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CENTRO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA PAULA SOUZA FACULDADE DE TECNOLOGIA DE SANTO ANDRÉ Alexandre Matias dos Santos Elisangela Aparecida Diniz Costa de Moraes Renata Sampaio Valera GESTÃO DE SUSTENTABILIDADE NO SETOR PÚBLICO TECNOLOGIA EM GESTÃO EMPRESARIAL Entrega Final do Trabalho de Graduação II do 6º semestre apresentado ao curso de Tecnologia de Gestão Empresarial EAD com o tema de Gestão da Sustentabilidade no Setor Público. Santo André/SP 2019 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 5 1.1. Objetivos ........................................................................................................... 7 1.1.1. Objetivos gerais .......................................................................................... 7 1.1.2. Objetivos específicos ................................................................................. 7 2. REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................................... 8 2.1. Meio ambiente .................................................................................................. 8 2.2. Sustentabilidade ............................................................................................... 9 2.2.1. Histórico da questão da sustentabilidade ................................................... 9 2.2.2. Conceito de sustentabilidade e desenvolvimento sustentável ................. 12 2.2.2.1. Primórdios do conceito ...................................................................... 12 2.2.2.2. Relatório Brundtland .......................................................................... 12 2.2.2.3. Definição de ecodesenvolvimento, desenvolvimento sustentável ou sustentabilidade .............................................................................................. 13 2.3. Gestão ambiental nas organizações ............................................................... 14 2.3.1. Conceito de sustentabilidade nas organizações ................................... 15 2.3.2. Formas de gestão sustentável .............................................................. 16 2.3.2.1. Exemplo de modelo de gestão sustentável para organizações ..... 17 2.4. Gestão de sustentabilidade no setor público .................................................. 18 2.4.1. O papel do Poder Público no desenvolvimento sustentável ..................... 18 2.4.2. Bases jurídicas para a gestão da sustentabilidade no setor público ........ 22 2.4.3. Algumas formas de gestão da sustentabilidade utilizadas pelo Poder Público ............................................................................................................... 24 2.4.3.1. Agenda ambiental da Administração Pública do Ministério do Meio Ambiente (A3P) .............................................................................................. 24 2.4.3.2. A Resolução n° 201/2015 do CNJ e o Plano de Logística Sustentável do Poder Judiciário (PLS-PJ) ......................................................................... 26 2.4.3.3. Critérios de sustentabilidade nos procedimentos de contratação de serviços na Administração Pública ................................................................. 30 2.4.3.3.1. Princípios de sustentabilidade nas licitações .............................. 30 3. METODOLOGIA .................................................................................................... 33 4. RESULTADOS ...................................................................................................... 34 4.1. Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3) ............................................. 34 4.1.1. Histórico do tribunal .................................................................................. 34 4.1.2. Gestão sustentável ................................................................................... 34 4.1.2.1. Planejamento estratégico .................................................................. 35 4.1.2.2. Plano de logística sustentável do TRF3 ............................................ 35 4.1.2.3. Outras práticas, programas e projetos ............................................... 37 4.2. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) ..................................... 38 4.2.1. Histórico do tribunal .................................................................................. 38 4.2.2. Gestão sustentável ................................................................................... 39 4.2.2.1. Planejamento estratégico .................................................................. 39 4.2.2.2. Plano de logística sustentável ........................................................... 40 4.2.2.3. Outras práticas, programas e projetos ............................................... 41 4.3. Verificação das metas alcançadas pelo Poder Judiciário no Balanço Socioambiental do CNJ ......................................................................................... 42 4.4. Verificação do desempenho do TRF3 em 2019 .............................................. 43 4.5. Verificação do desempenho do TJ-SP em 2018 ............................................. 43 5. DISCUSSÃO ......................................................................................................... 44 5.1. Conceito de sustentabilidade e gestão sustentável do TRF3 ......................... 44 5.2. Adoção indireta do tripé da sustentabilidade (“TBL”) pela Administração Pública ................................................................................................................... 45 5.3. A atuação do TRF3 como agente do Poder Público no desenvolvimento da consciência de sustentabilidade para a sociedade ................................................ 46 5.4. Atuação dos tribunais conforme as bases jurídicas que fundamentam sua atividade ................................................................................................................ 46 5.5. Tribunais participantes da A3P ....................................................................... 47 5.6. Os tribunais e seus respectivos planos de logística sustentável .................... 47 5.8. Contratações sustentáveis dos tribunais ........................................................ 48 5.9. Solução do problema e respostas dos resultados para o teste de hipótese ... 49 6. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 51 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................... 53 RESUMO Abordando a linha de pesquisa de gestão da sustentabilidade, este trabalho teve como objetivo estudar aspectos da gestão da sustentabilidade em organizações públicas, buscando entender o papel do Estado na consecução do desenvolvimento sustentável. Para tanto, analisou-se formas de exteriorização do desenvolvimento sustentável nos modelos de gestão da Administração Pública. A metodologia utilizada para análise e compreensão do tema foi a da pesquisa bibliográfica, abordando-se o histórico da questão da sustentabilidade e das discussões acerca dos problemas ambientais, os conceitos de meio ambiente e de sustentabilidade, bem como o papel do Poder Público no desenvolvimento sustentável do país por meio da gestão das organizações públicas, apresentando-se alguns modelos de administração (como o A3P e o Plano de Logística Sustentável do Poder Judiciário). Por fim, de forma sucinta, concluiu-se que apesar de existirem modelos de gestão voltados para a sustentabilidade e para o desenvolvimento sustentável no âmbito das organizações públicas brasileiras, esses modelos ainda são fracos e necessitam de aquecimento e ampliação. Palavras-chave:Sustentabilidade; Desenvolvimento Sustentável; Modelos de Gestão; Administração Pública. ABSTRACT Approaching a line of sustainability management research, this paper aimed to study sustainability management methods in public organizations, seeking to understand the role of the State in achieving sustainable development. Therefore, analyze the ways of externalizing sustainable development in the management models of Public Administration. A methodology used for analysis and understanding of the theme was a bibliographic research, addressing the history of sustainability issues and discussions on environmental problems, the concepts of environment and sustainability, as well as the role of the Government in the sustainable development of the country through management of public organizations, presenting some management models (such as the A3P and the Sustainable Logistics Plan of the Judiciary). Finally, it can be concluded that although there are management models focused on sustainability and sustainable development under Brazilian public policies, these models are still weak and used for heating and expansion. Keywords: Sustainability; Sustainable development; Management models; Public administration. 