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Direito Ambiental na Constituição e Programa de Estudos

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Prévia do material em texto

DIREITO
AMBIENTAL
Profª. Veridiana Rehbein
 
1 
 
Conteúdo programático (conforme temas recorrentes no exame de 
ordem): 1. Introdução; 2. Direito Ambiental na Constituição Federal; 2.1 
Competências; 3. Princípios Ambientais; 4. Responsabilidade Civil por 
dano ao meio ambiente; 5. Sistema Nacional de Unidades de 
Conservação (e compensação ambiental); 6. Proteção do Bioma Mata 
Atlântica; 7. Código Florestal (reserva legal e área de preservação 
permanente); 8. Instrumentos da Política de Desenvolvimento Urbano; 09. 
Licenciamento Ambiental e Estudo Prévio de Impacto ambiental; 10. 
Sanções Penais e Administrativas; 11. Responsabilidade Administrativa 
federal por danos ambientais; 12. Saneamento Básico. 13. Dos 
agrotóxicos. 14. Mudanças Climáticas e a legislação brasileira. 
 
 
 
1. Introdução 
 
O despertar para a proteção ambiental teve o seu ápice no século XX, 
especialmente nos anos 70, a partir da constatação de que diversos e graves 
problemas ambientais estavam sendo causados pelo desenvolvimento das 
atividades econômicas. Diferentemente do que se investiga e se defende 
científica e juridicamente hoje, a preocupação inicial foi exclusivamente 
antropocêntrica. Preocupou-se o homem com a impossibilidade de continuar 
extraindo riquezas do meio natural. 
Somente em 1981, no Brasil, o meio ambiente foi reconhecido como bem 
jurídico autônomo pelo art. 3º, inc. I, da Lei nº 6.938/81, que o definiu como “o 
conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e 
biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. 
A partir desse conceito, supera-se a percepção fragmentária e utilitarista 
até então vigente e refletida em diversas normas ambientais esparsas, anteriores 
à Lei 6.939/81, em que a proteção jurídica incidia sobre específicos elementos 
naturais, tais com a fauna, a flora, os recursos minerais, não em razão de sua 
importância para a manutenção do equilíbrio ecológico, mas em razão da 
utilidade econômica que representavam como insumos do processo produtivo. 
(MARQUESAN, STEIGLEDER E CAPPELLI, 2007, p.16). 
 
2 
 
 Conforme o conceito legal, o meio ambiente é mais do que os elementos 
corpóreos que o integram, pois compreende também as relações e interações 
entre todos. Dessa forma, a própria Lei nº 6.938/81, no seu art. 2º, inciso I, 
instituiu, como princípio da Política Nacional do Meio Ambiente, “a ação 
governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio 
ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado 
e protegido, tendo em vista o uso coletivo”. 
O denominado “uso coletivo” foi melhor caracterizado em 1990, com a 
promulgação da Lei nº 8.078/1990, o Código de Proteção e Defesa do 
Consumidor. Desde então os chamados direitos coletivos “lato sensu” se 
subdividem em difusos, coletivos e individuais homogêneos: 
 
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das 
vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título 
coletivo. 
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de: 
I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste 
código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam 
titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato; 
II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos 
deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja 
titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a 
parte contrária por uma relação jurídica base; 
III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos 
os decorrentes de origem comum. 
 
Atualmente, o Direito Ambiental também regula a proteção dos ambientes 
artificiais ou construídos, como o meio ambiente urbano, o meio ambiente do 
trabalho e o meio ambiente cultural. Por essa razão os editais do Conselho 
Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) sobre o Exame de Ordem 
determinam que na prova objetiva devem constar questões sobre Direito 
Ambiental em sentido amplo, o que abrange também a legislação tipicamente 
urbanística, como o Estatuto da Cidade e as leis sobre saneamento e resíduos 
sólidos (entre outras). 
O direito fundamental ao meio ambiente trata-se, na realidade, da 
caracterização dos direitos de solidariedade, de titularidade coletiva, como direito 
de terceira dimensão, pelo fato de se “desprenderem, em princípio, da figura do 
 
3 
 
homem-indivíduo como seu titular e caracterizando-se como direitos de 
titularidade coletiva” (SARLET, 2002). 
 
2. Direito Ambiental na Constituição Federal 
 
Embora a proteção ambiental tenha um capítulo próprio na CF de 88, 
também está presente em inúmeros outros regramentos inseridos ao longo do 
texto, nos mais diversos títulos e capítulos. Entre eles cabe destacar o art. 170, 
que em seu inciso VI, determina que a ordem econômica brasileira, fundada na 
valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem entre os seus princípios 
a defesa do meio ambiente. 
A Constituição Federal disciplina o Meio Ambiente no Título VIII, Capítulo 
VI, determinando em seu art. 225 que “todos têm direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia 
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de 
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. “Ao proclamar o 
meio ambiente como “bem de uso comum do povo” foi reconhecida a sua 
natureza de “direito público subjetivo”, vale dizer, exigível e exercitável em face 
do próprio Estado, que tem também a missão de protegê-lo” (MILARÉ, 2011, p. 
176). 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade 
de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de 
defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações. 
§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder 
Público: 
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o 
manejo ecológico das espécies e ecossistemas 
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do 
País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de 
material genético 
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e 
seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a 
alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada 
qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que 
justifiquem sua proteção 
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade 
potencialmente causadora de significativa degradação do meio 
ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará 
publicidade; 
 
4 
 
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, 
métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade 
de vida e o meio ambiente; 
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a 
conscientização pública para a preservação do meio ambiente; 
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas 
que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção 
de espécies ou submetam os animais a crueldade. 
§ 2º Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o 
meio ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo 
órgão público competente, na forma da lei. 
§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente 
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais 
e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os 
danos causados. 
§ 4º A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, 
o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, 
e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que 
assegurem a preservação domeio ambiente, inclusive quanto ao uso 
dos recursos naturais. 
§ 5º São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos 
Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos 
ecossistemas naturais. 
§ 6º As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua 
localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser 
instaladas. 
§ 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste 
artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem 
animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do 
art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza 
imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser 
regulamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos 
animais envolvidos. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 96, de 
2017) 
 
Embora a CF não conceitue meio ambiente – e sim o direito subjetivo ao 
seu equilíbrio – da leitura dos parágrafos do art. 225, juntamente com o conceito 
legal de meio ambiente (Lei nº 6.938/81), afirma-se que o mesmo deve ser 
compreendido de forma ampla, englobando não somente o meio ambiente 
natural, com fauna, flora e formações de relevo, mas também o meio ambiente 
cultural, com seu patrimônio histórico, artístico e paisagístico, além do meio 
ambiente urbano. 
O art. 170 da CF (TÍTULO VII - DA ORDEM ECONÔMICA E 
FINANCEIRA CAPÍTULO I - DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE 
ECONÔMICA), inciso VI, determina como um dos princípios da ordem 
econômica a defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento 
 
5 
 
diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus 
processos de elaboração e prestação. 
O direito ao ambiente ecologicamente equilibrado é direito subjetivo de 
ordem material e alcança a seara dos direitos fundamentais. O equilíbrio 
ambiental é crucial para que as personalidades possam ter o curso normal de 
desenvolvimento. Esse entendimento decorre da definição constitucional de que 
o meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito de todos e essencial a 
sadia qualidade de vida. Nas grandes e médias cidades, os desarranjos 
emocionais e físicos provocados pela poluição (sonora, atmosférica, hídrica, 
etc.) afetam toda a sociedade e o indivíduo em particular. Percebe-se, assim, a 
relação da proteção ambiental com o direito à saúde e com o princípio da 
dignidade da pessoa humana. 
Os incisos do parágrafo 1º estabelecem deveres precípuos do Poder 
Público e constituem temas preferenciais nos questionamentos na prova 
do exame de ordem. Por essa razão é importante verificar a legislação ordinária 
que disciplina cada uma das matérias. 
O inciso I menciona a preservação dos processos ecológicos essenciais 
e tem na Lei nº 9.985/2000, um de seus regulamentos. Por processos ecológicos 
essenciais devemos entender o que é essencial ao equilíbrio ambiental e 
também à vida humana, como cadeias alimentares, ciclos das águas, produção 
de alimentos e de energia, entre outros. 
O inciso II menciona a preservação do patrimônio genético e foi 
regulamentado também pela Lei 9.985/2000, além das Leis nº 11.105/2005 e nº 
13.123/2015. O Patrimônio genético é definido pela Lei nº 13.123/205 como 
“informação de origem genética de espécies vegetais, animais, microbianas ou 
espécies de outra natureza, incluindo substâncias oriundas do metabolismo 
destes seres vivos”. 
O inc. III do § 1º, do art. 225, estabelece o dever do Poder Público de 
definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais a serem 
especialmente protegidos. O Código Florestal dispõe sobre as áreas de 
preservação permanente (em perímetro rural ou urbano) e sobre as reservas 
legais (perímetro rural). Já a Lei nº 9.985/2000 criou o Sistema Nacional de 
 
