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Maria Fernanda Lima – Estácio, Medicina Introdução Utiliza-se o termo farmacodinâmica para descrever os efeitos de um fármaco no corpo. É importante descrever os efeitos de um fármaco em termos quantitativos para estabelecer as faixas de doses apropriadas para os pacientes e comparar potência, eficácia e segurança de um fármaco em relação a outro. Ligação fármaco-receptor A afinidade de um fármaco por seu receptor depende de sua estrutura química, sendo uma relação bem específica. Por isso, se ocorrer alguma pequena alteração na sua estrutura, podem gerar alterações significativas na sua afinidade por receptores. Receptor encontra-se livre (desocupado) ou reversivelmente ligado a um fármaco (ocupado). L é o ligante (fármaco), R é o receptor livre, e LR, o complexo fármaco-receptor. A fração de receptores em cada um desses estados depende da constante de dissociação, Kd, em que Kd = klivre/kligado. Existe a possibilidade de aumento do efeito de um fármaco em consequência de aumento na concentração do ligante ou do receptor. Curvas de ligação fármacoreceptor; Como as respostas aos fármacos ocorrem ao longo de uma ampla faixa de doses (concentrações), o gráfico semilog é frequentemente utilizado para apresentar dados de ligação fármaco–receptor. EC50→ POTÊNCIA- concentração do fármaco que produz 50% da resposta máxima Ligação fármaco-receptor máxima dá-se quando [LR] é igual a [Ro], ou [LR]/[Ro]= 1 Kd pode ser definida como a concentração de ligante em que 50% dos receptores disponíveis estão ocupados. Existem dois tipos principais de relações dose- resposta: • Gradual-descreve o efeito de várias doses de um fármaco sobre um indivíduo; • Quantal-descreve o efeito de várias doses de um fármaco sobre a população. Hormese→ fármacos que estimulam respostas em doses baixas e inibem em doses altas; forma um gráfico em forma de U. Questões 1. Como a potência e a eficácia de um fármaco podem ser determinadas por meio da interação molecular entre ele e seu receptor? 2. Por que o fato de um fármaco ter baixo índice terapêutico significa que o médico deve ter maior cuidado em sua administração? 3. Que propriedades de certos fármacos, como o ácido acetilsalicílico, possibilitam sua administração sem monitoramento dos níveis plasmáticos, enquanto outros fármacos, como a heparina, exigem esse tipo de controle? Relações dose-resposta A farmacodinâmica de um fármaco pode ser quantificada pela relação entre a dose (concentração) do mesmo e a resposta do organismo (do paciente) a ele. O esperado é que essa relação esteja estreitamente vinculada à relação de ligação fármaco-receptor, e isso de fato ocorre para muitas combinações desse tipo. Maria Fernanda Lima – Estácio, Medicina Sendo assim, convém admitir que a resposta a um fármaco é proporcional à concentração de receptores ligados (ocupados) pelo fármaco. Kd é a constante de dissociação em equilíbrio para determinada interação fármaco-receptor – • valor ↓ de Kd indica interação fármaco- receptor mais firme (de maior afinidade). Em virtude dessa relação, o Fármaco A, que apresenta Kd mais baixa, se ligará a maior proporção de receptores totais do que o Fármaco B em qualquer concentração de fármaco. • Kd corresponde à concentração do ligante [L] em que 50% dos receptores estão ligados (ocupados) pelo ligante. • [L] é a concentração de ligante (fármaco) livre (não ligado), • [LR] é a concentração de complexos ligante- receptor; • Ro é a concentração total de receptores ocupados e desocupados. • [LR]/[R0] é a ocupação fracionária de receptores, ou a fração de receptores totais ocupados (ligados) pelo ligante. Relações dose-resposta graduais A potência (EC50) de um fármaco refere-se à concentração em que ele produz 50% de sua resposta máxima. A eficácia (Emáx.) refere-se à resposta máxima produzida pelo fármaco→ nesse momento, quantidades adicionais de fármaco não produzem resposta adicional. • Alguns fármacos atingem essa resposta máxima antes dos 100% de ocupação dos receptores. Relações dose-resposta quantais • efetividade (efeito terapêutico) • toxicidade (efeito adverso) • letalidade (efeito letal) As doses que produzem essas respostas em 50% de uma população são conhecidas como dose efetiva mediana (ED50), dose tóxica mediana (TD50) e dose letal mediana (LD50), respectivamente. Interações fármaco-receptor Dois estados de conformação, em equilíbrio reversível entre si, denominados estado ativo e estado inativo. • Fármaco agonista→moléculas que se ligam aos receptores fisiológicos e simulam os efeitos reguladores dos compostos sinalizadores endógenos. após sua ligação ao receptor, favorece a conformação ativa desse receptor. • Fármaco antagonista→ fármacos que bloqueiam ou reduzem a ação de um agonista (antagonismo de forma sintópica e alostérica). Impede a ativação do receptor pelo agonista. Maria Fernanda Lima – Estácio, Medicina Agonistas Agonista é uma molécula que se liga a um receptor e estabiliza-o em determinada conformação (em geral na conformação ativa). Quando ligado por um agonista, um receptor típico tem mais tendência a encontrar-se em sua conformação ativa do que inativa Isso sugere que, para a maioria dos receptores, a ligação do agonista é proporcional à ativação do receptor. Fármacos mais potentes são aqueles que têm maior afinidade com seus receptores (Kd mais baixa), enquanto os mais eficazes são os que produzem ativação de maior proporção de receptores. Antagonistas Antagonista é uma molécula que inibe a ação de um agonista, mas que não exerce nenhum efeito na ausência deste. Os antagonistas de receptores ligam-se ao