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Leitura & Conhecimento -Comportamental - Ed 22 - Dezembro 2020

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AUTOCRÍTICA
Aprenda a 
lidar com as 
avaliações 
pessoais
Ela ajuda a melhorar a qualidade das relações e 
ensina você a enxergar o mundo de forma positiva
Gerencie 
melhor a 
ANSIEDADE 
no cotidiano
A ciência do comportamento
pode mudar a sua vida
terapia 
cognitivo-
comportamental
psicologia
pratica
EspEciAl
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Para uma vida
melhor
A terapia cognitivo-comportamental (TCC), também co-nhecida apenas como cognitiva, nasceu em meados de 1960, sendo seu expoente mais famoso o psiquiatra Aaron Beck. A vertente tentou dar conta da pouca valorização das cognições nas terapias comportamentais clássicas e passou 
a observar que o pensamento gerava emoções. Estas, associadas, levavam 
a determinados comportamentos. Ou seja, a maneira como o ser humano 
interpreta a realidade provoca reações emocionais que geram uma ação.
Partindo desta perspectiva, esta edição de Leitura e Conhecimen-
to Especial tem como objetivo fornecer informações para entender o 
funcionamento da TCC e compreender mais a sua aplicação clínica, já 
que, atualmente, sua eficácia é comprovada em vários casos. Transtornos 
alimentares, de ansiedade e de pânico, depressão, luto e autocrítica são 
alguns deles.
Nas próximas páginas, você conhecerá os comportamentos mais co-
muns e compreenderá a aplicação das técnicas utilizadas no tratamento.
Boa leitura!
A Redação
Capa
Produção gráfica: Josemara Nascimento 
e Rafael Nakaoka
Imagens: Gettypremium.com
ÍNDICE
6
13
16
18
Origem e aplicaçãO
O surgimento da terapia cognitivo-
comportamental, a aplicação das 
técnicas e a eficácia clínica
crítica interiOr
A importância do equilíbrio entre 
autoestima e autocrítica para ava-
liar e lidar com os problemas
reflexOs na alimentaçãO
Uma visão distorcida sobre o pró-
prio corpo pode provocar transtor-
nos alimentares penosos
DepressãO
A abordagem terapêutica para tra-
tar o mal que afeta, atualmente, 
4% do mundo segundo a Organi-
zação Mundial da Saúde
20
22
26
30
QuanDO alguém se vai…
A morte é comum a todos os seres 
humanos, no entanto, por ser um 
tabu, lidar com os sentimentos se 
torna uma tarefa árdua
atenDimentO
Lista de universidades e centros de 
psicologia em que é possível encon-
trar intervenção psicológica sem 
qualquer custo
cOmpOrtamentO ansiOsO
Transtornos que fazem parte do 
“guarda-chuva” da ansiedade, seus 
sintomas e tratamento clínico
meDO, pânicO Ou fObia?
A diferenciação entre os conceitos 
e a maneira como a TCC lida com 
esses problemas
Por dentro da
Origem
terapia
TexTO e enTrevisTas Érica aguiar
 design Lídia pardini/coLaboradora
As pesquisas que levaram ao 
desenvolvimento da terapia 
cognitivo-comportamental, o 
atendimento clínico e as técnicas 
fora e dentro do consultório
S ócrates foi um filósofo ateniense que viveu entre 469 a.C. e 399 a.C. Nada deixou escrito, por isso, o que sabemos sobre seu passado depen-de das informações colhidas por 
Platão – inclusive a preocupação de levar os 
seres humanos à sabedoria e à prática do bem 
por meio do autoconhecimento.
Para Sócrates, o questionamento discipli-
nado, profundo e sistemático era uma forma 
de explorar ideias complexas para alcançar 
a verdade das coisas, desvendar suposições e 
analisar conceitos. Por isso, a técnica – apesar 
de antiga – é utilizada por vertentes terapêuti-
cas, como a terapia cognitivo-comportamental 
(TCC), para descobrir evidências que susten-
tam o pensamento humano a respeito de pro-
blemas pessoais, como questionar se as pessoas 
ao seu redor gostam de você, se é um bom pai Ima
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ou uma boa mãe e até mesmo a própria capa-
cidade em conquistar objetivos.
História
A TCC, ainda sem a denominação de cog-
nitiva, nasceu em meados da década de 1960, a 
partir dos trabalhos clínicos e pesquisas cien-
tíficas do psiquiatra norte-americano Aaron 
Temkin Beck com pacientes depressivos que 
apresentavam pensamentos negativos. “Aaron 
Beck utilizou o estudo de Sigmund Freud que 
pontuava sobre a melancolia para basear seus 
estudos sobre a depressão. Assim, construiu 
estudos e pesquisas que trouxeram comprova-
ções empíricas da influência dos pensamentos, 
bem como esquemas mentais que o ser humano 
desenvolve ao longo da vida e que condiciona 
determinados pensamentos e comportamentos 
disfuncionais”, explica a psicóloga Lidiane Silva.
Para o psiquiatra, não eram os eventos que 
aconteciam na vida de uma pessoa que influen-
ciavam seu comportamento, mas a maneira 
como cada indivíduo observava e interpretava 
os acontecimentos.
“A terapia cognitivo-comportamental en-
tende que o pensamento gera emoções que, 
associadas, levam a comportamentos. Basi-
camente, trabalha numa tríade: pensamento, 
emoção, comportamento”, elucida a psicó-
loga clínica Vânia Calazans. “Dependendo 
de como as pessoas interpretam a realidade, 
haverá diferentes reações emocionais que vão 
gerar uma ação”, completa.
Na prática
Imagine a seguinte situação fictícia: duas 
amigas – Júlia e Fernanda – visitam a colega 
Cecília no hospital. Esta está internada há três 
dias e se recuperando de uma doença, mas 
ainda apresenta alguns sintomas. Para Júlia, 
Cecília parece ter melhorado e ela está positi-
va quanto à recuperação da colega. Fernanda, 
por sua vez, sente que ainda falta muito tempo 
para que a amiga se recupere completamente 
e não enxerga um cenário favorável em um fu-
turo próximo. Pode parecer estranho, mas isso 
costuma acontecer com frequência em nossas 
vidas nas mais diversas situações.
Dessa maneira, diferentes pessoas que viven-
ciaram a mesma situação podem ter interpre-
tações adversas. E seriam esses pensamentos 
os geradores de sentimentos bons ou ruins que 
culminam em determinados comportamentos. 
Fernanda, por exemplo, pode sentir tristeza e 
resolver não visitar mais a amiga por considerar 
que não há meios de ajudá-la. Júlia, no entanto, 
possivelmente sentirá felicidade pela recupera-
ção e fortalecerá seus laços com Cecília.
Funcionamento
A terapia cognitivo-comportamental, en-
tão, serviria para ensinar os pacientes a auto-
monitorarem os próprios pensamentos e emo-
ções e, desse modo, ter mais controle sobre o 
comportamento. Afinal, Beck descobriu que 
a atividade cognitiva poderia ser alterada por 
cada indivíduo. As intervenções de sucesso 
permitiam que as pessoas entendessem e ficas-
sem a par do pensamento distorcido e como 
enfrentar seus efeitos.
Todos os dias, um número notável de pensa-
demais pesquisadores
Aaron Beck não foi o único a valorizar os aspec-
tos cognitivos na psicoterapia. Albert Ellis, Michael 
Mahoney e Donald Meichenbaum também desen-
volveram novas abordagens independentemente. 
No artigo O surgimento das terapias cognitivo-com-
portamentais e suas consequências para o desenvol-
vimento de uma abordagem clínica analítico-com-
portamental dos eventos privados, João Ilo Coelho 
Barbosa e Aécio Borba destacam que possivelmente 
tais terapias tenham surgido como alternativas tera-
pêuticas, pois havia pouca valorização das cognições 
nas terapias comportamentais clássicas. Havia ain-
da problemas teóricos não resolvidos da explicação 
behaviorista para comportamentos humanos com-
plexos e a natureza de problemas.
Origem
mentos automáticos circulam em nossa mente 
e, em geral, são privativos ou não-declarados, 
ocorrendo rapidamente conforme interpreta-
mos os acontecimentos de nossos dias. E eles 
não são exclusivos de quem sofre com ansieda-
de, depressão ou outros transtornos.
Para lidar com a grande quantidade de in-
formações e tomar decisões, desenvolvemos 
esquemas (positivos e negativos) que começam 
a ser construídos no início da infância e são 
influenciados por experiências de vida, pelo 
ambiente familiar, traumas e sucessos, e pela 
educação formal e informal.
