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AUTOCRÍTICA Aprenda a lidar com as avaliações pessoais Ela ajuda a melhorar a qualidade das relações e ensina você a enxergar o mundo de forma positiva Gerencie melhor a ANSIEDADE no cotidiano A ciência do comportamento pode mudar a sua vida terapia cognitivo- comportamental psicologia pratica EspEciAl na Le itu ra & C on he ci m en to E sp ec ia l - A no 2 , n° 3 Para uma vida melhor A terapia cognitivo-comportamental (TCC), também co-nhecida apenas como cognitiva, nasceu em meados de 1960, sendo seu expoente mais famoso o psiquiatra Aaron Beck. A vertente tentou dar conta da pouca valorização das cognições nas terapias comportamentais clássicas e passou a observar que o pensamento gerava emoções. Estas, associadas, levavam a determinados comportamentos. Ou seja, a maneira como o ser humano interpreta a realidade provoca reações emocionais que geram uma ação. Partindo desta perspectiva, esta edição de Leitura e Conhecimen- to Especial tem como objetivo fornecer informações para entender o funcionamento da TCC e compreender mais a sua aplicação clínica, já que, atualmente, sua eficácia é comprovada em vários casos. Transtornos alimentares, de ansiedade e de pânico, depressão, luto e autocrítica são alguns deles. Nas próximas páginas, você conhecerá os comportamentos mais co- muns e compreenderá a aplicação das técnicas utilizadas no tratamento. Boa leitura! A Redação Capa Produção gráfica: Josemara Nascimento e Rafael Nakaoka Imagens: Gettypremium.com ÍNDICE 6 13 16 18 Origem e aplicaçãO O surgimento da terapia cognitivo- comportamental, a aplicação das técnicas e a eficácia clínica crítica interiOr A importância do equilíbrio entre autoestima e autocrítica para ava- liar e lidar com os problemas reflexOs na alimentaçãO Uma visão distorcida sobre o pró- prio corpo pode provocar transtor- nos alimentares penosos DepressãO A abordagem terapêutica para tra- tar o mal que afeta, atualmente, 4% do mundo segundo a Organi- zação Mundial da Saúde 20 22 26 30 QuanDO alguém se vai… A morte é comum a todos os seres humanos, no entanto, por ser um tabu, lidar com os sentimentos se torna uma tarefa árdua atenDimentO Lista de universidades e centros de psicologia em que é possível encon- trar intervenção psicológica sem qualquer custo cOmpOrtamentO ansiOsO Transtornos que fazem parte do “guarda-chuva” da ansiedade, seus sintomas e tratamento clínico meDO, pânicO Ou fObia? A diferenciação entre os conceitos e a maneira como a TCC lida com esses problemas Por dentro da Origem terapia TexTO e enTrevisTas Érica aguiar design Lídia pardini/coLaboradora As pesquisas que levaram ao desenvolvimento da terapia cognitivo-comportamental, o atendimento clínico e as técnicas fora e dentro do consultório S ócrates foi um filósofo ateniense que viveu entre 469 a.C. e 399 a.C. Nada deixou escrito, por isso, o que sabemos sobre seu passado depen-de das informações colhidas por Platão – inclusive a preocupação de levar os seres humanos à sabedoria e à prática do bem por meio do autoconhecimento. Para Sócrates, o questionamento discipli- nado, profundo e sistemático era uma forma de explorar ideias complexas para alcançar a verdade das coisas, desvendar suposições e analisar conceitos. Por isso, a técnica – apesar de antiga – é utilizada por vertentes terapêuti- cas, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC), para descobrir evidências que susten- tam o pensamento humano a respeito de pro- blemas pessoais, como questionar se as pessoas ao seu redor gostam de você, se é um bom pai Ima ge m G et ty Im ag es ou uma boa mãe e até mesmo a própria capa- cidade em conquistar objetivos. História A TCC, ainda sem a denominação de cog- nitiva, nasceu em meados da década de 1960, a partir dos trabalhos clínicos e pesquisas cien- tíficas do psiquiatra norte-americano Aaron Temkin Beck com pacientes depressivos que apresentavam pensamentos negativos. “Aaron Beck utilizou o estudo de Sigmund Freud que pontuava sobre a melancolia para basear seus estudos sobre a depressão. Assim, construiu estudos e pesquisas que trouxeram comprova- ções empíricas da influência dos pensamentos, bem como esquemas mentais que o ser humano desenvolve ao longo da vida e que condiciona determinados pensamentos e comportamentos disfuncionais”, explica a psicóloga Lidiane Silva. Para o psiquiatra, não eram os eventos que aconteciam na vida de uma pessoa que influen- ciavam seu comportamento, mas a maneira como cada indivíduo observava e interpretava os acontecimentos. “A terapia cognitivo-comportamental en- tende que o pensamento gera emoções que, associadas, levam a comportamentos. Basi- camente, trabalha numa tríade: pensamento, emoção, comportamento”, elucida a psicó- loga clínica Vânia Calazans. “Dependendo de como as pessoas interpretam a realidade, haverá diferentes reações emocionais que vão gerar uma ação”, completa. Na prática Imagine a seguinte situação fictícia: duas amigas – Júlia e Fernanda – visitam a colega Cecília no hospital. Esta está internada há três dias e se recuperando de uma doença, mas ainda apresenta alguns sintomas. Para Júlia, Cecília parece ter melhorado e ela está positi- va quanto à recuperação da colega. Fernanda, por sua vez, sente que ainda falta muito tempo para que a amiga se recupere completamente e não enxerga um cenário favorável em um fu- turo próximo. Pode parecer estranho, mas isso costuma acontecer com frequência em nossas vidas nas mais diversas situações. Dessa maneira, diferentes pessoas que viven- ciaram a mesma situação podem ter interpre- tações adversas. E seriam esses pensamentos os geradores de sentimentos bons ou ruins que culminam em determinados comportamentos. Fernanda, por exemplo, pode sentir tristeza e resolver não visitar mais a amiga por considerar que não há meios de ajudá-la. Júlia, no entanto, possivelmente sentirá felicidade pela recupera- ção e fortalecerá seus laços com Cecília. Funcionamento A terapia cognitivo-comportamental, en- tão, serviria para ensinar os pacientes a auto- monitorarem os próprios pensamentos e emo- ções e, desse modo, ter mais controle sobre o comportamento. Afinal, Beck descobriu que a atividade cognitiva poderia ser alterada por cada indivíduo. As intervenções de sucesso permitiam que as pessoas entendessem e ficas- sem a par do pensamento distorcido e como enfrentar seus efeitos. Todos os dias, um número notável de pensa- demais pesquisadores Aaron Beck não foi o único a valorizar os aspec- tos cognitivos na psicoterapia. Albert Ellis, Michael Mahoney e Donald Meichenbaum também desen- volveram novas abordagens independentemente. No artigo O surgimento das terapias cognitivo-com- portamentais e suas consequências para o desenvol- vimento de uma abordagem clínica analítico-com- portamental dos eventos privados, João Ilo Coelho Barbosa e Aécio Borba destacam que possivelmente tais terapias tenham surgido como alternativas tera- pêuticas, pois havia pouca valorização das cognições nas terapias comportamentais clássicas. Havia ain- da problemas teóricos não resolvidos da explicação behaviorista para comportamentos humanos com- plexos e a natureza de problemas. Origem mentos automáticos circulam em nossa mente e, em geral, são privativos ou não-declarados, ocorrendo rapidamente conforme interpreta- mos os acontecimentos de nossos dias. E eles não são exclusivos de quem sofre com ansieda- de, depressão ou outros transtornos. Para lidar com a grande quantidade de in- formações e tomar decisões, desenvolvemos esquemas (positivos e negativos) que começam a ser construídos no início da infância e são influenciados por experiências de vida, pelo ambiente familiar, traumas e sucessos, e pela educação formal e informal. Segundo Jesse