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1 Daniel Carlini – MEDUNEB13 TRANSMISSÃO SINÁPTICA OBJETIVOS 1. Identificar as estruturas envolvidas nas sinapses. 2. Diferenciar e explicar os tipos de sinapses (etapas). 3. Explicar os principais neurotransmissores e seus receptores. 4. Explicar a estrutura e o mecanismo de contração no músculo estriado esquelético. IDENTIFICAR AS ESTRUTURAS ENVOLVIDAS NAS SINAPSES Sinapses são junções especializadas entre neurônios, que facilitam a transmissão dos impulsos de um neurônio (présináptico) para outro neurônio (póssináptico). Ainda, elas podem se estabelecer entre axônios e células efetoras (célulasalvo), tais como as musculares e glandulares. Classificação quanto à morfologia a) Axodendríticas: entre axônios e dendritos. Em alguns casos, podem existir espinhos dendríticos, que são uma projeção dinâmica constituída por filamentos de actina. Sua função está associada com a memória em longo prazo e ao aprendizado. b) Axossomática: entre axônios e corpo celular. c) Axoaxônicas: entre axônios e axônios. Em geral, um neurônio présináptico estabelece vários contatos semelhantes a botões com a porção receptora do neurônio póssináptico. Com frequência, o axônio do neurônio présináptico segue seu trajeto ao longo da superfície do neurônio póssináptico. Nesse trajeto, estabelece vários contatos sinápticos, denominados botões de passagem. Em seguida, o axônio continua seu trajeto até a formação de um ramo terminal com uma extremidade dilatada, o botão terminal/bulbo terminal. O número de sinapses em um neurônio ou em seus prolongamentos pode variar de algumas a dezenas de milhares por neurônio e, aparentemente, está diretamente relacionado com o número de impulsos que um neurônio está recebendo e processando. DIFERENCIAR E EXPLICAR OS TIPOS DE SINAPSES ELÉTRICAS São sinapses mais rápidas e permitem o livre fluxo de íons dos dois lados da membrana, o que ocorre graças às junções comunicantes (tipo gap). As membranas dos dois neurônios se unem, de modo que o sinal elétrico seja diretamente transmitido entre elas. A sua principal função é a sincronização celular – a exemplo das fibras dos miócitos e cardiomiócitos. As junções comunicantes acoplam células tanto eletricamente, como metabolicamente. Isso ocorre por meio do alinhamento dos canais iônicos (conexons), os quais formam grandes poros que ligam as células acopladas. Tal acoplamento elétrico pode ser detectado pelo registro da passagem dos potenciais elétricos de uma célula a outra com mínimo retardo sináptico. Assim, não há processamento da transmissão, apenas a transmissão dela. A transmissão através de junções gap pode ser controlada pelas células acopladas. Este acoplamento pode deixar as células em estado ligado ou desligado, por meio da variação de parâmetros metabólicos citoplasmáticos – como pH, [Ca2+] no citoplasma e potencial da membrana. Quando ocorre redução de pH, aumento da [Ca2+] ou despolarização da membrana, os conexons das células se “reconhecem”. Com 2 Daniel Carlini – MEDUNEB13 isso, há uma reação química que muda a conformação desses conexons, abrindoos para a passagem de íons e moléculas. Ainda, na maioria dessas junções, o sentido da passagem informacional é indiferente – bidirecional. QUÍMICAS Ocorrem entre um neurônio présináptico e um póssinaptico (sinapse axodendrítica). É sempre unidirecional e depende de neurotransmissores, sendo os principais: acetilcolina, epinefrina, norepinefrina, dopamina, GABA, serotonina e histamina. Eles servem para comunicar os neurônios e estão contidos dentro de vesículas sinápticas, que, por sua vez, localizamse dentro do botão sináptico – dilatação na terminação axonal. Entre dois neurônios, há um vão, denominado de fenda sináptica. Uma vez na fenda sináptica, as moléculas do neurotransmissor se difundem até a membrana póssináptica, onde pode ocorrer: a) Reconversão da informação química para elétrica (potenciais pós sinápticos); b) Transferência da informação química para uma cadeia de sinais moleculares no interior da célula. A passagem da informação de um neurônio para outro se dá pelas membranas sinápticas. Cada