Segundo Jesse H. Wright, Monica R. Basco e 
Michael E. Thase no livro Aprendendo a terapia 
cognitivo-comportamental, os esquemas sim-
ples são aqueles sobre regras do ambientee leis 
da natureza, que têm pouco ou nenhum efeito 
sobre a psicopatologia. Por exemplo, “abrigue-
se durante uma tempestade”. Já as crenças e 
pressupostos intermediários se relacionam 
com afirmações “se-então”, influenciando a 
autoestima e o emocional: “Se eu não agradar 
aos outros o tempo todo, então eles irão me re-
jeitar”. Por último, há crenças sobre si mesmo, 
maneiras de interpretar informações relativas 
à autoestima, como “sou um bom amigo” ou 
“não sou digno de amor”.
Aaron Beck descobriu que os pensamentos 
automáticos de seus pacientes poderiam ser 
classificados em três categorias: ideias sobre 
eles mesmos, sobre o mundo e sobre o futuro. 
E tais maneiras de pensar revelavam as prin-
cipais crenças construídas durante a vida. De Im
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acordo com a psicóloga Raquel Shimizu, no ví-
deo Como a Terapia Cognitivo Comportamental 
lida com as Crenças, elas podem ser classifica-
das em desamor, desvalor e abandono.
A primeira se baseia em acreditar que não 
é capaz de ser amado, ninguém gosta de você 
e não é bem quisto nos ambientes. O desva-
lor, no entanto, corresponde às pessoas muito 
preocupadas com suas capacidades profissio-
nais, achando que não darão conta de todas 
as tarefas e não serão competentes, sempre se 
sentindo incapazes.
O abandono, por sua vez, se refere às pessoas 
que precisam estar ligadas às outras o tempo 
todo para poder sobreviver. Por exemplo, de-
terminado indivíduo não conseguiria trabalhar 
sem ter um chefe que dissesse absolutamente 
tudo que ele precisava fazer.
Dessa maneira, de acordo com Shimizu, o 
psicólogo seria o profissional responsável por 
descobrir quais são as crenças que estão influen-
ciando pensamentos disfuncionais. E, a partir 
desse momento, alterar a forma de enxergar o 
mundo ao redor, transformar pensamentos em 
algo positivo e promover emoções agradáveis.
“Ao contrário da terapia de orientação 
psicodinâmica, a TCC não postula estrutu-
ras ou defesas específicas que bloqueiam os 
pensamentos da consciência. Em vez disso, 
a TCC enfatiza técnicas destinadas a ajudar 
os pacientes a detectar e modificar seus pen-
samentos profundos, especialmente aqueles 
associados com sintomas emocionais, como 
depressão, ansiedade ou raiva. A TCC ensina 
os pacientes a ‘pensar sobre o pensamento’ 
para atingir a meta de trazer as cognições au-
tônomas à atenção e ao controle conscientes”, 
explicam Wright, Basco e Thase.
Técnicas
“A terapia cognitiva tem diversas técnicas que 
podem ser utilizadas pelos psicoterapeutas que 
trabalham nessa abordagem, mas elas vão de-
pender muito dos aspectos que o paciente traz, 
do transtorno, das questões emocionais. Então, 
você não utiliza sempre as mesmas técnicas com 
todos os pacientes. O terapeuta vai buscar re-
cursos que mais se adaptam ao caso clínico e ao 
perfil de personalidade desse paciente”, explica 
a psicóloga clínica Vânia Calazans.
Algumas são recorrentes, como as tarefas 
para casa, o registro diário de pensamentos dis-
funcionais, o método socrático, o planejamento 
de atividades diárias, o role playing e o feedba-
ck. Mesmo assim, cada paciente e cada pro-
blema requerem um olhar e uma abordagem 
diferenciados. “O mais importante é deixar 
claro que, apesar de ser uma abordagem que 
oferece inúmeras técnicas, o fundamental é que 
a aplicação dessas técnicas seja individualizada. 
Você tem que entender o perfil do seu paciente 
para lançar mão desse recurso e, de fato, ter um 
resultado importante”, pontua Vânia.
Isso porque cada pessoa é única, tem seus 
traços de personalidade, história de vida e 
histórico familiar. Dessa maneira, o processo 
envolve conhecer o paciente a fundo, entender 
as características, o sofrimento e ter conheci-
mento das questões que apresenta.
Prós e contras
Pessoas de todos os sexos e idades podem 
fazer terapia cognitivo-comportamental. En-
Questionamento 
socrático
“O questionamento socrático consiste em fazer 
perguntas ao paciente que estimulem a curiosidade 
e o desejo de inquirir. Em vez de uma apresentação 
didática dos conceitos da terapia, o terapeuta tenta 
fazer com que o paciente se envolva no processo de 
aprendizagem. Uma forma especial de questiona-
mento socrático é a descoberta guiada, por meio 
da qual o terapeuta faz uma série de perguntas in-
dutivas para revelar padrões disfuncionais de pen-
samento ou comportamento”, explicam Jesse H. 
Wright, Monica R. Basco e Michael E. Thase no livro 
Aprendendo a terapia cognitivo-comportamental.
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estratégias
Ao redor do mundo, diversas técnicas são empregadas pela vertente terapêutica para 
auxiliar os pacientes que sofrem com aflições, ansiedade, depressão e transtornos. 
Conheça algumas delas:
Investigação jornalística
Coleta de dados sobre o humor e 
comportamento, a fonte e a inten-
sidade em que as emoções surgem 
e as respostas a elas
Descoberta de distorções cognitivas
Com a psicoterapia, você passa a 
tomar consciência das distorções 
cognitivas a que frequentemente 
está vulnerável
Reformulação cognitiva
Questionamento das crenças que 
prejudicam sua vida diária e suas 
respectivas reestruturações
Tarefas de casa
Atividades para fazer fora do 
consultório, sejam novas ex-
periências ou exercícios para 
reconhecer e trabalhar os pen-
samentos disfuncionais
Role playing
O terapeuta e o cliente fazem 
uma espécie de “teatro” de for-
ma a imitar o comportamento 
de alguma pessoa para estimu-
lar a interação social ou com-
preender o problema
Relaxamento por respiração
O terapeuta ensina técnicas para 
controlar e acalmar a respiração, 
criando um senso de equilíbrio
tretanto, é muito importante que cada indi-
víduo encontre o profissional adequado e se 
comprometa com o processo, cooperando para 
que os problemas sejam resolvidos. A TCC é 
eficaz em tratamentos de distúrbios em que só 
a medicação não é suficiente, quando é necessá-
rio um curto período de tratamento, alterações 
em como se sente e o desenvolvimento de es-
tratégias práticas a serem inseridas no dia a dia 
para lidar com possíveis dificuldades. Mas não 
pense que o tratamento é fácil, pois é possível 
atravessar momentos de maior ansiedade e des-
conforto emocional com a descoberta interior.
Críticos destacam que a vertente não investiga 
causas profundas e, por se focar na capacidade 
individual de mudança, não dá tanto destaque 
aos problemas maiores em sistemas ou família, 
que podem impactar a vida do indivíduo.
Mesmo assim, tem uma grande vantagem: 
é educativa. “A TCC possui caráter educati-
vo, auxiliando o cliente/paciente à resolução 
dos próprios conflitos, aprendendo a prever 
e excluir possíveis recaídas. As técnicas pos-
suem estruturas específicas, claras e objetivas 
para que pensamentos, emoções/sentimentos 
e comportamentos sejam modificados, tra-
zendo equilíbrio e bem-estar à vida do indi-
víduo, proporcionando autoconhecimento e 
ferramentas necessárias para retirar crenças 
limitantes e evitar situações que prejudicam 
sua evolução enquanto ser humano”, explica 
a psicóloga Lidiane Silva.
Período de tratamento
Ao longo da história, pesquisas científicas 
mostraram que a terapia cognitivo-comporta-
mental é eficaz para o tratamento de depressão, 
transtorno bipolar, transtornos alimentares, 
transtorno obsessivo-compulsivo, síndrome do 
pânico, fobia social, ansiedade e até mesmo no 
luto e na autocrítica.
Por atender vários casos, não há um perío-
do de tratamento exato, mas, em geral, a TCC 
tem curta duração. “O tempo de tratamento é 
relativo. É muito difícil estabelecer um tempo 
fechado para o atendimento. Por exemplo, eu 
tenho um trabalho de emagrecimento de dez 
sessões, mas é uma psicoterapia breve, focada 
no emagrecimento. Aí, vou trabalhar especifi-
camente esse assunto. Só que, muitas vezes, apa-
recem questões que estão vinculadas ao sobre-
peso, questões de ordem emocional, referente a 
questões de relacionamento, pode ser conjugal, 
familiar e tudo mais. Às vezes, é necessário des-
focar da questãoprincipal para trabalhar outras 
questões”, elucida Vânia Calazans.