H. Wright, Monica R. Basco e Michael E. Thase no livro Aprendendo a terapia cognitivo-comportamental, os esquemas sim- ples são aqueles sobre regras do ambientee leis da natureza, que têm pouco ou nenhum efeito sobre a psicopatologia. Por exemplo, “abrigue- se durante uma tempestade”. Já as crenças e pressupostos intermediários se relacionam com afirmações “se-então”, influenciando a autoestima e o emocional: “Se eu não agradar aos outros o tempo todo, então eles irão me re- jeitar”. Por último, há crenças sobre si mesmo, maneiras de interpretar informações relativas à autoestima, como “sou um bom amigo” ou “não sou digno de amor”. Aaron Beck descobriu que os pensamentos automáticos de seus pacientes poderiam ser classificados em três categorias: ideias sobre eles mesmos, sobre o mundo e sobre o futuro. E tais maneiras de pensar revelavam as prin- cipais crenças construídas durante a vida. De Im ag em G et ty Im ag es acordo com a psicóloga Raquel Shimizu, no ví- deo Como a Terapia Cognitivo Comportamental lida com as Crenças, elas podem ser classifica- das em desamor, desvalor e abandono. A primeira se baseia em acreditar que não é capaz de ser amado, ninguém gosta de você e não é bem quisto nos ambientes. O desva- lor, no entanto, corresponde às pessoas muito preocupadas com suas capacidades profissio- nais, achando que não darão conta de todas as tarefas e não serão competentes, sempre se sentindo incapazes. O abandono, por sua vez, se refere às pessoas que precisam estar ligadas às outras o tempo todo para poder sobreviver. Por exemplo, de- terminado indivíduo não conseguiria trabalhar sem ter um chefe que dissesse absolutamente tudo que ele precisava fazer. Dessa maneira, de acordo com Shimizu, o psicólogo seria o profissional responsável por descobrir quais são as crenças que estão influen- ciando pensamentos disfuncionais. E, a partir desse momento, alterar a forma de enxergar o mundo ao redor, transformar pensamentos em algo positivo e promover emoções agradáveis. “Ao contrário da terapia de orientação psicodinâmica, a TCC não postula estrutu- ras ou defesas específicas que bloqueiam os pensamentos da consciência. Em vez disso, a TCC enfatiza técnicas destinadas a ajudar os pacientes a detectar e modificar seus pen- samentos profundos, especialmente aqueles associados com sintomas emocionais, como depressão, ansiedade ou raiva. A TCC ensina os pacientes a ‘pensar sobre o pensamento’ para atingir a meta de trazer as cognições au- tônomas à atenção e ao controle conscientes”, explicam Wright, Basco e Thase. Técnicas “A terapia cognitiva tem diversas técnicas que podem ser utilizadas pelos psicoterapeutas que trabalham nessa abordagem, mas elas vão de- pender muito dos aspectos que o paciente traz, do transtorno, das questões emocionais. Então, você não utiliza sempre as mesmas técnicas com todos os pacientes. O terapeuta vai buscar re- cursos que mais se adaptam ao caso clínico e ao perfil de personalidade desse paciente”, explica a psicóloga clínica Vânia Calazans. Algumas são recorrentes, como as tarefas para casa, o registro diário de pensamentos dis- funcionais, o método socrático, o planejamento de atividades diárias, o role playing e o feedba- ck. Mesmo assim, cada paciente e cada pro- blema requerem um olhar e uma abordagem diferenciados. “O mais importante é deixar claro que, apesar de ser uma abordagem que oferece inúmeras técnicas, o fundamental é que a aplicação dessas técnicas seja individualizada. Você tem que entender o perfil do seu paciente para lançar mão desse recurso e, de fato, ter um resultado importante”, pontua Vânia. Isso porque cada pessoa é única, tem seus traços de personalidade, história de vida e histórico familiar. Dessa maneira, o processo envolve conhecer o paciente a fundo, entender as características, o sofrimento e ter conheci- mento das questões que apresenta. Prós e contras Pessoas de todos os sexos e idades podem fazer terapia cognitivo-comportamental. En- Questionamento socrático “O questionamento socrático consiste em fazer perguntas ao paciente que estimulem a curiosidade e o desejo de inquirir. Em vez de uma apresentação didática dos conceitos da terapia, o terapeuta tenta fazer com que o paciente se envolva no processo de aprendizagem. Uma forma especial de questiona- mento socrático é a descoberta guiada, por meio da qual o terapeuta faz uma série de perguntas in- dutivas para revelar padrões disfuncionais de pen- samento ou comportamento”, explicam Jesse H. Wright, Monica R. Basco e Michael E. Thase no livro Aprendendo a terapia cognitivo-comportamental. Im ag en s G et ty Im ag es estratégias Ao redor do mundo, diversas técnicas são empregadas pela vertente terapêutica para auxiliar os pacientes que sofrem com aflições, ansiedade, depressão e transtornos. Conheça algumas delas: Investigação jornalística Coleta de dados sobre o humor e comportamento, a fonte e a inten- sidade em que as emoções surgem e as respostas a elas Descoberta de distorções cognitivas Com a psicoterapia, você passa a tomar consciência das distorções cognitivas a que frequentemente está vulnerável Reformulação cognitiva Questionamento das crenças que prejudicam sua vida diária e suas respectivas reestruturações Tarefas de casa Atividades para fazer fora do consultório, sejam novas ex- periências ou exercícios para reconhecer e trabalhar os pen- samentos disfuncionais Role playing O terapeuta e o cliente fazem uma espécie de “teatro” de for- ma a imitar o comportamento de alguma pessoa para estimu- lar a interação social ou com- preender o problema Relaxamento por respiração O terapeuta ensina técnicas para controlar e acalmar a respiração, criando um senso de equilíbrio tretanto, é muito importante que cada indi- víduo encontre o profissional adequado e se comprometa com o processo, cooperando para que os problemas sejam resolvidos. A TCC é eficaz em tratamentos de distúrbios em que só a medicação não é suficiente, quando é necessá- rio um curto período de tratamento, alterações em como se sente e o desenvolvimento de es- tratégias práticas a serem inseridas no dia a dia para lidar com possíveis dificuldades. Mas não pense que o tratamento é fácil, pois é possível atravessar momentos de maior ansiedade e des- conforto emocional com a descoberta interior. Críticos destacam que a vertente não investiga causas profundas e, por se focar na capacidade individual de mudança, não dá tanto destaque aos problemas maiores em sistemas ou família, que podem impactar a vida do indivíduo. Mesmo assim, tem uma grande vantagem: é educativa. “A TCC possui caráter educati- vo, auxiliando o cliente/paciente à resolução dos próprios conflitos, aprendendo a prever e excluir possíveis recaídas. As técnicas pos- suem estruturas específicas, claras e objetivas para que pensamentos, emoções/sentimentos e comportamentos sejam modificados, tra- zendo equilíbrio e bem-estar à vida do indi- víduo, proporcionando autoconhecimento e ferramentas necessárias para retirar crenças limitantes e evitar situações que prejudicam sua evolução enquanto ser humano”, explica a psicóloga Lidiane Silva. Período de tratamento Ao longo da história, pesquisas científicas mostraram que a terapia cognitivo-comporta- mental é eficaz para o tratamento de depressão, transtorno bipolar, transtornos alimentares, transtorno obsessivo-compulsivo, síndrome do pânico, fobia social, ansiedade e até mesmo no luto e na autocrítica. Por atender vários casos, não há um perío- do de tratamento exato, mas, em geral, a TCC tem curta duração. “O tempo de tratamento é relativo. É muito difícil estabelecer um tempo fechado para o atendimento. Por exemplo, eu tenho um trabalho de emagrecimento de dez sessões, mas é uma psicoterapia breve, focada no emagrecimento. Aí, vou