neurônio multipolar possui um terminal sináptico présináptico (axônio), que forma a membrana a membrana présináptica, e um terminal póssináptico (dendrito), que forma uma membrana póssinápticas. A Membrana présináptica é composta por: a) Zonas ativas – ricas em proteínas. São repletas de canais de cálcio dependentes de voltagem. Quando o PA chega, eles se abrem e permitem o influxo de cálcio, o que resulta na fusão das vesículas com a membrana pré sináptica (processo mediado pelas proteínas SNARE), liberando neurotransmissores na fenda sináptica, por exocitose. Após liberarem os neurotransmissores, as vesículas sinápticas são reabsorvidas por endocitose e carregadas novamente com neurotransmissores. b) Densidades coniformes – projetamse da membrana para o citoplasma. Elas parecem estar associadas a muitas das vesículas sinápticas, formando o sítio ativo da sinapse. Essas vesículas associadas ao sítio ativo são liberadas pelo estímulo. c) Sinapsina I – é uma pequena proteína que forma um complexo com a superfície da vesícula, auxiliando o agrupamento das vesículas sinápticas em reserva. Quando ela é fosforilada, essas vesículas sinápticas se tornam livres para se moverem para a zona ativa, preparandose para a liberação do neurotransmissor. A desfosforilação, por sua vez, inverte esse processo. d) Sinapsina II – controla a associação das vesículas com os microfilamentos de actina. A ancoragem das vesículas sinápticas com a membrana pré sináptica está sob o controle de duas proteínas das vesículas sinápticas adicionais: sinaptotagmina e sinaptofisina. A Membrana póssináptica é composta por: a) Receptores moleculares – captam os neurotransmissores liberados. Quando ativados, agem diretamente ou indiretamente sobre os canais iônicos da membrana, podendo causar um potencial póssináptico excitatório (PPSE; a abertura dos canais de sódio despolariza a um valor limiar, iniciando um PA) ou um potencial póssináptico inibitório (PPSI; a abertura de canais de cloreto ou potássio pode manter o PM ou causar uma hiperpolarização). O que define o que irá ocorrer são os receptores, não os neurotransmissores, pois ligantes não definem função. A quantidade de neurotransmissor liberada depende do influxo de cálcio, pois o aumento de sua concentração extracelular reduz a excitabilidade dos canais de sódio. Por isso, ele é chamado de íon estabilizador dos neurônios. MODULAÇÃO DA TRANSMISSÃO Ocorre na maioria das sinapses. Na neuromuscular, cada comando é preciso 3 Daniel Carlini – MEDUNEB13 para que não haja falhas na transmissão. Em condições normais, todo potencial de ação que chega ao terminal présináptico resulta em liberação do neurotransmissor acetilcolina, que provoca um potencial pós sináptico despolarizante na célula muscular, que então se contrai. Já nas sinapses entre neurônios, pode ser desejável aumentar/diminuir/bloquear a atividade do neurônio póssináptico. Para isso, os potenciais de ação que chegam ao terminal présináptico nem sempre provocam a liberação de neurotransmissores em quantidade capaz de provocar a mesma atividade no neurônio póssináptico. EXPLICAR OS PRINCIPAIS NEUROTRANSMISSORES E OS SEUS RECEPTORES São todos produzidos no terminal axonal e sintetizados por enzimas presentes no citosol desse terminal. São todos de baixo peso molecular, com ação direta sobre a membrana póssináptica – quase sempre produzindo nela um potencial excitatório ou inibitório. Para as substâncias descobertas mais recentemente, criouse o termo neuromodulador,que corresponde à variedade de tipos químicos com grande ação funcional. Muitas dessas possuem alto peso molecular, como os neuropeptídios, oriundos do soma, enquanto outras são moléculas pequenas, como os gases óxido nítrico e monóxido de carbono. A principal diferencia entre neurotransmissores e neuromoduladores é que enquanto estes influenciam a ação do neurotransmissor sem modificar (modulação sináptica), aqueles interagem na sinapse. Para ocorrer um novo ciclo, os neurotransmissores precisam ser retirados da fenda após a transmissão sináptica. Isso pode ocorrer de 3 formas: a) Recaptação – transportadores proteicos