Apesar de compreenderem que o tratamen-
to para depressão ou transtornos de ansiedade 
descomplicados são, em geral, curtos – com 
duração de cinco a 20 sessões –, os autores 
Jesse H. Wright, Monica R. Basco e Michael 
E. Thase, em seu livro, entendem que pode ha-
ver a necessidade de mais tempo se existirem 
condições co-mórbidas, ou se o paciente pos-
suir sintomas crônicos ou for resistente a tra-
tamento. Para transtornos de personalidade, 
psicoses ou transtorno bipolar, o tratamento 
avança as 20 sessões, que costumam ocorrer 
semanalmente ou quinzenalmente.
“Tudo isso é conversado com o paciente ao 
longo do tratamento. Então, você pode esta-
belecer um número fechado de sessões, mas 
isso pode ser modificado”, destaca a psicóloga. 
Normalmente, os encontros dessa vertente te-
rapêutica duram entre 45 e 60 minutos.
FOnTes
Artigos O surgimento das terapias cognitivo-comportamentais e 
suas consequências para o desenvolvimento de uma abordagem 
clínica analítico-comportamental dos eventos privados, de 
João Ilo Coelho Barbosa e Aécio Borba; 25 CBT Techniques 
and Worksheets for Cognitive Behavioral Therapy, do Positive 
Psychology Program; Pros & Cons of CBT Therapy, de The CBT 
Clinic.
Livro Aprendendo a terapia cognitivo-comportamental, de Jesse 
H. Wright, Monica R. Basco e Michael E. Thase.
Relatório Abordagem cognitivo-comportamental no atendimento 
de pacientes com história de depressão e déficit em habilidade 
sociais, de Lorine Tavares.
Vídeo Como a Terapia Cognitivo Comportamental lida com as 
Crenças, da psicóloga Raquel Shimizu.
COnsULTOrias
Lidiane Silva, psicóloga;
Vânia Calazans, psicóloga clínica, especialista em terapia 
cognitivo-comportamental pelo Instituto de Psiquiatria do 
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade 
de São Paulo (IPQ/FMUSP).
“a Tcc enfatiza 
técnicas 
destinadas 
a ajudar os 
pacientes a 
detectar e 
modificar seus 
pensamentos 
profundos, 
especialmente 
aqueles 
associados 
com sintomas 
emocionais, 
como depressão, 
ansiedade ou 
raiva”
Jesse H. Wright, 
Monica R. Basco e 
Michael E. Thase
TexTo e enTrevisTas Gabriel JaQuer/Colaborador 
design lídia pardini/Colaboradora
em busca da
frustração
perfeição
Uma das principais características que 
separa o ser humano dos outros animais 
é a capacidade de enxergar a si mesmo e 
seus atos – assim como as consequências 
geradas. Daí vem a autoestima, que é o modo 
como cada um se vê, interpreta e julga em 
situações diferentes da vida
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equilíbrio 
críTico
ciais, como explica a psicóloga Ellen Moraes: 
“Os eventos da primeira infância têm mais 
importância do que se imagina. Uma criança 
que não tem suas emoções validadas, que não 
é acolhida, que não tem apoio, que é somente 
exigida o tempo todo, pode crescer como um 
adulto que vive apenas para agradar o outro, 
que precisa ser perfeito em tudo, que vive sem-
pre achando que não é o suficiente”. 
Se houve necessidade de ser um exemplo para 
outras crianças durante a infância – como ir-
mãos mais novos, primos, etc. –, também há 
chance de se desenvolver autocrítica em excesso. 
Outras possíveis causas são as cobranças 
impostas pela sociedade que determinam 
padrões de beleza, comportamento e consu-
mismo muitas vezes exagerados e prejudiciais. 
Esse aspecto faz com que as mulheres, que ain-
da hoje sofrem a maior parte dessas exigên-
cias, sejam as principais vítimas dos abusos da 
crítica destrutiva – muitos pensam, inclusive, 
que os transtornos de ansiedade e problemas 
trazidos pela baixa autoestima sejam condi-
ções exclusivas das mulheres.
O custo da perfeição
Quando as críticas internas se tornam muito 
negativas e severas, um outro caminho não 
muito saudável pode aparecer: o perfeccionis-
mo. Se o crítico interno exige demais o tempo 
todo, pode-se começar uma perigosa busca por 
algo inatingível.
A busca pela perfeição, seja em qualquer as-
pecto da vida, geralmente leva a apenas uma 
recompensa: frustração. Ser perfeito ou fazer 
Quando se trata de autoestima e autocrítica, é fácil cair em extremos. Muitos têm a pri-meira bastante elevada e aca-
bam não usando a segunda o 
suficiente para amadurecer – ou dar a famosa 
“baixada na bola”. Como ressalta a psicóloga 
Milene Rosenthal, “quando bem usada, é uma 
ferramenta de extrema importância em nossa 
vida, pois é um mecanismo característico do 
processo de autoconhecimento e que nos leva a 
uma reflexão intensa sobre a definição do que 
buscamos e quais caminhos queremos seguir”. 
Ao mesmo tempo, a falta de amor próprio 
junto do excesso de autocrítica leva milhares 
de pessoas todos os dias a se sentirem incapa-
zes e as coloca sob risco de desenvolver doen-
ças como depressão e ansiedade. A psicóloga 
afirma que o indivíduo que exagera nas críticas 
pessoais deixa de acreditar em si mesmo e em 
suas capacidades, e complementa: “Tende a 
evitar situações ou até mesmo desistir de lutar 
pelos seus objetivos. Em consequência dessa 
insegurança e medo de achar que não irá con-
seguir, inicia-se uma tensão emocional intensa 
que pode gerar uma ansiedade constante”. 
Então, como manter o equilíbrio? Segun-
do Milene, é possível perceber que a situação 
virou um problema “quando existe uma au-
tocrítica que na maioria das vezes tem um 
resultado negativo, ou seja, avaliações que se 
viram contra nós mesmos e que nos trazem um 
sentimento de não estarmos correspondendo 
às nossas próprias expectativas. Se de forma 
frequente existir um sentimento de culpa e de 
incapacidade, é hora de parar e refletir se não 
existe uma distorção e exagero sobre as com-
parações feitas”. 
Como começa
O exagero do crítico interior pode ser um 
reflexo de diversas vivências do indivíduo. Pais 
exigentes demais ou superprotetores podem 
fazer com que seus filhos cresçam com pensa-
mentos e interpretações distorcidos e prejudi-
“Todo excesso pode ser nocivo, 
assim como toda escassez. É 
importante que o indivíduo 
compreenda sua própria dinâmica 
de funcionamento no mundo”
Ellen Moraes, psicóloga
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Equilíbrio 
crítico
consulTorias
Ellen Moraes, formada em psicologia e especialista em terapia 
cognitivo-comportamental,
Milene Rosenthal, formada em psicologia, especialista em terapia 
cognitivo-comportamental e co-fundadora do portal de atendimentos 
profissionais online TelaVita.
tudo perfeitamente é simplesmente impos-
sível. O perfeccionista pensa estar buscando 
aprimoramento, quando, na verdade, está 
colocando moldes absolutos e perfeitos como 
objetivo, e quando os padrões não são alcan-
çados, começam a surgir complicações, como 
comenta Milene: “Manter padrões exigentes de 
comportamento implica em aumentar o nível 
de estresse de forma significativa. A culpa, o 
pessimismo e a obsessão são características 
frequentes em uma pessoa perfeccionista, já 
que nunca obterá aquilo que deseja, pois a per-
feição absoluta é impossível de obter”.
Além dos sentimentos deprimentes, o per-
feccionismo muitas vezes também leva a pes-
soa a se tornar improdutiva, tanto por se pre-
parar demais para as tarefas, quanto pelo medo 
de errar. Isso impede os avanços necessários e 
consequentemente piora o quadro todo, já que 
as cobranças e o sentimento de incapacidade 
só aumentam. Ellen Moraes afirma: “O pró-
prio TOC, transtorno obsessivo-compulsivo, 
costuma atender certos padrões de perfeccio-
nismo no indivíduo, mas os transtornos de 
ansiedade como um todo podem dialogar com 
a necessidade do perfeccionista”, o que refor-
ça a importância de procurar ajuda quando a 
situação está fora de controle.
A grande dificuldade, então, é saber do-
sar com equilíbrio a autocrítica e a busca por 
aprimoramento, pois, como completa Ellen: 
“Todo excesso pode ser nocivo, assim como 
toda escassez. É importante que o indivíduo 
compreenda sua própria dinâmica de funcio-
namento no mundo”. Para isso, é essencial 
tentar manteruma visão realista das próprias 
capacidades, tratar a si mesmo com respeito 
e sempre buscar ajuda quando a situação co-
meçar a fugir do controle, por exemplo, de um 
terapêuta cognitivo comportamental.
