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HABITAÇÃO COLETIVA E A EVOLUÇÃO DA QUADRA

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09/02/2021 arquitextos 069.11: Habitação coletiva e a evolução da quadra (1) | vitruvius
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069.11 ano 06, fev. 2006
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arquitextos ISSN 1809-6298
Habitação coletiva e a evolução da quadra (1)
Mário Figueroa
O ideário moderno e a reflexão sobre habitação coletiva estão
profundamente relacionados aos problemas decorrentes da densidade
populacional urbana e do crescimento das grandes cidades durante o século
XX. Nesse contexto as novas hipóteses de habitação e sua relação com o
espaço urbano representam para o modernismo o núcleo inicial de
investigações e experimentações desenvolvidas em âmbito disciplinar da
arquitetura para uma possibilidade real de transformação em grande escala
do ambiente urbano.
A partir do desdobramento dos conceitos germinais do texto de Christian
de Portzamparc, A terceira era da cidade (Ville age III) (2), este ensaio
trata especificamente do papel da habitação coletiva na formação das
distintas idéias de cidade a partir da segunda metade do século XIX até o
final do século XX, compondo um quadro analítico com oito distintas
estratégias projetuais que permitem uma reflexão sobre as diversas formas
de inserção, complementação e construção da habitação coletiva na cidade
moderna explicitando a evolução e a transformação da arquitetura urbana
dentro deste período.
O esforço concentra-se em constituir um raciocínio crítico do processo
projetual estabelecendo distinções conceituais sobre as estratégias da
habitação coletiva e sua relação com a trajetória do desenvolvimento das
cidades através de uma visão ampla do elemento urbano que por essência é
o mais coletivo de todos. Interessa enfatizar nestas condições o
constante confronto entre habitação e espaço habitável, o qual tem
transformado a paisagem, a sociedade, a cultura, os hábitos e o desenho
das cidades.
Quadra da cidade tradicional
Figura 1 – Quadra da cidade tradicional
Devemos entender como cidade tradicional um organismo urbano gerado
através de um longo processo histórico. Neste contexto, tanto o traçado
viário como a habitação coletiva são elementos que não podem ser
concebidos separadamente, como o positivo e o negativo de um mesmo
069.11 
sinopses 
como citar
idiomas
original: português
compartilhe
 
069
069.00
Brasil de los museos
brasileños
Eduardo Subirats
069.01
Breve introdução à
Arquitetura da Escola
Paulista Brutalista
Ruth Verde Zein
069.02
O edifício do
Ministério da Educação
e Saúde (1936-1945):
museu “vivo” da arte
moderna brasileira
Roberto Segre, José
Barki, José Kós e
Naylor Vilas Boas
069.03
Viagens pelo Nordeste
do Brasil: uma crônica
em vocábulos
Luiz Manuel do Eirado
Amorim
069.04
Novo ecletismo de fim
de século
Rogério Pontes Andrade
069.05
Os “Brasileiros” e a
azulejaria exterior
portuense do século XIX
Luiz Alberto Fresl
Backheuser
069.06
Sala de aula,
arquitetura, corpo e
aprendizagem
Marilice Costi
069.07
Patrimônio industrial e
memória. A formação da
cidade de Itapevi SP a
partir da contribuição
da Santa Rita S.A.
Henrique Caruso Almeida
jornal
notícias
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em vitruvius
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09/02/2021 arquitextos 069.11: Habitação coletiva e a evolução da quadra (1) | vitruvius
https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.069/385 2/6
sistema. Não existem, portanto espaços indefinidos nesta relação restrita
aos domínios do publico e do privado.
A quadra da cidade tradicional se caracteriza por ser claramente
delimitada e homogênea. Uma massa compacta que apresenta uma relação
desproporcional entre uma grande quantidade de espaço construído em
contraposição a escassos e fragmentados espaços livres habitualmente
destinados apenas para a ventilação das habitações. A arquitetura,
restrita a fachada, se expressa neste momento apenas de forma
bidimensional.