especializados da membrana présináptica fazem a captação. Os neurotransmissores captados podem ser degradados dentro das vesículas ou ser reciclados. Ex.: catecolaminas e serotonina. b) Difusão – para fora da sinapse, os neurotransmissores são captados por astrócitos. Ex.: aminoácidos (glutamato e GABA). c) Degradação – enzimas presentes na fenda sináptica ou nas fibras das junções musculares fazem a captação. Ex.: acetilcolina e acetilcolinesterase. Caso não sejam removidos da fenda pós sináptica após a sinapse, pode ocorrer o processo de dessensibilização. A exemplo, a paralisia por intoxicação colinérgica (falta de acetilcolinesterase). Um mesmo neurônio pode alojar diversas substâncias atuantes na sinapse. Os receptores dos neurotransmissores, na membrana pós sináptica, podem ser de dois tipos: a) Ionotrópicos – canais iônicos dependentes de ligantes, que estão presentes na maioria das sinapses rápidas excitatórias do encéfalo; b) Metabotrópicos – ligados à proteína G, por isso são de maior complexidade para serem ativados e mais lentos para desencadear respostas. Neurônios Aminoacidérgicos Aqueles que usam glutamato, GABA/glicina (efeito semelhante ao GABA). O glutamato é o principal excitatório e o GABA o principal inibitório, sendo essa resposta dependente do receptor. O GABA é encontrado de forma exclusiva em neurônios GABAérgicos. O glutamato e o GABA/glicina são encontradas de forma mais abundante dentro do citosol dos neurônios em geral. O que define um neurônio glutamatérgico não é a quantidade de neurotransmissor, mas a 4 Daniel Carlini – MEDUNEB13 presença de transportadores especializados (VGLUT; transportadores vesiculares para glutamato) na captação de glutamato na membrana de vesículas sinápticas no terminal desses neurônios. Sinapse glutametárgica genérica – o glutamato é o neurotransmissor utilizado na maioria do SNC e gera PPSEs. Ele é derivado da glutamina, por meio da glutaminase fornecida pelos astrócitos. Ao término da transmissão sináptica, os astrócitos convertem glutamato em glutamina pela glutaminasintetase. Daí, a glutamina é transformada novamente em glutamato (glutaminase) e, por fim, é recaptada para as vesículas sinápticas. Os astrócitos possuem um forte poder modulador sobre essas sinapses, de modo que, se reduzir a quantidade de glutamina no terminal sináptico, menos glutamato vai sair para a fenda sináptica. Receptores Glutamatérgicos ionotrópicos a) NãoNMDA (AMPA e Cainato) são permeáveis ao sódio e ao potássio. Rápido e não tão potente, devido à liberação de potássio, mesmo esta sendo pequena. b) NMDA (NmetilDaspartato) são dependentes de voltagem. Possuem dentro do canal íons magnésio que, para permitirem a abertura, precisam da ligação com o glutamato e um PPSE. É permeável ao sódio e ao cálcio, sendo mais potente que os nãoNMDA, uma vez que a entrada de cálcio despolariza mais. Receptores Glutamatérgicos metabotrópicos a) MGluR representa alterações mais lentas e duradouras na membrana pós sináptica. Tem a classe dos receptores póssinápticos excitatórios e dos pré sinápticos inibitórios, funcionando para autorregular a resposta de liberação ao glutamato. Por exemplo, se não tiver esse controle, o excesso de glutamato pode ser liberado e provocar fenômenos ligados à gênese da epilepsia. Sinapse GABAérgica genérica – o GABA é derivado do glutamato, por meio da enzima glutamato descarboxilase (GAD). Após a transmissão sináptica, o GABA é recolhido pelos astrócitos e transformado em glutamato, pela enzima GABA transaminase. O glutamato passa pelo mesmo ciclo dos neurônios glutamatérgicos, sendo transformado em glutamina, que é transportada para a membrana présináptica e transformada novamente em glutamato, que, por sua vez, será transformado em GABA (GAD). Receptores GABAérgicos ionotrópicos a) GABAA – canal de cloreto dependente de ligante GABA. Ele possui diversos sítios de ligação que são usados por diferentes substâncias químicas diferentes, tanto endógenas como agonistas farmacológicos. b) GABAC – também são canais de cloreto, mas são mais seletivos e não reconhecem muito outros ligantes, pois não possuem sítios de