TexTo e enTrevisTa Ariely Polidoro/ColAborAdorA design lídiA PArdini/ColAborAdorA
obsessões
na alimentação
Para chegar aos padrões estéticos ou escapar das 
frustrações da rotina, muitas pessoas chegam a extremos
TransTornos 
alimenTares
ConsULToria
Rejane Sbrissa, psicóloga cognitiva
C omer desenfreadamente, obses-são pela perda de peso, medo de engordar: estes são alguns dos sintomas que pessoas com trans-tornos alimentares enfrentam. 
Os motivos para que eles apareçam podem ser 
vários, mas, o principal deles é a padronização 
que existe em torno do corpo — que observa na 
magreza o ideal estético. 
A psicóloga cognitiva Rejane Sbrissa explica 
que os distúrbios de alimentação são responsá-
veis por 10% das mortes de pacientes que pos-
suem algum tipo de disfunção psíquica. “São 
responsáveis pelos maiores índices de mortali-
dade entre todos os tipos de transtornos men-
tais”, explana a especialista.
Principais problemas
Os transtornos alimentares mais comuns 
são a anorexia, a bulimia e a compulsão ali-
mentar. Todos eles têm suas especificidades e 
motivações, mas são igualmente sinônimos 
de preocupação e risco. 
Segundo Rejane, o que eles compartilham é 
o público de incidência. As mais afetadas são 
mulheres na faixa etária dos 14 aos 21 anos, 
especialmente. Há ocorrência acima dos 30 
anos, mas em um número bem menor. “Em 
nossa cultura, o corpo da mulher, seu peso, é 
muito mais cobrado à perfeição, o que faz com 
que os transtornos alimentares afetem em sua 
maioria o sexo feminino”, ressalta a psicóloga. 
Ela ainda salienta que, nos últimos tempos, 
os distúrbios estão aparecendo em homens 
também com 14 a 21 anos.
Dentre os acometidos pela anorexia, 95% são 
mulheres. Segundo Rejane, esse distúrbio se ca-
racteriza por rejeição à comida sem controle. As 
pessoas não conseguem se alimentar e enxer-
gam-se acima do peso, quando, na realidade, 
não estão. “Um dos primeiros sintomas é a perda 
da noção que a pessoa tem da sua imagem cor-
poral, mesmo magra ela se vê gorda, acredita que 
precisa emagrecer ainda mais, e que o melhor 
jeito é parar de comer”, explica a especialista. 
Os sinais do transtorno começam a ficar 
visíveis quando a pessoa está num nível eleva-
do de magreza. Além disso, ela pode ter seus 
órgãos e o emocional debilitados, arritmias 
cardíacas e hemorragias digestivas.
A bulimia nervosa, segundo Rejane, é a inges-
tão exagerada e compulsiva de alimentos que de-
pois são eliminados através de vômitos forçados 
e jejuns constantes. A obsessão por exercícios 
físicos também é associada ao distúrbio – que 
acomete principalmente mulheres. 
O comer compulsivo se diferencia da bulimia, 
pois o indivíduo come em grandes quantidades, 
mas força sua eliminação. Esse problema pode 
estar associado ao estresse, ansiedade e depres-
são e é o mais comum dentre todos, podendo 
levá-las à obesidade.
Terapia
A terapia cognitivo-comportamental (TCC) 
se baseia em reestruturar a cognição, ou seja, 
na forma de processamento e entendimento das 
informações. O profissional vai trabalhar no 
emocional do paciente, objetivando a recons-
trução da sua percepção. 
Rejane Sbrissa explica que, em pessoas que 
possuem transtornos alimentares, a TCC é con-
siderada a melhor técnica de psicoterapia. “Ela 
vai focar no modo como a pessoa pensa em 
relação ao mundo, suas crenças, seus compor-
tamentos e sentimentos. Sua abordagem rela-
ciona pensamento, emoção e comportamento 
manifesto. O tratamento tem como objetivo 
fazer com que o paciente examine a validade 
de suas crenças no presente e mude compor-
tamentos disfuncionais”, detalha. 
No caso dos transtornos alimentares, a TCC 
vai explorar a postura do indivíduo em relação 
à alimentação, seu corpo e toda a construção 
feita em volta desses comportamentos auto-
destrutivos. Rejane salienta que, além da pró-
pria terapia, é necessário o apoio de uma equipe 
multidisciplinar com psicólogos cognitivos-
comportamentais, nutricionistas e médicos.
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TexTo e enTrevisTa LUIS FELIPE SILVA/COLABORADOR design RAFAEL nAkAOkA
Para além das especulações, a depressão é uma doença que pode ser 
devastadora. Entendê-la é o primeiro passo em direção à liberdade
A depressão é considerada a doen-ça do século. Não pra menos, os números são alarmantes: em 2015, mais de 300 milhões de pessoas foram acometidas pelo 
transtorno em todo mundo, segundo a Orga-
nização Mundial de Saúde. No Brasil, um dos 
países mais afetados, a parcela da população 
acometida chega a 10%.
Como qualquer doença, é preciso carac-
terizar os sintomas. Também é preciso dife-
renciá-los de sentimentos corriqueiros a que 
estamos expostos, mas que não configuram 
um desvio mental. 
“A depressão é um transtorno mental, uma 
doença comum e séria, que afeta negativamen-
te como você se sente, pensa e age. Ela pode 
levar a uma variedade de problemas emocio-
nais e físicos e diminuir a capacidade de uma 
pessoa funcionar no trabalho e em casa”, ex-
plica Beatriz Moura, psicóloga especialista em 
Transtorno de Personalidade Borderline.
nadaQuandofaz sentido
depressão
A terapia cognitivo-comportamental 
no tratamento
Uma vez identificado o quadro depressivo, 
alguns caminhos são possíveis para o trata-
mento. O mais comum deles, a terapia, tem 
sido alvo de diversos estudos e aprimoramen-
tos ao longo dos anos. “As terapias comporta-
mentais ou cognitivo-comportamentais têm 
se mostrado (através de evidências científicas) 
eficazes no tratamento do TDM (Transtorno 
Depressivo Maior), devido suas técnicas espe-
cíficas pautadas no arcabouço teórico”, pontua 
a psicóloga Marina Martorelli Pinho. 
O acompanhamento clínico é fundamental, 
e o profissional que auxilia o paciente traça 
alguns caminhos. “A terapia cognitivo-com-
portamental (TCC) ajuda os pacientes a solu-
cionarem problemas, adotarem um compor-
tamento ativo, se identificarem, avaliarem e 
responderem ao pensamento depressivo – es-
pecialmente à noção negativa sobre si mesmos, 
seu mundo e seu futuro”, explica Beatriz.
Marina lembra que “com o acompanhamen-
to terapêutico, o indivíduo irá aprender formas 
de aliviar seus sintomas, apesar do humor de-
primido. Esse engajamento o levará a novos 
comportamentos (não mais o de exclusão, 
episódio depressivo
Um episódio depressivo 
costuma ser classificado 
como um período de 
tempo em que a pessoa 
apresenta uma alteração 
em seu comportamento.
TransTorno 
depressivo maior
É um quadro mais 
grave. Nele, há uma 
mudança química no 
funcionamento do 
solidão), e com isso, trará novos sentimentos 
que proporcionarão bem-estar. Ele irá apren-
der junto com sua terapeuta várias formas de 
aliviar essas ocorrências”.
Remédios são necessários?
O medo e os estigmas que permeiam a TCC 
muitas vezes afastam os pacientes dos consul-
tórios. Um deles é o de que, necessariamente, 
o paciente precisa ser medicado com antide-
pressivos. “De acordo com o DSM-5, manual 
de classificação dos transtornos mentais, os 
episódios depressivos podem ser classificados 
como leves, moderados ou graves. Há trata-
mento específico para cada intensidade do 
quadro depressivo, tendo em vista que quanto 
mais preocupante for o episódio, mais medidas 
de tratamento podem ser adotadas”, explica a 
psicóloga Beatriz.
De uma maneira ou de outra, a terapia é a 
porta de entrada para o tratamento. Marina 
lembra que há discussões em torno da prescri-
ção de fármacos para casos leves. “Entretanto, 
a indicação se deve ou não tomar medicação 
para casos leves deve sempre partir do profis-
sional. Em casos moderados a graves, sempre 
é indicado”, defende.
cérebro, que pode ser 
desencadeada por uma 
causa física ou emocional.
depressão bipolar
Caracterizada por dois 
períodos: o de depressão 
com os mesmossintomas 
de um episódio depressivo 
e o de euforia com 
sintomas contrários.
disTimia
É uma forma crônica de 
depressão, porém menos 
grave do que a forma 
mais conhecida. Os 
sintomas podem durar 
um longo período de 
tempo — muitas vezes, 
dois anos ou mais.
depressão aTípica
Aqui, os quadros de 
depressão costumam ser 
melancólicos, em que 
o paciente apresenta 
principalmente tristeza 
e pensamentos de 
morte, desesperança e 
inutilidade.
depressão pós-parTo
Os sintomas incluem 
tristeza e desesperança. 
