Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
O objetivo da avaliação física é determinar um potencial risco e evitar as situações que envolvam emergências médicas ou, ainda, risco de morte que eventualmente possam se desenvolver depois de iniciado o atendimento odontológico. Os objetivos da avaliação física estão relacionados a seguir. Determinar se o paciente está capacitado fisiologicamente a tolerar o tratamento planejado 1) Determinar se o paciente está capacitado psicologicamente a tolerar o estresse do tratamento planejado 2) Determinar quais modificações serão necessárias para permitir que o paciente tolere melhor o tratamento planejado 3) Determinar se o uso de psicossedação é justificado e se será suficiente para aquele paciente melhor suportar a abordagem planejada a) Determinar qual o tipo de sedação estará mais bem indicado ou mais apropriado b) Determinar qual ou quais contraindicações existem para qualquer medicação que será usada no tratamento planejado. Em Odontologia, quando há alguma dúvida sobre a condição física do paciente, o médico deve ser consultado. O cirurgião-dentista e o médico devem se comunicar para evitar mal-entendidos; e o cirurgião-dentista deve conversar com o médico para expor os tipos de abordagens e fármacos que serão utilizados em determinadas situações, no sentido de trazer mais segurança e conforto ao paciente. Em Odontologia moderna, o profissional deve se adaptar a esta realidade, devendo se atualizar e introduzir na rotina do atendimento o questionário médico, a determinação de risco do paciente (ASA), monitorar e documentar os sinais vitais no sentido de proporcionar segurança ao paciente e evitar situações de emergências médicas, introduzir técnicas de sedação para a diminuição do medo, estresse e ansiedade. A partir desta avaliação física, o profissional deve: Determinar a condição física e psicológica do paciente, que permita ao profissional classificar o risco deste paciente (Estado Físico – ASA – Sistema de Classificação) 1) Buscar a avaliação médica deste paciente, se necessário 2) Instituir modificações apropriadas no tratamento; O questionário médico é uma necessidade legal e moral para os profissionais da saúde. Além disso, o questionário médico (história médica) proporciona ao profissional informações valiosas da condição física e psicológica do paciente. A partir do questionário médico preenchido, o profissional analisa os dados relevantes e discute com o paciente. Deverão ser adicionadas outras informações específicas que podem ser importantes e confirmem as informações preliminares obtidas no questionário. Nas áreas onde o cirurgião-dentista não está apto para atuar ou mesmo avaliar, isto é, doenças e condições que o cirurgião-dentista desconheça, deve-se então buscar ajuda médica para concluir a investigação. Cirurgião-dentista deve se atualizar e obter conhecimentos específicos das principais medicações e as possíveis interações medicamentosas que possam ocorrer comas atualmente usadas em Odontologia. O diálogo com o paciente a partir do questionário médico, devemos apreender a condição física dele. A avaliação física em Odontologia visa a: • Monitoração dos sinais vitais e documentação em ficha clínica • Inspeção visual do paciente • Testes de função quando indicado Cirurgião-dentista avalia, isto é, observa e acompanha as reações e o estado do paciente antes, durante e após os procedimentos odontológicos. Os sinais vitais, tambémconhecidos como basais, estão relacionados a seguir: • Pressão arterial • Frequência cardíaca (pulso) e ritmo • Frequência respiratória • Temperatura • Peso • Altura A pressão arterial é o resultado do débito cardíaco versus resistência periférica, isto é, o débito cardíaco é igual ao volume sistólico (a quantidade de sangue expelida pelo ventrículo emcada sístole – contração – multiplicado pela frequência cardíaca, sendo na média de 5 a 6 l/minuto). De acordo com a American Heart Association, 11 a pressão arterial é a força exercida nas artérias quando o coração bate (pressão sistólica) e quando o coração está emrepouso (pressão diastólica). É medida emmilímetros de mercúrio (mmHg). A pressão arterial alta (ou hipertensão) é definida no adulto como uma PAS igual ou superior a 140 mmHg ou a pressão diastólica igual ou superior a 90 mmH. A hipertensão essencial, na maioria das vezes, é uma doença assintomática. Para