trabalhar especifi- camente esse assunto. Só que, muitas vezes, apa- recem questões que estão vinculadas ao sobre- peso, questões de ordem emocional, referente a questões de relacionamento, pode ser conjugal, familiar e tudo mais. Às vezes, é necessário des- focar da questãoprincipal para trabalhar outras questões”, elucida Vânia Calazans. Apesar de compreenderem que o tratamen- to para depressão ou transtornos de ansiedade descomplicados são, em geral, curtos – com duração de cinco a 20 sessões –, os autores Jesse H. Wright, Monica R. Basco e Michael E. Thase, em seu livro, entendem que pode ha- ver a necessidade de mais tempo se existirem condições co-mórbidas, ou se o paciente pos- suir sintomas crônicos ou for resistente a tra- tamento. Para transtornos de personalidade, psicoses ou transtorno bipolar, o tratamento avança as 20 sessões, que costumam ocorrer semanalmente ou quinzenalmente. “Tudo isso é conversado com o paciente ao longo do tratamento. Então, você pode esta- belecer um número fechado de sessões, mas isso pode ser modificado”, destaca a psicóloga. Normalmente, os encontros dessa vertente te- rapêutica duram entre 45 e 60 minutos. FOnTes Artigos O surgimento das terapias cognitivo-comportamentais e suas consequências para o desenvolvimento de uma abordagem clínica analítico-comportamental dos eventos privados, de João Ilo Coelho Barbosa e Aécio Borba; 25 CBT Techniques and Worksheets for Cognitive Behavioral Therapy, do Positive Psychology Program; Pros & Cons of CBT Therapy, de The CBT Clinic. Livro Aprendendo a terapia cognitivo-comportamental, de Jesse H. Wright, Monica R. Basco e Michael E. Thase. Relatório Abordagem cognitivo-comportamental no atendimento de pacientes com história de depressão e déficit em habilidade sociais, de Lorine Tavares. Vídeo Como a Terapia Cognitivo Comportamental lida com as Crenças, da psicóloga Raquel Shimizu. COnsULTOrias Lidiane Silva, psicóloga; Vânia Calazans, psicóloga clínica, especialista em terapia cognitivo-comportamental pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IPQ/FMUSP). “a Tcc enfatiza técnicas destinadas a ajudar os pacientes a detectar e modificar seus pensamentos profundos, especialmente aqueles associados com sintomas emocionais, como depressão, ansiedade ou raiva” Jesse H. Wright, Monica R. Basco e Michael E. Thase TexTo e enTrevisTas Gabriel JaQuer/Colaborador design lídia pardini/Colaboradora em busca da frustração perfeição Uma das principais características que separa o ser humano dos outros animais é a capacidade de enxergar a si mesmo e seus atos – assim como as consequências geradas. Daí vem a autoestima, que é o modo como cada um se vê, interpreta e julga em situações diferentes da vida Im agem Seb_ra/G etty Im ages equilíbrio críTico ciais, como explica a psicóloga Ellen Moraes: “Os eventos da primeira infância têm mais importância do que se imagina. Uma criança que não tem suas emoções validadas, que não é acolhida, que não tem apoio, que é somente exigida o tempo todo, pode crescer como um adulto que vive apenas para agradar o outro, que precisa ser perfeito em tudo, que vive sem- pre achando que não é o suficiente”. Se houve necessidade de ser um exemplo para outras crianças durante a infância – como ir- mãos mais novos, primos, etc. –, também há chance de se desenvolver autocrítica em excesso. Outras possíveis causas são as cobranças impostas pela sociedade que determinam padrões de beleza, comportamento e consu- mismo muitas vezes exagerados e prejudiciais. Esse aspecto faz com que as mulheres, que ain- da hoje sofrem a maior parte dessas exigên- cias, sejam as principais vítimas dos abusos da crítica destrutiva – muitos pensam, inclusive, que os transtornos de ansiedade e problemas trazidos pela baixa autoestima sejam condi- ções exclusivas das mulheres. O custo da perfeição Quando as críticas internas se tornam muito negativas e severas, um outro caminho não muito saudável pode aparecer: o perfeccionis- mo. Se o crítico interno exige demais o tempo todo, pode-se começar uma perigosa busca por algo inatingível. A busca pela perfeição, seja em qualquer as- pecto da vida, geralmente leva a apenas uma recompensa: frustração. Ser perfeito ou fazer Quando se trata de autoestima e autocrítica, é fácil cair em extremos. Muitos têm a pri-meira bastante elevada e aca- bam não usando a segunda o suficiente para amadurecer – ou dar a famosa “baixada na bola”. Como ressalta a psicóloga Milene Rosenthal, “quando bem usada, é uma ferramenta de extrema importância em nossa vida, pois é um mecanismo característico do processo de autoconhecimento e que nos leva a uma reflexão intensa sobre a definição do que buscamos e quais caminhos queremos seguir”. Ao mesmo tempo, a falta de amor próprio junto do excesso de autocrítica leva milhares de pessoas todos os dias a se sentirem incapa- zes e as coloca sob risco de desenvolver doen- ças como depressão e ansiedade. A psicóloga afirma que o indivíduo que exagera nas críticas pessoais deixa de acreditar em si mesmo e em suas capacidades, e complementa: “Tende a evitar situações ou até mesmo desistir de lutar pelos seus objetivos. Em consequência dessa insegurança e medo de achar que não irá con- seguir, inicia-se uma tensão emocional intensa que pode gerar uma ansiedade constante”. Então, como manter o equilíbrio? Segun- do Milene, é possível perceber que a situação virou um problema “quando existe uma au- tocrítica que na maioria das vezes tem um resultado negativo, ou seja, avaliações que se viram contra nós mesmos e que nos trazem um sentimento de não estarmos correspondendo às nossas próprias expectativas. Se de forma frequente existir um sentimento de culpa e de incapacidade, é hora de parar e refletir se não existe uma distorção e exagero sobre as com- parações feitas”. Como começa O exagero do crítico interior pode ser um reflexo de diversas vivências do indivíduo. Pais exigentes demais ou superprotetores podem fazer com que seus filhos cresçam com pensa- mentos e interpretações distorcidos e prejudi- “Todo excesso pode ser nocivo, assim como toda escassez. É importante que o indivíduo compreenda sua própria dinâmica de funcionamento no mundo” Ellen Moraes, psicóloga Im ag em S om ch ai so m /G et ty Im ag es Equilíbrio crítico consulTorias Ellen Moraes, formada em psicologia e especialista em terapia cognitivo-comportamental, Milene Rosenthal, formada em psicologia, especialista em terapia cognitivo-comportamental e co-fundadora do portal de atendimentos profissionais online TelaVita. tudo perfeitamente é simplesmente impos- sível. O perfeccionista pensa estar buscando aprimoramento, quando, na verdade, está colocando moldes absolutos e perfeitos como objetivo, e quando os padrões não são alcan- çados, começam a surgir complicações, como comenta Milene: “Manter padrões exigentes de comportamento implica em aumentar o nível de estresse de forma significativa. A culpa, o pessimismo e a obsessão são características frequentes em uma pessoa perfeccionista, já que nunca obterá aquilo que deseja, pois a per- feição absoluta é impossível de obter”. Além dos sentimentos deprimentes, o per- feccionismo muitas vezes também leva a pes- soa a se tornar improdutiva, tanto por se pre- parar demais para as tarefas, quanto pelo medo de errar. Isso impede os avanços necessários e consequentemente piora o quadro todo, já que as cobranças e o sentimento de incapacidade só aumentam. Ellen Moraes afirma: “O pró- prio TOC, transtorno obsessivo-compulsivo, costuma atender certos padrões de perfeccio- nismo no indivíduo, mas os transtornos de ansiedade como um todo podem dialogar com a necessidade do perfeccionista”, o que refor- ça a importância de procurar ajuda quando a situação está fora de controle. A