Algumas mães 
experimentam 
alterações de humor 
e crises de choro 
após o parto, que 
se desvanecem 
rapidamente.
principais tipos de depressão
além, é claro, de ser uma somatória de fatores, o quadro depressivo pode se apresentar de diversas maneiras. beatriz 
moura separou os mais comuns e suas características:
"A depressão é 
um transtorno 
mental, uma 
doença comum 
e séria, que afeta 
negativamente 
como você se 
sente, pensa e 
age. Ela pode 
levar a uma 
variedade de 
problemas 
emocionais e 
físicos e diminuir 
a capacidade 
de uma pessoa 
funcionar no 
trabalho e em 
casa"
Beatriz Moura, psicóloga
consUlToria
Beatriz Moura, psicóloga.
continua...
TexTo e enTrevisTa Érica aguiar design Lídia Pardini/coLaboradora
a vida 
Muitas vezes, a morte é tratada como tabu. Porém, a terapia 
pode ajudar a descomplicar a finitude humana e fazer com que 
os que estão vivos sigam em frente
Superar a morte de um ente queri-do pode ser difícil para a maioria dos brasileiros. De acordo com um estudo encomendado pelo Sindi-cato dos Cemitérios e Crematórios 
Particulares do Brasil (Sincep) e aplicado pelo 
Studio Ideias, a população costuma associar o 
falecimento a sentimentos como tristeza, dor, 
saudade, sofrimento e medo. 
Além disso, 74% dos entrevistados afir-
maram não falar sobre a morte no dia a dia. 
Mesmo assim, 55% concordaram que é impor-
tante conversar a respeito do tema, mesmo que 
não estejam preparados para discuti-lo. Dessa 
maneira, o luto se torna um tabu devido à di-
ficuldade para lidar com a finitude humana e, 
principalmente, quando há um relacionamen-
to estreito com quem faleceu. Os sentimentos Im
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Luto
FonTes
Artigos Solidão no luto: 
pesquisa inédita mostra 
dificuldades dos brasileiros para 
lidar com a morte, de Mariana 
Alvim; Luto e Perdas Repentinas: 
Contribuições da Terapia 
Cognitivo-Comportamental, de 
Lissia Ana Basso e Ricardo 
Wainer.
ConsULToria
Camila Arruda, psicóloga.
Fases do luto
No artigo Luto e Perdas Repentinas: Contribuições 
da Terapia Cognitivo-Comportamental, Lissia Ana Bas-
so e Ricardo Wainer citam a classificação de Elizabeth 
Kübler-Ross sobre os estágios do luto.
Para ela, há a negação e o isolamento, seguidos 
de raiva, barganha, depressão e aceitação. A primeira 
se trata de um mecanismo de defesa temporário que, 
posteriormente, culmina na externalização da raiva 
ou revolta. Então, o enlutado faz uma tentativa de “ne-
gociação” (com uma figura divina ou profissionais de 
saúde) e pode vivenciar uma demora para aceitar a 
situação. Já o momento de depressão serve para a re-
flexão sobre as ideias e, por fim, há a aceitação, em que 
os sentimentos são expressados de forma mais clara.
deixam de ser compartilhados e o sofrimento 
se torna algo vergonhoso.
Enfrentamento
Segundo a psicóloga Camila Arruda, o 
modo como cada pessoa lida com o luto é in-
dividual e particular. “O processo do luto passa 
por cinco fases, mas nem todos vivenciam to-
das e alguns ficam por um longo tempo estag-
nados em uma delas. Um fator determinante 
que diferencia como cada um encara a morte 
é a forma de enfrentamento que busca para 
vivenciar o luto”, explica.
O que também elucida essa diferença com-
portamental é a maneira como as pessoas en-
frentam a finitude da vida, suas crenças, a rela-
ção afetiva, as opiniões em relação à morte e o 
apoio de pessoas próximas e familiares no pro-
cesso de luto, o grau de parentesco e de amizade.
“O filho que perde uma mãe, perde também 
todo cuidado que ela tinha, a dependência (de 
pôr um café na mesa e arrumar a sua roupa 
para o mesmo ir ao trabalho, por exemplo). O 
quanto esse filho dependia financeiramente 
dessa mãe para dar conta de sua vida, entre 
outras coisas, pode provocar e prolongar muito 
no impacto e na forma dessa pessoa dar conta 
de seguir em frente com a dor da perda”, exem-
plifica a profissional.
Vivência
Uma resposta saudável ao acontecimento 
implica na manifestação da dor ou do estresse 
decorrente do evento. “A maioria das pessoas 
que passam por situações de estresse, como 
a perda de um ente querido, desenvolve res-
postas de enfrentamento desadaptativas, ou 
seja, uma estratégia que a pessoa apresenta 
em certas circunstâncias para conseguir li-
dar com o evento traumático”, explicam Lissia 
Ana Basso e Ricardo Wainer no artigo Luto e 
Perdas Repentinas: Contribuições da Terapia 
Cognitivo-Comportamental.
Quando isso acontece e o paciente não busca 
acompanhamento psicológico, de acordo com 
Camila, é provável que vivencie uma profun-
da dor e melancolia, desencadeando diversas 
patologias, como ansiedade e depressão – po-
dendo até mesmo ter pensamentos suicidas e 
tentar tirar a própria vida.
“O terapeuta auxilia o indivíduo enlutado 
para uma efetiva elaboração da perda, buscan-
do ferramentas internas para que entenda que 
é capaz de caminhar e buscar enfrentamento 
para seguir sem a pessoa que se foi. Elaborar o 
luto de forma saudável e dar continuidade de 
forma significativa à vida é o papel fundamen-
tal da terapia”, destaca a psicóloga.
Para isso, algumas técnicas são aplicadas, 
como a resolução de problemas e o treina-
mento de habilidades sociais. A primeira ten-
ta aperfeiçoar a habilidade do enlutado para 
solucionar o problema. “É importante que o 
paciente consiga verificar a existência de dis-
torções cognitivas que impossibilitam a busca 
e a tentativa de alternativas saudáveis”, elucida 
Camila Arruda. Já a segunda, visa ensinar o 
auto-monitoramento para que o indivíduo lide 
melhor com o ambiente. “Diante das situações 
e por meio de um ensaio comportamental, 
avalia-se como o paciente se comportaria em 
determinada situação e, junto do terapeuta, 
treina uma resposta adaptativa”, pontua.
O medo
de sentir
medo
TexTo e enTrevisTas gabriel jaQuer/cOlabOradOr design ana paula maldOnadO
No país com a maior taxa de pessoas com transtornos 
de ansiedade, o assunto ainda é subestimado. 
Entenda como os distúrbios desse tipo conseguem 
se autoalimentar, passar anos escondidos, e serem 
tratados com a terapia cognitivo-comportamental
22 | leitura & conhecimento especial
insegurança
na tentativa de encontrar alguma ligação cog-
nitiva entre o distúrbio e um evento que foi 
ou continua sendo mal interpretado, podendo 
assim reestruturar o modo como o paciente lida 
com as situações que o cercam.
Segundo uma estimativa divulgada, em 
2017, pela Organização Mundial da Saúde, a 
OMS, o Brasil é o país com maior taxa de pes-
soas sofrendo de transtorno de ansiedade no 
mundo – 9,3% da população é vítima de algum 
tipo desse mal. No mundo, a estimativa é de 
3,6% da população, um número 15% maior 
do que em 2005. Entretanto, nesses dados, se 
encaixam diversos tipos de distúrbios, como 
os explicados a seguir.
Transtorno de Ansiedade Generalizada 
(TAG)
Quem sofre de ansiedade generalizada sabe 
o que é viver com seu pior inimigo ao lado o 
dia todo, todos os dias. A TAG está entre os 
casos mais comuns de transtornos de ansieda-
de, porém, o que dificulta o tratamento é que, 
muitas vezes, pode ser confundida com outras 
doenças por causar sintomas semelhantes. Mas 
como o portador de Transtorno de Ansiedade 
Generalizada se sente? 
A condição faz com que atividades rotineiras 
gerem preocupação e ansiedade acima do que 
seria considerado normal, provocando mudan-
ças de comportamento que podem prejudicar 
o desempenho profissional ou acadêmico e a 
vida social. Ellen Moraes, especialista em te-rapia cognitivo-comportamental e graduada 
em psicologia, explica: “Costumamos dizer que 
o TAG é o medo de sentir medo. Isso por si 
só já gera os sintomas de ansiedade, portanto, 
é o medo de experimentar todos os sintomas 
ansiosos que desencadeia o TAG”. A psicólo-
ga também revela que a TCC ajuda o paciente 
a “psicoeducar para controlar” o transtorno, 
fazendo-o “lidar com os sintomas em si por 
meio de técnicas de relaxamento, controle de 
respiração e atenção plena". Tais atividades são 
ensinadas ao paciente para lidar com os mo-
mentos de intensa crise.
