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Direitos e Garantias 3

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MUDE SUA VIDA! 
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SUMÁRIO 
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS .......................................................................................................... 2 
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS ........................................................................................... 2 
LIBERDADE DE EXPRESSÃO (ART. 5º, IV, V, IX, X e XIV, CF) ....................................................................... 2 
LIBERDADE DE CRENÇA e CONSCIÊNCIA (ART. 5º, VI, VII, VIII, CF) ............................................................ 5 
ESCUSA DE CONSCIÊNCIA .............................................................................................................................. 6 
 
 
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DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS 
LIBERDADE DE EXPRESSÃO (ART. 5º, IV, V, IX, X E XIV, CF) 
A liberdade de expressão destaca-se em cinco incisos do Art. 5°: IV, V, IX, X e XIV. 
Esse direito está diretamente ligado aos fundamentos da RFB, quais sejam: o Pluralismo 
Político e a Dignidade da pessoa humana. Mas, mais do que direitos, a liberdade de expressão 
revela-nos a não interferência estatal em ideias e pensamentos. Um verdadeiro oxigênio 
necessário a qualquer “pulmão pensante”. 
 
Vejamos o Art. 5°, IV: 
Art. 5°, IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
 
 
Esta liberdade serve de amparo para uma série de possibilidades no que tange ao 
pensamento. A manifestação do pensamento diz respeito à exteriorização de ideias, por escrito 
ou oralmente, mas também o direito de ouvir, assistir e ler. 
 
Assim como os demais direitos fundamentais, a manifestação do pensamento não possui 
caráter absoluto, sendo restringida pela própria Constituição Federal, que proíbe seu exercício 
de forma anônima. 
 
 A vedação ao anonimato impede, como regra, DENÚNCIAS ANÔNIMAS, também 
chamadas de delações apócrifas ou inqualificadas, como fundamento único para a 
instauração de Inquéritos ou procedimentos criminais. 
No entanto, nunca esquecer de uma das características dos direitos e garantias 
fundamentais, qual seja a de que todos eles possuem um mesmo nivelamento 
hierárquico, em que, num conflito entre a LIBERDADE DE EXPRESSÃO X GARANTIA 
DE VEDAÇÃO AO ANONIMATO, nenhum dos dois teria uma presunção absoluta de 
predomínio. Senão após uma devida ponderação (lembre-se de que ponderar vem 
do inglês “pound” QUE SIGNIFICA JUSTAMENTE O PESO OU O PESAR AS MEDIDAS) 
haveria aí sim um posição destacada a um dos dois direitos ou garantias. 
 
Portanto, o STF, entende como constitucionais as referidas denúncias (disque-denúncia) 
como ferramenta de comunicação do crime, mas não podem servir como amparo para a 
instauração do Inquérito Policial, muito menos como fundamento para a condenação de quem 
quer que seja. Este posicionamento se aplica à instauração de qualquer tipo de procedimento 
investigatório, seja administrativo, cível ou penal. 
 
Desse modo, podemos concluir que a denúncia anônima não pode, isoladamente, servir 
de fundamento para instauração de processo formal contra o denunciado, autorizando apenas 
medidas informais para a verificação dos fatos denunciados. 
 
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A vedação do anonimato não impede que o jornalista guarde o sigilo de suas fontes1, 
respondendo ele, porém, caso opte pelo sigilo, por declarações falsas, injuriosas, difamatórias 
etc. 
 
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando 
necessário ao exercício profissional; 
 
E sobre o SIGILO DA FONTE, sempre importante lembrar que se trata de exceção e sendo apenas 
permitido aos que estiverem ou necessitarem em razão do EXEERCÍCIO PROFISSIONAL. 
Nunca se esquecer também das complicações penais sobre a honra (Calúnia, art. 138 do CP, 
Difamação – art. 139 do CP, Injúria art. 140 do CP), bem como sobre a obrigação de prestar 
depoimentos para órgãos públicos (art. 342 do CP – Falso Testemunho). 
 
Aqui é importante que você não confunda nunca a vedação ao anonimato (em que não 
consigo identificar quem produz ou propaga a informação) com o Sigilo da Fonte (em que aqui 
eu tenho perfeitamente identificados os responsáveis por qualquer veiculação ou divulgação 
de informação). 
Ainda que não se saiba a fonte, sabe-se quem propaga ou divulga (Ex.: o jornalista, o 
advogado etc.), portanto, teríamos responsáveis por qualquer violação de direito à honra ou 
intimidade de quem quer que seja. 
 