5 1. INTRODUÇÃO De acordo com Donaire (1999), nas últimas décadas tem ocorrido uma mudança no ambiente em que as empresas operam. As grandes empresas que eram vistas apenas como instituições econômicas com responsabilidades referentes a o que produzir, como produzir e para quem produzir, tem presenciado o aparecimento de novos papéis que precisam ser desempenhados, como resultado das alterações no ambiente em que atuam. Assim como coloca Buchholz (1989, apud DONAIRE, 1999), uma crescente atenção, por parte das organizações, tem se voltado para problemas que vão além das considerações econômicas, atingindo um patamar muito mais amplo, envolvendo preocupações de caráter político e social, tais como: proteção ao consumidor, controle da poluição, segurança e qualidade dos produtos, bem como assistência social em defesa de grupos minoritários. Deste modo, o assunto sobre sustentabilidade entra em evidência dentro das organizações – privadas e públicas – devido a este movimento da sociedade abrangendo outras preocupações. Vale ressaltar, assim, que a necessidade de as organizações ficarem atentas às preocupações que emergem implica em sua permanência ativa e produtiva (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009). Segundo o autor Guimarães (2000), as organizações precisam possuir preocupação global e, com isso, estabelecerem dentro de seus planejamentos e operações uma postura sustentável, levando em conta os aspectos econômicos, sociais, produtivos e ambientais. Assim, quando se trata de economia globalizada, a sustentabilidade não deve ser considerada como elemento isolado no trato com as organizações, sendo um aspecto muito importante em todo o processo de gestão de empresa que busca estar sempre atualizada dentro de um mercado que se encontra cada dia mais exigente. (GUIMARÃES, 2000) 6 Como resultado, tem ocorrido a proliferação de novas pressões pela sociedade por meio de movimentos sociais reivindicatórios, atuação de grupos organizados ou de indivíduos, resultando em novas leis e regulamentações que provocam mudanças nas regras que estávamos acostumados a vivenciar. (GUIMARÃES, 2000) Estas mudanças afetam de forma intensa o ambiente social e político em que as organizações atuam, criando novas diretrizes e limitações para que a empresa possa operar de forma mais eficaz, numa ótica que leve em consideração apenas a maximização do retorno financeiro a seus proprietários. Neste contexto, tanto as organizações do setor privado quanto do setor público estão voltando suas atenções para formas de gestão que contemplem práticas de proteção e manutenção dos recursos naturais. Assim, inserida a presente monografia na linha de pesquisa de gestão da sustentabilidade, o problema estudado é: Como se opera a gestão de sustentabilidade no setor público? Considerando-se que a hipótese é uma possível solução para a problemática apresentada, informa-se que a hipótese de estudo levantada nesta monografia consiste na suposição de que as organizações públicas escolhidas para análise apresentam práticas de gestão sustentável. Porém, isto será comprovado (ou não) com o aprofundamento do trabalho. Como as questões ambientais e sustentabilidade têm sido foco de discussões e estudos já há algumas décadas, entende-se que, apesar de este assunto não ser novo, é contemporâneo e relevante, tendo figurado recentemente no cenário nacional e internacional – principalmente com relação à situação da floresta amazônica, tensões entre Brasil e França, postura do presidente norte-americano Donald Trump relativas ao meio ambiente, bem como pelo discurso da jovem sueca Greta Thunberg na Organização das Nações Unidas – ONU. (ONU NEWS, 2019) Ademais, o presente trabalho tem foco unicamente da gestão de sustentabilidade em organizações públicas, revelando abordagem relativamente 7 original, porquanto geralmente as pesquisas da área restringem-se às organizações do setor privado. Desta forma, esta pesquisa pretende contribuir para o atual estágio da discussão do tema, trazendo-o à tona sob a perspectiva da gestão da sustentabilidade pelo setor público em suas organizações. 1.1. Objetivos 1.1.1. Objetivos gerais O objetivo deste estudo é identificar as práticas de gestão sustentável a partir da administração das organizações públicas. 1.1.2. Objetivos específicos Para a condução do alcance do objetivo geral desta pesquisa, como função intermediária e instrumental, este trabalho possui os seguintes objetivos específicos: • Apresentar ações de sustentabilidade nos modelos de gestão das organizações do setor público em geral; • Analisar ações de sustentabilidade nos modelos de gestão das organizações do setor público em geral; • Apresentar as ações de gestão de sustentabilidade nos modelos de gestão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região – TRF3 e do Tribunal de Justiça de São Paulo – TJ-SP; • Analisar as ações de gestão de sustentabilidade nos modelos de gestão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região – TRF3 e do Tribunal de Justiça de São Paulo – TJ-SP. 8 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1. Meio ambiente Segundo Édis Milaré (2018), meio ambiente é o conjunto de elementos abióticos (físicos e químicos) e bióticos (flora e fauna), organizados em diferentes ecossistemas naturais e sociais em que se insere o homem, individual e socialmente, num processo de interação que atenda ao desenvolvimento das atividades humanas, à preservação dos recursos naturais e das características essenciais do entorno, dentro das leis da natureza e de padrões de qualidade definidos. José Afonso da Silva (2003) define meio ambiente como a interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas. A Lei nº 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), considera como meio ambiente “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” (artigo 3°, inciso I). (BRASIL, 1981) Já para a Resolução do CONAMA nº 306/02, “meio ambiente é o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química, biológica, social, cultural e urbanística que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. Este conceito é mais amplo que o apresentado pela Lei nº 6.938/81, pois nele se mencionam também interações e influências de ordem social, cultural e urbanística. (BRASIL, 2002) Rigorosamente, o meio ambiente é considerado uno e indivisível. Porém, paradivisão acadêmica, temos o meio ambiente natural, cultural, artificial e laboral. O meio ambiente natural, tratado no artigo 225 da Constituição Federal Brasileira de 1988, é constituído pelos ambientais, os elementos abióticos (solo, água, ar) e os bióticos (flora e fauna). O meio ambiente cultural é composto por bens materiais e imateriais criados pelo homem e que integram o patrimônio cultural por seu valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico ou científico (por 9 exemplo, um prédio histórico tombado faz parte do meio ambiente cultural), sendo tratado pela Constituição Federal nos artigos 215 e 216. O meio ambiente artificial é constituído pelos bens criados pelo homem, mas que não integram o patrimônio cultural (como os edifícios, as ruas e as praças, por exemplo), sendo abordado na Constituição Federal em seus artigos 182 e 183, bem como na Lei nº 10.257/01 (Estatuto da Cidade). Por fim, há também o meio ambiente laboral ou do trabalho corresponde ao local de trabalho e todos os bens utilizados no exercício digno e seguro de uma atividade laboral (sendo tratado na Constituição Federal em seus artigos 7º, inciso XXII e 200, inciso VIII). Alguns autores também mencionam no meio ambiente o patrimônio genético (que corresponde às informações genéticas de todos os seres vivos). (BRASIL, 1988) Outrossim, considera-se que o meio ambiente é ubíquo, ou seja, está presente em toda parte, tem natureza difusa e não possui limitação territorial. Portanto, os impactos ambientais não possuem fronteiras (o que traz muita importância aos acordos internacionais em matéria ambiental) e quaisquer lesões ocorridas em sua estrutura, independentemente do local onde ocorram, trarão reflexos, diretos ou indiretos, ao ser humano. Desta forma, vigora no Direito Ambiental o Princípio da Ubiquidade (o objeto de proteção do meio ambiente, localizado no epicentro dos direitos humanos, deve ser levado em consideração toda vez que uma política, atuação, legislação sobre qualquer tema, atividade, obra tiver que ser criada e desenvolvida), bem como o Princípio da Cooperação (segundo o qual a comunidade internacional deverá fazer todo o possível para ajudar os Estados na proteção ambiental). (MILARÉ, 2018) 2.2. Sustentabilidade 2.2.1. Histórico da questão da sustentabilidade A consideração dos problemas ambientais foi impedida por muito tempo em virtude da incessante busca por desenvolvimento econômico, destacando-se uma visão de que o meio ambiente era mero acessório do progresso da economia – e não parte dele. (RODRIGUES, 2016) 10 Todavia, a procura desenfreada por crescimento financeiro, com a adoção de uma política agressiva de consumo em massa e a utilização irracional dos recursos ambientais, traz como consequência de longo prazo um colapso da sociedade em todos os seus aspectos. (RODRIGUES, 2016) Nesse sentido discursou a jovem sueca de 16 anos, Greta Thunberg, na ONU em 23/09/2019: “Estamos no início de uma extinção em massa e tudo o que vocês falam gira em torno de dinheiro e um conto de fadas de crescimento econômico eterno. Como ousam?” (G1, 2019) Aos poucos, vem ocorrendo no mundo uma mudança de paradigma diante da aceitação da realidade de desequilíbrio ambiental e de sua repercussão nas vidas de todos. (RODRIGUES, 2016) Os países, paulatinamente, estão adotando medidas para resolver os problemas ambientais. (RODRIGUES, 2016) Na década de 60, os norte-americanos começaram a exigir, para atividades poluidoras, a Avaliação dos Impactos Ambientais (AIA). (RODRIGUES, 2016) Na década de 70, o Clube de Roma apresentou estudos (o relatório “Limites do Crescimento”) acerca do esgotamento dos recursos naturais relacionado a uma inevitável crise da economia mundial. (RODRIGUES, 