6 
 
Unidades de Conservação, prevendo 12 diferentes modalidades de espaços 
protegidos repartidos entre unidades de proteção integral e unidades de uso 
sustentável, além de modalidade especial chamada “Reserva da Biosfera”. Uma 
vez instituída uma área ambientalmente protegida (como uma unidade de 
conservação, por exemplo), seja por decreto de executivo ou por lei federal, a 
redução dos seus limites (alteração) ou a sua supressão somente serão 
permitidas através de lei específica. 
O inciso IV, que trata do estudo prévio de impacto ambiental, também tem 
aspectos regulamentados pela Lei 11.105/2005, especialmente no que tange à 
fiscalização de atividades que envolvam organismos geneticamente 
modificados. O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, na Res. 
237/97, no art. 1.º, define esses estudos ambientais como sendo “todos e 
quaisquer estudos relativos aos aspectos relacionados à localização, 
instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, 
apresentado como subsídio para a análise da licença requerida, tais como: 
relatório ambiental, plano de recuperação de área degradada e análise 
preliminar de risco”. A LC 140/2011 também regulamentou o procedimento 
destes estudos. Esse estudo é realizado para subsidiar o licenciamento 
ambiental de obras com grande potencial de degradação ambiental. Esse 
estudo dever ser público. 
O Inciso V menciona o necessário controle de substâncias que 
comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente. É também 
regulamentado, consequentemente, pela Lei 11.105/2005, mas também pela Lei 
7.802/1989, que disciplina a produção, comercialização e utilização de 
agrotóxicos. 
O Inciso VI determina que a educação ambiental se dê em todos os níveis 
de ensino. A Lei 9.795/1999 dispõe sobre a educação ambiental, institui a 
Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. 
 O inciso VII menciona a proteção da fauna e da flora e também foi 
regulamentado pela Lei 9.985/2000, além da Lei 12.651/2012 e da Lei 
9.605/1998. A Lei nº 11.794/2008 também regulamenta esse inciso do artigo 1º, 
ao estabelecer procedimentos para o uso científico dos animais. O STF foi 
 
7 
 
instado a analisar a constitucionalidade de diversas leis estaduais que tratavam 
de práticas culturais e/ou esportivas com animais, manifestando-se, 
invariavelmente, pela sua inconstitucionalidade. Contudo, a Emenda 
Constitucional 96/2017 modificou essa situação (ver o §7º do artigo 225). 
O § 2º do art. 225 materializa o princípio do poluidor-pagador, ao 
determinar que aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar 
o meio ambiente degradado. 
O § 3º trata da tríplice responsabilização (penal, administrativa e civil). 
No § 4º o artigo 225 protegeu de forma especial cinco macrorregiões, em 
decorrência das características de seus ecossistemas. Desta forma, determinou 
que “a Floresta Amazônica Brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o 
Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua 
utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a 
preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos 
naturais”. A questão que segue abordou este tema: 
 
Com relação aos ecossistemas Floresta Amazônica, Mata Atlântica, 
Serra do Mar, Pantanal matogrossense e Zona Costeira, assinale a 
afirmativa correta. 
a) Tais ecossistemas são considerados pela CRFB/1988 
patrimônio difuso, logo todos os empreendimentos nessas áreas 
devem ser precedidos de licenciamento e estudo prévio de impacto 
ambiental. 
b) Tais ecossistemas são considerados patrimônio nacional, 
devendo a lei infraconstitucional disciplinar as condições de 
utilização e de uso dos recursos naturais, de modo a garantir a 
preservação do meio ambiente. 
c) Tais ecossistemas são considerados bens públicos, 
pertencentes à União, devendo a lei infraconstitucional disciplinar suas 
condições de utilização, o uso dos recursos naturais e as formas de 
preservação. 
d) Tais ecossistemas possuem terras devolutas que são, a partir da 
edição da Lei n. 9985/2000, consideradas unidades de conservação de 
uso sustentável,devendo a lei especificar as regras de ocupação 
humana nessas áreas. 
 
A alternativa correta (letra “b”) praticamente reproduz o texto da lei. As 
demais estão incorretas pelas seguintes razões: a CF não classifica o meio 
ambiente como “patrimônio difuso” e sim como bem de uso comum do povo e o 
estudo prévio de impacto ambiental, segundo o mesmo artigo, deve ser exigido, 
 
8 
 
na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora 
de significativa degradação do meio ambiente, independentemente da região; o 
enunciado da letra “c” está errado pois a CF não classifica os bens ambientais 
como “bens públicos pertencentes à União”; em relação à alternativa “d” importa 
compreender que “terra devoluta é a que não está destinada a qualquer uso 
público, nem está legitimamente integrada ao patrimônio particular” (MILARÉ, 
2011, p. 219). Segundo o art. 20, II, da CF, são bens da União as terras devolutas 
indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, 
das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei. 
A Lei 9.985/2000, cria o SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservação 
da Natureza (tema bem recorrente nas provas da FGV), de fato definiu a 
“unidade de conservação de uso sustentável”, mas não transformou todas as 
terras devolutas em unidades de conservação. O art. 43 da Lei determinou que 
o Poder Público fará o levantamento nacional das terras devolutas, com o 
objetivo de definir áreas destinadas à conservação da natureza, no prazo de 
cinco anos após a publicação desta Lei. 
O § 5º dispõe que são indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas 
pelos Estados, por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos 
ecossistemas naturais. São devolutas todas as terras existentes no território 
brasileiro que não se incorporaram legitimamente ao domínio particular, bem 
como as já incorporadas ao patrimônio público, porém não afetadas a qualquer 
uso público. As terras devolutas indispensáveis à preservação ambiental são 
bens da União, conforme determina o art. 20, II, da CF, e podem ser classificadas 
como bens públicos de uso especial. 
O § 6º determina que as usinas que operem com reator nuclear deverão 
ter sua localização definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas. 
A competência para legislar sobre atividades nucleares é privativa da União (art. 
20, IX e 22, XXVI, da CF. 
Mais recentemente, em 06/06/2017, foi publicada e Emenda 
Constitucional nº 96, que incluiu o parágrafo 7º no artigo 225, cujo o objetivo foi 
o de autorizar práticas como a “vaquejada”, por exemplo. 
 
 
9 
 
2.1 Competências em matéria ambiental 
 
O quadro de competências determinado pela Constituição Federal dá 
ênfase ao chamado federalismo cooperativo, “já que boa parte da matéria 
relativa à proteção do meio ambiente pode ser disciplinada a um só tempo pela 
União, pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios” (MILARÉ, 2011, 
p. 224). 
 Na preparação para o exame de ordem é importante estudar a 
competência em matéria ambiental em conjunto com as normas disciplinadoras 
do direito urbanístico, pois os artigos 182 e seguintes da Constituição Federal e 
o Estatuto da Cidade (Lei nº 10.257/2001), estabelecem a atuação prioritária do 
Município no estabelecimento do ordenamento urbano (competência material). 
 
Art. 182 - A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder 
Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por 
objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da 
cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes. 
 
 
Neste sentido a questão 34 do exame XXIII, cuja alternativa correta é a 
letra “d”: 
 
A Lei Federal nº 123, de iniciativa parlamentar, estabelece regras 
gerais acerca do parcelamento do solo urbano. Em seguida, a Lei 
Municipal nº 147 fixa área que será objeto do parcelamento, em função 
da subutilização de imóveis. Inconformado com a nova regra, que 
atinge seu imóvel, Carlos procura seu advogado para que o oriente 
sobre uma possível irregularidade nas novas regras. 
 
Considerando a hipótese, acerca da Lei Federal nº 123, assinale a 
afirmativa correta. 
a) É formalmente inconstitucional, uma vez que é competência dos 
municípios legislar sobre política urbana. 
b) É formalmente inconstitucional, uma vez que a competência para 
iniciativa de leis sobre política urbana é privativa do Presidente da 
República. 
c) Não possui vício de competência, já que a Lei Municipal nº 147 é 
inconstitucional, sendo da competência exclusiva da União legislar 
sobre política urbana. 
d) Não possui vício de competência, assim como a Lei Municipal 
nº 147, sendo ainda de competência dos municípios a 
execução da política urbana. 
 
 
10 
 
Competência material (administrativa) 
 
Que se dá pelo exercício do poder de polícia: atos de prevenção, 
repressão e fiscalizatórios. 
 
Art. 78 (CTN). Considera-se poder de polícia a atividade da 
administração pública que, limitando ou disciplinando direito, 
interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou a abstenção de fato, 
em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à 
ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao 
exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou 
autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à 
propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. 
 
A competência material pode ser exclusiva: aquela reservada a uma 
entidade com exclusão das demais ou comum: atribuída a todos os entes 
federados que a exercem sem excluir a do outro. Conforme a CF, a 
competência material para a proteção ambiental é comum. 
 
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios: 
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, 
artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e 
os sítios arqueológicos; 
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de 
suas formas; 
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; 
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas para a 
cooperação entre a União e os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-
estar em âmbito nacional. (Redação dada pela Emenda Constitucional 
nº 53, de 2006). 
 
