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ÉTICA NOS ESPORTES: REFLEXÕES SOBRE DOPING Desde seu surgimento, o esporte no mundo se desenvolveu junto da humanidade com técnicas e modalidades de jogos diversos, como lutas, corridas entre outros. Quando se buscava glória através de conquistas, credibilidade e visibilidade perante a sociedade, fora instituído prêmios em dinheiro, medalhas e credibilidade ao potencial dos atletas campeões motivando o profissionalismo no esporte. Com isso, houve a necessidade de normatizar regras com bases éticas e morais, onde o atleta que é punido caso as desobedeça, com a desclassificação e perda de título, mesmo sendo vencedor. Pois a essência da disputa é ter igualdade entre os competidores. Com a instituição de prêmios em competições, a inserção do capitalismo no esporte, envolvendo atletas de alto rendimento, tornou-se inevitável e a relação entre esporte de rendimento e a indústria, acabou, junto a economia global, determinando as características do esporte. A moral capitalista, trata-se em tese, de que os patrocinadores escolhem aqueles atletas com altos números de vitórias como referência para representar a sua marca. Buscando sempre nas competições um ótimo desempenho para continuar o patrocínio, disponibilizando as melhores tecnologias em equipamentos, acessórios, saúde e treinamento ao atleta. Mas para ter coerência é necessário que o atleta tenha ética e que sua moral seja indiscutível. A ética e moral são imprescindíveis para os atletas sendo garantindo a convivência pacífica dentro do ambiente em que está inserido, gerando reflexos positivos em sua conduta, englobando educação, respeito, integridade e obediência às regras. É dever do atleta zelar pela sua moral através de boas práticas, pois acredita-se que o esporte tem o poder de superação, e a tendência a vigorar saúde e educação. Então, deve-se competir seguindo as regras incorporadas a um código moral de conduta, deixando de lado qualquer tipo de utilização de substância que exceda o que o corpo humano é capaz, ou seja, atletas que se utilizam de medicamentos ou drogas que proporcionam um desempenho além do que é capaz em suas competições, este atleta se torna antiético e imoral. O doping em atletas tem sido muito comum nas últimas duas décadas, principalmente em modalidades que requer enorme desgaste físico. Com a descoberta destas substâncias, iniciou-se estudos para identificar a utilização de drogas que elevam a capacidade física dos atletas nas competições. O atleta que fosse indicado com tal substância perderia o mérito e sofreria sanções, acarretando banimento na modalidade, perda de contratos e até mesmo responder criminalmente. De acordo com Valter Bracht em seu livro Sociologia Crítica do Esporte (1997), as teses da Escola de Frankfurt, demonstram a função do esporte como um estabilizador do sistema capitalista, desviando atenção e atenuando as tensões sociais. Dessa forma, de acordo com esta teoria, o esporte estaria sendo utilizado como ferramenta do capitalismo, ou seja, o esporte é utilizado para afanar os olhos dos problemas sociais ali vivenciados diariamente, que geram desconforto, estresse, fúria e emoções negativas, advindas das desigualdades sociais. Como se o esporte fosse utilizado como refúgio da realidade. Outra relação estabelecida no texto entre o esporte de rendimento e trabalho industrial, ressalta como a economia global acaba determinando as características do esporte. Rigauer (1969), em seu livro Esporte e Trabalho, demonstra que os aspectos do capitalismo industrial foram transpostos para o esporte, que de acordo com o texto são: disciplina, autoridade, concorrência, rendimento, racionalidade técnica, organização e burocratização. Sendo assim, de acordo com essa ideia, na atualidade, quando se trata de capitalismo e atletas de alto rendimento, pode-se dizer que o esporte se utiliza de tecnologia em equipamentos e acessórios esportivos para que atletas possam aumentar seu desempenho. A organização e a burocratização também transparecem no esporte de alto rendimento onde os atletas necessitam de assessoria, equipamentos, marketing, patrocínio e outros artifícios do mercado para se estabelecerem. Dentro deste cenário, o capital envolvido influencia diretamente no resultado obtido pelos atletas, principalmente em esportes envolvendo tecnologias além do próprio corpo humano, como o ciclismo ou automobilismo por exemplo. Assim, não apenas dependente do desempenho atlético do competidor, mas também do equipamento que este tem acesso, e os patrocínios acabam então definindo grande parte dos resultados. Sendo pratica recorrente em muitos esportes, apesar de camuflado por diversas técnicas, o doping acaba sendo mais uma ferramenta e investimento para garantir a vitória dos atletas. Como mostrado no vídeo, Lance Armstrong investe quantia significativa em consultoria para se utilizar destas substâncias sem ser detectado. Os patrocinadores investem nos atletas para vincularem as suas potencialidades às características de suas marcas, contudo quando os atletas ferem os princípios éticos e morais do esportes, estas são as primeiras a se desligarem desta relação. Desta forma, a princípio o doping pode se mostrar um grande facilitador, porém, a longo prazo a exposição de seu uso pode acabar por destruir a carreira do atleta, já que sem apoio ou patrocínios conseguirá se recolocar no esporte de alto rendimento. Na atuação no campo da Educação Física, o pensamento filosófico é de extrema importância para o progresso da atividade, para que a partir de questionamentos e sistemática pesquisa, os conhecimentos possam ser aprimorados, e os envolvidos evoluírem em suas práticas. Também na postura de educador, todos na área devem se desvincular de preconceitos e crenças para que os conhecimentos sejam transmitidos a todos envolvidos. Tendo em vista a utilização de doping em atletas, o profissional de educação física deve então estar sempre atento a seus atletas e demonstrar que não é apropriado à saúde ministrar drogas para obter desempenho excepcional, pois a utilização dessas drogas pode submeter o indivíduo à morte ou sequelas, além de prejudicar sua carreira.
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