grande dificuldade, então, é saber do- sar com equilíbrio a autocrítica e a busca por aprimoramento, pois, como completa Ellen: “Todo excesso pode ser nocivo, assim como toda escassez. É importante que o indivíduo compreenda sua própria dinâmica de funcio- namento no mundo”. Para isso, é essencial tentar manteruma visão realista das próprias capacidades, tratar a si mesmo com respeito e sempre buscar ajuda quando a situação co- meçar a fugir do controle, por exemplo, de um terapêuta cognitivo comportamental. TexTo e enTrevisTa Ariely Polidoro/ColAborAdorA design lídiA PArdini/ColAborAdorA obsessões na alimentação Para chegar aos padrões estéticos ou escapar das frustrações da rotina, muitas pessoas chegam a extremos TransTornos alimenTares ConsULToria Rejane Sbrissa, psicóloga cognitiva C omer desenfreadamente, obses-são pela perda de peso, medo de engordar: estes são alguns dos sintomas que pessoas com trans-tornos alimentares enfrentam. Os motivos para que eles apareçam podem ser vários, mas, o principal deles é a padronização que existe em torno do corpo — que observa na magreza o ideal estético. A psicóloga cognitiva Rejane Sbrissa explica que os distúrbios de alimentação são responsá- veis por 10% das mortes de pacientes que pos- suem algum tipo de disfunção psíquica. “São responsáveis pelos maiores índices de mortali- dade entre todos os tipos de transtornos men- tais”, explana a especialista. Principais problemas Os transtornos alimentares mais comuns são a anorexia, a bulimia e a compulsão ali- mentar. Todos eles têm suas especificidades e motivações, mas são igualmente sinônimos de preocupação e risco. Segundo Rejane, o que eles compartilham é o público de incidência. As mais afetadas são mulheres na faixa etária dos 14 aos 21 anos, especialmente. Há ocorrência acima dos 30 anos, mas em um número bem menor. “Em nossa cultura, o corpo da mulher, seu peso, é muito mais cobrado à perfeição, o que faz com que os transtornos alimentares afetem em sua maioria o sexo feminino”, ressalta a psicóloga. Ela ainda salienta que, nos últimos tempos, os distúrbios estão aparecendo em homens também com 14 a 21 anos. Dentre os acometidos pela anorexia, 95% são mulheres. Segundo Rejane, esse distúrbio se ca- racteriza por rejeição à comida sem controle. As pessoas não conseguem se alimentar e enxer- gam-se acima do peso, quando, na realidade, não estão. “Um dos primeiros sintomas é a perda da noção que a pessoa tem da sua imagem cor- poral, mesmo magra ela se vê gorda, acredita que precisa emagrecer ainda mais, e que o melhor jeito é parar de comer”, explica a especialista. Os sinais do transtorno começam a ficar visíveis quando a pessoa está num nível eleva- do de magreza. Além disso, ela pode ter seus órgãos e o emocional debilitados, arritmias cardíacas e hemorragias digestivas. A bulimia nervosa, segundo Rejane, é a inges- tão exagerada e compulsiva de alimentos que de- pois são eliminados através de vômitos forçados e jejuns constantes. A obsessão por exercícios físicos também é associada ao distúrbio – que acomete principalmente mulheres. O comer compulsivo se diferencia da bulimia, pois o indivíduo come em grandes quantidades, mas força sua eliminação. Esse problema pode estar associado ao estresse, ansiedade e depres- são e é o mais comum dentre todos, podendo levá-las à obesidade. Terapia A terapia cognitivo-comportamental (TCC) se baseia em reestruturar a cognição, ou seja, na forma de processamento e entendimento das informações. O profissional vai trabalhar no emocional do paciente, objetivando a recons- trução da sua percepção. Rejane Sbrissa explica que, em pessoas que possuem transtornos alimentares, a TCC é con- siderada a melhor técnica de psicoterapia. “Ela vai focar no modo como a pessoa pensa em relação ao mundo, suas crenças, seus compor- tamentos e sentimentos. Sua abordagem rela- ciona pensamento, emoção e comportamento manifesto. O tratamento tem como objetivo fazer com que o paciente examine a validade de suas crenças no presente e mude compor- tamentos disfuncionais”, detalha. No caso dos transtornos alimentares, a TCC vai explorar a postura do indivíduo em relação à alimentação, seu corpo e toda a construção feita em volta desses comportamentos auto- destrutivos. Rejane salienta que, além da pró- pria terapia, é necessário o apoio de uma equipe multidisciplinar com psicólogos cognitivos- comportamentais, nutricionistas e médicos. Im ag em E ek ho ff Pi ct ur e La b/ G et ty Im ag es nada TexTo e enTrevisTa LUIS FELIPE SILVA/COLABORADOR design RAFAEL nAkAOkA Para além das especulações, a depressão é uma doença que pode ser devastadora. Entendê-la é o primeiro passo em direção à liberdade A depressão é considerada a doen-ça do século. Não pra menos, os números são alarmantes: em 2015, mais de 300 milhões de pessoas foram acometidas pelo transtorno em todo mundo, segundo a Orga- nização Mundial de Saúde. No Brasil, um dos países mais afetados, a parcela da população acometida chega a 10%. Como qualquer doença, é preciso carac- terizar os sintomas. Também é preciso dife- renciá-los de sentimentos corriqueiros a que estamos expostos, mas que não configuram um desvio mental. “A depressão é um transtorno mental, uma doença comum e séria, que afeta negativamen- te como você se sente, pensa e age. Ela pode levar a uma variedade de problemas emocio- nais e físicos e diminuir a capacidade de uma pessoa funcionar no trabalho e em casa”, ex- plica Beatriz Moura, psicóloga especialista em Transtorno de Personalidade Borderline. nadaQuandofaz sentido depressão A terapia cognitivo-comportamental no tratamento Uma vez identificado o quadro depressivo, alguns caminhos são possíveis para o trata- mento. O mais comum deles, a terapia, tem sido alvo de diversos estudos e aprimoramen- tos ao longo dos anos. “As terapias comporta- mentais ou cognitivo-comportamentais têm se mostrado (através de evidências científicas) eficazes no tratamento do TDM (Transtorno Depressivo Maior), devido suas técnicas espe- cíficas pautadas no arcabouço teórico”, pontua a psicóloga Marina Martorelli Pinho. O acompanhamento clínico é fundamental, e o profissional que auxilia o paciente traça alguns caminhos. “A terapia cognitivo-com- portamental (TCC) ajuda os pacientes a solu- cionarem problemas, adotarem um compor- tamento ativo, se identificarem, avaliarem e responderem ao pensamento depressivo – es- pecialmente à noção negativa sobre si mesmos, seu mundo e seu futuro”, explica Beatriz. Marina lembra que “com o acompanhamen- to terapêutico, o indivíduo irá aprender formas de aliviar seus sintomas, apesar do humor de- primido. Esse engajamento o levará a novos comportamentos (não mais o de exclusão, episódio depressivo Um episódio depressivo costuma ser classificado como um período de tempo em que a pessoa apresenta uma alteração em seu comportamento. TransTorno depressivo maior É um quadro mais grave. Nele, há uma mudança química no funcionamento do solidão), e com isso, trará novos sentimentos que proporcionarão bem-estar. Ele irá apren- der junto com sua terapeuta várias formas de aliviar essas ocorrências”. Remédios são necessários? O medo e os estigmas que permeiam a TCC muitas vezes afastam os pacientes dos consul- tórios. Um deles é o de que, necessariamente, o paciente precisa ser medicado com antide- pressivos. “De acordo com o DSM-5, manual de classificação dos transtornos mentais, os episódios depressivos podem ser classificados como leves, moderados ou graves. Há trata- mento específico para cada intensidade do quadro depressivo, tendo em vista que quanto mais preocupante for o episódio, mais medidas de tratamento podem ser adotadas”, explica a psicóloga Beatriz. De uma maneira ou de outra, a terapia é a porta de entrada para