sítio ativo (sítio de ligação do agonista) ou a um sítio alostérico de um receptor. • A ligação do antagonista ao sítio ativo impede a ligação do agonista ao receptor • A ligação do antagonista a um sítio alostérico altera a Kd para a ligação do agonista ou impede a mudança de conformação necessária para a ativação do receptor. Os antagonistas de receptores também podem ser divididos em reversíveis e irreversíveis, isto é, os que se ligam a seus receptores de modo reversível e os que se ligam irreversivelmente. O antagonista sem receptores não se liga ao receptor do agonista; entretanto, inibe a capacidade do agonista de iniciar uma resposta. • Os antagonistas químicos inativam o agonista antes de ele ter a oportunidade de atuar (p. ex., mediante neutralização química); • Os antagonistas fisiológicos produzem efeito fisiológico oposto àquele induzido pelo agonista. Maria Fernanda Lima – Estácio, Medicina A) Ex: propanolol e noradrenalina B) Antagonistas competitivos dos receptores Liga-se reversivelmente ao sítio de um receptor. Ao contrário do agonista, que também empreende essa ligação, o antagonista competitivo não estabiliza a conformação necessária para a ativação do receptor. Ele bloqueia a ligação do agonista a seu receptor, enquanto mantém este em sua conformação inativa. Como o aumento da Kd equivale a diminuição de potência, a ocorrência de um antagonista competitivo (A) diminui a potência de um agonista (D); A pravastatina, fármaco utilizado no caso descrito no início do capítulo para reduzir o nível de colesterol do almirante, é um exemplo de antagonista competitivo. Ela se enquadra na classe de inibidores da HMG-CoA redutase (estatinas) dentre os fármacos hipolipêmicos. Antagonistas não competitivos dos receptores Antagonistas não competitivos podem ligar-se ao sítio ativo ou a um sítio alostérico de um receptor Como um antagonista irreversivelmente ligado ao sítio ativo não pode ser “deslocado”, mesmo com altas concentrações do agonista,ele exibe antagonismo não competitivo. O antagonista alostérico não competitivo atua ao impedir a ativação do receptor, mesmo quando o agonista está ligado ao sítio ativo. Uma diferença característica entre antagonistas competitivos e não competitivos é que os competitivos reduzem a potência do agonista, enquanto os não competitivos, a eficácia. Ex: ácido acetilsalicílico→ antagonista não competitivo. Esse agente acetila de modo irreversível a ciclo-oxigenase, enzima responsável pela produção de tromboxano A2 nas plaquetas. Na ausência de tal produção, ocorre inibição da agregação plaquetária. Especificidade: é o conjunto de fatores que favorecem sua preferência por um tipo apenas de receptor. Esses fatores incluem a constante de dissociação, a atividade intrínseca e a estrutura química do fármaco. ↑KD ↓Afinidade ↓KD ↑Afinidade Maria Fernanda Lima – Estácio, Medicina Aspectos quantitativos das interações dos fármacos com seus receptores A curva de dose-resposta representa o efeito observado. Organismo vivo- gráfico de dose resposta In vitro- concentração e resposta No segundo gráfico(log), vê-se melhor a variação da concentração e como altera a resposta EC50/ CE50: concentração do fármaco, onde se tem 50% do efeito máximo. POTÊNCIA E EFICÁCIA Potência: quantidade de um fármaco para produzir uma resposta terapêutica. EC50(concentração que produz a metade do efeito máximo). Eficácia: capacidade de um fármaco de ativar um receptor e gerar uma resposta celular. O antagonista não tem uma eficácia. Gráfico A • Potência: X> Y, a quantidade de x é menor que a de Y para atingir a concentração para atingir a metade do efeito máximo. • Eficácia: ambos têm a mesma eficácia, pois atingem o mesmo nível de resposta. Gráfico B: • O fármaco X é mais eficaz que o fármaco Y • OBS: na eficácia e potência, deve-se comparar fármacos da mesma classe. • OBS2: quanto maior a potência de um fármaco, menor é seu índice terapêutico. • OBS3: quanto menor o EC50, mais potente o fármaco. • A desloratadina(5mg) é mais potente que a loratadina(10mg), com uma dose menor atinge uma eficácia e já é a forma convertida. • Eficácia (agonista, antagonista) 1 e 2= agonistas totais (atingem 100% da resposta). 3= antagonista. 1 e 2 são igualmente eficazes. 3 não é eficaz. Maria Fernanda Lima – Estácio, Medicina • Potência= 1 é mais potente que o 2, pois com uma menor concentração atingiu a EC50(concentração que produz a metade do efeito máximo). A morfina é mais eficaz em reduzir a analgesia do que a buprenorfina. A buprenorfina é menos eficaz, por mais que se aumente a dose. Quando chega em um limite, não tem como mais aumentar, sendo necessário trocar o fármaco. A buprenorfina é mais potente, pois atinge 50% da concentração que produz a metade do efeito máximo, antes da morfina. • Morfina: agonista total • Buprenorfina: agonista parcial Índice terapêutico Descreve a seletividade com que o fármaco produz efeitos desejáveis versus indesejáveis. IT: 4, pois a dose letal é 4 x maior que a dose efetiva. OBS: quanto maior o índice terapêutico, mais seguro esse fármaco. Janela terapêutica É a faixa de doses(concentrações) de um fármaco que produz resposta terapêutica, sem resposta terapêutica, sem efeitos adversos inaceitáveis(toxicidade). Quanto mais estreita a janela terapêutica, mais se terá uma maior proximidade entre o que é terapêutico e o que é tóxico. Fatores que modificam a ação de um fármaco Maria Fernanda Lima – Estácio, Medicina Atividade intrínseca é o conjunto de efeitos que são desencadeados a partir da interação do fármaco com o seu sítio de ação. Letra c
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