2016) Utilizando as informações divulgadas pelo Clube de Roma, ocorreu em Estocolmo, na Suécia, em 1972, o primeiro grande encontro entre países para tratar sobre problemas ambientais: a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano (ou Conferência de Estocolmo). Objetivando a realização de ações internacionais para a proteção ambiental, os debates da Conferência percorreram a necessidade de redução do crescimento econômico e tiveram como principais resultados a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e da Declaração sobre o Meio Ambiente Humano. (ONU, 2019) 11 Embora o Brasil tenha participado da Conferência de Estocolmo, adotou nesta reunião uma postura conservadora e retrógrada, posicionando-se pelo desenvolvimento econômico a qualquer custo sem preocupações ambientais (LAGO, 2006). Porém, com o passar do tempo, em vista de pressões internacionais e de movimentos sociais, o Governo Brasileiro foi redefinindo seu modelo de desenvolvimento em função das demandas ambientais (LAGO, 2006). Deste modo, em 1973 criou como órgão especializado a Secretaria Especial de Meio Ambiente (SEMA) (LAGO, 2006). Na década de 80, foi promulgada a Lei Federal nº 6.938 – que instituiu a Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) e criou o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA) – e foi adotado o Protocolo de Montreal – com o fito de controle de CFCs e de outras substâncias químicas danificadoras da camada de ozônio. (LAGO, 2006) A ideia de “desenvolvimento sustentável” foi definida em 1987 pelo Relatório Brundtland (também conhecido por "Nosso Futuro Comum" – Our Common Future), do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). (GRÜN, 1996) Em 1988, foi promulgada no Brasil a atual Constituição Federal, apelidada de “Constituição Verde”, que trouxe disposição legal específica sobre o meio ambiente, o artigo 225, de acordo com o qual “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê- lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. (ARAÚJO, 2013) Em 1989 foi criado no Brasil o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (IBAMA) para executar a Política Nacional do Meio Ambiente. (IBAMA, 2018) Em 1992, realizou-se no Rio de Janeiro a maior e mais importante conferência internacional sobre questões ambientais, a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), também conhecida por Eco 92 ou Rio 92, na qual foram produzidos alguns importantes documentos, como a Agenda 21 (Guia para a promoção do desenvolvimento sustentável para o século 21), a Convenção sobre Diversidade Biológica, a Declaração de Princípios sobre Florestas, 12 a Convenção sobre Mudanças Climáticas e a Declaração do Rio (LAGO, 2006). Infelizmente, nesta Convenção, não foi ratificado o Protocolo de Quioto (ou Protocolo de Kyoto). (DARLY, 2009) O tratado internacional Protocolo de Quioto passou a ser assinado em 1997 e foi ratificado em 1999, passando a entrar em vigor internacionalmente em 2005. Este documento definiu metas para diminuição de emissões de gases geradores do efeito estufa, a todos os países membros. (DARLY, 2009) Após, foram realizadas outras conferências internacionais: a Rio+20 (Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável) em 2012 no Rio de Janeiro (Brasil), a COP 21 em 2015 em Paris (França), a COP 22 em 2016 em Marrakesh (Marrocos), a COP 23 em 2017 em Bonn (na Alemanha) e a COP 24 em 2018 na Polônia. (WWF, 2019) 2.2.2. Conceito de sustentabilidade e desenvolvimento sustentável 2.2.2.1. Primórdios do conceito Realizada em 1972 e considerada como marco das discussões acerca de assuntos ambientais, foi a Conferência de Estocolmo que deu força para a ideia de desenvolvimento da economia e da sociedade em harmonia com o meio ambiente. (RODRIGUES, 2016) No Brasil, a ideia do desenvolvimentoaliado à preservação ambiental já se fazia presente antes da Constituição Federal de 1988 e da Rio 92, com a Lei n° 6.938 de 1981, que instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), prescrevendo como um de seus objetivos compatibilizar o desenvolvimento social e econômico com o equilíbrio ecológico e a preservação da qualidade ambiental. (RODRIGUES, 2016) 2.2.2.2. Relatório Brundtland Em 1987, foi publicado o Relatório “Nosso Futuro Comum”, conhecido como Relatório “Brundtland”. (CMMAD, 1991) 13 Este relatório foi elaborado por estudos da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (da ONU), chefiada pela primeira-ministra da Noruega na época, chamada Gro Harlem Brundtland (IPIRANGA; GODOY, 2011). No documento, foram apontados como principais problemas ambientais a poluição ambiental, emissões de carbono, mudanças climáticas, efeitos nocivos dos produtos químicos e dos rejeitos (nocivos e radioativos), diminuição dos recursos naturais e problemas sociais (administração do crescimento urbano acelerado, suprimento de água, ocupação e uso da terra, abrigo, serviços sanitários e educativos, dentre outros). (IPIRANGA; GODOY, 2011) Ademais, o relatório definiu o conceito de “desenvolvimento sustentável” como sendo o “desenvolvimento que atende às necessidades das gerações atuais sem comprometer a capacidade das futuras gerações de terem suas próprias necessidades atendidas”. (CMMAD, 1991, p. 46) 2.2.2.3. Definição de ecodesenvolvimento, desenvolvimento sustentável ou sustentabilidade Montibeller Filho (1993), informa que o conceito de ecodesenvolvimento foi introduzido por Maurice Strong, Secretário da Conferência de Estocolmo (RAYNAUT; ZANONI, 1993), e difundido por lgnacy Sachs, a partir de 1974 (GODARD, 1991). Segundo Montibeller Filho, na definição dada por Sachs, para um determinado país ou região o ecodesenvolvimento significa: “Desenvolvimento endógeno e dependente de suas próprias forças, tendo por objetivo responder problemática da harmonização dos objetivos sociais e econômicos do desenvolvimento com uma gestão ecologicamente prudente dos recursos e do meio". (MONTIBELLER FILHO, 1993, p. 132) Em sua análise, Montibeller Filho (1993) informa que Sachs utilizava os termos desenvolvimento sustentável e ecodesenvolvimento como sinônimos. 14 Sachs (1981, p. 14) ainda aborda a questão da responsabilidade intergeracional ambiental: “trata-se de gerir a natureza de forma a assegurar aos homens de nossa geração e a todas as gerações futuras a possibilidade de se desenvolver”. Sachs é conhecido por propagar um conceito de desenvolvimento sustentável que combina o crescimento da economia com preservação ambiental, ciência política e o bem-estar social (SACHS, 2010). 2.3. Gestão ambiental nas organizações Explica Donaire (1994) que a preocupação com o meio ambiente, por parte das empresas, resultando em alterações das estruturas organizacionais, é relativamente recente. Para o autor, “a preocupação ecológica e sua interiorização organizacional é, sem dúvida, uma das características administrativas observadas nas décadas de 70 e 80”. (DONAIRE, 1994, p. 73) No Brasil, segundo Souza e Ribeiro, as empresas demoraram para internalizar o conceito de desenvolvimento sustentável, de modo que “as pesquisas sobre o desenvolvimento sustentável foram impulsionadas, no Brasil, somente na década de 1990”. (SOUZA; RIBEIRO, 2013, p. 370) Atualmente, vários autores (como Reis, 1995; Maimon, 1996; Badue, Maimon e Singer, 1996; Mineiro, 1996; Nahuz, 1995; D’Avignon, 1994, todos citados por Layrargues, 2000) afirmam que a questão da sustentabilidade chegou para ficar e que “a empresa moderna, indistintamente de seu porte, estrutura ou setor, tem de adaptar- se aplicando os princípios de gerenciamento ambiental para não perder espaço na competitividade empresarial”. Do contrário, “a saída do mercado ou a própria falência parece ser o destino mais provável para quem ficar de fora do processo”. (LAYRARGUES, 2000, p. 82-83) A gestão ambiental para uma organização, pode ser entendida como o conjunto de procedimentos e métodos para administrá-la obtendo o melhor relacionamento com o meio ambiente. (MAIMON, 1996) 15 De acordo com Maimon (1996), com a gestão ambiental, a empresa ajusta seu desenvolvimento com a proteção ambiental, retirando da natureza somente o que pode ser reposto ou então recuperando a degradação ambiental causada. Para Layrargues (2000, p. 84), “o setor empresarial vem promovendo uma mudança desde o início da década de 90, quando assumiu uma atitude positiva para com o meio ambiente”, não tomando mais medidas de forma compulsória em virtude da legislação ambiental, mas sim voluntariamente, “por vislumbrar oportunidades de negócio, ao agregar a variável ambiental na dimensão empresarial”. Assim, o empresariado passou de uma postura reativa para uma postura proativa, antecipando-se à legislação não apenas a fim de “manter ações preventivas para evitar acidentes e riscos ambientais, mas sobretudo obter uma vantagem competitiva no mercado, localizada na variável ecológica”. (LAYRARGUES, 2000, p. 84) Nas palavras de Layrargues: “Percebeu-se que o que era considerado um dejeto poderia muitas vezes tornar-se um recurso e, nesse sentido, o primeiro passo em direção à sustentabilidade correspondeu à economia de recursos naturais e energéticos, diminuindo, como conseqüência, o desperdício e a poluição.” (LAYRARGUES, 2000, p. 84) 2.3.1. Conceito de sustentabilidade nas organizações Nos ensinamentos de Barbieri e Cajazeira (2009, p. 69), no âmbito das organizações, o “núcleo duro da sua contribuição para com o desenvolvimento sustentável passou a consistir em três dimensões: a econômica, a social e a ambiental”, sendo que a redução a estas três dimensões não implica perda ou abandono de outras dimensões, mas somente uma concentração no que é específico da atuação das organizações. Assim, uma organização sustentável seria “a que orienta suas atividades segundo as dimensões de sustentabilidade que lhe são específicas”, de modo que a 16 organização busque alcançar seus objetivos atendendo, simultaneamente, os critérios de “equidade social, prudência ecológica e eficiência econômica”. (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009, p. 69) Neste sentido, uma empresa sustentável seria aquela que incorpora esse objetivo em suas estratégias de negócios e atividades. (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009) Ainda, Barbieri e Cajazeira (2009) indicam que uma empresa sustentável é aquela na qual há confluência do movimento de responsabilidade social e do movimento de desenvolvimento sustentável. 