As transformações de Haussmann em Paris (1852-69) podem exemplificar este
tipo de quadra “residual”, resultante do traçado viário, e não como
módulo de composição urbana. Paralelamente o projeto dos edifícios era
controlado (gabarito de altura, composição das fachadas, matérias e
elementos construtivos) para regularizar o tecido urbano e proporcionar
uma extraordinária força de conjunto. A habitação coletiva compunha a
diversidade programática da quadra através de sua sobreposição em
distintos pavimentos o que gerava habitualmente edifícios
multifuncionais.
Quadra do Plano Cerdá
Figura 2 – Quadra do Plano Cerdá
O Plano de expansão para Barcelona de Ildefonso Cerdá (1959-64) desenha
uma grelha ortogonal, com quadras de 113m x 113m e vias de 20m de
largura, de tal maneira que cada conjunto de nove quadras e vias
correspondentes se inscrevem dentro de um quadrado de 400m de lado. A
quadricula estende-se até os núcleos urbanos vizinhos e envolve a cidade
medieval. Apesar de aparentar a imposição de uma nova ordem, indiferente
ao contexto, o ajuste das bordas é feito com extrema habilidade tendo
como suporte avenidas diagonais que surgem a partir de conexões pré-
existentes. O corte diagonal nas arestas da quadra transforma o simples
cruzamento de vias em lugar, gera também desta forma maior amplitude
visual dos edifícios de esquina. Se dúvida nenhuma o melhor exemplo de
habitação coletiva inserida neste contexto é a Casa Milà de Antoni Gaudí
(1906-12).
O Plano previa quadra com ocupação perimetral em dois ou no máximo três
lados. Os edifícios não ultrapassariam mais do que dois terços da
superfície do quarteirão. Os espaços internos resultantes se abririam
para a cidade oferecendo equipamentos públicos e generosas áreas
arborizadas. O importante é enfatizar que neste momento a quadra passa de
uma condição de residual para se tornar suporte de uma composição urbana
que a tem como espaço da cidade. Dá-se um passo adiante da relação
edifício-rua como definidor da quadra, ou seja, o perímetro da quadra
deixa de ser o limite do espaço público.
Do desejo original de Cerda permaneceu apenas o traçado viário, as
quadras foram maciçamente ocupadas no perímetro junto ao alinhamento da
calçada retomando um caráter que a reaproximou da quadra tradicional.
Originalmente as quadras foram concebidas em média com 67.000m³ de área
construída, atualmente após 150 anos de adensamento progressivo temos em
média 295.000m³ de área construída por quadra.
Quadra com ocupação perimetral
069.08
As arquiteturas do
tempo de Louis I. Kahn
Nicolás Sica Palermo
069.09
Estudios de paisaje
para elevar la
qualidade de vida en
zonas de interés
suburbano
Graciela Gómez Ortega e
Omarky Aguilar Labrada
069.10
Sóbrio, organizado e
conservador: o
escritório é a cara do
dono? Sobre valores,
símbolos e significados
dos espaços
Cristiane Rose de
Siqueira Duarte, Alice
Brasileiro, Ana Paula
Simões e Viviane Cunha
https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.069/382
https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.069/383
https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.069/384
09/02/2021 arquitextos 069.11: Habitação coletiva e a evolução da quadra (1) | vitruvius
https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.069/385 3/6
Figura 3 – Quadra com ocupação perimetral
Duas cidades desenvolveram experiências extremamente significativas desta
tipologia: Amsterdã e Viena. No Plano de expansão de H. P. Berlage para
Amsterdam Zuid (1915) as quadras ainda são resultado do sistema viário,
porém contribuem como instrumentos de ordenação dos edifícios perante uma
nova hierarquia de vias e espaços urbanos através de construção
diferenciada das esquinas, diferenciação das bordas edificadas conforme
as características da rua delimitadoras e principalmente pela evolução do
miolo da quadra. Inicialmente destinado exclusivamente para jardins
internos das unidades residenciais térreas, o espaço interno evolui a
partir da redução dos jardins privados e inserção de ruas e pátios
internos destinados ao uso semipúblico.
No caso de Viena a opção não é pela expansão, mas sim, por aproveitar
vazios urbanos pré-existentes para inserir habitação coletiva operária
através de grandes edifícios residenciais contínuos, chamados de “hoff”.
