.1Objectivo Geral ..................................................................................................................... 4 1.2.2 Objectivos Específicos......................................................................................................... 4 1.3 Justificativa e Relevância do Estudo ...................................................................................... 4 CAPITULO II ............................................................................................................................... 6 2. Revisão da Literatura ................................................................................................................ 6 2.1 Revisão da Literatura Conceptual ........................................................................................... 6 2.1.1 Conceito de Alimentação ..................................................................................................... 6 2.1.2 A Alimentação, alimento e comida ..................................................................................... 6 2.1.3 Hospital ................................................................................................................................ 7 2.1.4 Saúde.................................................................................................................................... 7 2.1.5 Alimentação Hospitalar ....................................................................................................... 8 2.2 Literatura Empírica ................................................................................................................. 9 2.3 Literatura Focalizada ............................................................................................................ 11 CAPITULO III: Metodologia ..................................................................................................... 13 3.1 População e Amostra ............................................................................................................ 15 3.1.1 Universo populacional ....................................................................................................... 15 3.1.2 Amostra, processo de selecção e recrutamento dos participantes no estudo ..................... 15 3.1.3 Critério de inclusão ............................................................................................................ 18 3.1.4 Critério de exclusão ........................................................................................................... 18 3.2 Instrumentos de Recolha de Dados....................................................................................... 18 3.3 Técnicas de Apresentação, Análise e Interpretação dos dados ........................................... 19 3.3.1Técnicas de Apresentação................................................................................................... 19 3.3.2 Técnica de Análise e interpretação de Dados .................................................................... 19 3.3.3 Técnica de Validação dos dados/ Resultados .................................................................... 20 3.4 Aspectos Éticos ..................................................................................................................... 20 CAPÍTULO IV ........................................................................................................................... 22 4.1 Apresentação, Análise e Discussão de Dados ...................................................................... 22 4.1.1 Apresentação e análise dos dados ...................................................................................... 22 4.1.2 Discussão ........................................................................................................................... 27 Capitulo V ................................................................................................................................... 29 5.1 Conclusões e sugestões ......................................................................................................... 29 5.1.1 Conclusões ......................................................................................................................... 29 5.1.2 Sugestão ............................................................................................................................. 30 6. Revisão Bibliográfica ............................................................................................................. 31 7. APÊNDICES .......................................................................................................................... 34 8. ANEXOS ................................................................................................................................ 51 Indice de tabelas Tabela 1: Elementos da amostra ................................................................................................. 17 Tabela 2: Nivel de Escolaridade ............................................................................................. 3022 Tabela 3: Critérios para definição de alimentação hospitalar ................................................... 230 AGRADECIMENTOS Ao terminar a realização deste trabalho de investigação, gostaria de expressar o meu sincero agradecimento a todos que, de alguma forma tornaram possível a suarealização: A Deus, pela vida e por permitir o cumprimento de mais uma etapa da minha vida; A minha família, pelo apoio, carinho e paciência; Ao Fisioterapeuta do Hospital Geral de Quelimane, dr. Julias Victor Mandasse pelas demais contribuições; A todos os meus docentes, colegas e amigos que me acompanharam nesta etapa tão importante; Ao Hospital Central de Quelimane por proporcionar um ambiente digno e acolhedor, incentivando a realização desta pesquisa, num hospital com tamanha dimensão (nível quartanário); E, finalmente um especial agradecimento ao orientador Doutorando Fernando Manuel Padama e ao prof. Dr. Lazaro González Calvo, pelo compromisso, profissionalismo, inteligência e dedicação tornando este trabalho possível. DEDICATÓRIA Endereço a todos que fizeram com que torna-se fácil a elaboração deste trabalho, em especial ao meu pai que em vida respondia pelo nome de Inácio Martinho Cugelo Badaga, pela força espiritual sentida ao longo do curso e na vida quotidiana DECLARAÇÃO DE COMPROMISSO (Aceitação das Normas e Procedimentos de bioética) Eu, Samuel Inácio Martinho, estudante finalista do curso de Mestrado em Saúde Pública da faculdade de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Católica de Moçambique, Licenciado em Administração e Gestão Hospitalar, Investigador Principal deste estudo intitulado "Percepções de Pacientes e acompanhantes em relação a alimentação Hospitalar, caso de Estudo Hospital Central de Quelimane", comprometo-me com os princípios de Bioética e de boas práticas durante a realização deste estudo. Quelimane, Outubro de 2020. O Candidato ______________________________ /Samuel Inácio Martinho/ DECLARAÇÃO DE ORIGINALIDADE Eu, Samuel Inácio Martinho, estudante finalista do curso de Mestrado em Saúde Pública da Faculdade de Ciências Sociais e Políticas da Universidade Católica de Moçambique, Licenciado em Administração e Gestão Hospitalar, Investigador Principal deste estudo intitulado "Percepções de Pacientes e acompanhantes em relação a alimentação Hospitalar, caso de Estudo: Hospital Central de Quelimane", declaro por minha honra que o presente trabalho constitui resultado da minha investigação individual, mediante as orientações do meu orientador/supervisor. O seu conteúdo é original, todas as fontes aqui consultadas bem patentes no desenvolvimento do trabalho e ainda na bibliografia final. Declaro ainda, que este trabalho nunca foi apresentado em nenhum outro âmbito para obtenção de qualquer grau acadêmico. Quelimane, Outubro de 2020 O Candidato ______________________________ /Samuel Inácio Martinho/ O Supervisor ______________________________ /Fernando Manuel Padama/ LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AC Acompanhantes CIBS-Z Comité Inter-institucional de Bioética de Saúde da Zambézia CR Sector de Cirurgia DPS-Z Direção Provincial de Saúde da Zambézia E Entrevistador FCSP Faculdade de Ciências Sociais e Politicas HCQ Hospital Central de Quelimane MD Sector de Medicina MISAU Ministério de Saúde OMS Organização Mundial de Saúde PD Sector de Pediatria PI Pacientes Internados UCM Universidade Católica de Moçambique US Unidade Sanitária RESUMO A pesquisa com o tema “percepções de pacientes e acompanhantes”, procurou compreender percepções destes em relação a alimentação de Hospital Público de referência, caso de Estudo: Hospital Central de Quelimane. No período compreendido entre 2018-2019; tendo-se levantado a seguinte questão: Qual é a percepção dos pacientes e acompanhantes em relação a alimentação Hospitalar, caso Hospital Central de Quelimane? no entanto, para execução dos objetivos propostos, optou-se por um estudo Misto (Quali-quantitativo) com maior enfoque na Qualitativa. Trata-se de um estudo de caráter exploratório, pois permitiu compreender os factos/fenômenos relacionados ao mesmo e recuperar as informações disponíveis, tendo sido tomado a unidade amostral de 25 participantes sendo 13 pacientes internados e 12 acompanhantes, a técnica de seleção de amostra usada a técnica não probabilística, amostragem por conveniência. Contudo, com os resultados obtidos os pacientes e acompanhantes entendem que a alimentação hospitalar depende do que estes podem ou não comer devido a sua doença e por outro lado a sua história alimentar, preferências ou hábitos adquiridos ao longo da sua vida. Concluiu-se então que todos os pacientes beneficiam-se do mesmo cardápio (mesma refeição), os pacientes tem preferências em trazer alimentação das suas próprias residências pela maneira como a comida é preparada, pela quantidade que é servida, pelo horário que a mesma é disponibilizada, pela não variedade do cardápio entre outros condicionantes. Sugere-se: a valorização dos aspectos dietéticos dos pacientes internados, melhoramento na qualidade, quantidade (aumento) e variedade do cardápio da alimentação que é servida, a padronização do horário (existência de um horário único sem alterações) e que seja obedecido com rigor. Palavras-chave: Alimentação, pacientes internados, acompanhantes, HCQ. ABSTRACT The research with the theme "perceptions of patients and companions", sought to understand their perceptions in relation to the food of the reference Public Hospital, Case Study: Hospital Central de Quelimane. In the period between 2018-2019; the following question was raised: What is the perception of patients and companions in relation to hospital food, in the case of Hospital Central de Quelimane? However, to implement the proposed objectives, we opted for a Mixed study (Quali-quantitative) with a greater focus on Qualitative. It is an exploratory study, as it allowed to understand the facts / phenomena related to it and to recover the available information, having taken the sample unit of 25 participants, 13 inpatients and 12 companions, the sample selection technique used the non-probabilistic technique, convenience sampling. However, with the results obtained, patients understand that hospital food depends on what they may or may not eat due their disease and, on the other hand, their food history, preferences or habits acquired throughout their lives. It was concluded that all patients benefit from the same menu (same meal), patients prefer to bring food from their own homes due to the way the food is prepared, the amount served, the time it is served available, due to the lack of variety among other conditions. It is suggested: the appreciation of the dietary aspects of hospitalized patients, improvement in quality, quantity (increase) and variety of the menu of the food that is served, the standardization of the schedule (existence of a single schedule without changes) and that is strictly obeyed. Keywords: Food, inpatients, companions, HCQ. 1 CAPITULO I 1.INTRODUÇÃO A presente dissertação aborda sobre a temática “percepções de pacientes e acompanhantes em relação a alimentação Hospitalar, caso de estudo: Hospital Central de Quelimane (2018-2019)”. No entanto, numa primeira fase foi priorizada pacientes internados, e em caso de incapacidade por parte deste foi substituído pelo seu acompanhante, com excepção do Sector de pediatria que foram apenas acompanhantes justificando-se pela faixa etária dos pacientes e de acordo com os critérios de inclusão adiante mencionados. Trata-se de uma dissertação com propósito de obtenção do grau de Mestre em Saúde Pública. A recolha de dados só foi possível em Julho do ano em curso, logo após a autorização por parte do HCQ (local alvo do estudo). Estimou-se um período deaproximadamente 3 semanas para a recolha de dados, 3 entrevistas/dia, dias alternados de recolha de dados (um dia sim, um dia não) para garantir a qualidade da entrevista e o processo de transcrição, como também levando em consideração o grupo alvo (doentes internados e participantes). É perceptível para a sociedade e, especialmente, para os usuários dos serviços de saúde que os hospitais precisam estar preparados para cuidar de demandas extremas (dispensar a uma comunidade assistência à saúde). Estudos demonstram que a alimentação está relacionada com a melhoria da saúde, em conjunto com outros cuidados de saúde, ou seja, a qualidade da alimentação, tem efeitos benéficos na recuperação dos pacientes e na qualidade de vida (Demário et al., 2010). Alguns autores nas suas abordagens usam o termo “alimentação” outros de “comida”, outros ainda de “refeição” querendo no entanto dizer a mesma coisa apesar de ligeira diferença. Para este estudo os termos terão o mesmo significado. A alimentação é motivada por diversos factores, a nutrição propriamente dita, início e a manutenção das relações pessoais, a expressão de amor e carinho, a reacção diante de situações estressantes (Nascimento2007). Salientar que os factores acima mencionados são vários e muitas das vezes obedecem padrões culturais nomeadamente: crenças, tradições familiares, costumes regionais, hábitos até mesmo tabus. 2 Neste contexto este estudo procurou “Compreender percepções de pacientes e acompanhantes sobre a alimentação de Hospital Público de referência, caso de estudo: Hospital Central de Quelimane”. De acordo com as recomendações da Universidade Católica de Moçambique, esta dissertação se encontra dividida em cinco capítulos nas quais estão integrados diferentes tópicos a saber: Capítulo I: É a parte introdutória e nelas estão patentes os seguintes tópicos: introdução, problematização, objectivos e justificativa. Capítulo II: Incide sobre revisão de Literatura. Capítulo III: Incide sobre aspectos ligados a Metodologia do estudo. Capítulo IV: Apresentação, Analise e Interpretação dos dados Capitulo V: Conclusões e Sugestões 3 1.1 Problematização A quando da minha Licenciatura (2017), durante o período de estágio no Hospital Central de Quelimane, foi possível constatar que parte dos pacientes internados tem certa preferência em consumir comida caseira trazida pelos acompanhantes ou familiares durante as refeições, o que de certa forma pode comprometer o estado de recuperação do paciente fundamentalmente a pacientes que seguem a determinadas dietas, a não ser que haja troca de informação de forma antecipada entre o profissional especializado (nutricionista) e o acompanhante ou mesmo familiar do paciente. Outro aspecto muito comum é: ao visitar um parente ou mesmo amigo que esteja internado ouvir queixas de que a comida não é agradável, não tem gosto muito menos um cheiro bom. O estado nutricional do paciente hospitalizado é directamente influenciado pela conduta nutricional implementada. Estudos demonstram que em geral os pacientes não ingerem alimentação suficiente para atender as suas necessidades nutricionais durante a hospitalização (Sousa, 2013 p.150). Nesse contexto, considerando as consequências negativas que o desequilíbrio nutricional pode ter sob o estado de saúde do paciente, fornecer uma terapia nutricional adequada e evitar a escassez de nutrientes por meio da alimentação, traz benefícios e pode prevenir a desnutrição hospitalar (Bottoni et al., 2014; Garcia, 2006). Os estudos observam que os pacientes não ingerem boa parte da alimentação que lhes é oferecida devido à doença, falta de apetite, alterações do paladar, mudança de hábitos, insatisfação com as preparações e ambiente hospitalar pois a aceitação da alimentação estaria relacionada com a forma de atendimento prestado (Demário, 2009, p.1276). Todavia, mesmo diante de um profissional para confeccionar alimento, a imagem negativa da refeição hospitalar é generalizada e, portanto, não necessariamente relacionada aos alimentos por si só. É nesta perspectiva que surge a seguinte questão: Qual é a percepção dos pacientes e acompanhantes em relação a alimentação Hospitalar, caso Hospital Central de Quelimane? 4 1.2Objectivos 1.2.1Objectivo Geral Compreender percepções de pacientes e acompanhantes sobre alimentação em um hospital público de referência, caso de estudo no Hospital Central de Quelimane, província da Zambézia. 