Assim, a competência para proteção do meio ambiente é comum e a 
forma pela qual os vários entes cuidarão da matéria deve ser disciplinada em lei 
complementar. 
Em 08 de dezembro de 2011 foi publicada a Lei Complementar 140, que 
tem como objetivo fixar as normas de cooperação para o exercício da 
competência material comum na defesa do meio ambiente nos termos do 
parágrafo único do artigo 23 da Constituição, além de alterar o artigo 10 da 
 
11 
 
Política Nacional de Meio Ambiente – Lei nº 6.938/81, adequando-a às novas 
disposições. 
A atuação material na esfera ambiental trazia, na prática, diversos 
conflitos de “competência” entre os entes federativos que implicavam não só em 
total ausência de segurança jurídica aos empreendedores, mas também, e 
principalmente, em risco ambiental claro e patente. Neste contexto, a Lei 
Complementar estabeleceu além do conceito legal de licenciamento ambiental 
(art. 2º, inciso I), os conceitos de atuação supletiva e atuação subsidiária (art. 2º, 
II e III) e ainda os instrumentos de cooperação (artigo 4º). 
 
Art. 2o Para os fins desta Lei Complementar, consideram-se: 
I - licenciamento ambiental: o procedimento administrativo destinado a 
licenciar atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos 
ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob 
qualquer forma, de causar degradação ambiental; 
II - atuação supletiva: ação do ente da Federação que se substitui ao 
ente federativo originariamente detentor das atribuições, nas hipóteses 
definidas nesta Lei Complementar;III - atuação subsidiária: ação do ente da Federação que visa a auxiliar 
no desempenho das atribuições decorrentes das competências 
comuns, quando solicitado pelo ente federativo originariamente 
detentor das atribuições definidas nesta Lei Complementar. 
 
Os artigos 7º, 8º e 9º, dispõem sobre as ações administrativas da União, 
dos Estados e dos Municípios. O art. 10 determina que são ações administrativas 
do Distrito Federal as previstas nos arts. 8o e 9o. A lista de ações é extensa e já 
foi objeto de questionamento no EO. Alguns incisos fazem referência a “âmbito 
nacional”, “política nacional”, “sistema nacional”, “florestas públicas federais”, 
biodiversidade brasileira, entre outros, nas ações da União, o que facilita o seu 
entendimento (o mesmo ocorre em relação aos estados e municípios). Os 
demais necessitam leitura e memorização. Segue o texto da lei, com recorte das 
atribuições que não fazem referência direta ao âmbito de atuação de cada ente 
federado, ou seja, com as situações mais difíceis: 
 
Art. 7o São ações administrativas da União: 
IV - promover a integração de programas e ações de órgãos e 
entidades da administração pública da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios, relacionados à proteção e à gestão 
ambiental; 
 
12 
 
VI - promover o desenvolvimento de estudos e pesquisas direcionados 
à proteção e à gestão ambiental, divulgando os resultados obtidos;1 
IX - elaborar o zoneamento ambiental de âmbito nacional e regional; 
X - definir espaços territoriais e seus componentes a serem 
especialmente protegidos;2 
XI - promover e orientar a educação ambiental em todos os níveis de 
ensino e a conscientização pública para a proteção do meio ambiente; 
XII - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, 
métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade 
de vida e o meio ambiente, na forma da lei; 
XIV - promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e 
atividades: 
a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país 
limítrofe; 
b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma 
continental ou na zona econômica exclusiva; 
c) localizados ou desenvolvidos em terras indígenas3; 
d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação 
instituídas pela União, exceto em Áreas de Proteção Ambiental 
(APAs); 
e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados; 
f) de caráter militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, nos 
termos de ato do Poder Executivo, aqueles previstos no preparo e 
emprego das Forças Armadas, conforme disposto na Lei 
Complementar no 97, de 9 de junho de 1999; 
g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, 
armazenar e dispor material radioativo, em qualquer estágio, ou que 
utilizem energia nuclear em qualquer de suas formas e aplicações, 
mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen); 
ou 
h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a 
partir de proposição da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a 
participação de um membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente 
(Conama), e considerados os critérios de porte, potencial poluidor e 
natureza da atividade ou empreendimento;4 
XV - aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de florestas e 
formações sucessoras em: 
a) florestas públicas federais, terras devolutas federais ou unidades de 
conservação instituídas pela União, exceto em APAs; e 
b) atividades ou empreendimentos licenciados ou autorizados, 
ambientalmente, pela União; 
XVII - controlar a introdução no País de espécies exóticas 
potencialmente invasoras que possam ameaçar os 
ecossistemas, habitats e espécies nativas; 
XVIII - aprovar a liberação de exemplares de espécie exótica da fauna 
e da flora em ecossistemas naturais frágeis ou protegidos; 
XX - controlar a apanha de espécimes da fauna silvestre, ovos e 
larvas; 
XXI - proteger a fauna migratória e as espécies inseridas na relação 
prevista no inciso XVI; 
 
1 Este inciso, embora trate de ações atribuídas à União, não faz qualquer referência ao âmbito 
federal e os estados e municípios têm a mesma atribuição. 
2 Esta ação também se repete no âmbito estadual e municipal. 
3 Exemplo de licenciamento em terras indígenas: Usina de Belo Monte. 
4 Regulamentado pelo Decreto 8.437/2015 
 
13 
 
XXIII - gerir o patrimônio genético e o acesso ao conhecimento 
tradicional associado, respeitadas as atribuições setoriais; 
XXIV - exercer o controle ambiental sobre o transporte marítimo de 
produtos perigosos; e 
XXV - exercer o controle ambiental sobre o transporte interestadual, 
fluvial ou terrestre, de produtos perigosos. 
Parágrafo único. O licenciamento dos empreendimentos cuja 
localização compreenda concomitantemente áreas das faixas terrestre 
e marítima da zona costeira será de atribuição da União 
exclusivamente nos casos previstos em tipologia estabelecida por ato 
do Poder Executivo, a partir de proposição da Comissão Tripartite 
Nacional, assegurada a participação de um membro do Conselho 
Nacional do Meio Ambiente (Conama) e considerados os critérios de 
porte, potencial poluidor e natureza da atividade ou 
empreendimento. 
 
Art. 8o São ações administrativas dos Estados: 
V - articular a cooperação técnica, científica e financeira, em apoio às 
Políticas Nacional e Estadual de Meio Ambiente; 
VI - promover o desenvolvimento de estudos e pesquisas direcionados 
à proteção e à gestão ambiental, divulgando os resultados obtidos; 
VIII - prestar informações à União para a formação e atualização do 
Sinima; 
X - definir espaços territoriais e seus componentes a serem 
especialmente protegidos; 
XI - promover e orientar a educação ambiental em todos os níveis de 
ensino e a conscientização pública para a proteção do meio ambiente; 
XII - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, 
métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade 
de vida e o meio ambiente, na forma da lei; 
XIV - promover o licenciamento ambiental de atividades ou 
empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou 
potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar 
degradação ambiental, ressalvado o disposto nos arts. 7o e 9o; 
XV - promover o licenciamento ambiental de atividades ou 
empreendimentos localizados ou desenvolvidos em unidades de 
conservação instituídas pelo Estado, exceto em Áreas de Proteção 
Ambiental (APAs); 
XVI - aprovar o manejo e a supressão de vegetação, de florestas e 
formações sucessoras em: 
a) florestas públicas estaduais ou unidades de conservação do Estado, 
exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); 
b) imóveis rurais, observadas as atribuições previstas no inciso XV do 
art. 7o; e 
c) atividades ou empreendimentos licenciados ou autorizados, 
ambientalmente, pelo Estado; 
XVII - elaborar a relação de espécies da fauna e da flora ameaçadas 
de extinção no respectivo território, mediante laudos e estudos técnico-
científicos, fomentando as atividades que conservem essas 
espécies in situ; 
XVIII - controlar a apanha de espécimes da fauna silvestre, ovos e 
larvas destinadas à implantação de criadouros e à pesquisa científica, 
ressalvado o disposto no inciso XX do art. 7o; 
XIX - aprovar o funcionamento de criadouros da fauna silvestre; 
XXI - exercer o controle ambiental do transporte fluvial e terrestre de 
produtos perigosos, ressalvado o disposto no inciso XXV do art. 7o. 
 
 
14 
 
Art. 9o São ações administrativas dos Municípios: 
II - exercer a gestão dos recursos ambientais no âmbito de suas 
atribuições; 
V - articular a cooperação técnica, científica e financeira, em apoio às 
Políticas Nacional, Estadual e Municipal de Meio Ambiente; 
VI - promover o desenvolvimento de estudos e pesquisas direcionados 
à proteção e à gestão ambiental, divulgando os resultados obtidos; 
IX - elaborar o Plano Diretor, observando os zoneamentos 
ambientais;5 
X- definir espaços territoriais e seus componentes a serem 
especialmente protegidos; 
XI - promover e orientar a educação ambiental em todos os níveis de 
ensino e a conscientização pública para a proteção do meio ambiente; 
XII - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, 
métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade 
de vida e o meio ambiente, na forma da lei; 
XIV - observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas 
nesta Lei Complementar, promover o licenciamento ambiental das 
atividades ou empreendimentos: 
a) que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, 
conforme tipologia definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de 
Meio Ambiente, considerados os critérios de porte, potencial poluidor e 
natureza da atividade; ou 
b) localizados em unidades de conservação instituídas pelo Município, 
exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs); 
XV - observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas 
nesta Lei Complementar, aprovar: 
a) a supressão e o manejo de vegetação, de florestas e formações 
sucessoras em florestas públicas municipais e unidades de 
conservação instituídas pelo Município, exceto em Áreas de Proteção 
Ambiental (APAs); e 
 
Observe a seguinte questão: 
 
A Lei Complementar n. 140 de 2011 fixou normas para a cooperação 
entre os entes da federação nas ações administrativas decorrentes do 
exercício da competência comum relativas ao meio ambiente. Sobre 
esse tema, assinale a afirmativa correta. 
a) Compete à União aprovar o manejo e a supressão de vegetação, 
de florestas e formações sucessoras em Áreas de Preservação 
Ambientais - APAs. 
b) Compete aos Estados e ao Distrito Federal controlar a 
introdução no País de espécies exóticas potencialmente invasoras que 
possam ameaçar os ecossistemas, habitats e espécies nativas. 
c) Compete aos municípios gerir o patrimônio genético e o acesso 
ao conhecimento tradicional associado, respeitadas as atribuições 
setoriais. 
d) Compete à União aprovar a liberação de exemplares de 
espécie exótica da fauna e da flora em ecossistemas naturais 
frágeis ou protegidos. 
 