A vedação ao anonimato, além de ser uma garantia ao exercício da manifestação do 
pensamento, possibilita o exercício do DIREITO DE RESPOSTA caso alguém seja ofendido, em 
matéria divulgada, publicada ou transmitida por veículo de comunicação social, como prevê o 
inciso v do Art. 5° da CF: 
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano 
material, moral ou à imagem; 
O direito de resposta, que se manifesta como ação de replicar ou de retificar matéria 
publicada, é exercitável por parte daquele que se vê ofendido em sua honra e é orientado pela 
ideia da proporcionalidade, é dizer: a resposta deve ser assegurada no mesmo meio de 
comunicação em que a agressão foi realizada, devendo ter o mesmo destaque e duração. 
 
O exercício do direito de resposta não afasta a possibilidade de indenização por dano: 
material, moral ou a imagem. Vale destacar ainda que a indenização decorrente desses danos é 
cumulativa! 
 
A CF ainda assegura o direito à LIBERDADE DE EXPRESSÃO: 
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, 
independentemente de censura 2ou licença; 
 
Dessa forma, no Brasil é assegurada a liberdade de expressão, sendo vedada a censura. 
Essa vedação é confirmada pelo Art. 220, § 2°, da CF: 
 
Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer 
forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta 
Constituição. 
 
1XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional; 
2Art. 220, § 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística. 
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§ 2° É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística. 
 
A liberdade de expressão apresenta duas dimensões: 
a) substancial: que consiste no próprio direito de pensar (Pluralismo político); 
b) instrumental: que consiste no direito de expor o seu pensamento, de expressar suas ideias 
(ex.: direito de reunião). 
 
A liberdade de expressão, assim como a manifestação do pensamento, não é absoluta, 
devendo ser exercida com responsabilidade pois encontra limites em outros direitos 
fundamentais, como a privacidade e a intimidade das pessoas. 
E por isso, importante mencionar o inciso X do mesmo art. 5º da CF: 
 
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o 
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação; 
 
Ademais, de acordo com a jurisprudência do STF, a liberdade de expressão encontra 
limites nos chamados discursos de ódio, voltadas ao combate do preconceito e da intolerância 
contra minorias estigmatizadas. 
 
A respeito do exercício da liberdade de expressão e manifestação do pensamento, já 
decidiu o STF: 
 
 Decisão do STF que vale a pena ser mencionada é a que analisou a 
constitucionalidade da “marcha da maconha”. De acordo com o Supremo, no 
julgamento da ADPF3 187, o movimento foi legítimo e encontra fundamento na 
liberdade de manifestação do pensamento. De acordo com o STF, a mera proposta de 
descriminalização de determinado ilícito penal nãose confunde com o ato de 
incitação à prática do crime, além disso não poderá ser feito o uso da droga durante 
a manifestação e não poderá ter a participação de crianças e adolescentes. 
 
 O STF declarou inconstitucional a exigência de diploma de jornalismo para ser 
jornalista, haja vista esta profissão ser um canal essencial para divulgação do 
pensamento e da informação. 
 
 Em respeito à liberdade de expressão, entendeu o STF4 não ser exigível 
autorização prévia5, da pessoa biografada ou de seus familiares, para a publicação 
de obras biográficas ou audiovisuais. Destaca-se o trecho do referido julgado: 
 
 Em decorrência do direito à liberdade de expressão, decidiu o STF6 que é 
inconstitucional a proibição de tatuagem a candidato de concurso público, os 
ministros destacaram que a tatuagem passou a representar uma autêntica forma de 
liberdade de manifestação do indivíduo, pela qual não pode ser punido, sob pena de 
flagrante violação à CF. Entretanto, em situações excepcionais poderá ocorrer 
 
3Ação de descumprimento de preceito fundamental - ADPF 
4ADI 4815 – MIN. CÁRMEN LÚCIA 
5 Em consonância com os direitos fundamentais à liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, 
científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença de pessoa biografada, relativamente a obras 
biográficas literárias ou audiovisuais (ou de seus familiares, em caso de pessoas falecidas). 
6 RE 898450 – Rel. Min. Luiz Fux. 
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http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?numero=898450&classe=RE&origem=AP&recurso=0&tipoJulgamento=M
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restrição de pessoas com tatuagens quando o seu conteúdo viole valores 
constitucionais. (RE 898.450) 

 
E mais atual a discussão sobre as “fake News” e a incitação e antecipação de campanha 
política, em clara ofensa a própria Constituição e o direito de acesso à informação VERÍDICAS, 
bem como a ofensa clara ao Código eleitoral, o qual veda campanha antecipada, mesmo que de 
forma velada. 
Vale a pena trazer a discussão enfrentada pelo STF: 
 