1.2.2 Objectivos Específicos Explorar as percepções dos pacientes internados e acompanhantes sobre alimentação hospitalar; Identificar o nível de satisfação, referente à alimentação hospitalar; Identificar expectativas dos pacientes e acompanhantes em relação a alimentação hospitalar; 1.3 Justificativa e Relevância do Estudo A alimentação para pacientes durante o processo de internamento, constitui uma das importantes etapas em conjunto com outros cuidados de saúde na busca pela recuperação do estado doente, portanto, os hábitos alimentares, as crenças, podem de certa maneira contribuir a uma inadequada nutrição na medida em que o paciente tem tendências ou preferências de comidas domésticas sem que tenha aprovação de um profissional de saúde (nutricionista). Optar por refeições caseiras não recomendadas pelo profissional de saúde, pode ter implicações na recuperação do paciente, e, devido a maior tendência suscitou no grande interesse daí a relevância do estudo. Associado a isto, estudos demonstram ocorrência de desnutrição em pacientes durante o período em que este está internado, portanto trata-se de um problema de saúde pública muito pertinente no nosso quotidiano. Segundo Souza (2011), a prevalência da desnutrição em ambiente hospitalar varia de 20% a 50% em diferentes estudos, conforme critérios utilizados. Muitos desenvolvem a desnutrição durante a hospitalização e isso pode ser prevenido se uma atenção especial for dada. Por outro lado, a função terapêutica da alimentação tem evoluído bastante, ficando cada vez mais claro que a alimentação pode, de facto, apresentar um papel relevante no processo saúde e doença. Uma das principais causas de desnutrição em indivíduos internados é resultado de consumo alimentar inadequado (Philippi et al., 2011). 5 No geral o estudo é relevante por se tratar de um tema bastante sensível, visto que alimentar- se inadequadamente pode comprometer aquilo que é a função do hospital (assistência curativa) na recuperação do paciente. Portanto, os resultados obtidos na percepção dos pacientes e seus acompanhantes trazem uma nova visão ao entendimento deste grupo alvo e quiçá nova dinâmica. Para o estudante praticante uma vez que a escolha do tema não somente deve-se a inquietação, pois trata-se de um tema de actualidade bastante sensível, como também está directamente relacionado ao Curso (Saúde Pública), o que constitui uma mais-valia. Para a faculdade que funciona como um sistema aberto, visto que anualmente há entrada e saída de estudantes, o estudo poderá servir de fonte de consulta de novas pesquisas de temas a estes relacionados. Para o local na qual a pesquisa irá decorrer (Hospital Central de Quelimane), os resultados desse estudo poderão contribuir/auxiliar para evolução do conhecimento, na perspectiva do paciente hospitalizado e seus acompanhantes na busca pela melhoria, dada a sua relevância. Para o Funcionários deste mesmo Hospital (local de estudo), o resultado deste estudo busca trazer aperfeiçoamento e uma nova visão no que diz respeito a alimentação hospitalar na perspectiva do paciente hospitalizado bem como acompanhantes. 6 CAPITULO II 2. Revisão da Literatura 2.1 Revisão da Literatura Conceptual Este capítulo, visaessencialmente descrever os conteúdos teóricos acumulados de forma genérica sobre o tema. A fundamentação teórica feita de forma objectiva e concisa em diferentes perspectivas, na abordagem de diversos autores que debruçam acerca do tema em estudo com vista a tornar inteligível ou compreensíveis os conteúdos e, criar uma linha de pensamento relacionado ao problema. No entanto, nela consta: a conceptualização (conceitos- chave), empírica e focalizada. 2.1.1 Conceito de Alimentação Para Maciel (2001), o alimentar-se é um ato vital, sem o qual não há vida possível, mas, ao se alimentar, o homem cria práticas e atribui significados àquilo que está incorporando a si mesmo, o que vai além da utilização dos alimentos pelo organismo. Para SESC (2003), alimentação é a base da vida e dela depende a saúde do homem. A falta de alimentos, os tabus e crenças alimentares e a diminuição de poder aquisitivo, são fatores que levam à nutrição inadequada. Ainda SESC, a alimentação deve ser fornecida em quantidade e qualidade suficiente e estar adequada à necessidade do indivíduo. Segundo Roger (2012), “denomina-se alimentação ao processo de ingestão de alimentos a fim de proporcionar os nutrientes necessários para o desenvolvimento do organismo. A alimentação é de grande importância para a saúde humana, pois quando realizada de maneira correta é possível evitar grande número de doenças, além de servir de base da nutrição. Diante das abordagens acima percebe-se que a alimentação para além da sua sensibilidade é algo extremamente importante na vida do ser humano daí a necessidade da sua priorização. 2.1.2 A Alimentação, alimento e comida No que diz respeito a tríade alimentação, alimento e comida, é importante a compreensão de tais significados para melhor entendimento das sociedades e práticas de consumo. 7 A alimentação é um fenômeno colectivo, socialmente e culturalmente influenciado e vivenciado (Teixeira & Sauerbronn, 2015). O alimento se associa ao atendimento e necessidades estritamente nutricionais enquanto, por outro lado, a comida está associada ao prazer e á construção de relações entre indivíduos (Damata, 1984). 2.1.3 Hospital Hospital é parte integrante de um sistema coordenado de saúde, cuja função é dispensar à comunidade assistência à saúde, tanto curativa quanto preventiva, incluindo serviços à família, em seu domicílio e ainda é um centro de formação para os que trabalham no campo da saúde e para pesquisas bio-sociais (OMS, 1946). Segundo Almeida (1983, citado por Lemos, 2011), o hospital é: Uma instituição destinada ao diagnóstico e tratamento de doentes internos e externos, servindo ao mesmo tempo para prevenir contra a doença e promover a saúde, a prática, a pesquisa e o ensino da medicina e da cirurgia, da enfermagem e da dietética, e das demais especialidades afins (p.205). Portanto, os Hospitais são estruturas organizacionais complexas e sensíveis e um local prestação de cuidados em regime de internamento e de atendimento em ambulatório a doentes que não encontram soluções para os seus problemas de saúde a nível inferiores. 2.1.4 Saúde Para a Organização Mundial de Saúde (1946), saúde é o estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doença. A própria compreensão de saúde tem também alto grau de subjectividade e determinação histórica, na medida em que indivíduos e sociedades consideram ter mais ou menos saúde dependendo do momento, do referencial e dos valores que atribuam a uma situação. A saúde passou, então, a ser mais um valor da comunidade que do indivíduo. É um Direito fundamental da pessoa humana, que deve ser assegurado sem distinção de raça, de religião, ideologia política ou condição socioeconómica, (Almeida, 2011). 8 De acordo com os textos acima citados, salientar que saúde é portanto um estado completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades; um bem não individual. A saúde, é portanto, um valor colectivo, um bem de todos, devendo cada um gozá-la individualmente, sem prejuízo de outrem e solidariamente com todos. 2.1.5 Alimentação Hospitalar A Alimentação em uma unidade hospitalar, têm como principal intuito restaurar a saúde dos pacientes, servido como um importante factor adjuvante ao tratamento médico, e ajudando a oferecer o aporte necessário de nutrientes (Demário, 2009). Ainda Demário (2007), a alimentação hospitalar é um dos aspectos importantes para a melhoria da qualidade do tratamento destinado aos pacientes, em conjunto com outros cuidados de saúde. Para Sousa (2013), a Alimentação hospitalar é reconhecida por sua relação com a melhoria do tratamento aos pacientes, em conjunto com outros cuidados de saúde. De acordo com Demário e Salles (2010, citado por Menezes, 2018): Em ambiente hospitalar o paciente está deslocado da sua rotina e a alimentação é uma das principais formas de se conectar com a situação de conforto. A alimentação é associada com a melhora do quadro clinico pelos próprios pacientes, reforçando a importância de atender sempre que possível às demandas que envolvem aversões e gostos pessoais para favorecer a aceitação e contribuir para melhorado estado geral (p.38). Segundo Robles (2003), os serviços de nutrição e alimentação hospitalar são meios para proporcionar atenção nutricional adequada para usuários e trabalhadores de tais instituições. Administrativa e financeiramente este sector não apresenta lucratividade. Do ponto de vista da alimentação, Corbeau (1998) argumenta que os sectores ligados à alimentação hospitalar devem aprender a conhecer melhor e respeitar a pluralidade da população hospitalar. A alimentação não é redutível aos nutrientes, mas é fonte de prazer do início ao fim da vida e faz parte integrante da manutenção ou da reconstrução da identidade do indivíduo hospitalizado. E ainda, a alimentação, como um fato social, é um meio de comunicação entre as pessoas que cercam os pacientes e com a instituição. 