a verificação da PA, como procedimento de rotina pré-operatória na Odontologia, devemos sentar o paciente em uma posição em que seu braço esteja no mesmo nível do coração. Deve ser permitido ao paciente relaxar, no mínimo, por 5 minutos antes do procedimento, permitindo que esta aferição seja parecida com os sinais vitais basais Diálogo – História médica Exame físico Monitoração do paciente Pressão arterial O lugar mais comum para mensuração da PA é no braço, usando como ponto de ausculta a artéria braquial. Selecione o manguito de acordo como tamanho do braço 1) Posicione o paciente – braço na altura do coração 2) Localize a artéria radial, na porção medial da fossa antecubital 3) Aplique a braçadeira a 2,5 cmda dobra do cotovelo, localizando o manguito sobre a artéria braquial 4) Posicione o estetoscópio sobre a artéria braquial, na fossa antecubital 5) Feche a válvula e insulfle o manguito no mínimo 30 mmHg acima do ponto que o pulso radial desapareça Desinsulfle o manguito de modo que a pressão diminua de 2 a 3 mmHg por segundo • Identifique a pressão sistólica (máxima) observando no manômetro o ponto correspondente ao primeiro batimento regular audível • Identifique a pressão diastólica (mínima) observando no manômetro o ponto correspondente ao último batimento regular audível • Desinsufle totalmente o aparelho com atenção voltada por completo ao desaparecimento dos batimentos cardíacos • Retire o aparelho do braço do paciente e guarde-o cuidadosamente a fim de evitar danos • Anote a PA e a hora. Exemplo: PA 120x78 mmHg; 11h22 Devem ser verificados: frequência, ritmo, volume, característica e qualidade do pulso Frequência e o ritmo cardíacos nos dão informações quanto à atividade elétrica do coração, devendo, de preferência, ser pesquisados no pulso radial. Verificação da frequência e do ritmo do pulso radial O pulso normal do adulto varia de 60 a 100 batimentos por minuto, com uma média de 72 a 80 batimentos/minuto. Em crianças, varia de 80 a 120 batimentos/minuto. No sexo feminino, temos o pulso aumentado em relação ao masculino. Podemos classificar como bradicardia (diminuído) um ritmo cardíaco (pulso) abaixo de 60 batimentos/minuto e como taquicardia (aumentado), umritmo cardíaco (pulso) acima de 100 batimentos/minuto Frequência cardíaca (pulso) e ritmo Localização da artéria carótida - pulso carotídeo. A. Localização da cartilagem tireoide (pomo de Adão); deslizamento lateral dos dedos indicador e médio até encontrar a fenda entre a cartilagem tireoide e o músculo esternocleidomastóideo. B. Crianças menores de 1 ano – verificar o pulso braquial, na parte superior interna do braço. A frequência respiratória deve ser avaliada de uma forma que o paciente não perceba que está sendo monitorado. Podemos dizer que a avaliação da respiração deva ser realizada de forma “secreta”, sem que paciente note, uma vez que, percebida a monitoração, ele pode não respirar normalmente. Durante a verificação dos sinais vitais, o operador, quando estiver checando o pulso, deve observar os movimentos inspiratórios e expiratórios e anotálos, em geral por 15 segundos, e depois multiplicaro valor por 4 (ideal é por 1 minuto). Devemos observar o tipo de respiração, frequência e profundidade. O ritmo respiratório normal no adulto é 16 a 18 respirações por minuto e na criança, 24 a 28 respirações por minuto. O apresenta a frequência respiratória normal em adultos e criança A verificação da temperatura em Odontologia deve ser realizada de preferência na cavidade bucal. Aplica-se o termômetro na região sublingual e o paciente deve permanecer de boca fechada durante 2 minutos. Depois, verifica se a temperatura do paciente. O paciente não deve ter se alimentado, fumado ou bebido nada nos últimos 10 minutos antes do procedimento. Frequência respiratória Temperatura Inspeção visual – Visão geral do paciente em Odontologia Na observação visual, podemos obter informações importantes a respeito do status físico do paciente, se apresenta estresse, medo ou ansiedade; por exemplo, ao cumprimentar o paciente, o aperto de mãos nos dá informações se o paciente está tenso, nervoso – se apresentar mãos úmidas, suadas, frias, será sinal de medo e ansiedade perante a terapia odontológica. Estes fatores devem ser reconhecidos e as modificações no tratamento devemser instituídas (protocolo de redução do estresse). Fatores adicionais