O excesso de ansiedade é um dos problemas mais comuns e mais abordados hoje em dia. Ainda assim, muitas pes-soas não entendem que esses transtornos podem de atrapalhar ou até incapacitar a vida de quem é afetado. Um dos tratamentos para combater o excesso de an-
siedade é a terapia cognitivo-comportamental, ou TCC, que parte do 
princípio de que são as interpretações e representações de eventos in-
ternos e externos, e não os eventos em si, que determinam a resposta 
comportamental e emocional das pessoas. A partir daí, a TCC é usada 
leitura & conhecimento especial | 23
Dentre os sintomas, alguns exemplos são a 
agitação, dificuldade de concentração, dores de 
estômago, fadiga, irritabilidade, preocupação 
excessiva e sono desregulado. 
Transtorno de Ansiedade Social
(TAS)
Também conhecido como fobia social, é um 
dos distúrbios de ansiedade mais frequentest e 
gera, por exemplo, o famoso medo de falar em 
público. O grande pavor de quem sofre dessa 
condição é a possibilidade de ser julgado nega-
tivamente por outras pessoas e, assim, qualquer 
situação de interação social passa a ser temida e 
evitada. Contudo, não é apenas o medo de estar 
“Obsessões são provenientes de 
situações passadas pelo indivíduo, 
educação repressora e padrões 
inflexíveis sobre como encarar a vida”
Ellen Moraes, terapeuta cognitivo-comportamental
exposto ao julgamento que define o TAS. É na-
tural ficar nervoso e ansioso antes de uma apre-
sentação de trabalho ou entrevista de emprego, 
por exemplo, mas, como afima a psicoterapeuta 
Célia Siqueira, “deixa de ser um medo natu-
ral quando retira o indivíduo do movimento 
de vida, a sociabilidade”. A ansiedade gerada 
nessas situações prejudica o desempenho (seja 
ele social, profissional, acadêmico, etc.) e afeta 
o comportamento da pessoa. O perigo está aí, 
já que dessa maneira a possibilidade de críticas 
negativas afetarem o indivíduo é maior, fazen-
do com que uma futura situação parecida seja 
ainda mais temida e evitada – gerando mais 
ansiedade, e assim por diante. 
24 | leitura & conhecimento especial
insegurança
ConsuLTorias
Célia Siqueira, psicóloga, psicanalista, psicoterapeuta e escritora;
Ellen Moraes, psicóloga e especialista em terapia cognitivo-
comportamental;
Tatiana Paula Souza, psicóloga, especialista em psicopatologia e 
membro do portal de atendimento online Doctoralia.
Se não for tratado, pode levar à depressão 
e outros transtornos psicológicos. Alguns dos 
sintomas mais comuns são: aumento do bati-
mento cardíaco e da frequência respiratória, 
rosto vermelho, suor excessivo, tremedeira, 
náusea, tontura e tensão muscular.
Transtorno de Estresse Pós-Traumático 
(TEPT)
É caracterizado por um conjunto de sintomas 
físicos, psíquicos e emocionais parecidos com 
ataques de pânico, que fazem com que a pessoa 
reviva o momento em que foi gerado o trauma, 
sentindo todo o medo e desespero voltarem. 
Os eventos que causam esse transtorno são 
diversos e dependem de como o indivíduo se afe-
ta pessoalmente com aquilo, mas as principais 
razões são situações de assalto, morte de uma 
pessoa querida, abuso sexual e outros aconteci-
mentos de extremo estresse.
Existem diversos sintomas que apontam a 
presença do transtorno e podem aparecer me-
ses ou até anos depois de o trauma ter se ins-
talado. Podem ser agrupados em três grupos:
• Revivência do trauma: pesadelo, pensa-
mento recorrente sobre o incidente, flashback;
• Fuga social: lugares e situações que podem 
lembrar o trauma passam a ser evitados;
• Efeitos no corpo: suor excessivo, distúr-
bios do sono, irritabilidade, taquicardia, difi-
culdade de concentração, tontura, entre outros.
Assim como os outros transtornos, o TEPT 
pode desenvolver outras doenças quando não 
tratado, e a fuga do conflito com os sentimen-
tos alimenta e agrava o quadro.
Transtorno Obssessivo-Compulsivo 
(TOC)
Talvez o mais famoso – e, ainda hoje, subes-
timado – dos distúrbios de ansiedade, muitos 
mitos e desentedimentos giram ao redor do 
TOC. Quem sofre desse transtorno é acometi-
do a obssessões, como diz o nome, que, se evita-
das, geram extremo desconforto e ansiedade. O 
indivíduo então começa a ser obrigado a seguir 
rituais que tomam quantidades excessivas de 
tempo e atrapalham a vivência cotidiana. 
Cada pessoa portadora de TOC pode ter ri-
tuais completamentes diferentes de outros, mas 
existem algumas características em comum 
para que o paciente possa ser dignosticado com 
a doença. São eles:
• Tempo: investir mais de uma hora por dia 
em rituais desnecessários;
• Interferência: prejudicar o cotidiano e 
atrasar os eventos;
• Impacto: fazer ou evitar o ato gera nervo-
sismo e frustração.
Ellen Moraes comenta algumas possíveis 
causas dessa condição: “Geralmente, essas ob-
sessões são provenientes de situações vividas 
pelo indivíduo, educação repressora e padrões 
inflexíveis sobre como encarar a vida, sendo 
assim a origem dessa compulsão aprendida em 
algum momento da vida e virando sintoma 
quando frequentemente reforçada”.
No entanto, é importante ressaltar que a 
ansiedade é um sentimento natural do ser hu-
mano, ligada principalmente à sobrevivência, 
liberando medo ou preocupação em situações 
que consideramos perigosas. 
O medo deixa de ser natural “quando a pes-
soa deixa de cumprir atividades de vida diária 
e passa a evitar e fugir de situações que pareou 
com situações perigosas, sem que haja, de fato, 
perigo”, como afirma Tatiane Paula.
Já Célia Siqueira ressalta a importância de 
procurar ajuda: “A falta de tratamento e lon-
ga exposição desencadeiam vários outros sin-
tomas, por isso, é importante procurar ajuda 
rápido, caso contrário, isso pode provocar o 
desenvolvimento de psicose e o isolamento do 
paciente, impossibilitando o tratamento”.
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leitura & conhecimento especial | 25
TexTo e enTrevisTas Ariely Polidoro/ColAborAdorA
design lídiA PArdini/ColAborAdorA
mente
distúrbios
da
Cerca de 33% da população carrega algum tipo de transtorno 
relacionado à ansiedade. Confira alguns deles e como a terapia 
cognitivo-comportamental pode auxiliar no tratamento
TransTornos 
menTais
O atual mundo em que vivemos pode despertar em cada um nós reações adversas devido à exposição a diversas situa-ções. Essas, por sua vez, po-
dem ser ignições e catalisadoras para trans-
tornos de ansiedade e outros problemas mais 
intensificados que também estão relacionados 
a sentimentos ansiosos.
Os distúrbios da mente algumas vezes po-
dem nos confundir. Isso porque, certos sinto-
mas são parecidos, fazendo com que algumas 
pessoas não saibam o que realmente tem.
O transtorno de pânico, as fobias e o 
medo são fenômenos que têm suas sin-
gularidades, e devem ser tratados corre-
tamente de acordo com suas caracterís-
ticas e particularidades. 
Medo
O mais crucial a se saber sobre o 
medo é que ele é uma reação automá-
tica do nosso corpo. É o que destaca a 
psicóloga Stephany Paulino. “O medo 
é algo natural e necessário na vida de 
todos, é ele que nos limita e impede 
que coloquemos nossa vida em risco, 
como por exemplo, quando uma crian-
ça se perde de seus pais em uma loja ou 
supermercado. Inconscientemente, ela 
sabe que sem seus protetores, está indefesa. 
Dessa forma, o medo age como um instinto 
de sobrevivência”, explica. Quando nos de-
paramos com uma situação ameaçadora, é 
o medo que, de alguma forma, vai definir 
nossa reação logo em seguida. 
Por exemplo:você está andando na rua e 
encontra um cachorro feroz que vem em sua 
direção. Espera-se que a primeira reação seja 
se distanciar do animal, correr ou algo do tipo. 
Esse ato é direcionado justamente pelo medo. 
Caso não houvesse tal sentimento, você, pro-
vavelmente, seria atacado por ele, já que seu 
corpo não teria respondido à ameaça.
Fobia específicas
As fobias são facilmente confundidas com 
medos. Entretanto, sua grande diferença está 
não só nos sintomas físicos, mas também com 
que ela está relacionada. 