9 2.2 Literatura Empírica A revisão empírica diz respeito a estudos feitos por outros autores sobre o tema em estudo. No entanto procura-se descrever o tema da pesquisa, objetivo, a metodologia usada e a que conclusão se chegou. Estes estudos são fundamentais para perceber qual é o “estado da arte”, em termos de estudos realizados noutros contextos acadêmicos e/ou geográficos. Portanto, a revisão de literatura não se resumi apenas a consulta de manuais ou livros, mas deve também basear-se nas revistas cientificas, dissertações, bem como teses de doutoramento, uma vez que, a partir destas, podemos ter contacto com estudos empíricos relacionados com a nossa problemática. Um estudo foi levado a cabo pelo Demário (2007), com objetivo geral conhecer a percepção de pacientes em relação a alimentação em um hospital público de referência, em uma abordagem qualitativa que envolveu 26 pacientes (adultos e idosos) internados nas unidades clinicas médicas. A escolha dessas unidades baseou-se no tempo médio de internação, tendo concluído que comer bem no hospital, depende do que os pacientes podem ou não comer devido a sua doença, revelando que, possivelmente não haja identificação da alimentação hospitalar com a sua história alimentar, preferencias ou hábitos adquiridos ao longo de sua vida. O estudo realizado em um hospital de referência na cidade Salvador com objetivo de verificar a adequação do almoço servido aos pacientes internados de acordo com a prescrição nutricional, na sua conclusão foram encontradas importantes inconformidades nas refeições servidas a pacientes hospitalizados que podem indicar ocorrência de erros da montagem e distribuição das refeições, (Menezes, Nascimento, Câmera, & Sousa, 2018). Um outro estudo foi realizado com objetivo de identificar percepções de nutricionistas,iniciativas de humanização em alimentação e nutrição na atenção hospital, com a abordagem qualitativa tipo exploratória, através da técnica de grupos focais, envolvendo 23 participantes concluiu a necessidade de usuários e profissionais interagirem. O conjunto dessas ações requer interação de profissionais envolvidos, apoio institucional e individualização da atenção (Sousa, Salles, Ziliotto, Prudêncio, Martins, & Pedroso, 2013). Para Agostini, Silva, Menegassi e Vieira (2017), num estudo intitulado: Alimentação Hospitalar – percepção sensorial e extra-sensorial de pacientes em um hospital filantrópico, com objetivo de analisar o grau de satisfação e a percepção sensorial extrassensorial dos pacientes, usando entrevista semi-estruturada em uma abordagem qualitativa e quantitativa concluiu de modo geral existir satisfação com as refeições servidas, no entanto, as percepções 10 dos pacientes, indicavam insatisfaço com aspectos que não puderam ser percebidos quantitativamente, como o ambiente, a aparência e a textura da comida servida. De acordo com as citações dos autores acima, implica chegar a seguinte conclusão: alimentar- se bem em um hospital está muito além de disponibilidade do alimento. O mesmo pode de certa forma estar relacionado a doença do paciente bem como a outros demais condicionantes como é o caso de do ambiente, aparência até mesmo a textura da comida que se serve. Para este estudo, levou-se em consideração alguns critérios evidenciados em outros estudos a este tema relacionados para a definição de alimentação hospitalar, tendo a seguinte descrição: Aparência visual: característica formada pela combinação de cores, o tipo de corte, consistência de preparações, disposição de embalagens bem como utensílios na bandeja. Sabor: paladar agradável de temperos uados. Temperatura adequada dos alimentos: temperatura quente/fria de acordo com a característica de cada preparação; Higiene dos alimentos: ausência de corpos estranhos nas bandejas e/ou preparações: cabelo, insetos, larvas, pelos e outros; Cortesia no atendimento: gentileza e atenção apresentadas pela copeira que realiza o atendimento; Utensílios adequados para alimentar-se: guardanapos, embalagem, talheres; Condições adequadas para alimentar-se: mobília (mesa de apoio, cadeira, mesa de refeição); Agrados ao paciente, dietas: cardápio com vista a agradar o paciente internado. 11 2.3 Literatura Focalizada De salientar que não faltou interesse na busca de fontes que versam sobre a situação de Moçambique no que diz respeito ao tema em estudo, porém verificou-se escassez de fontes (informação). Um estudo realizado por Froy (2010), no âmbito da sociologia da alimentação onde procurou analisar aspectos inerentes aos hábitos alimentares que caracterizam os serviços de alimentação, na perspectiva de que são influenciados pelo conjunto de regras alimentares definidas cultural, social e economicamente. Portanto, o estudo contou com uma abordagem qualitativa apoiada num guião de entrevista semi-estruturadas aplicadas a uma amostra de estudantes das residências universitárias, tendo concluído que os estudantes não frequentam o refeitório devido aos factores sociais, culturais e higiênicos. De acordo com Perlito (2014), num estudo com objetivo de avaliar o estado de nutrição e os hábitos alimentares no 1º ano de vida, em crianças dos 0 aos 24 meses na província de Nampula, Moçambique, selecionou aleatoriamente crianças, onde foram realizadas avaliações antropométricas. Algumas informações relativas ao agregado familiar foram recolhidas, como o estado de nutrição da mãe, a escolaridade e o número de filhos. O estudo concluiu que alguns hábitos alimentares da criança estão desajustados de recomendações, sendo necessárias medidas político-governamentais de prevenção e promoção de uma alimentação saudável e adequada. Segundo Rodrigues (2014), durante longo tempo, a dieta dos doentes internados no Real Hospital da Ilha de Moçambique esteve vinculada as práticas alimentares construídas na região. No entanto, as práticas alimentares do hospital foram reconfiguradas, através da prescrição das refeições os médicos europeus, visavam alimentar os doentes de acordo com os novos desenvolvimentos das teorias médicas europeias, nomeadamente no campo da fisiologia e da química dos alimentos. A imposição de modos de alimentar os enfermos baseados no discurso medico europeu assentou na autoridade construída por esses médicos, enquanto diretores do hospital e curadores de doentes. No entanto, narrativas posteriores indica que, na ausência da autoridade dos físicos-mores europeus, havia um relaxamento na aplicação desses preceitos dietéticos, o que justificava a adopção de novas medidas sobre a alimentação dos enfermos. Um outro estudo realizado por Gove (2017), com intuito de perceber qual é a percepção que se tem sobre fenômeno da alimentação tendo em conta a desnutrição e uso dos suplementos 12 nutricionais administrados pelo Programa de Reabilitação Nutricional e, que medidas se podem incorporar para a coordenação das ações de reabilitação deste programa. No entanto, prosseguiu-se com objetivo geral, identificar e discutir o processo de determinação social da desnutrição e suplementação nutricional nas comunidades do distrito de Marracuene (Província de Maputo-Moçambique). O estudo contou com uma abordagem social qualitativa tipo descritivo, tendo concluído no geral que a abordagem dos programas de assistência de saúde desenvolvidos para a comunidade, entre outros que visam o bem-estar da população em Moçambique, têm de ser desenvolvidos com a estrita observância dos fatores estruturais e sócio-cultural. 