o tratamento. Marina lembra que há discussões em torno da prescri- ção de fármacos para casos leves. “Entretanto, a indicação se deve ou não tomar medicação para casos leves deve sempre partir do profis- sional. Em casos moderados a graves, sempre é indicado”, defende. cérebro, que pode ser desencadeada por uma causa física ou emocional. depressão bipolar Caracterizada por dois períodos: o de depressão com os mesmossintomas de um episódio depressivo e o de euforia com sintomas contrários. disTimia É uma forma crônica de depressão, porém menos grave do que a forma mais conhecida. Os sintomas podem durar um longo período de tempo — muitas vezes, dois anos ou mais. depressão aTípica Aqui, os quadros de depressão costumam ser melancólicos, em que o paciente apresenta principalmente tristeza e pensamentos de morte, desesperança e inutilidade. depressão pós-parTo Os sintomas incluem tristeza e desesperança. Algumas mães experimentam alterações de humor e crises de choro após o parto, que se desvanecem rapidamente. principais tipos de depressão além, é claro, de ser uma somatória de fatores, o quadro depressivo pode se apresentar de diversas maneiras. beatriz moura separou os mais comuns e suas características: "A depressão é um transtorno mental, uma doença comum e séria, que afeta negativamente como você se sente, pensa e age. Ela pode levar a uma variedade de problemas emocionais e físicos e diminuir a capacidade de uma pessoa funcionar no trabalho e em casa" Beatriz Moura, psicóloga consUlToria Beatriz Moura, psicóloga. continua... TexTo e enTrevisTa Érica aguiar design Lídia Pardini/coLaboradora a vida Muitas vezes, a morte é tratada como tabu. Porém, a terapia pode ajudar a descomplicar a finitude humana e fazer com que os que estão vivos sigam em frente Superar a morte de um ente queri-do pode ser difícil para a maioria dos brasileiros. De acordo com um estudo encomendado pelo Sindi-cato dos Cemitérios e Crematórios Particulares do Brasil (Sincep) e aplicado pelo Studio Ideias, a população costuma associar o falecimento a sentimentos como tristeza, dor, saudade, sofrimento e medo. Além disso, 74% dos entrevistados afir- maram não falar sobre a morte no dia a dia. Mesmo assim, 55% concordaram que é impor- tante conversar a respeito do tema, mesmo que não estejam preparados para discuti-lo. Dessa maneira, o luto se torna um tabu devido à di- ficuldade para lidar com a finitude humana e, principalmente, quando há um relacionamen- to estreito com quem faleceu. Os sentimentos Im ag em O xy ge n/ G et ty Im ag es Luto FonTes Artigos Solidão no luto: pesquisa inédita mostra dificuldades dos brasileiros para lidar com a morte, de Mariana Alvim; Luto e Perdas Repentinas: Contribuições da Terapia Cognitivo-Comportamental, de Lissia Ana Basso e Ricardo Wainer. ConsULToria Camila Arruda, psicóloga. Fases do luto No artigo Luto e Perdas Repentinas: Contribuições da Terapia Cognitivo-Comportamental, Lissia Ana Bas- so e Ricardo Wainer citam a classificação de Elizabeth Kübler-Ross sobre os estágios do luto. Para ela, há a negação e o isolamento, seguidos de raiva, barganha, depressão e aceitação. A primeira se trata de um mecanismo de defesa temporário que, posteriormente, culmina na externalização da raiva ou revolta. Então, o enlutado faz uma tentativa de “ne- gociação” (com uma figura divina ou profissionais de saúde) e pode vivenciar uma demora para aceitar a situação. Já o momento de depressão serve para a re- flexão sobre as ideias e, por fim, há a aceitação, em que os sentimentos são expressados de forma mais clara. deixam de ser compartilhados e o sofrimento se torna algo vergonhoso. Enfrentamento Segundo a psicóloga Camila Arruda, o modo como cada pessoa lida com o luto é in- dividual e particular. “O processo do luto passa por cinco fases, mas nem todos vivenciam to- das e alguns ficam por um longo tempo estag- nados em uma delas. Um fator determinante que diferencia como cada um encara a morte é a forma de enfrentamento que busca para vivenciar o luto”, explica. O que também elucida essa diferença com- portamental é a maneira como as pessoas en- frentam a finitude da vida, suas crenças, a rela- ção afetiva, as opiniões em relação à morte e o apoio de pessoas próximas e familiares no pro- cesso de luto, o grau de parentesco e de amizade. “O filho que perde uma mãe, perde também todo cuidado que ela tinha, a dependência (de pôr um café na mesa e arrumar a sua roupa para o mesmo ir ao trabalho, por exemplo). O quanto esse filho dependia financeiramente dessa mãe para dar conta de sua vida, entre outras coisas, pode provocar e prolongar muito no impacto e na forma dessa pessoa dar conta de seguir em frente com a dor da perda”, exem- plifica a profissional. Vivência Uma resposta saudável ao acontecimento implica na manifestação da dor ou do estresse decorrente do evento. “A maioria das pessoas que passam por situações de estresse, como a perda de um ente querido, desenvolve res- postas de enfrentamento desadaptativas, ou seja, uma estratégia que a pessoa apresenta em certas circunstâncias para conseguir li- dar com o evento traumático”, explicam Lissia Ana Basso e Ricardo Wainer no artigo Luto e Perdas Repentinas: Contribuições da Terapia Cognitivo-Comportamental. Quando isso acontece e o paciente não busca acompanhamento psicológico, de acordo com Camila, é provável que vivencie uma profun- da dor e melancolia, desencadeando diversas patologias, como ansiedade e depressão – po- dendo até mesmo ter pensamentos suicidas e tentar tirar a própria vida. “O terapeuta auxilia o indivíduo enlutado para uma efetiva elaboração da perda, buscan- do ferramentas internas para que entenda que é capaz de caminhar e buscar enfrentamento para seguir sem a pessoa que se foi. Elaborar o luto de forma saudável e dar continuidade de forma significativa à vida é o papel fundamen- tal da terapia”, destaca a psicóloga. Para isso, algumas técnicas são aplicadas, como a resolução de problemas e o treina- mento de habilidades sociais. A primeira ten- ta aperfeiçoar a habilidade do enlutado para solucionar o problema. “É importante que o paciente consiga verificar a existência de dis- torções cognitivas que impossibilitam a busca e a tentativa de alternativas saudáveis”, elucida Camila Arruda. Já a segunda, visa ensinar o auto-monitoramento para que o indivíduo lide melhor com o ambiente. “Diante das situações e por meio de um ensaio comportamental, avalia-se como o paciente se comportaria em determinada situação e, junto do terapeuta, treina uma resposta adaptativa”, pontua. O medo de sentir medo TexTo e enTrevisTas gabriel jaQuer/cOlabOradOr design ana paula maldOnadO No país com a maior taxa de pessoas com transtornos de ansiedade, o assunto ainda é subestimado. Entenda como os distúrbios desse tipo conseguem se autoalimentar, passar anos escondidos, e serem tratados com a terapia cognitivo-comportamental 22 | leitura & conhecimento especial insegurança na tentativa de encontrar alguma ligação cog- nitiva entre o distúrbio e um evento que foi ou continua sendo mal interpretado, podendo assim reestruturar o modo como o paciente lida com as situações que o cercam. Segundo uma estimativa divulgada, em 2017, pela Organização Mundial da Saúde, a OMS, o Brasil é o país com maior taxa de pes- soas sofrendo de transtorno de ansiedade no mundo – 9,3% da população é vítima de algum tipo desse mal. No mundo, a estimativa é de 3,6% da população, um número 15% maior do que em 2005. Entretanto, nesses dados, se encaixam diversos tipos de distúrbios, como os explicados a seguir. Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) Quem sofre de ansiedade generalizada sabe o que é viver com seu pior inimigo ao lado o dia todo, todos os dias. A TAG está entre os casos mais comuns de transtornos de ansieda- de, porém, o que dificulta o tratamento é que, muitas vezes, pode ser confundida com outras doenças por causar sintomas semelhantes. Mas como o portador de Transtorno de Ansiedade Generalizada se sente? A condição faz com que atividades rotineiras gerem preocupação e ansiedade acima do que seria considerado normal, provocando mudan- ças de comportamento que podem prejudicar o desempenho profissional ou acadêmico e a vida social. Ellen Moraes, especialista em te-rapia cognitivo-comportamental e graduada em psicologia, explica: “Costumamos dizer que o TAG é o medo de sentir medo. Isso por si só já gera os sintomas de ansiedade, portanto, é o medo de experimentar todos os sintomas ansiosos que desencadeia o TAG”. A psicólo- ga também revela que a TCC ajuda o paciente a “psicoeducar para controlar” o transtorno, fazendo-o “lidar com os sintomas em si por meio de técnicas de relaxamento, controle de respiração e atenção plena". Tais atividades são ensinadas ao paciente para lidar com os mo- mentos de intensa crise. O excesso de ansiedade é um dos problemas mais comuns e mais abordados hoje em dia. Ainda assim, muitas pes-soas não entendem que esses transtornos podem de atrapalhar ou até incapacitar a vida de quem é afetado. Um dos tratamentos para combater o excesso de an- siedade é a terapia cognitivo-comportamental, ou TCC, que parte do princípio de que são as interpretações e representações de eventos in- ternos e externos, e não os eventos em si, que determinam a resposta comportamental e emocional das pessoas. A partir daí, a TCC é usada leitura & conhecimento especial | 23 Dentre os sintomas, alguns exemplos são a agitação, dificuldade de concentração, dores de estômago, fadiga, irritabilidade, preocupação excessiva e sono desregulado. Transtorno de Ansiedade Social (TAS) Também conhecido como fobia social, é um dos distúrbios de ansiedade mais frequentest e gera, por exemplo, o famoso medo de falar em público. O grande pavor de quem sofre dessa condição é a possibilidade de ser julgado nega- tivamente por outras pessoas e, assim, qualquer situação de interação social passa a ser temida e evitada. Contudo, não é apenas o medo de estar “Obsessões são provenientes de situações passadas pelo indivíduo, educação repressora e padrões inflexíveis sobre como encarar a vida” Ellen Moraes, terapeuta cognitivo-comportamental exposto ao julgamento que define o TAS. É na- tural ficar nervoso e ansioso antes de uma apre- sentação de trabalho ou entrevista de emprego, por exemplo, mas, como afima a psicoterapeuta Célia Siqueira, “deixa de ser um medo natu- ral quando retira o indivíduo do movimento de vida, a sociabilidade”. A ansiedade gerada nessas situações prejudica o desempenho (seja ele social, profissional, acadêmico, etc.) e afeta o comportamento da pessoa. O perigo está aí, já que dessa maneira a possibilidade de críticas negativas afetarem o indivíduo é maior, fazen- do com que uma futura situação parecida seja ainda mais temida e evitada – gerando mais ansiedade, e assim por diante. 24 | leitura & conhecimento especial insegurança ConsuLTorias Célia Siqueira, psicóloga, psicanalista, psicoterapeuta e escritora; Ellen Moraes, psicóloga e especialista em terapia cognitivo- comportamental; Tatiana Paula Souza, psicóloga, especialista em psicopatologia e membro do portal de atendimento online Doctoralia. Se não for tratado, pode levar à depressão e outros transtornos psicológicos. Alguns dos sintomas mais comuns são: aumento do bati- mento cardíaco e da frequência respiratória, rosto vermelho, suor excessivo, tremedeira, náusea, tontura e tensão muscular. Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) É caracterizado por um conjunto de sintomas físicos, psíquicos e emocionais parecidos com ataques de pânico, que fazem com que a pessoa reviva o momento em que foi gerado o trauma, sentindo todo o medo e desespero voltarem. Os eventos que causam esse transtorno são diversos e dependem de como o indivíduo se afe- ta pessoalmente com aquilo, mas as principais razões são situações de assalto, morte de uma pessoa querida, abuso sexual e outros aconteci- mentos de extremo estresse. Existem diversos sintomas que apontam a presença do transtorno e podem aparecer me- ses ou até anos depois de o trauma ter se ins- talado. Podem ser agrupados em três grupos: • Revivência do trauma: pesadelo, pensa- mento recorrente sobre o incidente, flashback; • Fuga social: lugares e situações que podem lembrar o trauma passam a ser evitados; • Efeitos no corpo: suor excessivo, distúr- bios do sono, irritabilidade, taquicardia, difi- culdade de concentração, tontura, entre outros. Assim como os outros transtornos, o TEPT pode desenvolver outras doenças quando não tratado, e a fuga do conflito com os sentimen- tos alimenta e agrava o quadro. Transtorno Obssessivo-Compulsivo (TOC) Talvez o mais famoso – e, ainda hoje, subes- timado – dos distúrbios de ansiedade, muitos mitos e desentedimentos giram ao redor do TOC. Quem sofre desse transtorno é acometi- do a obssessões, como diz o nome, que, se evita- das, geram extremo desconforto e ansiedade. O indivíduo então começa a ser obrigado a seguir rituais que tomam quantidades excessivas de tempo e atrapalham a vivência cotidiana. Cada pessoa portadora de TOC pode ter ri- tuais completamentes diferentes de outros, mas existem algumas características em comum para que o paciente possa ser dignosticado com a doença. São eles: • Tempo: investir mais de uma hora por dia em rituais desnecessários; • Interferência: prejudicar o cotidiano e atrasar os eventos; • Impacto: fazer ou evitar o ato gera nervo- sismo e frustração. Ellen Moraes comenta algumas possíveis causas dessa condição: “Geralmente, essas ob- sessões são provenientes de situações vividas pelo indivíduo, educação repressora e padrões inflexíveis sobre como encarar a vida, sendo assim a origem dessa compulsão aprendida em algum momento da vida e virando sintoma quando frequentemente reforçada”. No entanto, é importante ressaltar que a ansiedade é um sentimento natural do ser hu- mano, ligada principalmente à sobrevivência, liberando medo ou preocupação em situações que consideramos perigosas. O medo deixa de ser natural “quando a pes- soa deixa de cumprir atividades de vida diária e passa a evitar e fugir de situações que pareou com situações perigosas, sem que haja, de fato, perigo”, como afirma Tatiane Paula. Já Célia Siqueira ressalta a importância de procurar ajuda: “A falta de tratamento e lon- ga exposição desencadeiam vários outros sin- tomas, por isso, é importante procurar ajuda rápido, caso contrário, isso pode provocar o desenvolvimento de psicose e o isolamento do paciente, impossibilitando o tratamento”. Im ag en s G et ty Im ag es leitura & conhecimento especial | 25 TexTo e enTrevisTas Ariely Polidoro/ColAborAdorA design lídiA PArdini/ColAborAdorA mente distúrbios da Cerca de 33% da população carrega algum tipo de transtorno relacionado à ansiedade. Confira alguns deles e como a terapia cognitivo-comportamental pode auxiliar no tratamento TransTornos menTais O atual mundo em que vivemos pode despertar em cada um nós reações adversas devido à exposição a diversas situa-ções. Essas, por sua vez, po- dem ser ignições e catalisadoras para trans- tornos de ansiedade e outros problemas mais intensificados que também estão relacionados a sentimentos ansiosos. Os distúrbios da mente algumas vezes po- dem nos confundir. Isso porque, certos sinto- mas são parecidos, fazendo com que algumas pessoas não saibam o que realmente tem. O transtorno de pânico, as fobias e o medo são fenômenos que têm suas sin- gularidades, e devem ser tratados corre- tamente de acordo com suas caracterís- ticas e