5 Previsão de instrumento urbanístico dentro da LC que disciplina competência em matéria 
ambiental (meio ambiente urbano) 
 
15 
 
 
Em relação ao enunciado constante na letra “a”, que menciona a 
competência para o manejo de florestas em APAs, o mesmo pode induzir 
facilmente em erro. A LC inclui entre as “ações administrativas da União” a 
aprovação do manejo e a supressão de vegetação, de florestas e formações 
sucessoras” só que em florestas públicas federais, terras devolutas federais ou 
unidades de conservação instituídas pela União, exceto em APAs. Embora, em 
regra, o ente tenha competência para o manejo e licenciamento nas unidades de 
conservação por ele instituídas, a lei, em todas as situações (União, Estado e 
Municípios) afastou essa regra em caso de APAs. O artigo 12 ratifica isso: 
 
Art. 12. Para fins de licenciamento ambiental de atividades ou 
empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou 
potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar 
degradação ambiental, e para autorização de supressão e manejo de 
vegetação, o critério do ente federativo instituidor da unidade de 
conservação não será aplicado às Áreas de Proteção Ambiental 
(APAs). 
Parágrafo único. A definição do ente federativo responsável pelo 
licenciamento e autorização a que se refere o caput, no caso das 
APAs, seguirá os critérios previstos nas alíneas “a”, “b”, “e”, “f” e “h” do 
inciso XIV do art. 7o, no inciso XIV do art. 8o e na alínea “a” do inciso 
XIV do art. 9o. 
 
A APA – Área de Proteção Ambiental é uma espécie de unidade do grupo 
de uso sustentável e está conceituada no art. 15 da Lei 9.985: “A Área de 
Proteção Ambiental é uma área em geral extensa, com um certo grau de 
ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais 
especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das 
populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade 
biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do 
uso dos recursos naturais”. Assim, para fins de licenciamento e autorização de 
supressão ou manejo de vegetação, valem as outras regras de distribuição de 
competência. 
Em relação ao enunciado na letra “b”, fácil constatar a falsidade da 
assertiva quando menciona a competência dos estados para controlar a entrada 
no país (competência federal, portanto) de espécies exóticas. A assertiva “c”, 
 
16 
 
igualmente falsa, afirma que compete aos municípios gerir o patrimônio genético 
e o acesso ao conhecimento tradicional associado, respeitadas as atribuições 
setoriais, pois tal competência é da União, conforme inciso XXIII do caput do art. 
7o da LC no 140, de 8 de dezembro de 2011. 
Outra questão sobre competência material: 
 
Técnicos do IBAMA, autarquia federal, verificaram que determinada 
unidade industrial, licenciada pelo Estado no qual está localizada, está 
causando degradação ambiental significativa, vindo a lavrar auto de 
infração pelos danos cometidos. Sobre o caso apresentado e aplicando 
as regras de licenciamento e fiscalização ambiental previstas na Lei 
Complementar n. 140/2011, assinale a afirmativa correta. 
a) Há irregularidade no licenciamento ambiental, uma vez que em 
se tratando de atividade que cause degradação ambiental significativa, 
o mesmo deveria ser realizado pela União. 
b) É ilegal a fiscalização realizada pelo IBAMA, que só pode 
exercer poder de polícia de atividades licenciadas pela União, em 
sendo a atividade regularmente licenciada pelo Estado. 
c) É possível a fiscalização do IBAMA o qual pode, inclusive, 
lavrar auto de infração, que, porém, não prevalecerá caso o órgão 
estadual de fiscalização também lavre auto de infração. 
d) Cabe somente à União, no exercício da competência de 
fiscalização, adotar medidas para evitar danos ambientais iminentes, 
comunicando imediatamente ao órgão competente, em sendo a 
atividade licenciada pelo Estado. 
 
Esta questão trata da possibilidade de órgão federal fiscalizar e autuar 
empreendimento licenciado pelo Estado. A atividade de fiscalização permanece 
sendo atividade comum dos entes, mas em caso de dupla autuação, permanece 
a competência do órgão competente para licenciar. Tal matéria está disciplinada 
no art. 17: 
 
Art. 17. Compete ao órgão responsável pelo licenciamento ou 
autorização, conforme o caso, de um empreendimento ou atividade, 
lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo 
para a apuração de infrações à legislação ambiental cometidas pelo 
empreendimento ou atividade licenciada ou autorizada. 
§ 1o Qualquer pessoa legalmente identificada, ao constatar infração 
ambiental decorrente de empreendimento ou atividade utilizadores de 
recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores, pode dirigir 
representação ao órgão a que se refere o caput, para efeito do 
exercício de seu poder de polícia. 
§ 2o Nos casos de iminência ou ocorrência de degradação da 
qualidade ambiental, o ente federativo que tiver conhecimento do fato 
deverá determinar medidas para evitá-la, fazer cessá-la ou mitigá-la, 
 
17 
 
comunicando imediatamente ao órgão competente para as 
providências cabíveis. 
§ 3o O disposto no caput deste artigo não impede o exercício pelos 
entes federativos da atribuição comum de fiscalização da 
conformidade de empreendimentos e atividades efetiva ou 
potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais com a 
legislação ambiental em vigor, prevalecendo o auto de infração 
ambiental lavrado por órgão que detenha a atribuição de licenciamento 
ou autorização a que se refere o caput. 
 
Uma terceira e última questão sobre competência material nas provas 
elaboradas pela FGV: 
 
O Município Z deseja implementar política pública ambiental, no 
sentido de combatera poluição das vias públicas. Sobre as 
competências ambientais distribuídas pela Constituição, assinale a 
afirmativa correta. 
a) União, Estados, Distrito Federal e Municípios têm 
competência material ambiental comum, devendo leis 
complementares fixar normas de cooperação entre os entes. 
b) Em relação à competência material ambiental, em não sendo 
exercida pela União e nem pelo Estado, o Município pode exercê-la 
plenamente. 
c) O Município só pode exercer sua competência material 
ambiental nos limites das normas estaduais sobre o tema. 
d) O Município não tem competência material em direito ambiental, 
por falta de previsão constitucional, podendo, porém, praticar atos por 
delegação da União ou do Estado. 
 
Das três questões sobre este tema, esta é a mais simples, pois a assertiva 
“a” reproduz o texto do art. 23 da CF. Em relação a letra “d”, a assertiva é falsa 
pois contraria o texto do art. 23. Em relação a letra “b” a assertiva é falsa quando 
afirma que o município poderá exercer a competência material de forma plena, 
pois a LC 140 distribuiu, conforme visto, as ações administrativas de cada ente. 
Já a letra “c” é falsa quando afirma que lei estadual definirá a competência 
municipal, pois a distribuição de competência é matéria constitucional. 
 
Competência legislativa 
 
A competência legislativa, por sua vez, é do tipo concorrente, nos termos 
do art. 24 da CF. 
 
 
18 
 
Em outro modo de dizer, na legislação concorrente ocorre 
prevalência da União no que concerne à regulação de aspectos de 
interesse nacional, com o estabelecimento de normas gerais 
endereçadas a todo o território nacional, as quais, como é óbvio, 
não podem ser contrariadas por normas estaduais ou municipais. 
Assim, a União legislará e atuará em face de questões de interesse 
nacional, enquanto os Estados o farão diante de problemas regionais, 
e os municípios apenas diante de temas de interesse estritamente 
local. Por outro lado, para que não haja “espaços brancos”, caso a 
União não legisle sobre as normas gerais, poderão os estados ocupar 
o vazio, exercendo a competência legislativa plena para atender as 
suas peculiaridades (art. 24, § 3º). Todavia, a superveniência de lei 
federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no 
que lhe for contrário (art. 24, § 4º) (MILARÉ, 2011, p. 227). 
 