2.3.2. Formas de gestão sustentável Explicam Barbieri e Cajazeira (2009, p 73), que a “pressão exercida pelas legislações ambientais fez com que as empresas passassem a controlar a poluição”, o que fez com que elas acabassem constatando que os poluentes eram matéria-prima e energia comprados e desperdiçados, o que “propiciou uma nova abordagem de gestão, baseada na prevenção da poluição”. Desta forma, “a gestão ambiental alinhada com estratégias empresariais tem sido estimulada pelo crescimento da preocupação ambiental”. (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009, p. 73) Logo, não só por pressão externa – da legislação ambiental, por exemplo – que a área caminhou, pois, nas palavras de Barbieri e Cajazeira: “(...) muitas empresas e entidades empresariais se engajaram espontânea e ativamente na formulação de propostas de gestão ambiental coerentes com os objetivos de desenvolvimento sustentável, criando para isso modelos de gestão que procuraram reduzir a quantidade de materiais e energia (...), substituir insumos obtidos de recursos naturais não renováveis por insumos provenientes de recursos renováveis, eliminar substâncias tóxicas, entreoutras providências”. (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009, p. 74) 17 Neste contexto, diversos modelos de gestão empresarial foram criados para incorporar as dimensões da sustentabilidade, na perspectiva do desenvolvimento sustentável (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009). Um deles é o “triple bottom line”. 2.3.2.1. Exemplo de modelo de gestão sustentável para organizações Na década de 90, John Elkington cunhou o termo “triple bottom line” – TBL (em português conhecido por “tripé da sustentabilidade”). (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009, p. 74) O sociólogo britânico Elkington é um dos fundadores da SustainAbility, uma consultoria focada na melhoria das práticas comerciais e mercados para crescimento econômico e social com sustentabilidade ambiental. O nome da instituição indica a habilidade ou a capacidade de sustentar (capacidade de sustentação), com a fusão das palavras “sustain” e “ability”. (BIGARELLI, 2018) Segundo ele, para que haja capacidade de sustentar-se (para que seja sustentável), uma organização precisa observar o tripé da sustentabilidade: “People”, “Planet” e “Profit” ou “3P”. (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009, p. 78). “People” se refere ao tratamento social (tratamento do capital humano) de uma organização1. “Planet” faz referência ao capital natural de uma organização (aos recursos ambientais, à questão ambiental). “Profit”, que significa “lucro”, indica o resultado econômico positivo de uma organização. (BIGARELLI, 2018) Assim, os resultados de uma organização devem ser medidos nesses três aspectos, observando-se a questão social (humana), ambiental e econômica, e não apenas a situação financeira isoladamente. (BIGARELLI, 2018) Neste sentido, segundo Paz e Kipper: 1 Ressalta-se que quanto mais uma organização valoriza a qualidade de vida no ambiente de trabalho, melhor será o desempenho dos trabalhadores, pois quem tem qualidade de vida desempenha suas atividades melhor. Neste sentido, valorizar o ambiente laboral é uma prática sustentável tanto para os trabalhadores quanto para os que fazem uso do produto ou serviço. 18 A sobrevivência e o sucesso de uma organização estão diretamente relacionados à sua capacidade de atender às necessidades e às expectativas de seus clientes, as quais devem ser identificadas, entendidas e utilizadas para que os produtos possam ser desenvolvidos, criando o valor necessário para conquista-los retê-los. Por outro lado, para que haja continuidade em suas operações, a organização também deve atuar de forma responsável em relação à sociedade e as às comunidades com as quais interage, contribuindo para o desenvolvimento socioambiental. (PAZ; KIPPER, 2016, p. 89) Logo, a ideia do tripé (TLB) se fundamenta na necessidade de correlação entre as três dimensões apontadas (a social, a ambiental e a econômica) para que as organizações tenham sustentabilidade. (BIGARELLI, 2018) O índice corporativo TBL é uma medição adotada voluntariamente pelas empresas. Porém, sua utilização vem aumentando cada vez mais no mundo empresarial, visto que a “uma empresa ambientalmente correta tem custos menores, pois acaba utilizando menos insumos além de gerar receita adicional por produtos melhores e novos negócios criados pela organização”, de modo que a sustentabilidade tem se mostrado “um rico filão de inovações organizacionais e tecnológicas capazes de gerar tanto receita como lucro”, de acordo com Nidumolu, Prahalad e Rangaswami (2009), citados por Paz e Kipper (2016). O modelo “triple bottom line” tem sido aplicado não só em empresas privadas, mas também em organizações não empresariais, como governos locais, tendo sido recomendado por organizações sérias como o International Council for Local environmental Initiatives (ICLEI). A ideia é que "organizações de qualquer natureza, inclusive as do setor público, também necessitam explicitar suas contribuições nessas três dimensões da sustentabilidade." (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009, p. 74). 2.4. Gestão de sustentabilidade no setor público 2.4.1. O papel do Poder Público no desenvolvimento sustentável Como já se mencionou anteriormente, o Relatório Brundtland elaborou um conceito de desenvolvimento sustentável apontando a necessidade de mudar os 19 padrões de produção e consumo com vistas à preservação ambiental, mas em conjugação com o crescimento econômico. (GRÜN, 1996) Assim, foi se consagrando com o decorrer do tempo a ideia de desenvolvimento da economia, mas com um crescimento construtivo, ao lado do meio ambiente ecológico, e não sobre ele, mantendo a vida com qualidade para a humanidade e aliando-se a este conceito a ideia de desenvolver também a dimensão social. (DINIZ, 2009) Não obstante, tendo em vista que o Poder Público (a Administração Pública2) em todas as suas esferas (Poder Judiciário, Legislativo, Executivo) e níveis (nacional, estadual, municipal de todo o território nacional), deve utilizar seu poder soberano para promover o desenvolvimento da nação e o bem da coletividade, deve pensar o desenvolver do país apoiado não apenas no setor econômico, mas também no social, já que a preservação ecológica é necessária para a preservação da vida humana, sem a qual não se faz necessária a esfera econômica. (ALEXANDRINO; PAULO, 2008) Deste modo, é imperioso que o Poder Público realize um desenvolvimento com observância de prudência ecológica para apoiar um progresso econômico que se sustente ao longo do tempo, e não que seja frágil em virtude de problemas ambientais que afetem a sociedade e o mercado. (RODRIGUES, 2016) Neste contexto, a sustentabilidade é um conceito que deve se fazer presente no âmbito da Administração Pública. (RODRIGUES, 2016) A Constituição Federal, em seu artigo 225, impõe que é dever do Poder Público defender e preservar o meio ambiente, devendo, para tanto, promover a educação ambiental e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente (inciso VI). (BRASIL, 1988) 2 Segundo Alexandrino e Paulo (2008, p. 50), "o Estado é a pessoa jurídica territorial soberana, formada pelos elementos povo, território e governo soberano". A Administração Pública "abrange os órgãos do governo" desempenhando função de elaboração de políticas públicas ou função meramente administrativa, de execução dos programadas de governo, bem como as entidades da administração Indireta (autarquias, fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista). 