13 CAPITULO III: Metodologia Este capítulo aborda questões relacionadas a maneira metodológica que se seguiu para execução desta pesquisa, procurando detalhar a razão da escolha de um determinado material, o tipo de estudo, assim como o universo populacional e a amostra escolhida para o estudo. Abordar-se-á também sobre as técnicas de recolha de dados. De acordo com Bello (2005), dá ênfase a metodologia por ser através dela que se estuda, descreve, explica os métodos que se vão aplicar ao longo do trabalho, procurando garantir a exactidão e legitimidade dos resultados que sairão da pesquisa de forma a sistematizar os procedimentos adoptados durante várias etapas. A metodologia tem como o objectivo principal analisar as características dos vários procedimentos disponíveis, observando as suas vantagens e desvantagens. Para Lakatos e Moroni (1991), é na fase da metodologia que se procura operacionalizar a investigação, determinando o tipo de estudo, as definições operacionais das variáveis, o meio onde desenvolve a investigação e a população abrangida pelo estudo. Portanto, para o desenvolvimento desta pesquisa usou-se: Abordagem Quali-quantitativa; Quanto aos objectivos_Exploratório, descritivo. Método de revisão bibliográfica e de observação directa. No entanto, trata-se de um Estudo Misto, agregando assim os dois métodos: Qualitativo e Quantitativo. A escolha deste tipo de estudo (estudo misto), visa essencialmente permitir que haja complementaridade nas respostas que serão feitas aos participantes e maior exactidão dada a necessidade tendo em consideração ao tema bem como aos objectivos na qual se pretende buscar. A escolha do estudo misto, deveu-se pela natureza do tema em estudo, como também por tratar- se de um método que permite a interação entre eles e fornecer melhores possibilidades analíticas. Os termos da abordagem qualitativa e abordagem quantitativa, são mais adequados de se empregar, por considerar que muitas são as pesquisas com metodologias diferenciadas, as quais podem caracterizar-se como uma abordagem qualitativa e abordagemquantitativa. É importante lembrar que “são várias as metodologias de pesquisa que podem adoptar uma abordagem quantitativa. Modo de dizer que faz referência 14 mais seus fundamentos epistemológicos do que propriamente as especificidades metodológicas (Severino 2007, p.119) A pesquisa qualitativa pode ser apoiada pela pesquisa quantitativa e vice-versa, possibilitando uma análise estrutural do fenómeno com métodos quantitativos e uma análise processual mediante métodos qualitativos (Schneider et al., 2017). De referir que para o desenvolvimento deste trabalho usou-se o método de revisão bibliográfico (literatura) e observação directa (ver, perceber e relatar cenários visualizados, a quando do momento de recolha de dados: aproximar o refeitório, aproximar ao nutricionista, e utilizando caderno de campo anotar as próprias percepções do pesquisador acerca da investigação em curso e informações sobre o entrevistado, seu comportamento geral na entrevista e em particular quanto aos temas e à dinâmica com que transcorriam entre outros aspectos relevantes). Nos estudos de administração, uma parcela dos pesquisadores optam por colectar os dados por meio da observação, visto que os métodos de observação são aplicáveis para a apreensão de comportamentos e acontecimentos no momento em que se produzem, sem a interferência de documentos ou pessoas. A observação atenta dos detalhes coloca o pesquisador dentro do cenário de forma que ele possa compreender a complexidade dos ambientes psicossociais, ao mesmo tempo em que lhe permite uma interlocução mais competente (Zanelli, 2002). Para Gunther (2006), o ponto forte da observação é o realismo da situação estudada, que fornece um indicador do nível em que as indagações estão para, a partir desta análise, se estruturarem posteriores e complementares entrevistas. O Método Bibliográfico foi importante, na medida em que o tema nos submete a conhecimentos já desenvolvidos por outros autores, ou seja, usar-se-á algum material como suporte de sustentação da nossa pesquisa. Segundo Marconi e Lakatos (1990), a pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda bibliografia já tomada pública em relação ao tema (p.66). De acordo com o tema em estudo: “percepções dos pacientes internados e acompanhantes sobre alimentação hospitalar” é de natureza prática, trata-se de um tipo Exploratório, descritivo 15 (explorar, analisar e descrever) pois visa aproximação com o tema, conhecer a opinião relacionados ao tema, recuperar informações disponíveis. As pesquisas exploratórias visam proporcionar uma visão geral de um determinado facto, do tipo aproximativo. As técnicas tipicamente utilizadas para a pesquisa exploratória são estudos de caso, observações ou análise de narração de histórias individuais ou grupais, e seus resultados fornecem geralmente dados qualitativos vs quantitativos. No entanto, fez-se: Levantamentos Bibliográficos, entrevista com pacientes e acompanhantes no Hospital Central de Quelimane. De acordo com Gil (1999), “O carácter Exploratório do estudo explica-se porque o objectivo do estudo passa a ser o domínio em profundidade pois permite explorar o conceito para extrair dele todas as manifestações, com vista a descrever o fenómeno”. 3.1 População e Amostra 3.1.1 Universo populacional Segundo Lakatos e Moroni (1991), “a população ou universo da pesquisa é o conjunto de seres animados ou inanimados, que apresentam pelo menos uma característica em comum”. População é portanto, um conjunto de indivíduos ou objectos que representam em comum determinadas características definidas para o estudo. A delimitação do universo consiste em explicitar que pessoas ou fenómenos serão pesquisados, enumerando suas características comuns. Assim sendo, para o caso concreto no estudo fazem parte da população, os pacientes internados ou seus acompanhantes nos sectores de Medicina, cirurgia e pediatria, o que corresponde uma média de 4504 pacientes internados anualmente nos sectores anteriormente mencionados. (Fonte: HCQ). 3.1.2 Amostra, processo de selecção e recrutamento dos participantes no estudo De acordo com o Lakatos e Marconi (2003), amostra é uma porção ou parcela, convenientemente seleccionada do universo populacional, ou seja, é o subconjunto do universo. Amostra é a menor representação de um todo maior considerado para pesquisa, cujas conclusões deste todo foram feitas através da amostra (Fonseca 2002, p.53). 16 Para o estudo, foi possível calcular o tamanho da amostra a partir da equação abaixo: Sendo: z=grau de confiança em desvios padrões; e=margem de erro escolhida; N= tamanho da população; e p=constante igual a 0,5 Analisado os primeiros 3 meses de 2020 a média de dias de camas rondou em 376 pacientes nas enfermarias de Medicina, pediatria e Cirurgia. (Fonte: Sector de Estatística do HCQ). Portanto, estima-se aproximadamente 4504 (Dias de Cama Ocupadas) até final de 2020. Com isso, usando uma população de 4504 pacientes, um grau de confiança de 95% e uma margem de erros 5% se obteve como amostra 25 pacientes, sendo 6 na Pediatria, 10 na Cirurgia e 9 da Medicina. A técnica de Seleção da Amostra, usada é a técnica Não Probabilística, com a amostragem por conveniência. Segundo Mattar (1996), a técnica não probabilística é aquela em que a seleção dos elementos da população para compor a amostra depende ao menos em parte do julgamento do pesquisador ou do entrevistador no campo. Portanto, este tipo de amostragem é utilizada quando não temos acesso a lista completa dos indivíduos que formam a população, no entanto não sabemos a probabilidade que cada indivíduo tem de ser selecionado para a amostra. A amostra por conveniência é adequada e frequentemente utilizada para geração de ideias em pesquisas exploratórias. Por outra, é muito comum e consiste em selecionar uma amostra da população que seja acessível. 2 2 2 2 (1 ) (1 ) 1 ( ) z xp p e z xp p e N 17 Importante aqui realçar que, para este estudo, tratando-se de uma abordagem Quali- quantitativa, com maior enfoque na Qualitativa, o termo “amostra” não tem o sentido de representatividade. De acordo com Guerra (2006), considera que o termo “amostra” não se deveria aplicar na análise qualitativa, pelo facto de estar associado a uma representatividade estatística. Na análise qualitativa a “amostra” (ou por outras palavras, a selecção dos participantes) visa uma ‘representatividade social’, isto é, propósito não é representar um determinado universo (populacional), mas “representar” o ponto de vista dos actores no contexto do seu posicionamento social (e/ou profissional), (Guerra, 2006). Para o estudo, foi tomado a unidade Amostral de 25 participantes, dos quais 13 Pacientes Internados e 12 Acompanhantes, tal como ilustra a tabela abaixo. Tabela1: Elementos da amostra Fonte: Autor 2019 De salientar que a escolha dos sectores acima mencionados (medicina, cirurgia e pediatria), justifica-se pelo tempo de permanência dos pacientes internados. Para a pediatria registam-se muitos casos durante a internação, portanto um ser sensível e facilmente influenciado pelas comidas caseiras, por serem menores de idade foram entrevistados os acompanhantes. Optou-se com ajuda dos chefes dos serviços nos sectores alvo do estudo seleccionar os participantes pacientes internados ou acompanhantes em condições e disponíveis para participar no estudo. Amostragem Sectores envolvidos Técnicas Local Pediatria Cirurgia Medicina Pacientes internados 0 5 8 Questionário semiestruturado HCQ Acompanhantes 6 5 1 Questionário semiestruturado HCQ Total envolvidos no estudo 25 18 3.1.3 Critério de inclusão Para a inclusão neste estudo, o participante obedeceu os requisitos seguintes: Pacientes internado ou seu acompanhantemaior de idade (≥ 18 anos); Estar internado no HCQ num período mínimo de 4 dias; Estar disponível e aceitar participar de maneira livre e dar seu consentimento informado (por escrito); Pacientes internados ou seus acompanhantes nos serviços alvo do estudo (Medicina, cirurgia); Acompanhantes/encarregados de menores (para sector de pediatria); Pacientes ou acompanhantes com capacidade de suportar uma entrevista. 