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar 
concorrentemente sobre: 
V - produção e consumo; 
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do 
solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da 
poluição; 
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e 
paisagístico; 
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a 
bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e 
paisagístico; 
§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União 
limitar-se-á a estabelecer normas gerais. 
§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não 
exclui a competência suplementar dos Estados. 
§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão 
a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. 
§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a 
eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário. 
Art. 30. Compete aos Municípios: 
I - legislar sobre assuntos de interesse local; 
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; 
 
Veja as questões do exame de ordem sobre competência legislativa: 
 
Em determinado Estado da federação é proposta emenda à 
Constituição, no sentido de submeter todos os Relatórios de Impacto 
Ambiental à comissão permanente da Assembleia Legislativa. Com 
relação ao caso proposto, assinale a afirmativa correta. 
a) Os Relatórios e os Estudos de Impacto Ambiental são realizados 
exclusivamente pela União, de modo que a Assembleia Legislativa não 
é competente para analisar os Relatórios. 
b) A análise e a aprovação de atividade potencialmente 
causadora de risco ambiental são consubstanciadas no poder de 
polícia, não sendo possível a análise do Relatório de Impacto 
Ambiental pelo Poder Legislativo. 
c) A emenda é constitucional, desde que de iniciativa parlamentar, 
uma vez que incumbe ao Poder Legislativo a direção superior da 
 
19 
 
Administração Pública, incluindo a análise e a aprovação de atividades 
potencialmente poluidoras. 
d) A emenda é constitucional, desde que seja de iniciativa do 
Governador do Estado, que detém competência privativa para iniciativa 
de emendas sobre organização administrativa, judiciária, tributária e 
ambiental do Estado. 
 
O estado Y pretende melhorar a qualidade do ar e da água em certa 
região que compõe o seu território, a qual é abrangida por quatro 
municípios. Considerando o caso, assinale a alternativa que indica a 
medida que o estado Y deve adotar. 
a) Instituir Região Metropolitana por meio de lei ordinária, a qual 
retiraria as competências dos referidos municípios para disciplinar as 
matérias. 
b) Por iniciativa da Assembleia Estadual, editar lei definindo a 
região composta pelos municípios como área de preservação 
permanente, estabelecendo padrões ambientais mínimos, de acordo 
com o plano de manejo. 
c) Editar lei complementar, de iniciativa do Governador do estado, 
a qual imporá níveis de qualidade a serem obedecidos pelos 
municípios, sob controle e fiscalização do órgão ambiental estadual. 
d) Incentivar os municípios que atingirem as metas ambientais 
estipuladas em lei estadual, por meio de distribuição de parte do 
ICMS arrecadado, nos limites constitucionalmente autorizados. 
 
Esta última questão não versa exclusivamente sobre direito ambiental. A 
assertiva correta está fundamentada no Título VI da CF “da tributação e do 
orçamento”, especificamente no art. 158, que trata do percentual de ICMS 
pertencente ao município. Assim, os estados podem instituir “ICMS verde ou 
ecológico” como forma de incentivo aos municípios para o atingimento de metas 
ambientais. A alternativa “A” está errada pois os Estados podem instituir regiões 
metropolitanas, todavia mediante lei complementar (art. 25, § 3.º, da CF/1988), 
mas isso não retira a competência dos Municípios para disciplinar matérias de 
interesse local e para suplementar legislação federal/estadual no que couber 
(art. 30, I e II da CF/1988). A alternativa “B” está errada pois são áreas de 
preservação permanente aquelas previstas no Código Florestal (art. 4º) e 
aquelas declaradas de interesse social por ato do Chefe do Poder Executivo (art. 
6º). 
 
 
 
 
 
20 
 
3. Princípios Ambientais 
 
Milaré, citando Celso Antonio Bandeira de Mello, afirma que “violar um 
princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer. A desatenção 
ao princípio implica ofensa não apenas a um específico mandamento obrigatório, 
mas a todo o sistema de comandos” (MILARÉ, 2011, p. 1064). A doutrina 
enumera diversos princípios, às vezes específicos de direito ambiental, em 
outros princípios gerais de direito aplicáveis ao Direito Ambiental. Destaca-se os 
seguintes princípios: 
 
Princípio da solidariedade intergeracional. 
 
A Declaração sobre Meio Ambiente Humano (1972) estabeleceu em seu 
princípio 2 que o meio ambiente deve ser preservado em benefício das gerações 
atuais e futuras. 
 
Princípios da prevenção e da precaução 
 
Importa destacar que os objetivos do Direito ambiental são 
fundamentalmente preventivos. A degradação ambiental é de difícil, às vezes 
impossível reparação. A prevenção trata de riscos e impactos já conhecidos pela 
ciência, já o princípio da precaução visa proteger o meio ambiente dos impactos 
desconhecidos. Assim, ao determinar que certas atividades necessitam de 
estudo prévio de impacto ambiental, o legislador já tinha conhecimento do 
potencial poluidor dessas atividades. Neste sentido, a seguinte questão do 
Exame de Ordem: 
 
Na perspectivada tutela do direito difuso ao meio ambiente, o 
ordenamento constitucional exigiu o estudo de impacto ambiental para 
instalação e desenvolvimento de certas atividades. Nessa perspectiva, 
o estudo prévio de impacto ambiental está concretizado no princípio 
a) da precaução. 
b) da prevenção. 
c) da vedação ao retrocesso. 
do poluidor-pagador. 
 
21 
 
 
Princípio do Poluidor-pagador 
 
O princípio do poluidor-pagador está relacionado aos custos externos do 
processo produtivo, que atingem à coletividade. “O princípio não se limita a 
tolerar a poluição mediante um preço, nem se limita a compensar os danos 
causados, mas evitar o dano ao meio ambiente (CAPELLI, STEIGLEDER e 
MARCHESAN, 2007, p. 24). 
 
Princípio da função social e ambiental da propriedade 
 
A função social da propriedade foi reconhecida expressamente pela 
Constituição de 1988, nos arts. 5º, inc. XXIII, 170, inc. III e 186, inc. II. Quando 
se diz que a propriedade tem uma função social, está se afirmando que ao 
proprietário se garante os direitos inerentes ao uso e à disposição da coisa, 
desde que cumpra sua função social e ambiental. Nesses termos, ao estabelecer 
no art. 186, inc. II, que a propriedade rural cumpre a sua função social quando 
atende, entre outros requisitos, à preservação do meio ambiente, a Constituição 
está impondo ao proprietário rural o dever de exercer o seu direito de 
propriedade em conformidade com a preservação da qualidade ambiental. 
 
Princípio do usuário-pagador 
 
Esse princípio complementa o princípio do poluidor-pagador. Ele 
estabelece que o usuário deve pagar por sua utilização. “A ideia é de definição 
de valor econômico ao bem natural com o intuito de racionalizar o seu uso e 
evitar seu desperdício”. (THOMÉ, 2018, p. 74) 
 
4. Responsabilidade Civil por dano ao meio ambiente 
 
Segundo parágrafo 3º, do art. 225, da CF, as condutas e atividades 
consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas 
 
22 
 
ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da 
obrigação de reparar os danos causados. A reparação dos danos se dá através 
da responsabilização civil. Para a devida compreensão da ações que podem 
configurar dano ao meio ambiente, impõe-se a retomada do conceito de meio 
ambiente, conforme artigo 3º, inciso I, da Lei nº6.938/81: meio ambiente é o 
conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e 
biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas. O art. 3º 
não elencou os elementos corpóreos que compõem o meio ambiente e, assim o 
fazendo, considerou-o um bem incorpóreo e imaterial. 
Assim, conforme o conceito de José Afonso da Silva, meio ambiente é a 
a interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que 
propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas. 
O dano ao meio ambiente, portanto, é um dano ao macrobem ambiental, em uma 
visão globalizada e integrada. Desta forma, quando se fala na proteção da fauna, 
da flora, do ar, da água e do solo, por exemplo, não se busca exclusivamente a 
proteção desses elementos em si, mas deles como elementos indispensáveis à 
proteção do meio ambiente como bem imaterial. 
Segundo o art. 3º, V, da Lei nº 6.938/81, recursos ambientais são a 
atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar 
territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora. Estes 
elementos podem ser chamados de microbens ambientais, são os elementos 
que integram o macrobem. O microbem ambiental pode ter o regime de sua 
propriedade variado (público ou privado). 
Dano é a lesão a interesses juridicamente protegidos e dano ambiental é 
a lesão ao direito fundamental que todos têm de gozar e aproveitar do meio 
ambiente apropriado. 
O dano ambiental pode ser ecológico puro, que é aquele que atinge aos 
componentes essenciais do ecossistema. Pode ser em sentido amplo (lato 
sensu) quando atinge a qualquer componente do meio ambiente, inclusive o 
cultural e construído; ainda pode ser individual ambiental ou reflexo, que é aquele 
que atinge interesses próprios do lesado (referentes ao microbem). 
 