podem ser observados visualmente, incluindo: Presença de veia jugular proeminente (pescoço) como paciente sentado em uma posição elevada na cadeira odontológica pode ser um sinal de insuficiência cardíaca (ventricular direita) 1,2,24 (Figura 3.7) • Dedos: baqueteamento digital pode ser um indicativo de doenças cardio-respiratórias 25 (Figura 3.8) • Edema nos tornozelos pode ser um sinal indicativo de insuficiência ventricular direita, varicocele, doença renal e, ocasionalmente, gravidez a termo (entre 37 semanas completas e 42 semanas incompletas) 1 • Exoftalmia indica hipertireoidismo Sinais e sintomas de hipo e hipertireoidismo “A cianose central acontece quando o sangue que vem dos pulmões para a periferia do corpo já chega com pouco oxigênio, o que ocorre em algumas doenças do pulmão ou do coração” Fontanelas “abaladas” A insuficiência cardíaca é uma síndrome clínica complexa que pode ser resultado de um distúrbio cardíaco ou não cardíaco, Estrutural ou funcional que prejudica a habilidade do coração em responder à demanda fisiológica que solicita o aumento do débito cardíaco. A insuficiência cardíaca é caracterizada por sintomas como falta de ar aos esforços e fadiga, e sinais como retenção de fluidos, além de sinais associados com distúrbios cardíacos como doença de base A função primária do coração é bombear o sangue para todas as partes do corpo, levando nutrientes e oxigênio para os tecidos e removendo produtos residuais. Quando o corpo está em repouso, é necessária certa quantidade de sangue para executar tal função. “Insuficiência” indica que o coração não está bombeando sangue de maneira efetiva suficiente para suprir as necessidades do corpo por sangue rico em oxigênio, seja durante o exercício ou em repouso O histórico médico do paciente deve ser avaliado durante a avaliação física, e a consulta médica deve ser considerada, uma vez que muitas doenças cardíacas podem enfraquecer o músculo cardíaco, resultando em problemas circulatórios e condições cardíacas que predispõem à insuficiência cardíaca. Então, quando o coração não consegue enviar o suprimento de sangue oxigenado para o corpo realizar as suas funções, alude-se a um estado de insuficiência cardíaca. Se apenas o ventrículo esquerdo está alterado, os vasos pulmonares tornam-se congestionados. Se a alteração está localizada sobretudo no ventrículo direito, as veias e os capilares congestionarão. Se ambos os ventrículos estão alterados na sua função, é designado o quadro de insuficiência cardíaca congestiva. A situação conhecida como edema pulmonar agudo exibe excesso de fluidos nos pulmões e o paciente apresenta dificuldade de respiração – situação grave com envolvimento de risco de morte. Os pacientes que apresentam insuficiência cardíaca são os que apresentam certo risco durante o tratamento odontológico. A hipertensão faz o coração trabalhar mais e, eventualmente, pode conduzir a uma situação de insuficiência cardíaca. O tratamento do paciente com hipertensão deve ser alterado (vide protocolo de redução de estresse) para um ambiente sem estresse. Se o paciente apresenta medo e/ou ansiedade perante o tratamento odontológico, alguma forma de sedação deve ser utilizada para a abordagem odontológica. Sinais e sintomas da insuficiência cardíaca incluem: frio, palidez, sudorese, edema cutâneo (demonstrado pela aplicação de pressão na área inchada: pressionando a pele com um dedo, se a reentrância persiste durante algum tempo após a liberação da pressão, o edema é referido como edema cutâneo) nos tornozelos, pouca diferença entre as pressões diastólica e sistólica, fadiga, dispneia (falta de ar) no esforço, hiperventilação e tonturas. Insuficiência cardíaca Sinais e sintomas do edema pulmonar agudo incluem todos os sintomas da insuficiência cardíaca, estertores úmidos (chiados), tosse, cianose (coloração azulada da pele), tosse com expectoração espumosa rosa ou tingida de sangue, aumento da ansiedade e dispneia em repouso. Determinação do risco – Avaliação da condição física Esta classificação representa um método pelo qual o profissional pode estimar o risco médico do paciente para procedimentos cirúrgicos, médicos e odontológicos e anestesia geral. ASA – Classificação do estado físico. 