20 Para esta finalidade, foi promulgada a Lei nº 9.795/99, que dispõe sobre a educação ambiental e institui a Política Nacional de Educação. (BRASIL, 1999) Esta legislação (artigo 1°) define educação ambiental como o conjunto de: “(...) processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”. (BRASIL, 1999) Logo, uma das formas de o Poder Público influenciar a sociedade para o desenvolvimento sustentável é por meio da educação e da conscientização pública, desenvolvendo no povo valores, conhecimentos e comportamentos voltados à preservação ambiental. (RODRIGUES, 2016) Neste contexto, entende Rodrigues que “é necessário que o Poder Público estimule os empreendedores a adotar tecnologias que tornem mais “limpos” seus processos produtivos”. (RODRIGUES, 2016, p. 628) Outro modo de influenciar a sociedade para aderir práticas sustentáveis é por meio de pressões externas exercendo pressões através de legislações ambientais, que fazem com que as empresas passem a controlar a poluição. (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009) Nesta senda, Frederico Amado (2014, p. 891) leciona que “a extrafiscalidade é um excelente caminho para a efetivação de inúmeros princípios ambientais, notadamente o do DesenvolvimentoSustentável”. A função precípua dos tributos é arrecadar recursos para o custeio das despesas estatais. Esta é a chamada finalidade fiscal. Extrafiscalidade é a característica de alguns tributos de regular o mercado ou a sociedade, de modo que estes tributos não possuem estrita finalidade fiscal, mas sim regulatória. Deste modo, a “função extrafiscal ou regulatória dos tributos se faz presente quando o Poder Público torna a arrecadação um instrumento de fomento ou inibição de condutas das 21 pessoas físicas ou jurídicas para o atendimento de algum interesse público.” (AMADO, 2014, p. 888) Desta feita, segundo Frederico Amado: “Deverá o Poder Público discriminar positivamente os agentes da economia que adotem técnicas compatíveis com o desenvolvimento econômico sustentável, por meio do uso de tecnologias menos agressivas aos recursos naturais, reduzindo proporcionalmente a carga tributária, o que permitirá o equilíbrio concorrencial, pois a empresa terá preços para competir no mercado, apesar do custo financeiro dos investimentos ambientais (Princípio do Desenvolvimento Sustentável). Da mesma forma, os empreendedores que adotem espontaneamente novas medidas de prevenção (risco certo) ou de precaução (risco incerto) dos danos ambientais, além do mínimo exigido pela legislação, deverão gozar de benefícios fiscais a título de incentivo e compensação (Princípios da Prevenção e Precaução). Por sua vez, a extrafiscalidade dos tributos é uma das formas de fazer com que o poluidor internalize os custos sociais da degradação, pois a tributação deverá ser majorada proporcionalmente ao impacto ambiental causado (Princípio do Poluidor-pagador), assim como conceda benesses em favor daqueles que protegem o meio ambiente (Princípio do Protetor-recebedor).” (AMADO, 2014, p. 891) Outrossim, o que de início gerou uma postura reativa nas organizações – quando passaram a ser controladas em virtude de sanções de legislação –, num segundo momento, gerou uma postura proativa, pois as entidades empresariais notaram que os poluentes eram “matéria-prima e energia comprados e desperdiçados”, o que “propiciou uma nova abordagem de gestão, baseada na prevenção da poluição”. (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009, p. 73) Porém, não só por pressão externa que as empresas mudaram de comportamento. Muitas empresas se "engajaram espontânea e ativamente na formulação de propostas de gestão ambiental coerentes com os objetivos de desenvolvimento sustentável, criando para isso modelos de gestão que procuraram reduzir a quantidade de materiais e energia", bem como "substituir insumos obtidos de recursos naturais não renováveis por insumos provenientes de recursos renováveis", além de "eliminar substâncias tóxicas", dentre outras providências. (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009, p. 73) 22 Sendo assim existe a possibilidade de que empresas criem posturas proativas de sustentabilidade, e não apenas reativas, influenciadas direta ou indiretamente pelo Poder Público. (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2009) Já foi reconhecido que a contratação de serviços e a realização de compras pela Administração Pública possuem o poder de induzir cidadãos e iniciativa privada, de modo que o poder de compra e contratações do Estado pode ser visto como uma ferramenta de política pública para condução de resultados. (SILVA, 2008) Tal instrumento já foi utilizado, por exemplo, pelo governo norte-americano quando criou o Buy American Act em 1933 para “proteger a produção interna estadunidense e promover a geração de empregos”, em virtude das “altas taxas de desocupação provocadas pela depressão econômica que atingia o país no começo da década de 1930”. (CEPAL, 2002, p. 85) 2.4.2. Bases jurídicas para a gestão da sustentabilidade no setor público Diferentemente das organizações privadas, as organizações do setor público não podem ter sua gestão estabelecida por um gestor sem ter respaldo legal. (DI PIETRO, 2017) Sendo assim, as bases de qualquer forma de gestão de organizações públicas são dadas pela Constituição Federal, lei maior de nosso país, que orienta toda a legislação e formas de administração e organização nacionais. (DI PIETRO, 2017) De acordo com o artigo 225 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988: “Todos3 têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo4 e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.” (BRASIL, 1988) 3 O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado é difuso, sendo um direito de natureza transindividual e indivisível, pertencente a pessoas indeterminadas. (RODRIGUES, 2016) 4 Juridicamente, considera-se que o meio ambiente é um bem de uso comum do povo, pois pertence à coletividade, e não a indivíduos específicos isoladamente. (RODRIGUES, 2016) 23 Como se pode perceber da leitura do texto constitucional, o Poder Público e também a coletividade possuem o dever de defender e preservar o meio ambiente, permitindo a satisfação das necessidades das gerações presentes sem comprometer as gerações futuras. (RODRIGUES, 2016) Nesta senda, o Poder Público tem a obrigação (e não a faculdade) de proteger o meio ambiente como um dever constitucional, assim como também possui o cidadão. (RODRIGUES, 2016) Dessa maneira, o meio ambiente equilibrado é um direito que se insere conceito da dignidade humana (que é um dos fundamentos da República Brasileira, disposto no artigo 1° da Constituição Federal), já que é elemento essencial para a qualidade de vida. Em outras palavras, pode-se dizer que o direito a um meio ambiente com equilíbrio se configura como extensão do direito à vida e, sobretudo, à vida digna. (RODRIGUES, 2016) Sendo assim, para efetivação deste direito e para possibilitar o cumprimento do dever de proteção ambiental, a Constituição Federal traz no seu artigo 225 (parágrafo 1°) instrumentos de garantia que incumbem ao Poder Público. As organizações públicas estão sujeitas a todos. Porém, os dispostos nos incisos V e VII são os que mais se aproximam da prática das instituições públicas judiciais ora estudadas: CF/88, Art. 225, § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: (...) V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente; VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; (BRASIL, 1988) Além do artigo 225 da Constituição da República de 1988, também o artigo 170 trata do meio ambiente. De acordo com a redação legal, “a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social”, observados os princípios: da “função social da propriedade”, da “defesa do meio ambiente” (“inclusive mediante 24 tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação”), e da “redução das desigualdades regionais e sociais”. (RODRIGUES, 2016) Desta forma, entende-se que está inserido na Constituição Federal o Princípio do Desenvolvimento Sustentável, abstraído da conjugação das normas presentes nos artigos 170 e 225. Sendo considerado um princípio, o desenvolvimento sustentável se coloca no status de valor, devendo guiar as atividades da vida cotidiana, atos negociais, leis e decisões judiciais em todo o país. (RODRIGUES, 2016) 2.4.3. Algumas formas de gestão da sustentabilidade utilizadas pelo Poder Público 2.4.3.1. Agenda ambiental da Administração Pública do Ministério do Meio Ambiente (A3P) A Agenda Ambiental na Administração Pública(A3P) é um programa de iniciativa do Ministério do Meio Ambiente implantado em 1999, com a finalidade de gerar a internalização de práticas e princípios de sustentabilidade socioambiental nos órgãos e nas entidades públicas, promovendo a responsabilidade socioambiental como política governamental. (SANTOS, 2017) A A3P foi premiada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em 2002, que reconheceu a importância do programa e os resultados positivos de sua implantação. (MMA, 2019) O programa se harmoniza com o princípio constitucional da eficiência (incluído na Constituição Federal de 1988 em seu artigo 37), que guarda relação com o “modus operandi” da Administração Pública, tendo a ver com o consumo adequado dos insumos por ela utilizados. (CHIAVENATO, 2008) A A3P pode ser desenvolvida em todos os níveis da Administração Pública (Poder Executivo, Legislativo e Judiciário), em todas as suas esferas (municipal, estadual e federal) e em todo o território nacional. (MMA, 2019) 25 Apesar de ter sido criada para aplicação no setor público, a A3P pode ser usada como modelo de gestão ambiental pela iniciativa privada. (MMA, 2019) O programa busca incorporar os princípios da responsabilidade socioambiental nas atividades da Administração Pública através do estímulo a determinadas ações como, por exemplo, sensibilização e capacitação dos servidores, compras e contratações de serviços pelo governo, mudança nos investimentos, gestão adequada dos recursos naturais utilizados e resíduos gerados, promoção da melhoria da qualidade de vida no ambiente de trabalho, dentre outras. (MMA, 2019) Sendo de adesão voluntária, o Ministério do Meio Ambiente propõe que os órgãos públicos façam a adesão à A3P assinando um Termo de Adesão e fazendo um cadastro virtual. Após a adesão, o órgão passa a ser considerado uma “instituição parceira”, dentre as quais pode-se