 “...os efeitos “nefastos” das notícias falsas sobre o processo democrático no país, ao 
constatar que a desinformação divulgada em larga escala passou a influenciar 
diretamente as escolhas da sociedade nos mais variados temas. “Vemo-nos às voltas 
com ataques sistemáticos que em absoluto se circunscrevem com críticas e divergências 
abarcadas no direito de livre expressão e manifestação assegurados 
constitucionalmente, traduzindo, antes, ameaças destrutivas às instituições e a seus 
membros com a intenção de desmoralizá-las” (Min. Rosa Weber, ADPF 572/2019) 
“...o inquérito não trata do cerceamento de liberdade, mas da garantia de liberdades e 
direitos essenciais. Segundo ela, o STF não permite qualquer tipo de censura, mas não é 
possível considerar como protegidos pela liberdade de expressão atos que atentem 
contra a Constituição, incitem o ódio ou o cometimento de crimes. Em seu 
entendimento, as ofensas investigadas atingem todo o Poder Judiciário. “Se um juiz do 
STF não tem garantia de sua incolumidade física e a de seus familiares, um juiz isolado 
no interior do país também não poderá se sentir seguro”, observou. “Democracia se 
guarda pela defesa do sistema". (Min. Carmem Lúcia, ADPF 572/2019) 
“...destacou a gravidade dos fatos e afirmou que o uso sistemático de robôs para divulgar 
notícias falsas e ameaças não é liberdade de expressão, mas um movimento orquestrado 
para afetar a credibilidade do STF. Na sua avaliação, a divulgação massiva de notícias 
inverídicas viola o direito da sociedade de ser devidamente informada (Min. Gilmar 
Mendes, ADPF 572/2019). 
LIBERDADE DE CRENÇA E CONSCIÊNCIA (ART. 5º, VI, VII, VIII, CF) 
Uma primeira pergunta deve ser feita acerca da liberdade religiosa em nosso país: qual a 
religião oficial do Brasil? A única resposta possível é: nenhuma. A liberdade religiosa do Estado 
brasileiro é incompatível com a existência de uma religião oficial. É o que apresenta o (inciso 
VI do Art. 5°) 
 
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo 
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na 
forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; 
Esse inciso marca a liberdade religiosa existente no Brasil. Por esse motivo, dizemos que 
o Brasil é um ESTADO LAICO, LEIGO OU NÃO CONFESSIONAL. Isso significa, basicamente, que 
no Brasil existe uma relação de separação entre Estado e Igreja. Tal relação entre o Estado e a 
Igreja encontra, inclusive, vedação expressa no texto constitucional (Art. 19, I, CF) 
 
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos 
Municípios: 
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, 
embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus 
representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na 
forma da lei, a colaboração de interesse público; 
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Por causa da liberdade religiosa, é possível exercer qualquer tipo de crença no país. É 
possível ser católico, protestante, mulçumano, ateu ou satanista. Isso é liberdade de crença ou 
consciência. Liberdade de crer ou não crer. Convém notar que o inciso VI, além de proteger as 
crenças e cultos, também protege as suas liturgias. Apesar do amparo constitucional, não se 
pode utilizar esse direito para praticar atos contrários às demais normas do direito brasileiro, 
como sacrificar seres humanos como forma de prestar culto a determinada divindade. Isso a 
liberdade religiosa não ampara. 
 
Outro dispositivo interessante é o previsto no (inciso VII do Art. 5º) 
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência 
religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva; 
Nesse caso, a Constituição Federal garantiu a assistência religiosa nas entidades de 
internação coletivas, sejam elas civis ou militares. Entidades de internação coletivas são 
quartéis, hospitais ou manicômios. Em razão dessa garantia constitucional, é comum 
encontrarmos nesses estabelecimentos capelas para que o direito seja exercido. 
 
Apesar da importância dos dispositivos analisados anteriormente, nenhum é mais 
cobrado em prova que o inciso (VIII do Art. 5º) 
 
 
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa 
ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-
se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir 
prestação alternativa, fixada em lei; 
ESCUSA DE CONSCIÊNCIA 
Estamos diante do instituto da ESCUSA DE CONSCIÊNCIA. Esse direito permite que 
qualquer pessoa, em razão de sua crença ou consciência, deixe de cumprir uma obrigação 
imposta, sem que com isso sofra alguma consequência em seus direitos. Tal permissivo 
constitucional encontra uma limitação prevista expressamente no texto em análise. No caso de 
uma obrigação imposta a todos, se o indivíduo recusar-se ao seu cumprimento, ser-lhe-á 
oferecida uma prestação alternativa. Se ele não a cumprir também, a Constituição permite que 
direitos sejam restringidos, ocorrendo a PERDA dos direitos políticos. O Art. 15 prescreve que 
os direitos restringidos serão os direitos políticos: 
 
“Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só 
se dará nos casos de: 
IV – recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos 
termos do Art. 5°, VIII”. 
 
Nesse tema, também se enquadra o posicionamento da jurisprudência quanto 
à presença de crucifixos em repartições públicas. O entendimento atual do Conselho 
Nacional de Justiça (CNJ) considera que a presença de tais símbolos decorre da 
cultura nacional e não ofende a laicidade do Estado; seria um símbolo cultural. O 
mesmo pode ser entendido para os feriados ligados a santidades. 
 
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