particularidades. Medo O mais crucial a se saber sobre o medo é que ele é uma reação automá- tica do nosso corpo. É o que destaca a psicóloga Stephany Paulino. “O medo é algo natural e necessário na vida de todos, é ele que nos limita e impede que coloquemos nossa vida em risco, como por exemplo, quando uma crian- ça se perde de seus pais em uma loja ou supermercado. Inconscientemente, ela sabe que sem seus protetores, está indefesa. Dessa forma, o medo age como um instinto de sobrevivência”, explica. Quando nos de- paramos com uma situação ameaçadora, é o medo que, de alguma forma, vai definir nossa reação logo em seguida. Por exemplo:você está andando na rua e encontra um cachorro feroz que vem em sua direção. Espera-se que a primeira reação seja se distanciar do animal, correr ou algo do tipo. Esse ato é direcionado justamente pelo medo. Caso não houvesse tal sentimento, você, pro- vavelmente, seria atacado por ele, já que seu corpo não teria respondido à ameaça. Fobia específicas As fobias são facilmente confundidas com medos. Entretanto, sua grande diferença está não só nos sintomas físicos, mas também com que ela está relacionada. A característica principal da fobia é o medo excessivo e irracional. A pessoa fóbica sente um intenso pavor de alguma situação ou algo específico. Por conta disso, ela evita lugares, momentos ou circunstâncias que a coloquem próxima ou a lembre deste objeto fóbico. Tais sentimentos provocam ansieda- de, logo, o Código Internacional de Doenças (CID-10) classifica as fobias como derivações dos transtornos de ansiedade. “O simples ato de pensar em se colocar perante a situação fóbica pode gerar fortes reações emocionais e físicas, como: palpita- ções, sensação de desmaio, medo de perder o controle ou enlouquecer, falta de ar, choro compulsivo”, explana Stephany. O sujeito sente uma ansiedade antecipatória bem acentuada, que faz com que ele fique tomado pelo temor e não consiga encontrar o mínimo de alívio que o faça sair daquela determinada circunstância. Os motivos das fobias não são específicos. Estudos indicam que fatores genéticos influem na formação destes transtornos, assim como traumas – normalmente adquiridos durante a infância e que se tornam sua causa primária. Fobia social O portador da fobia social não apresenta um motivo específico para tê-la. A vítima deste tipo de distúrbio geralmente tem difi- culdades de socialização, evita lugares muito cheios, apresenta um medo intenso de falar em público, além de temer agir de maneira humilhante em meio a um círculo social. Assim como as outras fobias, o simples pensar em se colocar numa situação de expo- sição a um determinado público pode causar reações físicas na pessoa. “Independente do tipo de fobia, os sintomas são iguais, porém Ima ge m G et ty Im ag es Ela é conhecida como medo do medo, intenso pavor de estar em lugares onde uma possível fuga seria impossível ou de espaços abertos e multidões. Cabe ressaltar que este transtorno é desencadeado por pensamentos e ou fantasias que devem ser tratadas”, detalha Lidiane. Transtorno de pânico Como já dito anteriormente, o transtorno de pânico pode estar associado a agorafobia. A grande questão deste distúrbio é que ele não tem uma situação específica para acontecer. Os ataques podem ocorrer a qualquer momento; se a pessoa se sentir ameaçada por alguma coi- sa, sua reação aversiva vai ser potencializada. De acordo com a psicóloga Stephany Pau- lino, o transtorno é caracterizado como ata- ques “recorrentes de ansiedade grave, em que não é associado a nenhuma situação ou circunstância que provoque o evento, o que o torna imprevisível”. Ela ainda pontua que, geralmente, eles duram de segundos a poucos minutos, entretanto, para o paciente, sua per- cepção é totalmente diferente. “A sensação é de que se passou uma eternidade, pois o que persiste é o medo de morrer e perder o con- trole por conta do alto nível de intensidade dos sintomas físicos”, enfatiza. A terapia cognitivo- comportamental nos processos mentais A terapia cognitiva-comportamental (TCC) para os distúrbios mentais se ba- seia no terapeuta ou psicólogo trabalhar as causas daquele comportamento. O objetivo é reestruturar os pensamentos do paciente, para que ele possa lidar di- retamente com seu objeto fóbico ou com seus ataques de pânico. O especialista vai realizar um trata- mento para tentar encontrar as causas daquele problema e conduzir a pessoa para interpretar e lidar com seus transtornos de Fobias Segundo o Código Internacional de Doenças (CID-10), há uma série de fobias existentes. Conheça as mais comuns: Acrofobia: medo de altura Aicmofobia: medo de agulhas Aracnofobia: medo de aracnídeos Claustrofobia: medo de locais fechados Escotofobia: medo de escuro Hematofobia: medo de sangue o pensamento ou crença que desencadeia tais sintomas são características individuais ou subjetivas de cada pessoa. São alguns deles: o nervosismo, tremor e sudorese, taquicardia, boca seca, tontura, angústia, dificuldade de raciocínio, fadiga, dificuldade em respirar, sensação de estar fora da realidade”, explica a psicóloga Lidiane Silva. Se não tratada corretamente, as consequên- cias podem ser nocivas. O sujeito pode se iso- lar, privando-se de qualquer contato, convívio ou comunicação social. Agorafobia A agorafobia, apesar de ser semelhante à fobia social, tem sua especificidade. Diferen- temente da anterior, o indivíduo agorafóbico tem medo de sair de casa, de ficar sozinho e de momentos em que possa se sentir desampara- do. Por exemplo: ele pode estar num congestio- namento e teme que ali não haja nenhum meio de amparo caso algo de ruim ocorra. “Agora- fobia é um transtorno de ansiedade ligado di- retamente ao transtorno do pânico, com crises inesperadas de desespero, angústia intensa, e crença de que algo muito ruim pode acontecer. Im ag en s G et ty Im ag es indícios do pânico As psicólogas Lidiane Silva e Ste- phany Paulino listaram algumas mani- festações físicas que são sinais de que a pessoa está em um acesso de pânico. Taquicardia: aumento intenso da frequência cardíaca. sudorese: transpiração excessiva. Falta de ar: a pessoa quando está tendo um ataque, se sente asfixia- do, com a sensação de que a gargan- ta está fechando. dores ou desconfortos torácicos, abdo- minais e peitorais. despersonalização: sensação de que a pessoa é estranha si mesma. desrealização: sensação de irrealidade. Parestesias: sensação de formigamen- to ou anestesia. Tonturas: dependendo do grau, podem ocorrer desmaios. Além dessas manifesta- ções, podem ocorrer náu- seas, calafrios, vertigens e tremores. forma saudável e segura. Segundo Stephany, a TCC é elaborada “através de diversas técnicas: psicoeducação, escatastrofisação, castões de enfrentamento, dessensibilização, Role Play, dentre outras. Porém, o mais importante em qualquer terapia é a boa vinculação entre o paciente e o psicólogo. Sem isso não haverá uma evolução do quadro clínico”. Lidiane também salienta que exercícios de respiração e relaxamento auxiliam positiva- mente no tratamento, podendo ser ensinados até para a família e amigos. Assim, as pessoas próximas ao paciente também contribuem para o sucesso da terapia. “Os amigos e fami- liares podem aprender o manejo de algumas técnicas de respiração e diálogo adequado para ajudar a sair de uma crise. Acompa- nhar as consultas e motivar para que ocorra algumas mudanças na rotina do paciente é fundamental, e, principalmente, é indicado conhecer sobre o transtorno para que não ocorra quaisquer tipos de preconceito ou críticas que prejudiquem de alguma forma o tratamento”, discorre a especialista. A.C.A.L.M.E.