encontrar, por exemplo, a Agência Nacional do Cinema (ANCINE) no Rio de Janeiro, o Banco Central do Brasil, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), diversos Municípios, bem como diversos Tribunais (como o STJ e o TRF da 1ª, da 3ª e da 4ª Regiões). (MMA, 2019) Em suma, são objetivos da A3P: (MMA, 2019) a) Sensibilizar (orientar) os gestores públicos para as questões socioambientais; b) Promover o uso racional (economia) dos recursos naturais e a redução de gastos institucionais; c) Contribuir para a revisão dos padrões de produção e consumo e para a adoção de novos referenciais de sustentabilidade no âmbito da administração pública; d) Reduzir o impacto socioambiental negativo direto e indireto causado pela execução das atividades de caráter administrativo e operacional; e) Contribuir para a melhoria da qualidade de vida; f) Difundir as boas práticas implementadas pelos parceiros; Assim, em suas ações, a A3P tem priorizado como princípio a política dos 5 R’s: (MMA, 2019) 26 • Repensar a necessidade de consumo e os padrões de produção e descarte adotados; • Reduzir (evitar os desperdícios, consumir menos produtos, preferindo aqueles que ofereçam menor potencial de geração de resíduos e tenham maior durabilidade); • Reaproveitar / Reutilizar (evitar que vá para o lixo aquilo que não é lixo reaproveitando tudo o que estiver em bom estado, sendo criativo ao usar um produto de várias formas diferentes antes de descartá-lo); • Reciclar (transformar materiais usados em matérias-primas para outros produtos por meio de processos industriais ou artesanais, para se iniciar um novo ciclo de produção-consumo-descarte); e • Recusar o consumo de produtos que gerem impactos socioambientais significativos. 2.4.3.2. A Resolução n° 201/2015 do CNJ e o Plano de Logística Sustentável do Poder Judiciário (PLS-PJ) Tendo sido criado em meados da década de 80 no Relatório de Brundtland, o conceito de sustentabilidade é relativamente novo no âmbito da administração pública do Poder Judiciário (no âmbito da gestão dos tribunais como organização). (RODRIGUES, 2016) Observa-se que as leis brasileiras que tratam de questões ambientais, principalmente relacionando-as com a gestão pública, são recentes, a saber: (RODRIGUES, 2016) • Constituição Federal de 1988 (artigos 170, VI e 225); • Lei nº 8.666 de 1990 (art. 3º), que dispõe sobre as licitações; • Lei nº 12.187 de 1990, que dispõe sobre o clima; • Lei nº 11.419 de 2006, que dispõe sobre a virtualização dos processos judiciais (diminuindo, significativamente, o consumo de papel e tinta, o que favorece o meio ambiente e também promove a economia de recursos que podem ser usados para outros fins); 27 • Resolução 185 de 2013 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que institui o Processo Judicial Eletrônico (PJE). Em 2015, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) criou a Resolução n° 201/2015 com o objetivo de criar unidades socioambientais nos órgãos do Poder Judiciário5 e implantar o Plano de Logística Sustentável no Poder Judiciário (PLS-PJ). (CNJ, 2018) De acordo com o artigo 2º da Resolução 201/2015, o Judiciário deveria se adequar as políticas de sustentabilidade: Art. 2º - Os órgãos e conselhos do Poder Judiciário deverão adotar modelos de gestão organizacional e de processos estruturados na promoção da sustentabilidade ambiental, econômica e social. (CNJ, 2015) Assim, segundo a Resolução 201/2015, os órgãos do Poder Judiciário relacionados deveriam criar unidades (ou núcleos) socioambientais para implantar o Plano de Logística Sustentável (PLS-PJ). (CNJ, 2015) As unidades ou núcleos socioambientais devem ter caráter permanente para o planejamento, implementação, monitoramento de metas anuais e avaliação de indicadores de desempenho (artigo 4° da Resolução 201/2015). Tais unidades ou núcleos devem estimular a reflexão e a mudança dos padrões de compra, consumo e gestão documental dos órgãos do Poder Judiciário, bem como do corpo funcional (magistrados, servidores e estagiários) e da força de trabalho auxiliar (funcionários terceirizados) de cada instituição (artigo 5° da Resolução 201/2015). (CNJ, 2015) Consoante o artigo 6° da Resolução 201/2015, as unidades ou núcleos socioambientais devem fomentar ações que estimulem: (CNJ, 2015) a) o aperfeiçoamento contínuo da qualidade do gasto público; b) o uso sustentável de recursos naturais e bens públicos; 5 De acordo com o artigo 92 da Constituição Federal de 1988, são órgãos do Poder Judiciário: o Supremo Tribunal Federal, o Conselho Nacional de Justiça, o Superior Tribunal de Justiça, o Tribunal Superior do Trabalho, os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais, os Tribunais e Juízes do Trabalho, os Tribunais e Juízes Eleitorais, os Tribunais e Juízes Militares, bem como os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. (BRASIL, 1988) 28 c) a redução do impacto negativo das atividades do órgão no meio ambiente com a adequada gestão dos resíduos gerados; d) a promoção das contratações sustentáveis; e) a gestão sustentável de documentos, em conjunto com a unidade responsável; f) a sensibilização e capacitação do corpo funcional, força de trabalho auxiliar e de outras partes interessadas; e g) a qualidade de vida no ambiente de trabalho, em conjunto com a unidade responsável. O artigo 10 da Resolução 201/2015, conceitua o Plano de Logística Sustentável (PLS-PJ) da seguinte forma: Art. 10 - O PLS-PJ é instrumento vinculado ao planejamento estratégico do Poder Judiciário, com objetivos e responsabilidades definidas, ações, metas, prazos de execução, mecanismos de monitoramento e avaliação de resultados, que permite estabelecer e acompanhar práticas de sustentabilidade, racionalização e qualidade que objetivem uma melhor eficiência do gasto público e da gestão dos processos de trabalho, considerando a visão sistêmica doórgão. (CNJ, 2015) Logo, verifica-se que o PLS-PJ deve ser utilizado como parte do planejamento estratégico do órgão judiciário, e que suas práticas de sustentabilidade se coadunam com a necessária eficiência da atividade pública (princípio e dever constitucional6). (CNJ, 2015) A referida Resolução instituiu para o PLS-PJ indicadores mínimos para avaliação do desempenho ambiental e econômico para aplicação nos órgãos do Poder Judiciário (artigo 11). (CNJ, 2015) A Resolução 201/2015 apresenta 2 anexos: o primeiro traz indicadores mínimos para avaliação do desempenho ambiental e econômico do PLS-PJ, enquanto o segundo traz sugestões de práticas de sustentabilidade, racionalização e consumo consciente quanto à aquisição de materiais e à contratação de serviços. (CNJ, 2015) 6 De acordo com a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 37: “A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência (...)”. (BRASIL, 1988) 29 Ademais, a Resolução 201/2015 traz também sugestões de iniciativas para a Administração Pública Federal na elaboração dos PLS-PJ (artigo 20): (CNJ, 2015) • Programa de Eficiência do Gasto Público (PEG), desenvolvido no âmbito da Secretaria de Orçamento Federal do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (SOF/MP); • Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel), coordenado pela Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia (SPE/MME); • Agenda Ambiental na Administração Pública (A3P), coordenada pela Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (SAIC/MMA); • Coleta Seletiva Solidária, desenvolvida no âmbito da Secretaria-Executiva do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (SE/MDS); • Projeto Esplanada Sustentável (PES), coordenado pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, por meio da SOF/MP, em articulação com o Ministério do Meio Ambiente, Ministério de Minas e Energia e Ministério do Desenvolvimento Social; • Contratações Públicas Sustentáveis (CPS), coordenada pelo órgão central do Sistema de Serviços Gerais (SISG), na forma da Instrução Normativa 1, de 19 de janeiro de 2010, da Secretaria da Logística e Tecnologia da Informação (SLTI/MP). Outrossim, segundo a Resolução (artigo 9°), o CNJ deve publicar anualmente, por intermédio do Departamento de Pesquisas Judiciárias (DPJ), o Balanço Socioambiental do Poder Judiciário, com a consolidação das informações dos relatórios de acompanhamento do PLS-PJ de todos os órgãos e conselhos do Poder Judiciário, acerca dos indicadores mínimos para avaliação de desempenho ambiental e econômico dos tribunais. (CNJ, 2015) Desta forma, como todos os balanços anuais são publicados na internet (no site do CNJ), qualquer pessoa pode acessar, de modo que o cidadão pode acompanhar os avanços do órgão judiciário. (CNJ, 2015) 30 2.4.3.3. Critérios de sustentabilidade nos procedimentos de contratação de serviços na Administração Pública A Instrução Normativa nº 5, de 26/05/2017, dispõe sobre as regras e diretrizes do procedimento de contratação de serviços sob o regime de execução indireta7 no âmbito da Administração Pública federal direta, autárquica e fundacional. (BRASIL, 2017) De acordo com a norma (artigo 1°), critérios e práticas de sustentabilidade devem ser observados nas contratações de serviços para a realização de tarefas executivas sob o regime de execução indireta, por órgãos ou entidades da Administração Pública Federal (direta ou indireta, incluindo autarquias, empresas públicas). (BRASIL, 2017) 2.4.3.3.1. Princípios de sustentabilidade nas licitações Tendo em vista que a Administração Pública é a tutora da coletividade, cuidando do interesse e das coisas públicas, então ao utilizar o dinheiro público, ela está usando algo que não é dela e para o benefício do coletivo. Portanto, ela não pode usar esse dinheiro da forma como ela quiser, ela precisa utilizar da forma que a lei determina correta e observando a necessária moralidade. Para tanto, é necessário haver licitação a fim de haver aquisição de bens ou contratação de serviços pelo Poder Público. (DI PIETRO, 2017) A licitação “é um procedimento obrigatório que antecede a celebração de contratos pela Administração Pública”, cuja razão de existir “reside no fato de que o Poder Público não pode escolher livremente um fornecedor qualquer, como fazem as empresas privadas”. (MAZZA, 2013, p. 445) Assim, a Administração está obrigada “à realização de um processo público para seleção imparcial da melhor proposta, garantindo iguais condições a todos que 7 Execução direta é a realizada pela própria Administração Pública. Execução indireta é a realizada por terceiros contratados pela Administração. 