23 
 
Quanto à reparabilidade ela pode se dar de forma direta, quando o dano 
é individual (o interessado que sofreu o dano será diretamente indenizado) ou 
de forma indireta, quando diz respeito a interesses difusos e coletivos, nestes 
casos a indenização é revertida a um fundo de proteção de interesses difusos. 
O dano também pode se patrimonial, que possibilita a restituição, 
recuperação ou indenização do bem ambiental lesado; ou extrapatrimonial 
(moral) ambiental que é todo prejuízo não patrimonial ocasionado à sociedade 
ou ao indivíduo e deve ser compensado pecuniariamente. 
A responsabilidade por danos causados ao meio ambiente é objetiva 
porque, segundo Milaré, “a expansão das atividades econômicas da chamada 
sociedade de risco – marcada pelo consumo de massa e pela desenfreada 
utilização dos recursos naturais – haveria de exigir um tratamento da matéria 
com o viés de um novo Direito, e não pelos limites da ótica privada tradicional”. 
Também segundo o art. 927, § único, do Código Civil, a responsabilidade 
será objetiva quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano 
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. Na responsabilidade 
do tipo objetiva, basta a prova da ocorrência do dano e do vínculo causal com o 
desenvolvimento – ou mera existência – de uma determinada atividade. Não se 
investiga culpabilidade, como negligência, imprudência ou imperícia. Segundo a 
Lei nº 6.938/81, 
 
Art 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, 
estadual e municipal, o não cumprimento das medidas necessárias à 
preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela 
degradação da qualidade ambiental sujeitará os transgressores: 
§ 1º - Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste 
artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de 
culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio 
ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério 
Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação 
de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio 
ambiente. 
 
Conforme o art. 14, § 1º, a responsabilidade se dá independentemente de 
culpa, mesmo quando o dano é causado a terceiros (reflexo ou ricochete). 
Sabe-se, contudo, que nem toda a utilização de recurso ambiental pode 
ser considerada dano ao meio ambiente. Dano é apenas a conduta antijurídica 
 
24 
 
suscetível de reparação, aquela que ultrapassa os limites de segurança e 
acarreta perda do equilíbrio ambiental. O conceito de poluição, constante no art. 
3º, da Lei nº 6.938/81, também é utilizado como parâmetro para identificação de 
um dano ao meio ambiente. 
 
III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de 
atividades que direta ou indiretamente: 
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; 
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; 
c) afetem desfavoravelmente a biota; 
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; 
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões 
ambientais estabelecidos; 
 
O nexo de causalidade é de difícil identificação nos danos ambientais, 
seja pela concomitância de agentes poluidores, pela complexidade das causas 
ou pela distância entre o agente causador e o dano. Assim, alguns doutrinadores 
entendem que o princípio que norteia a inversão do ônus da prova no direito do 
consumidor é, em tese, aplicável à responsabilidade civil por danos ambientais, 
pois as razões que a justificam são comuns em ambos os casos. 
Em relação aos danos ambientais, tema recorrente nas provas da ordem 
é a chamada obrigação “propter rem”. “Propter rem” significa em razão da coisa, 
ouseja, quem se beneficia da degradação ambiental alheia, a agrava ou lhe dá 
continuidade não é menos degradador. Por isso responsabiliza-se o novo 
proprietário pela cura do malfeito do seu antecessor. Isso vale para o 
desmatamento, para a poluição das águas e a erosão do solo (Herman 
Benjamin). 
O sujeito responsável pela reparação do dano ambiental é o poluidor, 
segundo a Lei nº 6.938/81, 
 
Art 3º - Para os fins previstos nesta Lei, entende-se por: 
IV - poluidor, a pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, 
responsável, direta ou indiretamente, por atividade causadora de 
degradação ambiental; 
 
Da responsabilização objetiva, fundamentada na teoria do risco, decorrem 
algumas consequências: a) prescindibilidade de investigação de culpa; b) 
 
25 
 
irrelevância da licitude da atividade; c) inaplicabilidade de algumas excludentes 
tradicionais e de cláusula de não indenizar e; d) responsabilidade solidária (art. 
942 do Código Civil). 
A Lei nº 8.884/1994, em seu art. 88, alterou o caput do art. 1º da Lei 
7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública), ensejando que também os danos morais 
coletivos fossem objeto das ações de responsabilidade civil em matéria de tutela 
de interesses transindividuais. Veja questões sobre responsabilidade civil por 
dano ambiental: 
 
João adquiriu em maio de 2000 um imóvel em área rural, banhado pelo 
Rio Formoso. Em 2010, foi citado para responder a uma ação civil 
pública proposta pelo Município de Belas Veredas, que o 
responsabiliza civilmente por ter cometido corte raso na mata ciliar da 
propriedade. João alega que o desmatamento foi cometido pelo antigo 
proprietário da fazenda, que já praticava o plantio de milho no local. Em 
razão do exposto, é correto afirmar que 
a) por dano ambiental é objetiva, mas, como não há nexo de 
causalidade entre a ação do novo proprietário e o corte raso na área, 
verifica-se a excludente de responsabilidade, e João não será obrigado 
a reparar o dano. 
b) a responsabilidade civil por dano ambiental difuso prescreve em 
cinco anos por força da Lei 9.873/99. Logo, João não será obrigado a 
reparar o dano. 
c) João será obrigado a recuperar a área, mas, como não poderá 
mais utilizá-la para o plantio do milho, terá direito a indenização, a ser 
paga pelo Poder Público, por força do princípio do protetor-recebedor. 
d) a manutenção de área de mata ciliar é obrigação propter 
rem; sendo obrigação de conservação, é automaticamente 
transferida do alienante ao adquirente. Logo, João terá que 
reparar a área. 
 
João, militante ambientalista, adquire chácara em área rural já 
degradada, com o objetivo de cultivar alimentos orgânicos para 
consumo próprio. Alguns meses depois, ele é notificado pela 
autoridade ambiental local de que a área é de preservação 
permanente. Sobre o caso, assinale a afirmativa correta. 
a) João é responsável pela regeneração da área, mesmo não 
tendo sido responsável por sua degradação, uma vez que se trata 
de obrigação propter rem. 
b) João somente teria a obrigação de regenerar a área caso 
soubesse do dano ambiental cometido pelo antigo proprietário, em 
homenagem ao princípio da boa-fé. 
c) O único responsável pelo dano é o antigo proprietário, causador 
do dano, uma vez que João não pode ser responsabilizado por ato 
ilícito que não cometeu. 
d) Não há responsabilidade do antigo proprietário ou de João, mas 
da Administração Pública, em razão da omissão na fiscalização 
ambiental quando da transmissão da propriedade. 
 
 
26 
 
No curso de obra pública, a Administração Pública causa dano em local 
compreendido por área de preservação permanente. Sobre o caso 
apresentado, assinale a opção que indica de quem é a 
responsabilidade ambiental. 
a) Em se tratando de área de preservação permanente, que 
legalmente é de domínio público, o ente só responde pelos danos 
ambientais nos casos de atuação com dolo ou grave. 
b) Em se tratando de área de preservação permanente, a 
Administração Pública responderá de forma objetiva pelos danos 
causados ao meio ambiente, independentemente das 
responsabilidades administrativa e penal. 
c) Em se tratando de dano ambiental com área de preservação 
permanente, a Administração Pública não tem responsabilidade, sob 
pena de confusão, recaindo sobre o agente público causador do dano, 
independentemente das responsabilidades administrativa e penal. 
d) Trata-se de caso de responsabilidade subjetiva solidária de 
todos aqueles que contribuíram para a prática do dano, inclusive do 
agente público que determinou a prática do ato. 
 
Prescrição nas ações de responsabilidade civil 
 
Sobre a prescrição nas ações cíveis por dano ambiental, tem entendido o 
STJ que quando o objeto da ação é a proteção ao meio-ambiente, enquanto bem 
fundamental à preservação da vida, da saúde, do trabalho e do lazer, entende-
se pela imprescritibilidade do pedido de reparação de danos ambientais. Já às 
pretensões indenizatórias que buscam a reparação de lesão individual causada 
de forma indireta pela poluição ou pela degradação ambiental, o prazo 
prescricional aplicável é o do Código Civil, pois o bem jurídico tutelado é 
eminentemente privado. Neste caso, o prazo prescricional a ser observado é o 
trienal (art. 206, § 3º, V, do CC de 2002). 
 
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO (ART. 544 DO CPC) - AÇÃO 
DE INDENIZAÇÃO 
- DANO AMBIENTAL - PRESCRIÇÃO - DECISÃO MONOCRÁTICA 
QUE NEGOU 
PROVIMENTO AO RECLAMO. 
INSURGÊNCIA DOS DEMANDADOS. 
1. O termo inicial do prazo prescricional para a propositura da 
ação de indenização por dano pessoal em razão do 
desenvolvimento de doença grave decorrente de contaminação 
do solo e das águas subterrâneas é a data da ciência inequívoca 
dos efeitos danosos à saúde, e não a do acidente ambiental. (REsp 
1483486) 
 
(REsp 1346489 (2012/0098444-1 - 26/08/2013) 
Da prescrição no dano ambiental. 
 