A característica principal da fobia é o 
medo excessivo e irracional. A pessoa fóbica 
sente um intenso pavor de alguma situação 
ou algo específico. Por conta disso, ela evita 
lugares, momentos ou circunstâncias que a 
coloquem próxima ou a lembre deste objeto 
fóbico. Tais sentimentos provocam ansieda-
de, logo, o Código Internacional de Doenças 
(CID-10) classifica as fobias como derivações 
dos transtornos de ansiedade. 
“O simples ato de pensar em se colocar 
perante a situação fóbica pode gerar fortes 
reações emocionais e físicas, como: palpita-
ções, sensação de desmaio, medo de perder 
o controle ou enlouquecer, falta de ar, choro 
compulsivo”, explana Stephany. O sujeito sente 
uma ansiedade antecipatória bem acentuada, 
que faz com que ele fique tomado pelo temor e 
não consiga encontrar o mínimo de alívio que 
o faça sair daquela determinada circunstância. 
Os motivos das fobias não são específicos. 
Estudos indicam que fatores genéticos influem 
na formação destes transtornos, assim como 
traumas – normalmente adquiridos durante a 
infância e que se tornam sua causa primária.
Fobia social
O portador da fobia social não apresenta 
um motivo específico para tê-la. A vítima 
deste tipo de distúrbio geralmente tem difi-
culdades de socialização, evita lugares muito 
cheios, apresenta um medo intenso de falar 
em público, além de temer agir de maneira 
humilhante em meio a um círculo social.
Assim como as outras fobias, o simples 
pensar em se colocar numa situação de expo-
sição a um determinado público pode causar 
reações físicas na pessoa. “Independente do 
tipo de fobia, os sintomas são iguais, porém Ima
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Ela é conhecida como medo do medo, intenso 
pavor de estar em lugares onde uma possível 
fuga seria impossível ou de espaços abertos e 
multidões. Cabe ressaltar que este transtorno é 
desencadeado por pensamentos e ou fantasias 
que devem ser tratadas”, detalha Lidiane.
Transtorno de pânico
Como já dito anteriormente, o transtorno 
de pânico pode estar associado a agorafobia. 
A grande questão deste distúrbio é que ele não 
tem uma situação específica para acontecer. Os 
ataques podem ocorrer a qualquer momento; 
se a pessoa se sentir ameaçada por alguma coi-
sa, sua reação aversiva vai ser potencializada.
De acordo com a psicóloga Stephany Pau-
lino, o transtorno é caracterizado como ata-
ques “recorrentes de ansiedade grave, em 
que não é associado a nenhuma situação ou 
circunstância que provoque o evento, o que 
o torna imprevisível”. Ela ainda pontua que, 
geralmente, eles duram de segundos a poucos 
minutos, entretanto, para o paciente, sua per-
cepção é totalmente diferente. “A sensação é 
de que se passou uma eternidade, pois o que 
persiste é o medo de morrer e perder o con-
trole por conta do alto nível de intensidade 
dos sintomas físicos”, enfatiza.
A terapia cognitivo-
comportamental
nos processos mentais
A terapia cognitiva-comportamental 
(TCC) para os distúrbios mentais se ba-
seia no terapeuta ou psicólogo trabalhar 
as causas daquele comportamento. O 
objetivo é reestruturar os pensamentos 
do paciente, para que ele possa lidar di-
retamente com seu objeto fóbico ou com 
seus ataques de pânico.
O especialista vai realizar um trata-
mento para tentar encontrar as causas 
daquele problema e conduzir a pessoa para 
interpretar e lidar com seus transtornos de 
Fobias
Segundo o Código Internacional de 
Doenças (CID-10), há uma série de fobias 
existentes. Conheça as mais comuns:
Acrofobia: medo de altura
Aicmofobia: medo de agulhas
Aracnofobia: medo de aracnídeos
Claustrofobia: medo de locais fechados
Escotofobia: medo de escuro
Hematofobia: medo de sangue
o pensamento ou crença que desencadeia tais 
sintomas são características individuais ou 
subjetivas de cada pessoa. São alguns deles: o 
nervosismo, tremor e sudorese, taquicardia, 
boca seca, tontura, angústia, dificuldade de 
raciocínio, fadiga, dificuldade em respirar, 
sensação de estar fora da realidade”, explica 
a psicóloga Lidiane Silva.
Se não tratada corretamente, as consequên-
cias podem ser nocivas. O sujeito pode se iso-
lar, privando-se de qualquer contato, convívio 
ou comunicação social.
Agorafobia
A agorafobia, apesar de ser semelhante à 
fobia social, tem sua especificidade. Diferen-
temente da anterior, o indivíduo agorafóbico 
tem medo de sair de casa, de ficar sozinho e de 
momentos em que possa se sentir desampara-
do. Por exemplo: ele pode estar num congestio-
namento e teme que ali não haja nenhum meio 
de amparo caso algo de ruim ocorra. “Agora-
fobia é um transtorno de ansiedade ligado di-
retamente ao transtorno do pânico, com crises 
inesperadas de desespero, angústia intensa, e 
crença de que algo muito ruim pode acontecer. 
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indícios do pânico 
As psicólogas Lidiane Silva e Ste-
phany Paulino listaram algumas mani-
festações físicas que são sinais de que a 
pessoa está em um acesso de pânico. 
Taquicardia: aumento intenso da 
frequência cardíaca.
sudorese: transpiração excessiva.
Falta de ar: a pessoa quando está 
tendo um ataque, se sente asfixia-
do, com a sensação de que a gargan-
ta está fechando.
dores ou desconfortos torácicos, abdo-
minais e peitorais.
despersonalização: sensação de que a 
pessoa é estranha si mesma.
desrealização: sensação de irrealidade.
Parestesias: sensação de formigamen-
to ou anestesia.
Tonturas: dependendo do grau, 
podem ocorrer desmaios.
Além dessas manifesta-
ções, podem ocorrer náu-
seas, calafrios, vertigens e 
tremores.
forma saudável e segura. Segundo Stephany, a 
TCC é elaborada “através de diversas técnicas: 
psicoeducação, escatastrofisação, castões de 
enfrentamento, dessensibilização, Role Play, 
dentre outras. Porém, o mais importante em 
qualquer terapia é a boa vinculação entre o 
paciente e o psicólogo. Sem isso não haverá 
uma evolução do quadro clínico”.
Lidiane também salienta que exercícios de 
respiração e relaxamento auxiliam positiva-
mente no tratamento, podendo ser ensinados 
até para a família e amigos. Assim, as pessoas 
próximas ao paciente também contribuem 
para o sucesso da terapia. “Os amigos e fami-
liares podem aprender o manejo de algumas 
técnicas de respiração e diálogo adequado 
para ajudar a sair de uma crise. Acompa-
nhar as consultas e motivar para que ocorra 
algumas mudanças na rotina do paciente é 
fundamental, e, principalmente, é indicado 
conhecer sobre o transtorno para que não 
ocorra quaisquer tipos de preconceito ou 
críticas que prejudiquem de alguma forma 
o tratamento”, discorre a especialista.
A.C.A.L.M.E.-S.E.
Este é um dos método para tratar os trans-
tornos mentais. O ponto central é a aceita-
ção da ansiedade para assim, lidar com ela 
da melhor maneira. “Aceite sua ansiedade, 
contemple as coisas em sua volta, aja com 
a ansiedade, libere o ar de seus pulmões, 
mantenha os passos anteriores, examine 
seus pensamentos, sorria, pois você con-
seguiu, espere o futuro com aceitação. 
São palavras utilizadas como comandos 
ou gatilhos para o cérebro. A pessoa deve 
ter atitudes para modificar o atual quadro 
com pensamentos que vão melhorar sua 
qualidade de vida”, ressalta Lidiane.
ConsULTorias
Lidiane Silva, psicóloga
Stephany Paulino, psicóloga
TexTo e pesQuisa Luis FeLipe siLva/CoLaborador design Lídia pardini/CoLaboradora
Diversas instituições pelo país oferecem 
atendimento psicoterapêutico à população
gratuitos
atendimentos
de graça
A Constituição Federal do Brasil (1988) prevêa saúde como um dever do Esta-do e direito de todos, bem como o acesso universal e 
igualitário às ações e serviços para sua pro-
moção, proteção e recuperação. Integradas 
ao SUS, as ações de saúde mental seguem, 
conforme o artigo 196, diretrizes de des-
centralização e atendimento integral, com 
prioridade às atividades preventivas, sem 
prejuízo dos serviços assistenciais, e com 
participação da comunidade – um discurso 
muito bonito, mas que, na prática, ainda 
deixa a desejar.
“A humanização, como política, está 
presente em todas as instâncias do SUS e, 
consequentemente, também na saúde men-
tal. Entretanto, há muitas dificuldades na 
integração dos processos de trabalho e nas 
relações entre os diferentes profissionais 
que atuam na rede”, explica a doutora em 
enfermagem Antônia Regina Ferreira Fu-
regato, em trecho retirado de seu artigo 
Políticas de Saúde Mental do Brasil.