Possuíam equipamentos urbanos associados a generosos espaços ajardinados
internos de caráter semipúblicos. As grandes dimensões obrigavam a se
sobrepor sobre o traçado urbano existente. Os generosos pórticos
resultantes definiam com clareza os acessos ao interior da quadra. O
conjunto Karl Marx Hoff, projetado por Karl Elm em 1927, é o “hoff” mais
conhecido. Implantado em um vazio urbano de 15 hectares, os blocos
residenciais ocupam apenas 18% do solo, com 1382 unidades de habitação e
aproximadamente 5000 habitantes. Duas novas questões surgem nos projetos
de habitação coletiva: a resolução das unidades em edifícios mais
esbeltos (maior e melhor ventilação e insolação) e necessidade de
projetar as fachadas internasdestas novas quadras.
Quadra com edifícios laminares paralelos (Fig. 4)
Figura 4 – Quadra com edifícios laminares
paralelos
Gropius no III CIAM (Bruxelas, 1930) lança a questão: “Habitação alta,
média ou baixa?”. A pergunta é analisada por ele nas suas implicações
econômicas e sócias e passam da mera discussão da tipologia da unidade de
habitação para as regras de implantação e afastamento dos edifícios,
assim como do gabarito de altura e densidade populacional. Por tanto
temos uma inversão de papéis, até agora a unidade de habitação era
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conseqüência da forma do edifício, que era resultante da forma do lote,
que era resultante da sua localização na quadra. Agora para o urbanismo
moderno a célula de habitação é o elemento base da formação da cidade.
A escolha pela forma laminar pelos urbanistas modernos basicamente é a
mesma que aproximou os arquitetos: ausência de hierarquia entre as
partes, capacidade de crescimento ilimitado, equivalência de condições
para os distintos elementos, relação de proximidade entre o espaço
interior e o espaço exterior. Em Frankfurt, Ernst May (diretor dos
serviços de construção municipal), coordena entre 1925 e 1930 a
construção de 15.000 unidades em distintos conjuntos chamados de
“siedlungen” que apesar de intervenções pulverizadas no tecido urbano
apresentam uma grande coerência. Neste mesmo período temos também
importantes experiências em Roterdã (J. J. P. Oud) e Berlin (Bruno Taut).
Edifício-cidade
Figura 5 – Edifício-cidade
Síntese do pensamento arquitetônico-urbanístico de Le Corbusier a “Unité
d’Habitation” representa muito mais uma crítica a cidade herdada do que
propriamente uma ruptura em relação a cidade tradicional. Pois como
vimos, a diluição do sentido de quadra tradicional foi um processo
gradativo desde Cerda até aqui. A substituição da quadra pela unidade
habitacional representa a crítica à “rue corridor”, ao parcelamento
fundiário e as condições insalubres das habitações urbanas.
A “Unité” representa para Le Corbusier o elemento morfológico catalisador
das novas cidades. Oferece a conquista do espaço público contínuo a
partir da implantação do edifício sobre “pilotis”, a possibilidade da
implantação do edifício não está mais vinculada ao sistema viário, mas
sim a melhor orientação solar, a incorporação em pavimentos elevados de
funções urbanas tradicionalmente vinculadas à cota do chão – desde o
comércio aos equipamentos coletivos. Sem dúvida a personificação das
idéias contidas na Carta Atenas que buscavam diferentes formas e práticas
sociais de viver coletivamente decorrente das relações entre as funções
básicas (habitação, lazer, trabalho e circulação).
Mega-estruturas
Figura 6 – Mega-estruturas
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Uma ampla revisão de muitos dos princípios da cultura moderna, a eclosão
de distintas tendências arquitetônicas nos paises industrialmente mais
avançados aliado a um otimismo perante as novas possibilidades
tecnológicas tornam a década de sessenta um período de grande
experimentalismo. Desde as propostas radicais do grupo Archigram as
fantasiosas idéias do Superestudio todas compartilham o ideal Hegeliano
do progresso ilimitado do positivismo moderno.