27 
 
Há tempos esta Corte Superior vem firmando entendimento de que o 
direito ao pedido de reparação de danos ambientais (macrobem 
ambiental) está protegido pelo manto da imprescritibilidade, por 
se tratar de direito inerente à vida, fundamental e essencial a 
afirmação dos povos, independentemente de estar expresso ou não 
em texto legal. É o que se extrai dos seguintes precedentes: 
"ADMINISTRATIVO E PROCESSO CIVIL - DIREITO AMBIENTAL- 
AÇÃO CIVIL PÚBLICA – COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL – 
IMPRESCRITIBILIDADE DA REPARAÇÃO DO DANO AMBIENTAL – 
PEDIDO GENÉRICO – ARBITRAMENTO DO QUANTUM DEBEATUR 
NA SENTENÇA: REVISÃO, POSSIBILIDADE - SÚMULAS 284/STF E 
7/STJ. (...) 5. Tratando-se de direito difuso, a reparação civil assume 
grande amplitude, com profundas implicações na espécie de 
responsabilidade do degradador que é objetiva, fundada no simples 
risco ou no simples fato da atividade danosa, independentemente da 
culpa do agente causador do dano. 6. O direito ao pedido de 
reparação de danos ambientais, dentro da logicidade 
hermenêutica, está protegido pelo manto da imprescritibilidade, 
por se tratar de direito inerente à vida, fundamental e essencial à 
afirmação dos povos, independentemente de não estar expresso 
em texto legal. 7. Em matéria de prescrição cumpre distinguir qual o 
bem jurídico tutelado: se eminentemente privado seguem-se os prazos 
normais das ações indenizatórias; se o bem jurídico é indisponível, 
fundamental, antecedendo a todos os demais direitos, pois sem ele não 
há vida, nem saúde, nem trabalho, Documento: 25083998 - 
RELATÓRIO E VOTO - Site certificado Página 1 1 de 16 Superior 
Tribunal de Justiça nem lazer, considera-se imprescritível o direito à 
reparação. 8. O dano ambiental inclui-se dentre os direitos 
indisponíveis e como tal está dentre os poucos acobertados pelo manto 
da imprescritibilidade a ação que visa reparar o dano ambiental. (...) 
11. Recurso especial parcialmente conhecido e não provido" (REsp 
1.120.117/AC, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, 
julgado em 10/11/2009, DJe 19/11/2009 - grifou-se). 
[...]Por outro lado, no caso de danos ambientais individuais(microbem ambiental), não obstante a matéria ainda gerar certas 
incertezas jurídicas, doutrina e jurisprudência vêm se firmando no 
sentido de ser aplicado o instituto da prescrição, haja vista 
afetarem a pessoa e a seu bem, isto é, tem titularidade definida 
(REsp 1.120.117/AC, Rel. Min. Eliana Calmon, DJe 19/11/2009). 
Tais danos, portanto, têm suas normas regidas pela legislação 
civil. Assim, na vigência do Código Civil de 1916, o prazo 
prescricional aplicável às pretensões indenizatórias era de vinte 
anos, previsto no artigo 177, porquanto ação pessoal. Com a 
vigência do novo Código Civil, houve a redução do prazo para três 
anos para as demandas de reparação civil (artigo 206, § 3º, inciso 
V). 
 
5. Sistema Nacional de Unidades de Conservação (e 
compensação ambiental) 
 
Nas provas elaboradas pela Fundação Getúlio Vargas, este tema consta 
em diversas questões. Impõe-se, assim, o seu estudo com a devida atenção. O 
 
28 
 
art. 225 da CF, em seu parágrafo 1º, inciso III, informa que para assegurar a 
efetividade do direito previsto no caput, incumbe ao Poder Público criar espaços 
territoriais a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e supressão 
permitidas somente por meio de lei. 
José Eduardo Ramos Rodrigues (2005) em obra específica sobre o 
SNUC, destaca os ideários distintos que exerceram influência na criação da lei. 
Essa informação nos auxilia na compreensão das diversas espécies de unidades 
de conservação. 
 
Como vimos, a elaboração da Lei do SNUC foi influenciada 
primordialmente por dois grupos de ambientalistas: 
• Os conservacionistas, cuja visão de proteção ambiental é 
derivada do ideário do Estado Social, defensores do modelo de 
Unidades de Conservação de Proteção Integral ou de Uso Indireto. 
• Os socioambientalistas, cuja visão de proteção ambiental é 
derivada do ideário do neoliberalismo, defensores do modelo de 
Unidades de Conservação de Uso Sustentável ou de Uso Direto. 
 
Identifica-se facilmente a fusão desses dois ideários nos objetivos 
constantes no art. 4º da Lei. De acordo com os princípios, as unidades de 
conservação dividem-se em dois grupos: Unidades de Proteção Integral e 
Unidades de Uso Sustentável. 
 
Unidades de Proteção Integral Unidades de Uso Sustentável 
Estação Ecológica Área de Proteção Ambiental 
Reserva Biológica Área de Relevante Interesse Ecológico 
Parque Nacional Floresta Nacional 
Monumento Natural Reserva Extrativista 
Refúgio de Vida Silvestre Reserva de Fauna 
 Reserva de Desenvolvimento 
Sustentável 
 Reserva Particular do Patrimônio Natural 
 
Síntese de características das UCs de proteção integral: 
 
 
29 
 
Espécie Objetivos 
Estação Ecológica A Estação Ecológica tem como objetivo a 
preservação da natureza e a realização 
de pesquisas científicas 
Reserva Biológica A Reserva Biológica tem como objetivo a 
preservação integral da biota e demais 
atributos naturais existentes em seus 
limites, sem interferência humana 
direta ou modificações ambientais, 
excetuando-se as medidas de 
recuperação de seus ecossistemas 
alterados e as ações de manejo 
necessárias para recuperar e preservar o 
equilíbrio natural, a diversidade biológica 
e os processos ecológicos naturais 
Parque Nacional O Parque Nacional tem como objetivo 
básico a preservação de ecossistemas 
naturais de grande relevância ecológica e 
beleza cênica, possibilitando a 
realização de pesquisas científicas e o 
desenvolvimento de atividades de 
educação e interpretação ambiental, 
de recreação em contato com a 
natureza e de turismo ecológico 
Monumento Natural O Monumento Natural tem como objetivo 
básico preservar sítios naturais raros, 
singulares ou de grande beleza cênica 
Refúgio da Vida Silvestre O Refúgio de Vida Silvestre tem como 
objetivo proteger ambientes naturais 
onde se asseguram condições para a 
existência ou reprodução de espécies ou 
comunidades da flora local e da fauna 
residente ou migratória 
 
 
30 
 
 
Quanto à visitação 
É proibida a visitação pública, exceto 
quando com objetivo educacional. 
• Estação Ecológica 
• Reserva Biológica 
A visitação pública está sujeita às 
condições e restrições estabelecidas no 
Plano de Manejo da unidade 
• Monumento Natural 
• Parque Nacional 
• Refúgio da Vida Silvestre 
Quanto à pesquisa científica 
A pesquisa científica depende de 
autorização prévia do órgão responsável 
pela administração da unidade 
• Estação Ecológica 
• Reserva Biológica 
• Parque Nacional 
• Refúgio da Vida Silvestre 
 
Síntese de características das UCs de Uso Sustentável: 
 
Espécie Objetivos 
Área de Proteção Ambiental A Área de Proteção Ambiental é uma 
área em geral extensa, com um certo 
grau de ocupação humana, dotada de 
atributos abióticos, bióticos, estéticos ou 
culturais especialmente importantes para 
a qualidade de vida e o bem-estar das 
populações humanas, e tem como 
objetivos básicos proteger a diversidade 
biológica, disciplinar o processo de 
ocupação e assegurar a sustentabilidade 
do uso dos recursos naturais 
Área de Relevante Interesse Ecológico A Área de Relevante Interesse Ecológico 
é uma área em geral de pequena 
extensão, com pouca ou nenhuma 
ocupação humana, com características 
naturais extraordinárias ou que abriga 
 
31 
 
exemplares raros da biota regional, e tem 
como objetivo manter os ecossistemas 
naturais de importância regional ou local 
e regular o uso admissível dessas áreas, 
de modo a compatibilizá-lo com os 
objetivos de conservação da natureza 
Floresta Nacional A Floresta Nacional é uma área com 
cobertura florestal de espécies 
predominantemente nativas e tem 
como objetivo básico o uso múltiplo 
sustentável dos recursos florestais e a 
pesquisa científica, com ênfase em 
métodos para exploração sustentável de 
florestas nativas 
Reserva Extrativista A Reserva Extrativista é uma área 
utilizada por populações extrativistas 
tradicionais, cuja subsistência baseia-
se no extrativismo e, 
complementarmente, na agricultura de 
subsistência e na criação de animais de 
pequeno porte, e tem como objetivos 
básicos proteger os meios de vida e a 
cultura dessas populações, e assegurar o 
uso sustentável dos recursos naturais da 
unidade. 
Reserva de Fauna A Reserva de Fauna é uma área natural 
com populações animais de espécies 
nativas, terrestres ou aquáticas, 
residentes ou migratórias, adequadas 
para estudos técnico-científicos sobre 
o manejo econômico sustentável de 
recursos faunísticos. 
Reserva de Desenvolvimento 
Sustentável 
A Reserva de Desenvolvimento 
Sustentável é uma área natural que 
 
32 
 
abriga populações tradicionais, cuja 
existência baseia-se em sistemas 
sustentáveis de exploração dos 
recursos naturais, desenvolvidos ao 
longo de gerações e adaptados às 
condições ecológicas locais e que 
desempenham um papel fundamental na 
proteção da natureza e na manutenção 
da diversidade biológica. 
Reserva Particular do Patrimônio Natural A Reserva Particular do Patrimônio 
Natural é uma área privada, gravada 
com perpetuidade, com o objetivo de 
conservar a diversidade biológica. 
 