Diante de tantos desafios à construção 
de projetos terapêuticos e interdisciplina-
res, muitos serviços e escolas de psicolo-
gia têm unido a formação de profissionais 
junto de uma atuação social que aplique as 
práticas e técnicas no atendimento à popu-
lação que não tem acesso a este tipo de tra-
tamento. Separamos os principais serviços 
por capitais brasileiras. Confira!
sudeste
Espírito Santo • Vitória
Núcleo de Psicologia Aplicada (NPA) 
Universidade Federal do
Espírito Santo
endereço Av. Fernando Ferrari, 514 | 
Goiabeiras
Contato (27) 4009-2509
atendimento Seg à Sex das 13h às 19h
Minas Gerais • Belo Horizonte
Serviço de Psicologia Aplicada
FAFich 
endereço Av. Antônio Carlos, 6627 
Pampulha
Contato (31) 34095070
atendimento Sob consulta
Rio de Janeiro • Rio de Janeiro
Serviço de Psicologia Aplicada
Universidade Estadual do
Rio de Janeiro 
endereço Rua São Francisco Xavier, 524 
Maracanã
Contato (21) 2334-0033
atendimento Por consulta
São Paulo • São Paulo
clínica Psicológica em São Paulo
iPUSP 
endereço Av. Prof Mello Moraes, 1721
Bloco D | Cidade Universitária
Contato (11) 3091-8248 | 3091-8223
atendimento Por disponibilidade
Paraná • Curitiba
centro de Psicologia Aplicada
Universidade Federal do Paraná 
endereço Praça Santos Andrade,50 
Prédio Histórico) | 1º andar, sala 112
Contato (41) 3310-2614
atendimento Seg à Sex das
8h30 às 20h30
Rio Grande do Sul • Porto Alegre
Universidade Federal do
Rio Grande do Sul
endereço Rua Protásio Alves, 297
Santa Cecília
Contato (51) 3308 2024
Santa Catarina • Florianópolis
Serviço de Atenção Psicológica
Universidade Federal de
Santa catarina
endereço Campus Universitário
Trindade
Contato (48) 3721-9402 | (48) 3721-4989
atendimento Seg à Quin das 8h às 20h 
e Sex das 8h às 19h
Distrito Federal • Brasília 
Universidade católica de Brasília
endereço QS 7 | Taguatinga | Brasília
Contato (61) 3356-9000
atendimento Seg à Sexta das 8h às 22h 
e sábado das 8h às 12h
Goiás • Goiânia
clínica Escola De Psicologia
Universidade Federal de Goiás
endereço Avenida Esperança s/n 
Câmpus Samambaia
Contato (62) 3209-6298
atendimento Seg à Sex das 7h30 às 
19h30
Mato Grosso • Cuiabá
ONG Lírios/Faculdade de cuiabá 
(FAUc)
endereço Rua Fraternidade, 01
Várzea Grande
Contato (65) 99233-5440 |
(65) 3684-9877
atendimento Consultar demanda
Mato Grosso do Sul • Campo Grande
Núcleo de Psicologia
Unigran capital
endereço Rua Abrão Júlio Rahe, 325| 
Centro
Contato (67) 3389-3362 |
(67) 99206-5326
atendimento Seg à Sex das 7h30 às 19h
Sul e Centro-Oeste
de graça
Alagoas • Maceió 
Serviço de Psicologia Aplicada
Universidade Federal de Alagoas
endereço Av. Lourival Melo Mota, s/n 
Tabuleiro do Martins | Maceió
Contato ufalspa@gmail.com
atendimento Seg à Quin das 8h às 17h 
e Sex das 8h às 13h
Bahia • Salvador
Programa PsiU
Universidade Federal da Bahia
endereço Rua Caetano Moura, 140
Federação
Contato (71) 99911- 2828 (WhatsApp)
atendimento Seg, Ter, Qui e Sex das 9h 
às 17h e na quarta-feira das 9h às 12h
 
Ceará • Fortaleza 
clínica Escola de Psicologia 
niversidade Federal do ceará
endereço Rua Waldery Uchôa, 3A
Benfica
Contato (85) 3366-7690
atendimento Seg à Sex das 8h às 18h
Maranhão • São Luís
Defensoria Pública do Estado do Ma-
ranhão UFMA | Pitágoras
endereço Rua da Estrela, 421
Praia Grande
Contato 3231-5819 | 3222-5321
atendimento Somente às terças-feiras 
das 8h30 às 11h30
Paraíba • João Pessoa
clínica Psicologia UFPB 
endereço Cidade Universitária, s/n
Castelo Branco III
Contato (83) 93216-7338
atendimento Personalizado por con-
sulta
Pernambuco • Recife
Universidade Federal de Pernambuco
endereço Avenida Arquitetura s/n 
Cidade Universitária
Contato (81) 21268731
atendimento Seg à Sex das 8h às 12h e 
das 14h às 18h
 
Piauí • Teresina
Serviço Escola de Psicologia (SEP)
Universidade Federal do Piauí 
endereço Bairro Ininga | Teresina
Contato (86) 3215-5525
atendimento Por triagem
Rio Grande do Norte • Natal
Serviço de Psicologia Aplicada
Universidade Federal do
Rio Grande do Norte 
endereço Campus Central Lagoa Nova 
Natal
Contato (84) 3215-3603
atendimento Seg à Sex das
7h30 às 17h30
Sergipe • Aracaju
clínica de Psicologia Aplicada
Universidade Federal de Sergipe
endereço Rua Monsenhor Silveira, 412 
São José
Contato (79) 3302-6035
atendimento Por triagem
nordeste
Acre • Rio Branco 
Serpsi/UFAc 
Universidade Federal do Acre
endereço Campus Universitário | BR 
364, Km 4 | Distrito Industrial | Rio 
Branco
Contato serpsi.ufac@gmail.com
atendimento Seg à Sex das 08h às 12h 
e das 14h às 18h
Amapá • Macapá
clínica de Psicologia da Faculdade 
Estácio
endereço Rua Leopoldo Machado
Centro
Contato (96) 2101-5151
atendimento Seg à Sex das 8h às 18h
Amazonas • Manaus 
Serviço de Psicologia Aplicada
UNiNORTE
endereço Av. Joaquim Nabuco, 1835
Centro | Manaus
Contato (92) 3212-5169
atendimento Seg à Sex das 8h às 20h
Pará • Belém
clínica Escola da Faculdade de Psico-
logia Universidade Federal do Pará 
endereço R. Igarapé Tucunduba, 1034
Guamá
Contato (91) 3201-7669
atendimento Seg à Sex das 8h às 13h 
e das 14h às 18h
Rondônia • Porto Velho
Serviço de Psicologia Aplicada
endereço Avenida Presidente Dutra, 
2965 | Centro
Contato (69) 2182-2025
atendimento Seg à Sex das 8h às 20h
Roraima • Boa Vista
Serviço de Atendimento Psicológico
Universidade Federal de Roraima 
endereço Av. Cap. Ene Garcês, 2413 
Aeroporto
Contato (95) 3623-2391 ou
(95) 9171-2629
atendimento Seg à Sex em
horário comercial
Tocantins • Palmas
Serviço Escola do centro de
Psicologia UnirG 
endereço Av. Guanabara, 1500 | Centro 
Gurupi
Contato reitoria@unirg.edu.br
atendimento Seg à Sex das 8h às 18h
norte
Presidente João Carlos de Almeida Diretor Executivo Pedro José Chiquito Gerente Editorial Mara De Santi Endereços BAURU Rua Gustavo Maciel, 19-26, CEP 17012-110, 
Bauru, SP. Caixa Postal 471, CEP 17015-970, Bauru, SP. Fone (14) 3235-3878, Fax (14) 3235-3879  SÃO PAULO Rua Vicente Pinzon, Nº 173, 4º Andar, CEP 04547-130, Vila Olímpia, 
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Editora-chefe Viviane Campos Editora Carolina Firmino Redação Bruno Ribeiro e Érica Aguiar Design Zu Fernandes (Editora-chefe), Ana Paula Maldonado, Josemara 
Nascimento e Rafael Nakaoka Estagiários Ariely Polidoro, Gabriel Jaquer, Rafael Toledo e Vinícius Gálico (redação); Lídia Pardini (design) Suporte Otávio Mattiazzo Neto (Criação 
e desenvolvimento de produto), Alexandre Martins do Carmo (Tecnologia e revisão gráfica) Impressão GRAFILAR Gráfica
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Ano 2, n° 3 - 2019
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	Chamada livro
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	Por dentro da terapia
	Em busca da frustração
	Obsessões na alimentação
	Quando nada faz sentido
	A vida continua...
	O medo de sentir medo
	Distúrbios da mente
	Atendimentos gratuitos
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