Através de uma descomunal exaltação estrutural e tecnológica que se
sobrepunha ao ambiente urbano existente as mega-estruturas geravam uma
topografia artificial que comportariam as mais distintas atividades
necessárias para uma metrópole. Esta paisagem artificial deveria ser de
múltiplos níveis gerando um sólido tridimensional. Esta nova escala
dimensional acreditava-se poder recuperar uma maior liberdade e oferecer
utopias alternativas ao caos urbano. Como exemplo construído podemos
citar o Barbican Complex (1964-82) em Londres projetado por Chamberlin,
Powell e Bon.
Quadra pós-moderna contextualista
Figura 7 – Quadra pós-moderna contextualista
A partir dos anos oitenta cidades européias como Berlin e Barcelona estão
envolvidas em profundas transformações urbanas. A primeira, através do
programa do IBA, serviu como modelo para outras cidades européias
principalmente com as estratégias de remodelação de quadras parcialmente
consolidadas através da reconstituição perimetral das quadras e a
reinterpretação das tipologias, morfologias e linguagens das cidades
históricas européias. A segunda cidade aproveita a oportunidade de sediar
os Jogos Olímpicos de 1992 para reestruturar quatro grandes áreas
urbanas. A intervenção mais importante é a da Vila Olímpica que permitiu
recuperar o acesso da cidade ao mar além de criar um novo bairro
residencial através de uma estratégia extensão do Plano Cerdà de certas
características de suas quadras.
Conceitualmente a quadra contextualista recupera a ocupação perimetral e
conseqüentemente o desenho da rua tradicional. A esquina volta a ser
valorizada como referência urbana. Pequenos fracionamentos do perímetro
recuperam a possibilidade de acesso ao centro da quadra que volta a
assumir o papel de espaço coletivo habitualmente recebendo equipamentos e
generosas áreas verdes.
Quadra aberta
09/02/2021 arquitextos 069.11: Habitação coletiva e a evolução da quadra (1) | vitruvius
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Figura 8 – Quadra aberta
Tipologicamente a quadra aberta não é uma novidade, o melhor exemplo
disso é o Conjunto Golden Lane (1954) em Londres, de Chamberlin, Powell e
Bon. A diferença desta nova abordagem está no posicionamento perante a
cidade; não se trata mais de uma abordagem positivista através da
imposição de uma nova ordem racional ou de uma cidade ideal como desejava
o abstrato ideário moderno. Após o esgotamento da linguagem pós-moderna e
do reconhecimento das limitações evidentes das estratégias
contextualistas o pensamento contemporâneo tende a considerar a
possibilidade de uma revisão do espaço construído e do espaço livre da
cidade herdada a partir de um posicionamento complementar do espaço já
constituído.
A quadra aberta é por essência um elemento híbrido conciliador. Permite a
diversidade, a pluralidade da arquitetura contemporânea. Ela recuperar o
valor da rua e da esquina da cidade tradicional, assim como entende as
qualidades da autonomia dos edifícios modernos. A relação entre os
distintos edifícios e a rua se dá por alinhamentos parciais, o que
possibilita aberturas visuais e o acesso mais generoso do sol. Os espaços
internos gerados pelas relações entre as distintas tipologias podem
variar do restritamente privado ao generosamente público, sem
desconsiderar as nuances entre o semipúblico e o semiprivado.
notas
1 
O conteúdo deste texto foi apresentado (em palestra do mesmo nome) no
“Seminário Hipótesis de Paisaje 05” em Córdoba – Argentina, no dia 20 de
setembro de 2005. 
2 
PORTZAMPARC, Christian. “A terceira era da cidade”, In: Revista Óculum 9, Fau
Puccamp, Campinas, 1992.
bibliografia
LAMAS, José. Morfologia urbana e desenho da cidade. Fundação Calouste
Gulbenkian / Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica, Lisboa,
1993.
MARTÍ ARÍS, Carlos (Ed.). Las formas de la residencia en la ciudad moderna.
Depto. de Proyectos Arquitectónicos de la UPC, Barcelona, 1991.
sobre o autor
Mario Figueroa, arquiteto pela FAU-Puccamp (1988) e doutor pela FAU-USP (2002).
Desde 1993 é professor de Projeto na FAU Mackenzie, onde também é professor do
curso de mestrado e pesquisador. Também leciona no CAU Belas Artes desde 1998
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