Das disposições comuns sobre criação, implantação e gestão da UCs: 
 
Art. 22. As unidades de conservação são criadas por ato do Poder 
Público. 
§2º A criação de uma unidade de conservação deve ser precedida 
de estudos técnicos e de consulta pública que permitam identificar 
a localização, a dimensão e os limites mais adequados para a unidade, 
conforme se dispuser em regulamento. 
§ 3o No processo de consulta de que trata o § 2o, o Poder Público é 
obrigado a fornecer informações adequadas e inteligíveis à população 
local e a outras partes interessadas. 
§ 4o Na criação de Estação Ecológica ou Reserva Biológica não é 
obrigatória a consulta de que trata o § 2o deste artigo. 
§ 5o As unidades de conservação do grupo de Uso Sustentável 
podem ser transformadas total ou parcialmente em unidades do 
grupo de Proteção Integral, por instrumento normativo do mesmonível hierárquico do que criou a unidade, desde que obedecidos 
os procedimentos de consulta estabelecidos no § 2o deste artigo. 
§ 6o A ampliação dos limites de uma unidade de conservação, sem 
modificação dos seus limites originais, exceto pelo acréscimo 
proposto, pode ser feita por instrumento normativo do mesmo nível 
hierárquico do que criou a unidade, desde que obedecidos os 
procedimentos de consulta estabelecidos no § 2o deste artigo. 
 
Zona de amortecimento é o entorno de uma unidade de conservação, 
onde as atividades humanas estão sujeitas a normas e restrições específicas, 
com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade. 
 
 
33 
 
Art. 25. As unidades de conservação, exceto Área de Proteção 
Ambiental e Reserva Particular do Patrimônio Natural, devem 
possuir uma zona de amortecimento e, quando conveniente, 
corredores ecológicos. 
§ 1o O órgão responsável pela administração da unidade estabelecerá 
normas específicas regulamentando a ocupação e o uso dos recursos 
da zona de amortecimento e dos corredores ecológicos de uma 
unidade de conservação. 
§ 2o Os limites da zona de amortecimento e dos corredores ecológicos 
e as respectivas normas de que trata o § 1o poderão ser definidas no 
ato de criação da unidade ou posteriormente. 
 
A Lei do SNUC também criou a compensação ambiental, uma 
consequência da aplicação do princípio do usuário-pagador. “Como os recursos 
naturais são bens da coletividade, o seu uso há de garantir uma compensação 
financeira revertida para ela própria, desimportando ter havido ou não efetivo 
dano ao meio ambiente” (THOMÉ, 2018, p. 434). 
 
Art. 36. Nos casos de licenciamento ambiental de empreendimentos de 
significativo impacto ambiental, assim considerado pelo órgão 
ambiental competente, com fundamento em estudo de impacto 
ambiental e respectivo relatório - EIA/RIMA, o empreendedor é 
obrigado a apoiar a implantação e manutenção de unidade de 
conservação do Grupo de Proteção Integral, de acordo com o 
disposto neste artigo e no regulamento desta Lei. 
 § 1o O montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor para 
esta finalidade não pode ser inferior a meio por cento dos custos totais 
previstos para a implantação do empreendimento, sendo o percentual 
fixado pelo órgão ambiental licenciador, de acordo com o grau de 
impacto ambiental causado pelo empreendimento. (Vide ADIN nº 
3.378-6, de 2008) 
§ 2o Ao órgão ambiental licenciador compete definir as unidades de 
conservação a serem beneficiadas, considerando as propostas 
apresentadas no EIA/RIMA e ouvido o empreendedor, podendo 
inclusive ser contemplada a criação de novas unidades de 
conservação. 
§ 3o Quando o empreendimento afetar unidade de conservação 
específica ou sua zona de amortecimento, o licenciamento a que se 
refere o caput deste artigo só poderá ser concedido mediante 
autorização do órgão responsável por sua administração, e a unidade 
afetada, mesmo que não pertencente ao Grupo de Proteção Integral, 
deverá ser uma das beneficiárias da compensação definida neste 
artigo. 
 
A Confederação Nacional da Indústria ingressou com Ação Direta de 
Inconstitucionalidade (ADIN nº 3.378-6 de 2008) do art. 36. 
 
 
34 
 
Ementa 
 
EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 36 E 
SEUS §§ 1º, 2º E 3º DA LEI Nº 9.985, DE 18 DE JULHO DE 2000. 
CONSTITUCIONALIDADE DA COMPENSAÇÃO DEVIDA PELA 
IMPLANTAÇÃO DE EMPREENDIMENTOS DE SIGNIFICATIVO 
IMPACTO AMBIENTAL. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL DO § 
1º DO ART. 36. 
1. O compartilhamento-compensação ambiental de que trata o art. 36 
da Lei nº 9.985/2000 não ofende o princípio da legalidade, dado haver 
sido a própria lei que previu o modo de financiamento dos gastos com 
as unidades de conservação da natureza. De igual forma, não há 
violação ao princípio da separação dos Poderes, por não se tratar de 
delegação do Poder Legislativo para o Executivo impor deveres aos 
administrados. 
2. Compete ao órgão licenciador fixar o quantum da compensação, de 
acordo com a compostura do impacto ambiental a ser dimensionado 
no relatório - EIA/RIMA. 
3. O art. 36 da Lei nº 9.985/2000 densifica o princípio usuário-pagador, 
este a significar um mecanismo de assunção partilhada 
da responsabilidade social pelos custos ambientais derivados da 
atividade econômica. 
4. Inexistente desrespeito ao postulado da razoabilidade. 
Compensação ambiental que se revela como instrumento adequado à 
defesa e preservação do meio ambiente para as presentes e futuras 
gerações, não havendo outro meio eficaz para atingir essa finalidade 
constitucional. 
Medida amplamente compensada pelos benefícios que sempre 
resultam de um meio ambiente ecologicamente garantido em sua 
higidez. 
5. Inconstitucionalidade da expressão “não pode ser inferior a 
meio por cento dos custos totais previstos para a implantação do 
empreendimento”, no § 1º do art. 36 da Lei nº 9.985/2000. O valor 
da compensação-compartilhamento é de ser fixado 
proporcionalmente ao impacto ambiental, após estudo em que se 
assegurem o contraditório e a ampla defesa. Prescindibilidade da 
fixação de percentual sobre os custos do empreendimento. 
6. Ação parcialmente procedente. 
 
Entendeu o STF, portanto, que a lei impugnada não ofendia o princípio da 
legalidade ou o da independência dos Poderes. Contudo, os ministros 
entenderam inconstitucionais as expressões “não pode ser inferior a meio por 
cento dos custos totais previstos para a implantação do empreendimento” e o 
“percentual” constante no parágrafo 1º do artigo 36. 
Após a análise dos tópicos acima, verifique as seguintes questões: 
 
Com relação ao sistema nacional de unidades de conservação, 
assinale a alternativa correta. 
a) As unidades de conservação do grupo de proteção integral são 
incompatíveis com as atividades humanas; logo, não se admite seu uso 
 
35 
 
econômico direto ou indireto, não podendo o Poder Público cobrar 
ingressos para a sua visitação. 
b) A ampliação dos limites de uma unidade de conservação, sem 
modificação dos seus limites originais, exceto pelo acréscimo proposto, 
pode ser feita por instrumento normativo do mesmo nível hierárquico 
do que criou a unidade. O Poder Público está dispensado de promover 
consulta pública e estudos técnicos novos, bastando a reanálise dos 
documentos que fundamentaram a criação da unidade de 
conservação. 
c) O parque nacional é uma unidade de conservação do grupo de 
proteção integral, de posse e domínios públicos. É destinado à 
preservação ambiental e ao lazer e à educação ambiental da 
população; logo, não se admite seu uso econômico direto ou indireto, 
não podendo o Poder Público cobrar ingressos para a sua visitação. 
d) As unidades de conservação do grupo de Uso Sustentável 
podem ser transformadas total ou parcialmente em unidades do 
grupo de Proteção Integral, por instrumento normativo do mesmo 
nível hierárquico do que criou a unidade, desde que respeitados 
os procedimentos de consulta pública e estudos técnicos. 
 
 
A Lei 9.985/2001, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de 
Conservação – SNUC, previu que as unidades de conservação devem 
dispor de uma zona de amortecimento definida no plano de manejo. A 
esse respeito, assinale a alternativa correta. 
a) Os parques, como unidades de conservação de uso sustentado, 
não têm zona de amortecimento. 
b) As Áreas de Proteção Ambiental – APAs não precisam 
demarcar sua zona de amortecimento. 
c) Tanto as unidades de conservação de proteção integral como as 
de uso sustentado devem elaborar plano de manejo, delimitando suas 
zonas de amortecimento. 
d) As Reservas Particulares do Patrimônio Natural – RPPN são 
obrigadas a elaborar plano de manejo delimitando suas zonas de 
amortecimento, por conta própria e orientação técnica particular. 
 
A Lei 9.985/2000 instituiu a compensação ambiental, posteriormente 
julgada pelo Supremo Tribunal Federal. A respeito do tema, é correto 
afirmar que 
a) a compensação ambiental será concretizada, pelo 
empreendedor, pelo

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