3.1.4 Critério de exclusão Não fizeram parte deste estudo: Paciente ou seu acompanhante menores de idade (<18 anos); Pacientes graves; Paciente internado abaixo de 4 dias; Paciente internado ou acompanhante que não aceite ou não tenham disponibilidade para participar; Pacientes e acompanhantes inconscientes, Pacientes e acompanhantes com dificuldades de falar (disfásicos); Pacientes e acompanhantes confusos ou sedados 3.2 Instrumentos de Recolha de Dados Para a recolha de dados optou-se nos seguintes métodos: Questionários Semi-estruturados - segundo o qual feito com base em um guião ligado ao tema, envolvendo perguntas fechadas e abertas ao grupo alvo ligado ao estudo (pacientes internados ou seus acompanhantes), de acordo com a tabela nr.1 desta dissertação; Também foi usado um gravador para captura de informação com profundidade (para as perguntas abertas), onde em seguida feita a transcrição (palavra por palavra) e analise de dados. 19 No entender de Kendall & Kendall (1992), as entrevistas Individual em Profundidade são particularmente adequadas para obter opiniões (em vez de factos) pode revelar problemas críticos escondidos. Para Alonso citado por Diária (2011), a entrevista em profundidade é uma forma especial de conversa entre duas pessoas, conduzida pelo pesquisador (entrevistador) para favorecer a produção de um discurso contínuo e linear de argumentação do entrevistado sobre um tema de interesse definido por uma pesquisa. 3.3 Técnicas de Apresentação, Análise e Interpretação dos dados Este capítulo aborda questões ligadas a apresentação, análise e interpretações dos resultados após a realização da pesquisa Segundo Marconi e Lakatos (2003:174) técnica é um conjunto de preceitos ou processos de que se serve uma ciência ou arte, é a habilidade para usar esses preceitos ou normas, a parte prática. Toda ciência utiliza inúmeras técnicas na obtenção de seus propósitos. 3.3.1Técnicas de Apresentação Numa primeira fase foi feita a apresentação dos resultados usando tabelas e gráficos e em seguida feita usando a análise de conteúdo. 3.3.2 Técnica de Análise e interpretação de Dados Para manter o rigor dos dados, a análise de dados foi possível usando analise de conteúdo, baseada em depoimentos dos participantes, mediante um livro de códigos previamente criado, estabelecendo categorias relevantes para a investigação do tema em destaque. No entender de Minayo (2004), trabalhar com categorias significa agrupar elementos, ideias ou expressões em torno de um conceito capaz de abranger tudo isso. Este tipo de procedimento, de um modo geral, pode ser utilizado em qualquer tipo de análise em pesquisa qualitativa. Portanto, a categorização feita através de agrupamentos de todos as respostas, ou seja agrupadas questões semelhantes, o que irá permitir a confrontação das respostas e a partir delas tirar as conclusões. No final, o resultados obtidos, usar-se-á o método indutivo, a partir das respostas das entrevistas, ou seja, porque parte do particular e coloca a generalização, tendo em conta as 20 características de coerência, consistência e objectivação, consenso nas frequências das categorias de analises, em ligação aos tópicos para captura de informação. A análise do conteúdo das entrevistas e as observações detalhadas no caderno de notas, foi um processo levado em consideração. 3.3.3 Técnica de Validação dos dados/ Resultados Para validação dos resultados, foi feita a confrontação dos resultados ou seja a triangulação dos resultados: os dados obtidos dos participantes, o que a literatura prevê, bem como a opinião do autor a quando da sua análise da pesquisa. A técnica da triangulação que, para Lakatos (2009, p. 123), é uma técnica de investigação social complementar a técnica da entrevista, análise bibliográfica e da observação que trata de fazer aparecer o máximo possível os elementos de informação e de reflexão, que servirão de matérias para uma análise sistemática de conteúdo que corresponde as exigências, de estabilidade e de inter-subjectividade dos processos. Portanto, os resultados foram expressos mediante um resumo das respostas obtidas pelos intervenientes (participantes), capturadas através das entrevistas. 3.4 Aspectos Éticos De salientar que essa pesquisa contou com todos os procedimentos éticos, primeiramente a aprovação do tema pela Conselho Científico da Universidade Católica de Moçambique, Faculdade de Ciências Sociais e Políticas – Quelimane. Seguidamente, a pesquisa só foi realizada após a aprovação da carta Administrativa de Cobertura Institucional solicitada a Direção Provincial de Saúde da Zambézia (DPS-Z), a revisão e parecer do Comité Inter-institucional de Bioética de Saúde da Zambézia (CIBS-Z) sobre considerações éticas, e por fim a autorização de realização da pesquisa por parte do Hospital Central de Quelimane (HCQ) -local alvo do estudo. Para todos os participantes desta pesquisa obteve-se o Consentimento Livre (por escrito) antes do início da entrevista e em seguida atribuiu-se o IDI (um código de identificação para cada participante). Importa realçar que os Pacientes Internados foram atribuídos a inicial PI e em seguida o número de entrevista (001, 002, 003 sucessivamente), para salvaguardar a identidade do participante, assegurando o anonimato dos mesmos. Para além dos participantes também foi 21 atribuído códigos aos sectores: para o Sector de Medicina MD; PD – Sector de Pediatria e CR- Sector de Cirurgia. Os acompanhantes, foram atribuídos a inicial AC e de seguida o número da entrevista (001, 002, 003 sucessivamente). Segundo Goldim (1999), entende-se o consentimento informado como autorização de um procedimento de pesquisa, após terem sido fornecidas todas as informações necessárias a plena compreensão dos riscos, desconfortos e benefícios associados. A Carta de Consentimento Informado é um processo através do qual o entrevistador apresenta os tópicos gerais da pesquisa ou inquérito, permitindo desta forma que o informante esclareça duvidas, pergunte sobre a pesquisa e decida sua participação livre e voluntária. Ademais, é uma evidência de que o entrevistador solicitou o consentimento da pessoa entrevista para realizar o inquérito/pesquisa. Cada indivíduo: é único e livre, tem o direito e a capacidade de decidir, tem estima e dignidade, tem direito ao consentimento livre e esclarecido. 22 CAPÍTULO IV 4.1 Apresentação, Análise e Discussão de Dados Esta secção é reservada a apresentação, análise e discussão de dados, de acordo com os resultados obtidos usando tabelas, gráficos e análise de conteúdo (baseada em categorias) e de seguida a interpretação dos mesmos tal como mencionado no anterior capitulo. 4.1.1 Apresentação e análise dos dados Segundo os dados demográficos apurou-se o seguinte resultado: Gráfico 1: sexo do participante Fonte: Autor Este estudo contou com participação de cerca de 60% de homens c 40% de mulheres, com idades compreendidas desde 24 ate 78 anos de idade. Tabela 2: Nível de escolaridade Resposta dos participantes Nr. de participantes Percentagem Nunca frequentou a escola 2 8% Ensino primário 10 40% Ensino secundário 10 40% Formação profissional 2 8% Universidade 1 4% Fonte: Autor 2020 Dos 25 participantes nesteestudo, apenas 8% é que nunca frequentou uma escola e 40% destes já frequentou ensino primário e igual número ensino secundário. No entanto 8% deste frequentaram a formação profissional e apenas 4% universitário. 40% 60% Feminino Masculino 23 Importante aqui salientar que parte destes participantes exercem suas funções neste mesmo hospital (local alvo do estudo), porém, no momento da de realização deste estudo estiveram na condição de internado e deixaram ficar as suas opiniões. Tabela 3: Critérios para definição de alimentação hospitalar Critérios Percentagens das opiniões dos participantes Muito importante Importante Indiferente/ Sem resposta Pouco importante Sem importante Aparência visual 36% 48% 0% 12% 4% Sabor 32% 44% 4% 8% 12% Temperatura adequada dos alimentos 48% 48% 0% 0% 4% Higiene dos alimentos 60% 32% 4% 4% 0% Cortesia no atendimento 60% 20% 0% 8% 4% Utensílios adequados para alimentar- se (embalagens, bandejas, talheres) 32% 52% 0% 8% 8% Condições adequadas para alimentar- se (mobília). 56% 32% 0% 8% 4% Agrados ao paciente e, dietas. 