-S.E. Este é um dos método para tratar os trans- tornos mentais. O ponto central é a aceita- ção da ansiedade para assim, lidar com ela da melhor maneira. “Aceite sua ansiedade, contemple as coisas em sua volta, aja com a ansiedade, libere o ar de seus pulmões, mantenha os passos anteriores, examine seus pensamentos, sorria, pois você con- seguiu, espere o futuro com aceitação. São palavras utilizadas como comandos ou gatilhos para o cérebro. A pessoa deve ter atitudes para modificar o atual quadro com pensamentos que vão melhorar sua qualidade de vida”, ressalta Lidiane. ConsULTorias Lidiane Silva, psicóloga Stephany Paulino, psicóloga TexTo e pesQuisa Luis FeLipe siLva/CoLaborador design Lídia pardini/CoLaboradora Diversas instituições pelo país oferecem atendimento psicoterapêutico à população gratuitos atendimentos de graça A Constituição Federal do Brasil (1988) prevêa saúde como um dever do Esta-do e direito de todos, bem como o acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua pro- moção, proteção e recuperação. Integradas ao SUS, as ações de saúde mental seguem, conforme o artigo 196, diretrizes de des- centralização e atendimento integral, com prioridade às atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais, e com participação da comunidade – um discurso muito bonito, mas que, na prática, ainda deixa a desejar. “A humanização, como política, está presente em todas as instâncias do SUS e, consequentemente, também na saúde men- tal. Entretanto, há muitas dificuldades na integração dos processos de trabalho e nas relações entre os diferentes profissionais que atuam na rede”, explica a doutora em enfermagem Antônia Regina Ferreira Fu- regato, em trecho retirado de seu artigo Políticas de Saúde Mental do Brasil. Diante de tantos desafios à construção de projetos terapêuticos e interdisciplina- res, muitos serviços e escolas de psicolo- gia têm unido a formação de profissionais junto de uma atuação social que aplique as práticas e técnicas no atendimento à popu- lação que não tem acesso a este tipo de tra- tamento. Separamos os principais serviços por capitais brasileiras. Confira! sudeste Espírito Santo • Vitória Núcleo de Psicologia Aplicada (NPA) Universidade Federal do Espírito Santo endereço Av. Fernando Ferrari, 514 | Goiabeiras Contato (27) 4009-2509 atendimento Seg à Sex das 13h às 19h Minas Gerais • Belo Horizonte Serviço de Psicologia Aplicada FAFich endereço Av. Antônio Carlos, 6627 Pampulha Contato (31) 34095070 atendimento Sob consulta Rio de Janeiro • Rio de Janeiro Serviço de Psicologia Aplicada Universidade Estadual do Rio de Janeiro endereço Rua São Francisco Xavier, 524 Maracanã Contato (21) 2334-0033 atendimento Por consulta São Paulo • São Paulo clínica Psicológica em São Paulo iPUSP endereço Av. Prof Mello Moraes, 1721 Bloco D | Cidade Universitária Contato (11) 3091-8248 | 3091-8223 atendimento Por disponibilidade Paraná • Curitiba centro de Psicologia Aplicada Universidade Federal do Paraná endereço Praça Santos Andrade,50 Prédio Histórico) | 1º andar, sala 112 Contato (41) 3310-2614 atendimento Seg à Sex das 8h30 às 20h30 Rio Grande do Sul • Porto Alegre Universidade Federal do Rio Grande do Sul endereço Rua Protásio Alves, 297 Santa Cecília Contato (51) 3308 2024 Santa Catarina • Florianópolis Serviço de Atenção Psicológica Universidade Federal de Santa catarina endereço Campus Universitário Trindade Contato (48) 3721-9402 | (48) 3721-4989 atendimento Seg à Quin das 8h às 20h e Sex das 8h às 19h Distrito Federal • Brasília Universidade católica de Brasília endereço QS 7 | Taguatinga | Brasília Contato (61) 3356-9000 atendimento Seg à Sexta das 8h às 22h e sábado das 8h às 12h Goiás • Goiânia clínica Escola De Psicologia Universidade Federal de Goiás endereço Avenida Esperança s/n Câmpus Samambaia Contato (62) 3209-6298 atendimento Seg à Sex das 7h30 às 19h30 Mato Grosso • Cuiabá ONG Lírios/Faculdade de cuiabá (FAUc) endereço Rua Fraternidade, 01 Várzea Grande Contato (65) 99233-5440 | (65) 3684-9877 atendimento Consultar demanda Mato Grosso do Sul • Campo Grande Núcleo de Psicologia Unigran capital endereço Rua Abrão Júlio Rahe, 325| Centro Contato (67) 3389-3362 | (67) 99206-5326 atendimento Seg à Sex das 7h30 às 19h Sul e Centro-Oeste de graça Alagoas • Maceió Serviço de Psicologia Aplicada Universidade Federal de Alagoas endereço Av. Lourival Melo Mota, s/n Tabuleiro do Martins | Maceió Contato ufalspa@gmail.com atendimento Seg à Quin das 8h às 17h e Sex das 8h às 13h Bahia • Salvador Programa PsiU Universidade Federal da Bahia endereço Rua Caetano Moura, 140 Federação Contato (71) 99911- 2828 (WhatsApp) atendimento Seg, Ter, Qui e Sex das 9h às 17h e na quarta-feira das 9h às 12h Ceará • Fortaleza clínica Escola de Psicologia niversidade Federal do ceará endereço Rua Waldery Uchôa, 3A Benfica Contato (85) 3366-7690 atendimento Seg à Sex das 8h às 18h Maranhão • São Luís Defensoria Pública do Estado do Ma- ranhão UFMA | Pitágoras endereço Rua da Estrela, 421 Praia Grande Contato 3231-5819 | 3222-5321 atendimento Somente às terças-feiras das 8h30 às 11h30 Paraíba • João Pessoa clínica Psicologia UFPB endereço Cidade Universitária, s/n Castelo Branco III Contato (83) 93216-7338 atendimento Personalizado por con- sulta Pernambuco • Recife Universidade Federal de Pernambuco endereço Avenida Arquitetura s/n Cidade Universitária Contato (81) 21268731 atendimento Seg à Sex das 8h às 12h e das 14h às 18h Piauí • Teresina Serviço Escola de Psicologia (SEP) Universidade Federal do Piauí endereço Bairro Ininga | Teresina Contato (86) 3215-5525 atendimento Por triagem Rio Grande do Norte • Natal Serviço de Psicologia Aplicada Universidade Federal do Rio Grande do Norte endereço Campus Central Lagoa Nova Natal Contato (84) 3215-3603 atendimento Seg à Sex das 7h30 às 17h30 Sergipe • Aracaju clínica de Psicologia Aplicada Universidade Federal de Sergipe endereço Rua Monsenhor Silveira, 412 São José Contato (79) 3302-6035 atendimento Por triagem nordeste Acre • Rio Branco Serpsi/UFAc Universidade Federal do Acre endereço Campus Universitário | BR 364, Km 4 | Distrito Industrial | Rio Branco Contato serpsi.ufac@gmail.com atendimento Seg à Sex das 08h às 12h e das 14h às 18h Amapá • Macapá clínica de Psicologia da Faculdade Estácio endereço Rua Leopoldo Machado Centro Contato (96) 2101-5151 atendimento Seg à Sex das 8h às 18h Amazonas • Manaus Serviço de Psicologia Aplicada UNiNORTE endereço Av. Joaquim Nabuco, 1835 Centro | Manaus Contato (92) 3212-5169 atendimento Seg à Sex das 8h às 20h Pará • Belém clínica Escola da Faculdade de Psico- logia Universidade Federal do Pará endereço R. Igarapé Tucunduba, 1034 Guamá Contato (91) 3201-7669 atendimento Seg à Sex das 8h às 13h e das 14h às 18h Rondônia • Porto Velho Serviço de Psicologia Aplicada endereço Avenida Presidente Dutra, 2965 | Centro Contato (69) 2182-2025 atendimento Seg à Sex das 8h às 20h Roraima • Boa Vista Serviço de Atendimento Psicológico Universidade Federal de Roraima endereço Av. Cap. Ene Garcês, 2413 Aeroporto Contato (95) 3623-2391 ou (95) 9171-2629 atendimento Seg à Sex em horário comercial Tocantins • Palmas Serviço Escola do centro de Psicologia UnirG endereço Av. Guanabara, 1500 | Centro Gurupi Contato reitoria@unirg.edu.br atendimento Seg à Sex das 8h às 18h norte Presidente João Carlos de Almeida Diretor Executivo Pedro José Chiquito Gerente Editorial Mara De Santi Endereços BAURU Rua Gustavo Maciel, 19-26, CEP 17012-110, Bauru, SP. Caixa Postal 471, CEP 17015-970, Bauru, SP. 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PROIBIDA A REPRODUÇÃO. de graça Capa Chamada livro Editorial Por dentro da terapia Em busca da frustração Obsessões na alimentação Quando nada faz sentido A vida continua... O medo de sentir medo Distúrbios da mente Atendimentos gratuitos Chamada livro Chamada livro
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