29 Estado físico Descrição ASA 1 (P1) Paciente saudável sem alterações sistêmicas ✓ ASA 1: pacientes saudáveis. ✓ ASA 2: pacientes com doença sistêmica leve a moderada; pacientes ✓ ASA 1 que demonstram ansiedade extrema e medo emrelação à Odontologia. Pacientes ✓ ASA 2 apresentam risco mínimo durante o tratamento. O tratamento odontológico é permitido, porém são necessárias modificações no tratamento, e a consulta médica é indicada ASA 2 (P2) Paciente com alteração sistêmica leve ou moderada ✓ Diabetes mellitus tipo 2 (bem controlado) ✓ Epilepsia (bem controlada) ✓ Hiper ou hipotireoidismo (bem controlado) ✓ ASA 1 com infecção no trato respiratório superior ✓ ASA 1 saudável – Gestação ✓ Pacientes saudáveis que apresentam quadro de alergia, em especial a fármacos ✓ Paciente saudável commais de 60 anos de idade ✓ Paciente adulto compressão arterialsistólica entre 140 e 159 mmHg e/ou diastólica entre 90 e 94 mmHg. ASA 3 (P3) Paciente com alteração sistêmica grave com limitação funcional ✓ Angina de peito (estável) ✓ Estado pós-IAM: até 6 meses pós-IAM ✓ Estado pós-AVC: até 6 meses pós-AVC ✓ Diabetes mellitus tipo 1 (bem controlado) ✓ Insuficiência cardíaca com ortopneia e edema nos tornozelos ✓ Epilepsia (menos controlada) ✓ Hiper ou hipotireoidismo (menos controlado) ✓ Adultos compressão arterial sistólica entre 160 e 199 mmHg e/ou diastólica entre 95 e 104 mmHg. ASA 4 (P4) Paciente com alteração sistêmica grave que apresenta risco de morte ✓ Angina de peito instável ✓ IAM recente: menos de 6 meses ✓ AVC recente: menos de 6 meses ✓ Adulto compressão arterial acima de 200 mmHg ou 115 mmHg ✓ Insuficiência cardíaca severa ou DPOC, paciente com oxigênio suplementar constante, em cadeira de rodas. ASA 5 (P5) Paciente moribundo que não é esperado sobreviver ✓ Estágio final de câncer ✓ Estágio final de doença infecciosa ✓ Estágio final de doença renal ✓ Estágio final de doença pulmonar ✓ Estágio final de doença hepática. ASA 6 (P6) Paciente doador de órgãos E Condição de emergência Reconhecimentodo medo, estresse e ansiedade e modificações no tratamento Paciente saudável ASA 1, quando apresenta medo e ansiedade perante o tratamento odontológico, torna-se ASA 2, consequentemente apresentando maior risco para a abordagem odontológica. O medo dos pacientes perante o tratamento odontológico (estresse, medo e ansiedade) é um fator importante e deve ser reconhecido, pois estudos relacionam estresse e medo em procedimentos de restaurações dentárias a cirurgias orais, ambos com anestésicos locais, mostrando aumento do nível de cortisol na urina e na saliva, bem como alterações cardiovasculares importantes, como arritmias e alterações de pressão arterial, concluindo que alterações fisiológicas importantes acontecem em função do medo, estresse e ansiedade. Devemos, então, reconhecer o paciente ansioso e que tem medo do tratamento odontológico para evitar que se desenvolvam situações de emergências médicas durante a abordagem odontológica, em que o aumento da ansiedade e do medo do cirurgião-dentista pode resultar em exacerbação dos problemas médicos preexistentes no paciente, como angina, convulsões, asma e algumas doenças relacionadas ao estresse, como hiperventilação e síncope vasopressora (desmaios). Quando o paciente entra no ambiente odontológico, quase sempre mostra os sinais de medo e ansiedade por meio do seu comportamento ansioso, gestos e perguntas que pode fazer ao pessoal, antes do contato com o cirurgião-dentista. Este paciente quase sempre quer coletar informações a respeito do procedimento previamente ao contato como cirurgião-dentista, então os primeiros sinais de medo e ansiedade aparecerão neste momento. Protocolo de redução do estresse O profissional deve realizar modificações para obter um atendimento seguro nestes pacientes. Este protocolo de redução do estresse não se aplica a todos os pacientes com comprometimento médico – a avaliação do profissional deverá julgar e indicar, determinando uma aplicação lógica ou em que circunstância do tratamento deverá implementar, objetivando o conforto e a segurança do paciente em questão. Dor, ansiedade e estresse comumente acompanham a morbidade e mortalidade no paciente com comprometimento médico, com atenção especial às doenças cardiovasculares (doenças coronarianas, hipertensão e insuficiência cardíaca), doença cerebrovascular, doenças pulmonares relacionadas a doenças cardíacas (enfisema pulmonar e bronquite crônica). O uso de SRE ou PRE tem sido sugerido, na abordagem do paciente com risco médico
Compartilhar