52% 44% 0% 0% 4% Fonte: autor No entanto, dados arrolados na tabela acima indicam maior percentagem evidenciado a sua importância aos critérios: higiene dos alimentos, cortesia no atendimento, aparência visual, sabor, temperatura adequada dos alimentos Sobre a questão Q10: Para as refeições, seus parentes (acompanhantes) trazem comida de casa ou te alimentas pela comida que o hospital lhe oferece? E se a comida caseira ee recomendada pelo hospital, segundo as transcrições feitas após a gravação das entrevistas e de acordo com o livro de códigos e categorias criadas posteriormente, obteve-se as seguintes respostas: “Esses dias é daqui do hospital. Não tanto”. (ACCR002) 24 “As pessoas que estão em casa acham por bem trazer ou talvez porque vem visitar nem, então acabam trazendo comida, então não dá rejeitar. É a comida que tem lá em casa”. (PICR005). “Costumo a trazer de casa. Nada, costumo comer tudo”. (ACPD002) “Sim, sim já muitas vezes. As vezes quando tenho observo, as vezes aquilo que é necessário fazer em casa nem, Procuro seguir aquilo que o médico aconselha quando tenho nem”. (ACPD006) No geral os pacientes internados tem tendência em trazer comidas de casa e quando possível seguem a recomendação do médico e por vezes não, bastando aquilo que estiver disponível em casa. Na Q11. Categoria 2: No geral como avalia a alimentação do hospital (horário, mudanças na alimentação, expectativas, os participantes relataram o seguinte: “No geral trazem boa hora, trazem um pouco de tudo, só que eu reclamo que não me agrada tanto maneira de preparar as vezes não sei estragam na cozinha é aqui, eu não sei, não entendo tanto, não percebo. Às vezes você comi, por exemplo quando se trata de caril fica tipo puseram água, não sinto o caril. As vezes comida, as vezes quando é xima, vem trazem mal preparada assim, tipo que não cozeu, cheio de borbulhas, arroz as vezes cozi, as vezes não cozi. Mas a alimentação é boa para os doentes, só a maneira de preparar”. (ACCR002) “Sim, costumam a atrasar no horário. Eu até consigo dar de coiso, aquela comida de em casa que não era para dar o doente. Agora, eu para dar doente é porque a doente atrasou. Não é a mesma alimentação. Fazem o que diferenciam: vem arroz, xima, macarrão, assim mesmo, está ver”. (ACCR004) “O horário é variável, porque chega as 12, ora chega as 13. Não tem horário único. As mudanças na alimentação é importante. Muito importante. Muitíssimo importante. Invés de dizer quero comer isso, quero comer aquilo parece que estou na minha casa, não. Eu quero saúde, a saúde é única vida. (PICR006) 25 “Não é desejável. Mesmo pela quantidade que eles dão, não respondem a realidade do próprio doente nem, trazem mais um pouquinho de massa, caril as vezes não satisfaz, então isso aí as pessoas sempre reclamam”. (PICR009) “No geral é positivo. Em relação ao horário não é positivo”. (ACPD003) No geral os pacientes dizem não existir um horário único de fornecimento das refeições, principalmente o almoço. A questão de mudanças na alimentação, a opinião é dividida, para alguns o cardápio tem variado e para outros não, contudo a questão de quantidade também foi outra variável levantada pelos pacientes. Para Q12, associada a Q11, na categoria 3: Sugestão sobre alimentação verso experiência que teve, grau de satisfação, os participantes relataram o seguinte: “Epha, estou satisfeito. O que eu estou a ver em falhas talvez são aquelas torneiras estragadas, entupidas quando alguém lava as mãos começa a engatar, aquela água que não sai só é a deficiência que estou a ver nessa parte”. ACCR001 Pouco satisfeito porque eles quando chegam, só param até na porta: “Almoço, almoço, almoço”, antes de a pessoa dar resposta logo já está puxar carinha já vai. Então isso ai deixa a desejar nem. Primeiro ter uma base de contagem, quantos doentes temos, e avaliarem cada doente cada doente quantas gramas pode comer, humm, quantas gramas, então isso aí vai lhes dar um ponto em que talvez essa quantidade com esse número de doentes epha, vão ficar satisfeito, sim, sim. Não sei se já fizeram nem, sim não sei, mas se pudessem fazer pelo menos os doentes não estariam a reclamar. Cozinharam um repolho, hum, para vinte doentes por exemplo, o quê que faz, zero, é mais ou menos minha opinião”. (PICR009) “Insatisfeita por causa da própria aparência da comida, não dá aquela vontade de chegar até ela, [E: Ok], depois o próprio sabor então não dá vontade de comer ou voltar a pedir, sei lá, essas coisas. E outras coisas, as refeições ou, sim as refeições não tem uma dieta padrão de acordo com a patologia do paciente, é mesma comida para todos, todo mundo para todas as doenças e não é o que deveria ser nem, cada paciente tem suas necessidades quanto a alimentação, então eu acho que deveria se seguir mais essa parte de melhorar a alimentação porque não está nada bom. De uma maneira geral primeiro tinha que se seguir a dieta do próprio 26 paciente, era o mais logico, o mais saudável para o próprio paciente porque nem todo mundo tem a possibilidade de trazer comida de casa. Tem muita gente que vem do distrito e a família não tem como vir visitar, imagine hoje vai almoçar arroz com feijão, anoite esparguete, amanhã de novo arroz com feijão, anoite esparguete, eu acho que não é uma alimentação adequada principalmente para um paciente”. (ACPD004) “Pouca satisfeita porque a alimentação não é muito favorável nem, sim. Os pontos mais importantes são: por exemplo arroz, arroz para doente não pode ser todos dias. Ha doentes também que não conseguem comer sempre o arroz, eles deveriam variar pelo menos segunda, terça, quarta-feira podem fazer arroz, ou quarta feira darem xima. Dois: no carril também deviam estar a variar pouco. Não é sempre almoço-jantar feijão, almoço-jantar feijão. Não é possível um paciente, nem nós em casa não conseguimos comer assim. Três: frutas, é importante nem, pelo menos uma banana para cada doente seria bom. Mas o quê, ovo também, um dia pelo menos pode ser quarta, quinta, sexta, passar a distribuir cada doente um ovo, um ovo, um ovo, nunca é demais nem. E notei também pão, pão daqui é seco, não é possível um pão seco mesmo para doente. É tudo. (ACMD009) Em relação ao grau de satisfação, apesar de grande de argumentação tender a insatisfação, estaticamente maior parte dos paciente disse estar satisfeito (cerca de 52%) comparado aos outros que disseram estar pouco satisfeito, insatisfeito, muito insatisfeito, muito satisfeito (20%, 16%, 8% e 4% respectivamente). 27 Gráfico 2: Nível/grau de satisfação Fonte: autor 2020 No que diz respeito a sugestão: sugere-se levar-se em consideraçãoa patologia dos pacientes internados: sugere-se o aumento das quantidades dos alimentos disponibilizados aos pacientes, como também o fornecimento de frutas como sobremesa. 4.1.2 Discussão Neste estudo, a vontade de alimentar-se esteve também relacionada aos aspectos sensoriais, tais como: aparência visual, sabor, temperatura, cortesia no atendimento, agrados e dieta do paciente bem como a maneira em que a alimentação é preparada. Neste sentido, estudos a este tema relacionados obtiveram resultados semelhantes, como é o caso do estudo de Stanga (2003) e Wright et al (2006), em que a satisfação esteve ligada a variedade aparência visual, odor, temperatura, sabor da refeição e componentes do cardápio. Em relação ao grau/nível de satisfação, no presente estudo maior parte das pessoas entrevistadas disse estar satisfeito no que diz respeito a alimentação que recebe no hospital. No estudo de Stanga et al (2003), observou que os pacientes avaliaram positivamente a qualidade dos alimentos e serviços. Para este estudo, aspectos ligados a insatisfação também foram referidos, reforçando a concepção negativa sobre a alimentação do hospital. Aspectos estes que tem a ver com qualidade, quantidade, bem como o horário não fixo que se tem disponibilizado a alimentação principalmente para o almoço. Segundo Sousa (2013), a comida de hospital é comumente 8% 16% 52% 4% 0% 20% MUITO SATISFEITO INSATISFEITO SATISFEITO MUITO SATISFEITO NÃO SABE/SEM RESPOSTA 15POUCO SATISFEITO 28 percebida como insossa, sem gosto, fria, servida cedo e ainda com conotações de permissão e proibição. Os pacientes demonstraram dificuldades em opinar sobre suas expectativas em relação a alimentação hospitalar, limitando-se em dizer que o mais importante era recuperar-se. Em relação as mudanças, as opiniões foram divididas num sentido positivo bem como negativo. Estudos feitos observam que o contexto da hospitalização transforma os papéis sociais dos indivíduos. Portanto, a aceitação da alimentação e do serviço, nem sempre ideais, é justificada pela pluridade da população hospitalar. Por outra a hospitalização se caracteriza pela certa passividade, além do receio de serem mal interpretados ao se queixarem das condições de cuidado e da alimentação. O estudo revelou que grande parte dos pacientes internados tem preferencias em trazer comida de suas próprias residências e muitas das vezes não tem observado a prescrição médica consumindo aquilo que dispõem em suas residências. Para alguns, algumas vezes sim (quando há condições) e para outros nunca lhes foi dito. Os pacientes que aderem em cem por cento comida do hospital geralmente são aqueles que vem de outras zonas (localidades, distritos, províncias) e não tem família, sequer acompanhante. Como sugestão, sugere-se o melhoramento da dieta, variedade do cardápio, com qualidade e quantidade que chegue, um acréscimo no período da tarde reservado a lanche, padronização de um horário único, disponibilidade de frutas para sobremesa, 29 Capitulo V 5.1 Conclusões e sugestões Este capitulo é reservado a apresentação das principais conclusões e em seguida as sugestões resultantes das constatações feitas ao longo da realização deste estudo. 