31 queiram concorrer para a celebração do contrato”. Assim, o autor define licitação como “o procedimento administrativo pelo qual entidades governamentais convocam interessados em fornecer bens ou serviços, assim como locar ou adquirir bens públicos, estabelecendo uma competição a fim de celebrar contrato com quem oferecer a melhor proposta”. (MAZZA, 2013, p. 445) De acordo com o artigo 3° da Lei nº 8.666/1993: “A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta mais vantajosa para a administração e a promoção do desenvolvimento nacional sustentável e será processada e julgada em estrita conformidade com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos.” (BRASIL, 1993) A redação original deste dispositivo legal não falava de desenvolvimento sustentável. Porém, em 15/12/2010 foi promulgada a Lei n° 12.349, que inseriu no art. 3º da Lei n° 8.666/93 a promoção do desenvolvimento nacional sustentável como um terceiro objetivo do procedimento licitatório. (BRASIL, 1993) Neste contexto, em 05/06/2012 surgiu o Decreto nº 7.746, que regulamentou o art. 3º da Lei nº 8.666/93, estabelecendo critérios e práticas para a promoção do desenvolvimento nacional sustentável nas contratações realizadas pela administração pública federal direta, autárquica e fundacional e pelas empresas estatais dependentes, instituindo a Comissão Interministerial de Sustentabilidade na Administração Pública (CISAP). (BRASIL, 2012) Assim, dita o artigo 2° do Decreto nº 7.746/2012 que “na aquisição de bens e na contratação de serviços e obras, a administração pública federal direta, autárquica e fundacional e as empresas estatais dependentes” devem adotar “critérios e práticas sustentáveis nos instrumentos convocatórios”. São considerados critérios e práticas sustentáveis, dentre outras (artigo 4°): (BRASIL, 2012) a) baixo impacto sobre recursos naturais como flora, fauna, ar, solo e água; b) preferência para materiais, tecnologias e matérias-primas de origem local; c) maior eficiência na utilização de recursos naturais como água e energia; 32 d) maior geração de empregos, preferencialmente com mão de obra local; e) maior vida útil e menor custo de manutenção do bem e da obra; f) uso de inovações que reduzam a pressão sobre recursos naturais; g) origem sustentável dos recursos naturais utilizados nos bens, nos serviços e nas obras; e h) utilização de produtos florestais madeireiros e não madeireiros originários de manejo florestal sustentável ou de reflorestamento. Além disso, dispõe o artigo 5° do Decreto que a Administração Pública Federal (direta ou indireta, incluindo autarquias, empresas públicas) pode exigir paraa aquisição de bens que estes sejam constituídos por material renovável, reciclado, atóxico ou biodegradável, entre outros critérios de sustentabilidade. (BRASIL, 2012) Quanto à contratação de obras e serviços de engenharia, o artigo 6° do Decreto dispõe que o projeto deve ser elaborado “de modo a proporcionar a economia da manutenção e operacionalização da edificação e a redução do consumo de energia e água, por meio de tecnologias, práticas e materiais que reduzam o impacto ambiental”. (BRASIL, 2012) Em seu artigo 9°, o Decreto instituiu a Comissão Interministerial de Sustentabilidade na Administração Pública (CISAP), vinculada à Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, com a “finalidade de propor a implementação de critérios, práticas e ações de logística sustentável no âmbito da administração pública federal” (direta ou indireta, incluindo autarquias, empresas públicas). (BRASIL, 2012) À CISAP compete (artigo 11) propor: normas para elaboração de ações de logística sustentável; regras para a elaboração dos Planos de Gestão de Logística Sustentável; critérios e práticas de sustentabilidade nas aquisições, contratações, utilização dos recursos públicos, desfazimento e descarte; estratégias de sensibilização e capacitação de servidores para a correta utilização dos recursos públicos e para a execução da gestão logística de forma sustentável; ações para a divulgação das práticas de sustentabilidade; coordenar a implementação de ações de logística sustentável; dentre outras ações. (BRASIL, 2012) 33 3. METODOLOGIA A fim de realizar a análise e compreensão do objeto de estudo, a partir da pesquisa bibliográfica e do estudo de caso, examinou-se formas de exteriorização do desenvolvimento sustentável nos modelos de gestão da Administração Pública, com vistas às suas organizações, consideradas estas como instituições ou entidades com objetivo de realizar ações de interesse social – tal como as empresas privadas o são, mas com vistas a atingir alguma finalidade pública. Para abordar o tema, este trabalho trouxe inicialmente o histórico da questão da sustentabilidade e das discussões acerca dos problemas ambientais. Depois, abordou-se os conceitos de meio ambiente e de sustentabilidade, bem como seu tratamento perante o sistema jurídico-legal. Após, abordou-se o papel do Poder Público no desenvolvimento sustentável do país por meio de sua gestão das organizações públicas, apresentando-se alguns modelos de administração (como o A3P e o Plano de Logística Sustentável do Poder Judiciário). Por fim, foram estudados dois tribunais – como representantes de organizações públicas – para averiguar neles a aplicação da problemática adotada. 34 4. RESULTADOS 4.1. Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3) 4.1.1. Histórico do tribunal O Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3) foi instituído pela Constituição da República de 1988 (artigo 27, parágrafo 6º, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias). Referido tribunal cuida das ações judiciais na região de São Paulo e Mato Grosso do Sul que não forem de competência da Justiça Comum (Tribunal de Justiça dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul). (TRF3, 2017) Segundo o sítio eletrônico do tribunal, o TRF3 cuida atualmente de mais de 50% dos processos federais do país. (TRF3, 2017) Está sediado desde 1999 na avenida Paulista, n° 1842, Bela Vista, São Paulo/SP. (TRF3, 2017) 4.1.2. Gestão sustentável De acordo com o sítio eletrônico do tribunal, o TRF3 possui “Gestão Socioambiental”. (ADEG TRF3, 2017a) A referida gestão faz parte das atribuições da Assessoria de Desenvolvimento Integrado e Gestão Estratégica – ADEG, criada pela Resolução CATRF3R nº 8, de 05 de fevereiro de 2016. (ADEG TRF3, 2017a) A chamada “Gestão Socioambiental”, ainda de acordo com o sítio eletrônico da organização, “compreende o desenvolvimento de ações visando a sensibilizar e conscientizar magistrados, servidores, estagiários e terceirizados para adoção de práticas sustentáveis e consumo consciente”. (ADEG TRF3, 2017a) 35 Para tanto, a instituição “realiza campanhas, apoia eventos e elabora mensalmente boletim, com informações sobre questões socioambientais”. (ADEG TRF3, 2017a) 4.1.2.1. Planejamento estratégico O Planejamento Estratégico do tribunal, válido de 2015 a 2020, trata de questões atinentes à sustentabilidade. Um exemplo delas é o aperfeiçoamento na gestão de custos. (ADEG TRF3, 2015) Segundo o planejamento, o aperfeiçoamento na gestão de custos “requer o estabelecimento de uma cultura de redução de desperdício de recursos públicos”, a fim de “assegurar o direcionamento dos gastos para o atendimento das necessidades prioritárias e essenciais dos órgãos da Justiça”. (ADEG TRF3, 2015, p. 16) Assim, para “otimizar os custos operacionais”, o tribunal tem como objetivo “buscar a racionalização na aquisição e na utilização dos bens e dos serviços, por meio de ações conjuntas dos órgãos da Justiça Federal, atendendo aos princípios constitucionais da Administração Pública”. (ADEG TRF3, 2015, p. 16) Para tanto, explicita as seguintes iniciativas: “programa de sustentabilidade”; “plano anual de aquisição e de contratação”; e “plano de obras”. (ADEG TRF3, 2015, p. 16) 4.1.2.2. Plano de logística sustentável do TRF3 Outra prática de sustentabilidade disposta no Planejamento Estratégico do TRF3 consiste no objetivo de possibilitar a consecução do Plano de Logística Sustentável do tribunal, tendo a responsabilidade ambiental como um de seus valores e como um de seus macrodesafios o “aperfeiçoamento na gestão de custos”. (ADEG TRF3, 2015, p. 16) O Plano de Logística Sustentável do TRF3 (PLS-JF3R) foi instituído na Justiça Federal da Terceira Região pela Resolução PRES n° 45/2016, com fundamento na 36 Resolução CNJ nº 201/2015, sendo um instrumento de gestão que tem por objetivo contribuir para o “equilíbrio do meio ambiente, por