ligação para que sua ação seja modulada. Não são bem distribuídos como os GABAA. Receptores GABAérgicos metabotrópicos a) GABAB – são subdivididos em R1 e R2. Podem abrir canais de potássio ou bloquear canais de cálcio. Também são inibitórios, mas mais lentos que os GABAA. EXPLICAR A ESTRUTURA E O MECANISMO DE CONTRAÇÃO NO MÚSCULO ESTRIADO ESQUELÉTICO Anatomia do músculo esquelético O músculo esquelético é composto por numerosas fibras, sendo cada uma formada por unidades ainda menores. Geralmente, cada fibra se prolonga por todo o comprimento do músculo. A maioria das fibras é inervada por apenas uma terminação nervosa, situada perto do meio da fibra. Sarcolema é a membrana celular da fibra muscular. Ele consiste de verdadeira membrana celular e com revestimento de fina camada de polissacarídeo, contendo muitas fibrilas colágenas. Em cada extremidade da fibra, o sarcolema se funde com uma fibra do tendão, a qual se agrupa em feixes e forma o tendão dos músculos que se inserem em ossos. Cada fibra muscular possui inúmeras miofibrilas. Estas são compostas por filamentos de actina 5 Daniel Carlini – MEDUNEB13 (mais finos) e de miosina (mais espessos). Na micrografia, as faixas claras são de actina (faixas I) e as escuras são de miosina (faixas A). Existem pequenas projeções laterais nos filamentos de miosina, denominados de ponte cruzada. É a interação entre actina e pontes cruzadas que causa as contrações. Micrografias mostram que as extremidades dos filamentos de actina estão ligados ao disco Z. Deste, os filamentos se estendem para se interdigitarem com os filamentos de miosina. O disco Z cruza toda a miofibrila e conecta essas miofibrila entre si. Sarcômero é o espaço situado entre dois discos Z sucessivos. Quando a fibra está contraída, os filamentos de actina se sobrepõem aos de miosina. Nesse comprimento, o músculo é capaz de gerar a sua força máxima. O posicionamento lado a lado dos filamentos de miosina e actina é uma estrutura difícil de ser mantida. Essa manutenção se dá pelas moléculas filamentares da proteína titina, a maior molécula de proteína do corpo. Por ser filamentar, é flexível, o que permite a sua atuação como arcabouço que mantém os filamentos de actina e miosina em seus lugares. Uma extremidade da titina é fixada ao disco Z, atuando com uma mola e variando o comprimento conforme contração do sarcômero. A outra extremidade é ancorada nos filamentos grossos de miosina. No sarcoplasma, líquido intracelular que preenche os espaços entre as miofibrilas, encontramse íons, enzima e mitocôndrias. Estas fornecem energia para a contração das miofibrilas. Ainda no sarcoplasma, circundando as miofibrilas, encontrase o retículo sarcoplasmático. Mecanismo geral da contração 1) Os potenciais de ação seguem pelo nervo motor até suas terminações nas fibras musculares. 2) Em cada terminação,o nervo secreta o neurotransmissor acetilcolina. 3) A acetilcolina age em área local da membrana da fibra muscular, abrindo canais de cátion, por meio de moléculas de proteína que flutuam na membrana. 4) A abertura desses canais permite a difusão de íons sódio para o lado interno da membrana da fibra muscular. Isso causa despolarização local que, por sua vez, abre os canais de sódio dependentes de voltagem. Assim, desencadeiase o potencial de ação na membrana. 5) O potencial de ação se propaga pela membrana da fibra muscular, assim como o potencial de ação seguem pelas membranas das fibras nervosas. 6) O potencial de ação despolariza a membrana muscular e grande da eletricidade flui pelo centro da fibra muscular. Em seguida, a fibra muscular faz com que o retículo sarcoplasmático libere cálcio armazenado neste. 7) Os íons de cálcio ativam as forças atrativas entre os filamentos de miosina e actina, promovendo o deslizamento lateral dessas – que é o processo contrátil propriamente dito. 8) Finalmente, os íons cálcio são bombeados de volta para o retículo sarcoplasmático, onde permanecem armazenados até que um novo potencial de ação muscular seja iniciado. A remoção de cálcio das miofibrilas finaliza a contração muscular.
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