5.1.1 Conclusões Após a realização deste estudo que envolveu cerca de 25 participantes no HCQ, sendo: 13 pacientes internados e 12 acompanhantes, mediante os resultados pode-se considerar que o objetivo geral da dissertação formulado a partir da pergunta de partida que consistiu em “compreender percepções de pacientes e acompanhantes em relação a alimentação hospitalar, caso HCQ” foi alcançado. A partir dos resultados do estudo, foi possível explorar com bastante profundidade as percepções dos pacientes e acompanhantes em relação a alimentação hospitalar, identificar o nível/grau de satisfação baseada em experiência durante o período de internação, assim como identificar expectativas dos pacientes e acompanhantes em relação a alimentação hospitalar. O estudo revelou que os pacientes e acompanhantes tem preferência em trazer comida de casa mesmo sem prescrição medica justificando-se que aparência visual, sabor, temperatura, cortesia no atendimento entre outros critérios são definidos como motivação. Um outro aspecto interessante do estudo observado diz respeito a satisfação, maior percentagem revelou estar satisfeito com a alimentação disponibilizada pelo hospital. Maior parte destes se encontram distantes das suas famílias (residências), nunca frequentou uma escola ou tem ensino primário. A outra parte que diz estar pouco satisfeito, muito insatisfeito ou mesmo insatisfeito são participantes com elevado nível de escolaridade de entre eles profissionais de saúde do mesmo hospital que no momento da entrevista estiveram na condição de internados bem como universitários, estão próximos das suas famílias (residências). Em relação expectativa no que diz respeito a alimentação hospitalar os pacientes limitaram-se em dizer que o mais importante era recuperar-se. Essa resposta associa-se ao facto de muitas das vezes se ter de forma generalizada a imagem negativa da alimentação hospitalar. Aspectos negativos foram também referidos sobre a alimentação como sendo sinônimo de insossa, sem gosto, fria, cheio de água e sem padronização de horário (um horário único) principalmente no almoço. 30 Sugere-se o melhoramento da dieta, variedade do cardápio, com qualidade e quantidade que chegue, um acréscimo no período da tarde reservado a lanche, padronização de um horário único, disponibilidade de frutas para sobremesa. Contudo, de forma resumida o estudo concluiu que: Todos os pacientes beneficiam-se do mesmo cardápio, sem no entanto a individualização conforme o tipo de patologia; A satisfação do paciente internado depende do que estes podem ou não comer devido a sua doença e por outro lado a sua história alimentar, preferências ou hábitos adquiridos ao longo da sua vida. Os pacientes tem preferências em trazer alimentação das suas próprias residências pela maneira como a comida é preparada, pela quantidade que é servida, pelo horário que a mesma é disponibilizada, pela variedade do cardápio entre outros condicionantes. 5.1.2 Sugestão Após a realização deste estudo, mediante os resultados e conforme as conclusões chegadas, é de sugerir ao Hospital Central de Quelimane: A valorização dos aspectos dietéticos dos pacientes internados e os critérios aqui arrolados na definição da alimentação. A criação de uma frequente ponte de diálogo com os pacientes internados, bem como há necessidade de poder-se incorporar as sugestões dos pacientes internados; Melhoramento na qualidade, quantidade (aumento) e variedade do cardápio da alimentação que é servida; A padronização do horário (existência de um horário único sem alterações) e que seja obedecido com rigor. 31 6. Revisão Bibliográfica Almeida, N. A. (2011). Teoria Lean e Gestão de Stocks na Saúde. Coimbra. Atlas. Agostini, L., Silvia, T.K.R., Menegassi, B., Vieira, R. L. D. (2017). Alimentação Hospitalar: percepção sensorial e extrassensorial de pacientes em um hospital filantrópico. Brasil Bauer, M. W, & Gaskel, G. (2000). Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual prático. São Paulo: Vozes. Bello, J. D. (2005). Metodologia Cientifica: manual para elaboração de textos Académicos monografia, dissertação e teses. Rio de Janeiro: Universidade Viegas de Almeida - Uva. Bottoni, A et al. Porquê se preocupar com a desnutrição hospitalar. Revisão de Literatura. Jounal of the Health Science Institute, V32, n3, Brazil. Chiavenato, I. (2003). Planeamento Estratégico: fundamentos e aplicações. Rio de Janeiro: Elsevier. Corbeau. J. P. (1998). S’alimentar à l’hôpital: les dimensions cachesde la commensalité. In: Assistence publique: Hôpitaux Paris, Láppétit vient em mangeant! Histoire de lálimentation à l’hôpital. XV – XX siècle. Paris: Edoin Editeurs e Musée de l’ Ássistence Publique. 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Apêndice 4: Livro de códigos: Categorias analises qualitativa Apêndice 5: Livro de códigos: Pró-análise do conteúdo das entrevistas transcritas Apêndice 6: Modelo de Transcrição Apêndice 7: Carta dirigida a CIBS-Z a solicitar a revisão ética do protocolo; Apêndice 8: Carta dirigida a DPS a solicitar cobertura institucional administrativa para o protocolo do estudo. APÊNDICE 1 TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO PARA PARTICIPANTES Percepções de pacientes e acompanhantes em relação a alimentação Hospitalar, caso de Estudo: Hospital Central de Quelimane Este consentimento informado aplica-se a adultos maiores de 18 anos Idade: ____________ ID PARTICIPANTE______________________ Bom dia/boa tarde, chamo-me Samuel Inácio Martinho. Sou estudante Finalista do Curso de Mestrado em Saúde Pública da Universidade Católica Moçambique, Faculdade de Ciências Sociais e Políticas_Quelimane. Gostaria de falar consigo acerca de um estudo/pesquisa que estou aqui a fazer no Hospital Central de Quelimane. Este documento descreve os seus direitos, está livre de responder às perguntas. Por favor, sinta-se à vontade para fazer qualquer pergunta que tiver acerca disto. Irá lhe ser dada a possibilidade de fazer perguntas, e as suas perguntas serão respondidas. Este termo de consentimento possui informações sobre a pesquisa. Eu vou ler e explicar a si, ou podes ler o termo para que você possa decidir se aceita ou não fazer parte do estudo. Caso queira, irei pedir para que assine este termo de Consentimento Informado. Irei lhe dar uma cópia do termo, caso você queira. Por favor, caso esteja com alguma dúvida não hesite em perguntar. Objectivos da Pesquisa Esta pesquisa tem como objetivo “Compreender percepções dos pacientes internados e acompanhantes em relação a alimentação do Hospital”. A pesquisa irá envolver cerca de 25 participantes (pacientes internados e acompanhantes) do Hospital Central de Quelimane. Peço a tua participação nesta pesquisa, pois a informação prestada nesta pesquisa poderá ajudar na melhoria dos programas no futuro. Sua Parte na Pesquisa Caso decida em participar nesta pesquisa, irei fazer perguntas exclusivamente sobre alimentação, o atendimento, bem como o horário das refeições entre outras perguntas a este tema relacionado e a sua opinião acerca disto. Caso concorde em participar irei gravar a entrevista, e tomar algumas notas durante a entrevista. Hoje, a sua participação na pesquisa irá durar aproximadamente vinte minutos. Possíveis Riscos Os riscos envolvidos nesta entrevista são mínimos. Pode se sentir pouco confortável para responder a certas perguntas. Pode decidir quais informações quer compartilhar comigo. Como também, pode deixar qualquer pergunta que não queira responder, bem como pode interromper a entrevista a qualquer momento. Possíveis Benefícios Não existe nenhum benefício directo por participar nesta pesquisa. Contudo, a informação prestada neste estudo poderá melhorar os programas futuros neste Hospital. Confidencialidade A informação da sua participação nesta pesquisa