meio da utilização racional e sustentável dos recursos afetos ao nosso cotidiano”. (ADEG TRF3, 2017a) A ADEG é responsável por acompanhar e analisar a execução do Plano de Logística Sustentável. (ADEG TRF3, 2017a) Desde 2016, o TRF3 trabalha para a implementação de práticas sustentáveis a partir do Plano de Logística Sustentável (PLS-JF3R), tendo em vista que foi instituído neste ano pela Resolução PRES n° 45/2016, conforme já mencionado anteriormente. (ADEG TRF3, 2015) Conforme se observa no PLS-JF3R, o tribunal: (TRF3, 2016a) • é signatário da Agenda Ambiental da Administração Pública (A3P), adotando-a em sua gestão; • marcou sua presença na Conferência Rio+20, assinando o “Protocolo Interinstitucional de Planejamento e Ações Integradas” que propunha ações por parte de órgãos públicos para preservação ambiental; • elaborou o Manual de Utilização Racional de Recursos Naturais e Materiais de Consumo para conscientização de seu corpo funcional nas práticas diárias; • realizou diversas ações de capacitação e sensibilização, com cursos e eventos; • realizou programas de qualidade de vida, como o “programa de preparação para a aposentadoria”, que atendeu aproximadamente 150 servidores em encontros com temas acerca de aspectos do envelhecimento e da fase de aposentadoria; • realizou diversas contratações sustentáveis, desenvolvendo e institucionalizado o Manual de Licitações Sustentáveis da 3ª Região; • implantou indicadores para monitorar as atividades da organização e a avaliação dos efeitos das práticas do tribunal sobre o meio ambiente (como papel, água envasada, copos descartáveis, energia elétrica etc.), com metas e planos de ação. 37 4.1.2.3. Outras práticas, programas e projetos O tribunal também realiza práticas, ações, projetos, programas e campanhas alémdos que estão dispostos no PLS-JF3R. Dentre eles, pode-se citar: 1) Projeto “Campanha Solidária”: Com data de início estimada em 10/10/2017 e data de término estimada para 10/10/2020, a partir da justificativa de que o TRF3 possui função social a ser cumprida por meio de ações de cidadania, o escopo do projeto foi promover campanhas solidárias para atender instituições que solicitam doações. (JF3R, 2018a) 2) Projeto “Eficiência Energética”: Tendo em vista que foram recomendadas pelo CNJ (através da Resolução CNJ nº 201, de 3 de março de 2015) práticas de sustentabilidade, racionalização e consumo consciente quanto à aquisição de materiais e à contratação de serviços, com o escopo de proporcionar economia e redução dos gastos com energia elétrica e manutenção, bem como a diminuição da quantidade de lâmpadas trocadas, o projeto consistiu na troca das lâmpadas fluorescentes por LEDs nos imóveis próprios da Justiça Federal de Primeiro Grau em São Paulo, de 08/08/2017 a 09/02/2018. (JF3R, 2018b) 3) Projeto “Regulamentação do fornecimento de cópias em mídia digital”: Justificado na necessidade de fornecimento de documentação em mídia digital para “oferecer à sociedade civil serviço célere e eficiente de acesso às informações processuais produzidas ou custodiadas pelo TRF3”, o tribunal regulamentou o fornecimento de cópias de autos processuais em mídia digital, alinhando-se estrategicamente com busca da satisfação do usuário/cidadão, a agilização dos trâmites judiciais, o macrodesafio de aperfeiçoamento na gestão de custos e com o objetivo de otimização dos custos operacionais. (JF3R, 2018c) 4) Elaboração e difusão da “Cartilha dos Agentes Multiplicadores”, buscando incentivar o corpo funcional do tribunal a divulgarem e incentivarem uns aos outros na mudança de hábitos relativos à sustentabilidade. (CGAJF3R, 2018) 38 5) Realização do “Concurso Cultural de Fotografia – Olhar sobre Sustentabilidade” em 2016, incentivando o corpo funcional a apresentar fotos que representassem a preservação e proteção ao meio ambiente. (CGPGA3R, 2018) 6) Realização, todos os anos, desde 2015, dos eventos “Virada Sustentável” ou “Semana do Meio Ambiente”, com a apresentação de palestras e oficinas sobre a questão ambiental, bem como a realização de atividades com a contribuição de todos os funcionários para ações como: substituição das lixeiras individuais por ilhas de lixeiras de coleta seletiva setoriais, coleta de lixo eletrônico, pilhas e baterias, feira de trocas de livros, recolhimento de eletrônicos para descarte, mostra arte com sucata e desfile com roupas recicladas. (CGA3R, 2016, 2017, 2018, 2019) 4.2. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP) 4.2.1. Histórico do tribunal O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP), assim como todos os tribunais estaduais do país, funda sua existência na Constituição Federal de 1988 em seu artigo 92, inciso VII. (BRASIL, 1988) O TJ-SP atua no processamento e julgamento de todos os casos judiciais que não forem federais, trabalhistas, eleitorais ou militares. A maioria dos processos que tramitam no tribunal são ações cíveis de direito do consumidor, direito de família, cobranças, indenizações, falências e ações criminais. (STI TJSP, 2019a) De acordo com os dados do tribunal, os processos que nele tramitam correspondem a 26% de todo o Poder Judiciário brasileiro, sendo considerado até mesmo o maior tribunal do mundo com relação ao número de processos. (STI TJSP, 2019a) A sede do tribunal, também denominada Palácio da Justiça, está localizada na Praça da Sé, na cidade de São Paulo/SP. O prédio foi construído em 1933, tendo sido 39 tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat) em 1981. (STI TJSP, 2019a) 4.2.2. Gestão sustentável 4.2.2.1. Planejamento estratégico O Planejamento Estratégico do TJ-SP, em vigor de 2015 a 2020, bem como seu correspondente Mapa Estratégico, encontram-se disponíveis no sítio eletrônico do tribunal. (SEPLAN, TJ-SP, 2015a) Referido planejamento traz 5 grandes áreas de temas estratégicos, dentre as quais estão “orçamento”, “gestão de pessoas”, “infraestrutura e tecnologia”, “eficiência operacional” e “responsabilidade social e ambiental”. Cada área possui objetivos e metas específicos, além de indicadores e perspectivas. (SEPLAN, TJ-SP, 2015a, p. 16) Para o tema estratégico “responsabilidade social e ambiental”, determina o planejamento que o objetivo é “estabelecer programas de sustentabilidade”. (SEPLAN, TJ-SP, 2015a, p. 16) Outrossim, o planejamento define a meta de “executar 100% do Plano de Sustentabilidade”. (SEPLAN, TJ-SP, 2015a, p. 37) Vale ressaltar que o planejamento entende que a sustentabilidade contempla não apenas a dimensão ecológica, mas também a econômica – com “combate ao desperdício, controle rigoroso de licitações e de obras públicas” –, a social, ensejando a proteção do trabalhador, a “jurídicopolítica”, que “exige a adaptação do regime administrativo, especialmente na contratação e na prática de atos administrativos” e, por fim; a “dimensão ética da sustentabilidade”, para “materializar o compromisso das atuais gerações sem prejudicar as futuras gerações. (SEPLAN, TJ-SP, 2015a, p. 37) Neste ensejo, o planejamento também abarca a sustentabilidade ao trazer outras metas classificadas nos demais temas estratégicos, mas que se coadunem 40 com uma gestão sustentável, por exemplo, a meta de tramitar digitalmente 100% dos processos até 31/12/2020, pois além de trazer economia ao tribunal, esta meta também reduz a quantidade de papel, tendo aspectos ecológicos. (SEPLAN, TJ-SP, 2015a, p. 14) Como justificativa da meta de executar 100% do plano de sustentabilidade, o planejamento registra que: Diante do grande porte do Tribunal de Justiça de São Paulo, tornar-se uma organização sustentável poderá minimizar os impactos negativos em relação às dimensões supramencionadas. Adiciona-se a isso a Resolução CNJ nº 201, de 3 de março de 2015, que dispõe sobre a criação e competências das unidades ou núcleos socioambientais nos órgãos e conselhos do Poder Judiciário e implantação do respectivo Plano de Logística Sustentável (PLS- PJ). (SEPLAN, TJ-SP, 2015a, p. 37) Assim, o planejamento possui viés voltado ao desenvolvimento sustentável. 4.2.2.2. Plano de logística sustentável O Plano de Logística Sustentável do TJ-SP (PLS-TJSP) determinou como sua visão “ser reconhecido como um tribunal sustentável”, definindo 4 objetivos com 13 metas a serem mensuradas por indicadores específicos, a fim de alcançar tal intento. (SEPLAN, TJ-SP, 2015b, p. 10) Dentre os objetivos estão: (SEPLAN, TJ-SP, 2015b) a) o uso eficiente de insumos e materiais (com metas de redução de consumo de papel e copos descartáveis); b) a gestão eficiente de documentos, energia elétrica, água e esgotos, resíduos e telefonia (com metas de redução de consumo e implantação de coleta seletiva); c) a elevação da qualidade de vida no ambiente de trabalho, considerando medidas para promover um ambiente físico de trabalho saudável, confortável, seguro e ergonômico (com metas para inclusão de servidores com deficiência e para obtenção de participação dos servidores em ações de qualidade de vida); 41 d) a sensibilização e capacitação dos agentes públicos em temas de sustentabilidade (com meta para realização de 2 ações de capacitação por semestre para promover a conscientização do corpo funcional). 4.2.2.3. Outras práticas, programas e projetos Além do especificado pelo planejamento estratégico e pelo PLS-TJSP, o tribunal também realiza outras práticas, com alinhamento no desenvolvimento sustentável. Dentre elas, uma das mais proeminentes é a competição “TJ Sustentável”, que consiste num jogo realizado
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